Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Âmbito da Urologia
• Doenças médicas e cirúrgicas do aparelho urinário masculino e feminino
o Excluem-se as doenças médicas não infeciosas do parênquima renal
• Doenças médicas e cirúrgicas do aparelho reprodutor masculino
o Infertilidade
o Disfunções sexuais
Urologia vs Nefrologia
• Urologia
o Especialidade cirúrgica
o Trata a doença macroscópica do rim
• Nefrologia
o Especialidade médica
o Trata doença microscópica do rim
Áreas de Fronteira
• Disfunção do pavimento pélvico feminino
o Particularmente se associada à incontinência urinária
• Doenças cirúrgicas da glândula suprarrenal
• Transplante renal
• Oncologia médica
• Imagiologia
• Doenças neurológicas
• Urologia pediátrica
• Fístulas urinárias
o Vesico-vaginais
o Entero-vesicais
Exame Teórico
• Juntamente com Ortopedia e Cirurgia
• 20 questões
Infeções do Aparelho Urinário
09/02/2021 – Dr. João Borda
Definições
• Infeção do trato urinário – resposta inflamatória do urotélio à invasão bacteriana,
geralmente acompanhada de bacteriúria e/ou piúria
• Bacteriúria – presença de bactérias na urina
o Assintomática – maioria não precisa de tratamento
o Sintomática
• Piúria – Existência de leucócitos na urina
• Bacteriúria sem piúria = colonização sem infeção
• Piúria sem bacteriúria = Tuberculose, litíase, tumor
Patogénese
• Interação entre a bactéria e o hospedeiro
o Virulência da bactéria
o Porta de entrada
o Defesas do hospedeiro
• Determinam o nível de colonização e de lesão do aparelho urinário
• Vias de Infeção
o Ascendente
▪ Entrada de bactérias através da uretra para a bexiga
▪ 50% podem migrar para o rim – pielonefrite
▪ Especialmente importante a contaminação vulvar com fezes e a
colocação de algálias
• Só se deve colocar algálias quando é estritamente necessário
• Risco aumenta 3-4% por cada dia de algaliação
o Hematogénea
▪ Raro
▪ Bacteriémia por S. aureus
▪ Fungémia por Cândida Albicans
• Agentes Patogénicos
o Comunidade
▪ Origem intestinal
• Escherichia Coli — 85%
• Proteus
• Klebsiela
• Enterococcus Fecalis
• S. saprophiticus
▪ Origem Vaginal
• Cândida Albicans
• Staphylococcus Epidermidis
o Hospitalar (Nosocomial)
▪ E coli
▪ Klebsiela
▪ Enterobacter
▪ Citrobacter
▪ Serratia
▪ Pseudomonas
▪ Gardnerella Vaginalis
▪ Mycoplasma
o Anaeróbios
▪ Documentados, mas incomuns
▪ Colonizam uretra distal, vagina e períneo
▪ Frequentes em infeções supurativas do aparelho urogenital
o Miobactérias
▪ Diagnosticadas com meios apropriados
▪ Piúria sem bacterirúria
▪ Implica uma avaliação global, como sempre que há suspeita de
tuberculose
o Clamídia
Manifestações Clínicas
• Pielonefrite
o Resultam da infeção parenquimatosa e podem desenvolver-se rapidamente
o Febre alta (40ºC)
o Calafrios
o Dor Lombar
• Cistite
o Resultam da inflamação e irritação do trígono e uretra
o Disúria
o Polaquiúria
o Urgência miccional
o Sensação de micção incompleta
Pielonefrite
• Disseminação ascendente
o Bandas inflamatórias desde medula à cápsula renal
o Lesões em cunha, com o apex na medula renal, com infiltrados de PMN e
eventualmente bactérias
• Apresentação clássica
o Início súbito de febre (39-40ºC)
o Arrepios
o Dor lombar
o Associados a disúria, polaquiuria, urgência miccional – uma vez que
corresponde a disseminação ascendente, também existe ITU baixa
• Exame Objetivo
o Dor à palpação angulo corto-vertebral
o Sinal de Murphy
▪ Pequena pancada que damos na região costo-vertebral
▪ Deve ser com pouca intensidade, não é preciso muita força até porque
se for positivo é bastante doloroso para o doente
• Diagnóstico
o Análises Sanguíneas
▪ Leucocitose com neutrofilia
▪ Aumento PCR
▪ Hemocultura positiva (25%) – apesar de ser por via ascendente pode
migrar para o córtex do rim e aí entrar em circulação
o Urina II
▪ Leucocitúria, por vezes com leucócitos em aglomerados
▪ Bacteriúria e cadeias de cocos
o Uroculturas
▪ Gram negativo
• E.Coli (80-90%)
• Proteus (2-5%)
• Klebsiella (2-5%)
• Pseudomonas (1%)
• Serratia, Enterobacter, Citrobacter (IU recorrentes, após
hospitalização, algalia/cateteres)
▪ Gram positivo
• E. Faecalis
• S. Epidermidis
• S. Aureus
o Ecografia/TAC
▪ IU complicadas e que não respondem após 72 horas
▪ Aumento do volume (edema) – hipoecogenecidade/hipodensidade
Abcesso Renal
• Pode ser complicação das patologias referidas anteriormente ou uma entidade isolada
• Epidemiologia
o Até 1950
▪ 80% Staphylococcus
▪ Via hematogénea
▪ Homens jovens
▪ Sem doença renal
o Após 1970
▪ Gram negativo, via ascendente, eventualmente associado a refluxo
▪ Associada com obstrução tubular ou litíase (2/3)
▪ Sem prevalência de sexo
▪ Raramente via hematogénea e antecedido por sépsis a gram negativos
• Clínica
o Febre alta
o Arrepios
o Dor no flanco e/ou abdominal
o Emagrecimento e mal-estar – devido a evolução insidiosa
o Ocasionalmente sintomas de cistite – se tiver origem em infeção ascendente ou
com fístula para o aparelho excretor
• Antecedentes pessoais
o Infeção Gram + até 8 semanas anteriores
▪ Em qualquer área do corpo - pele, boca, pulmões
o Pielonefrite nas semanas anteriores
o IU complicada associada com estase, cálculo, bexiga neurogénica, diabetes
• Diagnóstico
o Análise Sanguínea
▪ Leucocitose
▪ Hemocultura positiva (28 a 32%)
o Urina II
▪ Piúria
▪ Bacteriúria
o Urocultura
▪ Apenas dão positivas se origem IU ou rutura do abcesso para o excretor
o Ecografia
▪ Hipoecogenecidade de limites mal definidos, de ecoestrutura variável
▪ Difícil o diagnóstico diferencial com neoplasia
o TC
▪ Exame de eleição
▪ Com administração de contraste permite diagnóstico diferencial de
neoplasia
Orquite e Epididimite
• Definições
o Orquite – Inflamação do testículo
▪ Dor e edema consequente a infeção aguda do testículo
o Epididimite – Inflamação do Epidídimo
▪ Dor e edema súbitos consequentes a infeção aguda do epidídimo
• Patogénese e Etiologia
o Resulta da disseminação dos patogenes da uretra, próstata e bexiga, através dos
ductos deferentes para o epidídimo e posteriormente para testículo -
Orquiepididimite (Mais frequente, origem bacteriana)
o Via hematogénea - Orquite isolada (rara, origem viral)
o Crianças — Anomalias congénitas
o Adultos — HBP, Infeção Urinária, algaliação / DST
• Classificação
o Orquite e Epididimite aguda bacteriana
▪ Secundária a Infeção Urinária
▪ Secundária a DST
o Orquite e Epididimite Infeciosa não bacteriana
▪ Viral
▪ Fúngica
▪ Parasitária
▪ Rickettsia
o Orquite e Epididimite não infeciosa
▪ Idiopática
▪ Traumática
▪ Autoimune
▪ Induzida por Amiodarona
o Orquite e Epididimite crónica
o Orquialgia e Epididimialgia crónica
• Agentes Patogénicos
o Patogenes urinários
▪ ++ E coli, Pseudomonas
▪ Staphylococcus spp, Streptococcus spp
o Patogenes sexuais
▪ Heterosexuais
• Neisseria, Chlamydia, Treponema Pallidum
▪ Homosexuais
• E Coli, Haemophilus influenza
o Outros patogenes
▪ > Micobactéria, Vírus (Parotidite, Mononucleose)
▪ < fungos — candidíase, aspergilose, histoplasmose
▪ Ásia, África, América sul – Filaríase
• Tratamento
o Repouso
o Elevação do escroto
o Antibiótico –
▪ Ideal 3 semanas, pode ir até 4 a 6 semanas
▪ Fluoroquinolona PO
o Cirurgia – se formação de abcesso (raro)
Gangrena de Fournier
Resumindo:
Questões
• Não existe propriamente uma explicação para a torção aliviar com a elevação –
atualmente é um sinal com pouca importância clínica, professor só referiu porque
continua a vir descrito nos livros de semiologia
• TC veio substituir a UIV (Urografia IV)
Urgências Urológicas
16/02/2021 – Dr. José Santos Dias
Hematúria
• Investigação de Hemtúria Macroscópica
o Hemorragia ativa?
o Repercussão hemodinâmica?
▪ Hipotensão
▪ Prostração
o Anemia?
▪ Se já existir repercussão laboratorial já é sugestivo para uma patologia
mais grave
o Origem da hemorragia?
• Etiologia
o Pensar sempre em causa neoplásica – causa mais grave que deve ser desde logo
avaliada
o Rim
▪ Tumor (CCR, CCT)
▪ Glomerulonefrite
▪ Pielonefrite
o Ureter
▪ Litíase
▪ Carcinoma do epitélio de transição
▪ Invasão
o Bexiga
▪ Tumor (CCT; adenocarc., sarcoma)
▪ Litíase
▪ Cistite
o Próstata
▪ HBP
▪ Tumor (doença avançada)
• Uretrorragia não é hematúria!!!
