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Marianna Lopes – Clínica médica, 3° semestre FTC

CONCEITO Tem prevalência inferior a 1%, sendo predominante


na raça branca, entre 7 e 10 anos (incidência no Brasil
Transtorno metabólico crônico de etiologias de 8 casos /100.000/ano²)
heterogêneas, caracterizada por hiperglicemia • LADA (diabetes latente autoimune do adulto –
contínua e distúrbios no metabolismo intermediário, 10% dos diabetes): Diabetes tipo 1 com
resultantes de defeitos da secreção e/ou da ação da síndrome prodrômica muito longa
insulina, que podem levar a complicações (diagnosticada após os 30 anos – exames com
neurológicas e vasculares, causando hiperglicemia presença de auto-anticorpos), que simula o
decorrente da deficiência DM2, que tem desenvolvimento de processo
autoimune característico da DM1
Panorama inicial
Etiologia
• Prevalência crescente (população
envelhecendo) A DM1 decorre de efeitos ambientais, imunológicos
o 75% dos casos são de países em (sinérgicos), e genéticos (estudo acerca do processo
desenvolvimento de deleção de clones de linfócitos autorreativos no
o 8,8% da população mundial entre 20-70 timo – HLA em MHC), quando ocorre um desequilíbrio
anos é diagnosticada na tolerância aos auto-antígenos
• Relacionada a dislipidemias, hipertensão • Período de autoimunidade ativa (fase
arterial e disfunção endotelial (predispõe subclínica ou “lua de mel”): Caracteriza-se
doenças cardiovasculares) pela invasão linfocitária específica (CD4 – IL-1,
• Condição sensível à atenção primária: Bom IFN-γ e TNF-α) das células β, causando insulite
manejo ainda na atenção básica evita linfocitária autoimune e produção de auto-
hospitalizações e mortes por complicações anticorpos contra proteínas das ilhotas, que
cardiovasculares e cerebrovasculares provoca destruição gradual e progressiva
• Muitas vezes o diabetes está acompanhado de dessas células e posterior falência da secreção
outras doenças (um dos motivos que impede de insulina, enquanto as demais células das
a melhoria nos indicadores da DM), por ilhotas pancreáticas não são atingidas e
exemplo, representa mais de 50% do persistem produzindo suas outras secreções, e
diagnóstico primário de IRC com diálise então, com a perda do efeito supressor da
• As complicações agudas e crônicas causam insulina, a secreção de glucagon aumenta
morbimortalidade, acarretando altos custos o Síndrome prodrômica de tipo gripal: Os
para os sistemas de saúde sintomas só aparecem quando cerca de
• Proporção de diagnósticos aquém do 90% das células β são destruídas em
esperado, sendo que o tratamento é muitas períodos intermitentes (há momentos de
vezes inadequado e o controle é baixo, devido produção endógena adequada como
a obesidade, ignorância (gravidade, aplicação ainda restam 10% das células) até atingir
de insulina), não aceitação, dinheiro, etc o diabetes sintomático

