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Maria Katarina D’ Caminha – Medicina

Diabetes Mellitus

Parte 1
Definição: Catabolismo: decomposição desses polímeros

É uma doença do metabolismo intermediário, em suas respectivas unidades moleculares.

caracterizada fundamentalmente pela ocorrência de O Metabolismo intermediário é controlado por

HIPERGLICEMIA CRÔNICA, que em longo prazo hormônio.

promove lesão de órgãos-alvo, podendo cursar com - A insulina é o principal do anabolismo

descompensações metabólicas agudas. - Glucagon, adrenalina, cortisol e GH

- Complicações micro ou macrovasculares medeiam o catabolismo.

- Aumento da morbidade Equilíbrio dinâmico entre o anabolismo e

- Redução da qualidade de vida catabolismo.

- Elevação da taxa de mortalidade Período pós-prandial – predominam reações de

Etiopatogenia: anabolismo, devido os altos níveis de insulina.

- Déficit de insulina (absoluto ou relativo) Período de jejum predominam reações de

- Resistência à insulina catabolismo, pela queda da insulina e aumento dos

Resultado final: contrarreguladores.

- Diminuição da utilização periférica


- Aumento da produção hepática de glicose. Níveis séricos Glicose → Clivagem da Pró-insulina

Fisiologia – Metabolismo Intermediário Insulina Peptídeo C

Conjunto de reações bioquímicas orgânicas de


A Glicose entra no citoplasma através dos canais
síntese e degradação de macromoléculas (proteínas,
GLUT 1 e 2.
carboidratos e lipídios)
- Inicio da Glicólise com formação de ATP
Os carboidratos e lipídios são essencialmente,
- Fechamento dos canais ATP-sensíveis →
moléculas de reserva energética.
despolarização celular → influxo de cálcio →
Anabolismo: é o conjunto de reações de síntese
degranulação
das macromolécula através da formação de
O glucagon é um hormônio peptídico, sintetizado
polímeros:
e liberado pelas células-alfa em resposta à redução
- Aminoácidos formam proteínas
dos níveis séricos de glicose
- Glicose forma glicogênio
- Ác. Graxos + Glicerol = triglicerídeos
A Glicose é a grande fonte de energia dos
neurônios.
- Sem reserva de glicose, o SNC
rapidamente entra em colapso na vigência de
neuroglicopenia.
Na falta de glicose, o fígado produz corpos
cetônicos a partir dos ácidos graxos, que podem ser
usados como “combustível alternativo” pelos
neurônios.
➔ Estado de Jejum (Interprandial):
- Risco de cetoacidose acidose metabólica
Terminada a absorção intestinal de nutrientes, os
com ânion-gap aumentado causado pelo excesso de
níveis séricos de glicose, aminoácidos e lipoproteínas
corpos cetônicos.
tendem a se reduzir → inibição da liberação de
insulina, com estímulo à secreção de
➔ Estado pós-prandial:
contrarreguladores.
A glicose estimula liberação de insulina, em 2
Promove:
etapas:
- Catabolismo
- 1° Etapa: pico precoce, liberada a partir de
- Utilização de ácidos graxos como principal
grânulos pré-formados, aumentando seus níveis
substrato energético.
séricos em cerca de 2-10 minutos.
1) Catabolismo dos carboidratos:
- 2° Etapa (tardia): insulina é secretada de
- O glicogênio hepático é clivado, liberando
forma sustentada.
glicose para o sangue – GLICOGENÓLISE.
Promove:
2) Produção Hepática de Glicose:
- Anabolismo
- GLICONEOGÊNESE: síntese hepática de
- Utilização de glicose como principal