• Abordagem
o Imediata
▪ Avaliação dos sinais vitais
▪ Medidas de suporte (suporte transfusional eventual)
▪ Algaliação (algália 3 vias)
• 1 via para drenar a urina
• 1 via para o balão da algália
• 1 via de instilação
▪ Lavagem vesical contínua
▪ Avaliação laboratorial (hemograma e coagulação)
o Diferida
▪ Diagnóstico etiológico
▪ Tratamento de doença de base
Patologia Traumática
Epidemiologia do Trauma
• Patologia tem diminuído em Portugal nos últimos tempos
• 1ª causa de morte nos jovens
• 5ª causa de sequelas moderadas a graves
• 6ª causa de morte no mundo
• Os rins são os órgãos genitourinários mais frequentemente afetados por traumatismo
Traumatismo Renal
• 85% são traumatismos fechados
• No caso de traumatismo aberto (arma de fogo, arma branca) – considerar sempre
traumatismo renal até prova em contrário
• Frequente quando há fratura das últimas costelas
• Mecanismos traumáticos – contusões diretas (boxe), acidentes de viação
• Classificação da AAST
o Grau I (mais comum)
▪ Contusão
▪ Hematúria macro ou microscópica
▪ Estudos urológicos normais
▪ Hematoma subcapsular não expansivo
▪ Sem laceração do parênquima
o Grau II
▪ Hematoma peri-renal não expansivo confinado ao retroperitoneu
▪ Laceração do córtex renal < 1 cm sem extravasão de urina
o Grau III
▪ Laceração córtex renal > 1 cm
▪ Sem rutura do sistema coletor
▪ Sem extravasão de urina
o Grau IV
▪ Laceração com extensão ao córtex, medula e sistema coletor
• Já existe extravasão de urina → Urinoma
▪ Lesão vascular do tronco principal; hemorragia contida
o Grau V
▪ “Shattered kidney”
▪ Avulsão do hilo renal com desvascularização
• Exames de Imagem
o Indicações
▪ Todos os adultos com traumatismo fechado e:
• Hematúria macroscópica
• Hematúria microscópica + choque
• Hematúria microscópica + lesão multi-orgânica
• Indicadores clínicos de lesão renal
• Mecanismo de desaceleração rápida – acidente de alto impacto
▪ Todas as crianças com traumatismo fechado e:
• Qualquer grau de hematúria
• Indicadores clínicos de lesão renal
• Mecanismos de desaceleração rápida
▪ Doentes com traumatismo aberto e qualquer grau de hematúria
o Tomografia Computorizada – 1ª linha
▪ Altamente sensível e específica
▪ Avaliação anatómica detalhada para o estadiamento:
• Lacerações do parênquima
• Extravasão de urina (contraste)
• Lesões associadas (intestino, pâncreas, fígado, baço)
• Hematoma retroperitoneal
▪ Avaliação funcional (contraste)
▪ Achados que sugerem lesão major
• Hematoma da face interna → Lesão vascular
• Extravasão urinária da face interna → Lesão do bacinete ou
junção pielo-ureteral
• Ausência de captação de contraste pelo parênquima → Lesão
arterial
o Ecografia
▪ Rápido, não-invasivo e de fácil acesso
▪ Confirma presença de 2 rins, mas não avalia função
▪ Permite detetar líquido intraperitoneal ou hematoma retroperitoneal
▪ Não distingue hematoma de extravasamento urinário
▪ Não permite caracterizar lacerações do parênquima
▪ Ecografia normal não excluir lesão traumática do rim
• Tratamento
o Maioria dos casos (85%) são traumatismos fechados de grau I-II
o Estabilidade Hemodinâmica → Tratamento conservador
▪ Repouso no leito
▪ Hidratação
▪ Antibioterapia
▪ Suporte transfusional
▪ Monitorização – sinais vitais, hematócrito e hematoma retroperitoneal
o Abordagem terapêutica cada vez menos invasiva
o Estadiamento correto por TC – em regra podem ser tratados de forma
conservadora 98% dos traumatismos renais
o Traumatismo fechado – Indicações para exploração cirúrgica
▪ Absolutas
• Estabilidade por hemorragia renal
• Identificação intra-operatória de hematoma peri-renal pulsátil
ou em expansão (em doente operados por outro motivo e.:
hemoperitoneu por rutura esplénica)
• Lesão conhecida da vasculatura renal (Grau V)
▪ Relativas
• Lesão major do rim
• Extravasão de urina
• Fragmentos renais desvitalizados
• Laparotomia exploradora por outro motivo
o Traumatismo aberto
▪ Limiar mais baixo para exploração cirúrgica
▪ Pode ser tratado de forma conservadora, desde que corretamente
estadiado
Traumatismo Ureteral
• São órgãos muito “estreitos” e maleáveis, é raro um traumatismo que “acerte” neles, é
mais comum tratar-se de lesões iatrogénicas
• Feridas Penetrantes
o Raro
o Tratamento cirúrgico
o Abordagem multidisciplinar – geralmente não é apenas o ureter que se
encontra lesado
• Rutura Iatrogénica
o Tipo de lesão
▪ Avulsão/rutura
▪ Laceração
▪ Laqueação
▪ Desvascularização
▪ Queimadura
o Procedimentos
▪ Urologia – endourologia
▪ Ginecologia – histerectomia
▪ Cirurgia digestiva – resseção anterior do reto
▪ Cirurgia vascular – aneurisma da artéria ilíaca
o Por vezes identificada apenas no pós-operatório
▪ Febre
▪ Ileus
▪ Dor abdominal
▪ Leak persistente pelo dreno ou ferida operatória
o Tratamento
▪ Varia com o tipo e grau da lesão → Cateterismo ou cirurgia
▪ Reimplantação do ureter na bexiga
▪ Plastia da bexiga – fixação da bexiga ao psoas para esta ter mais
mobilidade
▪ Utilização de um retalho da bexiga para prolongar o ureter
▪ Ureter-ureterostomia – anastomose topo a topo do ureter
▪ Trans-ureter-ureterostomia – ureterostomia para o ureter contra-
lateral
Traumatismo Vesical
• Mais frequente traumatismos fechados
• Pode existir traumatismo da bexiga quando há lesão óssea com formação de arestas
cortantes
• Podem-se dividir as ruturas da bexiga em intra e extra-peritoneais
o Ruturas intra-peritoneais são mais graves
• Sinais e Sintomas
o Precoces
▪ Dor abdominal, defesa à palpação
▪ Hematúria (contusão)
▪ Anúria (rutura)
▪ Uretrorragia
o Tardios
▪ Abdómen agudo
• Diagnóstico
o Tomografia computorizada
o Cistografia retógrada
▪ Para avaliação de extravasão
▪ Por vezes a pressão normal do aparelho urinário não é suficiente para
observação de extravasão, pelo que se injeta contraste por via
retrógrada para aumentar a pressão e ver se há extravasão
• Tratamento
o Cirurgia
▪ Rutura intra-peritoneal
▪ Grande rutura extra-peritoneal
o Algaliação
▪ Pequena rutura extra-peritoneal
Traumatismo Uretral
• Uretra posterior
o Mais frequente traumatismo da uretra membranosa, muito raro da prostática
o Normalmente associado a fratura pélvica
o Pode ser iatrogénica, associada a procedimentos como cistoscópio, algália
• Uretra anterior
o Uretra peniana e bulbar
o Quedas “em sela” – bicicleta, vedações, corrimões
o Sem fraturas do púbis
• Sangue no meato uretral → Não algaliar
o Podemos ter uma fratura parcial da uretra e na tentativa de algaliar podemos
piorar a situação
o Neste caso, devemos fazer uma uretrografia retrógrada para avaliar a presença
ou ausência de lesão
• Tratamento
o Derivação
o Algaliação
o Num primeiro tempo opta-se por tratamento mais conservador com derivação
para drenagem da urina e só posteriormente se realiza o tratamento da lesão
uretral em si
Traumatismo Peniano
• Geralmente relacionados com trauma sexual
• Tipos de lesão
o Fratura do pénis
o Falsa fratura
o Estangulamento
o Necrose
o Corpos estranhos
o Ferida
• Fratura dos Corpos Cavernosos
o “Eggplant deformity”
o Surge geralmente como consequência de atividade sexual com a mulher por
cima → Curvatura forçada ultrapassa a capacidade de extensão da túnica
albugínea (fratura do lado da convexidade)
o Manifestações Clínicas
▪ Som de fratura
▪ Dor intensa
▪ Edema subcutâneo
▪ Hemorragia
o Exames Complementares
▪ Ecografia
• Exame mais usado
• Disrupção da linha hipoecogénea correspondente à albugínea
• Hematoma
▪ Cavernosografia
▪ Ressonância
• Melhor exame para visualização da lesão, mas não se faz em
contexto de urgência
▪ Exploração cirúrgica
• Quando existem muitas dúvidas diagnósticas
o Tratamento cirúrgico
▪ Remoção da pela e tecidos subcutâneos
▪ Localização do ponto de rutura
▪ Rafia – sutura da fratura
• Falsa Fratura
o Geralmente corresponde a rutura de um vaso importante
o Quadro clínico muito semelhante a fratura do pénis
▪ Edema não é tão rápido como na fratura, é mais gradual
▪ Sem som de fratura
▪ Possibilidade de nova ereção
▪ Sem rutura
o Exames Complementares
▪ Sem exame de imagem com informação definitiva
▪ RM parece promissora
▪ Mandatória a exploração cirúrgica
o Tratamento
▪ Evacuação do hematoma
▪ Laqueação da rutura do vaso
• Estrangulamento
o Por dispositivos/brinquedos (anéis constritores não distensíveis - metálicos são
os mais comuns)
o Edema linfático → Retenção venosa → Lesão cutânea
o Graus
▪ 1 – Edema peniano
▪ 2 – Lesão Cutânea
▪ 3 – Lesão cutânea e perda sensitiva
▪ 4 – Constrição, divisão dos corpos cavernosos e fístula
▪ 5 – Gangrena, necrose e amputação
o Tratamento
▪ Conservador → Grau 1 e 2
• Gelo
• AINE
• Algaliação temporária
▪ Imediato → Grau 3, 4 e 5
• Descompressão
• Restauração da circulação peniana
• Eliminação da causa de estrangulamento
• Necrose
o Provocado por arteriopatias variadas
o É possível reverter alguns casos de necrose distal recorrendo a tratamento
conservador
o Tratamento
▪ Conservador
• Monitorização
• Antibióticos
• Hidratação
• Câmara hiperbárica
▪ Cirúrgico
• Amputação total ou parcial
• Corpos Estranhos
o Anamnese e Exame Objetivo
▪ Palpável
▪ Número
▪ Composição
▪ Forma
▪ Orientação
o Se existir retenção urinária é necessário colocar um cateter suprapúbico
o Podem ser necessários exames complementares de diagnóstico como RX,
ecografia ou TC para perceber exatamente a localização do corpo estranho
Traumatismo Escrotal
• Patologia
o Lesão do testículo
o Lesão da pele – perda de substância
• Avaliação Diagnóstica
o Anamnese e Exame Objetivo
o Ecografia escrotal
▪ Avaliação da integridade da albugínea
• Tratamento
o Varia com o grau e tipo de lesão
o Rutura da albugínea ou hematoma compressivo → Cirurgia
Questões
• Num doente com traumatismo da uretra qual é o timing entre considerarmos punção
supra-púbica se não pudermos intervencionar no imediato?
o Preciso passar alguns minutos ou horas para a pessoa ter a bexiga cheia
o Pode-se fazer uma punção aberta, se o doente tiver um traumatismo da bexiga
e esta não encher
o O timing vai então depender do tempo que demora a bexiga a estar cheia
• Na laceração da uretra considera-se a punção supra-púbica?
o Se a laceração for apenas parcial, e o doente conseguir urinar pode-se tentar
uma abordagem conservadora
o Mesmo na laceração parcial pode ser preciso a punção supra-púbica de forma
a que a urina não passe na uretra, para que não promova o atraso na
cicatrização
o Se a laceração for completa, realiza-se sempre punção supra-púbica
Oncologia Urológica
23/02/2021 – Dr. Tito Palmela Leitão
Neoplasia do Rim
• Carcinoma de Células Renais
• Oncocitoma
o Benigno
o Não distinguível imagiologicamente do carcinoma de células renais
• Angiomiolipoma
o Beningo
o Surge hiperecogénico na ecografia
• Outras neoplasias raras
o Adenoma
o Leiomiomas
o Hemangiomas
o Lipomas
o Neoplasia de Células Juxta-Glomerulares
o Fatores Histológicos
▪ Subtipo Histológico
• Células Claras (Convencional) → + agressivo
• Papilar
• Cromófobo → - agressivo
▪ Invasão Microvascular
▪ Características Sarcomatoides
o Fatores Clínicos – Performance Status (ECOG)
▪ 0 – Atividade Normal
▪ 1 – Sintomas de doença, mas deambula e realiza as suas atividades
normalmente
▪ 2 – Fora do leito > 50% do temo
▪ 3 – No leito > 50% do tempo, necessidade de Cuidados Intensivos
▪ 4 – Restrito ao leito
• Tratamento
o Doença Localizada
▪ Nefrectomia Parcial – 1ª linha
• Remoção do tumor com preservação da maior quantidade de
órgão possível
• Tem cerca de 15x mais risco de complicações do que uma
nefrectomia radical
▪ Nefrectomia Radical
• Aberta ou Laparoscópica
▪ Tratamentos Alternativos
• Crioablação
• Radiofrequência
• Embolização
• Todas elas têm resultados oncológicos muito inferiores à
excisão do tumor através de nefrectomia
▪ Não está indicado tratamento adjuvante – são tumores resistentes a QT
e RT
o Doença Metastática
▪ Nefrectomia Cito-redutora
• Remoção da maioria do bloco do tumor, aumentando a
sobrevida
• Necessário tratamento sistémico
• Resseção das metástases melhora a sobrevida
▪ Inibidores de Angiogénese
• Sorafenib - Multikinase Inhibitor
• SuniXnib - Oxindol Tyrosine Kinase Inhibitor
• Temsirolimus
• Bevacizumab - AnX-VEGF
• Pazopanib
• AxiXnib
• Everolimus
• Seguimento
• Prognóstico
o Sobrevida livre de doença aos 10 anos
▪ T1-2 = 98%
▪ T3c = 43%
o Nos doentes com neoplasia metastizada a esperança média de vida é de 2 a 3
anos
Neoplasias Vesicais
• Mesmo tumor que a neoplasia do urotélio superior, apenas situada num órgão diferente
• Epidemiologia
o Neoplasia mais frequente do aparelho urinário
o M : F = 3,8 : 1
o 75-85 % - Tumor Não Invasivo da Muscular (pTa ou pT1)
o Alto Risco de Recorrência / Baixo Risco de Progressão
• Fatores de Risco
o Tabaco
▪ Triplica Risco
▪ Causa de 50-60 % dos tumores nos homens
▪ Causa de 20-30 % dos tumores nas mulheres
o Profissionais das indústrias de:
▪ Impressão
▪ Processamento de ferro e alumínio
▪ Pintura industrial
▪ Produção de Gás e Alcatrão
• Classificação
o Grau Histológico – OMS 2004
▪ Papiloma urotelial
▪ Neoplasia urotelial papilar de baixo potencial de malignidade
▪ Carcinoma urotelial papilar de baixo grau
▪ Carcinoma urotelial papilar de alto grau
o TNM
Neoplasia do Testículo
• Qualquer massa que surja nos testículos, até prova em contrário, é um tumor
• Se encontrarmos uma massa no testículo temos de excluir imediatamente um tumor do
testículo, porque o epitélio germinativo é o que se multiplica mais rapidamente
