Você está na página 1de 35

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

Curso: Odontologia
Disciplina: Microbiologia Geral e Buco-Dental

Aula teórica 21

HIV e AIDS

1. Murray, P.R.; Rosenthal, K.S.; Pfaller, M.A. Microbiologia Médica. 8ª edição, Rio de Janeiro, Elsevier Editora Ltda., p.
529-543, 2017.
2. Santos, N.S.O.; Romanos, M.T.V.; Wigg, M.D. 3ª edição, Rio de janeiro, Guanabara Koogan, p. 498-531, 2015.
1981 – uma nova síndrome descrita pelo
Dr Michael Gottlieb
Gottlieb M.S., Schroff R., Schanker H.M., et al. (1981) 'Pneumocystis carinii pneumonia and mucosal
candidiasis in previously healthy homosexual men: evidence of a new acquired cellular immunodeficiency',
The New England Journal of Medicine 305:1425-31.

Kaposi-sarcoma (KS) Pneumocystis (carinii) jiroveci (PCP)


CARACTERÍSTICAS DO HIV
Família: Retroviridae (Presença de TR);
Gênero: Lentivirus;
Genoma: RNA (9,8 Kb), 2 filamentos de fita simples;
Envelopado.
Representação Esquemática do HIV
Organização Genômica do HIV-1
Genes estruturais:
Envelope (env);
Antígeno de grupo (gag);
Polimerase (pol);
Genes acessórios (não estruturais):
Fator de Infectividade do Vírus (vif);
Fator Regulador Negativo (nef);
Proteína R do Vírus (vpr);
Proteína U do Vírus (vpu).
Genes regulatórios ou funcionais (não estruturais):
Transativador (tat);
Regulador de Expressão do Vírus (rev);
CLASSIFICAÇÃO DO HIV
 HIV-1:
 Pandemia Mundial;
 3 grupos:
 Grupo M (major):
- 9 Subtipos: A-D, F-H, J e K;
- 6 Subsubtipos: A1-A4, F1-F2;
- 96 Formas Recombinantes Circulantes (CRFs);
 Grupo O (outlier):
- Guiné Equatorial, Camarões e Gabão;
 Grupo N (no M, no O):
 Grupo P
CLASSIFICAÇÃO DO HIV
HIV-2:
 Oeste da África;
 Homologia de 80% com SIVSooty Mangabey;
 Homologia entre 40-60% com HIV-1;
 8 Subtipos: A-H;
 1 CRF.
Ciclo de Replicação do HIV

1. Adsorção, fusão e penetração;


2. Transcrição reversa;
3. Transporte para o núcleo;
4. Integração;
5. Transcrição;
6. Fase tardia;
7. Brotamento;
8. Processamento e maturação.
Ciclo de Replicação do HIV

Transcriptase
Reversa - RT

Integrase
Ciclo de Replicação do HIV
 HIV com tropismo para a quimiocina receptora CCR5 ou R5:
Utiliza o co-receptor CCR5;
Células dendríticas, macrófagos e células T;
Vírus R5 predominam no início da infecção;
Conhecido como o responsável pela transmissão via mucosa
(sexual).

 HIV com tropismo para a quimiocina receptora CXCR4 ou


X4:
Utiliza o co-receptor CXCR4;
Vírus X4 podem infectar células T e predominam no final da
infecção.
HIV & CCR5 Delta32/Delta32
(homozygozity: 32-bp deletion)

∆32 Homozigoto 2 ∆32 alelos Resistant to HIV


(1% prevalência)
∆32/ ∆32
Ciclo de Replicação do HIV
Fatores mais Importantes da Susceptibilidade

Quimiocina Receptora CCR5:


CCR5D32 A deleção de 32 nucleotídeos no gene CCR5 leva a
ausência de expressão do co-receptor na superfície celular;
Homozigotos (1% dos caucasianos) resistem a infecções por vírus
R5;
Heterozigotos (10% dos caucasianos) têm progressão lenta.
Pessoas resistentes ao HIV podem tem poucas Células
T Ativadas
Epidemiologia do HIV/AIDS
PERFIL ATUAL DA EPIDEMIA HIV/AIDS
PERFIL ATUAL DA EPIDEMIA HIV/AIDS

No Brasil, de 1980 ate junho de 2022, foram detectados 1.088.536 casos de aids.
(Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde Número Especial | 2022.)
Fontes de transmissão
Fluídos que contém o HIV:
 Sangue
 Sêmen
 Fluido vaginal
 Leite
 Outros fluídos que contenham sangue

Outros fluídos:
 Líquor
 Fluido sinovial
 Fluido amniótico
Formas de transmissão
 Intercurso sexual (vaginal, anal e oral)
Parenteral
 Transmissão da mãe para a criança (vertical ou
perinatal):
durante a gravidez e no parto;
intra-útero (últimas semanas);
aleitamento – risco adicional de 7 a 22%.
Riscos para Trabalhadores da
Saúde
 Avaliação de Risco
• Risco de transmissão do HIV:
0,3% em acidentes percutâneos;
0,09% após exposição em mucosas;
pele não íntegra não é precisamente
quantificado, estima-se que seja
inferior ao risco de exposição em
mucosas.
AIDS
(Síndrome da imunodeficiência adquirida)

 AIDS é o estágio mais avançado das consequências que a


infecção pelo HIV sobre o sistema imunológico.