Fisiopatologia
Tipo 1
Por não ter insulina (não tem absorção de glicose), o
Doença autoimune com destruição das células β no
corpo se entende em estado de jejum e, assim, a
pâncreas (podendo ter ou não auto-anticorpos
prevalência de ação do glucagon faz alterações
detectáveis no sangue– tipo A e B respectivamente),
metabólicas para compensar o metabolismo
causando não-produção de insulina (tecidos não
energético
conseguem captar glicose)
Epidemiologia
Marianna Lopes – Clínica médica, 3° semestre FTC
• Aumento de gliconeogênese e glicogenólise: e a atividade tirosina-quinase serem
Tecido muscular degrada proteína e tecido diminuídas, diferentemente da concentração
adiposo degrada triglicerídeos (ácido graxo), de insulina, que aumenta no sangue, levando
formando corpos cetônicos (cetoacidose) a falência das células-β
• Cetoacidose diabética aguda (principal HD): o Defeitos genéticos nos receptores
↑H+ no sangue e ↓ carboidratos, causando o Polimorfismos do IRS-1
extravasamento de K+ da célula e alterações • Hiperglicemia: Com a intolerância à glicose,
cardíacas eleva-se a glicemia no sangue (principal HD),
apesar de ter níveis elevador de insulina no
Tipo 2 sangue
o Tendência a inflamações: Tecido adiposo
Desordem heterogênea associada a idade e peso, cheio de citocinas e leucócitos
sendo característica de aumento da produção • Dislipidemias: Sem a entrada de glicose nas
hepática de glicose e de alteração na ação da insulina células, há lipólise no tecido adiposo (↑ácidos
com a resistência periférica graxos livres – colesterol e triglicerídeos no
plasma), agravando a resistência à insulina
RI e hiper- Falência de Intolerância
insulinemia céls β à glicose o Os AGLs influem no aumento da
resistência, aumentando a produção
hepática de glicose, reduzindo sua
Epidemiologia captação e em tecidos periféricos e
favorecendo o acúmulo de gordura
A prevalência é crescente, sendo que 80-90% dos ectópica (fígado e músculo)
pacientes obesos (único fator de risco) são diabéticos o Os ACGLs produzem adipocinas (leptina,
e a incidência aumenta com a idade (1,5% em adultos, TNF-α, IL-6, resistina, RBP4 e MCP-1), que
entre 20 e 39 anos, e de 20% após os 75 anos) interferem na cadeia de transmissão do
• 1/3 diabéticos não está consciente de seu sinal insulínico
diagnóstico, dada a característica insidiosa da • Obesidade: A obesidade influi no aumento de
doença, o que dificulta o seu tratamento ácidos graxos, que aumenta a PA, as taxas de
• Suscetibilidade genética: O risco familiar triglicerídeos (↓HDL) e a residência à insulina
chega a 40% quando os dois pais são e essa hiperglicemia, hiperlipidemia e
diabéticos sinalização inflamatória (adipócitos) causa
maior propensão a infecções e doenças
Etiologia cardiovasculares
A DM2 decorre do aumento da produção hepática de o Síndrome metabólica (consequência da
glicose e do comprometimento na ação da insulina resistência e hiperinsulinemia):
(pode produção normal, reduzida ou acima da média) Dislipidemia, hiperinsulinemia, “HAS” e
devido à resistência periférica imposta, causando hiperglicemia, que precedem o diabetes
também diminuição da quantidade de células β, da na tentativa de compensar a doença
utilização e do armazenamento de glicose pelo
organismo (incapacidade final de compensação) DM secundário
Resistência súbita
Fisiopatologia
• Uso crônico de corticosteroides, além de
Alterações na sensibilidade e secreção (picos
outros fármacos (vacor, pentamidina, ácido
desarmonizados) de insulina antecedem em muitos
nicotínico, etc)
anos o diagnóstico de DM e isso desequilibra o
• Doenças pancreáticas (pancreatite crônica e
sistema, com aumento da produção hepática, redução
pancreatectomia)
da captação periférica e armazenagem da glicose
