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Definições:

• imunologia: estudo do sistema imune e seus componentes, interações celulares e moleculares


• sistema imune:
- conjunto de células, moléculas e órgãos que, quando necessário, movimentam-se e atuam numa resposta imune;
não tem uma área como outros sistemas, seus órgãos são “emprestados” de outros sistemas
- sistema de relacionamento do organismo com o mundo, interpreta o que é próprio e o que é estranho/não-próprio
(pode ser patogênico ou inócuo)
Imunidade inata:
• indivíduo já nasce com ela, seus mecanismos são pré-existentes ao contato
• é indiferenciada → especificidade baixa (através de moléculas-padrão sabe se é um bactéria gram + ou —, vírus de
RNA ou DNA, mas só, tem um reconhecimento bem básico), ausência de memorial imunológica
• resposta sempre da mesma intensidade e quantidade
• não é tão eficiente, mas é extremamente rápida
• tem um pico de atividade 6-12h após o início da resposta
• componentes: barreiras físicas (epitélios - pele e mucosas) e químicas (ex.: defensinas e criptocidinas), proteínas cir-
culantes no sangue (sistema complemento - proteínas que conseguem se organizar, ligar-se aos micro-organismos e
estabelecer uma resposta), células (ex.: macrófagos, células NK) e citocinas (peptídeos que têm função de fazer a co-
municação entre o SI com células fora dele; são mensageiros da imunidade; avisam e promovem agregação celular, de
expansão da resposta)
- as barreiras têm ajuda dos antibióticos naturais (peptídeos), que têm capacidade de romper a mb. dos micro-organ-
ismos (esses mesmos peptídeos estão nos grânulos dos fagócitos - imunidade inata)
• produz a resposta inicial do hospedeiro para evitar a infecção e eliminar os micro-organismos
• é responsável por estimular a resposta imune adquirida, avisando e modulando → avisa os linfócitos e direciona seu
funcionamento
• a célula NK tem uma série de grânulos, que são jogados na superfície da célula infectada, levando à sua morte
• reconhecimento: procura na superfície ou no interior das células moléculas-padrão dos micro-organismos (ex.: AMPs,
RNA viral, DNA bacteriano)
• ao deparar-se com uma célula estranha, as células da imunidade inata procuram PAMPs (moléculas padrão associ-
adas a patógenos), estruturas presentes em micro-organismos e não nas células mamíferas (ex.: pilina e flagelina →
bactérias), além disso, alguns sinais auxiliam nesse processo de reconhecimento, os DAMPs (moléculas padrão asso-
ciadas ao dano), liberados após danos a células humanas, informando, então, que, além de micro-organismos, há de-
struição de células (ex.: HSPs → proteínas induzidas pelo estresse)
• as células da imunidade inata (principalmente as NK) têm receptores de reconhecimento padrão (PRRs) em sua super-
fície e dentro da célula, e atua combinando-se aos PAMPs e DAMPs
• após a ligação dos PAMPs, inicia-se a produção de interferons (IFNs) nas células ligadas aos vírus, ativação de
macrófagos e fagocitose
• seus receptores são fatores de agressão, os mais famosos são do tipo Toll, NOD, RIG, STING, scavengers, formil-pep-
tídeo, sistema complemento etc., e podem estar em três áreas → meio extracelular, citosol e em endossomos
- receptor Toll:
- pode ser de superfície (meio extracelular) ou no endossomo
- é um receptor de PAMP para produtos de micro-organismos
- funciona isoladamente ou em associação
- o mais famoso é o TLR4 (age contra o LPS)
- informa o núcleo da célula que tem uma estrutura ligada a ele (bactéria/LPS/flagelo), e, a partir disso, desen-
cadeia a cascata intracelular, que desencadeia fatores nucleares, que exercem uma ação de acordo com a célula
em questão (início da resposta inata)
- receptor NOD:
- três subunidades: sensor, adaptador e enzima (parte efetora)
- o sensor detecta PAMPs e DAMPs, e, então, junta os três componentes, montando o inflamossomo