glicose a partir de molécula não glicídicas, devido ao
substrato energético.
esgotamento do glicogênio hepático.
3) Catabolismo dos Lipídios:
- Clivagem dos triglicerídeos, liberando ác.
Graxos livres – LIPÓLISE, gerando substrato
energético.
- CETOGÊNESE: se a liberação de ác graxos
for excessiva, uma parte será aproveitada pelo
hepatócito para a síntese de corpos cetônicos. Classificação:
“Cetose de jejum”. DM tipo 1 (5-10%)
4) Catabolismo das proteínas: - Destruição primária das células beta e
- PROTEÓLISE: proteínas são quebradas em hipoinsulinismo “absoluto”.
aminoácidos - Tipo 1A – mecanismo autoimune (90%)
- Tipo IB – idiopático (4-7%)
INCRETINAS: - Predomina em pacientes jovens não
- São peptídeos secretados pelo tubo obesos.
digestivo durante a absorção de nutrientes. - Associação com o HLA
- Função de aumentar a secreção - LADA (30%) – aparece após os 30 anos.
pancreática de insulina em resposta à glicose, através Progressão do déficit insulínico é lenta, podendo ser
da estimulação da célula B. confundido com DM tipo 2.
- O GLP-1 e GIP aumentam a captação de DM tipo 2 (80-90%): + comum
glicose periférica e diminuem a glicose em jejum - Resistência periférica à insulina
pós-prandial. - Disfunção progressiva das células beta
- Promovem saciedade → diminuição da (“exaustão” secretória).
ingesta alimentar. - Hipoinsulinismo “relativo” – início do quadro
- Retarda o esvaziamento gástrico → a insulina aumenta, porém, esse aumento é
redução da glicemia pós-prandial. insuficiente para controlar a glicemia.
- GLP-1 e GIP → ambas são degradadas pela - Predomina em obesos (>45 anos)
enzima DPP-IV. - Maior concordância em gêmeos univitelinos
- O GLP-1 vai causar diminuição do glucagon DM gestacional:
→ diminuição da produção de glicose pelo fígado. - Intolerância à glicose diagnosticada durante
a gestação.
Devido à carência de insulina, o organismo do - Gestação → aumento hormonal
diabético se comporta como se o paciente estivesse (estrogênio, cortisol, lactogênio placentário) +
constantemente em estado de jejum, mesmo no enzimas placentárias (degradam insulina) →
período pós-prandial. O catabolismo e a glicogênese aumento da glicemia.
ficam constantemente estimulados, explicando a - Geralmente volta ao normal depois da
hiperglicemia crônica (pré e pós prandial) gravidez.
Outros:
- DM associado ao uso de drogas
- Endocrinopatias - Defeito no receptor da ação da insulina →
- Defeitos genéticos na função da célula B resistência à ação da insulina → Hiperglicemia.
- Secundário a doenças do pâncreas ➔ Doenças do Pâncreas exócrino:
exócrino (pancreatite)
- Secundário à infecções
- Defeitos genéticos na função da célula B
(MODY)
➔ Defeitos genéticos na função da célula B
(MODY) - Destruição das células beta pancreáticas
produtoras de insulina.
- Pacreatite crônica principalmente de causa
etílica.
➔ Endocrinopatias:

- Geralmente pacientes jovens (< 30 anos),


magros.
- Defeito autossômico dominante: 3 - Diminuição da secreção de insulina.
gerações acometidas ➔ Diabetes induzido por medicamentos
- O + comum é o MODY 2 e MODY 3
- O MODY 2 na maioria das vezes não
precisa de medicação, é controlado com MEV.
- O MODY 3 é + grave, vai ter uma
hiperglicemia que necessita de insulina, e possíveis
complicações.
➔ Defeitos Genéticos na ação da Insulina:

- Determinadas toxinas e a Pentamidina


destroem as células beta pancreáticas
- Ác. Nicotínico e Glicocorticoides aumentam
a resistência à insulina.
- Tiazídicos diminuem a secreção de insulina - DR3 e DR4
- Interferon pode produzir autoanticorpos Peptídeo C sérico vai estar baixo.
contra as células beta e destruir essas células. As ilhotas de Langerhans são invadidas por
➔ Outras formas de DM: linfócitos T citotóxicos (CD8+) que destroem
seletivamente as células beta → surgimento de
autoanticorpos
- Anti-Ilhota (ICA) = 80%
- Anti-GAD = 70% (é o que fica positivo por
mais tempo)
- Anti-IA-2 = 60%
- Essas infecções podem cursar com Esses marcadores aparecem ANTES da
infecção do pâncreas e destruição das células beta expressão clínica da doença → fase assintomática
e produção de autoanticorpos. (pré-diabético)
➔ Síndromes Genéticas associadas ao DM: Quando a massa de células beta atinge um ponto
“crítico” (80-90% de destruição), eventos como a
puberdade e infecções intercorrentes induzem a
instalação abrupta dos sintomas
- A cetoacidose diabética pode ser a primeira
manifestação da doença em 30% dos casos.
Apesar da natureza autoimune da doença, não
há evidências que corroborem o uso profilático de
imunossupressores.
Etiopatogenia do DM tipo 1: Portadores do DM tipo 1 dependem, pelo resto da
vida, da reposição de insulina exógena.
DM tipo 1A é uma doença autoimune –
Incidência bimodal:
marcadores positivos
- Pico entre 4-6 anos
Interação entre fatores genéticos e ambientais
- Outro pico entre 10-14 anos
Infecções virais e/ou exposição a antígenos,
Não há diferença entre os sexos.
através do mimetismo molecular → insulite
A etiopatogenia do tipo 1B é desconhecida –
(inflamação das ilhotas pancreáticas)
marcadores negativos.
Alguns genes contribuem para essa
História Natural do DM1:
predisposição.
- Genes HLA
- 1° Suscetibilidade genética – tendência a - Aumento da lipólise
desenvolver a doença, com o fator lesional que pode - Aumento da reabsorção de glicose
ser vírus, dieta, toxinas, vai desencadear a - Diminuição da captação de glicose
autoimunidade para destruir as células Beta. - Disfunção de neurotransmissores
- Fase Assintomática → anticorpos positivos - Aumento da produção hepática de glicose
e glicemia dentro do normal. - Aumento da secreção de glucagon.
- Fase Metabólica → já tem resistência a Hipoinsulinismo “relativo”:
insulina, se fizer um teste oral de tolerância a glicose - A insulina pode estar “normal” ou mesmo
já vem alterado. alta, mas é sempre insuficiente para manter a
- Diabetes: Glicemia já está alta e os níveis homeostase da glicose.
de peptídeo C e insulina estão baixos. Interação entre fatores genéticos e ambientais.
Obesidade e inatividade física desencadeiam a
resistência à insulina.
A hiperglicemia crônica, juntamente com a
hiperlipidemia, agrava a resistência à insulina e o
déficit secretório → ciclo vicioso que evolui com
descompensação metabólica progressiva.
Resulta em:
- Menor captação e utilização da glicose por
tecidos periféricos, adiposo (menor inibição da
lipólise), hepático (menor inibição da gliconeogênese
Etiopatogenia do DM tipo 2: – ocasionando maior produção hepática de glicose).

Etiologia complexa e multifatorial: Fase inicial:

- Genética: mais fatore genético que o tipo 1 - Hipossensibilidade da célula beta à glicose,

- Ambientais: dieta e inatividade física. devido à menor expressão do canal de glicose

Em 80 a 90% dos casos, associa-se ao excesso GLUT-2 na membrana.

de peso e à sd. metabólica. - Deficiência de incretinas

Peptídeo C vai estar normal ou elevado - Consequência: resposta subnormal na

Fatores que justificam a hiperglicemia: secreção de insulina pós-prandial, justificando a

- Resistência à insulina hiperglicemia neste período.

- Déficit secretório das células beta Fases mais avançadas:

