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1. Introdução...................................................................... 3
2. Hipoglicemianres não insulínicos x insulina..... 3
3. Sulfonilureias................................................................ 5
4. Glinidas (metiglinidas)............................................... 9
5. Biguanidas...................................................................12
6. Glitazonas ou tiazolidinedionas (TZD)..............15
7. Inibidores de alfa-glicosidase..............................19
8. Inibidores de DPP-IV (gliptinas)..........................22
9. Análogos de GLP-1.................................................25
10. Inibidores de SGLT2..............................................28
11. Recomendações gerais para o uso de
medicamentos antidiabéticos...................................32
12. Insulinoterapia.........................................................33
Referências bibliográficas .........................................44
ANTIDIABÉTICOS 3
3. SULFONILUREIAS
CONCEITO! As ilhotas pancreáticas
(ilhotas de Langerhans/pâncreas en- As sulfonilureias são fármacos que
dócrino) consiste num conjunto de atuam como secretagogos de in-
células especiais no parênquima pan- sulina independente, ou seja, esti-
creático responsáveis pela sua secre-
mulam a secreção basal de insulina
ção endógena de hormônios que agem
como reguladores do metabolismo da pelas células β da ilhota pancreáti-
glicose. Dessa forma, a ilhota é formada ca. Por aumentarem a liberação de
pelos seguintes tipos celulares: insulina no sangue, esses ADO são
• Células alfa: Secretam glucagon, hipoglicemiantes.
que tem como papel metabólico a
hiperglicemia;
• Células beta: Secretam insuli- CONCEITO! Os secretagogos insulíni-
na, sendo seu papel metabólico a cos independentes atuam estimulando
hipoglicemia; a secreção de insulina independente
da presença de açúcar no meio. Nesse
• Células delta: Produzem somatos-
grupo, temos as sulfonilureias e glinidas.
tatina, hormônio inibitório que traba-
Portanto, possuem maior predisposição
lha no feedback negativo do GH, do
de desencadear um quadro preocupan-
TSH, de hormônios gastrointestinais,
te de hipoglicemia no paciente, prin-
de hormônios pancreáticos (gluca-
cipalmente se administrada de forma
gon e insulina) e do suco pancreático.
errônea.
Já os secretagogos insulínicos depen-
dentes estimulam a secreção de insulina
quando há a administração de glicose
no corpo. Assim, são mais seguros que
Ducto os secretagogos independentes, pois
Célula delta necessitam de um aumento de glicose
Hemácia
sérica para sua eficácia, evitando possí-
Ácino
veis hipoglicemias.
pancreático
SAIBA MAIS!
No cenário científico, há um certo debate sobre o efeito cardiotóxico que a sulfonilureias pode
causar no tecido miocárdico. Por conta de seu mecanismo inibidor de canal de potássio, evi-
dências apontam que há uma probabilidade de interferir no inotropismo, interferindo no pré-
-condicionamento do miocárdio à isquemia. Embora estudos mais recentes não confirmaram
esse efeito, ele parece não ocorrer com a glicazida MR 30 mg
Aumento da
secreção de insulina
Influxo de cálcio
Bloqueio do canal de
Mecanismo
K+ sensíveis a ATP
Redução de 60 a 70 mg/dL
na glicemia em jejum
Alta efetividade
Redução de 1,5 a
2% na Hb1Ac
Muito usada
↑ de ganho ponderal
Efeitos adversos
Exemplos: Hipoglicemia
Glibenclamida
Glicazida
Glimepirida Gravidez
Glipizida
Clorpropamida
Insuficiência hepática
Contraindicações Lactantes
Insuficiência renal
Sulfonilureia
ou glinidas Canal de K+
sensível a ATP
DESPOLARIZAÇÃO
Canal de Ca2+
dependente de
voltagem
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5] ĊŞ‹5]
Insulina
Aumento da
FLUXOGRAMA DAS GLINIDAS secreção de insulina
Influxo de cálcio
Bloqueio do canal de
Mecanismo
K+ sensíveis a ATP
Redução de 20 a 30 mg/dL
na glicemia em jejum
Alta efetividade
Redução de 1 a
1,5% na Hb1Ac
↓ variabilidade da
Vantagens
glicose pós-prandial
GLINIDAS ↓ do espessamento médio
intimal carotídeo (repaglinida)
↑ de ganho ponderal
Efeitos adversos
Exemplos:
Hipoglicemia
Repaglinida
(menor que a sulfa.)
