Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
a) Estado Pós-Prandial
• A absorção intestinal de nutrientes eleva os níveis séricos de glicose, aminoácidos e quilomícrons. Isso
estimula a liberação de insulina, que apresenta como efeitos básicos: anabolismo e utilização da glicose
como o principal substrato energético.
o Anabolismo de carboidratos: a glicose é utilizada na glicólise, e o que “sobra” serve de substrato
para a síntese de glicogênio hepático e muscular (gliconeogênese)
o Anabolismo de lipídios: o excesso de glicose no hepatócito é usada para síntese de ácidos graxos
(lipogênese), e depois são transportados para os adipócitos
o Anabolismo de proteínas: os aminoácidos adentram as células e são utilizados na síntese
proteica.
I Módulo 801 – Problema 01 I Thiago Almeida Hurtado
b) Estado de Jejum (Interprandial)
• Visando a manutenção da glicemia sanguínea, há inibição da liberação de insulina, com estímulo a
secreção de hormônios contrarreguladores, como o glucagon. Nessa etapa há catabolismo e utilização
de ácidos graxos como principal substrato energético.
o Catabolismo de carboidratos: o glicogênio hepático é quebrado, liberando glicose para o sangue
(glicogenólise). Entretanto, esse estoque dura apenas de 24-48h.
o Produção hepática de glicose: à medida que o glicogênio se esgota, a glicemia é mantida pela
gliconeogênese, através de substrato de diversos tecidos (lactato, aminoácidos, glicerol...)
o Catabolismo lipídico: ocorre a lipólise (clivagem de triglicerídeos, liberando ácidos graxos
livres), devido aos hormônios contrarreguladores, os quais entram “em ação” devido a
hipoinsulinemia. Caso a liberação de ácidos graxos for excessiva, uma parte será aproveitada
pelo hepatócito para a cetogênese, que ocorre em pequena escala nos indivíduos não diabéticos
após jejum prolongado.
o Catabolismo das proteínas: são quebradas em aminoácidos, porém é um processo que ocorre em
pequena quantidade à curto prazo.
4 Outros tipos de DM
- Monogênicos (MODY)
- Diabetes neonatal
- Secundário a endocrinopatias
- Secundário a doenças do pâncreas exócrino
I Módulo 801 – Problema 01 I Thiago Almeida Hurtado
- Secundário a infecções
- Secundário a medicamentos
• A diabetes gestacional pode ser compreendida pelo fato de que a placenta produz hormônios
hiperglicemiantes e enzimas placentárias que degradam a insulina (condição diabetogênica). Na
grávida, isso leva a um aumento compensatório na produção de insulina e na resistência insulínica,
podendo cursar com disfunção das células beta. Cursa com intolerância a carboidratos de gravidade
variável, e é uma condição de risco tanto para a mãe quanto para o feto, diagnosticada durante o segundo
ou terceiro trimestre da gestação.
• O termo “outros tipos de DM” se refere a todas as outras formas menos comuns de DM, cuja
apresentação clínica é variável e depende da alteração de base que provocou o distúrbio do metabolismo
glicídico (defeitos genéticos, doenças do pâncreas....)
o Defeitos genéticos: é a MODY, também conhecida como maturity-onset diabetes of the Young. É
uma forma monogênica de diabetes com herança autossômica dominante, sendo caracterizada
por uma idade precoce de aparecimento (antes dos 25 anos) e graus variáveis de disfunção das
células beta. Representa de 1 a 2% de todos os casos de DM. Apresenta vários subtipos (a
depender do gene afetado) e consequentemente, clínica e resposta ao tratamento heterogênias
(MODY 2- apenas mudança de estilo de vida, MODY 3- tto igual DM).
o Diabetes neonatal: forma monogênica da doença, diagnosticada geralmente nos primeiros 06
meses de vida. Cerca de 50% dos casos são transitórios, podendo ocorrer recidivas durante a
puberdade (pode ser transitória ou permanente). Manifesta-se por baixo peso ao nascimento com
hiperglicemia nas primeiras semanas de vida (o período que aparece depende da forma de
diabetes).
o Doenças do pâncreas exócrino: pancreatite, trauma, pancreatectomia e carcinoma pancreático.