Imunidade adaptativa (adquirida/específica):
• usa vários instrumentos para melhorar a abordagem nos diferentes micro-organismos
• demoramos para desenvolver essa resposta em sua totalidade → grande parte da primeira infância é dedicada para a
maturação de linfócitos (células da imunidade adquirida)
• especificidade máxima → separa dentro de uma mesma espécie bacteriana diferentes tipos
• aumenta a capacidade de defesa da imunidade inata e localiza o ataque a um tecido (faz com que somente as células
envolvidas na resposta sejam eliminadas com os micro-organismos ou substituídas, retiradas do local com as células
mortas)
• criam memória, diretamente relacionada ao aumento da capacidade de defesa em razão de contatos sucessivos com
os micro-organismos → resposta é melhorada com o tempo para possíveis encontros sucessivos, tornando-se mais
eficiente
• principal mecanismo usado para eliminar micro-organismos → fagocitose (basicamente ingestão do micro-organismo
e sua destruição em vesículas)
- o superfície TLR, na superfície, liga-se a algum PAMP, gerando um desequilíbrio na mb., que se torna mais flácida, é
interiorizada e fecha-se, formando o fagossomo (baixíssimo poder de destruição), que se acopla ao lisossomo for-
mando o fagolisossomo (potencial de destruição alto)
- as enzimas do lisossomo são liberadas e tornam-se ativas no fagolisossomo, dando origem a reativos intermediários
(de oxigênio e nitrogênio) e radicais livres
- para o nitrogênio a óxido nítrico sintase induzível (INOS) pega arginina, quebra em citrulina e NO, que é funda-
mental na morte de micro-organismos dentro da vesícula
- os radicais livres agridem as mb. celulares e destroem células do hospedeiro, ∴ é ideal que seja produzido dentro
da vesícula, ficando concentrado sobre o micro-organismo
- ex.: fagócito oxidase (radical livre de O2) quebra O2 em O2— (ânion superóxido - tem capacidade microbicida e
de rompimento de mb. e PC), que é atacado pela superóxido dismutase formando H2O2, então a mieloperoxidase
une a essa molécula um Cl—, formando hipoclorito (HClO—)
• imunidade humoral:
- a resposta humoral é mediada por anticorpos (principalmente) e linfócitos B
- os anticorpos que efetivamente ligam-se às células estranhas (como micro-organismos)
- os anticorpos circulantes produzem uma espécie de barreira que bloqueia micro-organismos antes mesmo de
tentarem ligar-se às células-alvo, e também ajudam a promover a entrada de organismos extracelulares (que, du-
rante seu ciclo, não entram no interior da célula)
- resposta humoral: linfócito T celular, linfócito B e anticorpos
• imunidade celular:
- dois linfócitos principais: linfócito T helper ou CD4 (LTH) e o linfócito T citotóxico ou CD8 (CTL)
- o LTH não tem função de eliminação de micro-organismos diretamente, ele tem a função de gerenciar quase tudo
que acontece nas respostas → sua ausência torna o indivíduo altamente susceptível a infecções
- o CTL tem uma ação mais direta, ele marca as células infectadas
• para um linfócito pertencer à imunidade adaptativa, deve ter tais características:
- especificidade: garante que a reposta imune a um antígeno seja direcionada a ele
- diversidade (repertório linfocitário): permite que o SI responda a uma grande variedade de antígenos
- memória: aumenta a habilidade no combate a infectes repetidas (mesmo micro-organismo)
- especialização: gera respostas ótimas para a defesa contra diferentes micro-organismos
- autolimitação: como temos poucos linfócitos destinados a cada tipo de antígenos, se eu sofrer uma infecção por
um grande nº de micro-organismos, o nº de linfócitos envolvidos na resposta inicialmente é muito baixo, então num
primeiro momento ocorre a expansão clonal, e, eliminado esse agente, os linfócitos que foram gerados para a re-