Nateglinida
Gravidez
Contraindicações Lactantes
Uso de repaglinida
com genfibrozila
ANTIDIABÉTICOS 12
SAIBA MAIS!
Estudos recentes comprovam que a metformina possui um considerável potencial redutor de
risco cardiovascular no DM2, por alterar o metabolismo lipídico ao inibir a lipólise, diminuindo
os níveis séricos de triglicerídeos, ácidos graxos e LDL e aumentando discretamente o de
HDL. Além disso, ela melhora as funções endoteliais, provocando uma leve queda nos índices
pressóricos, e reduz o peso dos indivíduos. Assim, é um medicamento que deve ser avaliado
na terapia de uma síndrome metabólica.
Inibição da ↓ da resistência
gliconeogênese hepática insulínica periférica
↑ na a atividade das
PTK nas células musculares
Mecanismo esqueléticas e adipócitos
Redução de 60 a 70 mg/dL
na glicemia em jejum
Alta efetividade
Redução de 1,5 a
2% na Hb1Ac
↓ relativa da Hb1Ac
↓ eventos CV
Vantagens
Prevenção de DM2
↓ do peso
BIGUANIDAS
Gravidez
Insuficiência cardíaca
grave e descompensada
Contraindicações
Acidose grave
Insuficiência pulmonar
Insuficiência hepática
ANTIDIABÉTICOS 15
SAIBA MAIS!
Estudos recentes trazem a eficácia desses fármacos em paciente com esteatose hepática,
embora esse uso tenha caráter off label, ou seja, na bula não consta o uso de TZDs como
escolha no tratamento desse distúrbio.
Farmacocinética e
farmacodinâmica CONCEITO! Os receptores ativados
por proliferadores de peroxissoma
As TZDs são administradas por via tipo gama (PPARγ) são receptores
oral. Após serem absorvidas para o nucleares que atuam como fatores de
sangue, se ligam fortemente à albu- transcrições de estruturas intracelulares
de extrema importância no mecanismo
mina sérica. Sofrem biotransforma- de sensibilização à insulina em adipóci-
ção hepática pelas enzimas CYP450, tos. Essa ação metabólica influência di-
produzindo metabólitos ativos e ina- retamente no aumento da captação de
tivos como, sendo a grande maioria glicose pelos músculos esqueléticos e
fígado.
excretada pela bile e nas fezes; sua
eliminação renal é negligenciável.
Insulina
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Figura 4. A nível celular, mecanismo de ação das TZDs na sensibilização à insulina em adipócitos. Fonte: http://tme-
dweb.tulane.edu/pharmwiki/doku.php/thiazolidinediones
ANTIDIABÉTICOS 17
Rara hipoglicemia
↓ relativa da Hb1Ac
↓ da gordura hepática
↓ do espessamento
médio intimal carotídeo
GLITAZONAS
OU TZDS Anemia
↑ do ganho ponderal
Insuficiência cardíaca
Exemplos:
Pioglitazona Retenção hídrica
Troglitazona
Efeitos adversos
Rosiglitazona
Edema
Osteopenia
↑ risco de neoplasia
vesical (pioglitazona)
↑ risco de eventos
CV e de AVE (rosiglitazona)
IC NYHA
trocar
III e IV
Contraindicações Gestante
Insuficiência hepática
ANTIDIABÉTICOS 19
↓ da formação de glicose
Inibição da ação da
Mecanismo alfa-glicosidase no TGI
Redução de 20 a 30 mg/dL
na glicemia em jejum
Efetividade intermediária
Redução de 0,5 a 1% na Hb1Ac
Rara hipoglicemia
↓ glicemia pós-prandial
Exemplos:
↓ do espessamento
Acarbose médio intimal carotídeo
Miglitol
Voglibose Distúrbios GI: flatulência,
distensão abdominal, cólicas
intestinais e diarreia
Efeitos adversos
Hipoglicemia severa quando é
associada, sem ajuste na dose, a insulina
exógena OU secretagogo
Gestante
DII
Contraindicações
Úlceras em cólon
Obstrução intestinal
ANTIDIABÉTICOS 22
SAIBA MAIS!
As incretinas (GLP-1 e GIP) são hormônios, liberados por células enteroendócrinas responsá-
veis pela estimulação de insulina em nosso organismo, quando há administração de glicose
por via oral. Ao chegarem no trato gastrointestinal, esses hormônios aumentam e diminuem,
respectivamente, a liberação de insulina e glucagon.
