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Abcesso renal,peri-renal

e tuberculose urinária
Abcesso renal e peri-renal
• Abcesso Renal: é a presença de uma colecção de material
purulento confinado ao parênquima renal.
• Abcesso Peri-renal: resulta principalmente da ruptura de
um abcesso renal, com invasão bacteriana do espaço peri-
renal.
• Etiologia e Patogenia
Staphylococcus aureus
Esherichia coli e Proteus
Os abcessos localizados no córtex renal são em sua maioria
de disseminação hematogénica, enquanto que os
localizados na junção córtico-medular são originários das
próprias vias urinárias.
Factores de risco

Anormalidades anatomo-
funcionais como as patologias
obstrutivas e cálculos renais
Diabetes Mellitus
Usuários de drogas endovenosa
Pacientes em hemodiálise.
Quadro clínico
Febre
Calafrios
Náuseas e vómitos
 Disúria
 Dor localizada no ângulo costovertebral
 Presença ou não de uma massa no flanco
• O paciente apresenta sintomatologia há pelo menos 2
semanas, o diagnóstico deve ser considerado em paciente
com doença febri,dor nos flancos unilateral sem resposta ao
tratamento de pielonefrite aguda.
Exames complementares
• Exame de urina encontramos piuria e proteinuria apesar de
30% dos pacientes apresentam exame de urina normal e 40%
urocultura negativa.
• Raio-X do abdómen encontramos algumas anormalidades
como:
Massa abdóminal
Aumento global do rim afectado com margens pouco definidas.
Calculo renais
Desaparecimento da linha de psoas.
• A tomografia computadorizada e ecografia são mais sensíveis
para detectar e confirmar a suspeita diagnósticica.
Tuberculose do aparelho urinário
• TB é uma infecção bacteriana causada pelo que bacilo de Koch e ela
pode ser pulmonar ou extra-pulmonar.
• A TB extra-urinario vem aumentando nos últimos anos devido ao
maior número de indivíduos infectados pelo HIV e aumento da
resistência às drogas anti-tuberculosas.
• O trato genito_urinario é um dos locais mais comumente acometido
pela TB extra-pulmonar, podendo ser afectados um ou mais órgãos e
causar uma infecção crónica.
• Estima-se que no mundo todo, a TB génio-urinária é responsável por
14%das manifestações extra-pulmonar. Encontrar-se na urina de 15 -
20% dos pacientes de países subdesenvolvidos.
• A TB urinária é mais frequente em adultos (na média de 60%)entre
os 20 a 60 anos de idade e no sexo masculino.
Formas de tuberculose do aparelho urinário

• A tuberculose do aparelho urinário pode ser apresentada sob


diferentes formas clínicas, tendo em conta o local para onde ocorre a
disseminação hematogênica em relação a fonte primária de afecção.
• Entre elas se destacam:
• Tuberculose renal
• Tuberculose ureteral
• Tuberculose vesical
• Tuberculose na próstata e epidídimo
• Tuberculose renal
• A tuberculose renal é de origem hematogênica a partir de um foco
primitivo pulmonar, evolui lentamente, podendo levar de 15 a 20
anos para destruir um rim em um paciente com boa resistência a
infecção.
• Não há manifestações clínicas, como por ex: a dor, antes
da lesão envolver os cálices ou a pelve renal, altura em
que os microrganismos são eliminados na urina e surgem
sintomas de cistite.
• Num estádio mais avançado da tuberculose renal, o
parênquima pode ser completamente substituído por
substância caseosa (substância esbranquiçada) ou tecido
fibroso, com cicatrizes ou atrofias parciais do parénquima
renal. A função renal é geralmente preservada.
• Tuberculose ureteral
• A afecção do uréter é de 50% nos pacientes com TB renal e
a maioria das lesões é semelhante às renais.
• A infecção renal evolui para a mucosa pélvica renal e para o
uréter, envolvendo principalmente as junções pieloureteral
e ureterovesical, produzindo estenose e obstrução ureteral,
com consequente hidronefrose. A medida que a infecção
vai evoluindo, ocorre destruição tecidual e deposição de
cálcio.
• O uréter sofre fibrose e tende a se encurtar e, portanto,
rectificar. Esta alteração produz um orifício ureteral em
buraco de golfe, típico de uma válvula incompetente.
• Ocorre uma associação de caseificação e cavitação, cura por
fibrose e cicatrização.
• Tuberculose vesical
• As lesões tuberculosas vesicais são secundárias a tuberculose renal.
• A irritabilidade vesical é uma manifestação inicial quando a bexiga é
infectada.
• A infecção começa com a formação de tubérculos (nódulos elevados de cor
branca ou amarela) na região do orifício ureteral envolvido, que coalescem e
ulceram.
• Essas úlceras podem apresentar sangramento e num envolvimento grave, a
bexiga torna-se fibrosa e contraída, levando a uma hematúria e polaquiúria
acentuada.
• Pode haver desenvolvimento de refluxo ou estenose ureteral e hidronefrose.
• Se houver acometimento do rim contra lateral, é provavelmente resultado
de uma outra infecção via hematogênica.
• Tuberculose na próstata, vesícula seminal e epidídimo
• A passagem de urina infectada pela próstata pode levar a infecção da
próstata e de uma ou ambas vesículas seminais.
• O epidídimo também pode ser afectado secundário a infecção prostática.
Nestes casos, pode haver formação de abcesso no testículo ou até mesmo
ocorrer supuração do abcesso através da pele do testículo.
Quadro clínico
• Os sinais e sintomas da tuberculose genitourinária são de intensidade e duração
variáveis.
• A tuberculose urinária deve ser considerada na presença de qualquer uma das
situações seguintes:
Cistite crónica, insidiosa com predomínio polaquiúrico e que não responde a
tratamento adequado;
Piúria e cultura de sedimento urinário sem bactérias;
Hematúria microscópica ou macroscópica.
• Não existe um quadro clínico clássico da tuberculose renal.
• A maioria dos sintomas, mesmo no estádio avançado, tem origem vesical (cistite),
associados a um mal-estar generalizado, fatigabilidade, febre baixa persistente,
sudorese nocturna.
• Tuberculose activa em outros órgãos está presente em menos da metade dos
pacientes com tuberculose genito-urinária.
• Tuberculose renal / ureteral
Geralmente assintomática, sendo os sintomas provenientes do envolvimento vesical;
Ocasionalmente, pode haver dor no flanco;
Cólica renal e ureteral: resultado da passagem de um cálculo, por exemplo, uma
massa de resíduos ou um coágulo sanguíneo.
• Tuberculose vesical
Disúria
Polaquiúria
Nictúria
Hematúria total e intermitente
Irritabilidade vesical intensa (num estádio mais avançado)
Dor supra púbica (quando há ulceração, durante o
enchimento vesical)
• Tuberculose na próstata, ductos seminais e epidídimo
• É geralmente assintomática. Sintomas leves aparecem nos
casos em que a infecção se estende ao epidídimo como dor
e edema leve. Abcesso que drena para o testículo é
altamente sugestivo de tuberculose.
Meios auxiliares de diagnóstico