sposta não ficam circulando, ele tem que ser extinto, então eles são induzidos à morte, entrando no processo de
contração
- expansão clonal: aumenta o nº de linfócitos específicos para antígeno visando manter o equilíbrio com os micro-
organismos
- contração: permite que o SI recupere-se de uma resposta de forma que pode efetivamente responder a antígenos
recentemente encontrados
- não-reatividade ao próprio: previne a lesão ao hospedeiro durante as respostas aos antígenos estranhos
• linfócitos que não atendem essas exigências são classificados como células linfoides inatas
• o nº de células que iniciou a resposta sempre é menor que o que vai até o final por causa das células de memória, en-
tão a contração nunca é total
• fases da imunidade adaptativa: reconhecimento do antígeno→ativação do linfócito (diferenciação e expansão
clonal)→eliminação do antígeno (anticorpos e células T efetoras)→contração (apoptose)
• o linfócito B imaturo ou naive, que nunca participou de resposta, ao entrar em contato com o antígeno, promove uma
expansão clonal, transformando-se num linfócito efetor de memória
• os linfócitos demoram uma semana para estabelecer contato com o antígeno, promover toda sua articulação interna,
para expandir e diferenciar-se num linfócito efetor
• promovida a ativação do antígenos, temos a eliminação do mesmo e a apoptose da célula
• o tempo que a resposta imune dura entre a ativação e o completo restabelecimento é de 21d
• hipótese da dupla sinalização: o linfócito só torna-se ativo quando recebe dois sinais, o primeiro sempre é o antígeno,
se esse antígeno vier acompanhado do segundo sinal, são produtos da imunidade inata
• o SI preserva ao máximo seu repertório evitando que o linfócito não seja utilizado sem necessidade
Células do SI:
• suas células circulam ativamente por meio de receptores, promovendo principalmente uma vigilância, elas buscam o
maior contato possível com o antígeno
• os linfócitos são produzidos em órgãos linfoides primários e armazenados em órgãos linfoides secundários
• armazenamento dos órgãos linfoides é dinâmico → a troca de células entre os órgãos é constante, ou seja, elas estão
ativamente circulando
• uma célula-tronco hematopoiética localizada na medula óssea dá origem a dois progenitores, um mieloide e um lin-
foide, a partir do qual todas as células linfoides originar-se-ão
- progenitor mieloide: dá origem a hemácias, plaquetas, basófilos, eosinófilos, neutrófilos e monócitos (células da
imunidade inata)
- progenitor linfoide: origina os linfócitos B e T (sendo que o T termina seu processo de desenvolvimento no timo) e
células NK (imunidade inata)
• fagócitos:
- fagócitos mononucleares:
- o monócito está no sangue circulante, mas, ao sair da corrente sanguínea e entrar num tecido, ele passa a se
chamar macrófago
- nem todos os macrófagos teciduais são originados dos monócitos, alguns órgãos têm os macrófagos como célu-
las residentes, constituintes do órgão, ex.: micróglia (cérebro), células de Kuppfer (fígado)
- fagocitose: englobamento e destruição de micro-organismos; e para destruição de células mortas/em desuso (ex.
após uma infecção ou na troca de tecidos)
- o macrófago, junto ao linfócito T, configura um dos maiores produtores das citocinas (importantes no recrutamento
celular - chamar células para o local, aumentar o tamanho dos vasos, a permeabilidade, inchaço, vermelhidão - ou
reparo tecidual - cicatrização, finalização da resposta)
- também têm função de atuar como células apresentadoras de antígenos (APCs)
- neutrófilo:
- leucócito mais produzido pela medula óssea diariamente, pois vive muito pouco (~6-8h), entrando em apoptose
- dito um fagócito polimórfico nuclear por ter seu núcleo segmentado parcialmente (aspecto de estar em apoptose)
- tem um grande nº de grânulos, que podem ser:
- específicos: enzimas de destruição para quebra de tecidos e células, por ex.
