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Infecções Sexualmente

Transmissíveis

Profa Dra Mariane Nunes de Nadai


ASSINTOMÁTICOS
Infecções Sexualmente Transmissíveis

• Manifestações principais: lesões, corrimentos e verrugas anogenitais,


dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele e linfonodomegalia

• Algumas IST podem não apresentar sinais e sintomas, e se não forem


diagnosticadas e tratadas, podem levar a graves complicações, como
infertilidade, câncer ou até morte.

• Importância de testes laboratoriais, em especial em situações de risco


Infecções Sexualmente Transmissíveis
• Causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos
• Transmitidas, principalmente, por contato sexual (oral, vaginal, anal)
desprotegido ou transmissão vertical
• De maneira menos comum, as IST também podem ser transmitidas
por meio não sexual, pelo contato de mucosas ou pele não íntegra
com secreções corporais contaminadas
• DSTs à ITSs : possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma
infecção, mesmo sem sinais e sintomas
Infecções Sexualmente Transmissíveis

ØCervicites e uretrites

ØDoença inflamatória pélvica

ØÚlceras genitais

ØOutras ISTs virais


Infecções Sexualmente Transmissíveis

ØCervicites e uretrites

ØDoença inflamatória pélvica

ØÚlceras genitais

ØOutras ISTs virais


Cervicites e Urerites
• Neisseria gonorrhoeae é um diplococo Gram- negativo intracelular

• Chlamydia trachomatis é um bacilo Gram-negativo intracelular obrigatório com tropismo pelas


células epiteliais da conjuntiva, uretra, endocérvice e trompa

• Na mulher, diferentemente do homem, a coloração pelo método de Gram tem uma sensibilidade
de apenas 30%

• Gonorréia assintomática 50% mulheres

• A cervicite gonocócica pode ser diagnosticada pela cultura do gonococo em meio seletivo (Thayer-
Martin modificado), a partir de amostras endocervicais.
Cervicites

• inflamação do epitélio colunar


endocervical, ou seja, do epitélio
glandular do colo uterino
Uretrites
• Aspecto que varia de mucoide a purulento,
com volume variável
• Dor uretral (independentemente da micção),
disúria, estrangúria (micção lenta e dolorosa),
prurido uretral e eritema de meato uretral.
• Na mulher, pode haver corrimento, dor à
micção, sangramento durante a relação
sexual, porém a maioria das infecções são
assintomáticas
• Muito mais comuns no sexo masculino do que
no sexo feminino
• Agentes etiológicos mais importantes do
corrimento uretral são a N. gonorrhoeae e a
C. trachomatis
• Diagnóstico: Gram ou cultura (Thayer
Neisseria gonorrhoeae
Martin)

• Gonococcia extragenital: oftalmite,


faringite, proctite, retite, bacteremia
Clamídia trachomatis • agente causador de doenças do trato
urogenital, linfogranuloma venéreo (LGV),
TPPT, tracoma, conjuntivite de inclusão e
pneumonia no recém-nascido
• assintomática em até 50% dos homens e em
70% das mulheres
• mesmo assintomática, pode causar severa
imunopatologia tubária
• Diagnóstico: PCR, cultura, captura híbrida
(swab endocervical)
• IST bacteriana mais comum no mundo
Cervicites e Uretrites - Tratamento
Infecções Sexualmente Transmissíveis

ØCervicites e uretrites

ØDoença inflamatória pélvica

ØÚlceras genitais

ØOutras ISTs virais


Doença Inflamatória Pélvica

• DIP normalmente inicia com a infecção cervical por Chlamydia


trachomatis e/ou por Neisseria gonorrhoeae à ascende ao trato
genital superior à conduz à infecção polimicrobiana

• DIU x DIP

• Não existe teste padrão-ouro


Doença Inflamatória Pélvica
à Sinais e sintomas:
• Dor à mobilização do colo uterino
• Dor anexial
• Dispareunia
• Corrimento vaginal mucopurulento
• Queixas urinárias
• Sangramento intermenstrual
• Anorexia, náuseas e vômitos
• Febre (30 a 40% dos casos)
Doença Inflamatória Pélvica

• Canal endocervical à barreira para ascençao trato genital superior à


infecção por patógeno pode romper esta barreira

• Flora vaginal pode ascender e infectar endométrio, endosalpinge,


ovários, peritônio
Doença Inflamatória Pélvica
àFatores de risco:

• Múltiplos parceiros sexuais

• Parceiro com IST

• Jovem (15 A 25 anos)

