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CS

Tipo 1B: defIciência de


produção de insulina por
Diabetes mellitus (DM) é uma condição em que ocorre mecanismos idiopátcos.
hiperglicemia, seja por defeito de ação e/ou secreção DIABETES GESTACIONAL Intolerância a
inadequada de insulina. Assim, engloba diversas etologias, carboidratos iniciada
em diferentes fases da vida, cuja identfcação correta é durante a gestação por
fundamental para a escolha do tratamento e para a prevenção piora de resistência
de complicações. insulínica, podendo
evoluir para disfunção de
O Brasil é o quarto país com maior número de diabétcos no células beta.
mundo; são 16,8 milhões de indivíduos diagnostcados, com OUTROS TIPOS Abaixo, discutremos
projeção de aumento para 26 milhões em 2045. cada subtIpo de DM.

Esse crescimento de forma epidêmica é devido


principalmente ao diabetes mellitus tpo 2, que é a etologia Aqui entra uma miscelânea de etologias ou doenças
mais frequente de DM, correspondendo a 85%-90% dos associadas ao DM. As mais comuns nas provas são o MODY,
casos. as doenças do pâncreas exócrino, as endocrinopatas e o
diabetes induzido por drogas.
Os fatores associados a esse aumento são a rápida
urbanização, a adoção de estlos de vida não saudáveis, como
maus hábitos alimentares (dieta rica em gorduras, açúcares e
pobre em fbras) e sedentarismo, o aumento do peso corporal O diabetes mellitus tpo 1 (DM tpo 1) corresponde a 5%-10%
e o envelhecimento da população. dos casos de DM e é caracterizado pela deficiência grave
de insulina, ocasionada pela destruição das células beta
A hiperglicemia, segundo a OMS, é o terceiro fator de risco, pancreáticas.
considerando importância, para mortalidade prematura, fcando
atrás apenas da hipertensão arterial e do tabagismo. A maior parte dos casos de DM tipo 1 é imunomediada,
conforme refletido pela detecção de autoanticorpos
O diabetes mellitus é uma das principais causas de mortalidade específicos. Uma pequena minoria das pessoas com DM tipo 1
mundial, correspondendo a 14,5% de todas as mortes, sendo é considerada portadora de DM tipo 1 idiopático, no qual não
que 75% delas são de causas cardiovasculares. são detectados autoanticorpos. Esse tipo idiopático apresenta
Além disso, o aumento das comorbidades associadas e das maior probabilidade de ocorrência em pessoas de
complicações decorrentes do mau controle glicêmico ao longo descendência asiática ou africana (NORRIS, 2021)
do tempo levam à incapacidade individual precoce e à Tipicamente, pacientes com DM1 têm índice de massa
sobrecarga dos serviços de saúde. corporal (IMC) normal, mas a presença de sobrepeso ou
obesidade não exclui o diagnóstico, devido à prevalência
crescente dessas condições em todas as faixas etárias. Uma
Até 1997, existam dois subgrupos de diabetes mellitus, o característica marcante dos diabéticos tipo 1 é a tendência à
insulinodependente e o não insulinodependente. A partr dessa cetose e a invariável necessidade de insulinoterapia como
data, optou-se por uma nova classifcação cujo critério é a tratamento. A CAD pode ser a manifestação inicial da doença
etologia da doença, não a forma de tratamento. Assim, o em até um terço dos adultos e até dois terços das crianças.
diabetes mellitus fcou dividido da seguinte maneira: (VILAR, 2020)

DIABETES MELLITUS Resistência à ação da


TIPO 2 insulina, associada à
perda progressiva de A doença predomina em crianças e adolescentes (pico
secreção. entre 10 e 14 anos), mas pode surgir em qualquer idade,
DIABETES MELLITUS Tipo 1A: defciência de inclusive em octogenários. (VILAR, 2020)
TIPO 1 produção de insulina
Estima-se que o DM1 acometa 0,3% da população geral com
devido à destruição de
idade igual ou inferior a 20 anos, e 0,5 a 1% se considerarmos
células beta por ataque
todas as faixas etárias. Convém citar que, nas últimas décadas,
autoimune.
tem aumentado significativamente o número de casos de DM1,
em diversos países, sobretudo em crianças com idade < 5 pandemias sazonais de infecções e, raramente, devido ao
anos. (VILAR, 2020) isolamento de um patógeno específico. (GOLDMAN,
SCHAFER, 2022)
A herança da doença é poligênica e, assim, há predisposição
familiar, embora seja muito menor que a hereditariedade vista As epidemias de caxumba, rubéola e infecção pelo vírus
no MODY e no diabetes mellitus tipo 2. Para se ter uma ideia, Coxsackie foram associadas a um aumento da frequência do
indivíduos com parente de primeiro grau acometido (pais e diabetes tipo 1. Além disso, foram relatados raros exemplos
irmãos) com DM tipo 1 têm 6% de chance de desenvolver a específicos e convincentes de diabetes induzido por vírus.
doença e esse risco pode chegar até 50% em gêmeos Entretanto, acredita-se que a lesão das células β mediada por
monozigóticos (ESTRATÉGIAS MED) vírus não seja responsável pela destruição maciça das células
β, mas que possa desencadear uma resposta autoimune em
indivíduos geneticamente predispostos. Por conseguinte, os
No diabetes tipo 1, uma complexa interação de fatores vírus podem conter moléculas que se assemelham a uma
genéticos, ambientais e autoimunes tem como alvo seletivo as proteína das células β, e, assim, a infecção viral poderia anular
células β do pâncreas produtoras de insulina e, em última a autotolerância e desencadear respostas autoimunes.
análise, provoca destruição dessas células. (GOLDMAN, (GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
SCHAFER, 2022)