(eleva as glicemias de jejum e pós-prandiais, • Doenças endócrinas (produção excessiva de
respectivamente) hormônios que antagonizam a insulina)
• Resistência à insulina (hiperinsulinemia • Etilismo crônico
compensatória): Dois possíveis fatores podem • Defeitos genéticos: Função da célula β ou ação
causar essa resposta diminuída, corroborando da insulina
para concentrações de receptores de insulina
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• Formas raras de DM autoimune : síndrome de • Pescoço: Palpação da tireóide
stiff-man e anticorpos anti-receptores de (frequentemente alterada em DM1)
insulina) e outras síndromes genéticas • Tórax
(Turner, Down, Prader-Willi, Klinefelter, etc) o Ausculta cardíaca
o Ausculta pulmonar
Gestacional • Abdome (visceromegalias)
• Pele (atenção aos MMIIs): Lesões cutâneas
Com as alterações metabólicas e hormonais da
(infecções fúngicas ou bacterianas),
gravidez, há indução da resistência à insulina (↓
ulcerações, calosidades, estado das unhas,
afinidade pelo receptor de insulina – falsa DM2), pode
calor, edema e deformidades
desenvolver uma diabetes autolimitada se houver
o Acantose nigricante (RI)
controle glicêmico, mas, sem cuidados, pode
• Exame neurológico (sumário)
desenvolver uma DM2 de fato e prolongar-se para o
o Tônus e trofismo muscular
resto da vida
o Reflexos aquileu e patelar
o Sensibilidade proprioreceptiva, vibratória
ENTREVISTA CLÍNICA e tátil (monofilamento de 10g)
Anamnese
Suspeita diagnóstica
• Dados socioeconômicos e estilo de vida:
Trabalho, moradia, alimentação (doces, sal, • Sinais e sintomas clássicos (DM2 é
gordura saturada e açúcar), vícios, lazer, frequentemente assintomática): Poliúria,
atividades físicas, rede familiar, polidipsia, perda de peso, polifagia,
vulnerabilidade e autocuidado o DM1: Cetoacidose diabética aguda
• HDA: Tempo de diagnóstico do DM, controle o DM2: Hiperglicemia
glicêmico e sintomas (polidipsia, poliúria, • Sintomas menos específicos
polifagia, emagrecimento, astenia, prurido o Fadiga, fraqueza e letargia
vulvar ou balanopostite, retinopatia diabética o Visão turva – ou melhora temporária da
e infecções frequentes) visão aproximada
• Antecedentes pessoais e fatores de risco: o Prurido valvar ou cutâneo (balanopostite)
Dislipidemia, obesidade, infecções • Complicações crônicas e doenças
recorrentes (TGU, pele, pés e dentes), úlceras intercorrentes
de MMIIs, parestesias e distúrbios visuais o Proteinúria: Os altos níveis de açúcar
• História médica pregressa: IAM, AVC, história fazem com que os rins filtrem muito
gestacional, intercorrências metabólicas sangue, sobrecarregando-os e fazendo
(cetoacidose, hiperglicemia ou hipoglicemia) e com que moléculas de proteína acabem
medicações em uso sendo perdidas na urina
• História médica familiar: Registro de DM, o Neuropatia diabética: Câimbras,
doenças CVs e outras endocrinopatias em parestesia e/ou dor nos membros
parentes de 1º grau inferiores, mononeuropatia de nervo
craniano
Exame físico o Retinopatia diabética: Ocorre a perda da
acuidade visual, principalmente em
• Medidas antropométricas pacientes mais idosos sendo uma
o Obtenção de peso e altura característica de diabetes crônicas, assim
o Cálculo do IMC como a nefropatia e neuropatia
o Aferição da cintura abdominal (CA) o Catarata
• Palpação de pulsos o Doença arteriosclerótica: IAM, AVC,
• Medidas de PA e FC: Duas medidas de PA, doença vascular periférica
separadas por, pelo menos, um minuto, em o Infecções de repetição (pele e mucosas –
posição sentada ex. urogenital)
• Cavidade oral: Atenção presença de gengivite,
problemas odontológicos e candidíase
• Olhos: Alterações visuais e exame de Exames
fundoscopia
Marianna Lopes – Clínica médica, 3° semestre FTC