• DIP prévia

• Não uso de condom

• Hábitos inadequados como ducha vaginal


Doença Inflamatória Pélvica
Doença Inflamatória Pélvica
• Critérios diagnósticos (1 elaborado ou 3 maiores +1 menor):
Doença Inflamatória Pélvica
à Consequências
• Dor pélvica
• Aderências
• Infertilidade
• Ectópica (5 a 7x maior)
• Abscessos
• Sindrome de Fitz-Hugh-Curtis
Alterações patológicas na superfície do epitélio
tubário após DIPA
Doença Inflamatória Pélvica

à Diagnóstico diferencial:
• ectópica
• apendicite
• I.T.U.
• Torção ovariana
• Rotura de cisto ovariano
• Endometrioma roto
Doença Inflamatória Pélvica

• Tratamento:
Doença Inflamatória Pélvica
à Tratamento cirúrgico:
• Falha do tratamento clínico
• Massa pélvica que se mantém ou aumenta apesar do tratamento
clínico
• Suspeita de rotura de abscesso tubo-ovariano
• Hemoperitôneo
• Abscesso de fundo de saco de Douglas
Infecções Sexualmente Transmissíveis

ØCervicites e uretrites

ØDoença inflamatória pélvica

ØÚlceras genitais

ØOutras ISTs virais


Úlceras genitais

vSífilis

vLinfogranuloma venéreo

vCancro mole

vHerpes
Úlceras genitais

• Avaliação cuidadosa do aspecto da úlcera, consistência e grau de


acometimento.

• Avaliação do status linfonodal, particularmente pela presença de


linfadenopatia local ou generalizada, consistência e presença de
supuração.

• Exame físico geral com ênfase na pele, na boca e nos olhos.


Sífilis
• Treponema palidum

• Período de incubação: em média 3 semanas, entre a exposição e o aparecimento do cancro (pode variar entre 10 dias e 3

meses).

• Transmissão sexual requer a existência de lesões (cancro duro, condiloma plano, placas mucosas

• Transmissão vertical pode ocorrer em qualquer período da gestação, e em qualquer fase da infecção (mais frequente nas

fases primária e secundária)

• Incidência em queda até o início do milênio, vem aumentando na última década.

• Sífilis congênita – grave problema de saúde pública.


Sífilis
Sífilis
à Segundo as manifestações clínicas
• Primária à ferida indolor na genitália, no reto ou na boca (cancro duro)
• Secundária à erupção cutânea, entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da
ferida inicial
• Terciária à dois a 40 anos depois do início da infecção
• Latente à latente recente (menos de dois anos de infecção) e sífilis latente tardia (mais de dois anos
de infecção), diagnóstico somente por testes sorológicos

àSegundo o contágio:
• Adquirida
• Congênita

Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis – Ministério da Saúde – Brasil – 2015

http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes
FASE EXANTEMÁTICA:
Roséolas palmares e plantares
Os sinais e sintomas: após 3 a 12 anos de infecção
SÍFILIS CONGÊNITA
• Placentite: placenta edemaciada
• Aborto tardio
• Natimorto
• Morte logo após o parto
• Sífilis congênita recente
• Sífilis congênita tardia
Sífilis
à Testes diagnósticos:
vExame de campo escuro
• Pesquisa direta com material corado
vTestes imunológicos:
• Não treponêmicos : VDRL (Veneral Diseases Research Laboratory) ou
RPR
• Treponêmicos : FTA-Abs (Fluorescent Treponema Antigen Absorvent)
e o TPH (Microhemaglutinação para Treponema pallidum)
Sífilis
à Testes diagnósticos para cada fase:
vPrimária:
• Microscopia de campo escuro;
• Métodos de coloração e testes treponêmicos ( detectam anticorpos específicos)
v Secundária:
• Microscopia de campo escuro;
• Testes que detectam anticorpos.
v Terciária:
• Testes treponêmicos;
v Congênita:
• Testes treponêmicos e não treponêmicos (detectam anticorpos não específicos)
Sífilis - tratamento
à Tratamento e controle:
v Primária:
• Penicilina Benzatina – 1 dose
v Secundária:
• Penicilina Benzatina – 2 doses
v Terciária:
• Penicilina Benzatina – 3 doses
v Neurossífilis:
• Penicilina Cristalina
• Penicilina Benzatina:
• Agem sobre a síntese da parede celular de bactérias
Testes Sorológicos
O efeito prozona ocorre
quando existe um
excesso de anticorpo no
soro testado, dando o
resultado negativo. Para
evitar que isso ocorra,
deve-se proceder a
diluição da amostra
testada, até 1:4 ou 1:8.

