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Medicina da Família

e da Comunidade
UBS Jardin dos Buritis
Waleska Queiros

Gurupi, 2021
Saúde da mulher
● O corrimento vaginal é uma das principais doenças ginecológicas;

● O corrimento vaginal é ao mesmo tempo um sintoma referido pela paciente e um sinal


percebido ao exame físico (exame especular).

● A obtenção da história clínica completa é de extrema importância com informações


sobre: comportamento sexual, ciclos menstruais, métodos anticoncepcionais, utilização
de duchas vaginais, doenças sistêmicas, tratamentos prévios (drogas, doses, falta de
resposta ou recidivas);
Corrimento
Fisiológico
Secreção Fisiológica
• Constituída por muco cervical, células vaginais e cervicais esfoliadas,
secreção das glândulas de Bartholin e Skene, transudato vaginal, proteínas,
glicoproteínas, ácidos graxos orgânicos, carboidratos, pequena quantidade
de leucócitos, e microrganismos da flora vaginal.

• Possui cor branca ou transparente, pH vaginal ao redor de 3,8 a 4,2 e


volume variável; seu aspecto pode variar de acordo com a fase do ciclo
hormonal

• Os Lactobacillus acidophilus (bacilos de Döderlein), produzem ácido lático, e


são os grandes responsáveis pela acidez vagina.

• Os Lactobacillus acidophilus suprimem o crescimento dos anaeróbios


através da produção de peróxido de hidrogênio,
Fatores predisponentes
• Diabetes;
• Uso de esteroides;
• Uso de antibióticos;
• Uso de imunossupressores;
• Uso de duchas vaginais;
• Uso de absorventes internos e externos;
• Depilação exagerada e frequente;
• Relações sexuais e praticas de coito não convencional;
• Uso de ACO ou DIU;
• IST;
• Estresse;
• Mudança de parceiro; ou múltiplos parceiros;
• Hospitalizações prolongadas;
• Tabagismo
Vaginose
Bacteriana
Vaginose Bacteriana
• A vaginose é a principal causa de corrimento vaginal; síndrome clínica
polimicrobiana.

• Bactérias: Prevotella sp., Bacteroides sp., Mobiluncus sp., Peptostreptococcus sp.,


Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum, Gardnerella vaginalis;

• É raro em virgens; concluindo-se que é uma doença ligada ao sexo, embora não
seja uma DST;

• Esta associado ao aumento do risco de aquisição da doença inflamatória pélvica,


infecções pós-operatórias e aumento das taxas de infecção pelo HIV.

• Complicações em gestantes: aborto, infecções pós-aborto, prematuridade,


amniorrexe prematura, corioamnionite, endometrite pós-parto e infecções de
parede pós-cesárea.
Diganóstico
Diagnóstico clinico é dado na presença de três dos quatro criterios de Amsel:

• Presença de corrimento vaginal homogenio e fino, banco-acinzentado, com


microbolhas e não aderente às paredes vaginais;
• Presença de odor fétido, semelhante a “peixe podre”, que piora após o coito;
• pH >4,5 (teste de aminas)
• Presença de células indicadoras (clue cells) em exame microscópico;

Obs.: Os sintomas inflamatórios, como disúria, dispareunia, edema vaginal e vulvar,


prurido e irritação vulvar, são menos frequentes.

• Padrão-ouro: lâmina, utilizando a coloração pelo Gram e interpretada pelos critérios


de Nugent;
Tratamento
• Na ausência de sintomas e mesmo com a presença de células indicadoras de
Gardnerella vaginalis, não há indicação de tratamento.

• Esta indicado em todas a pacientes sintomáticas, ou as que forem ser submetidas à


uma histerectomia ou algum procedimento de manipulação uterina (DIU);

• Não esta indicado o tto de perceiros;

• TTO em gestantes é o mesmo de não gestantes


Obs.: esquemas de metronidazol em dose única possui baixa eficácia no tratamento de
vaginose bacteriana;
Candidíase
Candidíase
• Segunda causa mais comum de corrimento vaginal, está associada a gestação, uso
recente de antibióticos, corticoides, contraceptivos hormonais combinados,
diabetes, estresse e imunossupressão.

• As várias espécies de Candida podem ser encontradas colonizando a vagina e o


reto, causando doença apenas de maneira oportunista.

• A maior parte dos casos sintomáticos é causada pela Candida albicans;

• Os sintomas são mais frequentes no período pré-menstrual.


Diganóstico
• O quadro clínico e o exame a fresco são suficientes na maioria dos casos.

