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Tratamento
O tratamento com reposição exógena de
Tais marcadores aparecem anos antes da insulina reduz a morbimortalidade dos
expressão clínica da doença. pacientes com DM tipo 1. Sem insulina, os
pacientes vão a óbito por cetoacidose
diabética. O controle glicêmico deve ser rígido
como mostraram os resultados do famoso
estudo americano DCCT (Diabetes Control
and Complications Trial), pois isso reduz as
complicações crônicas microvasculares
(retinopatia, nefropatia e neuropatia). Os alvos
Epidemiologia glicêmicos atualmente recomendados pela
ADA para pacientes com DM tipo 1 são
A incidência do DM tipo 1 é bimodal, distintos a depender da faixa etária:
apresentando um pico na faixa:
Na faixa pediátrica:
4-6 anos
10-14 anos
Não há diferença entre os sexos, porém isso
varia conforme região e etnia. A incidência
global aumenta em proporção direta à latitude.
Importante citar que 30% dos casos de DM
tipo 1 se iniciam em maiores de 30 anos Em adultos, os alvos glicêmicos são iguais aos
(LADA – latente autoimune diabetes of adults). do DM tipo 2. A modificação terapêutica é
obrigatória quando as metas não estiverem
Quadro clinico sendo alcançadas ou na presença de glicemia
Quadro clínico do DM tipo 1 costuma ser fácil, muito baixa. Importante citar que o paciente
pois em geral o quadro clássico está presente idealmente deve medir 4 vezes ao dia:
e tem início agudo. No caso, é a criança ou 1. Pré-prandial – antes do café, almoço e
adolescente que desenvolve – ao longo de janta
dias ou semanas: 2. Antes de dormir
Poliúria
Mas a depender do paciente isso pode variar Em relação à composição alimentícia
de 6-10 vezes, medindo por exemplo após recomenda-se:
duas horas das refeições para avaliar
60% de carboidratos (especialmente
necessidade de modificação da terapêutica. A
amido e fibras solúveis presentes em
hemoglobina glicosilada, também chamada de
verduras, frutas e legumes)
hemoglobina A1c, corresponde a uma
pequena fração da hemoglobina total que 10-20% de proteínas
sofreu reação de glicosilação não enzimática 30-35% de lipídios (especialmente as
irreversível em consequência à hiperglicemia gorduras mono ou poli-insaturadas)
sustentada. No DM tipo 1, a A1c deve ser Álcool deve ser desencorajado por aumentar o
mantida entre 6-7% pela terapia intensiva com risco de hipoglicemia, em especial, usuários de
insulina. insulina (o metabolismo do álcool inibe a
gliconeogênese hepática), quanto o risco de
hiperglicemia (no caso de bebidas
adocicadas). Ter cuidado com exercício físico
extenuante, pois pode haver hipoglicemia (se
níveis altos de insulina antes do exercício),
quanto hiperglicemia (se insulina estiver baixa
antes do início, pois estresse físico aumenta
os hormônios contrarreguladores de insulina.
Hipoglicemia
Normalmente causado por:
Irregularidade dietética
Erro na dose de insulina
Exercício físico não programado
Pode fazer com qualquer um deles o
Diagnóstico de hipoglicemia é formalmente
diagnóstico de DM.
estabelecido pela clássica tríade de Whipple:
Pacientes assintomáticos: precisa de
1. Sinais e sintomas de hipoglicemia
dois exames alterados e não pode
2. Glicemia capilar reduzida
utilizar glicemia aleatória.
3. Melhora clínica evidente após
Pacientes sintomáticos: 1 exame e pode
administração de glicose
ser utilizada a glicemia aleatória
Os sinais e sintomas começam pela fase: TOTG – usado para fazer diagnóstico
de pré-diabetes
Hiperadrenérgica – tremores finos de
extremidades, sudorese fria, A OMS e ADA (American Diabetes Federation)
taquicardia, palpitação e hipertensão não gostam de hemoglobina glicada como
exame confirmatório (2º exame) para pré-
Seguindo para a fase:
diabetes, ou seja, significa que a glicemia de
Neuroglicopênica – dificuldade de jejum veio entre 100 e 126. Eles preferem o
concentração, incoordenação, ataxia, Teste Oral de Tolerância à Glicose.
lentificação do pensamento, letargia, Rastreamento
sonolência, coma e convulsões.