• Glicemia em jejum: O exame da glicose em No assintomático, o diagnóstico deve ser confirmado
jejum é o exame de sangue convencional, que com nova coleta de sangue, considerando que
deve ser feito depois de um jejum de pelo estresse extremo pode elevar a glicemia fisiológica
menos 8 horas
• Hemoglobina glicada (HbA1C): Teste feito a • Glicemia: Sintomas clássicos de diabetes ou
partir de sangue normal (hemácias possuem glicemia ao acaso igual ou superior a 200
uma fração que se liga à glicose), podendo mg/dL ou ausência de sintomas e glicemia
medir a hiperglicemia “não-imediata”, já que acima de 126 mg/dL (em jejum) ou acima de
as hemácias têm tempo de vida de 90 dias 200 mg/dL ao acaso ou no teste de tolerância
o 2 vezes ao ano em paciente com exames à glicose oral (GTT – glicemia em jejum – oral)
de controle dentro da meta e é estável • Exame de curva glicêmica (GTT – 2 horas após
o A cada trimestre para pacientes com a ingestão de 75 g de glicose por via oral):
mudança na terapia ou que apresentem Abaixo de 100 e 140 mg/dL
exames fora da meta • Hemoglobina glicada: da ligação da
• Peptídeo C hemoglobina A (HbA) com açúcares, sendo a
• Colesterol total (CT), HDL e triglicerídeos (TG) fração A1c a mais importante – compreende
• Creatinina sérica 80% da HbA total. Valor normal da HbA1c: 3-
• Teste de função hepática, renal e tireoidiana 6%. Mede o controle integrado de glicemia
• Exame de urina tipo 1 e, se necessário, nas últimas 8-12 semanas. Valores elevados
microalbuminúria ou relação albumina/ confirmam o diagnóstico, e é medida muito
creatinina útil para aferir a adequação do tratamento
• Fundoscopia ocular • Frutosamina: proteína glicada, principalmente
• Exames cardiológicos (complicações crônicas): albumina, que reflete o controle glicêmico dos
RX de tórax, ECG, ecocardiograma, e teste últimos 7- 14 dias. Útil em portadores de
ergométrico ou cintilografia do miocárdio algumas hemoglobinopatias (que alteram a
determinação de HbA1c) e na avaliação
precoce dos efeitos das terapias
Diagnóstico
• Glicosúria: Confirmação com dosagem
Clínico sanguínea e está geralmente presente nas
glicemias elevadas, acima de 180 mg/dL, mas
Com a hiperglicemia, parte da glicose é eliminada na depende ainda do estado de hidratação do
urina, promovendo diurese osmótica (poliúria), paciente e de patologias renais
compensada pela sede e ingestão de água (polidipsia), o A hemoglobina glicada, a frutosamina, e a
mas a dificuldade para armazenar nutrientes e a perda glicosúria não servem para diagnóstico,
destes pela urina causam emagrecimento, fraqueza e elas têm maior indicação no controle da
fome (polifagia) eficácia do tratamento do diabetes
• Hiperglicemia pode causar sintomas menos • Peptídeo C em jejum: Menor que o,7ng/ml
expressivos, complicações crônicas e doenças associado a glicemia entre 100 e 200mg/dL
intercorrentes • Dosagem de anticorpos pancreáticos (DM1)
• A sintomatologia é bem presente na criança,
mas no adulto é assintomático, podendo ter a
primeira manifestação relacionada a Pré-diabético
complicação ocular, renal ou cardiovascular
Triagem e teste para DM2 e pré-diabetes Triagem de DM2 crianças e menores de 18 anos:
Obesidade e ao pelo menos um FR para DM
• Categorias de risco aumentado de
diabetes (“glicemia de jejum alterada” e 1. História materna de DM (gestacional ou não)
“tolerância diminuída à glicose) 2. História familiar de DM2 em 1º ou 2º grau
• Hábitos de vida mais saudáveis (reduzir 3. Raça/etnia
4. Sinais de RI ou condições associadas à RI
seu risco de DM em 58%)
(acantose nigricans, hipertensão DLP,
ovários policísticos ou peso baixo ao nascer)
Laboratorial
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• Plano de exercício físico