• Quadro clínico: prurido, queimação vulvovaginal, edema e escoriações vulvares,


disúria e dispa-reunia superficial associados a corrimento;

• Corrimento vaginal: secreção espessa, em grumos, brancacenta, inodora e aderente


às paredes vaginais (semelhante à leite talhado)
Tratamento
● A via de administração, oral ou tópica, não modifica os resultados; porém o tratamento oral
está contraindicado na gestação.

● Além dos medicamentos listadoss existem no mercado brasileiro o isoconazol, fenticonazol,


cetoconazol e itraconazol;

● As associações de antifúngico com corticoide (Cetobeta, candicort;) fornecem rápido alívio da


sintomatologia vulvar, mas não tratam a infecção vaginal. Portanto, se utilizadas, devem ser
associadas a outros esquemas terapêuticos.

● O tratamento do parceiro não está indicado rotineiramente;

Obs.: tratamento da candidíase em pacientes imunossuprimidas deve ser realizado com a utilização
de esquemas de duração mais prolongada (7 a 14 dias).
Tratamento
Recidivas
● Deve-se tratar o episódio agudo com agentes tópicos por 7 a 14 dias ou com fluconazol via oral
nos dias 1, 4 e 7.

● Após a remissão dos sintomas, deve-se utilizar tratamento antifúngico de manutenção.

● Tratamento do parceiro é adotado por vários médicos, embora de maneira empírica e sem
comprovação de menor taxa de recidivas.
Tricomoníase
Tricomoníase
• É causada pelo Trichomonas vaginalis é um protozoário anaeróbio que infecta
preferencialmente o trato genital humano, tendo como reservatorio o colo uterino, a
vagina e a uretra;

• A maioria dos infectados são assintomáticos; sendo as mulheres as mais


sintomátocas;

• É considedara da terceira IST não viral mais prevalente;

• É comum a cooinfecção com vaginose bacteriana (Gardnerella vaginalis) e


Neisseria gonorrhoeae;

• Pode propiciar a infecção por outros agentes infecciosos, facilitar DIP e VB e em


gestantes causas rotura prematura;
Diganóstico
Quadro clínico:

• Os homens sintomáticos: uretrite, disúria e secreção uretral mucopurulenta;

• Mulheres sintomáticas: corrimento verde-amarelado, abundante, espumoso e


malcheiroso, associado a sintomas inflamatórios intensos, como prurido e irritação
vulvares, disúria, dispareunia e colpite focal (colo em morango ou teste de Schiller
em pele de onça).

• Associação do quadro clínico ao exame citopatológico (detecção de protozoário


fragelado) é a ferramenta mais utilizada para o diagnóstico da tricomoníase; porem
é encontrado também pH aumentado;
Tratamento
● O tratamento tópico não proporciona níveis terapêuticos na uretra e nas glândulas parauretrais,
não devendo ser utilizado.

● Os parceiros sexuais devem ser tratados;

● O tratamento prolongado de tricomoníase em paciente infectada pelo HIV apresenta melhores


taxas de sucesso do que os esquemas em dose única; 1 CP a cada 12/12h, por 7 dias;

● As gestantes sintomáticas devem ser tratadas para alívio dos sintomas, com esquema de
matronidazol;
Tratamento

Recidivas
Cervicite
Cervicite
• Inflamação da mucosa endocervical (epitélio colunar/glandular do colo uterino);

• É uma IST, frequentemente causada por Chlamydia trachomatis e Neisseria


gonorrhoeae;

• Tem como fator de risco atividade sexual sem proteção;

• Prevalência: adolescentes, mulheres abaixo de 25 anos, pacientes com baixo nível


socioeconômico, multiplicidade de parceiros sexuais, antecedentes de IST, parceiro
atual com uretrite e quadros de imunossupressão;
Diganóstico
Frequentemente são assintomáticas (70 – 80%)

Quadro clínico:
• Corrimento vagina;
• Sangramento intermesntrual (metrorragia)
• Dispareunia de profundidade
• Disúria
Exame físico:
• Dor a mobilização do colo;
• Material mucopurulente no orifício externo do colo;
• Colo friável;
Complicações
● DIP;

● Dor pélvica crônica;

● Gravidez ectópica

● Infertilidade

● Em gestantes: risco de prematuridade, rotura previa de membranas, aborto, retardo de


crescimento intrauterino e febre puerperal;

● Em RN: conjuntivite purulenta neonatal, septicemia, artrite, abcessos de couro cabeludo,


pneumonia, meningite, endocardite e estomatite
Tratmento
• Infecção não complicada: Ceftriaxona 500mg IM, dose única + Azitromicina,
500mg, 2cp, VO, dose única;

• Infecção disseminada: Ceftriaxona 1g, IM ou EV, 7 dias + Azitromicina 500mg,


2cp, VO, dose única;
Tratmento segundo o
Tratado de Medicina da
Familia da Comunidade
Obrigada!

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