- não-específicos: são lisossomos, tem enzimas e peptídeos antimicrobianos
- sua função básica é fagocitose, ele entra no tecido com muita rapidez no processo inflamatório, buscando micro-
organismos para destrui-los
- não produz muito citocinas, não se diferencia no tecido e sobrevive pouco (no máximo, sob estímulos, 2-3d)
• granulócitos:
- eosinófilos:
- grânulos coram-se fortemente com a eosina e tem um núcleo bi/trissegmentado, que se cora em roxo/azul escuro
- envolvido basicamente no combate aos parasitos, libera seu conteúdo (grânulos) sobre vermes
- pode ser responsável por reações alérgicas, como no caso da rinite
- seus grânulos contêm enzimas tóxicas, de quebra de células, principalmente para PC
- mastócito:
- tem um papel importante no contato com o micro-organismo em sua entrada, liberando citocinas e seus grânulos
- grânulos contêm grande quantidade de histamina → mastócito degranulado desencadeia inflamação
- basófilo:
- similaridade funcional e estrutural com o mastócito, mas localiza-se no sangue
- seus grânulos coram-se com hematoxilina
- age pela degranulação, atuando no reconhecimento dos micro-organismos e na inflamação
• células apresentadores de antígenos (APCs):
- células dendríticas:
- classificadas em clássicas (efetivamente as APCs), plasmocitoides (importantes nas respostas a vírus) e folicu-
lares (importantes nos linfonodos, levando a informação ao linfócito T)
- função: célula apresentadora → busca, captura e mostra o antígeno aos linfócitos T
- captura os micro-organismos do sítio infeccioso e leva-os a um órgão linfoide, onde temos o linfócito T ar-
mazenado - pois este, apesar de migrar muito, raramente entra no sítio infeccioso antes de receber a infor-
mação pela célula dendrítica
- célula natural killer:
- encontra-se em bastante quantidade no sangue, sendo mais rara em tecidos (exceção: fígado e útero gravídico)
- é uma célula linfoide inata (tem origem de um precursor linfoide)
- estruturalmente semelhante ao linfócito - muitos grânulos
- funções: morte de células infectadas/lesionadas/sem função (lança grânulos e destrói) e produção de citocinas
(amplificação e otimização da capacidade fagocítica do macrófago)
- produção de radicais e quantidade de enzimas dentro dos vacúolos nos lisossomos são aumentadas sobre a
ação do IFN (IFN), que é liberado pela NK sobre o macrófago
- tem sua lógica de funcionamento embasada em receptores inibitórios e ativadores
- na superfície de uma célula normal temos um inibidor e um ativador de NK, a NK faz sua vigilância, e, se a célu-
la oferecer ambos os ligantes, a NK é freada
- uma célula com um tipo de receptor inibitório não funcional é imediatamente morta pela NK (nº de estimu-
ladores é maior que o de inibidores, propiciando uma maior chance de matar as células)
- MHC de classe I comumente está ausente em células infectadas, sendo um sinal para a NK não matar a célula,
porém vários vírus produzem MHCs falsos, isso também ocorre em tumores - “driblando” a NK
• linfócitos:
- morfologia: normalmente o núcleo ocupa praticamente toda a célula, tem como organela em destaque o CG (já que
o linfócito B faz anticorpos)
- funções:
- linfócito T helper/CD4: diferenciação de célula B (imunidade humoral), ativação de macrófago (imunidade mediada
por célula), estimulação da inflamação
- linfócito T citotóxico/CD8: morte de células infectadas com vírus ou bactérias intracelulares
- célula T regulatória: suprime a função de outras células T (regulação das respostas imunes → manutenção da
autotolerância)
- célula NK: suprime/ativa as respostas imunes inata e adaptativa
- linfócito B: produção de anticorpos (imunidade humoral)
- desenvolvem-se inicialmente na medula óssea, os linfócitos B finalizam sua maturação ainda na medula, enquanto
os T vão para o timo
- para funcionarem efetivamente, precisam de um contato com o antígeno; uma vez ativados, passam da forma nave
para a de célula efetora, e começam, só então, a ir para o sítio de infecção
- na forma naive os linfócitos ficam migrando entre o sangue, a linfa e os órgãos linfoides à espera de um antígeno
- a célula de memória surge no contexto de ativação, ela não se transforma numa célula efetora e posteriormente vira
de memória, durante a transformação em efetora algumas células tornam-se de memória, não participam da respos-
ta na hora, ficam circulantes para um próximo encontro
Órgãos linfoides:
• órgãos linfoides primários:
- medula óssea:
- responsável pela produção de maturação de todas as células do sangue - exceto os linfócitos T
- conta com a presença de citocinas hematopoiéticas que têm afinidades diferentes, promovendo estímulos difer-
entes para o crescimento/desenvolvimento de células
- ex.: IL3 → estimula todas a se desenvolverem; CFCs (fatores de crescimento de colônia) → GCFCs (granulóci-
tos), MCFCs (monócitos), GMCFC (medicamento para quem tem aplasia de medula), fator de necrose tumoral
(TNF) estimula a produção de neutrófilos junto à IL1 etc.