Foi reconhecido, há muito tempo, que cerca de 80% dos


Embora muitos dos genes ligados ao diabetes tipo 1 ainda não indivíduos com diabetes tipo 1 de início recente apresentam
tenham sido identificados, cerca de 60 são conhecidos. anticorpos dirigidos contra várias proteínas das células das
(GOLDMAN, SCHAFER, 2022) ilhotas, incluindo insulina, ácido glutâmico descarboxilase
(GAD65 e GAD67) e o antígeno 512 da proteína dos grânulos
Os genes HLA, que estão localizados no braço curto do secretores das células das ilhotas (IA-2). (GOLDMAN,
cromossomo 6, contribuem com cerca de 50% da SCHAFER, 2022)
suscetibilidade genética para o diabetes tipo 1. Dois haplótipos
HLA da classe II, DR4- DQ8 e DR3-DQ2, estão presentes em A destruição das células β é mediada, em grande parte, por
cerca de 90% das crianças com diabetes tipo 1. O genótipo uma variedade de citocinas ou pela atividade direta dos
que contém os dois haplótipos está associado ao maior risco linfócitos T, provocando apoptose ou destruição celular,
de diabetes (cerca de 5%) e é mais comumente observado embora as evidências tenham sugerido que os anticorpos
na doença de início precoce. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022) dirigidos contra as ilhotas também podem desempenhar um
papel. Os estudos patológicos realizados tanto em modelos
Em contrapartida, o haplótipo DR15-DQ6 é altamente protetor animais quanto em seres humanos estabeleceram que os
e é encontrado em apenas 1% das crianças com diabetes tipo infiltrados de células inflamatórias nas ilhotas (denominados
1, em comparação com 20% na população geral. (GOLDMAN, insulite), que são compostos de células T CD8+ e CD4+,
SCHAFER, 2022) macrófagos e células B, estão ligados ao aparecimento do
diabetes. Com o passar do tempo, as ilhotas tornam-se
Outros genes provavelmente contribuem para a
totalmente desprovidas de células β e infiltrados inflamatórios;
suscetibilidade genética ao diabetes tipo 1. Incluem o gene da
as células α, δ e do polipeptídio pancreático são mantidas
insulina (no cromossomo 11) e vários outros loci associados a
intactas, ilustrando, assim, a especificidade do ataque
outras condições autoimunes, sugerindo a existência de vias
autoimune contra as células β. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
comuns que predispõem à perda da autotolerância.
(GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
Outro gene, IFIH1, localizado no cromossomo 2, codifica uma Foi claramente estabelecido que o diabetes tipo 1 apresenta
proteína envolvida na imunidade inata e desempenha um papel uma longa fase pré-clínica. Por ocasião do diagnóstico clínico,
no reconhecimento dos genomas de RNA de determinados cerca de 10 a 20% da massa original de células β podem ainda
vírus. Foi sugerido que os altos níveis de IFIH1 possam provocar ser funcionais. (SILVEIRO, SALTER, 2015)
respostas imunes antivirais exageradas, que predispõem à
autoimunidade. Muitos outros genes também foram Na maioria dos casos, a hiperglicemia manifesta (e a cetose,
implicados, ressaltando a natureza poligênica dessa doença. se estiver presente) pode ser precipitada por uma doença
(GOLDMAN, SCHAFER, 2022) clínica não relacionada ou por estresse imposto a uma reserva
das ilhotas já limitada, desencadeando, assim, as manifestações
clínicas diagnósticas. (SILVEIRO, SALTER, 2015)
Historicamente, as causas ambientais do diabetes tipo 1 Normalmente, a hiperglicemia sintomática, manifestada por
concentraram-se nos vírus, devido a associações com poliúria, polidipsia, perda de peso e fadiga, ocorre de maneira
abrupta na criança ou no adulto jovem saudáveis nos demais (concentração plasmática de glicose casual > 200 mg/dℓ) e
aspectos. (SILVEIRO, SALTER, 2015) manifestações típicas de poliúria, polidipsia e perda de peso.
(GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
Os sinais e os sintomas de diabetes mais comumente
identificados são denominados três “polis”: (NORRIS, 2021)
1. Poliúria (i. e., micção excessiva) Coletada em sangue periférico após jejum calórico de no
2. Polidipsia (i. e., sede excessiva)
mínimo 8 horas; (NORRIS, 2021)
3. Polifagia (i. e., fome excessiva)
• Um nível de GPJ inferior a 100 mg/dℓ (5,6 mmol/ℓ)
Esses três sintomas estão fortemente relacionados à
é considerado normal
hiperglicemia e à glicosúria do diabetes. A glicose é uma
• Níveis entre 100 e 125 mg/dℓ (5,6 e 6,9 mmol/ℓ) são
molécula pequena e osmoticamente ativa. Quando os níveis
significativos, sendo definidos como glicemia anormal
glicêmicos estão suficientemente elevados, a quantidade de
em jejum (GAJ).
glicose filtrada pelos glomérulos renais excede a quantidade
que pode ser reabsorvida pelos túbulos renais. Isso resulta em • O nível de GPJ diagnóstico do diabetes é de 126
glicosúria acompanhada de perdas osmóticas de um grande mg/dℓ (7 mmol/ℓ) ou mais
volume de água na urina. A sede resulta da desidratação
intracelular conforme os níveis glicêmicos aumentam,
causando um movimento osmótico da água para fora das O teste de glicose plasmática aleatório (ou casual) é realizado
células do corpo, incluindo as células no centro hipotalâmico independentemente do horário da última refeição. (NORRIS,
da sede. (NORRIS, 2021) 2021)
No diabetes tipo 1, a polifagia provavelmente resulta da Uma concentração de glicose plasmática aleatória
inanição celular e da depleção dos depósitos celulares de inequivocamente elevada (≥ 200 mg/dℓ [11,1 mmol/ℓ]), em uma
carboidratos, gorduras e proteínas. (NORRIS, 2021) pessoa com sinais clássicos de diabetes (como polidipsia,
polifagia, poliúria e visão turva) ou em crise hiperglicêmica, é
A perda de peso, apesar do apetite normal ou aumentado,
diagnóstica de DM. (NORRIS, 2021)
é uma ocorrência comum em pessoas com diabetes tipo 1
não controlado, sendo causada por dois fatores.
Primeiramente, a perda dos líquidos corporais resulta da
diurese osmótica, enquanto na cetoacidose, o vômito pode O TTGO é um importante teste de triagem do diabetes, que