- Diminuição do efeito de incretinas - Grau de destruição das células beta


- Necessário insulinização - Aumento de ác. Graxos livres e TG no
Fatores de risco: sangue → aumento da utilização desses no músculo
- História familiar da doença → diminui utilização de glicose → hiperglicemia.
- Avançar da idade (> 45 anos)
- Obesidade
- Sedentarismo
- Dx prévio de diabetes ou diabetes
gestacional
- Presença de componentes da Sd.
metabólica. (HAS e dislipidemia)
- História de dç. cardiovasculares
- HDL < 35mg/dL Glicotoxicidade:
- Triglicerídeos > 25 mg/dl - O fígado utiliza os ác. Graxos para formar
- Síndrome de ovário policísticos glicose (GLICONEOGÊNESE) → hiperglicemia.
- Acantose nigricans História Natural do Diabetes tipo 2:
O acúmulo de gordura visceral produz citocinas
pró-inflamatórias e gera resistência à insulina.
Fisiopatologia do DM2:
- Normal: com a alimentação tem 2 fases de
liberação de insulina:
1) Liberação da insulina já estocada
2) Produção de insulina. - 1° fase: diminuição da atividade da célula beta
- No DM: acontece: → aumento da resistência à insulina. A princípio a
1) Perda de 1° fase de secreção da insulina também aumenta para vencer a resistência.
insulina → aumento da glicemia pós-prandial. - Glicemia jejum normal e pós-
2) Aumento da glicemia em jejum prandial normal.
Lipotoxicidade: - 2° Fase: diminuição da secreção de insulina
- Aumento de ác. Graxos livres e e não consegue vencer a resistência.
triglicerídeos no sangue → toxicidade nas células - Aumento da glicemia pós-prandial
beta pancreáticas → redução da secreção de inicialmente, e depois a glicemia em jejum.
insulina → Hiperglicemia Antes do diagnóstico já pode ter tanto
complicações micro ou macro vasculares.
Quadro Clínico e Diagnóstico: - Lesão cutânea hiperpigmentada e de

1) Quadro Clínico do DM tipo 1: aspecto aveludado que predomina em áreas de

Quadro clássico e início AGUDO dobra cutânea.

- Poliúria, polidipsia, polifagia e - Decorre da estimulação de queratinócitos e

emagrecimento. fibroblastos da pele (pela hiperinsulinemia).

Em crianças pequenas as primeiras


manifestações podem ser enurese noturna e 3) Estados pré-diabéticos:

candidíase vaginal. Pessoas com alta probabilidade de desenvolver

LADA: DM tipo 2 em curto prazo.

- Início insidioso (anos) Doença pode ser evitada nessa fase

- Hipoinsulinismo absoluto com o passar do Critérios:

tempo. - Glicemia de jejum alterada (100-125 mg/dl)

- Manifestações clínicas características de - Intolerância à glicose = glicemia 2hr após o

DM tipo 1. TOTG 75 entre 140-199 mg/dl


- Hb glicada entre 5,7 – 6,4%

2) Quadro Clínico do DM tipo 2: Conduta:

Costuma ser tardio, anos ou décadas - Orientação nutricional + Ativ. Físicas regular

completamente assintomáticos - Cessação do tabagismo

Paciente típico: A metformina pode ser indicada em casos de

- Adulto ( > 40-45 anos) muito alto risco, ou seja:

- Obeso - Presença de múltiplos fatores de risco para

- Sedentário DM tipo 2

- Outros fatores de risco cardiovascular. - Piora progressiva do controle glicêmico a

Sintomas de franca hiperglicemia (poliúria, despeito das MEV.

polidpsia)
Raro ter cetoacidose diabética 4) Rastreio Populacional:

As vezes o dx. é decorrente do estado Objetivo de detectar a doença precocemente na

hiperosmolar não cetótico (principal complicação população assintomática.

aguda do DM2). Indicações:

Acantose Nigricans: - Idade ≥ 45 anos

- Importante sinal clínico. - Pacientes com pré-diabetes


- Mulheres com diagnóstico prévio de DM - Ela vai refletir o controle metabólico dos
gestacional últimos 3 meses, sendo 50% do último mês, 25%
- Indivíduos com IMC ≥ 23 kg/m2 + pelo no segundo mês e 25% no terceiro mês.
menos 1 dos fatores de risco p/diabetes. - Deve ser padronizada pelo programa
Fazer glicemia em jejum nacional de padronização de glico-hemoglobina.

