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Dr.

Rui Bastos
A essência do controle das ITS é o manejo
abrangente dos casos.

Com a detecção e o tratamento imediatos e efectivos,


os pacientes recebem benefícios imediatos em relacção
à sua saúde.

Além disso, a população, como um todo,


beneficia-se do declínio da incidência e da
prevalência de ITS devido à redução da
duração da fase contagiosa da doença no
paciente.
Um profissional de saúde, qdo em face de um
possível caso ITS, usa geralmente um dos
seguintes métodos de diagnóstico:

Clínico

Etiológico

Sindrómico
O diagnóstico etiológico de algumas ITS
requer profissionais especializados e
equipamento de laboratório sofisticado,
nem sempre disponíveis.

É caro e consome tempo

Além disso, é importante que o doente saia da


consulta com uma prescrição terapêutica!
Não é possível fazer clinicamente o
diagnóstico diferencial entre as várias
prováveis infecções.
Podem ocorrer erros e falhas,
principalmente na identificação de
infecções mistas
Principais características:
1. Classifica os principais agentes etiológicos segundo
as sídromes clínicas por eles causados;

2. Utiliza algoritmos que ajudam o profissional a


identificar as causas de uma determinada síndrome;

3. Indica o tratamento imediato para os agentes


etiológicos mais frequentes na síndrome.
Este método permite ainda:
 O aconselhamento como o principal factorda relacção
profissional de saúde/doente;
 Orientações para a adesão ao tratamento;
 Fornecimento e orientações para utilização adequada
de preservativos;

 Oferta de serologia para sífilis e para o HIV;

 Orientações necessárias para controle de parceiros sexuais;

 O registo adequado e a notificação do caso;


Alguns pontos podem ser discutidos:
1.A A.S. é empírica (não é um método científico)
2. O diag. Sind. É simplificado demais para 1 médico
3. O manejo sind. Despreza o conhecimento,
habilidades e experiência do profissional de saúde
4. A A.S. resulta num desperdício de medicamentos
5. A A.S. induz à resitência bacteriana
A TRÍADE ECOLÓGICA

O agente
causal

O hospedeiro
susceptível
A via de
transmissão
Agentes essencialmente adquiridos
pela via sexual

Bactérias Vírus Outros


Neisseria gonorrhoeae HIV 1 E 2 Trichomonas vaginalis
Chlamydia trachomatis HTLV - I Phtirius pubis
Treponema pallidum Herpes simplex tipo 2
Haemophilus ducreyi HPV
Calymmatobacterium Hepatite B
granulomatis Cytamegalovirus
Ureaplasma urealyticum Moluscum contagiosum
Agentes descritos como adquiridos pela via
sexual, ou cujo modo de transmissão não está
bem definido

Bactérias Vírus Outros

Mycoplasma hominis HTLV - II Candida albicans


Gardnerella vaginalis Hepatite C Sarcoptes scabiei
Estreptococos grupo B Herpes simplex tipo 1
Herpes humano tipo 8
Agentes de transmissão sexual
envolvendo exposição fecal-oral

Bactéria Vírus Outros

Shigella app Hepatite A Entamoeba histolytica


Campylobacter spp Giardia lamblia
As Sindromes ITS mais comuns e
seus agentes etiológicos

• Sindrome • Agentes etiológicos


• Uretrite: homem  • NG, CT, UU, TV, HSV
• Epididimite  • NG, CT
• Cervicite mucopurulenta  • NG, CT
• Vulvovaginite  • C. albicans, T. vaginalis
• Vaginose bacteriana  • Gardnerella vaginalis e outras
• DIP  • NG, CT, VB associadas
• Úlcera genital  • T P, H. ducreyi, CT, HSV 2 e 1, CG
• Vegetações venéreas  • HPV
• SIDA  • HIV 1 e 2
• Hepatite viral  • HBV
• Sarna  • Sarcoptes scabiei
• Pediculose do púbis  • Phthirus pubis
As Sindromes ITS mais comuns e
seus agentes etiológicos