acarretar perda exagerada de líquidos. Em segundo lugar, a determina a capacidade do corpo de remover a glicose do
perda de tecidos corporais decorre da ausência de insulina, a sangue. Em homens e mulheres, esse teste determina a
qual força o corpo a utilizar os depósitos de gordura e resposta da glicose plasmática a 75 g de uma solução
proteínas celulares como fonte de energia. (NORRIS, 2021) concentrada de glicose, em intervalos selecionados,
normalmente depois de 1 e 2 h. (NORRIS, 2021)
Em minoria dos pacientes, a apresentação inicial pode consistir
em cetoacidose diabética (CAD), que pode ocorrer se Nas pessoas com tolerância normal à glicose, os níveis
houver atraso no reconhecimento dos sintomas do diabetes. glicêmicos retornam ao normal em 2 a 3 h após a ingestão
(SILVEIRO, SALTER, 2015) da carga de glicose, caso em que pode ser presumida a
presença de insulina em quantidade suficiente para que a
glicose saia do sangue e adentre as células corporais. Na
pessoa com diabetes, falta a capacidade de responder às
Na história natural do DM, alterações fisiopatológicas precedem
elevações na glicemia com uma secreção adequada de insulina
em muitos anos o diagnóstico da doença. A condição na qual
para facilitar o armazenamento. Com isso, os níveis glicêmicos
os valores glicêmicos estão acima dos valores de referência,
aumentam e se tornam superiores àqueles observados em
mas ainda abaixo dos valores diagnósticos de DM, denomina-
pessoas com tolerância normal à glicose, permanecendo
se pré-diabetes. A resistência à insulina já está presente e, na
elevados por períodos mais longos (NORRIS, 2021)
ausência de medidas de combate aos fatores de risco
modificáveis, ela evolui frequentemente para a doença Para fins diagnósticos, o valor da glicose plasmática em 2 h
clinicamente manifesta e associa-se a risco aumentado de (GP 2 h) durante um TTGO é utilizado como indicador, com
doença cardiovascular e complicações. Na maioria dos casos níveis ≥ 200 mg/dℓ (11,1 mmol/ℓ) atuando como critério de
de pré-diabetes ou diabetes, a condição é assintomática e o limiar para o diagnóstico de DM (NORRIS, 2021)
diagnóstico é feito com base em exames laboratoriais
Importante reforçar que a dieta deve ser a habitual e sem
Na maioria dos casos, os resultados anormais exigem a restrição de carboidratos pelo menos nos 3 dias anteriores à
realização de um exame confirmatório, porém o DM pode ser realização do teste. (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA
diagnosticado quando há hiperglicemia inequívoca DE DIABETES, 2019-2020)
A hemoglobina A1c é um teste que determina o quanto de
um subtipo de hemoglobina foi glicado, o que implica a ligação
de moléculas de glicose à molécula de hemoglobina. Algumas
Os avanços tecnológicos disponibilizaram um meio para o vezes, esse processo também é denominado glicosilação,
monitoramento dos níveis glicêmicos usando uma gota de embora “glicado” seja o termo mais preciso, uma vez que o
sangue capilar. Esse procedimento proporcionou aos processo não requer atividade enzimática (NORRIS, 2021)
profissionais de saúde um modo rápido e econômico de
Os níveis de hemoglobina glicada de > 7,4% ou < 5,6% estão
monitorar a glicemia, e forneceu aos portadores de diabetes
associados a taxa de mortalidade elevada por todas as causas
uma maneira viável de manter os níveis glicêmicos próximos
em pacientes com diabetes melito. Em indivíduos sem DM, o
aos normais, por meio do automonitoramento da glicemia.
nível ideal situa-se entre 5,0 e 6,5% (GOLDMAN, SCHAFER,
(NORRIS, 2021)
2022)
Esses métodos utilizam uma gota de sangue capilar, obtido
Quando as hemácias são liberadas pela medula óssea, a
com uma picada no dedo utilizando uma agulha ou pequena
hemoglobina normalmente não contém glicose; entretanto,
lanceta especial. A gota de sangue capilar é depositada sobre
durante os 120 dias de vida da hemácia, a hemoglobina
ou absorvida por uma fita reagente, e os níveis de glicose são
normalmente se torna glicada. Como a entrada da glicose nas
determinados eletronicamente por um medidor de glicose. A
hemácias independe da insulina, a taxa de ligação da glicose à
maior parte dos monitores aprovados para o uso domiciliar
molécula de hemoglobina reflete os níveis glicêmicos. A
calibra as leituras glicêmicas aos valores plasmáticos, para
glicosilação é essencialmente irreversível; portanto, o nível de
facilitar a comparação com os valores laboratoriais. É
A1c presente no sangue fornece um índice dos níveis
importante que os usuários do teste saibam como o medidor
glicêmicos ao longo do tempo de vida aproximado de 120 dias
que estão utilizando é calibrado, de modo a poderem
das hemácias. (NORRIS, 2021)
interpretar adequadamente os resultados, uma vez que os
testes realizados com sangue total sem calibração para glicose NORMAL PRÉ- DIABETES
plasmática provavelmente fornecem resultados de glicose no DIABETES MELLITUS
sangue total 10 a 15% mais baixos que os níveis de glicose Concentração < 100 100 a 125 maior ou
plasmática (NORRIS, 2021) de glicose em igual a 126
jejum
Sistemas de monitoramento contínuo estão sendo (mg/dL)
disponibilizados para o controle preciso da glicose. Os diversos TTGO, < 140 140 a 199 maior ou
sistemas contêm pequenos cateteres implantados no tecido concentração igual a 200
de glicose em
subcutâneo, que fornecem amostras frequentes. Os centros
2h (mg/dL)
de endocrinologia utilizam cada vez mais essa tecnologia em
HbA (%) < 5,7 5,7 a 6,4 maior ou
pacientes selecionados, para alcançar o controle glicêmico
igual a 6,5
ideal. A diversidade e a exatidão desses sistemas têm
melhorado continuamente, porém o monitoramento da glicose
com picada no dedo continua sendo o padrão de tratamento.
(NORRIS, 2021)
Os exames de urina para a glicose indicam que o limiar renal
de reabsorção da glicose foi excedido, que é tipicamente
acompanhado por hiperglicemia. (NORRIS, 2021)