Para que uma pancreatopatia cause DM, é necessária uma perda entre 80 a 90% da massa
pancreática.
o Endocrinopatias: doenças que cursam com desequilíbrio entre a insulina e seus hormônios
contrarreguladores (excesso de GH, cortisol ou catecolaminas). Síndrome de Cushing,
feocromocitoma, gigantismo e acromegalia são exemplos de doenças que podem cursar com
diabetes.
• Os principais medicamentos correlacionados ao surgimento de Diabetes são:
o Pentamidina
o Ácido nicotínico
o Antipsicóticos atípicos
o Glicocorticoides
o Hormônio tireoidiano
o Diazóxido
o Agonistas beta-adrenérgicos
I Módulo 801 – Problema 01 I Thiago Almeida Hurtado
o Tiazídicos
o Intérferon-alfa
4) Diagnóstico
• Os critérios diagnósticos para DM1 são semelhantes aos utilizados para DM2, entretanto, no primeiro
caso o quadro clínico costuma ser muito mais chamativo do que no segundo.
• O diagnóstico de DM requer a demonstração laboratorial de hiperglicemia. A condição na qual os
valores glicêmicos estão acima dos valores de referência, mas abaixo dos valores diagnósticos de DM é
denominada pré-diabetes.
• Os exames solicitados para diagnóstico são:
o Glicemia de jejum: coletada em sangue periférico após jejum calórico de, no mínimo, 08 horas.
o TOTG: previamente à ingestão de 75g de glicose dissolvida em água, coleta-se uma amostra de
sangue em jejum para determinação da glicemia; coleta-se outra, então, após 02 horas da
sobrecarga oral. Permite a avaliação da glicemia após sobrecarga, a qual pode ser a única
alteração detectável no início do DM!
o Hemoglobina glicada (HbA1c): reflete os níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses e sofre
menos variabilidade diária, independendo do estado de jejum para sua determinação. Tal exame
consiste no fato de a glicose sanguínea ligar-se de maneira irreversível à hemoglobina durante o
período de vida da hemácia, que tem essa mesma duração. Esse resultado refere-se a média das
glicemias diárias, sendo 50% correspondente ao mês que precedeu o exame, 25% ao mês anterior
à coleta e 25% ao terceiro e quarto meses anteriores. É uma medida indireta da glicemia,
podendo estar alterada em casos de alteração da meia vida da hemácia, como:
▪ Anemia
▪ Hemoglobinopatia
▪ Uremia
• A confirmação do diagnóstico requer repetição dos exames alterados em uma segunda amostra de
sangue, na ausência de sintomas de hiperglicemia (“os 4 polis”).
• ATENÇÃO! Caso dois testes diferentes tenham sido solicitados ao mesmo tempo, e ambos sejam
concordantes para o diagnóstico de diabetes, nenhum exame adicional é necessário. Por outro lado, se os
testes forem discordantes, aquele que estiver alterado deverá ser repetido para confirmação ou não do
diagnóstico.
I Módulo 801 – Problema 01 I Thiago Almeida Hurtado
• ATENÇÃO! Pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia devem ser submetidos à dosagem ao
acaso e independente de jejum, não havendo necessidade de confirmação por meio de segunda dosagem
caso glicemia aleatória > 200 mg/dL.
• ATENÇÃO! O peptídeo C é negativo na DM1! Importante molécula para reflexo da secreção
pancreática
• ATENÇÃO! Devido a associação frequente com doenças auto-imunes, esses pacientes tem
recomendação de rastreio para doença celíaca e hipotireoidismo de Hashimoto.