• Não existe tempo para pedir exames, doente deve ir nessa mesma semana, ou o mais
tardar na semana seguinte ao Urologista para ser operado
• Epidemiologia
o 1-1,5 % de todas as neoplasias no homem
o Incidência: 3 a 6 por 100.000 / ano
o Pico da incidência:
▪ 3ª década - Não Seminoma
▪ 4ª Década - Seminoma
o Bilateral em 1 a 2 % dos casos
o Clustering familiar
• Fatores de Risco
o Criptorquídea
o S. Klinefelter
o História familiar entre familiares de primeiro grau
o Tumor contralateral ou Tin
o InferXlidade
o Altura (não comprovado)
• Manifestações Clínicas
o Massa indolor unilateral (apresentação mais frequente)
o Dor testicular
▪ Sintoma inicial em 20%
▪ Presente em 27%
o Lombalgia e dor no flanco em 11%
o Mimetiza orquiepididimite em 10%
▪ Doente na faixa dos 20-40 anos que surge com manifestações de
orquiepididimite, não podemos apenas prescrever antibióticos e
mandá-lo para casa, tem de ser feita uma investigação rigorosa
o Ginecomastia em 7% (mais frequente em tumores não seminomatosos)
• Exames Complementares
o Ecografia Escrotal
▪ Sensibilidade 100%
▪ Desnecessária se tumor evidente clinicamente
▪ Necessária no follow-up do tes8culo contralateral
o RMN
▪ Sensibilidade 100% / Especificidade 95-100%
▪ Diferencia seminomatosos de não-seminomatosos
• Marcadores Tumorais
o Pedidos cerca 2 semanas após a cirurgia
o AFP - Alfafetoproteína (células do saco vitelino)
o hCG - Gonadotrofina Coriónica Humana (trofoblastos)
• Prognóstico
o Neoplasia com melhor prognóstico de todas
o Seminoma
▪ Bom Prognóstico (90%)
• Sobrevida Livre de Progressão aos 5 anos – 86%
• Sobrevida aos 5 anos 82%
• Critérios
o M0 ou M1 pulmonares
o AFP normal
o Qualquer hCG ou LDH
▪ Prognóstico Intermédio
• Sobrevida Livre de Progressão aos 5 anos – 80%
• Sobrevida aos 5 anos 75%
• Critérios
o M1 não pulmonares
o AFP normal
o Qualquer hCG ou LDH
▪ Mau prognóstico
• Nenhum doente é de mau prognóstico
o Tumor Células Germinativas não Seminomatoso
▪ Bom Prognóstico (56%)
• Sobrevida Livre de Progressão aos 5 anos – 89%
• Sobrevida aos 5 anos 92%
• Tumor primário testicular ou retroperitoneal
• Critérios
o M0 ou M1 pulmonares
o S0 ou S1
▪ Prognóstico Intermédio (28%)
• Sobrevida Livre de Progressão aos 5 anos – 75%
• Sobrevida aos 5 anos – 80%
• Critérios
o M0 ou M1 pulmonares
o S2
o Tumor primário testicular ou retroperitoneal
▪ Mau Prognóstico (16%)
• Sobrevida Livre de Progressão aos 5 anos – 41%
• Sobrevida aos 5 anos – 48%
• Tumor primário mediastínico
• Critérios
o M1 não pulmonares
o S3
• Tratamento Após Orquidectomia
o Sem Metastização à Distância
▪ Vigilância
▪ Cerca de 70% de probabilidade do doente estar curado
o Com Metastização à Distância
▪ Radioterapia
• Reduz a taxa de recidiva para 1-3%
• Grau de recomendação A
• Área de irradiação para-aórtica ou em stick de hóquei
o Atualmente sabemos que não é necessário fazer tratamento preventivo porque
os doentes respondem muito bem a quimioterapia e radioterapia – deve-se
manter vigilância e assim que identificada uma recidiva iniciar QT ou RT
o Nota: slides têm uma descrição mais exaustiva do tratamento
Neoplasia do Pénis
• Epidemiologia
o 0,1 - 7,9 por 100.000 habitantes
o Mais frequentes em países em vias de desenvolvimento
o Mais frequente em idosos
o Sobrevida aos 5 anos de 52%
o Crescimento lento
o Metastização é muito rara
o Metastização é gradual
• Fatores de Risco
o Higiene Descuidada
o Fimose (44-90% dos doentes)
o HPV tios 16 e 18 (50% dos doentes)
• Manifestações Clínicas
o Lesão Primária
▪ Glande 48%
▪ Prepúcio 21%
▪ Sulco coronal 6%
▪ Haste peniana 2%
o Adenopatias Inguinais palpáveis em 58%
o Micrometástases linfáticas inguinais em 20 %
• Diagnóstico
o Avaliação da Lesão Primária
▪ Exame Objetivo
▪ Biopsia da lesão
▪ Ecografia Peniana
o Avaliação dos Gânglios Linfáticos Regionais
▪ Exame Objetivo
▪ Se palpáveis – Biopsia
▪ Neoplasia que não salta etapas → Gânglios inguinais → Gânglios
Pélvicos → Metastização à distância
▪ Se gânglios inguinais forem normais não precisamos de investigar
metastização
o Avaliação de Metástases à Distância
▪ TC Abdomino-pélvico
▪ Telerradiografia de Tórax
• Classificação
o Carcinoma Espino-Celular 95%
o Melanoma
o Basalioma
o Tumores Mesenquimatosos 3%
• Tratamento
o Cirurgia Conservadora
o Amputação Peniana Parcial
o Amputação Peniana Total
Litíase e Obstrução Urinária
07/03/2021 – Dr. Sérgio Pereira
Litíase Urinária
Conceitos da Fisiologia
• Supersaturação
o Quanto mais saturada a urina, maior a probabilidade de desenvolvimento de
cálculos
o Concentração do soluto
o Carga iónica
o Ph urinário
• Epitaxia
o Se já existir um cálculo a probabilidade dos iões cristalizarem é muito superior
o Faz com que os cálculos cresçam por camadas
• Fatores Predisponentes
o Estase
o Infeção
• Presença de Inibidores – diminuem crescimento dos cálculos
o Citrato
o Magnésio
o Pirofosfato
o GAG
• Oxalato de Cálcio
o Cálculos mais frequentes
o Fisiopatologia
▪ Aumento de:
• Concentração
• Cálcio
• Oxalato
• Ácido úrico
▪ Diminuição de:
• Volumo urinário
• pH
• Citratos
• Magnésio
o Exemplo paradigmático – Exercício Físico
▪ Desidratação - ↑ concentração
▪ Ácido lático - ↓pH
▪ Suplementos proteicos - ↓pH
• Ácido úrico
o pH < 5.5
o Causas
▪ Hiperuricosúria
▪ Baixo volume urinário
• Diarreia crónica
• Desidratação crónica
▪ Baixo pH
• Cistina
o Defeito genético, autossómico recessivo
▪ Cromossoma 2p.16
▪ Mais recentemente cromossoma 19q13.1
o Absorção anormal, intestinal e tubular renal de aminoácidos dibásicos:
▪ Cistina, Ornitina, Lisina e Arginina (COLA)
o Estes aminoácidos agregam-se e forma cálculos bastante duros que crescem
rapidamente
• Fosfato amoníaco-magnesiano - “Struvite”
o “Cálculos de Infeção”
o pH > 7,2
o Estase
o Bactérias desdobradoras de ureia
▪ Proteus mirabilis - principalmente
▪ Pseudomona spp
▪ (mas não a E. coli)
Localização
• Bacinete
• Zonas de estreitamento
o Junção pielo-ureteral
o Cruzamento com os vasos ilíacos
o Junção uretero-vesical
Fisiopatologia
Clínica
• Assintomática
• Relacionada com
o Obstrução
o Infeção
• Cólica renal
Avaliação
• Diagnóstico de litíase
• Caracterização da litíase
• Diagnóstico da obstrução
• Despiste da infeção associada
• Identificação de fatores de risco
Exames Complementares
• Análises
o Sangue
▪ Ureia e creatinina
▪ Leucograma
▪ Glicémia
▪ Ionograma
▪ PCR
o Urina
▪ Cheiro e urina turva, típicos de infecção
▪ Hematúria
▪ Eliminação de cálculos ou cristais
▪ Ph urinário
▪ Leucocitúria ou piúria
▪ Presença de bactérias
• Ecografia
o Melhor Método para Identificar
▪ Presença de litíase
▪ Repercussão mecânica aguda sobre o excretor
oPode mostrar
▪ repercussão crónica
▪ existência de infeção do parênquima, do excretor ou peri-renal
▪ presença de fatores predisponentes
o Limitações
▪ Identificação química provável dos cálculos
▪ Avaliação do tamanho e forma dos cálculos
▪ Visualização de cálculos do ureter médio
▪ Correta avaliação da massa litiásica
▪ Avaliação da função renal
• Rx Simples de Abdómen
o Incluir sempre toda a bacia
o Complementar a ecografia
o Método mais simples para avaliar
▪ A natureza química da litíase (presumível)
▪ Corretamente a massa litiásica radiopaca
▪ A progressão dos cálculos
▪ A eficácia das terapêuticas
• TAC
o Aquisição helicoidal ou “multislice”
o Melhor método para avaliação dos cálculos
o Normalmente não é necessária a administração qualquer contraste
endovenoso
o Permite a visualização de cálculos “radiotransparentes” como os de ácido
úrico e a localização de cálculos em todo o trajeto do ureter
Cólica Renal
• Quase sempre a causa é litiásica
• Pode também dever-se a:
o Necrose papilar
o Coágulo
o Tumor
• Pródromos frequentes
o Náuseas e vómitos
o Hipotensão
o Hipersudorese
o Sialorreia
• Características Típicas
o Carácter ondulante
o Sem posição de alívio
o Localização mal definida, visceral
o Piora com a ingesta hídrica
o Irradiação inguinal ou genital homolateral
• Abordagem imediata depende de:
o tamanho do cálculo e probabilidade de eliminação espontânea
o complicações médicas
o obstrução grave
o infeção
o sintomatologia
• Analgesia
o 1ª linha – AINE – metamizol, diclofenac
▪ ↓ PGE2
▪ ↓ Fluxo sanguíneo renal
▪ ↓ Pressão hidrostática
▪ ↓ Dor
o 2ª linha – Opioide – morfina, tramadol
• Cólica Renal “Simples”
o Características
▪ Lombalgia típica
▪ Cede à terapêutica analgésica
▪ Sem febre
▪ Sem alterações hemodinâmicas
o Tratamento
▪ Analgesia
▪ Restrição hídrica
▪ Terapêutica Médica Expulsiva
• Até 10mm
• α-bloquante até 4 semanas
o Relaxamento do ureter distal
• Numa obstrução urinária alta até 4 semanas, o rim recupera a
função
• Cólica Renal Complicada
o Características
▪ Infeção urinária / febre
▪ Dor ou vómitos não controláveis
▪ Obstrução bilateral
▪ Obstrução em rim único
▪ Obstrução em rim transplantado
▪ Insuficiência renal
o Tratamento
▪ Derivação urinária – cateter duplo J ou nefrostomia
▪ Antibioterapia EV
Prevenção
• Medidas
o Ingestão Hídrica
▪ 2,5 – 3 litros / dia
▪ Evitar refrigerantes
o Dieta
▪ Dieta equilibrada
▪ Cálcio: 1 – 1,2 g / dia
• Cálcio liga-se aos oxalatos no intestino
• Na sua ausência, oxalatos são absorvidos e o aumento da sua
concentração leva ao desenvolvimento de cálculos
▪ Sódio: 4 – 5 g / dia
▪ Proteína animal: 0,8 – 1 g / dia
o Estilo de Vida
▪ IMC adequado
▪ Atividade física
▪ Compensação hídrica
• Análise do Cálculo
o Espectroscopia por infravermelhos
o Difração de Rx
• Indicações para Estudo Metabólico
o Recorrência
o História familiar
o Patologia intestinal
o Osteoporose / fraturas patológicas
o Infeção
o Hiperuricémia
o Rim único
o Insuficiência renal
o Comorbilidades
o Anomalias anatómicas
o Cálculos de cistina, ácido úrico ou estruvite
• Análises
o Sangue
▪ Creatinina
▪ Ionograma
▪ Cálcio
▪ Fósforo
▪ Ácido úrico
o Urina 24 horas – 2 colheitas em dias diferentes
▪ pH
▪ Osmolaridade
▪ Creatinina
▪ Cálcio
▪ Fósforo
▪ Magnésio
▪ Ácido úrico
▪ Oxalatos
▪ Citrato
▪ Cistina
Tratamento
• Vigilância
• LEOC – Litotrícia Extracorporal por Ondas de Choque
o Fonte de energia geradora de ondas de choque
▪ Electrohidráulica
▪ Electromagnética
▪ Piezoeléctrica
o Interface de acoplamento
o Focagem das ondas
o Sistema de localização
o Resultados
▪ 80-90% de sucesso nos cálculos renais < 2cm
▪ 50-60 % de sucesso nos cálculos do ureter médio
▪ A taxa de sucesso eleva-se a valores muito mais elevados, próximos
dos 100% quando associada a outras modalidades terapêuticas
o Contraindicações
▪ Diátese hemorrágica
▪ Gravidez
▪ Insuficiência renal
▪ Obesidade extrema
▪ Obstrução distal
• EndoUrologia
o Ureterolitoextração
▪ Introdução de um ureteroendoscópio, através da uretra→
bexiga→ureter
▪ Se forem cálculos pequenos podemos simplesmente remover
▪ Os cálculos maiores precisam de ser fragmentados
▪ Taxas de Sucesso
• 99% nos cálculos distais
• 70-80% nos cálculos médios
• 70% nos cálculos proximais
o RIRS – Retrograde Intrarrenal Surgery
▪ Técnica semelhante à anterior mas em que o ureteroendoscópio
chega até ao interior do rim
o PCNL – Nefrolitotomia Percutânea
▪ Realiza-se punção do rim, preferencialmente no cálice com mais
cálculos para se tratar
▪ Indicações
• Cálculo coraliforme ou > 2,5 cm
• Cálculo de cistina (litotrícia ultrassónica)
• Anatomia contraindicando leoc
• Anomalias uretéricas estenosantes
• Divertículos caliciais
▪ Contraindicações
• Diátese hemorrágica
• Obesidade extrema
• Interposição cólica
• Esplenomegália franca
o ECIRS – Endoscopic Combines Intrarenal Surgery
▪ Combinação das duas técnicas anteriores
▪ Aumenta a eficiência
▪ Necessidade de duas equipas cirúrgicas e o dobro da aparelhagem
o Fontes de Energia para fragmentar o cálculo
▪ Electrohidráulica
▪ Pneumática
▪ Ultrassónica
▪ Laser
▪ Mecânica
• Cirurgia aberta/laparoscópica
o Ureterolitotomia
▪ Muito raro
▪ Implica a abertura do peritoneu e incisão do ureter para remoção do
cálculo
▪ Pode ser realizada se existir uma estenose do ureter e tiver de ser
reparada
o Pielolitomia
o Nefrolitotomia anatrófica e radiária
▪ Cirurgia renal aberta para remoção do cálculo
Anexo 1 – Algoritmo terapêutico – Litíase Renal
Obstrução Urinária
Definição
• Impedimento estrutural ou funcional do normal fluxo da urina, desde os cálices ao
meato uretral
Importância da Patologia
• Muito comum
o 2ª causa urológica de ida à urgência, após infeção urinária
• Complicações potencialmente graves
o Infeção
o Lesão renal irreversível
Anatomia
• Ureteres percorrem todo o retroperitoneu e a cavidade pélvica – qualquer anomalia
das estruturas adjacentes pode causar obstrução
• Uretra masculina é muito mais comprida e sinuosa, atravessando mais estruturas –
maior risco de obstrução
• Trígono vesical da mulher tem uma estreita relação com o colo do útero, pelo que
patologias do colo do útero podem-se refletir por obstrução
Hidronefrose
• 3 a 3,8%
• Sexo masculino – > 60 anos
• Sexo feminino – 20 – 70 anos
• Idade pediátrica – 2 – 2,5%
o Patologia pediátrica comum nesta situação é o Refluxo vesico-uretral que
geralmente resolve espontaneamente após um ano de vida
Etiologia
• Alterações anatómicas
• Alterações funcionais
• Compressão extrínseca
• Obstrução mecânica
Classificação
• Congénita vs. Adquirida
• Aguda vs. Crónica
• Parcial vs. Completa
• Aparelho alto vs. Aparelho baixo
o Alta – Impede o enchimento vesical
o Baixa – Impede o esvaziamento vesical
• Benigna vs. Maligna
Tratamento
• Vigilância
o Litíase
o H.B.P.
o Gravidez
o R.V.U.