Oferece vantagens ao refletir níveis glicêmicos dos últimos 3 Os exames renais em relação à presença de cetonas indicam
a 4 meses e ao sofrer menor variabilidade dia a dia e que o corpo está produzindo corpos cetônicos em excesso,
independer do estado de jejum para sua determinação. geralmente em consequência do uso de substratos
(DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, energéticos sem glicose como combustível (NORRIS, 2021)
2019-2020)
Vale reforçar que se trata de medida indireta da glicemia, que
sofre interferência de algumas situações, como anemias, Os principais anticorpos são: (ESTRATÉGIAS MED)
hemoglobinopatias e uremia, nas quais é preferível diagnosticar • Anti-GAD 65 é o mais solicitado, pois tende a
o estado de tolerância à glicose com base na dosagem persistir ao longo do tempo.
glicêmica direta. Outros fatores, como idade e etnia, também • Anti ZnT8 é o mais sensível e auxilia no diagnóstico
podem interferir no resultado da HbA1c. (DIRETRIZES DA de DM tipo 1A quando os demais estão negativos.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019-2020)
• Já o anticorpo antiinsulina não deve ser solicitado
para pacientes após iniciarem o uso de insulina, uma
vez que a exposição ao medicamento leva à para mimetizar o seu efeito, nós podemos utilizar insulinas de:
produção de anticorpos, inviabilizando o exame (SANARFLIX)
nessas situações.
• Glargina, Detemir e Degludeca São as nossas
melhores opções de insulina basal, uma vez que elas
conseguem se manter por um período médio de
O resultado desejado do tratamento do DM tipos 1 e 2 é a 24h (ou seja, o paciente só precisará fazer uma
normalização da glicemia, com o objetivo de prevenir as aplicação ao dia) e, além disso, ainda não apresentam
complicações em curto e longo prazos. Os planos de picos significantes, o que é um fator importante pois
tratamento envolvem terapia clínica e nutricional, prática de diminui os riscos de hipoglicemia. (SANARFLIX)
exercícios e agentes antidiabéticos (NORRIS, 2021)
Obs. a Degludeca tem efeito durante mais de 24h e o maior benefício disso
é que se cria um intervalo de proteção em relação ao horário da tomada
do medicamento, de modo que o paciente pode se atrasar um pouco e
Como o DM1 se caracteriza por produção insuficiente de ainda assim terá seu nível de insulina basal garantido.
insulina, o tratamento medicamentoso depende da reposição
• NPH Diferente das opções anteriores, a NPH é uma
desse hormônio, utilizando-se de esquemas e preparações
insulina de ação intermediária, tendo efeito por
variados e estabelecendose “alvos glicêmicos” pré e pós-
apenas 12h (ou seja, serão necessárias, no mínimo, 2
prandiais para serem alcançados. (DIRETRIZES DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES, 2019- 2020) aplicações por dia: uma de manhã e outra de noite)
e ela também possui um pico significante, o que a
Apesar de existirem recomendações de metas glicêmicas afasta do que seria considerado fisiológico. Contudo,
para o controle do DM, é importante enfatizar a necessidade essa é a única opção de insulina basal disponibilizada
de individualização dos objetivos glicêmicos, evitando-se tanto pelo SUS, de modo que acaba sendo mais
sequelas de hipoglicemias quanto alterações no sistema frequentemente utilizada do que as demais
nervoso central decorrentes de hiperglicemias alternadas com (SANARFLIX)
hipoglicemias(DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE • Lispro, Aspart e Glulisina As insulinas de ação
DIABETES, 2019-2020) ultrarrápida são aquelas que começam a fazer efeito
de forma mais imediata (só precisam ser aplicadas
O tratamento com insulina deve ser iniciado o mais rápido
15min antes da refeição) e cujo tempo de ação é
possível após o diagnóstico (geralmente dentro das 6 horas,
mais curto, o propicia que ela forme um pico muito
em caso de cetonúria), para prevenir a descompensação
semelhante ao fisiológico (SANARFLIX)
metabólica e a cetoacidose diabética (CAD)
2. Insulina pós prandial
Algumas condições relacionadas à faixa etária devem ser • Regular Já a insulina Regular, que possui ação rápida,
lembradas e consideradas na montagem do esquema é aquela que demora um pouco para surtir efeito
terapêutico. Os adolescentes, por exemplo, costumam (então precisa ser aplicada 45min antes da refeição)
apresentar esquemas alimentares que fogem à rotina, com e ainda tem um tempo de ação mais longo,
maior dificuldade de controle metabólico e, frequentemente, formando picos mais alargados e diferentes do que
maior risco de hipoglicemias graves alternadas com considerado fisiológico. Contudo, essa é a única
hiperglicemias, sendo de grande importância tentar incentivar insulina prandial disponível pelo SUS (SANARFLIX)
a motivação e o conhecimento. É a faixa etária em que há
maior dificuldade em atingir um bom controle metabólico. O tratamento ideal através da insulinoterapia é aquele que
melhor se aproxima do que é considerado fisiológico. Em cima
disso, o melhor seria associar uma insulina basal de ação
prolongada (como a glargina) com uma insulina prandial
ultrarrápida. No entanto, em se se tratando de SUS, a única
A insulina tem uma concentração basal que se mantém ao opção de tratamento com insulina que está disponível é a
longo de todo o dia, porém, apresenta picos após as principais associação entre uma insulina basal de ação intermediária
refeições do dia e a gente precisa ter isso em nossa cabeça (NPH) com uma insulina prandial de ação rápida (Regular).
porque na insulinoterapia, o objetivo é criar uma associação (SANARFLIX)
que mimetize esse gráfico. Dessa forma, há 2 grupos de
insulina: (SANARFLIX)
1. Insulina basal A palavra “dieta”, que traz consigo um sentido de “proibição”,
Fisiologicamente falando, a insulina basal é aquela que se deve ser abolida. O plano alimentar implica evitar açúcares
mantém em níveis constantes ao longo de todo o dia e aí, refinados, de absorção rápida, e instituir uma alimentação
equilibrada do ponto de vista de conteúdo de carboidratos (50
a 60%), proteínas (15%) e gorduras (30%), o que propicia uma
alimentação de alta qualidade e que deveria ser consumida por uma vez que a gordura abdominal gera citocinas inflamatórias
todos, com diabetes ou não, visto que é muito mais saudável que dificultam a ação da insulina sobre os tecidos (SANARFLIX)
do que a maioria dos esquemas alimentares consumidos por
A DM tipo 2 não é uma doença autoimune. Na verdade, ela
crianças que não tem diabetes. (DIRETRIZES DA SOCIEDADE
se trata de um problema de bases genéticas que é precipitado
BRASILEIRA DE DIABETES, 2019- 2020)
por fatores ambientais e que pode se caracterizar por uma
A contagem de carboidratos oferece um resultado bastante deficiência de secreção ou pela resistência insulínica (principal)
objetivo e facilita o cálculo da dose de insulina a ser (SANARFLIX)
administrada antecedendo cada refeição (“bolus de refeição”).
As anormalidades metabólicas associadas ao diabetes tipo 2
Assim, como administramos uma quantidade de insulina
incluem: (NORRIS, 2021)
dependendo do consumo previsto de carboidratos, devemos
administrar insulina para a correção das concentrações 3. Resistência à insulina
glicêmicas (“bolus de correção”) (DIRETRIZES DA SOCIEDADE 4. Anormalidade na secreção de insulina pelas células
BRASILEIRA DE DIABETES, 2019-2020) betapancreáticas
5. .Aumento da produção de glicose pelo fígado