Critérios laboratoriais para diagnóstico de normoglicemia, pré-diabetes e DM
Glicose em Glicose após TOTG Glicose ao acaso HbA1c
jejum (mg/dL) (mg/dL) (mg/dL) (%)
Normoglicemia < 100 <140 - < 5,7
Pré-diabetes
ou risco >100 e < 126* >140 e <200 - >5,7 e <6,5
aumentado
para dm
Diabetes >126 >200 > 200 + sintomas >6,5
5) Tratamento
• O único tratamento que comprovadamente reduz a morbimortalidade de pacientes com DM tipo 1 é a
insulinoterapia exógena. Sem ela, a maioria dos pacientes vai à óbito por cetoacidose diabética.
a) Alvos glicêmicos
• A terapia intensiva com insulina visa reduzir os níveis glicêmicos para valores o mais próximo possível
da normalidade. Para um melhor controle da glicemia, o paciente deve adquirir um glucosímetro,
aparelho capaz de medir a glicemia capilar.
• A mensuração de glicemia capilar é extremamente útil, por ser o principal fator para ajuste das doses de
insulina. Inicialmente, deve ser feita 04x ao dia (pré-prandial e antes de dormir). Além disso traz
grandes benefícios, por reduzir o risco de complicações agudas, como cetoacidose e hipoglicemia.
• Os “alvos glicêmicos” variam conforme a idade do paciente. São menos restritivos em relação as
crianças, por terem dificuldade de reconhecer os sinais e sintomas de hipoglicemia (para isso, toleram-se
níveis de glicose mais altos).
• A modificação terapêutica é obrigatória quando as metas não estiverem sendo alcançadas, ou na
presença de glicemias muito baixas. Valores de HB1AC > 7% também estão associados a
complicações microvasculares, portanto, também sendo indicativo para ajuste terapêutico.
o Para idosos, o nível de HbA1C deve ser individualizado.
o Para gestantes, o nível de HbA1C deve ser mais rígido (<6%), devido ao risco de malformações
fetais.
o ATENÇÃO! Por ser uma medida média da glicemia ao longo de 03 meses, a Hb1Ac não
dispensa a medida da glicemia capilar (o paciente pode apresentar episódios de hipo ou
hiperglicemia entre eles).
I Módulo 801 – Problema 01 I Thiago Almeida Hurtado
• ATENÇÃO! Para adultos as recomendações de HbA1c variam entre 6,5 a 7,0%, a depender da
sociedade científica. Contudo, o tratamento deve ser individualizado, podendo-se adotar metas mais altas
para pacientes com hipoglciemias assintomáticas ou graves (insuficiência renal, hepática, idosos...).
• ATENÇÃO! O valor de HbA1c igual a 7,0% interpreta-se como correspondente a uma glicemia média
de 154 mg/dL.
• ATENÇÃO! O número de medidas da glicemia é discutível. Como dito anteriormente, o mínimo são
quatro medidas diárias, porém, alguns estudos indicam que, quanto maior o número de medidas, melhor
o controle de HbA1c. Por exemplo, podem ser realizadas medidas 02 horas após as refeições e pelo
menos uma vez por mês, uma medida de madrugada (entre 3:00 e 4:00). O paciente também pode ser
instruído a realizar a medida antes e depois de um exercício físico intenso, para ajuste da insulina e
ingestão de carboidratos, assim como aumentar o número de medidas em período de doenças.
• ATENÇÃO! Recomenda-se que a HbA1c seja realizada a cada 3 a 4 meses em crianças e adolescentes,
com, no mínimo, duas medidas anuais. Para adultos com controles estáveis, sugerem-se duas medidas de
HbA1c ao ano.
• Devem ser utilizados análogos da insulina humana, os quais apresentam farmacocinética distinta
(aspecto que deve ser considerado no tratamento). O objetivo é manter as metas glicêmicas dentro do
limite da normalidade.
o Na prática, a reposição é feita com uma insulina basal (evita lipólise e liberação hepática de
glicose no período intraalimentar), uma insulina em bolus durante as refeições e doses
necessárias para corrigir as hiperglciemias pré e pós-prandiais ou no período interalimentar
(bolus de correção).