- timo:
- órgão dedicado à produção dos linfócitos T e onde eles adquirem todas as suas características
- involuir com a idade, auge de tamanho no nascimento e na primeira infância, depois diminuiu e fica numa forma
residual
- possui células epiteliais não linfoides, corticais, medulares, de sustentação, dendríticas; antígenos; e timócitos
(linfócitos dentro do timo)
- o timócito passa por três fases (precursor do timócito, timócito imaturo e timócito maduro), inicialmente chega no
timo, fica rodeando as áreas corticais, passa para o córtex, chega na medula, onde amadurece realmente, cruza
ela e sai como linfócito (se sobrevive)
- a maior produção e amadurecimento de linfócitos T se dá na infância (pois o nº de linfócitos é proporcionalmente
maior na criança que no adulto), mas o timo residual e outros órgãos (timos ectópicos) passam a desempenhar
essa função posteriormente
• órgãos linfoides secundários: armazenamento dinâmico dos linfócitos
- linfonodos:
- recolhe fluido intersticial que sobra dos vasos ou entre as células, que é devolvido à circulação pelos vasos linfáti-
cos → importante para manter a homeostase
- junto à linfa é comum ter antígenos que, obrigatoriamente, passam pelo linfonodo
- geralmente pequenos quando não estimulados
- recebem vários vasos linfáticos aferentes e um único eferente (obrigando a linfa a passar nas áreas do linfonodo)
- é irrigado por uma v., uma a. e uma vênula endotelial alta (HEV), por onde trafegam linfócitos T
- possui folículos primários e secundários, sendo que os primários não têm estimulação, enquanto os secundários
têm - chega antígenos fazendo com que os linfócitos proliferem
- baço:
- tem como função realizar a drenagem dos antígenos do sangue
- possui polpas branca (órgão linfoide propriamente dito, onde temos a bainha linfoide periarteriolar - PALS) e ver-
melha (responsável pela hemocaterese) → a branca está mergulhada na vermelha, não tem região distinta
• o linfócito naive passa por todos os órgãos linfoides em 24h, se não tem antígeno ele continua migrando na circulação,
se tem o linfócito é ativado, torna-se efetor, os ligantes em sua superfície mudam de aspecto e buscam o local inflama-
do, o sítio infeccioso - ∴, não fica circulando
• o efetor não fica circulando, enquanto o naive sim, pois o linfócito naive tem o S1PR, receptor para a molécula SP1,
que está na linfa, atraindo a célula; quando ele é ativado, ele tem baixos níveis de S1PR, não sendo atraído, ficando
mais tempo no linfonodo multiplicando-se, e, após uns dias, quando torna-se efetor, ele sai
• sistema imune das mucosas:
- tecido linfoide organizado:
- têm localização delimitada, são locais onde há um agrupamento de linfócitos
- ex.: placas de Peyer, tonsilas palatinas, MALT (tecido linfoide associado à mucosa), GALT (associado ao
intestino), BALT (associado aos brônquios) etc.