A enzima responsável pela inativação dessas incretinas são as DPP-IV, regulando o feedback
da glicemia. Em pacientes DM2, há um aumento relativo nos níveis de DPP-IV por conta da
diminuição absoluta das GLP-1, inativando rapidamente a ação da incretinas.
Redução de 20 mg/dL
na glicemia em jejum
Efetividade intermediária
Redução de 0,6 a
0,8% na Hb1Ac
Alta segurança e
tolerabilidade
Aumento na massa de
INIBIDORES células beta (em animais)
DE DPP-4
Náuseas
Angioedema e urticárias
Exemplos: Nasofaringite
Sitagliptina
Vildagliptina Efeitos adversos
Saxagliptina Cefaleias
Linagliptina
Alogliptina Tontura
Hipersensibilidade aos
Contraindicações componentes do medicamento
ANTIDIABÉTICOS 25
Redução de 30 mg/dL
na glicemia em jejum
Efetividade intermediária
Redução de 0,8 a
1,2% na Hb1Ac
↓ da PAS
↓ do peso
Rara hipoglicemia
Exemplos: Náuseas
Liraglutida
Lixisenatida
Dulaglutida Vômitos
Semaglutida
Exenatida
Diarreia
(mimético de
GLP1) Efeitos adversos
↑ da FC
Hipoglicemia quando
associada a outros secretagogos
Figura 6. Diferença do metabolismo da glicose no néfron de um diabético DM2 com e sem uso de inibidor de SGLT2.
Fonte: https://www.pharmacodia.com/yaodu/html/v1/chemicals/ffedf5be3a86e2ee281d54cdc97bc1cf.html
ANTIDIABÉTICOS 30
HORA DA REVISÃO!
As proteínas de cotransporte realiza um transporte ativo secundário, ou seja,
elas usam a energia armazenada pelo gradiente eletroquímico feito durante
o transporte ativo primário de uma substância X que, ao realizar transporte
passivo (a favor do gradiente de concentração). Assim, ao usar essa energia,
ela transporta uma substância Y contra o gradiente de concentração.
Quando a substância X e Y se direcionam para a mesma direção, a proteína
realiza um cotransporte simporte. Caso elas sejam transportadas em sentido
diferente, temos um cotransporte antiporte.
A SGLT2, ao perceber um aumento do gradiente de sódio no lúmen tubular,
ela captura 2 íons de Na+ para o meio intracelular junto com o transporte de
1 molécula de glicose contra seu gradiente de concentração. Dentro da célula,
ela se difunde para o sangue através do transporte passivo da GLUT2. Por-
tanto, a SGLT2 realiza um cotransporte simporte
↓ da PA
↓ do peso
Exemplos:
Dapagliflozina Infecção urinária
Canagliflozina
Empagliflozina Efeitos adversos Poliúria
↑ de LDL-c
CAD
↑ transitório de Cr
ao uso da musculatura que vai da glicemia diária, não estando tão re-
acelerar a passagem do subcutâ- lacionada com os picos insulinêmicos.
neo até a circulação Nesse grupo de insulinas, em relação
◊ Exemplo: Após aplicar insu- a duração de sua ação no organismo,
lina na perna, antes do café- temos:
-da-manhã, e ir andando para
• Insulina de ação intermediária:
o trabalho, Eren vai apresentar
NPH;
um pico insulinêmico rapida-
mente, quando comparado a • Insulina de ação prolongada:
sua esposa Mikasa, que conti- Glargina, detemir e degludeca.
nuou em casa trabalhando;
• Grau de hidratação: Quanto mais A NPH, única insulina basal disponí-
hidratado o paciente, maior a ab- vel no SUS, consiste no produto da
sorção da insulina no sangue adição de zinco e protamina à insu-
◊ Exemplo: Tanjirou e Nezuko lina regular. Essa combinação resulta
são irmãos e possuem DM1. num complexo menos solúvel, retar-
No entanto, a ingesta hídrica dando a absorção no tecido subcutâ-
do Tanjirou é maior que a de neo para o sangue e, assim, prolon-
Nezuko. Assim, o pico de insu- gando sua ação. Normalmente, é
lina do irmão apresentará du- associada ao uso de uma insulina de
ração mais curta que a da irmã. ação curta ou rápida. Por durar cer-
ca de 12 horas, ao ser administrada 2
vezes (pela manhã e pela noite), pode
Portanto, devemos ter um conhecimen- fazer a cobertura basal de 24 horas.
to sobre o tipo de insulina exógenas e No entanto, apresenta pico, o que a
como usá-las, seja em associadas a um distância fisiologicamente da insulina
ADO, ADI, a outra insulina, etc. basal endógena.