▪ Recomenda-se que a dose basal de insulina diária varie de 30 a 50% da dose total, tendo
como fim mimetizar a secreção endógena de insulina. O restante da dose deve ser feita
em bolus de correção.
• Tratamento inicial: 0,5 – 1,0U/kg/dia de insulina por via SC (paciente recém diagnosticado ou logo após
cetoacidose)
o Indivíduos com a doença em remissão parcial (“no início”) podem receber uma dose total entre
0,3 e 0,5 U/kg/dia. Com a evolução da doença, a dose pode ser aumentada para 0,7 a 1,0
u/kg/dia. Em situações de puberdade ou stress emocional/físico, a dose pode ser aumentada para
1,5 a 2 U/kg/dia.
I Módulo 801 – Problema 01 I Thiago Almeida Hurtado
d) Hipoglicemia
• É um efeito adverso comum, estando diretamente relacionado a terapêutica da DM.
• É uma condição indesejável, pois pode inclusive levar ao coma e sequelas neurológicas.
• Suas principais causas são:
o Omissão de refeição
o Erro na dose de insulina
o Exercício físico exacerbado não programado
o Ingestão excessiva de álcool
• O quadro clínico é caracterizado por:
o Fase hiperadrenérgica: tremores, sudorese fria, taquicardia, palpitações e hipertensão
o Fase neuroglicopênica: dificuldade de concentração, ataxia, letargia, sonolência, coma,
convulsões.
o ATENÇÃO! Pacientes com diabetes mal controlada (hiperglicemia crônica) podem fazer
sintomas hipoglicêmicos em glicemias relativamente altas, pois o neurônio se adapta a absorver
menos glicose. Esses pacientes também apresentam risco de hypoglycemia unawareness,
devido a disfunção do SNA, o que leva o QC diretamente a fase neuroglicopênica.
• O diagnóstico é firmado pela tríade de Whipple (quadro clínico + glicemia capilar reduzida + melhora
após administração de glicose).
o ATENÇÃO! Uma glicemia <70 mg/dL já é suficiente para iniciarmos o tratamento!
• ATENÇÃO! Sempre instruir o paciente acerca dos sintomas dessa condição, orientando-os a carregar
sempre um doce guardado, que possa ser ingerido no início dos sintomas.
I Módulo 801 – Problema 01 I Thiago Almeida Hurtado
• O tratamento, em ambiente hospitalar, é a aplicação de glicose hipertônica intravenosa, na dose de pelo
menos quatro ampolas a 50% (0,3-0,5 mg/kg), seguido por glicose IV de manutenção.
Gliconeogênese
GH Osmolalidade
Glicogenólise
Cortisol Glicemia
Insulina Lipólise
Catecolaminas Betaoxidação
Sensibilidade à
Glucagon Acidose metabólica
insulina
• A lipólise é um evento essencial na fisiopatologia, pois a liberação de ácidos graxos livres do tecido
adiposo sofre beta-oxidação no fígado, se transformando em corpos cetônicos (ácido beta-
hidroxibutírico e acetoacético). Esse processo é estimulado pelo aumento da relação
glucagon/insulina.
o Como consequência, há a cetonemia e acidose metabólica. Esse processo é exacerbado na
DM1, devido a ausência completa de insulina. Essa acidose é do tipo ânion-gap aumentado
(pode ser com AG normal, caso os cetoânions sejam eliminados ou consumidos antes da correção
do excesso de H+).
o Parte dos ácidos graxos livres são convertidos em triglicerídeos no fígado, o que leva a uma
hipertrigliciredemia grave.