• Terapêutica Médica
o Cólica renal
o HBP
• Endourologia
o R.U.A.
o Cólica renal
o Hidronefrose
o infectada
o Pionefrose
• Cirurgia
o H.B.P. (com sintomatologia severa ou complicações)
o Estenose uretral
o Litíase
o Carcinoma da próstata
Drenagem/Derivação urinária
• Obstrução alta
o Nefrostomia
▪ Técnica de Seldinger
▪ Urina recolhida através de saco coletor
o Stent ureteral JJ
▪ Cateter que é colocado desde o rim até à bexiga
▪ Tempo máximo – 12 meses
▪ Complicações – Síndrome do Stent
• Infeção urinária
• Polaquiúria
• Disúria
• Hematúria
• Dor
• Obstrução baixa
o Algália
o Cistocateter
Introdução
• Doenças da próstata representam cerca de 30% das doenças em urologia
• 3 grandes entidades
o Hiperplasia Benigna da Próstata – 80%
o Cancro da próstata – 18%
o Prostatite – 2%
• Nota: HBP não evolui para cancro nem vice-versa, no entanto são entidades que podem
coexistir simultaneamente
Anatomofisiologia
• Glândula do aparelho genital masculino
• Localiza-se à frente do reto e logo abaixo da bexiga
• Envolve a uretra na sua porção inicial (uretra prostática)
• Vesículas seminais estão em estreita relação com a próstata, prolongando-se
posteriormente à bexiga
• Fáscia de Denonvilliers – Separa o reto da próstata e das vesículas seminais
o Barreira relativamente eficaz a disseminação de infeções e de doenças
oncológicas
o Carcinomas da próstata muito avançados podem comprimir o reto, mas não é
habitual que haja invasão do mesmo
• Plexos nervosos do pénis passam muito próximo à próstata antes de se dirigirem ao
pénis, daí o risco de disfunção erétil associado a cirurgia da próstata
o Atualmente realizam-se técnicas de “nerve sparing” em que se faz incisão muito
mais seletiva de forma a poupar os plexos nervosos principais
• Topograficamente - 3 zonas
o Zona periférica (75%) – cancro da próstata e prostatite
▪ Zona maioritária no adulto jovem
o Zona de transição (5%) – HBP
o Zona central (25%)
• Segundo o conceito de McNeal as doenças da próstata desenvolvem-se
preferencialmente em cada uma das zonas referidas anteriormente
• Carcinoma da próstata surge tipicamente na zona periférica, o que não quer dizer que
mais raramente não possa surgir noutras regiões
Epidemiologia
• Projeções de envelhecimento da população – 2000 → 2035
o População com idade ≥ 60 anos vai duplicar
o População com idade ≥ 85 anos vai quadruplicar
• Patologia prostática vai-se tornar cada vez mais prevalente
Diagnóstico
• História clínica
• IPSS
• Toque rectal
• Análise de urina e secreções prostáticas
• Função renal
• PSA
• Urofluxometria
• Estudo urodinâmico
• Ecografia prostática transrectal
• TC/RMN/Cintigrafia óssea → Aumento da importância da RM Multiparamétrica
• Biópsia prostática
Anamnese
• No decorrer da anamnese é importante ter em mente que a HBP é a doença da
próstata mais frequente (sobretudo em homens a partir dos 50 anos de idade)
• 3 questões fundamentais
o Levanta-se durante a noite para urinar?
o O seu jato de urina está diminuído?
o Sente-se incomodado por sintomas da bexiga?
• História familiar de cancro da próstata
• Outros Sinais/Sintomas
o Hematúria
▪ Sinal/sintoma pouco frequente nas doenças da próstata
▪ Importante excluir outros tumores – ex.: Do aparelho urinário
o Dor à micção
▪ Excluir cálculo na uretra e infeção, ambos cursam com maior
frequência associados a este sintoma
o Dor óssea
▪ Apesar de raro pode ser o primeiro sintoma de neoplasia da próstata
• Diário Miccional
o Registo do número, hora e volume das micções
o Registo de eventos como imperiosidade, incontinência ou outros
o Eventualmente – ingestão de líquidos (hora, volume)
o Muito importante para distinguir sintomas prostáticos de outras causas, como
por exemplo: nictúria associada a insuficiência cardíaca por absorção noturna
dos edemas
Exame Objetivo
• Palpação Abdominal
o Nomeadamente da bexiga para despiste do globo vesical
• Toque retal
o Decúbito dorsal – posição preferencial da Urologia
▪ Próstata é a única estrutura que se encontra na face anterior do reto
o Dimensão de uma castanha
o Consistência
▪ Normal – Fibro-elástica, semelhante a ponta do nariz
▪ Tumores – consistência pétrea
o Nódulos / zonas de endurecimento – sugestivo de carcinoma
o Assimetria
o Mobilidade
o Dor à palpação – sugestivo de prostatite
Exames Laboratoriais
• Análises de Urina
o Urina tipo II
o Urocultura – excluir infeção
o Citologia urinária – deteção de células malignas
▪ Realizado em alguns casos com sintomas LUTS sem identificação da
causa
▪ São doentes que podem ter um carcinoma in situ da bexiga
• Secreções Prostáticas
o Só se realiza na suspeita de prostatite crónica
o Avaliação de leucócitos e exame cultural
• Função Renal
o Avalia a repercussão das doenças da próstata a nível renal, uma vez que estas
podem provocar insuficiência renal.
o Quando os valores surgem alterados o tratamento é urgente
• PSA – Antigénio Específico da Próstata
o Marcado específico do órgão – só aumente em doenças da próstata
o Corresponde a uma protéase produzida pelas células epiteliais prostáticas
o Promove a liquefação do esperma após a ejaculação
o No sangue, deteta-se concentrações muito baixas de PSA, porque a grande
maioria se encontra na próstata e apenas pequenas quantidades entram em
circulação
o Valores aumentados
▪ Tumor da próstata
• Marcadot elevado na maioria dos casos
• Maio desorganização da arquitetura leva a uma maior
passagem do PSA da próstata para a circulação sanguínea
▪ Prostatite
▪ Hiperplasia benigna da próstata (em 25% destes casos);
▪ Biopsia
▪ Cirurgia
▪ Instrumentação do aparelho / trato urinário inferior (TUI)
▪ Ejaculação
▪ Retenção urinária
o Valor sérico aumenta com a idade e com o volume da próstata
o Valores
▪ Normal até 4 ng/Ml
• Até 65 anos, depois deve-se adaptar à idade e volume
▪ PSA total entre 4 e 10 ng/mL → Determinação do PSA livre
• PSA livre baixo → Sugestivo de cancro da próstata
• PSA livre alto → Sugestivo de HBP
▪ PSA total > 10 ng/mL → Probabilidade de cancro de 60%
▪ PSA > 50 ng/mL → sugestivo de metastização
Urofluxometria
• Exame simples e não invasivo
• Recomendam-se vários fluxos com um volume urinário > 150 ml, para obter um
resultado valorizável
• Permite a avaliação das características miccionais e do fluxo urinário obtido e a
determinação da urina residual
• Doente urina para uma espécie de funil onde se encontra o fluxómetro
• Fluxómetro obtém uma curva do volume urinado
• A medida do fluxo máximo tem uma importante correlação com a presença de
obstrução urinária por HBO
• Fluxo nas Doenças de Próstata
o Atraso no início
o Taxa de fluxo máximo diminuído (valor mínimo normal - 15 mL/s)
o Jacto fraco
o Tempo total de micção prolongado
o Intermitência do jacto
o Sem final abrupto (“a pingar”)
• Resultados
o Qmax < 10 ml/s → Obstruído
o Qmax > 15 ml/s → Não obstruído
o Qmax 10 a 15 ml/s → Equívoco
• Especificidade – 70%
• Sensibilidade – 47%
• Um fluxo baixo por si não permite distinguir entre obstrução e detrusor hipocontrátil
o Para melhor avaliação podem ser necessários estudos urodinâmicos de
pressão/fluxo
Estudo Urodinâmico
• Colocação de sensores na bexiga do doente, sensores da micção, sensores da pressão
abdominal
• Permite fazer uma correlação entre o fluxo e a pressão no diagnóstico de obstrução
infravesical
• Comparando os valore obtidos com normogramas
• Através deste exame obtém-se uma ideia precisa do esforço realizado pela musculatura
vesical (vulgo, detrusor) durante o esvaziamento da bexiga
Ecografia Prostática Transretal
• Permite avaliar o volume e a ecostrutura prostática com grande fiabilidade
• Permite guiar as biópsias, bem como a anestesia antes da biópsia
• HBP – ecostrutura nodular, heterogénea e simétrica
• Carcinoma – área hipoecogénica com assimetria do contorno
o áreas hipoecogénicas que se estendem ou ultrapassam a cápsula prostática ou
as vesículas seminais podem indicar a extensão do tumor e permitem o seu
estadiamento local
• Permite uma melhor avaliação da próstata e das suas dimensões
o Apesar da ecografia suprapúbica não avaliar tão bem a próstata, permite uma
boa visualização da bexiga e das repercussões na mesma
• Epidemiologia
o Prevalência aumenta com a Idade
▪ Histológica
• 50% aos 60 anos
• 90% aos 80 anos
▪ Clínica
• 20% aos 50-60 anos
• 55% aos 80 anos
o Mais comum na raça negra
o Rara no extremo oriente
o Efeitos ambientais e da dieta
• Fisiopatologia
1. Obstrução do fluxo urinário
2. Hipertrofia do músculo liso + Infiltrações do tecido conjuntivo + Diminuição da
inervação parassimpática
3. Instabilidade do detrusor (comparável a arritmia na HVE)
4. Polaquiúria, urgência, incontinência súbita, risco aumentado de retenção
urinária grave
• Efeitos tardios no Aparelho Urinário
o Infeções urinárias
o Hiperatividade vesical
o Retenção urinária aguda
▪ Próstata aumentada de volume
▪ Sintomas graves
▪ Urina residual
▪ Fluxo baixo
▪ Idade avançada
o Retenção Urinária Crónica
▪ Atualmente não tão frequente pois a HBP é detetada precocemente
▪ Completa
• Cálculos de estase na bexiga
• Divertículos na bexiga (devido a aumento da pressão)
• RVU → Hidronefrose
• Insuficiência renal
▪ Incompleta – incontinência por regurgitação
o Insuficiência renal
• Abordagem – Avaliar:
o Gravidade dos sintomas
o Impacto sobre a qualidade de vida
o Volume da próstata
o Redução do fluxo urinário
• Terapêutica Médica
o Principal indicação → Sintomatologia moderada a severa
o Contraindicações
▪ Retenção urinária aguda ou crónica
▪ Insuficiência renal / uretero-hidronefrose
▪ Hematúria recorrente
▪ Infeção urinária recorrente
▪ Litíase vesical
▪ Divertículos vesicais
o α-bloqueantes
▪ Existem muitos recetores α-adrenérgicos no colo vesical e no estroma
prostático, responsáveis pela contração do músculo liso
▪ Doxazosina, alfuzosina, tansulosina, silodosina
▪ Modo de ação
• Relaxamento do músculo liso prostático e do colo vesical
• Diminuição da resistência ao fluxo urinário sem interferência na
contractilidade do detrusor
▪ Melhoria de 20 a 30% do fluxo e 20 a 50% dos LUTS
o Inibidores 5α-redutase
▪ 5α-redutase é responsável pela transformação da testosterona em
DHT, sendo que DHT é um metabolito ativo que faz crescer a próstata
▪ Finasteride, dutasteride
▪ Modo de ação
• Inibição da conversão da testosterona em dihidrotestosterona
• Redução do tecido epitelial
• Redução do volume da próstata
• Diminuição da resistência ao fluxo urinário
▪ Efeito a longo prazo – ação máxima em 6 meses
▪ Diminuição em 20% do volume da próstata
▪ PSA total cai para 50% do valor pré-tratamento
▪ Disfunção sexual em 3-5% dos doentes
▪ Diminuição dos riscos de cirurgia e de retenção urinária
o Anticolinérgicos
▪ Indicação – Sintomas de armazenamento que não cedem à terapêutica
▪ Solifenacina
o Inibidores PDE-5
▪ Particularmente úteis no LUTS + Disfunção erétil
▪ Mecanismo semelhante a α-bloqueante
o Fitoterapia
▪ Extratos de plantas – Serenoa repens
▪ Mecanismo de ação não totalmente esclarecido
▪ Melhoria da sintomatologia
▪ Aumento do fluxo urinário
▪ Sem estudos que comprovem a sua eficácia – podem resultar nalguns
doentes
o Terapêutica combinada
▪ α-bloqueante + inibidor da 5α-reductase
▪ α-bloqueante + anticolinérgico
▪ Já existem no mercado associações de dose fixa
• Terapêutica Cirúrgica
o Quando terapêutica médica está contraindicada ou não é eficaz
o Ressecção transuretral da próstata (RTU-P)
▪ Muito menos agressiva e traumática do que prostectomia aberta
▪ Menor tempo de internamento e recuperação