Pode ocorrer déficit neurológico focal 1. Idade > 45 anos OU
temporário 2. Qualquer idade + sobrepreso/obesidade
+ fator de risco. Só não precisa de fator
Caso paciente esteja em hipoglicemia grave de risco no caso de obesidade IMC > 30
(aquela em que o paciente necessita da ajuda ou > 40 grau 2 ou grau 3.
de terceiros devido à presença de sintomas 3. Se no rastreamento encontrar pré-DM,
neurológicos incapacitantes) e estiver no fazer rastreamento anual
hospital, deve ser feito: 4. Caso normal a glicemia, rastrear a cada
Dose hipertônica IV pelo menos 4 3 anos e caso surja fator de risco, fazer
ampolas a 50% ou 8 a ampolas a 25% anualmente
ou 0,3-0,5 mg/Kg, seguido por glicose
IV de manutenção.
possuem maiores chances de desenvolverem
DM tipo 2. A hiperglicemia juntamente à
hiperlipidemia, agrava a resistência a insulina
e o déficit secretório (efeitos glicotóxico e
lipotóxico), gerando um ciclo vicioso que evolui
com descompensação metabólica progressiva.
A maioria dos casos tem herança poligênica,
todos envolvidos no desenvolvimento
pancreático, na intermediação dos efeitos da
insulina sobre as células-alvo, e/ou no
mecanismo secretório da célula beta.
1. Gene da insulina
2. PPAR-gama
3. Canal de K+ ATP-sensível
4. Calpaína 10
Algumas perguntas podem permanecer ainda:
O que faz as células responderem mal à
insulina?
o Evidencia atuais sugerem que
DIABETES MELLITUS TIPO 2 ocorre uma menor incorporação
de canais GLUT 4 na superfície
Etiopatogenia
celular, resultando em menor
No DM tipo 2, dois fatores justificam a entrada de glicose no citoplasma.
hiperglicemia: Também parece haver um defeito
na síntese de glicogênio, além de
1. Resistência à insulina
outras alterações. A explicação
2. Déficit secretório das células beta
pra isso seria o excesso de
Acredita-se que ambos sejam necessários gordura central, a qual é mais
para as manifestações clínicas, e parece que lipolítica que a periférica (quadril
primeiro surge a resistência à insulina, fazendo e membros). Sendo mais
com que as células beta trabalhem mais até lipolítica, promove maior
atingir uma exaustão secretório, o que resulta liberação de acido graxo livre
no hipoinsulinismo relativo. para a corrente sanguínea, o que
faz se acumular em tecidos como
musculo e fígado. O excesso de
TG dentro da célula seria capaz
de alterar o funcionamento de
enzimas relacionadas à
transdução do sinal da insulina,
tornando-a menos eficaz. O
tecido adiposo também libera
citocinas inflamatórias como
TNF-alfa.
o A gênese da exaustão secretória
Indivíduos geneticamente propensos quando de células beta ocorreria devido
expostos a inatividade física e ganho de peso a uma hiposenssibilidade da
– eventos que acarretam resistência à insulina, célula beta à glicose, devido à
menor expressão do canal de Indicação – obesidade grave IMC > ou
glicose GLUT 2 na membrana. A igual a 35; Antecedentes pessoais de
causa é desconhecida. Por isso, DM gestacional; HbA1C > 6%;
há hiperglicemia no período pós- ascensão dos níveis glicêmicos apesar
prandial. Outro fato que das modificações do estilo de vida.
contribuiria para uma menor
Tratamento
resposta pancreática ao pico de
glicose pos-prandial é a O paciente com DM tipo 2 frequentemente
deficiência de incretinas. A apresenta múltiplos fatores de risco
destruição das células beta cardiovascular associados, como HAS,
ocorre, pois devido à maior dislipidemia e obesidade, configurando a
produção de insulina, junto vem a síndrome metabólica. Apesar de evoluírem
síntese de uma substância para as complicações microvasculares
cossintetizada – a amilina. Esta idênticas às do DM tipo 1, o curso da patologia
se precipita dentro da célula está bastante relacionada com a doença
beta, formando depósitos macrovascular aterosclerótica: IAM (causa
amiloides patogênicos. mais comum de óbito em diabéticos), AVE e
arteriopatia dos membros inferiores. Portanto,
Manifestação Clínica
o tratamento envolve:
O diagnóstico costuma ser tardio, pois os
pacientes passam anos ou mesmo décadas Controle glicêmico
completamente assintomáticos. Por isso, em Controle de fatores de risco para
cerca de 50% dos casos, o reconhecimento da aterosclerose (HAS, obesidade e
doença só é feito quando lesões de órgãos- dislipidemia)
alvo já estão presentes e são irreversíveis. Atuar em hábitos de vida (estimular a
sair do sedentarismo e parar de fumar)
Idade: > 40-45 anos
Obeso As metas glicêmicas no DM tipo 2 são:
Sedentário
Possui fatores de risco cardiovascular
Sintomas de franca hiperglicemia
(pouco frequente) – poliúria e polidipsia
Raríssimo cetoacidose diabética
Acantose nigricans – resistência a
insulina ou neoplasia maligna
Dieta – melhora da
Prevenção Corrigir de forma
obesidade permite
paulatina e
Estamos falando do paciente pré-diabético. A menor resistência
permanente a
principal intervenção e a mais eficaz são as periférica à insulina e
obesidade, trazendo
maior capacidade
mudanças de estilo de vida: o IMC para 20-25
das ilhotas de
Kg/m².