• Devido ao aumento da osmolalidade, há desidratação, glicosúria, diurese osmótica e perda de fluidos e
eletrólitos. A diurese osmótica e a glicosúria levam a hemoconcentração, o que agrava o quadro de
hiperglicemia. Além disso, o aumento da osmolaridade provoca a saída de fluido e eletrólitos para o
espaço intravascular, o que leva a perda desses devido a diurese osmótica, consequente à hiperglicemia.
• ATENÇÃO! Na cetoacidose há um paradoxo em relação aos íons potássio e ao fosfato: apesar de
serem perdidos na urina, seus níveis séricos se mantém normais ou elevados! Isso se deve a:
o A depleção de insulina predispõe à saída de potássio e fosfato do meio intracelular.
o A hiperosmolaridade extrai água e potássio das células
o A acidemia promove a entrada de H+ nas células em troca da saída de potássio.
3) Quadro Clínico
• É demarcado por uma evolução lenta e progressiva dos sinais e sintomas de DM descompensado (os “4
polis”), acompanhados de náuseas, vômitos, sonolência, torpor e, finalmente, coma.
o Geralmente o paciente refere poliúria, polidipsia ou polifagia, associados a astenia e perda
ponderal, principalmente nos dias anteriores à instalação do quadro.
• O paciente, devido a acidose, encontra-se taquipneico e pode vir a desenvolver respiração de
Kussmaul (alcalose respiratória compensatória).
• O hálito cetônico (de maçã podre) é característico desse quadro.
• Devido a diurese exacerbada, o paciente encontra-se com sinais de desidratação, podendo até evoluir
para o choque hipovolêmico (queda da PA). Com a intensificação do quadro, a movimentação da
pleura e do peritônio torna-se dolorosa, sendo possível observar defesa muscular abdominal
I Módulo 801 – Problema 01 I Thiago Almeida Hurtado
localizada ou generalizada, sendo que a dor abdominal é um sintoma presente em até 51% dos
pacientes.
4) Diagnóstico
• A avaliação inicial deve incluir:
o Glicemia plasmática
o Ureia e creatina
▪ Encontram-se elevados pela depleção de volume intravascular (IRA pré-renal)
o Cetonemia
o Eletrólitos (+ cálculo de ânion-gap)
▪ Hipernatremia (pode ser pseudo-hiponatremia, devido ao efeito osmótico da
hiperglicemia, que acaba “diluindo” o sódio plasmático, a hipertrigliceridemia também
tem esse efeito).
▪ Normo ou hipercalemica (risco de arritmia)
▪ Normo ou hiperfosfatemia
o Hemograma
▪ Leucocitose em 55% dos casos (atividade adrenocortical – aumento dos glicocorticoides)
o ECG
o Cultura de prováveis sítios de infecção
o Exames de imagem para detecção de patologia precipitante.
• A American Diabetes Association adota como critério diagnóstico da CAD glicemia sanguínea > 250
mg/dL.
o ATENÇÃO! Alguns pacientes podem apresentar uma condição conhecida como CAD
euglicêmica, sendo essa mais vista em gestantes com diabetes, pacientes com redução da
gliconeogênese durante abuso do álcool e em uso de inibidores de SGTL2.
• O diagnóstico definitivo é firmado pela presença de: hiperglicemia, acidose metabólica e cetonemia ou
cectonúria significativa.
o Cetonúria > 2+
o Cetonemia > 3 mmol/L Diagnóstico de cetoacidose!
o Glicemia > 250 mg/dL
o ATENÇÃO! A medida de corpos cetônicos na urina e no sangue não detecta a presença de
betadroxibutirado, o principal cetoânion produzido. Portanto, a não detecção de corpos cetônicos
não exclui a presença destes!
• Como diagnósticos diferenciais, devem ser considerados:
o Cetose de jejum
o Insuficiência Renal Crônica
I Módulo 801 – Problema 01 I Thiago Almeida Hurtado
o Acidose lática
• ATENÇÃO! A ausência de derrame pleural ou infiltrado pulmonar no paciente severamente
hipovolêmico não exclui o diagnóstico de IVAS! Esses sinais se tornarão evidentes após reidratação.