▪ Remove-se apenas a zona de transição, realizando-se cortes sucessivos
com um ressectoscópio (remoção em fatias)
▪ Cortes caem para o interior da bexiga, sendo aspirados no final da
operação
▪ Doente permanece com o mesmo risco de desenvolver cancro da
próstata que a população em geral
o Prostatectomia Aberta
▪ Melhor opção para o tratamento de próstatas grandes (>60g)
▪ Atualmente é uma opção eficiente e relativamente segura
o Complicações da Terapêutica Cirúrgica
▪ Hemorragia
▪ Incontinência urinária – rara, pois é removido apenas o esfíncter interno
▪ Aperto da uretra – 10%
▪ Disfunção sexual:
• Ejaculação retrógrada – impossibilita ter mais filhos, pois não
há exteriorização de esperma;
▪ Não dá impotência (ao contrário da ideia habitual que está difundida)
• Terapêuticas Alternativas
o Incisão transuretral da próstata
▪ Alargamento da uretra com um ou dois longos cortes na próstata e no
colo vesical
▪ Operação rápida com baixo risco operatório, com menos efeitos
secundários
▪ Eficácia a médio e longo prazo não está claramente demonstrada
▪ Preferencialmente utilizada
• Homens mais velhos com elevado risco cirúrgico,
• Homens muito novos que ainda pretendam vir a ter filhos
o Stent Prostático
▪ Utilizado apenas em doentes que não têm oportunidade de ser
operados
o Termoterapia prostática
▪ Pouco utilizada em Portugal
o Vaporização com Laser
▪ Realiza-se também por via transuretral, contudo, não são feitos cortes
pelo que existe menor número de complicações
Cancro da Próstata
• Epidemiologia
o Cancro mais frequente no homem
o Segunda causa de morte no homem
o Mais comum a partir dos 50 anos
o 80% diagnosticado após os 65 anos
o 70% têm origem na zona periférica da próstata
o Largo espetro da atividade biológica – desde indolente a letal
▪ História natural lenta
o Maior agressividade em homens jovens
o Incidência mais baixa no oriente do que no ocidente
o Maior risco na raça negra
o Mais frequente na exposição a Cádmio / indústria da energia nuclear
o Predisposição genética
• Rastreio do PSA
o Não se faz na população em geral
o Fazemos em indivíduos de risco, nomeadamente afro-americanos e doentes
com familiares diretos que tiveram cancro da próstata, principalmente em idade
jovem
• Fisiopatologia
o Embora a causa exata do cancro da
próstata não seja conhecida, sabe-se
que o adenocarcinoma da próstata é
androgénio-dependente
o Na sua fase inicial, o cancro da
próstata depende das hormonas
masculinas para crescer
• Anatomia Patológica
o 95% - Adenocarcinomas
o 4,5% - Carcinoma do epitélio de transição (urotélio)
o 0,5% - Tumores neuroendócrinos ou sarcoma
• Sistema de Gleason
o Classificação histológica
o Avaliação do aspeto microscópico em baixa amplização – baseia-se no
desarranjo da arquitetura da próstata
o Varia de 1 a 5
▪ Atualmente só valorizamos ≥ 3
▪ 1 e 2 já não são considerados tumor
o Resultado sob a forma de score – Variante predominante + 2ª variante
predominante
o Exemplo – 7 (3+4)
▪ Padrão 3 é o mais frequente naquela amostra
▪ Padrão 4 é o segundo mais frequente naquela amostra
o Forma aproximada de prever o comportamento biológico do tumor
• Diagnóstico
o Clínico
▪ Estadios precoces → Assintomático
▪ Sintomas sugerem doença avançada
▪ Toque retal – geralmente evidencia-se um endurecimento e
irregularidade de parte ou totalidade do órgão
o Laboratorial
▪ PSA total alterado
• Grande maioria dos casos são detetados pela alteração do PSA
• Não infalível, continuam a existir falsos positivos e falsos
negativos
• PSA livre permite-nos ter mais informação
o Alto – HBP
o Baixo – Carcinoma da próstata
▪ Alterações indicam quase sempre doença avançada:
• Elevação da ureia e creatinina séricas;
• Anemia;
• Elevação da fosfatase alcalina sérica
o Imagiologicamente
▪ Melhor método de imagem é a RM Multiparamétrica da próstata
• Permite diferencias áreas suspeitas de serem carcinoma da
próstata – identificação e dirigir as biópsias
• Sensibilidade maior para os tumores mais agressivos
• Estadiamento
o Exames
▪ Toque rectal
▪ Biópsia
▪ PSA total
▪ RMN/TC (se PSA > 10 ng/ml)
▪ Cintigrafia óssea (se PSA > 20 ng/ml)
▪ Cistoscopia
▪ Imagiologia do aparelho urinário alto
o Estadiamento TNM – Anexo I
• Classificação do Risco
o Baixo Risco
▪ Não palpável
▪ Gleason ≤ 6
▪ PSA < 10 ng/ml
o Risco Intermédio
▪ Palpável
▪ Gleason 7
▪ PSA 10 a 20 ng/ml
o Alto Risco
▪ Órgãos adjacentes
▪ Gleason ≥ 8
▪ PSA > 20 ng/ml
• Decisão terapêutica baseada em:
o Estadiamento clínico
o Esperança de vida
o Capacidade de assegurar sobrevida livre de doença
o Morbilidade associada a cada modalidade
o Preferência médico e doente
• Tratamento da Doença Localizada
o Prostatectomia Radical
▪ Método curativo mais eficaz deste doença, desde que esteja confinada
à próstata
• Realiza-se linfadenectomia pélvica bilateral das cadeias
linfáticas ileo-obturadoras
• Se exame extemporâneo mostrar metásteses interrompe-se a
cirurgia e não se realiza prostatectomia
▪ Remoção de toda a próstata + cápsula + vesículas seminais com
anastomose da bexiga à uretra
▪ Efeitos adversos
• Incontinência urinária
• Disfunção erétil
o Radioterapia externa
▪ Com intuito curativo
▪ Indicados em portadores da doença localizada que não possam ou não
desejem ser submetidos a cirurgia radical
▪ Eficácia a longo prazo duvidosa
o Braquiterapia prostática
▪ Colocação de sementes radioativas intraprostáticas, que libertam
radiação ao longo de 6 meses
▪ Menos complicações que readioterapia externa – radiação não
atravessa os restantes tecidos
• Tratamento da Doença Avançada - Tratamento hormonal antiandrogénico
o Orquidectomia bilateral
▪ Método rápido de diminuir a produção de testosterona
o Antiandrogénios não esteróides
▪ Ocupam competitivamente os recetores da DHT
o Antiandrogénios Esteroides
▪ Inibição da libertação de LH hipofisária
▪ Diminuição da síntese de testosterona, bloqueando os recetores
androgénicos
o Análogos LHRH
▪ Elevação temporária que funcional como estímulo tumoral, seguida de
inibição da produção de LH e SFH
▪ Administração deve ser precedida da toma de antiandrogénios
o Bloqueio hormonal leva a uma remissão da sua doença, não corresponde a cura
o Efeitos adversos
▪ Perda da libido
▪ Disfunção eretil
▪ Afrontamentos
▪ Ginecomastia
▪ Dismenirelização óssea
▪ Perda de massa muscular
▪ Aumento do risco cardiovascular
▪ Toxicidade hepática
Prostatite
• Terceira causa mais prevalente de patologia prostática
• Patologia prostática mais comum no homem com menos de 50 anos
• Dor perineal é o principal sintoma
• Classificação do NIH
o Categoria I – Prostatite Bacteriana Aguda
▪ Doença Agida Febril Sética
▪ Quadro clínico muito parecido com pielonefrite
▪ Doente tem febre e calafrios
▪ Próstata extremamente dolorosa ao toque
▪ Pode ter bacteriémia
o Categoria II – Prostatite Bacteriana Crónica
▪ Geralmente corresponde a uma Prostatite Bacteriana Aguda que não
foi tratada
▪ Doente apresenta-se tipicamente com uma infeção urinária recorrente
▪ Apresentação por surtos, melhora com antibioterapia, mas quando
paramos antibiótico volta a ter infeção urinária
o Categoria III – Prostatite Abacteriana Crónica
▪ Também denominada Síndrome Doloroso Pélvico Crónico
▪ a – Inflamatório
• Colheita de fluído após massagem prostática
• Leucócitos no esperma, secreções prostáticas e urina
▪ b – Não inflamatório
• Ausência de leucócitos
o Categoria IV – Prostatite Inflamatória Assintomática
• Tratamento
o Prostatite Aguda
▪ Antibiótico ativo contra Gram –
o Prostatite Crónica
▪ Antibioterapia prolongada
• Fluoroquinolonas / co-trimoxazol
• Muito importante termos a informação de que o agente é
sensível, devido ao aumento das resistências
▪ α-bloqueantes
▪ Anti-inflamatórios
Incontinência Urinária
16/03/2021 – Dr. Ricardo Pereira e Silva
Introdução
• Incontinência urinária é um sintoma/sinal não é uma doença
• Grande impacto na qualidade de vida, causando perturbação parcialmente grave na
esfera psicológica, socia, sexual e laboral dos doentes
• Pode ter causas comuns em homens e mulheres, com alguns mecanismos
fisiopatológicos e tratamentos sobreponíveis entre doentes de ambos os sexos
• A incontinência urinária (de qualquer tipo) é um LUTS de armazenamento
Definição
• Sintoma – Queixa de perda urinária involuntária
• Sinal – Observação de perda involuntária de urina à examinação
Epidemiologia
• Prevalência muito elevada a nível mundial apesar da heterogeneidade dos estudos
disponíveis (nomeadamente a nível de idade e definição de incontinência utilizada)
o 25-45% em mulheres
o 1-39% em homens
• A incidência de incontinência urinária aumenta com a idade
o É um dos fatores prognósticos para a deterioração dos indivíduos em idade
geriátrica
• Os custos associados aos dispositivos de contenção (p.ex pensos/fraldas), tratamento,
complicações associadas e perdas de produtividade são muito avultados e com
tendência de subida (envelhecimento da população)
o Nos EUA estima-se um custo anual superior a 16.3 biliões para Incontinência
urinária feminina
Exames Complementares
• Diário da Bexiga
o Semelhante a diário miccional
o Simples, não invasivo e gratuito
o Realizado pelo próprio doente
o Objetivação do armazenamento no quotidiano
o Frequentemente subutilizado
• Questionários
o ICIQ-M/FLUTS
o Mais usado IPSS – em termos de sintomas urinários é o mais conhecido
▪ Apenas aplicável a homens
o Avaliação da gravidade dos sintomas
o Comparação pré e pós-tratamento
• Exame Sumário da Urina + Urocultura
o Exclusão de infeção do trato urinário
o Microhematúria (isolada) → Investigação adicional
▪ Litíase vesical
▪ Neoplasia
o Não se devem fazer uroculturas isoladas, importante termos informação dos
leucócitos e nitritos – Perceber se se trata efetivamente de uma infeção ou
apenas uma colonização
• Medição do RPM
o Permite excluir disfunção de esvaziamento
o Medição ecográfica do resíduo pós-miccional
▪ Ecografia da bexiga cheia, depois urina e faz nova ecografia para
avaliação o volume que ficou
o Urofluxometria sempre que possível
▪ MGF não pode requisitar urofluxometria porque o SNS não
comparticipa
▪ Método não invasivo e muito informativo
• Estudo Urodinâmico
o Investigação urológica funcional detalhada
o Medição de pressões de armazenamento (enquanto enchemos a bexiga
artificialmente) e de esvaziamento
o Exige um cateter no reto para medição da pressão abdominal
o Diagnóstico mais preciso em casos refratários ou com dúvida persistente
• Outros exames
o Citologia urinária
▪ Suspeita de carcinoma da bexiga
o Uterocitoscopia
o Uro-TC – por exemplo
▪ Útil para investigação de hematúria
▪ Útil nos casos de suspeita de fístula uretero-vaginal
Fístula Urinária
• Qualquer comunicação anómala entre o aparelho urinário e o exterior que permita a
saída de urina sob a forma de incontinência por via extra-uretral
• Tipos
o Vesico-vaginal – mais frequente
▪ Países desenvolvidos – causa mais frequente é iatrogénica
▪ Pais em desenvolvimento – causa obstétrica – longos trabalhos de parto
o Uretro-vaginal
o Uretero-vaginal
Mensagens Chave
• O impacto da incontinência urinária na qualidade de vida dos doentes pode ser
devastador — nunca subestimar nem desvalorizar as queixas
• A incontinência urinária é um sintoma/sinal e não uma doença — por esse motivo, deve
sempre ser avaliada no contexto dos outros LUTS (incluindo de esvaziamento)
• A história clínica e o exame objetivo são os elementos fundamentais para a
caracterização do tipo de incontinência urinária, que poderá ser suportada por exames
complementares de diagnóstico quando necessário.