Exercício (150 min/sem) secretar insulina
Perda ponderal significativa (> 7%)
Mesma coisa do
Readequação alimentar Composição da dieta
diabetes tipo 1
Podemos utilizar medicações, sendo a única a
metformina: Dieta de modo a
Controle da
gerar um déficit
obesidade
calórico de 500-1000
Kcal/dia, o que a síntese de insulina pela célula beta e
promove perda de reduzindo a produção de glucagon)
0,5-1Kg por semana. Inibidores da SGLT-2 – bloqueiam a
Meta é perder pelo reabsorção renal da glicose filtrada nos
menos 5% do peso glomérulos;
inicial. Ideal >7%
150 min/semana. Biguanidas:
Exercício isométricos
de força Não causa hipoglicemia, atua inibindo a
(musculação) são conversão de lactato em ácido pirúvico,
Exercício físico portanto, inibe conversão hepática em glicose.
fundamentais para
regular
evitar a sarcopenia
(perda de massa
muscular). Aeróbico
30 minutos diários
Terapia
farmacológica com
antidiabéticos
Inibidores da alfa-glicosidase
Administrar a dose
Glargina ou detemir
pela manhã
e o segundo é feito pelo próprio paciente,
registrando suas pressões: 3 aferições de dia
e 3 de noite. A hipertensão do jaleco branco
não é de fato uma hipertensão, pois reflete a
ativação adrenérgica devido ao
estresse/ansiedade que o paciente sente
devido à presença do profissional de saúde.
Por isso, faz-se a medição residencial (longe
do médico), visando confirmar ou descartar tal
hipótese. A hipertensão mascarada é o oposto:
no consultório a pressão está adequada,
porém na residência pode se apresentar alta.
Também existe a:
Hipertensão Sistólica Isolada
A maioria (cerca de 70%) dos hipertensos
acima de 65 anos tem apenas elevação da PA
sistólica. A hipertensão sistólica isolada,
entidade típica do idoso, é definida como PA
sistólica maior ou igual a 140 mmHg com PA
diastólica menor que 90 mmHg.
DEFINIÇÃO
A HAS é definida como uma entidade clínica MEDIDAS FEITAS NO CONSULTÓRIO
na qual o indivíduo apresenta níveis elevados
e sustentados de pressão arterial que
conferem um significativo aumento do risco de
eventos cardiovasculares, em curto ou longo
prazo. Existe HAS primária – maioria dos
casos e secundária a alguma doença, por
exemplo, estenose de arteríola aferente renal,
porém representa poucos casos. A maioria
ocorre de forma aleatória. MAPA
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de hipertensão é feito de forma
geral por duas aferições ambulatoriais em dias
diferentes. Porém, pode ser feita de forma
residencial quando há suspeita de:
MRPA
Hipertensão do Jaleco Branco
Hipertensão Mascarada
O meio de se realizar tais exames é o MAPA e
MRPA. O primeiro consiste na instalação de PRESENÇA DE LESÃO DE ÓRGÃO ALVO
um aparelho que aferirá automaticamente
durante 24 horas as pressões ao longo do dia
Quando existe presença de lesão de órgão
alvo (LOA), basta uma medição alterada,
então tem-se o diagnóstico de hipertensão.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
De maneira geral, a hipertensão é uma doença
assintomática. Porém, quando a hipertensão é
sustentada e não tratada, isso faz lesão de
órgão-alvo, listadas a seguir:
Não precisa dosar Na e Ureia de rotina, nem
ecocardiograma e função tireoidiana.
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
CARDIOVASCULAR
Dividido em:
1. Sem risco
2. Baixo risco
3. Risco moderado
4. Alto risco
Mnemônico!!