FALSO NEGATIVO – EFEITO PROZONA – 2%


Linfogranuloma Venéreo (LGV)
Linfogranuloma Venéreo (LGV)
Linfogranuloma Venéreo (LGV)
à Sequelas:

• Devido ao acometimento do reto, são mais freqüentes em


mulheres e em homossexuais masculinos;

• A obstrução linfática crônica leva a elefantíase genital, que


na mulher é denominada estiômeno.

• Podem ocorrer fístulas retais, vaginais, vesicais e estenose


retal.
Cancro Mole

• Def.: doença de evolução aguda, tempo de incubação de 2 a 7dias,


caracterizada por úlceras dolorosas, geralmente múltiplas (auto
inoculação).

• Agente: Haemophilus ducreyi

• Epidemiologia: predominante no sexo masculino – 10 a 20/1


Cancro Mole
Quadro clínico:
• Úlceras com bordas irregulares e
eritêmato-edematosas. Geralmente
dolorosas
• Fundo com exsudato necrótico e
amarelado
Cancro Mole
DIAGNÓSTICO: presença de bacilos curtos Gram
negativos (esfregaço da úlcera)
Cultura: de difícil execução
Cancro Mole
Cancro Mole

TRATAMENTO: cuidados locais


Azitromicina: 1g dose única
Eritromicina: 500mg 6/6hs por 7d.
Doxiciclina: 100mg 12/12hs por 7d.
Herpes Genital
• Def.: virose transmitida pelo contato sexual ou contato direto com as
lesões
• Agente etiológico: HSV (Herpes simplex virus) tipo 2 – DNA vírus
envelopado.
• Período de incubação: 3 a 14 dias
• Sintomas: lesões vesiculosas que se transformam em pequenas
úlceras, dolorosas.
Herpes Simples
à Primoinfecção:
•Adenopatia inguinal dolorosa: 50% dos casos
• Micção é dolorosa
• Após a infecção 1ª HSV à nervos periféricos
sensoriais à núcleos das céls. ganglionares à
latência
Herpes Genital

à Recorrência:
•Lesões mais localizadas.
• Recorrência associada: traumatismo, menstruação, estresse
físico ou emocional, imunodeficiência.
• Quadro clínico menos intenso com o passar do tempo.
• Antes da recorrência paciente pode sentir coceira, irritação ou
maior sensibilidade nos locais onde aparecem as lesões.
Herpes Genital
GESTANTE

• Primoinfecção materna oferece maior risco de infectar o feto do que infecções


recorrentes.

• Infecções do recém-nascido são graves.

• Parto via alta se bolsa íntegra ou rotura há <4hs (na presença de lesões).
Herpes genital
à Diagnóstico:

• Clínico

• Laboratorial:

Citologia: células de Tzank

Imunofluorescência direta

Cultura
Herpes Genital

à Tratamento:

• Não há cura

• Cuidados locais

• Medicamentos antivirais - reduzem o número e diminuem a duração


dos episódios de recorrência e agilizam a cicatrização
Herpes Genital
Herpes
à Prevenção e controle:
• Uso de preservativos reduz, mas não elimina o risco de transmissão
• Podem haver lesões em áreas não cobertas pelos preservativos
• Portadores de herpes genital devem abster-se de relações sexuais
quando apresentarem sintomas
• Uso de medicação antiviral pode reduzir o risco de transmissão entre
parceiros discordantes
Infecções Sexualmente Transmissíveis

ØCervicites e uretrites

ØDoença inflamatória pélvica

ØÚlceras genitais

ØOutras ISTs virais


ISTs Virais
• Herpes
• HPV
• HIV
• Hepatite B
• Hepatite C
ISTs Virais
• Herpes
• HPV
• HIV
• Hepatite B
• Hepatite C
HPV
HPV
•Família Papovaviridae
•Gênero Papillomavirus
•Mais de 200 tipos (40 habitantes da região anogenital)
•Genoma - cadeia dupla de DNA, contido em um capsídeo de arranjo
icosaédrico
•Não tem envelope
•Potencial oncogênico
HPV

Vírus de baixo risco


Ex: tipos 6, 11, 40, 42, 43,
54, 61, 70, 72, 81, CP6 108
- condilomas e lesões de
baixo grau