Confirmação Diagnóstica: Metas Laboratoriais para o Tratamento do

Demonstração laboratorial de hiperglicemia DM:


Critérios diagnósticos:
- Hb glicada (A1C) ≥ 6,5%* ou
- Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL ou
- Glicemia 2h após TOTG-75≥ 200mg/dL ou
- Glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL + sintomas
de hiperglicemia (“polis”)
Todos os demais precisam ser confirmados numa A modificação terapêutica é obrigatória quando
segunda dosagem, se não tiver uma clara as metas não estiverem sendo alcançadas ou na
hiperglicemia aguda. presença de glicemias muito baixas.
A medida da Hb glicada não substitui a medida das
Glicem Glicose 2 Glicose ao Hb glicada
ia em hr após acaso glicemias capilares, que fornecem informação sobre
jejum 75g de
glicose
a glicemia atual, devendo, portanto, ser usadas em
Normoglicemia < 100 < 140 - < 5,7% conjunto.
Pré-diabetes ou ≥ 100 e ≥ 140 e < - ≥ 5,7 e <
risco aumentado < 126 200 6,5 Níveis de HbA1C > 7% estão proporcionalmente
para DM
Diabetes ≥ 126 ≥ 200 ≥ 200 com ≥ 6,5 associados a risco aumentado de complicações
estabelecido sintomas
inequívocos crônicas em particular as microvasculares: retinopatia,
de
hiperglicemia nefropatia e neuropatia
Durante a gestação, os níveis de HbA1C não
Hemoglobina Glicada: devem ser utilizados como parâmetro de avaliação,
- A glicemia vai se ligar irreversivelmente à pois podem demorar dois meses ou mais para
Hb formando a chamada Hb glicada. Quanto maior a refletir a inadequação do tto.
glicemia, maior a Hb glicada. A Frutosamina é outra proteína glicosilada, que
reflete os níveis glicêmicos nas últimas 1-2 semanas.
É um método alternativo para avaliar o controle 3) Monitorização contínua da Glicemia:
glicêmico de pacientes que tenham condições que Realizada por um sensor posicionado no
alterem os valores da A1C. interstício que faz a leitura da glicose a cada 5
minutos
Tratamento: O desvio padrão avalia a variabilidade glicêmica

1) Não Medicamentoso: que deve ser idealmente < 50 mg/dl ou de, no

Plano de educação continuada e máximo, 1/3 da média das glicemias

automonitorização da glicose. O tempo no alvo indica quanto tempo o paciente

Mudanças no estilo de vida: permaneceu com as glicemias entre 70 e 180 mg/dl,

- Suspensão do fumo considera-se adequada a manutenção do alvo

- Baixo consumo de bebidas alcoolicas glicêmico em 50 a 60% do período avaliado.

- Manutenção do peso adequado


Plano de atividade física 4) Plano Alimentar e Atividade Física:

Plano alimentar Deve assegurar todas as necessidades nutricionais


do indivíduo com diabetes para que ele alcance e

2) Automonitorização da Glicemia Capilar: mantenha um peso corporal saudável

Diminui o risco de complicações agudas Fracionando em 5 a 6 refeições (3 principais e

(cetoacidose e hipoglicemia) 2-3 lanches)

Permite que o paciente entenda os Composição nutricional:

determinantes de sua glicemia com a ingestão de - Carboidratos totais: 45-60%, não inferior a

alimentos ou com a prática física 130g/dia (preferir carboidrato de baixo nível

Mínimo: 4x/dia (antes das principais refeições e glicêmico)

ao deitar) - Gordura total: 20-35% do VET, sendo 5-

Ideal: 6x/dia (antes e 2 horas após as refeições) 15% de ácidos graxos monoinsaturados

+ 1 x/mês de madrugada (3-4hr) - Proteínas: 15-20%

Situações especiais: - Fibras: 30-50g/dia (grãos integrais)

