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A INSULINA

A insulina é um hormônio sintetizado pelas células Beta (β),


localizadas no interior das ilhotas de Langerhan do pâncreas
endócrino.

A secreção de insulina, geralmente, é iniciada pelo aumento da


concentração de glicose no sangue, mas pode, também, ser
regulada pela presença de aminoácidos, outros hormônios e
mediadores autônomos. Para ocorrer a secreção, a glicose é
captada pelo transportador GLUT 2, presente na membrana das
células β. Dentro das células β, a glicose sofre fosforilação por
ação da glicocinase, e os produtos metabólicos resultantes
desse processo entram na cadeia respiratória mitocondrial e
sintetizam trifosfato de adenosina (ATP). Essa descarga de ATP
nas células β, provoca um bloqueio dos canais de potássio e
consequente despolarização celular adicionado ao influxo de
cálcio. Tal aumento de cálcio intracelular, estimula a exocitose
da insulina de forma pulsátil.

Apresentação da insulina exógena


As preparações de insulina injetáveis são divididas em quatro
grupo, sendo elas de ação rápida, curta, intermediária e longa.

As insulinas de ação curta e de ação rápida, como a insulina


regular, são disponibilizadas em soluções transparentes, de pH
neutro, podendo conter quantidades de zinco que visam
aumentar o prazo de validade e melhorar a estabilidade do
produto.

A insulina NPH, também chamada de isófana, é de ação


intermediária, sendo apresentada de forma combinada com a
protamina (proteína isolada do esperma da truta arco-íris) em
uma suspenção de zinco. Essa combinação permite o
prolongamento do tempo necessário para a absorção da
insulina e também confere certa turbidez.

As insulinas de ação longa são transparentes e solúveis, sendo


representadas pela glargina e pela detemir.

Mecanismos de ação
Depois que a insulina entra na corrente sanguínea, ela é difundida para os
tecidos e se liga a receptores de membrana especializados, presentes nos
tecidos insulino-dependentes, principalmente o fígado, o tecido adiposo e
os músculos. Os receptores de insulina são altamente específicos, sendo o
receptor integral composto por dois heterodímeros ligados de forma
covalente, contendo uma subunidade alfa (α) totalmente extracelular e
uma subunidade β, que contém uma tirosinocinase, em cada
heterodímero.

Farmacocinética e Farmacodinâmica
A insulina circulante exógena, a qual é semelhante a
insulina regular exógena, tem meia-vida 3 a 5 min. As
insulinas de efeito intermediário, como a NPH possuem
meia-vida de cerca de 12 h e as de efeito longo, como a
glargina, possuem meia-vida média de 24h.

Existe várias associações de insulinas humanas


pré-misturadas disponíveis a utilização, como 70% insulina
NPH mais 30% de insulina regular ou 50% de cada uma. O
uso de tais associações visa reduzir o número de injeções
diárias e propiciar um efeito mais semelhante ao da insulina
endógena no organismo. Porém, essas associações
dificultam o processo de ajustar as doses individuais do
regime de insulina.

Os rins e o fígado representam os principais órgãos


responsáveis pelo metabolismo e pela excreção da insulina,
sendo, geralmente, o fígado responsável pela depuração de
60% da insulina circulante, visto que é o sítio terminal da veia
porta. Já os rins, removem cerca de 35 a 40% do hormônio
endógeno do sangue.

Contudo, em pacientes com Diabetes Mellitus tratados com


insulina por meio de injeções subcutâneas, a relação é
invertida e os rins ficam responsáveis pela depuração de até
60% do hormônio exógeno.

Indicações
O diabetes mellitus tipo 1 caracteriza-se por uma destruição
seletiva das células β do pâncreas e consequente deficiência
grave ou total da produção de insulina. Nos pacientes com esse
tipo de diabetes, o uso de insulina exógena é necessário para a
manutenção da vida.

O diabetes mellitus tipo 2 é caracterizado por uma resistência


dos tecidos à ação da insulina, podendo ocorrer uma relativa
deficiência na secreção do hormônio. O uso da insulina por
esses pacientes não é essencial à sobrevivência, porém 30% ou
mais dos indivíduos se beneficiam da insulinoterapia para o
controle da glicemia.

O padrão de tratamento com a utilização da insulina envolve


duas injeções diárias. Porém, em alguns casos, é necessário um
tratamento intensivo, no qual é necessária a monitorização
frequente da glicemia e a utilização de três ou mais injeções
diárias. O tratamento intensivo facilita alcançar o nível
glicêmico médio recomendado pela ADA (American Diabetes
Association) de 154 mg/dL ou menos (HbA1C ≤ 7%), visto que a
glicemia média normal é de 115 mg/dL ou menos [HbA1C <
5,7%]. A insulina farmacológica pode ser administrada através
de injeção subcutânea ou por meio de uma bomba de insulina
que difunde de forma contínua o hormônio sob a pele.

A utilização do tratamento intensivo tem mostrado significativa


diminuição nas complicações microvasculares do diabetes,
comparado aos indivíduos que recebem tratamento-padrão, a
exemplo das retinopatias, nefropatias e neuropatias.

Efeitos adversos
● Hipoglicemia: consiste na complicação mais comum da
insulinoterapia. Geralmente é decorrente de um consumo
inadequado de carboidratos, de esforço físico exacerbado ou de
uma dose extremamente elevada de insulina. Os sinais e
sintomas são representados por taquicardia, sudorese, tremor,
fome e náuseas, o que pode evoluir para convulsões e coma.
Por isso, é essencial que o paciente tratado com insulina,
realize o consumo de pequenas quantidades de carboidrato
entre os intervalos das doses do fármaco.
● Cetoacidose diabética: é causada por reposição insuficiente
ou inadequada de insulina em pacientes com diabetes tipo 1,
principalmente, tendo como sinais e sintomas náuseas, vômitos,
dor abdominal respiração profunda e lenta. É importante
salientar que a cetoacidose diabética é uma emergência medica
potencialmente fatal.
● Alergia e resistência da insulina: são raras em pacientes que
fazem uso da insulinoterapia.
● Lipodistrofia nos locais de injeção: atrofia do tecido adiposo
subcutâneo no local de injeção, podendo ser prevenido ao
variar os locais de injeção e corrigido por lipoaspiração.
● Risco aumentado de câncer: relatado um aumento do risco de
câncer em pacientes com resistência à insulina, pré-diabetes e
diabetes tipo 2, associado à resistência a insulina e à
hiperinsulinemia.

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