Contrariamente ao diabetes tipo 1, no qual uma deficiência


Esse programa auxilia notavelmente no aspecto emocional, no absoluta de insulina está presente, aqueles com diabetes tipo
bemestar físico e na melhora do equilíbrio metabólico. Durante 2 podem apresentar níveis de insulina altos, normais ou baixos.
a atividade física, um paciente adequadamente insulinizado (NORRIS, 2021)
reduz seus níveis glicêmicos devido à facilitação da entrada de
A resistência à insulina consiste na diminuição da capacidade
glicose na célula muscular. No entanto, é necessário lembrar
da insulina de agir efetivamente sobre os tecidos-alvo, em
que exercício físico não substitui insulina; ou seja, se um
especial nos músculos, fígado e tecido adiposo. Essa é a
paciente com diabetes está com seu nível glicêmico elevado,
característica predominante do diabetes tipo 2, que resulta da
a prática de atividade física não é válida, visto que, como ele
combinação de fatores como suscetibilidade genética e
não está adequadamente insulinizado, sua glicemia subirá ainda
obesidade (NORRIS, 2021)
mais. (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
DIABETES, 2019-2020) A insulina não está atuando de forma eficiente, o corpo
responde provocando hiperplasia e hipertrofia nas células beta,
O exercício físico pode aumentar a incidência de hipoglicemia
no intuito de aumentar muito a oferta de insulina e, assim,
sem sintomas clínicos (hypoglycemia unawareness); parece
compensar a sua ineficiência e colocar a glicose para dentro
que a liberação de cortisol durante o exercício físico bloqueia
da célula. Em uma fase inicial isso até que dá certo e o paciente
a resposta neuroendócrina à hipoglicemia. Nesses casos,
consegue manter seu nível glicêmico normal. Contudo, esse
devido à relativa imprevisibilidade da prática de exercícios
estado de hiperprodução acaba levando as células beta a
físicos, o paciente deve ser orientado a reduzir sua dose de
entrarem em exaustão e com o tempo elas vão parando de
insulina antecedendo um programa de atividade física, assim
funcionar - é justamente por isso que nos estágios mais
como a ingesta de carboidrato periodicamente durante as
avançados, a DM 2 começa a se assemelhar com a DM 1, afinal
atividades de longa duração (DIRETRIZES DA SOCIEDADE
elas se igualam no que tange à quantidade de células beta
BRASILEIRA DE DIABETES, 2019-2020)
funcionantes (SANARFLIX)
Ainda que a destruição autoimune das células beta não ocorra,
Trata-se de uma condição heterogênea que descreve a as pessoas com diabetes tipo 2 por fim podem necessitar de
presença de hiperglicemia associada à deficiência relativa de insulina. Portanto, os termos anteriores relacionados ao
insulina (NORRIS, 2021) diabetes tipo 2, como diabetes com início na fase adulta e
diabetes não insulinodependente, podem causar confusões e,
Trata-se de doença poligênica, com forte herança familiar, assim, são obsoletos. (NORRIS, 2021)
ainda não completamente esclarecida, cuja ocorrência tem
contribuição significativa de fatores ambientais. Dentre eles,
hábitos dietéticos e inatividade física, que contribuem para a
O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) corresponde a 90 a 95% de
obesidade, destacam-se como os principais fatores de risco
todos os casos de DM. (DIRETRIZES DA SOCIEDADE
(DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES,
BRASILEIRA DE DIABETES, 2019-2020)
2019-2020)
Geralmente, o DM2 acomete indivíduos a partir da quarta
Ainda não se sabe ao certo o que provoca essa resistência
década de vida, embora se descreva, em alguns países,
nas células, no entanto, ela costuma estar associada a alguns
aumento na sua incidência em crianças e jovens (DIRETRIZES
fatores de risco - especialmente a obesidade visceral (central),
DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019-2020)
Muitas pessoas com diabetes tipo 2 são adultos com A dieta hipercalórica de padrão ocidental, caracterizada por
sobrepeso; entretanto, tendências recentes indicam que o consumo elevado de carne vermelha, carnes processadas
diabetes tipo 2 se tornou uma ocorrência mais comum em alimentos gordurosos e ricos em açúcares, é associada ao
adolescentes e crianças com obesidade, numa condição maior risco de desenvolver DM tipo 2, independentemente do
determinada MODY. (NORRIS, 2021) índice de massa corporal (IMC). Entretanto, esse risco é ainda
mais elevado em indivíduos obesos, sendo até 11 vezes maior
Em geral, os homens e as mulheres apresentam prevalência
quando comparado a pessoas com IMC normal.
aproximadamente igual de diabetes tipo 2. (GOLDMAN,
(ESTRATÉGIAS MED)
SCHAFER, 2022)
Há estudos que relacionam o consumo de bebidas açucaradas,
como refrigerantes e sucos industrializados, à obesidade
O desenvolvimento de DM tipo 2 resulta da combinação de (durante a infância) e com DM tipo 2 (na vida adulta).
herança poligênica e fatores ambientais. O genótipo é uma (ESTRATEGIAS MED)
condição importante, uma vez que se observa maior
prevalência de diabetes mellitus em determinadas etnias, como
afro-americanos, nativos americanos, índios Pima e hispânicos. A falta de atividade física promove ganho de peso, baixa
Além disso, a penetrância desses genes é relativamente alta, capacidade aeróbica e diminuição de força muscular, que são
visto que 39% dos indivíduos com DM tipo 2 têm, pelo menos, relacionados com o maior risco de desenvolver DM tipo 2. A
um parente afetado e, entre gêmeos monozigóticos, o risco prática frequente de exercícios moderados é efetiva na
de desenvolver DM tipo 2 chega a quase 90% prevenção de diabetes mellitus, pois promove manutenção
(ESTRATÉGIAS MED) ou perda de peso, aumento da sensibilidade à insulina (através
de maior translocação de receptores de glicose, denominados
GLUT-4, nas células musculares) e utilização de ácidos graxos
O DM tipo 2 é, predominantemente, uma doença de adultos; como fonte de energia pelos músculos. (ESTRATÉGIAS MED)
assim, seu aparecimento é maior em indivíduos com > 45
anos. Entretanto, como dito antes, tem-se observado maior
incidência em faixas etárias mais jovens, devido ao aumento Indivíduos predispostos geneticamente ao baixo peso ao
da obesidade e dos maus hábitos de vida. (ESTRATÉGIAS nascer, quando expostos ao ambiente de restrição de
MED) crescimento intrauterino, sofrem alterações epigenéticas que
ocasionam resistência à insulina como forma de sobrevivência;
A American Diabetes Association, desde 2021, recomenda o
porém, na vida adulta, tais modificações aumentam o risco de
rastreamento de diabetes mellitus a partir dos 35 anos,
desenvolver diabetes mellitus tipo 2. (ESTRATÉGIAS MED)
independentemente da presença de outros fatores de risco
(ESTRATÉGIAS MED) Além disso, o aumento de peso durante a infância, mesmo
em crianças nascidas com peso normal, correlaciona-se com
o maior risco de desenvolver diabetes mellitus na vida adulta.
Apesar da herança poligênica, há alta penetrabilidade dos Entretanto, se essas crianças normalizam o peso antes da
genes que aumentam o risco de DM tipo 2. Assim, é comum puberdade, o risco de DM tipo 2 se iguala ao das crianças que
encontrar familiares de primeiro e segundo graus acometido sempre tiveram peso adequado. Caso a regularização do peso
(ESTRATÉGIAS MED) ocorra após a puberdade, ainda há um risco residual de
desenvolver DM tipo 2, porém menor do que se não tivessem
perdido peso. (ESTRATÉGIAS MED)