• ATENÇÃO! O ânion gap aumentado pode indicar hiperlactetemia grave. Para exclusão desse basta
medir o lactato sérico.
5) Tratamento
• As metas do tratamento das crises são:
o Manutenção das vias respiratórias pérvias e, em caso de vômito, indicação de sonda nasogástrica.
o Correção da desidratação
o Correção dos distúrbios eletrolíticos e acidobásicos
o Redução da hiperglicemia e da osmolalidade plasmática
o Identificação e tratamento do fator precipitante.
a) Reposição hidroeletrolítica
• Infusão isotônica de NaCl a 0,9%, em média 15 a 20 mL/kg na primeira hora, buscando-se restabelecer a
perfusão periférica. Em crianças e adolescentes, a reposição hídrica inicial deve ser em média de 20 ml/kg.
• A escolha subsequente de fluidos depende da evolução dos eletrólitos séricos e da diurese. Caso evolua
com hipernatremia, deve-se prescrever solução hipotônica de NaCl 0,45%, em média, 10 a 14 ml/kg/h.
Portanto, devemos repetir a dosagem do sódio sérico após a primeira hora de hidratação!
• Com o início do débito urinário (função renal normal), inica-se a infusão de 20 a 30 mEq/L/h de KCL
19,1%, buscando manter o potássio entre 4 e 5 mEq/L.
• ATENÇÃO! Sempre monitorar os pacientes com falência cardíaca ou renal, devido ao risco de sobrecarga
de fluidos!
• ATENÇÃO! Devido a “pseudo-hiponatremia”, devemos descobrir o valor do sódio verdadeiro através de
correção pela seguinte fórmula.
I Módulo 801 – Problema 01 I Thiago Almeida Hurtado
b) Insulinoterapia
• ATENÇÃO! Devemos apenas iniciar a insulinoterapia caso o potássio seja superior a 3,3 mEq/L, devido
ao risco de arritmias associado à hipopotassemia.
• ATENÇÃO! A insulinoterapia só será eficaz caso medidas para restabelecimento da volemia já estejam
em curso! O início dessa antes da reposição volêmica pode agravar a hipovolemia e precipitar o choque
hipovolêmico (a entrada de glicose nas células espolia o meio intravascular)
• A insulina utilizada depende da gravidade do quadro de CAD:
o Leves/Moderados: insulina regular, via IM, em média 0,1 U/kg/h (máximo de 4U)
o Graves: insulina regular, IV, 0,1 U/kg/h (bomba de infusão)
• A infusão contínua de insulina deve ser mantida enquanto durar a cetonúria ou, preferencialmente, até
normalização do pH. A cetonemia pode ser acompanhada pelo cálculo do ânion-gap, que pode ser
realizado a cada duas horas inicialmente. Com a normalização, passa-se a via subcutânea.
• Atualmente, preconiza-se o uso de baixas doses de insulina, pois isso previne o edema cerebral devido a
correção gradual da glicemia e da osmolaridade.
• Quando a glicose atingir 200 a 250 mg/dL, deve-se iniciar o soro glicosado a 5%, associado a insulina
regular IV contínua a cada 4 horas (0,02 – 0,05 U/kg/h) até a resolução da CAD. Objetiva-se uma queda
média de glicemia de 50 a 75 mg/dl/h. Caso essa queda não ocorra, deve-se dobrar a dose de insulina e
averiguar se a hidratação está ocorrendo de forma adequada.
• Assim que o paciente estiver estabilizado, inicia-se o tratamento padrão para DM1 e dieta normal. Alguns
parâmetros laboratoriais que indicam a estabilização são:
o Glicemia < 200 mg/dL
o Bicarbonato sérico > 15 mEq/L
o pH > 7,3
c) Potássio
• As variações do nível de potássio sérico são o principal fator de risco para os pacientes. A acidose e a
hiperosmolaridade elevam o nível deste eletrólito no sangue, mesmo com uma importante depleção do
potássio corporal total.