Para as pessoas com classificação ótima
normal, faz-se apenas reavaliação anual. Para
pessoas com Pré-HAS e PA elevada faz-se
medidas não medicamentosas como:
Dieta
DISLIPIDEMIAS SECUNDÁRIAS
Dislipidemia secundária a doenças
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
Dislipidemia secundária a
medicamentos Feito em etapas:
Disipidemia secundária a hábitos de
1. Etapa 1: presença de doença
vida
aterosclerótica significativa com ou sem
MANIFESTAÇÃO CLÍNICA eventos clínicos ou obstrução ≥ 50% em
qualquer território arterial. Caso tenha
Normalmente assintomáticos uma delas, o paciente já é de muito alto
Mas podem apresentar xantomas risco.
eruptivos nas regiões dorsal e glútea, a. Doença aterosclerótica
nos braços, nas mãos e nas coxas, significativa = ICC, AVC, IAM,
além de hepatoesplenomegalia, doença arterial periférica
pancreatite ou dores abdominais 2. Etapa 2: tem diabetes mellitus tipo 1 ou
recorrentes são observados com tipo 2?
frequência. a. Tem? Usar os estratificadores de
DIAGNÓSTICO risco e procurar doença
aterosclerótica subclínica.
A avaliação inicial deve incluir histórico 3. Etapa 3: para os pacientes não
completo e exame físico com cuidadosa diabéticos. Se paciente tiver doença
atenção às causas potenciais aterosclerótica subclínica documentada,
secundárias dos distúrbios lipídicos. ele é de alto risco. Se não tiver, vai para
As diretrizes recomendam que todos os a etapa 4 que é a pontuação do escore
indivíduos adultos avaliem o perfil de risco global
lipídico. Em caso de não haver 4. Etapa 4: pontuação do escore de risco
alteração, os exames devem ser global
repetidos após cinco anos.
Os valores referenciais e de alvo
terapêutico do perfil lipídico (adultos >
20 anos) devem ser apresentados de
acordo com o estado metabólico que
antecede a coleta da amostra, sem
jejum e com jejum de 12 horas.
HIPERURICEMIA SECUNDÁRIA
Os principais fatores reversíveis são:
Álcool - o álcool (etanol) resulta em
hiperuricemia por três mecanismos: (1) MANIFESTAÇÃO CLÍNICA
promove a conversão de piruvato em A evolução natural da gota dá-se em 4 etapas:
lactato – este último estimula a
reabsorção de urato no túbulo proximal 1. Hiperuricemia assintomática
(estímulo à proteína URAT1); (2) 2. Artrite gotosa aguda
aumenta a degradação de ATP no 3. Gota intercrítica
hepatócito, aumentando a produção de 4. Gota tofosa crônica
ácido úrico; (3) a cerveja, em particular, HIPERURICEMIA ASSINTOMÁTICA
contém quantidades significativas de
purina. Assintomática
Obesidade: a obesidade está ARTRITE GOTOSA AGUDA
relacionada a uma redução na excreção
urinária de ácido úrico e, embora não se 1. A 1ª crise: dor de início súbito (artrite)
saiba ao certo o mecanismo extremamente dolorosa
responsável, essa alteração é reversível 2. Monoarticular (80%); 20% começa
com a perdade peso. Aumentos poliarticular
consideráveis da excreção urinária de 3. Não tem manifestação sistêmica
ácido úrico podem ser conseguidos, Posteriormente, após repetidos episódios tem-
muitas vezes, apenas com a redução se:
discreta do peso corporal
Diuréticos tiazídicos – aumentam 1. Dor poliarticular
reabsorção tubular de ácido úrico por 2. Pode ter febre
estímulo da hipovolemia 3. Pode ter leucocitose com desvio à
Síndrome metabólica esquerda – mais comum em idoso e
Hipertrigliceridemia nos transplantados renais
HAS – desconhecido o motivo No geral, o quadro é limitado, seguido por
intervalos assintomáticos chamados de
intercrítico. Em pelo menos metade dos casos
a primeira crise atinge a primeira articulação
metatarsofalangiana
PROFILAXIA
1. Administração profilática diária de 1 mg
de colchicina (0,5 mg de 12/12 horas 2
x ao dia)
2. Regime de emagrecimento sob
supervisão médica
3. Eliminação de possíveis fatores
predisponentes como álcool,
alimentação rica em purinas
4. Instituição do tratamento contra a
hiperuricemia