O aumento progressivo do peso corporal está relacionado, de


forma paralela, com o risco de desenvolver DM tipo 2.
Nas fases iniciais, há hipersecreção de insulina, com o intuito
(ESTRATÉGIAS MED)
de vencer a barreira criada à sua ação, mantendo a
O padrão de distribuição da gordura corporal também é outro normoglicemia. Por esse motivo, é fundamental identificarmos
fator de risco para diabetes, sendo mais importante naqueles os pacientes com os fatores de risco discutidos anteriormente
indivíduos com predominância de deposição em abdome. As e instituir as medidas preventivas cabíveis, principalmente, as
medidas aumentadas da relação cintura-quadril e da mudanças de estilo de vida, antes que elevações glicêmicas
circunferência abdominal refletem a gordura visceral, que tem sejam identificadas. (ESTRATÉGIAS MED)
maior implicação no desenvolvimento de resistência insulínica.
A secreção de insulina também se encontra alterada nesses
(ESTRATÉGIAS MED)
pacientes, uma vez que a pró-insulina não é clivada,
adequadamente, em insulina. A principal hipótese é a de que,
por conta da hipersecreção, os grânulos contendo pró-insulina meio de transportadores de sódio-glicose tipo 2 (SGLT-2). Em
não conseguem maturar por completo, com consequente indivíduos diabéticos, há maior capacidade de reabsorção renal
diminuição da clivagem da molécula precursora em insulina e de glicose devido à elevada expressão de SGLT-2. Assim, só
peptídeo C. Assim, apesar da hipersecreção de insulina pelas veremos glicosúria quando a hiperglicemia ultrapassar a
células-beta pancreáticas, uma parte do conteúdo do grânulo capacidade de reabsorção, que, geralmente, ocorre em níveis
fica comprometida por não ter sido clivada, permanecendo glicêmicos superiores a 180 mg/ dL (ESTRATÉGIAS MED)
sob a forma de pró-insulina. (ESTRATÉGIAS MED)
Com o passar do tempo, a secreção tende a cair devido a
vários fatores, ainda não completamente elucidados, que
atingem as células-beta, como apoptose, diminuição da
expressão de transportadores GLUT-2, glicotoxicidade, O desenvolvimento do DM tipo 2 em geral é mais insidioso;
lipotoxicidade devido à deposição de ácidos graxos, presença em muitos casos, a afecção está presente há muitos anos
de moléculas com potencial de reduzir a secreção, como o sem ser detectada, até que é diagnosticada durante um
polipeptídeo amiloide (também chamado amilina), entre outros. exame médico de rotina ou tratamento para outras condições.
Adicionalmente, com o avançar da idade, mesmo em (NORRIS, 2021)
indivíduos normais, há declínio da função das células-beta; por São observados os sintomas clássicos de hiperglicemia como
conta disso, o DM tipo 2 tende a ser mais frequente em poliúria, polidipsia e perda de peso, quando o limiar renal
pessoas > 45 anos. (ESTRATÉGIAS MED) para reabsorção de glicose (cerca de 180 mg/dℓ) é
Além da resistência à insulina e dos defeitos de clivagem da ultrapassado, e ocorre glicosúria com diurese osmótica. Por
próinsulina, ocorre diminuição da produção de GLP-1 (glucagon conseguinte, os pacientes podem apresentar concentração
like peptide-1) e resistência à ação do GIP (polipeptídeo plasmática de glicose elevada, porém abaixo desse limiar,
inibitório gástrico), que correspondem a > 90% dos hormônios durante anos ou até mesmo décadas antes do aparecimento
incretínicos (moléculas produzidas no intestino e que são de sintomas específicos. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
capazes de estimular a secreção de insulina). (ESTRATÉGIAS Esse sintoma precoce de aumento da sede muitas vezes
MED) pode não ser percebido nas pessoas com DM tipo 2, em
O GIP é secretado pelas células K do duodeno e jejuno e o particular naquelas que apresentaram aumento gradual nos
GLP-1, pelas células L do íleo, em resposta à alimentação rica níveis glicêmicos. A polifagia normalmente está ausente nas
em carboidratos e gorduras. Ambos são metabolizados pela pessoas com diabetes tipo 2. (NORRIS, 2021)
enzima peptidil peptidase-4 (DPP-4) e possuem meia-vida A apresentação inicial em alguns pacientes pode consistir em
muito curta, ao redor de 2 minutos. Os níveis reduzidos de hiperglicemia descompensada grave, com desidratação
GLP-1 e a resistência ao GIP contribuem para a elevação da profunda, desequilíbrio eletrolítico e níveis plasmáticos de
glicemia. A alteração dos hormônios incretínicos colabora para glicose de 400 mg/dℓ ou mais, sendo os exemplos mais
a elevação dos níveis plasmáticos de glucagon. notáveis o estado hiperglicêmico hiperosmolar (EHH) e a CAD
(ESTRATÉGIAS MED) (GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
Tanto o GIP quanto o GLP-1 diminuem a secreção de glucagon Uma característica fundamental do diabetes tipo 2 reside no
nos períodos pós-prandiais, levando à inibição da produção fato de que os defeitos metabólicos não são estáticos, mas
hepática de glicose, o que contribui com redução de 50% no tendem a se agravar com o tempo. (GOLDMAN, SCHAFER,
valor glicêmico após as refeições. Assim, a maior secreção de 2022)
glucagon, aliada à maior sensibilidade hepática a esse hormônio,
proporcionam o surgimento de hiperglicemia. Além disso, o Outros sinais e sintomas de hiperglicemia incluem visão turva,
glucagon estimula a lipólise, com maior liberação de ácidos fadiga e infecções de pele recidivantes. No DM tipo 2, tais
graxos na circulação, piorando a resistência à ação da insulina. sintomas frequentemente levam a pessoa a buscar
Com a perda da secreção de insulina ao longo do tempo, tratamento clínico. O desenvolvimento de visão turva ocorre
aliada à resistência a sua ação no fígado e maiores níveis com a exposição do cristalino e da retina aos líquidos
plasmáticos de glucagon, ocorre queda na relação hiperosmolares. A redução do volume plasmático produz
insulina/glucagon. Quando essa razão cai, há estímulo à fraqueza e fadiga. A ocorrência de infecções crônicas da pele
produção hepática de glicose (glicogenólise e gliconeogênese), costuma ser muito observada em pessoas com DM tipo 2. A
colaborando para o surgimento de hiperglicemia, inclusive em hiperglicemia e a glicosúria também favorecem o crescimento
estados de jejum. (ESTRATÉGIAS MED) de leveduras, e as infecções por Candida constituem
queixas iniciais comuns de mulheres com diabetes
O rim também está presente nesse cenário de criação da
(NORRIS, 2021)
hiperglicemia. Normalmente, toda a glicose filtrada é
reabsorvida pelos rins, sendo 90% nos túbulos proximais, por
A acantose nigricans é uma lesão em placa, hipercrômica, de carboidratos e na necessidade de evitar doces
de aspecto aveludado, presente, principalmente, em dobras concentrados e alimentos ricos em gorduras saturadas e
cutâneas. Os pacientes costumam referir-se a ela como “uma colesterol. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
sujeira que não sai”. Os mecanismos que levam ao
O exercício físico regular constitui um componente
desenvolvimento da acantose nigricans ainda não são bem
importante e, com frequência, negligenciado do manejo do
esclarecidos, mas a principal hipótese, em situações de
diabetes. Tanto o exercício aeróbico quanto o treinamento de
hiperinsulinemia, é a estimulação de receptores de insulin
resistência podem melhorar o controle da glicemia, mesmo na
growth factor-1 (IGF-1) pela insulina. O IGF-1 e a insulina
ausência de mudança significativa do peso. As recomendações
compartilham muitas semelhanças estruturais e um pode
atuais consistem em 150 minutos por semana, no mínimo, de
ativar o receptor do outro, porém com baixa afinidade; assim,
atividade física de intensidade moderada, como caminhada
quando há excesso de insulina, há maior estimulação dos
rápida, ciclismo ou natação, e exercícios de fortalecimento
receptores de IGF-1, levando à proliferação de fibroblastos e
muscular, 2 ou 3 vezes/semana. (GOLDMAN, SCHAFER,
queratinócitos. (ESTRATÉGIAS MED)
2022)
Já os acrocórdons são semelhantes as verrugas (Sprocessos
Algumas complicações diabéticas podem exigir restrição de
ceratócitos pedunculados), comuns em pacientes com
certas atividades. Por exemplo, em pacientes com
resistência à insulina. (ESTRATÉGIAS MED)
retinopatia proliferativa, o exercício aeróbico ou de
resistência vigoroso pode precipitar hemorragia ou
descolamento da retina. A presença de perda sensitiva
A CAD pode constituir a apresentação clínica inicial em minoria significativa devido à ocorrência de neuropatia periférica pode
de pacientes com DM2, que subsequentemente recuperam a aumentar o risco de lesão do pé, incluindo ulceração da pele
função das células β e não necessitam de tratamento com e destruição articular de Charcot. O uso de calçados
insulina. Essa entidade, designada como DM2 propenso à apropriados e a inspeção cuidadosa dos pés são
cetose ou diabetes de Flatbush (em homenagem ao bairro na recomendados, e pode ser necessário evitar exercícios de
cidade de Nova York onde foi descrito pela primeira vez), levantamento de peso em pacientes de alto risco. Por fim,
parece ser mais comum entre afroamericanos e algumas pode ocorrer hipoglicemia induzida pelo exercício em
outras minorias étnicas. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022) pacientes tratados com insulina ou com alguns secretagogos
(i. e., sulfonilureias), podendo exigir um ajuste do esquema de
Tipicamente, esses pacientes carecem de marcadores de
medicação ou o acréscimo de carboidratos antes do exercício.
autoimunidade das células β e apresentam uma forte história
(GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
familiar de DM2. Quando o episódio inicial de CAD é tratado e
ocorre estabilização dos níveis de glicose, os pacientes podem
ter remissões quase normoglicêmicas de muitos anos de
duração. A patogenia dessa forma de diabetes ainda não foi Embora o controle de peso e a nutrição formem a base de
esclarecida, porém foi proposta predisposição singular das um manejo efetivo, a maioria dos pacientes com diabetes tipo
células β à dessensibilização da glicose (“toxicidade de glicose”). 2 exige o uso de agentes farmacológicos, frequentemente
(GOLDMAN, SCHAFER, 2022) múltiplos, para manter os níveis recomendados de controle
glicêmico. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022)