- tecido linfoide não-organizado:
- não têm local definido, são linfócitos espalhados pela lâmina própria e camada epitelial
- responsável pela maioria dos contatos com os antígenos e pela maior quantidade de anticorpos liberada (⅔ da pro-
dução que o SI faz diariamente vem das mucosas)
Inflamação:
• resposta do organismo a uma agressão (infecciosa ou não) no sentido de restaurar a integridade perdida, ou seja, um
mecanismo de defesa contra agressões levando ao acúmulo e à inativação de células
• quando conta com a presença de micro-organismos tende a ser mais aparente e importante
• incha o local e a área fica ruborizada pois vai mais sangue para o local, permitindo a chegada de mais células (células
da imunidade inata são mais ágeis, então inicialmente encontram-se em maior nº no local, atuando também como um
alerta de que ali é onde ocorreu a agressão, chamando mais células sanguíneas)
• fundamental para ativar a imunidade específica → linfócitos não recebem estimulação adequada se não houver partici-
pação da inflamação
• na agressão não infecciosa, foca diretamente no reparo do tecido (o que acontece na infecciosa após a eliminação dos
micro-organismos
• eventos iniciais da inflamação:
- alteração no calibre das arteríolas → aumenta permitindo a chegada de mais sangue, ocasionando rubor e calor no
local
- a chegada de mais sangue altera a permeabilidade das vênulas, que tornam mais susceptível a saída de plasma,
causando edema
- o plasma carrega elementos de morte de micro-organismos, fazendo com que os vasos tornem-se ativos → células
endoteliais começam a expressar moléculas que servirão de aviso para as células (da imunidade inata inicialmente
e para os linfócitos mais à frente)
- a ampliação do calibre dos vasos e a saída de plasma podem pressionar terminações nervosas, ocasionando dor e
rompendo células, o que estimula a liberação de outros mediadores que podem agir no centro da dor aumentando a
inflamação
• quem age sobre o vaso dilatando-o, deixando-o mais permeável e ativando-o são produtos liberando momentos após a
lesão → citocinas, histaminas, mediadores lipídicos/prostaglandinas (inicialmente liberadas por mastócitos e macrófa-
gos, por ex.)
• citocinas envolvidas na inflamação:
- ação autócrina: célula que libera a citocina sofre sua ação (comum desde que a célula tenha receptor para a citoci-
na → citocinas só agem sobre determinado alvo se ele tiver receptor para ela)
- ação parácrina: age sobre a célula que está ao lado e pode ter uma ação endócrina, normalmente sobre outros
órgãos (ex.: cérebro e fígado)
- ação pleiotrópica: mesma citocina têm ações diferentes sobre células diferentes; citocinas com essa ação podem
agir sobre um grande nº de células (seja do SI ou não) - comum principalmente na imunidade inata
- ação redundante: várias citocinas têm a mesma ação sobre a mesma célula em momentos diferentes, ou seja, in-
dependente da citocina que agiu, a ação sobre aula célula é a mesma; ex.: tanto IL-2 e IL-4 agindo sobre o linfócito
B (em momentos diferentes) têm ação proliferativa
- ação sinérgica: quando as citocinas estão agindo junto sobre uma determinada célula, e o efeito que elas propici-
am juntas numa célula é diferente em separado (na mesma célula)
- antagonismo: quando uma citocina está agindo sobre uma célula, ela fica bloqueada para receber efeitos da outra
(citocina), a antagônica a ela; o efeito de determinada citocina é tão contrário ao de outra sobre uma célula que esta
não pode, concomitantemente, receber ação de ambas
- efeito cascata: quando uma célula que não tem propriedade de produzir citocina ou que não estava fazendo isso,
ao receber ação da citocina, passa a produzir (normalmente envolve duas células: uma produtora e uma que recebe
o efeito e passa a produzir também)
• citocinas com maior potencial inflamatório:
- TNF-α: ativação das células endoteliais (inflamação, coagulação) e de neutrófilos; atuação no hipotálamo (causando
febre), no fígado (sintetizando proteínas de fase aguda), no mm., na gordura e em muitos tipos celulares (apoptose)
- IL-1: ativação das células endoteliais (inflamação, coagulação); atuação no hipotálamo (causando febre), no fígado
(sintetizando de proteínas de fase aguda) e nas células T
- IL-6: atuação no fígado (síntese de proteínas de fase aguda) e ativação de células B (proliferação de células produ-
toras de anticorpos)
• recrutamento para o local de inflamação:
- na ativação do vaso, este passa a expressar ligantes que se tornarão ativos para a célula, a entrada de leucócitos é
muito facilitada
- inicialmente o leucócito passa a trombar com as moléculas que estão nos vasos ativados e estabelece o rolamento,