• O tratamento da incontinência urinária é eminentemente cirúrgico para a IUE e
farmacológico para a IUU
História Clínica
23/03/2021 – Dr. Rodrigo Garcia
História Clínica
• Avaliação básica
• Orientação diagnóstica
• Inclui
o Motivo de consulta
o História da Doença Atual
o Antecedentes pessoais e familiares
o Revisão de sistemas
o Exame Objetivo
Dor
• Localização
o Rim – Murphy
▪ Ângulo costo-vertebral homolateral, lateral à coluna vertebral
▪ Principais causas
• Obstrução → Distensão da cápsula renal
• Parenquimatosa → Fenómeno inflamatório/infecioso
o Ureter
▪ Mimetiza o território álgico da dor renal
▪ Pode ter características adicionais de acordo com a localização do
processo etiológico
▪ Pode irradiar até à região inguinal e região escrotal/grandes lábios
homolaterais
• 2/3 distais do ureter têm inervação comum com a região
escrotal
o Bexiga
▪ Sentida a nível supra-púbico
▪ Principais causas
• Obstrução – ex.: retenção urinária aguda
• Processo inflamatório/infecioso – ex.: cistite
o Próstata
▪ Mais difícil de caracterizar
▪ Doente tende a mencionar uma sensação álgica a nível do períneo e da
cavidade pélvica profunda
▪ Toque retal permite identificar se dor referida é efetivamente da
próstata ou se tem outra etiologia
o Pénis
▪ Surge devido a várias causas: lesões ulcerosas, parafimose…
▪ Corresponde a um território frequente de dor irradiada – ex.: cistite
▪ Dor no estadio de ereção – priapismo, Doença de Peyronie (desenvolve-
se fibrose, provocando um encurtamento peniano)
o Escroto
▪ Dor pode ser provocada por processos em qualquer camada dos
testículos
▪ Ex.: Torção do testículo, processo inflamatório, abcessos…
• Referida ou irradiada
• Início e duração
o Persistente ou se surge apenas aquando da palpação
o Persistente ou com resolução espontânea
• Intensidade (escala 0-10)
LUTS – Lower Urinary Travt Symptoms
• Esvaziamento (Obstrutivos)
o Hesitação Inicial
▪ Demora a iniciar o jato miccional
▪ Doente deseja iniciar a micção no entanto há alguma latência até ao
início do jato
o Jato intermitente/interrompido
▪ Intermitência – Jato que apesar de irregular, não chega a ter ausência
completa de jato urinário
▪ Interrompido – Existe interrupção completa do jato urinário durante a
micção
o Diminuição da força e calibre do jato urinário
o Aumento do tempo e esforço miccional
▪ Necessidade de contração da parede abdominal para urinar
o Sensação de esvaziamento incompleto
▪ No final da micção doente permanece com a sensação de que não
esvaziou completamente a bexiga
▪ Muitas vezes associado a necessidade de retorno à casa-de-banho
o Gotejo terminal
▪ Deve-se a dificuldade de retorno da urina remanescente na uretra
▪ Não estando já sobre a influência da pressão vesical, normalmente
regressaria à bexiga
o Retenção urinária aguda
▪ Obstrução completa do trato urinário infravesical
• Armazenamento (Irritativos)
o Frequência Urinária
▪ Aumento da frequ~encia urinária durante o dia
▪ > 8 micções diurnas ou periodicidade < 2 horas
o Nictúria
▪ Necessidade de interrupção do sono para urinar
o Urgência miccional
▪ Forte desejo miccional que durge subitamente e é difícil de conter ou
protelar
o Incontinência urinária
o Disúria
▪ Dor no ato da micção (não apeas ardor/desconforto)
▪ Deve ser diferenciada de ardor miccional – sensação de ardor aquando
a passagem de fluxo urinário pela uretra
• Causas
Incontinência Urinária
• Incontinência de esforço
o Perda involuntária de urina que surge com esforços
▪ Aumento da pressão intra-abdominal – Tosse, espirro, riso, levantar
pesos
o Acréscimo de pressão é superior à resistência exercida pelo pavimento pélvico
e pelo esfíncter urinário
o Ocorre mais frequentemente em mulheres pós-menopáusicas, multíparas ou
em doentes submetidos a prostatectomia radical
• Incontinência de urgência
o Perda involuntária de urina devido a desejo súbito inadiável de urinar
o Motivado por hipercontratilidade do detrusor
o Causas
▪ Bexiga hiperativa
▪ Processos inflamatórios – cistite aguda
▪ Bexiga neurogénica
• Incontinência urinária mista
o Incontinência de esforço + Incontinência de urgência
o Muito prevalente
o Importante perceber qual o componente preponderante – abordar esse
primeiro
o Ex.: Importante perceber se estão presentes os dois componentes pois ao
tratarmos a incontinência de esforço com um sling, pode-se “irritar” a bexiga
agravando a incontinência de urgência
o Necessário gerir as expectativas dos doentes
• Incontinência contínua
o Promovido por bypass às estruturas infra-vesicais do aparelho urinário
o Presença de fístulas
▪ Vesico- vaginal – urina sai continuamente pela vagina
▪ Uretero-vaginal – urina sai continuamente pela vagina
• Pseudoincontinência
o Não é uma verdadeira incontinência
o Doente refere que se sente frequentemente húmido na zona do períneo, não
percebe bem porquê, mas devido à localização suspeita que se tratem de perdas
de urina
• Incontinência por regurgitação
o Numa situação de uroptia obstrutiva baixa ocorre acumulação de urina
o Com a evolução do quadro, atinge-se a capacidade máxima de elasticidade da
bexiga
o Quando atinge este máximo, toda a urina que chega não tem mais margem de
ser acomodada e a pressão vesical leva a perdas urinárias de caráter contínuo
• Incontinência funcional
o Ocorre principalmente nos doentes idosos com mobilidade reduzida
o Sem oportunidade de responder ao seu desejo miccional
o Mesmo mecanismo que incontinência por regurgitação, mas sem processo
obstrutivo, retenção deve-se apenas a situação circunstancial
• Enurese noturna
o Perda urinária involuntária durante o sono
o Normal nas crianças entre os 3-5 anos
o Se persistir durante muito mais tempo pode já corresponder a processo
patológico
Disfunção sexual
• Disfunção erétil
o Incapacidade de alcançar ereção ou de mantê-la tempo suficiente para ter
relações
o Existe um largo espetro de gravidade desta situação
o Causas
▪ Vasculares
▪ Neurogénicas
▪ Psicogénicas
▪ Hormonais (ex.: hipogonadismo)
▪ Medicamentosas (ex.: antidepressivos, antipsicóticos)
• Diminuição da libido
o Diminuição do desejo sexual
o Causas
▪ Psicogénicas
▪ Hormonais (ex.: hipogonadismo)
▪ Medicamentosas (ex.: antidepressivos, antipsicóticos)
• Ejaculação prematura
o Processo ejaculatório que surge indevidamente precocemente, antes do doente
conseguir concretizar satisfatoriamente a sua relação sexual,
independentemente do tempo
o (Ejaculação que ocorre < 3 minutos)
o Deve-se a processos de hipersensibilidade peniana, sobretudo da glande
o Tratamento – cremes anestésicos
• Anejaculação
o Ausência de esperma no processo ejaculatório
o Um exemplo é Ejaculação retrógrada
o Principal causa é iatrogénica
▪ Farmacológica (α-bloqueante)
▪ Cirúrgica (técnicas endoscópicas da próstata)
o Mecanismo base – aumenta o calibre da uretra prostática, tornando mais fácil
o caminho a montante do que a jusante
• Anorgasmia
o Ausência de orgasmo – sem todo o processo de prazer causado pela libertação
de endorfinas
o Causas farmacológicas ou psicogénicas
Sintomas Constitucionais
• Febre
• Calafrios
• Perda ponderal
• Astenia
• Anorexia
História Clínica
• Antecedentes Pessoais
o Doenças
o Cirurgias prévias – sobretudo abdominais ou endoscópicas
o História ginecológica
o Medicação
o Hábitos toxicológicos
o Alergias
o Contexto profissional, social (exposições), familiar (e sexual)
▪ Hábitos sexuais podem ter impacto na escolha da antibioterapia
empírica
• Antecedentes Familiares
o Doenças hereditárias, oncológicas
• Revisão de órgãos e sistemas
Exame Objetivo
• Rim
o Inspeção, auscultação, percussão, palpação
o Inspeção – raramente se identifica qualquer alteração
o Auscultação – teoricamente poderia ser para identificação de sopro, mas tendo
a aorta e a veia cava tão perto torna-se complicado
o Percussão – Pesquisa do sinal de Murphy
o Palpação bimanual – Rins habitualmente não são palpáveis, só serão palpáveis
grandes massas ou quistos Bexiga
• Bexiga
o Envolve inspeção e palpação, tudo o resto não tem muita relevância
o Inspeção – só possível visualizar globo vesical a partir dos 500 ml
o Palpação bimanual
▪ Mulher – toque vaginal
▪ Homem – toque retal
▪ Possível detetar bexiga desde 250 a 300 ml
▪ Extremamente importante na avaliação de tumores da bexiga em
contexto pré-operatório com doente anestesiado
• Massa palpável supra-púbica – T3
• Palpação de bexiga imóvel – T4
• Escroto
o Avaliação do Testículo
▪ Tamanho expectável num homem adulto é de 4 a 6 cm de diâmetro
▪ Dor à palpação
▪ Nódulos palpáveis
▪ Irregularidade da superfície
o Avaliação do Epidídimo
▪ Massas palpáveis – tendem a ser patologia benigna
▪ Mais frequente é o quisto epididimário/espermatocelo
o Hidrocelo
▪ Acumulação de líquido entre as túnicas
▪ Teste de translucência permite distinguir de massa sólida
▪ Pode impossibilitar a palpação propriamente dita dos testículos
o Varicocelo
▪ Ingurgitmento do plexo pampiniforme
▪ Pode ser palpável ou mesmo visível
▪ Grau 0 – Não detetável ao exame objetivo
▪ Grau 1 – Não visível nem palpável em ortostatismo, palpável com
manobra de Valsalva
▪ Grau 2 – Não é visível, mas é palpável em ortostatismo
▪ Grau 3 – Visível (bag of worms)
o Torção do Cordão Espermático
▪ Testículo apresenta-se mais subido e horizontalizado
▪ Sinal de Prehn e Reflexo cremestariano – ausentes
o Sinal de Prehn
▪ Eleva-se o testículo
▪ Positivo – Alívio do quadro álgico – sugestivo de processo inflamatório
▪ Negativo – Mantem quadro álgico – sugestivo de torção
• Pénis
o Flacidez vs ereção
o Inspeção
▪ Lesões ulcerosas
▪ Vesículas superficiais
▪ Condilomas
▪ Retração do prepúcio para avaliação da glande
▪ Fimose ou parafimose
o Localizar a uretra
▪ Hipospadia ou epispadia
o Palpação
▪ Zonas de espessamento/endurecidas
▪ Priapismo
▪ Encurvamento peniano
• Próstata
o Consiste basicamente no toque retal
o Toque retal pode ser realizado em várias posições
o Caraterização
▪ Volume
▪ Consistência
▪ Dor à palpação
▪ Massas
• Exame Pélvico
o Inspeção
▪ Processo atrófico
▪ Lesões ulcerosas
▪ Massas
▪ Prolapsos
▪ Incontinência urinária – pedir para tossir
o Exame com espéculo
o Palpação bimanual
Obstrução Urinária – Instrumentação Urológica
Definição
• Impedimento estrutural ou funcional do normal fluxo da urina, desde os cálices ao
meato uretral
Apresentação Clínica
• Vai desde insignificante até IRC, sépsis e morte
• Daí a importância de um diagnóstico precoce
Etiologia
• Alterações anatómicas
• Alterações funcionais
• Compressão extrínseca
• Obstrução mecânica
Classificação
• Congénita vs. Adquirida
• Aguda vs. Crónica
• Parcial vs. Completa
• Aparelho alto vs. Aparelho baixo
o Alta – Impede o enchimento vesical
o Baixa – Impede o esvaziamento vesical
• Benigna vs. Maligna
Etiologias segundo Classificação
• Alta Aguda
o Litíase
o Trauma
o Coágulo
o Necrose da papila
• Alta Crónica
o Neoplasia
▪ Intestino, colo do útero, bexiga
o Estenose ureter
o Linfoma
o DII
o Gravidez – compressão extrínseca do ureter pelo útero gravídico
o RVU
• Baixa Aguda
o Retenção Urinária Aguda (RUA)
o Litíase
o Trauma
o Coágulo
• Baixa Crónica
o HBP
o Estenose uretra
o Bexiga neurogénica
o Neoplasias
o Fimose
• Terapêutica
o Vigilância
▪ Cólica renal simples
▪ Cálculo < 10 mm
▪ Até 30 dias
o Terapêutica Médica
▪ Infeção
▪ Tratamento médico expulsivo (até 30 dias)
o Derivação Urinária
▪ Infeção
▪ Cálculo > 10 mm
▪ Insuficiência renal
▪ Não resolução
o Cirurgia
▪ Resolução do Cálculo
Instrumentação Urológica
Algália
• Existem muitos tipos de algálias diferentes
• Classificação
o Nº de vias
▪ 1, 2 ou 3
o Material
▪ Látex ou Silicone
o Ponta
▪ Reta – Nelaton, Olivar ou Couvelaire
▪ Curva – Mercier, Tiemann ou Dufour
• Nº de Vias
o 1 Via
▪ Tubo único
▪ Cateter para esvaziamento vesical
▪ Lavagem da bexiga – cateteres rígidos com vários orifícios
• Usado em doentes com hematúria – sangue tem tendência a
coagular no interior da bexiga
o 2 vias