- Exercício intenso - Vitaminas e minerais: mínimo de 2-4

- Ajuste da insulina porções de frutas e 3-5 porções de hortaliças cruas

- Ingestão de carboidratos e cozidas

- Período de doenças - Sódio: < 2 gramas


Contagem de carboidratos (permite maior
flexibilidade das escolhas alimentares)
O álcool deve ser desencorajado, por aumentar - Pct não obesos c/ glicemia de jejum entre
tanto o risco de hipoglicemia, em usuários de insulina, 160-270 mg/dl.
quanto o risco de hiperglicemia. - Perda de peso na fase inicial da doença
Atividade física é uma medida promotora de Reduzem a glicemia em 20%
saúde, indicada de rotina em diabéticos, sendo o O aumento da secreção de insulina pode
DM2 o mais importante para controle da obesidade, provocar um aumento do peso do paciente
hipertensão e aumentar a sensibilidade. Observou-se redução das complicações
- No DM tipo 1 deve ter cuidado com o microvasculares (retinopatia, nefropatia e neuropatia)..
exercício físico extenuante. Falência secundária: resposta terapêutica começa
- O exercício aumenta a sensibilidade do a decair a cada ano de uso da droga.
músculo à insulina Fármacos:
- Primeira Geração: Clorpropramida,
5) Drogas Hipoglicemiantes: Tolbutamida, Tolazamida → precisa de uma dose
O tratamento medicamentoso vai depender da Efeitos adversos:
fisiopatologia - Hipoglicemia (+ com glibenclamida)
- Ganho de peso
- Efeitos no TGI: vômitos, náuseas e icterícia
colestática
- Retenção hídrica e hiponatremia:
clorpropamida. Principalmente se associado com
tiazídicos.
- Efeito antabuse-simile: associado à

Sulfoniluréias: clorpropamida.

Indicações: - Glimepirida: liberação + ágil de insulina, ao

- Pct não-obeso ou com perda de peso mesmo tempo em que permite menor duração de

Mecanismo de ação: secreção.

- Estimulam diretamente a secreção basal de Metabolismo e Eliminação:

insulina pelas células beta pancreáticas. - Todas são metabolizadas pelo fígado,

- Necessitam de uma célula beta funcionante devendo ter precaução em hepatopatas

(estimula a liberação e não a síntese) - Não deve ser usada em pct com dç. renal

Queda da Hb glicada de 1,0 – 2,0% Contraindicações:

Drogas preferidas em: - Doença renal e hepática avançada


- Situações de estresse ou trauma, infecções - Ganho ponderal discreto
graves - Redução do recondicionamento cardíaco
- Histórico de reações a SFUs ou seus pós-isquêmico
compostos. - Contraindicada na gravidez.

Glinidas ou Metglinidas: Biguanidas:


Medicamentos: 3 tomadas/dia Metformina, 3 mecanismos básicos:
- Repaglinida: 0,5 a 16 mg - Inibição da gliconeogênese hepática – 75%
- Nateglinida: 120 – 360 mg da ação hipoglicemiante
Administração antes das refeições - Melhora da sensibilidade dos tecidos
Não interfere no peso corporal periféricos à insulina
Mecanismo de ação: - Redução do turnover de glicose no leito
- Semelhante ao das sulfonilureias porém em esplênico.
receptor diferente na célula beta. - Ação na oxidação de ác. Grxos e na
Secretágogos de insulina de curta duração – hipertrigliceridemia → melhora perfil lipídico
controle da glicemia pós-prandial A nível celular a estimula a translocação do
Baixo risco de hipoglicemia - “equivalentes orais GLUT-4 e a atividade de glicogênio sintetase.
das insulinas de ação rápida” A Metformina é dependente da presença de
Metabolismo e excreção: insulina.
- Metabolização hepática A metformina não é metabolizada no fígado,
- Excreção Nteglinida é renal sendo excretada intacta na urina.
- Excreção Repaglinida é hepática (pode ser Diminuição significativa da incidência de
indicada em pact. Com insuficiência renal). complicações macrovasculares (AVE, IAM, morte
Redução da glicemia de jejum: 20-30 mg/dL cardíaca) em pacientes obesos.
(baixa) Posologia:
Redução de HbA1c: 1 – 1,5%. - Metformina 1 000 – 2500 mg VO/dia em 2
Metglinidas: tomadas.
- Redução do espessamento médio intimal - Início em doses baixas (500 mg) com
carotídeo (Repaglinida) aumento progressivo a cada 7 dias.
- Redução da variabilidade da glicose pós- - Sempre adm com a alimentação, que
prandial retarda a absorção da droga, reduzindo os efeitos
- Hipoglicemia gastrointestinais.
Não está relacionada com aumento de peso, e - Inibem a ação das enzimas digestivas do
pode contribuir para sua redução. tipo alfa-glicosidase presentes na borda em escova
Quando usada em monoterapia, não aumenta as dos enterócitos (clivam polissacarídeos complexos
chances de hipoglicemia. em monossacarídeos, como a glicose) → lentifica a
Redução da glicemia em 20% absorção intestinal de glicose → redução da glicemia
Redução da glicemia em jejum: 60 – 70 mg/dL pós-prandial.
Redução de HbA1c: 1,5 – 2% - Redução da relação LDL/HDL →
Metformina XR → liberação prolongada diminuição do risco cardiovascular.
- Redução dos efeitos colaterais Modesto efeito redutor da glicemia e HbA1c
- Metformina XR 500 – 2250 mg (queda de 0,9%).
Contraindicações: Posologia:
- Hepatopatas com transaminases - Arcabose 50 a 300 mg
- Insuficiência Renal (TFG < 30 mL/min Efeitos adversos:
- Durante estresse agudo (cirurgias) - TGI (metereorismo, desconforto abdominal
- Precaução em > 80 anos e diarreia)
- Gravidez - Elevação das transaminases
Orientações: - Hipoglicemia quando associada a SFU ou
- Monitorar os níveis séricos de vit. B12 em insulina.
usuários crônicos de metformina → reduz a + Indicadas:
absorção intestinal da vitamina - Hiperglicemia pós-prandial
- Deve ser suspensa 2 dias antes da - Pct idosos, não obesos, com hipoglicemia
realização de qualquer exame com contraste frequente ao usarem sulfoniluréia e glinidas
radiológico → para diminuir a chance de acidose - Terapia adicional combinada com outros
metabólica grave pelo uso de contraste nefrotóxico. antidiabéticos oral
Outras indicações: Contra-indicações:
- Síndrome de ovário policístico - Gravidez
- Esteato-hepatite não alcoolica - Doença inflamatória intestinal
- Pré-diabetes em pct de alto risco. Redução da glicemia de jejum: 20 – 30 mg/dL
Redução da HbA1c: 0,5 A 0,8%
Inibidores da alfa-glicosidase: Arcabose
Mecanismo de ação: Glitazonas:
Sensibilizadores periféricos de insulina
- Aumento da expressão dos receptores Contra-indicações:
periféricos de insulina. - Gravidez
Agem muito mais no estímulo à captação de - Insuficiência hepática
glicose pelo músculo esquelético do que no bloqueio - Insuficiência cardíaca classes I I e IV.
da gliconeogênese hepática.
Pode ser usada em monoterapia, porém é mais Gliptinas (Inibidores da DPP-4)
eficaz quando combinada a outros antidiabéticos Mecanismo de Ação:
orais ou a insulina. - Inibição seletiva da DPP-4, uma enzima que
Posologia: inativa o GLP-1 e o GIP → estimulam a secreção de
- Pioglitazona 15 a 45 mg 1 tomada/dia. insulina dependente de glicose.
Efeitos adversos: Bem toleradas e não causam aumento de peso
- Ganho ponderal de 2-3 Kg ou hipoglicemia.
- Edema em 5% dos casos, às vezes Efeitos adversos:
despompensando a ICC – devido o impacto na - Nasofaringite
permeabilidade tecidual e osmolaridade. - Cefaleia
- Ocorrência de perda da densidade mineral - Tontura
óssea e aumento de fratura atípica de ossos dos - Diarreia.
membros em mulheres. Representantes:
Deve ser evitada em pacientes com ICC classe - Sitagliptina 50 a 100 mg
funcional I I ou IV. - Vildagliptina 50-100 mg
Redução da glicemia de jejum: 35-65 mg/dL - Saxaglipitina 2,5 – 5 mg
Redução de HbA1c: 0,5 a 1,4% - Linagliptina 5 mg
Benefícios: - Alogliptina 6,25 a 25 mg
- Tecido adiposo: aumenta a diferenciação Redução da glicemia de jejum: 20 mg/dL
dos adipócitos e melhora as adipocinas Redução de HbA1c: 0,6 a 0,8%
- Macrófagos: diminui a inflamação É uma droga fraca
- Melhora a função do endotélio Desvantagens:
- Fígado: diminui a produção de glicose e - Angioedema e urticária
diminui esteatose - Possibilidade de pancreatite aguda
- Músculo: aumenta sensibilidade à insulina. - Aumento das interações por insuficiência
- Melhora o perfil lipídico. cardíaca (saxagliptina e eventualmente a alogliptina)
- Rara hipoglicemia Contraindicações:
- Hipersensibilidade aos componentes do - Náusea
medicamento. - Diarreias e vômitos
Linagliptina não requer ajuste de dose para - Pancreatite aguda
insuficiência renal – a preferível da classe na DRC. - Hipoglicemia, principalmente se associado a
secretagogos
Miméticos (agonista) e Análagos do GLP-1: - Aumento da FC
Fármacos que mimetizam as ações das incretinas - Injetável!!
- Aumento do nível de GLP-1, com aumento Redução da glicemia de jejum: 30 mg/dL
da síntese de insulina, e redução do glucagon Redução de HbA1c: 0,8 a 1,2%
- Retardo do esvaziamento gástrico Contraindicações:
- Saciedade a nível de SNC. - Sensibilidade e droga
Potencial extraglicêmico, em que a redução do
peso se apresenta como um dos principais
benefícios.
Representantes:
- Agonistas de curta duração: Exenatida,
liraglutida e Lixisenatida.
- Agonistas de longa duração: Exenatide long
acting release (LAR) e o dulaglutida.
- Exenatida 5 – 10 mcg 2x/dia Inibidores do SGLT2 ou Gliflozinas:
- Exenatida de liberação prolongada Mecanismo de ação:
2mg/semana SC - Inibe o receptor do cotransportador
- Liraglutida 0,6 a 1,8 mg sódio/glicose 2 (SGLT2) no túbulo renal proximal →
- Lixisenatida 10 – 20 mg inibe reabsorção de glicose → glicosúria.
- Dulaglutida 0,75 a 1,5 mg/semana SC REDUÇÃO DA MORBIMORTALIDADE CVC.
Vantagens: Efeitos colaterais:
- Redução do peso - Aumento da incidência de infecção urinária
- Redução da PA sistólica e candidíase vulvovaginal
- Rara hipoglicemia - Aumento da incidência de CA de bexiga (?)
- Redução da variabilidade pós-prandial Medicamentos:
- Redução de eventos cardiovasculares - Dapaglifozina 5 a 10 mg
Efeito adverso: - Empaglifozina 10 a 25 mg
- Canaglifozina 100 a 300 mg
Redução da glicemia de jejum: 30 mg/Dl
Redução de HbA1c: 0,5 a 1%
Vantagens:
- Rara hipoglicemia
- Redução de peso (2-3 Kg)
- Redução da PA → pelo efeito natriurético.
- Podem ser combinados com todos os
agentes orais e com a insulina.
Desvantagens:
- Infecção genital e urinária
- Poliúria, depleção de volume, hipotensão e
confusão mental
- Aumento do LDL-c
- Aumento transitório da creatinina
- Cetoacidose diabética.
Contraindicações:
- Disfunção renal moderada a grave (TFG ≤
60 mL/min)

➔ ESCOLHA DO AGENTE ANTIDIABÉTICO:


Levar em consideração:
- Estado geral, peso e idade do paciente
- Comorbidades presentes
- Valores de glicemias de jejum e pós-
prandial, bem como a HbA1c
- Eficácia do medicamento
- Risco de hipoglicemia
- Possíveis interações medicamentosas,
reações adversas e contraindicações
- Custo do medicamento
- Preferência do paciente.

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