➢ Sensibilizadores à insulina
1. Biguaninas

O tratamento efetivo do DM2 é excepcionalmente desafiador, A única representante dessa classe é a Metformina, que,
visto que inclui o manejo dos fatores do estilo de vida (incluindo aliás, é o medicamento mais utilizado no tratamento de
dieta, exercício físico e controle do peso), o uso de múltiplas pacientes diabéticos, uma vez que ela está indicada para todos
medicações orais ou injetáveis, o automonitoramento do nível os pacientes DM 2 que não tenham contraindicação
de glicemia e a vigilância e o tratamento das complicações (SANARFLIX)
diabéticas agudas e crônicas. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
Inclusive, a Metformina pode ser prescrita para os pré-
As recomendações dietéticas em pacientes com DM2 têm diabéticos que tenham pelo menos 2 fatores de risco para
variado ao longo dos anos e, no passado, incluíam a abstinência DM. (SANARFLIX)
estrita de açúcares e o uso de planos específicos de dieta (p.
A metformina reduz os níveis de glicose principalmente por
ex., “sistemas de troca”), que forneciam quantidades prescritas
meio da supressão da produção hepática de glicose, mas
de carboidratos, gordura e proteínas. As abordagens atuais
também pode intensificar a sensibilidade à insulina (melhora da
para a maioria dos pacientes concentram-se na restrição de
captação de glicose mediada pela insulina) e limitar a absorção
calorias para alcançar e manter uma perda de peso modesta
intestinal de glicose. É comum a ocorrência de perda de peso
(cerca de 5 a 10% do peso corporal), no consumo moderado
modesta e sustentada (cerca de 2 a 4 kg) com a metformina 1. Sulfonilureiais
(GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
A classe de secretagogos da insulina das sulfonilureias está
Além disso, em menor escala, ela também retarda a absorção entre os mais antigos fármacos antidiabéticos orais disponíveis.
intestinal de carboidratos e aumenta a translocação de GLUT- As sulfonilureias atualmente de uso comum incluem a
4 na periferia (especialmente em células musculares), o que glipizida, a gliburida e a glimepirida; (GOLDMAN,
diminui a resistência insulínica (SANARFLIX) SCHAFER, 2022)
O efeito adverso mais comum consiste em intolerância Seu mecanismo de ação consiste em sua ligação ao canal de
gastrintestinal (dispepsia, diarreia), que pode ser minimizada potássio sensível ao ATP na membrana da célula β (em um
pela titulação lenta da dose. Foi também relatada a ocorrência local denominado receptor de sulfonilureia), resultando em
de má absorção de vitamina B12, levando à deficiência clínica despolarização da membrana e, por fim, liberação de insulina
dessa vitamina. A ocorrência de acidose láctica constitui o dos grânulos secretórios pré-formados. Por conseguinte, é
efeito adverso mais grave, embora raro, que ocorre quase necessária a presença de massa suficiente de células β
exclusivamente em pacientes com insuficiência renal e outro intactas para a eficácia desses fármacos. (GOLDMAN,
fator precipitante, como sepse ou choque. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
SCHAFER, 2022)
As sulfonilureias podem ser utilizadas como monoterapia ou
2. Glitazonas/ tiazolidinadiona (TZD) em combinação com outros fármacos. (GOLDMAN,
SCHAFER, 2022)
Principal representante a Poliglitazona, que é a nossa segunda
opção de droga quando o paciente tem contraindicação ou O principal efeito adverso das sulfonilureias reside no seu
não respondeu bem à Metformina. (SANARFLIX) potencial de causar hipoglicemia, visto que a secreção de
insulina ocorre independentemente dos níveis plasmáticos de
As tiazolidinedionas, que incluem a rosiglitazona e a
glicose. É também comum haver ganho de peso modesto.
pioglitazona, melhoram a captação de glicose mediada pela
(GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
insulina e reduzem a produção hepática de glicose.
(GOLDMAN, SCHAFER, 2022) 2. Glinidinas
Ligam-se a um receptor nuclear, o receptor ativado por A repaglinida e a nateglinida são secretagogos da insulina
proliferador de peroxissomas γ e, portanto, regulam a não sulfonilureias quimicamente distintas, que também se ligam
transcrição de vários genes envolvidos no metabolismo de ao canal de potássio sensível ao ATP na membrana da célula
carboidratos e lipídios. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022) β. O início e a duração de ação desses fármacos são muito
mais curtos que os das sulfonilureias, e a frequência de
A terapia com tiazolidinedionas tem efeitos pronunciados
hipoglicemia em jejum é menor. (GOLDMAN, SCHAFER,
sobre o tecido adiposo, reduzindo a lipólise, aumentando a
2022)
massa de gordura e induzindo redistribuição da gordura dos
depósitos viscerais para os depósitos subcutâneos. Diante disso, conseguimos perceber que as glinidas atuam
(GOLDMAN, SCHAFER, 2022) apenas sobre os momentos de pico de insulina, mas não sobre
o nível basal desse hormônio, de modo que essas drogas não
Os aumentos da adiponectina circulante, uma adipocina com
podem ser utilizadas isoladamente. (SANARFLIX)
propriedades sensibilizadoras da insulina e anti-inflamatórias,
também podem desempenhar um papel no efeito São administradas por via oral antes de cada refeição,
hipoglicemiante desses fármacos. (GOLDMAN, SCHAFER, tornando-as um pouco menos convenientes do que as
2022) medicações com dose única diária; entretanto, têm o potencial
de proporcionar uma vantagem para pacientes com horários
As tiazolidinedionas são administradas por via oral, em uma
ou conteúdo das refeições inconsistentes. (GOLDMAN,
dose única por dia. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
SCHAFER, 2022)
Os efeitos adversos comuns consistem em ganho de peso e
➢ Secretores dependentes de glicose
retenção hídrica, incluindo precipitação ou agravamento da
1. Inibidores de DPP-IV
insuficiência cardíaca congestiva. Foi também relatado
aumento de fraturas após a menopausa e aumento do risco Os inibidores da dipeptidil peptidase 4 (DPP-4), uma
de câncer de bexiga. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022) serinoprotease ubíqua, atuam na prevenção da degradação
do GLP-1 endógeno, prolongando, assim, seus efeitos.
➢ Secretagogos da independente da glicose
(GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
Nesse grupo foram reunidas as drogas que atuam
A ação deles se baseia em inibir a enzima DPP-IV, cuja função
favorecendo a secreção de insulina, independentemente da
é degradar as incretinas que foram liberadas após a
presença de glicose (SANARFLIX)
alimentação. A partir disso, sem sofrer degradação, as
incretinas têm o seu efeito prolongado, ou seja: há um maior Com frequência, a melhora da glicemia ocorre quase
estímulo à liberação de insulina (mas dependente da presença imediatamente após a cirurgia, antes da ocorrência de perda
de glicose). (SANARFLIX0) de peso significativa, e parece estar relacionada com as
alterações dos hormônios intestinais (incluindo o GLP-1 e GIP)
Os inibidores da DPP-4, incluindo a sitagliptina (100 mg/dia),
ou metabolismo dos ácidos biliares. Contudo, em última
saxagliptina (2,5 a 5 mg/dia) e linagliptina (5 mg/dia), são
instância, a melhor do controle glicêmico parece ser
administrados por via oral em dose única diária. (GOLDMAN,
semelhante com perda ponderal similar, seja por
SCHAFER, 2022)
reorientaçãoalimentar ou cirurgia bariátrica. Muitos pacientes
À semelhança dos agonistas do GLP-1, esses fármacos conseguem interromper a as medicações antidiabéticas, e
raramente provocam hipoglicemia; entretanto, eles foram relatadas taxas de remissão do diabetes de mais de
geralmente são neutros em relação ao peso e causam menos 50%. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022)
efeitos colaterais gastrintestinais. (GOLDMAN, SCHAFER,
2022)
A Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno complexo
2. Análogos de GLP-1
representado por um conjunto de fatores de risco
A exenatida, a liraglutida, a semaglutida, a dulaglutida cardiovascular usualmente relacionados à deposição central de
e a lixisenatida são análogos da incretina endógena, GLP-1, gordura e à resistência à insulina. É importante destacar a
e estimulam a secreção de insulina pela sua ligação aos associação da SM com a doença cardiovascular, aumentando
receptores de GLP-1 nas células β. (GOLDMAN, SCHAFER, a mortalidade geral em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular
2022) em cerca de 2,5 vezes (MAGALHÃES, HJC et al., 2018)