DM2
Fármacos orais para controle intensivo da glicemia,
podendo atuar na diminuição da resistência periférica
ou na diminuição da absorção de glicose pelo TGI
• Controle dos FR: Problemas CVs, PA,
dislipidemia e hipercoagulabilidade
• Mudanças no estilo de vida
• Educação e cuidados gerais (fumo, pele,
alimentação – 20kcal/kg –, exercícios –
energia da glicose muscular e ACG livres, mais
GLUTs4 com aumento de AMPK)
• A longo prazo, pode utilizar da insulina basal

Sendo que os sinais e sintomas só ocorrem em


glicemias estão acima de 180 mg/dL, o diabetes é
geralmente assintomático e, por isso, para o
diagnóstico precoce, tem-se a glicemia de jejum ou o
GTT oral são importantes ferramentas, enquanto a
dosagem de auto-anticorpos é importante para o DM2
(mas esses ainda não são exames de rotina porque não
existe tratamento específico para esse tipo)

• Glicemia em jejum: De 100mg/dl a 125mg/dl


• Glicemia (2 horas após sobrecarga com 75g de Pré-diabético
glicose): Intervalo entre 140mg/dl e 199mg/dl
• Hemoglobina glicada: A1C entre 5,7% e 6,4%

Terapia
DM1
Insulinoterapia de forma injetável, a fim de repor a
dosagem hormonal com insulina exógena • Mudanças no estilo de vida (pode reduzir a
• Automonitorização glicêmica: Medidas de incidência em 40-50%): Dieta e exercícios
glicemia capilar (antes das 3 refeições • Fármacos parecem ter efeito benéfico
principais, 2h depois, ao se deitar e durante a o Drogas sensibilizadoras da ação da
madrugada) no domicílio e de hemoglobina insulina
glicada ou frutosamina (média glicêmica dos o Inibidores das α-glicosidases, da absorção
últimos 15 dias) a cada 3 meses de gorduras e da ECA
• Orientação nutricional: Dieta de 30-35kcal/kg, o Bloqueadores do receptor de ANG
dividida em 50% de carboidratos, 10% de o Incretinas
fibras dietéticas, 20% de proteínas e 20% de o Metforminas ou acarbose (casos de alto
lipídeos (10% de gorduras saturadas e 10% de risco – IMC > 30 ou glicemia de jejum >
poli-insaturadas), respeitando outras 110mg/dl e idade < 60 anos)
possíveis intercorrências do paciente
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Complicações agudas forma a cetona, que é uma molécula


volátil e dá a característica halitosa (por
• Descompensação hiperglicêmica aguda isso não é usada como energia)
o Glicemia casual superior a 250 mg/dl o Cetonúria: Excesso de corpos cetônicos
o Pode evoluir para complicações mais
passa a ser eliminado na urina, mas
graves como cetoacidose diabética e
também há quadros fisiológicos
síndrome hiperosmolar hiperglicêmica
não cetótica
Síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica
• Hipoglicemia (<65 mg/dl)
O estado hiperosmolar hiperglicêmico é caracterizado
Cetoacidose diabética por grande elevação da glicemia, hiperosmolaridade e
pouca ou nenhuma cetose e a patogênese ainda não é
A cetoacidose diabética é definida pela tríade
totalmente esclarecida, mas acredita-se que os níveis
hiperglicemia, cetose e acidose, que afeta geralmente
de insulina são inadequados para promover a
os portadores de DM1, sendo pior na presença de
captação de glicose por tecidos insulinossensíveis e
coma ou hipotensão (atenção ao idoso), mas também para interromper a atividade das lipases (mediada por
pode acontecer no DM2 se houver algum fator glucagon), mas, nesse caso, consegue atenuá-la,
desencadeante grave, e pode levar à morte devido a impedindo que haja uma lipólise acentuada a ponto de
hipertonicidade, acidose e terapias inadequadas. Com estimular a cetogênese, havendo apenas
a deficiência absoluta/relativa à insulina e o aumento hiperglicemia
consequente do metabolismo de hormônios • Diurese osmótica: Com a glicosúria causada
contrarreguladores (glucagon, cortisol, catecolaminas pela hiperglicemia, a urina passa a ser
e GH), há um quadro de hiperglicemia e hipertônica e, para diluí-la, a reabsorção de
hiperprodução de glicose endógena (em estase no água e eletrólitos diminui, podendo resultar
sangue, forma sorbitol – tóxico e causa lesões em hipovolemia e consequente diminuição do
endoteliais) clearance (depuração) renal que, por sua vez,
agrava a hiperglicemia, acentuando ainda
• As catecolaminas, associadas aos altos níveis mais a glicosúria e aumentando a TFG, que
de glucagon e a insulinopenia, ativa a lipase propicia o aparecimento de lesões nos
tecidual, que transformar triglicerídeos em capilares glomerulares, deixando “escapar”