• Sindrome • Agentes etiológicos


• Neoplasias
– Carcinoma cervical, vulva, • HPV ( especialmente os tipos
vagina, penis e anus 16, 18, 31, 45)
– Sarcoma de Kaposi • Virus do Herpes humano 8 (?)
– Neoplasia linfóide • HIV, EBV, HTLV-1
– Carcinoma hepatocelular • HBV
A via de transmissão

é directa

estreita relação entre o


reservatório e o hospedeiro susceptível
Hospedeiro Susceptível
variáveis primárias :
A susceptibilidade
A resistência
A imunidade
variáveis secundárias :
A idade
O sexo
A ocupação
O nível sócio-económico
Outros factores que actuam
sobre a tríada ecológica :

Factores sociais
Factores culturais
Comportamentos sexuais de risco
Actividade sexual
Preferência sexual
Comportamentos sexuais :

Idade do início da actividade sexual


Número de Parceiros sexuais
Escolha dos Parceiros sexuais
Práticas sexuais

Assim, o número de pessoas que corre


o risco de contrair uma I T S é cada vez maior,
não se prevendo uma mudança desta
tendência.
O que é o Factor de Risco nas DTS?

É toda a característica que pode interessar


a uma pessoa ou a um grupo de pessoas,
associando-as ao aumento da probabilidade
de sofrer um processo patológico e que lhes
pode trazer consequências nefastas.
Factores de Risco

Comportament Número de Parceiros sexuais


os Sexuais
Taxa de aquisição de novos parceiros sexuais
Parceiros ocasionais
Preferência sexual
Práticas Sexuais
Comportament Não uso de barreiras (preservativo masculino ou
os para os feminino) e de agentes microbicidas
cuidados de
Consulta atrasada para o diagnóstico,
saúde
tratamento
Não encaminhamento dos contactos sexuais

Não cumprimento da terapêutica

Duches vaginais frequentes


HISTÓRIA CLÍNICA E SEXUAL
E EXAME FÍSICO

Anamnese
é necessário interrogar sobre:
a data do início dos sintomas,
a evolução sofrida,
como o doente caracteriza os seus sinais e sintomas,
a história sexual (nº de parceiros, uso de preservativo,
práticas sexuais),
tratamentos já efectuados,
antecedentes de ITS.
A abordagem da história sexual é
muitas vezes difícil para os clínicos.
É importante respeitar as crenças
dos doentes sobre esta matéria.
Durante a sua colheita não devem estar
presentes outras pessoas e deve
ser garantido o sigilo e a confidencialidade.
decisivos. Este é simples e comprende:

1 uma inspecção da superfície cutânea

2 o exame da boca e da garganta

3 procura de linfadenopatia por região:

pescoço, sub-maxilar, sub-mentoniana,

cavado supraclavicular, axilar e


Aparelho Genital Feminino
O CORRIMENTO URETRAL EM HOMENS
Sintomas Sinais Causas mais
comuns Clínicos Comuns comuns (etiologia)

Corrimento Corrimento Gonorreia


uretral uretral (N. gonorrhoeae)

Disúria Uretrite não gono


(C. trachomatis ou
U.urealyticum)
Infecção comum, universal e muito contagiosa!
Importa lembrar que a Gono coexiste
frequentemente com outras ITS!

A bactéria: Neisseria gonorrhoeae, infecta as superfícies


mucosas de revestimento epitelial de tipo colunar ou
cilíndrico de transição:

• Uretra no homem e mulher;


• Cervix uterino na mulher; • Diplococo intracelular ;
• Mucosa rectal ambos sexos; • Gram negativo;
• Orofaringe ambos sexos; • Fermentação açucares #;
• Conjuntiva ambos sexos. • Diferenças em plasmídeos.
Infecção comum, universal e muito contagiosa!
Importa lembrar que a Gono coexiste
frequentemente com outras ITS!

• Período de incubação: 4 - 7 dias; Ocasionalmente, pode ser mais


curto - 24H; Incubação mais prolongada - 1 mês ou > é cada
vez mais comum.