▪ Mais frequente
▪ 2ª via tem mecanismo valvular onde é acoplada uma seringa para
instilar água destilada de forma a insuflar o balão
▪ Balão serve para fixar a extremidade vesical o interior da bexiga
▪ Código de cores que corresponde a diâmetro/tamanho da algália
o 3 Vias
▪ 3ª via serve para instilar soro fisiológico na bexiga
▪ Usado nos doentes com hematúria constante por neoplasia
▪ Instilação contínua faz com que o conteúdo da bexiga esteja sempre
em movimento, evitando que se formem coágulos
▪ Estas algálias são também mais rígidas, para o caso de mesmo assim se
formarem coágulos, ser possível aspirá-los
• Material
o Látex
▪ Mais comum
▪ Podem estar até uma semana dentro do organismo
o Silicone
▪ Podem estar até 3 meses sem que haja incrustações ou risco de
infeção
• Ponta
o Curva – Servem para tentar vencer obstáculos na colocação das mesmas
• Complicações
o Infeções
▪ Algálias funcionam como portas de entrada
▪ Deve-se fazer a distinção de colonização – sabemos que em doentes
institucionalizados ao fim de 24 a 48h quase 100% das algálias já se
encontram colonizadas
▪ Se doente algaliado cronicamente não apresentar sintomatologia
típica de infeção não existe qualquer indicação para realização de
urocultura (não tem indicação terapêutica)
o Espasmos vesicais
▪ Organismo não “gosta” do corpo estranho e tenta expulsar,
contraindo ciclicamente a bexiga
▪ Pode levar a passagem de urina por fora da algália, urina “extra-
algália”
▪ Resolve-se com terapêutica médica – anti-colinérgicos
Cistocateter
• Quando não é possível a colocação de algália
• Corresponde a uma algália colocada na bexiga através da parede abdominal
• Necessário que a bexiga esteja bastante cheia quando é colocado, para evitar que se
perfurem ansas intestinais
Stent Ureteral
• Para derivação/drenagem do sistema urinário superior
• Material
o Cistoscópio – visualização da bexiga e identificação do meato correto
o Cateter de acesso ureteral – serve apenas para injetar contraste para que o
procedimento possa ser acompanhado por fluoroscopia
o Fios guia – introduzidos no excretor
o Por cima dos fios guias passam os cateteres ureterais/duplo J
• Cateter Duplo J – enrola-se em cada extremidade para se fixar no interior do bacinete
e na bexiga
• Quando o quisermos retirar é só puxar com uma pinça que o cateter sai facilmente
• Cateter serve não só para urina passar através dele mas também a sua presença no
ureter faz com que haja atonia do mesmo e acaba por passar urina também fora do
cateter
• Complicações
o Incrustações – se ficarem tempo de mais podem calcificar
▪ Não deixar que o cateter esteja > 1 ano
▪ Nos doentes com litíase duração inferior porque têm mais propensão
a calcificar
o ITU
o Síndrome de stent
▪ Bexiga não “gosta” da presença dos cateteres e contrai-se
▪ Polaquiúria
▪ Disúria
▪ Hematúria
▪ Dor
▪ Não significa que o seu posicionamento esteja incorreto
▪ Habitualmente trata-se com colinérgicos
Nefrostomia
• Colocação de stent por via percutânea
• Drenagem do rim através da região lombar para um saco coletor
• Realizado com apoio ecográfico
• Procedimento
o Colocação de agulha no interior do excretor
▪ Aspira-se urina para ter a certeza que está no sítio certo
o Introduzir fio guia
o Introduzir dilatadores
o Introduzir cateter de nefrostomia
o Colocação de placa com adesivo à pele onde se prende o saco coletor
Ureterocistoscopia
• Exame tolerável com anestesia local, principalmente agora com os citoscópios flexíveis
• Cistoscópio
o Rígido
o Flexível – mais simples e mais moderno
• Observa
o Uretra (estenoses)
o Compressão extrínseca pela próstata
o Bexiga – trabeculações, divertículos, tumores
Ureterorrenoscopia
• Exame com necessidade de sedação, anestesia geral ou raquianestesia
• Ureterorrenoscópio
o Semi-rígido
o Flexível
• Observa
o Ureter – pedras, neoplasia
o Rim – com o instrumento flexível é possível avaliar todo o excretor intra-renal
Caso Clínico 1
• Identificação
o Sexo feminino
o 42 anos
o Caucasiana
• Motivo de ida ao SU
o Dor lombar esquerda
▪ Intensa
▪ Tipo cólica
▪ Instalação súbita há 5 horas
▪ Sem posição antiálgica
▪ Irradiação para a fossa ilíaca homolateral
o Náuseas e vómitos
o Nega febre ou traumatismo
o Primeiro episódio
• Antecedentes Pessoais irrelevantes
• Exame Objetivo
o Temperatura 36,5ºc (timpânica); TA 132/84 mmHg; FC 84 bpm; FR 16 cpm
o Ansiosa, agitada
o Corada, hidratada, eupneica, anictérica
o AP: MV mantido e simétrico
o AC: S1 + S2 rítmicos
o Abdómen livre
o Murphy renal positivo à esquerda
o Membros inferiores sem alterações relevantes
o Pulsos femorais amplos e simétricos
• Hipóteses de Diagnóstico
o Cólica renal esquerda
• Exames Complementares de Diagnóstico
o Exames Laboratoriais
▪ Hb 15,3
▪ Leucócitos 11.300 (72% N)
▪ Plaquetas 312.000
▪ PCR 0,5
▪ Ureia 39
▪ Creatinina 1,0
▪ Na+139
▪ K+4,1
▪ ALT 21
▪ Bilirrubina total 0,8
▪ Urina II
• N
• Hb ++ → Se não estivesse presente hematúria tínhamos de
reconsiderar diagnóstico, está quase sempre presente devido
ao trauma que o cálculo causa
o Rx simples do aparelho urinário
o Ecografia renal
• Tratamento no SU
o Diclofenac 75 mg/3 ml im – AINEs são analgésicos e reduzem produção de urina
o Paracetamol, 1000 mg, ev
o Metoclopramida 10 mg ev
▪ Devido a náuseas e vómitos
▪ Muito frequentes devido a reação visceral
• Evolução
o Alívio das queixas
o Alta com prescrição (até 24h após parar a dor)
▪ Anti-inflamatório não esteroide
▪ Analgésico(s)
▪ Restrição hídrica enquanto tiver dor
▪ Terapêutica médica expulsiva (α-bloqueante) – aumenta a taxa de
clearance dos cálculos
o Regressar ao SU se febre, dor intratável ou vómitos incoercíveis
• 5 dias depois
o Recorre novamente ao SU
o “Nunca ficou completamente bem”
o Dor com as mesmas características
o Febre (40ºc)
o Prostração e mal-estar geral
• Exame Objetivo - Sugestivo de Pionefrose
o Temperatura 39,6ºc (timpânica); TA 122/78 mmhg; FC 98 bpm; FR 16 cpm
o Prostrada
o Ansiosa
o Desidratada
o AP: MV mantido e simétrico
o AC: S1 + S2 rítmicos
o Abdómen livre
o Murphy renal positivo à esquerda
o Membros inferiores sem alterações relevantes
o Pulsos femorais amplos e simétricos
• Exames Complementares de Diagnóstico
o Exames Laboratoriais
▪ Hb 16,1
▪ Leucócitos 22.500 (92% Neut)
▪ Plaquetas 363.000
▪ PCR 28,4
▪ Ureia 48
▪ Creatinina 1,1
▪ Na+142
▪ K+4,5
▪ ALT 32
▪ Bilirrubina total 1,0
o RX simples de aparelho urinário
o Ecografia Renal
▪ Marcada dilatação pielo-calicial à esquerda
▪ Presença de líquido não-puro, com ecos no interior
▪ Sem dilatação à direita
▪ Nível da obstrução não visualizável por esta técnica
• Internamento
o Stent ureteral ou nefrostomia à esquerda
o Antiobioterapia endovenosa (quinolona)
o Tratamento diferido do cálculo
Cólica Renal
• Diagnóstico Diferencial
o Patologia renal
▪ Pielonefrite aguda
▪ Embolia/enfarte renal
o Patologia genital
▪ Torção do cordão espermático
▪ Torção de ovário
▪ Gravidez ectópica
▪ Salpingite
o Patologia digestiva
▪ Apendicite aguda
▪ Oclusão intestinal
▪ Diverticulite ou pancreatite aguda
o Patologia vascular
▪ Dissecção ou rupturade aa
▪ EAM
o Patologia neurológica
▪ Lombo-ciatalgia
▪ Nevralgia lombar
Notas
• RX do aparelho urinário
o Deve ser feito em decúbito, se o doente estiver em ortostatismo o rim desce
por ação da gravidade e pode fazer curvatura do ureter
o Deve-se sempre visualizar a sínfise púbica
• Melhor exame para diagnóstico de litíase – TC
Caso Clínico 2
• Identificação
o Sexo masculino
o 14 anos
o Raça negra
• Motivo de Ida ao SU
o Dor escrotal à direita
▪ Tipo moinha, constante
▪ Instalação há 4 horas
▪ Início quando estava a fazer exercícios
o Sem outros sintomas
o Nega traumatismos
• Exame Objetivo
o Temperatura 36,9ºc (timpânica); TA 115/72 mmHg; FC 73 bpm; FR 15 cpm
o Corado e hidratado
o Abdómen livre
o Edema + eritema do hemiescrotodireito
o Dificuldade em individualizar as estruturas
o Testículo direito tenso, horizontalizado, muito doloroso à mobilização
o Hemiescroto esquerdo sem alterações
• Hipótese Diagnóstica
o Escroto agudo – Torção do cordão espermático
• Exames Complementares de Diagnóstico
o Ecografia escrotal com eco-Doppler testicular
▪ Testículo direito homogéneo e de contorno regular
▪ Ausência de sinal Doppler no parênquima testicular direito
▪ Sem alterações à esquerda
• Diagnóstico – Torção do Cordão espermático
• Tratamento
o Orquidopexia bilateral
Escroto Agudo
• Orquiepididimite
• Torção do cordão espermático
• Hérnia inguinal encarcerada
• Hidrocele Varicocele
o Raramente são motivo de ida à urgência
o Quadro indolente, com aumento progressivo da dor
• Traumatismo
o Pode causar hematoma ou rotura do testículo
• Tumor do testículo
o Crescimento indolente
o Pode estar associado a quadros de hemorragia ou infeção tumoral provocando
uma dor súbita
• Torção de hidátide (de Morgagni)
o Resquício embrionário
• Outros (Púrpura de H-S, edema idiopático)
Caso Clínico 3
• Identificação
o Sexo masculino
o 72 anos
o Caucasiano
• História da Doença Atual
o LUTS com vários anos de evolução e com agravamento progressivo
▪ Polaquiúria (intervalos entre micções de aprox. 1 hora)
▪ Nictúria (4 a 5 micções/noite) com episódios de perdas involuntárias
▪ Diminuição do calibre do jato urinário
▪ Sensação de esvaziamento vesical incompleto
▪ Dor lombar bilateral, tipo moinha → Pode indicar uma dilatação
bilateral do aparelho excretor (sinal de quadro muito avançado)
o Medicado com tansulosina desde há 2 meses
• Antecedentes pessoais: irrelevantes; não faz qualquer outra medicação
• Exame Objetivo
o Massa abdominal visível e palpável
o Localização no hipogastro
o Dura à palpação; contornos regulares
o Maciça à percussão
o Toque Retal
▪ Esfíncter anal normotónico
▪ Próstata com aumento marcado de volume
▪ Consistência fibro-elástica
▪ Superfície lisa e regular
▪ Limites bem definidos
▪ Sem nódulos palpáveis
• Exames Complementares de Diagnóstico
o Exames Laboratoriais
▪ Hb14,8
▪ Leucócitos 6.300
▪ Plaquetas 312.000
▪ PCR 0,1
▪ Ureia 108
▪ Creatinina 3,1
▪ Na+140
▪ K+5,2
▪ ALT 24
▪ Bilirrubina total 0,6
▪ PSA total 3,4
o Ecografia renal, vesical e prostática
▪ Utero-hidronefrose bilateral
▪ Bexiga de grande capacidade com volumoso divertículo vesical
▪ Próstata 90 cc; HBP
• Internamento
o Algaliação – doente tem quadro de retenção urinária crónica
▪ Cuidado com o esvaziamento
▪ Se o esvaziamento for muito rápido, todo de uma vez, ocorre uma
hematúria marcada – rotura em toalha de múltiplos vasos da bexiga
o Drenagem de 2800cc
o Diurese pós-obstrutiva aprox. 5000 cc/24 h
▪ Necessário repor parcialmente e lentamente os líquidos que o doente
perde
o Monitorização do equilíbrio hidro-electrolítico
▪ Sobretudo o ionograma – potássio
• Pode existir uma baixa muito rápida do potássio
• Evolução – 1 semana após algaliação
o Melhoria da função renal
o Ureia – 52 mg/dl
o Creatinina – 1,1 mg/dl
• 60 dias após internamento
o Próstata com 90 cc → Cirurgia por via endoscópica
Caso Clínico 4
• Identificação
o Sexo masculino
o 64 anos
o Caucasiano
• Consulta de Urologia
o LUTS desde há cerca de 5 anos, com agravamento progressivo
▪ Intervalos entre as micções de 1 a 2 horas
▪ Imperiosidade
▪ Diminuição do calibre do jato urinário
▪ 2 micções por noite
o Não faz qualquer medicação habitual – tolerava bem as queixas
• Exame Objetivo
o Toque retal
▪ Esfíncter anal normotónico
▪ Próstata com discreto aumento de volume
▪ Consistência fibro-elástica
▪ Superfície lisa e regular
▪ Limites bem definidos
▪ Sem nódulos palpáveis
• Exames Complementares de Diagnóstico
o Exames Laboratoriais
▪ PSA total 5,11 ng/mL
o Ecografia renal, vesical e prostática transretal
▪ Rins sem alterações
▪ Bexiga em replecção, conteúdo anecóide, sem lesões parietais ou
endoluminais
▪ Próstata com volume de 42 cc; ecostrutura sugestiva de HBP
▪ Sem outras alterações
• Plano
o Medicação com antibiótico e anti-inflamatório