ácido graxo e glicerol, que serão usados como proteínas (proteinúria)
moléculas energéticas na β-oxidação de ACG
hepática, que, depois de formar acetil-CoA, Acidose lática (tipo B – sem hipóxia)
usa oxalacetato para entrar no ciclo do ácido
Ácido lático é produto final do metabolismo anaeróbio
cítrico e formar glicose. Mas, com o tempo, as
da glicose no intestino, músculo e cérebro e também
concentrações de oxalacetato diminuem e o
pode ser precursor da gliconeogênese hepática (ciclo
acetil-CoA se acumula, passando a ser usado
na cetogênese, formando corpos cetônicos de Kori – lactado → piruvato → glicose), que, para
(acetato e β-hidroxi-butirato), mas, como produzir lactato, precisa retirar um H+ da fórmula,
esses são ácidos fortes, esgotam rapidamente aumentando o pH do meio (acidose metabólica – sem
a capacidade do tamponamento do cetonemia)
organismo, levando à acidose metabólica
o Adipócitos: Quando estimulados pela • Ânion gap: Com a acidose, há baixa dos níveis
lipase tecidual, liberam prostaglandinas de bicarbonato (tentativa de tamponamento
que causam náuseas e dor abdominal de H+), causando uma baixa de ânions com
• Diagnóstico: Glicemia plasmática acima de cátions mantidos pelo tamponamento ou até
250 mg/dl, pH sanguíneo menor que 7,30 e mesmo elevados (falha no tamponamento) e
bicarbonato sérico menor que 18 mEq/L isso gera diferença na concentração de íons
o Respiração de Kussmaul (inspiração • Repercussão: Hiperventilação compensatória
rápida e profunda com expiração súbita – de Kussmaul (inspiração rápida e profunda
excreção rápida de CO2) com expiração súbita – excreção rápida de
o Hálito frutado/cetoso: Uma das reações CO2)
que leva à produção de corpos cetônicos
Marianna Lopes – Clínica médica, 3° semestre FTC
• Diagnóstico: Lactato sérico maior que 5,0 de ingestão de glicose por via oral, administra-
(valor normal 0,4-1,2 mmol/L), bicarbonato se glucagon intramuscular ou subcutâneo
menor 15 mEq/L, ausência de cetonemia, (0,5-1 mg) ou glicose endovenosa
glicemia variável e hiperfosfatemia o Longo prazo: Atentar-se às doses de
• Tratamento: Eliminar produção excessiva e insulina exógena (doses excessivas
facilitar remoção de lactato, corrigir o pH e podem causar hipoglicemia
tratar a causa precipitante (DM) assintomática) e manter monitoração
24h (hipoglicemia noturna –
Hipoglicemia transpiração, sudorese, tremor e fome
durante a madrugada ou ao acordar)
Nesse quadro, tenta-se manter a glicemia normal pela
glicogenólise (3 a 8 horas) e gliconeogênese hepática • Efeito Somogy: Elevação da glicemia em jejum
e renal já que o cérebro utiliza glicose como fonte devido à liberação de hormônios
primária de energia, mas com o tempo esse órgão fica contrarreguladores para combate da
vulnerável à deficiência. Inclusive, esse feedback é hipoglicemia noturna
deficiente na DM, pois a deficiência insulínica (causada
por autoimunidade, hiperinsulinemia e/ou sobrecarga
das células α) dentro da ilhota gera denervação
autonômica, causando a perda da resposta do
glucagon após cerca de 5 anos da doença (sobretudo
do DM1) e da adrenalina após 10-15 anos, o que leva
à ausência de defesa ante a hipoglicemia. Além disso,
o envelhecimento também se associa à atenuação do
feedback e maior sensibilidade às hipoglicemias, que
podem acarretar AVC, infarto, arritmias e quedas com
fratura

• Sintomas neurogênicos (glicemias entre 50 e


65 mg/dl): Decorrentes da ativação do SNAS
(palpitação, palidez, tremor e ansiedade) ou
SNAP (sudorese, fome e parestesias)
• Sintomas neuroglicopênicos (glicemias < 50
mg/dl): Alterações progressivas da função
cerebral pela hipoglicemia
o Dificuldade de compreensão e
aprendizado, de realizar tarefas manuais,
diminuição dos reflexos, da memória,
distúrbios da fala, confusão, fadiga,
fraqueza, irritabilidade, dor de cabeça,
fome, visão turva, tontura, náuseas,
síncope, sonolência, convulsão e coma
• Diagnóstico: Glicemia abaixo de 65mg/dl no
diabético
• Tratamento: Administração de 15 a 20g de
carboidratos de alta absorção (1 copo de suco
de laranja, 1 colher de sopa rasa de açúcar,
150 ml de refrigerante comum, 2 colheres de
sopa de leite condensado, 3 balas de
caramelo) e verificação de glicemia após 15
minutos (se < 60 mg/dl, repetir o esquema)
ou, na hipoglicemia grave, com incapacidade

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