• Idade: Todas as idades, mas >90% entre 15 e 35 anos.

• Risco: Homem infectado para mulher sã - 50 a 605%; mulher


infectada para homemsão - 20%.
Infecção comum, universal e muito contagiosa!
Importa lembrar que a Gono coexiste
frequentemente com outras ITS!
• Clínica:
URETRITE AGUDA em ± 90% dos casos;
1 - 10% de formas assintomáticas;
Sintomas e Sinais:
Ardor à micção
Corrimento uretral abundante
Meatite
Edema do pénis e balanopostite ou linfangite
lonfonodos dolorosos em 15% dos casos
GONORRÉIA
Infecção comum, universal e muito contagiosa!
Importa lembrar que a Gono coexiste
frequentemente com outras ITS!

• Clínica:
Complicações genitais no homem:
Tyson; Littre; Cowper
Prostata
Epididimite
Úlceras penianas raramente
Apertos uretrais
Infecção comum, universal e muito contagiosa!
Importa lembrar que a Gono coexiste
frequentemente com outras ITS!
• Diagnóstico:
GRAM:
Polimorfonucleares (PMN) >5/campo
Diplococos intracelulares Gram negativos
(sensibilidade  95% em homens c/ U. Sinto)
CULTURA:
Em meio Tayer Martin detecta 95-100% das
infecções sintomáticas uretrais.
diplococo
intracelular
diplococo
intracelular
Infecção comum, universal e muito contagiosa!
Importa lembrar que a Gono coexiste
frequentemente com outras ITS!

• Tratamento:
Kanamicina 2 gr IM dose única;
Espectinomicina 2 gr IM dose única; ou
Ciprofloxacina 500 mg VO em dose única ou
Ofloxacina 400 mg VO em dose única ou
Ceftriaxona 125 mg IM dose única ou
Cefixime 400 mg VO em dose única.
Infecção comum, universal e muito contagiosa!
Importa lembrar que a Gono coexiste
frequentemente com outras ITS!

• Tratamento de infecção gonocócica complicada:


Gonorréia dessiminada: Ceftriaxona* 1 gr IM ou IV / dia.
Todos os esquemas devem ser mantidos por 24-48 h depoisdo início da
melhora; o tratamento deve então ser mudado para cefixima, 400mg VO 2 xs /
dia, ou ciprofloxacina 500mg VO 2xs/diapara completar 7 dias de tratamento.

* Cefotaxima, 1 gr IV 8/8h, ou ceftizoxima, 1gr 8/8h, ou espectinomicina, 2 gr


IM 12/12h.
Infecção comum, universal e muito contagiosa!
Importa lembrar que a Gono coexiste
frequentemente com outras ITS!

• Tratamento de infecção gonocócica complicada:

Meningite/endocardite: A consulta com especialista é vital;


Ceftriaxona* 1 - 2 gr IV 12/12h. Os doentes com meningite devem
ser tratados durante 10-14 dias; aqueles com endocardite devem
ser tratados pelo menos 1 mês.
Infecção comum, universal e muito contagiosa!
Importa lembrar que as infecções a CT coexistem
frequentemente com outras ITS!

A bactéria: Chlmydia Trachomatis, infecta as superfícies


mucosas de revestimento epitelial de tipo colunar ou
cilíndrico de transição:

• Uretra no homem e mulher;


• Cervix uterino na mulher; • Minusculas bactérias ;
• Mucosa rectal ambos sexos; • Parasitismo IC obrigatório;
• Orofaringe ambos sexos; • Corpos elementares;
• Conjuntiva ambos sexos. • Corpos reticulados.
Infecção comum, universal e muito contagiosa!
Importa lembrar que as infecções a CT coexistem
frequentemente com outras ITS!

• Período de incubação: até 14 dias; Ocasionalmente, pode ser mais


curto – 4dias; Incubação mais prolongada – 15 a 30 dias ou +.