Esses fármacos aumentam a secreção de insulina estimulada A SM é caracterizada pela obesidade central (devido ao
pela glicose e, portanto, têm menos potencial de causar acúmulo excessivo de gordura abdominal), hipertensão arterial,
hipoglicemia do que as sulfonilureias e as glinidas. Além disso, diabetes ou intolerância à glicose e dislipidemia — níveis baixos
suprimem a produção hepática de glicose (pela redução da de colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade, também
secreção de glucagon), retardam o esvaziamento gástrico e conhecida como o “bom colesterol”) e níveis elevados de
suprimem o apetite, resultando em perda de peso modesta triglicerídeos. Esse conjunto de doenças tem como base a
em muitos pacientes. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022) resistência insulínica (dificuldade do hormônio insulina agir no
nosso corpo e transportar glicose para o interior das células),
3. Inibidores do cotransportador de sódio-glicose 2 ou seja, pela dificuldade de ação da insulina, decorrem as
Canagliflozina, dapagliflozina, empagliflozina e manifestações clínicas que podem fazer parte dessa síndrome
ertugliflozina são inibidores do cotransportador de sódio e (MAGALHÃES, HJC et al., 2018)
glicose 2 (SGLT 2) no túbulo renal proximal. Essa inibição O excesso de gordura abdominal (obesidade central) é critério
impede a reabsorção da glicose filtrada e resulta em glicosúria, essencial da síndrome. Uma vez combinado às demais
que é acompanhada de diurese osmótica leve, perda de peso comorbidades citadas acima (todas relacionadas à resistência
modesta e redução da HbA1c. (GOLDMAN, SCHAFER, 2022) à insulina) forma-se um complexo de fatores de risco que
contribuem, de forma independente, para o desenvolvimento
O efeito adverso mais comum consiste em aumento das
de doença cardiovascular(MAGALHÃES, HJC et al., 2018)
infecções genitais micóticas; foi também relatada a ocorrência
de hiperpotassemia, infecções das vias urinárias e redução da
pressão arterial. Outros efeitos adversos incluem risco
aumentado de cetoacidose diabética e, no caso da Não existe um único critério aceito universalmente para
canagliflozina, amputação de membro inferior. (GOLDMAN, diagnosticar a Síndrome Metabólica. No Brasil, os mais utilizados
SCHAFER, 2022) são os recomendados pelo National Cholesterol Education
Program – Adult Treatment Panel III (NCEP – ATP III) e pelo
International Diabetes Federation (IDF). (MAGALHÃES, HJC et
al., 2018)
A perda de peso é considerada a base do tratamento de
pacientes com diabetes tipo 2, a maioria dos quais apresenta São objetivos da investigação clínica e laboratorial: confirmar
sobrepeso ou obesidade. Foi claramente demonstrado que a o diagnóstico da síndrome metabólica (SM) de acordo com os
perda de peso melhora o controle glicêmico. Conforme critérios do NCEP-ATP III9 e identificar fatores de risco
esperado, os pacientes diabéticos que se submetem à cirurgia cardiovascular associados16. Para tanto, realiza-se:
bariátrica (redução do peso) também apresentam melhora do (MAGALHÃES, HJC et al., 2018)
controle da glicose, que, em alguns casos, é dramática.
(GOLDMAN, SCHAFER, 2022) 1. História clínica - idade, tabagismo, prática de atividade
física, história pregressa de hipertensão, diabetes, diabetes
gestacional, doença arterial coronariana, acidente vascular
encefálico, síndrome de ovários policísticos (SOP), doença
hepática gordurosa não-alcoólica, hiperuricemia, história familiar
de hipertensão, diabetes e doença cardiovascular, uso de
medicamentos hiperglicemiantes (corticosteróides,
betabloqueadores, diuréticos).
2. Exame físico necessário para diagnóstico da SM
• Medida da circunferência abdominal: a medida da
circunferência abdominal é tomada na metade da distância
entre a crista ilíaca e o rebordo costal inferior
• Níveis de pressão arterial: Deve-se aferir no mínimo duas
medidas da pressão por consulta, na posição sentada, após
cinco minutos de repouso Além destes dois dados
obrigatórios deverá estar descrito no exame físico destes
pacientes
• Peso e estatura. Devem ser utilizados para o cálculo do
índice de massa corporal através da fórmula: IMC =
Peso/Altura2.
• Exame da pele para pesquisa de acantose nigricans.
• Examinar pescoço e dobras cutâneas.
• Exame cardiovascular.
3. Exames laboratoriais necessários para o diagnóstico
da SM
• Glicemia de jejum A SM, definida pelos critérios do NECP-
ATP III, recomenda para o diagnóstico das alterações da
tolerância à glicose apenas a avaliação laboratorial de
jejum, não exigindo teste de tolerância oral à glicose
(TOTG) nem métodos acurados de avaliação da insulino-
resistência (clamp euglicêmico, HOMA–IR).
• Dosagem do HDL-colesterol e dos triglicerídeos

OBS: Outros exames laboratoriais adicionais poderão ser realizados


para melhor avaliação do risco cardiovascular global, tais como:
colesterol total, LDL-colesterol, creatinina, ácido úrico,
microalbuminúria20, proteína C reativa21 (B, 2B), TOTG (glicemia de
jejum (B, 2B) e após duas horas da ingestão de 75g de dextrosol),
eletrocardiograma. A presença de LDL aumentado não faz parte
dos critérios diagnósticos da síndrome metabólica, porém,
freqüentemente, os pacientes portadores de resistência à insulina e
síndrome metabólica apresentam aumento da fração pequena e
densa do LDLcolesterol que tem um potencial aterosclerótico maio
r(MAGALHÃES, HJC et al., 2018)

Segundo o IDF, a Síndrome Metabólica em adultos ocorre


quando é identificada a obesidade central* e pelo menos 2 dos
critérios listados na Tabela 1: (MAGALHÃES, HJC et al., 2018)

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