1) Schiller JT, Day PM, Kines RC. Current understanding of the mechanism of HPV infection. Gynecol Oncol. 2010;118(1 Suppl):S12-7.
2) Horvath CA, Boulet GA, Renoux VM, Delvenne PO, Bogers JP. Mechanisms of cell entry by human papillomaviruses: an overview. Virol J. 2010;7:11.
HPV

Vírus de alto risco


Ex: tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39,
45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73, 82
- se integra ao DNA da célula
hospedeira
- Maior potencial oncogênico

1) Schiller JT, Day PM, Kines RC. Current understanding of the mechanism of HPV infection. Gynecol Oncol. 2010;118(1 Suppl):S12-7.
2) Horvath CA, Boulet GA, Renoux VM, Delvenne PO, Bogers JP. Mechanisms of cell entry by human papillomaviruses: an overview. Virol J. 2010;7:11.
HPV
à Tipos de Infecção
• Infecção Clínica à presença das verrugas
• Infecção Subclínica à alteração citológica ou histológica induzida
pelo HPV
• Infecção Latente à onde se detecta o DNA do vírus, sem qualquer
alteração morfológica do epitélio
• permanece por tempo indeterminado neste estado
• reservatórios
HPV
• A maioria das pessoas sexualmente ativas terá contato com o HPV em
algum momento de suas vidas
• Após 2 anos do início sexual, 50% das mulheres já apresentam teste
positivo para a presença do DNA de HPV
• Maioria destas infecções apresentam caráter transitório, onde há
clareamento do vírus em torno de 2 anos
• Cerca de 10% à infecção persistenteà maior risco de desenvolver
lesões precursoras ou câncer de colo uterino
HPV
• Manifestações clínicas
HPV
àDiagnóstico:

• Clínico

• Colpocitologia

• Colposcopia

• Imuno-citoquímica / imuno-histoquímica

• PCR

• Captura híbrida
HPV
• Colpocitologia
HPV – Alterações de baixo grau
HPV – Alterações de alto grau
HPV
• Tratamentos disponíveis
– Crioterapia
– Eletrocauterização
– Cauterização por laser
– Podofilina - Podofilotoxina
– Ácido tricloroacético (ATA)
– Exérese cirúrgica
– Imiquimod
• Nenhum tratamento será ideal para todos os pacientes
Mecanismo de
Tratamento ação Efeito adverso (%) Clearence (%) Recorrência (%)
Excisão Cirúrgica Excisão Cirúrgica Dor (100%), sangramento 35-70% 20%
(40%), cicatriz(10%)

Crioterapia Destruição Dor ou bolha no local 60-90% 20-40%


Química/Física (20%)

Interferon-α Destruição Queimação prurido e 20-60% Dados insuficientes


Química/Física irritação no local da
injeção, dor de cabeça,
febre (6%)
Laser Destruição Similar à excisão cirúrgica 25-50% 5-50%
Química/Física

Imiquimod Estimulação sistema Eritema (70%), irritação, 30-50% 15%


imunológico ulceração e dor (<10%)

Podofilox Destruição Queimação no local de 45-80% 5-30%


Química/Física aplicação (75%),
dor(50%), inflamação
(70%)
Podofilina (Resina) Destruição Irritação local, eritema, 30-80% 20-65%
Química/Física queimação, no local da
aplicação (75%)

ATCA Destruição Irritação local e dor, 50-80% 35%


Química/Física nenhum efeito sistêmico

Adaptado de Kodner CM, Nasraty S. American Family Physician 2004; 70(12):2335-2342, 2345-2346.
Infecções Sexualmente Transmissíveis

• Relação de confiança médico-paciente à diagnóstico e adesão ao


tratamento
• Preconceito pode impedir a pessoa de buscar informações sobre IST
• Tratamento das pessoas com IST melhora a qualidade de vida e interrompe
a cadeia de transmissão dessas infecções. O atendimento, o diagnóstico e o
tratamento são gratuitos nos serviços de saúde do SUS
• Vigilância epidemiológica
ISTs e Vigilância Epidemiológica
• SINAN

• Compulsório à notificação é obrigatória no caso de sífilis adquirida sífilis em gestante, sífilis congênita,

hepatites virais B e C, Aids, infecção pelo HIV, infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e

criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV, conforme a Portaria no 1.271, de 6 de junho de

2014.

• A síndrome do corrimento uretral masculino é de notificação compulsória, a ser monitorada por meio da

estratégia de vigilância em unidades sentinela e suas diretrizes, de acordo com a Portaria no 1.984, de 12 de

setembro de 2014.

• As demais IST, se considerado conveniente, podem ser incluídas na lista de notificação dos estados/

municípios.

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