• Caso os níveis de potássio estejam < 5 mEq/l, na presença de um fluxo urinário adequado, a reposição
pode ser iniciada!
• Não há consenso acerca da melhor solução a ser utilizada, entretanto, deve-se saber que 1ml de KCL a
10% tem 1,3 mEq e 1ml de KPO4 tem 1,48 mEq. Costuma-se usar o KCL, mas caso seja necessária a
reposição de fosfato, pode ser utilizado 1/3 do total em fosfato monopotássico 20% e o restante em KCL
10%.
o Se < 3,3 mEq/l → 40 mEq de potássio
o Se > 3,3 e < 5,0 mEq/l → adicionar 20 a 30 mEq de potássio por soro
o Se > 5 mEq/l → checar potássio de 2/2h e não fazer nada
I Módulo 801 – Problema 01 I Thiago Almeida Hurtado
d) Bicarbonato
• Geralmente não é recomendada de rotina, sendo usado apenas em casos graves de pacientes adultos
com acidose pH < 6,9.
• A dose preconizada é de 50 a 100 mmol, diluídos em solução isotônica de 400 ml.
• Deve-se atentar para possíveis complicações, como hipocalemia, acidose liquórica paradoxal, edema
cerebral e anóxia tecidual.
e) Fosfato
• Sua reposição é feita apenas em casos de extrema depleção desse íon, com manifestações clínicas graves,
como ICC, IRA e hipóxia.
I Módulo 801 – Problema 01 I Thiago Almeida Hurtado
6) Complicações
• Podem se dever a própria cetoacidose ou consequentes ao tratamento.
o Doença: infecção, hipertrigliceridemia grave (> 1,000 mg/dL), pancreatite aguda
o Tratamento: hipoglicemia e hipopotassemia (insulina),síndrome do desconforto respiratório
agudo, edema cerebral, acidose metabólica hiperclorêmica
a) Edema cerebral
• Complicação rara, geralmente ocorre em crianças com cetoacidose, entretanto, apresenta uma taxa de
mortalidade que pode exceder 70% (herniação de tronco e parada cardiorrespiratória)
• Fatores de risco: DM1 recém diagnosticada, HCO3 baixo, baixa pCO2, valores aumentados de ureia
sanguínea
• Fisiopatologia: na tentativa de manter um gradiente osmótico adequado, as células do SNC produzem
substancias osmoticamente ativas em seu interior. Durante a ressuscitação volêmica, há uma queda brusca
da osmolaridade sérica, ocorrendo um influxo maciço de líquido para o interior da célula, levando ao
edema cerebral, cuja intensidade é diretamente proporcional à velocidade da reidratação e a quantidade
de sódio ofertada.
• Quadro Clínico: piora do nível de consciência algumas horas após o início do tratamento, cefaleia súbita
de forte intensidade, incontinência, vômitos, agitação, desorientação, alteração de sinais vitais...
• Diagnóstico: TC ou RM de crânio.
• TTO: medidas de suporte (manitol + VM) e lentificação da correção do desequilíbrio hidroeletrolítico
d) Mucormicose
• É uma micose grave, causada por fungos saprófitas, que invadem as vias aéreas superiores e,
posteriormente, o seio cavernoso e o cérebro
• São mais comuns em pacientes imunossuprimidos.
• QC: eliminação de secreção enegrecida pela cavidade nasal
• TTO: anfotericina B e debridamento de áreas necrosadas
e) TVP
• Há um risco aumentado de eventos trombóticos devido a desidratação e aumento da viscosidade e
coagulibilidade sanguínea
• TTO: heparina profilática para pacientes em coma, com idade > 50 anos ou fatores de risco para trombose.