o Repetição do PSA total + PSA livre dentro de 4-6 semanas
o Instituição de terapêutica com silodosina / tansulosina
o Urofluxometria – exame muito executado dá informação objetiva em relação
aos LUTS
• Evolução – 6 semanas depois
o Melhoria dos sintomas urinários
o Qmax14 mL/s
o PSA total 5,21 ng/mL com PSA livre 0,62 ng/mL (12%)
• Exames Complementares
o Biópsia prostática ecodirigida em duplo sextante (clássico, atualmente já se
opta por fazer RM antes)
o Anatomia patológica – Adenocarcinoma da próstata Gleason 6 (3+3) em 5 dos
12 fragmentos
• Plano
Notas
• PSA
o Melhor marcador tumoral que existe em medicina, mas não é perfeito
o Deve ser interpretado em função da idade e ter noção que outras doenças da
próstata ou até a sua manipulação no toque retal fazem subir o valor de PSA
o Volume da próstata também tem impacto no valor de PSA – quanto maior mais
elevado o valor normal de PSA
o Relação PSA livre/PSA total < 15% é suspeito
• Prostatite
o Mais associado a uma subida rápida do PSA
o Mesmo que o doente não tenha queixas não descartar, existem prostatites
assintomáticas – fenómenos de inflamação prostática sub-clínica que fazem
subir o PSA
• Urofluxometria
o Fluxo máximo ideal é > 15
o Fluxo máximo é o parâmetro mais importante
• Tratamento Cancro da Próstata
o Prostatectomia radical (retropúbica, laparoscópica, robótica)
o Radioterapia externa
o Braquiterapia intersticial – resposta muito boa de técnica menos invasiva
o Quando se faz radioterapia ou braquiterapia ideia é não se fazer cirurgia (não
são usadas como terapêutica neoadjuvante)
o Realiza-se castração química em doentes com tumores avançados ou
metastizados
Caso Clínico 5
• Identificação
o Sexo masculino
o 69 anos
o Caucasiano
• Consulta de Urologia
o Hematúria macroscópica assintomática desde há 2 meses (3 episódios)
▪ Sempre que há hematúria pensar sempre em tumor do aparelho
urinário (bexiga, rim)
o Sem quaisquer outras queixas
• Antecedentes Pessoais
o Acidente vascular cerebral isquémico há 2 anos
o Discreta hemiparésia direita sequelar
o HTA, FA
o Diabetes mellitus tipo 2
o Ex-fumador desde há 2 anos (carga tabágica 50 UMA)
o Medicação habitual
▪ Indapamida
▪ Enalapril
▪ Metformina
▪ Gliclazida
▪ Varfarina
▪ Omeprazol
• Exame Objetivo
o Sem alterações relevantes
• Exames Complementares de Diagnóstico
o Exames Laboratoriais
▪ Hb 12,5
▪ Leucócitos 7.500 (65% N)
▪ Plaquetas 293.000
▪ INR 2,4
▪ aPTT 28 s
▪ PCR < 0,1
▪ Ureia 49
▪ Creatinina 1,4
▪ Na+139
▪ K+4,2
o Ecografia renal– Sem alterações relevantes
o Ecografia vesical
o Cistoscopia
• Tratamento
o Ressecção transuretral de tumor vesical (RTU-V)
o Mitomicina C intravesical no pós-operatório (às 6 horas)
• Anatomia Patológica
o Carcinoma de células de transição
o pT1 de baixo grau de malignidade
• Seguimento
o Re-RTU às 6 semanas
o Vigilância periódica com cistoscopia + Mitomicina C intra-vesical (protocolo)
▪ Quimioterapia intravesical única – eliminação de células que possam ter
ficado em suspensão
Caso Clínico 6
• Identificação
o Sexo masculino
o 30 anos
o Caucasiano
• Consulta de Urologia
o Aumento de volume do testículo direito há cerca de 3 meses
o Nega dor, traumatismo, febre ou sinais inflamatórios escrotais
• Antecedentes Pessoais – saudável
• Exame Objetivo
o Aumento de volume do hemiescroto direito
o Massa de consistência dura, móvel, não aderente aos planos superficiais
o Indolor à palpação
o Sem sinais inflamatórios
o Sem transiluminação
o Hemiescroto esquerdo sem alterações
o Pontos herniários livres
• Exames Complementares de Diagnóstico
o Ecografia escrotal
▪ Formação intra-testicularheterogénea
▪ Sinal de doppler no interior
• Plano
o Rotinas pré-operatórias (análises, ECG, radiografia de tórax)
o Marcadores tumorais – Doseamento de β-HCG, α-fetoproteína e LDH séricas
o Estadiamento – TC abdominal e pélvico
• Intervenção cirúrgica – Orquidectomia radical direita (via inguinal)
o Anatomia patológica – Seminoma clássico pT1
o Sem necessidade de quimio ou radio adjuvante, apenas monitorização apertada
do doente
Caso Clínico 7
• Identificação
o Sexo masculino
o 68 anos
o Caucasiano
• Ida ao SU
o Aumento de volume doloroso do escroto à esquerda
▪ Dor tipo moinha, constante, de agravamento progressivo
▪ Instalação há 5 dias
o Febre desde há 24 horas
o Nega traumatismo
• Antecedentes Pessoais
o HTA
o Diabetes mellitus tipo 2
o HBP medicada
• Exame Objetivo
o Temperatura 38,6ºc (timpânica); TA 155/93 mmHg; FC 73 bpm; FR 17 cpm
o Corado e hidratado
o Abdómen livre
o Aumento de volume + eritema do hemiescroto esquerdo
o Testículo e epidídimo esquerdos tensos, muito dolorosos à mobilização
o Sinal de Prehn +
o Hemiescroto direito: hidrocele moderado
• Hipóteses Diagnósticas
• Exames Complementares de Diagnóstico
o Testículo direito homogéneo e de contorno regular
o Testículo e epidídimo esquerdos com ecoestrutura heterogénea
o Aumento marcado de sinal doppler no parênquima testicular e no epidídimo
esquerdos
o Hidrocele direito
• Diagnóstico
o Orquiepididimite à esquerda
• Tratamento
o Antibioterapia – quinolona
▪ Doses altas e prolongadas pois tem de atravessar a barreira hemato-
testicular
▪ < 35 – Agentes de DST
▪ > 35 – Agentes de infeções urinárias
o Anti-inflamatório
▪ Gelo local 4/5x por dia 5-10 minutos cada vez
o Analgésico
o Elevação escrotal
Exames Complementares de Diagnóstico
20/04/2021 – Dr. Ricardo Pereira
• Utilização Terapêutica
o Colocação de nefrostomia percutânea
▪ Introdução ecoguiada de agulha – Técnica de Seldinger clássica
▪ Tubo colocado através da pele até ao aparelho excretor do rim
▪ Este tudo fica a sair pelas costas do doente
o Biópsia Renal
▪ Geralmente na investigação de patologia médica (ex.: glomerulonefrite)
▪ Pontualmente no contexto de neoplasia provável
• Pouco frequente, mais comum é fazer uma nefrectomia parcial
com excisão do tumor e mandar a peça operatória para análise
• Na suspeita de linfoma renal pode-se optar por biópsia para
evitar nefrectomia desnecessária
o Técnicas ablativas percutâneas
▪ Crioterapia
▪ Radiofrequência
▪ Geralmente maus candidatos cirúrgicos – atualmente quase não se faz
Fluoroscopia
• Corresponde a RX Real-time
• Uso muito frequente em Urologia
• Isoladamente ou durante cirurgia
• Pielografia retrógrada ou anterógrada (nefrostografia)
Ressonância Magnética
• RMN renal raramente é utilizada como exame de
primeira linha
• Pode ser útil no diagnóstico diferencial de massas
renais ou da suprarrenal
• Menor disponibilidade e custo mais elevado que TC
• Contraindicado na presença de inúmeras próteses e
dispositivos médicos implantáveis metálicos (p.ex.
Neuromodulador de raízes sagradas 1ª geração)
o No entanto, atualmente muitos dos
dispositivos colocados já são compatíveis
com RM
• Não utiliza radiação ionizante (grávidas, crianças...)
Renograma
• Estuda não só a captação do contraste pelo rim, mas também as curvas de excreção
desse mesmo contraste
• Permite avaliar a capacidade de filtração (débito de filtrado glomerular), presença ou
ausência de obstrução e ainda avaliar cada rim individualmente
• Nos renogramas é necessário a ajuda da Medicina Nuclear para os interpretar
Ecografia Prostática
• Via transretal sempre preferível (salvo impossibilidade)
o Decúbito lateral, joelhos fletidos
o Dá mais informação
• Quando realizada por via suprapúbica exige bexiga em repleção
• Avalia
o Volume da próstata (importante)
o Vesículas seminais
o Simetria/assimetria/ lobo médio
o Calcificações parenquimatosas – sugestivo de prostatite prévia
• Arranjo nodular central (HBP!) ≠ Nódulos hipoecóides da zona periférica (eventual
adenocarcinoma)
• Não substitui toque retal e PSA
• Utilidade Terapêutica
o Biópsia prostática transretal eco-guiada
▪ Classicamente utilizada para diagnóstico do Cancro da Próstata
▪ 12 fragmentos, em duplo sextante, sob anestesia local
o Cada vez mais se adopta a biópsia por via transperineal – menos risco de infeção
Tomografia Computorizada
• Não é um exame de primeira linha na avaliação da bexiga e próstata
• Para avaliação da bexiga, apenas se em adequado grau de repleção
• Estadiamento de neoplasias (transmuralidade, adenopatias, doença M+ - (T)-A-P)
• Avaliação em contexto de urgência
o Suspeita de hematoma pélvico
o Suspeita de abcesso pélvico
o Trauma pélvico
Uretrocistoscopia
• Posição de litotomia, anestesia local
• Uretrocistoscopia rígida ou flexível
o Pode-se usar a rígida na mulher em que a uretra é curta e não sinuosa
• Avalia
o Estenoses da uretra
o Lobos prostáticos (formato, dimensão)
o Colo vesical
o Meio urinário, presença de sangue/coágulos
o Localização e características dos meatos
o Alterações difusas da mucosa (trabeculação, divertículos)
o Alterações focais da mucosa (formações polipóides, lesões planas eritematosas)
o Corpos estranhos
• Carcinoma in situ em urologia é extremamente agressivo
Estudo Urodinâmico
• Avaliação funcional do aparelho urinário inferior
• Investigação de LUTS de armazenamento e esvaziamento
• Componentes
o Fluxómetro
o Cateter vesical
o Cateter retal
o Transdutor de pressãp
Genitais Masculinos
Ecografia Escrotal
• Ultrassonografia convencional (8-15MHz)
• Primeira linha na avaliação do conteúdo escrotal
• Doppler geralmente utilizado
o Comparação esquerdo/direito
• Avalia
o Orquiepididimite
o Torção do cordão espermático
o Tumor do testículo
o Quisto do epidídimo
o Varicocele
o Hidrocele
Ecografia Peniana
• Com o pénis em flacidez é pouco informativa
• Avaliação morfológica do pénis
• Caracterização de placas de fibrose da albugínea (Doença de Peyronie)
Ecodoppler Peniano
• Avaliação funcional — investigação de disfunção erétil
• Após injeção de agente vasoativo (alprostadilo 10-20 gg) mede-se fluxo das artérias
cavernosas em tempo real
• Causa arteriogénica vs. disfunção venooclusiva
Outros Exames
• Cintigrafia Óssea
o Realizado pela Medicina Nuclear
o Administração de radiofármaco
o Obtenção de imagens em câmara gama após tempo pré-definido (geralmente
cerca de 2h)
o Utilização frequente em Urologia
▪ Estadiamento do Cancro da Próstata (pesquisa de metástases ósseas)
• PET/CT
o Realizado pela Medicina Nuclear; utilização crescente
o Administração de radiofármaco emissor de positrões
o Obtenção de imagens anatómicas e funcionais (técnica híbrida)
o Utilização em Urologia:
▪ Estadiamento — pesquisa de metastização (nomeadamente próstata —
PET-PSMA) – tem ligando que se liga especificamente a células do
cancro da próstata
Questões
• Um doente de 36 anos apresenta-se no Serviço de Urgência por um quadro de lombalgia
aguda e febre (39ºC) com 36 horas de evolução. Analiticamente: Leucócitos= 16000/pL;
Exame Sumário de Urina com Leucócitos e Nitritos positivos. Ecografia renal mostrou
hidronefrose sem obstáculo visível, mas doente com importante distensão gasosa
intestinal; RX KUB sem litíase radiopaca evidente. Qual a conduta subsequente mais
adequada?
o A) Repetição de ecografia após realização de clister de limpeza
o B) Realização de TC com contraste
o C) Realização de TC sem contraste
o D) Realização de renograma para confirmação da obstrução
• Qual das seguintes opções está correta
o A) Uma ecografia vesical normal permite excluir com segurança a presença de
uma neoplasia da bexiga.
o B) Um cálculo vesical só pode ser visualizado através de uretrocistoscopia
o C) A ecografia prostática por via supra-púbica e transretal são igualmente
informativas
o D) A Tomografia Computorizada é uma ferramenta essencial para o
estadiamento das neoplasias vesicais
Conclusões
• A Urologia compreende diversos exames complementares de diagnóstico, muitos
realizados pelo próprio urologista
• É essencial saber que exame pedir e quando o pedir
• É essencial saber interpretar os resultados sem ter como única base o relatório
• Os exames nunca substituem uma correta colheita da história e um exame físico
completo mas são, como o nome indica, um complemento aos mesmos.