• Idade: Todas as idades, mas >90% entre 15 e 35 anos.

• Risco: Homem infectado para mulher sã - 50 a 65%; mulher


infectada para homem são - 20%.
Infecção comum, universal e muito contagiosa!
Importa lembrar que as infecções a CT coexistem
frequentemente com outras ITS!
• Clínica: Ardor +/- sempre presente
Uretrite Subaguda em ± 50% dos casos;
Gota matinal em 15 a 20%;
Ardor à micção sem corrimento em 15%;
Uretrite aguda com corrimento abundante em <5%;
15% de formas assintomáticas;
Meatite
Edema do pénis e balanopostite ou linfangite
lonfonodos dolorosos em 15% dos casos
Cor. uretral em
UNG
Giemsa;
elementary
inclusion body in
giant cells
Infecção comum, universal e muito contagiosa!
Importa lembrar que as infecções CT coexisteM
frequentemente com outras ITS!

• Tratamento:
Doxiciclina 100 mg 12/12 h x 7 dias;
Eritromicina 500 mg 6/6 h x 7 dias; ou
Azitromicina 1g VO em dose única
Esfregaço
Gonorreia Gram
Azul de metileno
Cultura (Thayer Martin)
Outros testes

Infecção por Detecção de antígeno


DFA
C. trachomatis
ELISA
Hibridização de DNA
Cultura
Serologia
Outros
TRACTO GENITAL INFERIOR EM MULHERES
Sintomas Sinais Causas mais
comuns Clínicos Comuns comuns (etiologia)

 Corrimento CERVICITE
 Corrimento • Gonorreia (N. gonorrhoeae)
vaginal vaginal e/ou cervical • Cervicite por C. trachomatis
anormal VAGINITE
 Dor do baixo
 Inflamação • Tricomoníase (T. vaginalis)
ventre vaginal • Vaginose bacteriana
 Dispareunia  Friabilidade cervical (Gardnerella vaginalis,
 Disúria  Sensibilidade à
anaerobes e outros)
• Candidíase
 Prurido mobilização cervical (Candida albicans)
SÍNDROME DA ÚLCERA GENITAL
Sintomas Sinais Causas mais
comuns Clínicos Comuns comuns (etiologia)

 Úlcera genital no • Sífilis (Treponema


Ulceração genital pallidum)
pénis ou no escroto no
com ou sem dor • Cancróide (Hemophilus
homem, ou na vulva, ducreyi)
Ardência
vagina ou colo na • Herpes genital (vírus
prurido
mulher, única ou herpes simplex)
várias • Linfogranuloma
venéreo (CT L1-L3)
 Adenopatia inguinal, • Donovanose
uni ou bilateral (Calymmatobacterium
granulomatis)
A 1ª Floração: A 2ª Floração:

A roséola As afecções cutâneo-mucosas:


As sífilides papulosas
As localizações As sífilides papulo-escamosas
mucosas As sífilides pápulo -erosivas
As sífilides papulo-crostosas
A alopécia
As afecções viscerais:
micropoliadenopatias
hepatite
glomerulonefrite
osteíte c/ periostite
afecção articular
meningite
Campo escuro
Sífilis RPR
TPHA
FTA abs
IgM
Outros testes

Herpes genital Detecção de antígeno


DFA
ELISA
Cultura
Serologia
Outros
Cultura
Cancróide
Outros testes

Esfregaço
Granuloma Giemsa
inguinal Warthin Starry

Histopatologia
Exame a fresco c/ NaCl
Tricomoníase
Cultura

Exame a fresco c/ NaCl


Candidíase Exame a fresco c/ KOH 10%
Cultura

Vaginose Exame a fresco c/ NaCl


bacteriana Esfregaço por Gram
pH
Teste do odor c/ KOH
Terapêutica medicamentosa segundo algoritmo
sidromático

Informação e Educação ao doente - boa


comunicação

Controle do(s) parceiro(s) sexual(ais)

Oferecer preservativos

Seguimento clínico se necessário

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