 Ataca as células de defesa (T CD4), o organismo fica mais


vulnerável.

 A definição do caso de AIDS depende da presença de


sinais e sintomas de imunodeficiência, como infecções
oportunistas; e pela contagem de linfócitos T CD4.
Quais células o HIV infecta?

HIV-RNA & HIV-DNA

• Linfócitos T CD4+ naïve


• Linfócitos T CD4+ de memória
• Macrófagos, monócitos, microglia e
astrócitos
• Não infecta células permanentes
(ex. SNC: neurônios ou oligodendrócitos)
Latência e reservatórios do HIV

• Barreiras hemato-celulares
– SNC
– Órgãos genitais HIV-RNA
& HIV- DNA
• Trato gastrintestinal
(GALT = gut associated lymphoid tissue)
• Medula óssea
• Linfonodos
Patogênese da infecção por HIV

Linfonodos
Tecido linfoide associado ao
TG (MALT)

Micróglia
Macrófagos
perivasculares
Evolução Clínica da AIDS
Evolução Clínica da AIDS

1- Infecção Aguda
Síndrome Retroviral Aguda (SRA):
50-90% dos pacientes;
fase sintomática – 3 a 4 semanas:
Teste de anticorpo Negativo;
Principais achados clínicos:
febre, adenopatia, faringite, exantema, mialgia,
cefaleia, perda de peso.
Evolução Clínica da AIDS

2- Fase de Latência
Aumento de linfócitos CD8
Linfoadenopatia é comum
Vírus continua se replicando (TCD4 em repouso,
SNC, genital).
Evolução Clínica da AIDS

3- AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida)


80% - 8 – 15 anos
5% - 3 anos
15% - mais de 10 anos
CD8 não controla mais a replicação viral (aumento
da carga viral e queda de CD4 - piroptose)
Infecções oportunistas, anomalias neurológicas
Principais doenças oportunistas
decorrentes da AIDS
Causa Doença
Vírus Citomegalovirose, herpes simplex, herpes-
zoster, leucoencefalopatia multifocal
progressiva
Bactéria Micobacterioses, pneumonia, salmonelose
Fungos Pneumocistose, candidíase, criptococose,
histoplasmose
Protozoário Toxoplasmose, criptosporidiose, isosporíase
Neoplasia Sarcoma de Kaposi, linfomas não Hodgkin,
cancêres associados ao HPV
DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV

• Janela imunológica
Período correspondente entre o início da infecção e a detecção de um
marcador sorológico (anticorpo Anti-HIV) pelos teste laboratoriais.

• Janela diagnóstica
Tempo decorrido entre a infecção e o aparecimento ou detecção de um
marcador da infecção, seja ele RNA viral, DNA proviral, Ag P24 ou
anticorpo.

• Soroconversão
Termo utilizado para indicar que o organismo produziu anticorpos em
reposta a um Ag, os quais são detectáveis pelos testes sorológicos.
DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV
Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV. Portaria n° 29, de 17 de dezembro de 2013.

Estágios da infecção recente pelo HIV-1 definidos com base no padrão de reatividade de
diferentes ensaios laboratoriais.
Tratamento, profilaxia e controle

TARV (terapia antiretroviral);


Terapia HAART (terapia antiretroviral de alta atividade);
Uso de três antirretrovirais;
Vacina
Terapêutica e preventiva
Prevenção
Sexo seguro, triagem de doadores, controle de infecção,
EPI, esterilização, pré-natal, PEP.
Tratamento, profilaxia e controle
Tratamento, profilaxia e controle

HIV / AIDS Update | The New York Academy of Sciences


Profilaxia Pós-Exposição

 É uma forma de prevenção da infecção pelo HIV, para


pessoas que possam ter entrado em contato com o vírus
recentemente, através da exposição ocupacional, ou pela
exposição não ocupacional (sexual), ocorrida em casos de
violência sexual.
 Medicação por 28 dias, sem parar, para impedir a
infecção pelo vírus, sempre com orientação médica.
 Iniciar a medicação em até 2 horas após a exposição ao
HIV e no máximo após 72 horas. A eficácia da PEP pode
diminuir à medida que as horas passam.
Tratamento, profilaxia e controle

Você também pode gostar