O exame de urina apropriado fornece a evidência mais importante para o diagnóstico da


tuberculose urinária.
A confirmação do diagnóstico baseia-se na baciloscopía, demonstração de bacilos da
tuberculose na urina por cultura.
Exame directo da Urina
Pesquisa de BK (Bacilo di Koch, Mycobacterium tuberculosis)
Hematúria
Proteinúria
A presença de piúria persistente após tratamento adequado para cistite bacteriana é
altamente sugestiva de tuberculose.
Cultura de urina
Verifica-se presença de piúria persistente na ausência de crescimento bacteriano na
urocultura convencional.
A cultura de urina matinal para bacilos da tuberculose é frequentemente positiva
quando enviados 3 amostras (80-90% dos casos).
Hemograma
O hemograma pode ser normal ou mostrar anemia na doença avançada
Velocidade de sedimentação
Aumentada
Meios auxiliares de diagnósticos radiológicos
Radiografia do tórax
Apesar de menos da metade dos pacientes com TB no tracto urinário
apresentar tuberculose pulmonar, é importante ter em mente essa
suspeita em pacientes com sinais e sintomas urinários e com imagem em
RX sugestivo de TP.
Radiografia simples do abdómen
Uma radiografia simples do abdómen pode mostrar aumento de um rim
ou obliteração das imagens do rim e do músculo psoas em consequência
do abcesso perinéfrico, quando presente.
Presença de calcificação pontuais do parênquima renal
Presença de cálculos renais em 10% dos casos.
Diagnóstico diferencial
A tuberculose urinária faz diagnóstico diferencial com as
seguintes patologias:
Cistite crónica (tumoral, infecciosa)
Pielonefrite
Cálculos renais
Shistosomíase urinária
Tratamento

• O tratamento da Tuberculose tem como objectivo:


A cura
Prevenir a morte por TB activa ou suas sequelas
Prevenir recaídas, falências ou recorrências
Diminuir a transmissão da doença na comunidade
Prevenir o desenvolvimento da resistência adquirida aos medicamentos
Prevenir as sequelas de TB
• O tratamento da tuberculose urinária (extra pulmonar) segue a
mesma linha usada na tuberculose pulmonar: com doses fixas
combinadas
Fase intensiva: 2 HRZE: 2 meses de 4DFC (Isoniazida, Rifampicina,
Pirazinamida e Etambutol). A toma e diária e de preferência na unidade
sanitária de seguimento
Fase de manutenção: 4HR: 4 meses de 2 DFC (Isonioazida e
Rifampicina). Toma diária.
• Caso especial: TB Urinaria + Insuficiência renal Sistema
Fase intensiva: 2 HRZ: 2 meses de 4 DFC (Isoniazida,
Rifampicina e Pirazinamida). Toma diária.
Fase de manutenção: 4 HR: 4 meses de 2 DFC (Isoniazida e
Rifampicina)
• É importante recordar que todo doente com diagnóstico de
tuberculose deve ser aconselhado e testado para HIV.
• Controlo do tratamento
• O controlo da eficácia do tratamento é feito por critérios
clínicos – melhoria do estado geral, sobretudo o aumento
do peso.
• A baciloscopia / cultura devem ser pedidas em caso de
suspeita de falência.
Critérios de transferência
• Tuberculose urinária com hematúria massiva
• Ausência de resposta ao tratamento específico
• Complicações associadas: nos homens, a infecção também
se pode propagar à próstata, às vesículas seminais e ao
epidídimo, formando uma tumefacção no escroto e
impotência sexual; nas mulheres, a tuberculose pode
cicatrizar os ovários e as trompas de Falópio, provocando
esterilidade.
Muito obrigado pela
atenção dispensada!!!

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