• Início da ação: 2 a 4 horas;
Tipos de insulina
• Pico de ação: 4 a 8 horas;
Insulina basal
• Duração do efeito: 10 a 16 horas.
As insulinas basais têm como função
impedirem a produção hepática de gli-
cose de forma deliberada, mantendo A glargina é uma insulina basal de
uma glicemia dentro dos valores de ação prolongada mais fisiologicamen-
referência durante o sono e as refei- te próxima da insulina basal endógena
ções. Portanto, ela realiza a cobertura por: durar aproximadamente 24 horas
no organismo; e não apresentar um
ANTIDIABÉTICOS 35
Não é indicado associar insulina ba- repercutir com uma sobrecarga pan-
sal de ação prolongada com uma creática, excretando muito insulina,
sulfonilureia, pois o paciente pode gerando um quadro hipoglicêmico.
ANTIDIABÉTICOS 36
Figura 9. Início e duração de ação das insulinas exógenas. Fonte: HOWLAND, R. D.; MYCEK, M. J. Farmacologia Ilus-
trada. 3. ed. Porto. Alegre: Artmed, 2008
ANTIDIABÉTICOS 37
Figura 10. Reserva insulínica resultante da combinação bifásica de insulina NPH/regular, podendo causar hipoglice-
mia pela madrugada. Fonte: http://tmedweb.tulane.edu/pharmwiki/doku.php/insulin_regimens
Figura 11. Exemplos de insulina basal-bólus. Em A temos associação de 1 dose de insulina basal de duração prolon-
gada (glargina) com 3 doses de insulina prandial (lispro ou aspart). Em B temos associação de 2 doses de insulina ba-
sal de duração intermediária (NPH) com 3 doses de insulina prandial (lispro ou aspart). Fonte: http://tmedweb.tulane.
edu/pharmwiki/doku.php/insulin_regimens
Paciente com
Paciente com glicemia Paciente com glicemia Pacientes que não OBSERVAÇÃO: NÃO
glicemia > 300 mg/dL
< 200 mg/dL + Hb1ac de 200 a 299 mg/dL + atingiram as metas existe tratamento
OU OU OU Sintomas graves e OU
< 7% + sintomas leves Hb1Ac de 7,5 a 8,9% mesmo após a terapia padrão, e sim tratamento
severos OU Perda de
ou assintomático (sintomas moderados) combinada de ADOs INDIVIDUALIZADO
peso significante
ESQUEMA 2
ESQUEMA 1 ESQUEMA 3
(insulina basal-plus
(insulina bedtime + TC) (insulina basal-bolus)
c/ ou s/ ADOs)
SECRETAGOGOS Sulfonilureias
INSULÍNICOS Lispro
INDEPENDENTES
DE GLICOSE Glitazonas
Ação rápida Asparte
Biguanidas
SENSIBILIZADORES Insulina prandial Glulisina
À INSULINA
Glinidas/TZDs Antidiabéticos orais
REDUTORES DA
VELOCIDADE DE Insulinoterapia
Inibidores de
ABSORÇÃO DA GLICOSE Antidiabéticos
alfa-glicosidase
NO INTESTINO injetáveis
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020.
American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes - 2019.
WHALEN.K Farmacologia Ilustrada - 6ª ed.Porto Alegre: Artmed, 2016
RANG, H.P.; DALE, M.M.; RITTER, J.M. Farmacologia. 8ª ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
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LONGO, DL et al. Harrison’s Principles of Internal Medicine. 19th ed. New York: McGraw-Hill,
2015.
GOLDMAN, L.; Schafer, AI. Goldman’s Cecil Medicine. 25th ed. Philadelphia: Elsevier Saun-
ders, 2016.
Goldberg T, Wong E. Afrezza (Insulin Human) Inhalation Powder: A New Inhaled Insulin for
the Management Of Type-1 or Type-2 Diabetes Mellitus. P T. 2015;40(11):735–741.
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