o que diminui sua velocidade
- o leucócito, então, tem sua afinidade por essas moléculas aumentada (devido a presença de quimiocinas → citoci-
nas que fazem quimiotaxia), assim, é possível a aderência estável, então ele consegue parar e frear sobre o en-
dotélio, migrando
• as citocinas inflamatórias podem causar efeitos patológicos, por ex. em casos de sepse (infecção de grande pro-
porção), há um aumento da quantidade de TNF, que, em []s elevadas diminui o débito cardíaco e causa vasodilatação
extrema → perda muito grande de plasma em vários locais do organismo, diminuindo a quantidade de líquido circu-
lante, o que ativa o vaso de modo extremo perdendo poder de anticoagulação, causando a formação de trombos e
diminuindo a resistência à insulina no m. esquelético, gerando maior gasto de glicose
• citocinas antivirais: IFN-1 (α e ß)
- tem ação parácrina de disseminação da ação antiviral e, eventualmente, pode ter ação autócrina sobre a própria
célula infectada
- leva a célula ao estado antiviral, de bloqueio/diminuição da produção de proteínas, pois, o vírus, ao entrar na célula,
toma conta do seu metabolismo, passando a dominar sua maquinaria para produzir as próprias partículas virais,
então inibe-se a produção de novas proteínas visando inibir a síntese de proteínas virais
- estimula a produção de RNAses para degradar RNA viral, inibido, então, a expressão e a montagem dos vírus e or-
ganelas envolvidas nesse produto
• outros mediadores da inflamação: histamina e mediadores lipídicos (prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos)
- mediadores lipídicos surgem a partir da ação da fosfolipase sobre os fosfolipídios da mb. celular, quebrando-os
gerando ácido aracdônico, que serve de substrato para as enzimas cicloxigenase e lipoxigenase, que formam
prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos
- os leucotrienos têm ação mais prolongada, enquanto as citocinas e as histaminas normalmente têm ações mais
agudas
• doenças causadas pela inflamação:
- doenças autoimunes
- artrite gotosa (gota): acúmulo de ácido úrico → urato é um DAMP, se há um acúmulo de ácido úrico, as células da
imunidade inata levam a um estímulo exacerbadamente grande, acumulando nas articulações
- colite ulcerativa: desregulação do SI inato do intestino, causando uma inflamação crônica (se dá pela persistência
do agente inflamatório, a inflamação vai perdendo a força inicial, agregando outros agentes, passa para uma for-
ma menos visível mas continua com o aspecto inflamatório)
• encerramento da inflamação:
- é necessário cicatriz, para isso as citocinas anti-inflamatórias entram em ação, como TGF-ß e IL-10, que fazem com
que os linfócitos encerrem a resposta, e têm ação de reparo tecidual
Antígenos:
• qualquer substância que possa ser especificamente ligada a receptores da imunidade adquirida (linfócitos B e T e seus
receptores, anticorpos e TCR - receptor de células T)
• epítopo (determinante antigênico) é a porção da macromolécula com a qual o anticorpo ou TCR liga-se especifica-
mente, ou seja, é o local exato de interação entre o linfócito e o antígeno
• imunógenos são moléculas que, ao ligar-se a linfócitos, estimulam respostas imunes, ex.: nossas proteínas, por
estarem constantemente sendo mostradas aos linfócitos, são antígenos por definição, mas não imunógenos
• para ser um imunógeno, o antígeno deve atender requisitos, e quanto mais a célula tem esses aspectos, mais
imunogênica ela é; são eles:
- estranheza: quanto mais estranho, mais imunogênico
- o SI reconhece o que lhe é próprio, e tende a ter ação contra o estranho, seja ele agressivo ou não, então quanto
mais estranho, maior a reação que tende a ocorrer, maior a imunogenicidade
- o grau de estranheza remete à distância filogenética → quanto mais distante uma célula, maior a estranheza
- peso molecular: quanto maior o peso molecular da molécula, mais imunogênica
- hapteno: quando a molécula é pequena demais para gerar resposta → é possível alterar seu tamanho ligando-o
a um carreador, conferindo-lhe imunogenicidade (ex.: alergias por contato de bijuteria em pessoas hipersensíveis
ocorre porque as moléculas de metal, mesmo muito pequenas, ao passar pela pele adquirem um carreador, ao
qual se acoplam formando um sistema hapteno-carreador, que é imunógeno, desencadeando uma resposta)
- quanto a tamanho: quanto maior a molécula, mais imunogênica
- complexidade química: quanto mais complexo, mais imunogênico
- se uma proteína estiver em sua forma secundária ou terciária, for quebrada e retornar para a primária, ela tende a
perder imunogenicidade
- capacidade de ser degradado:
- vale apenas para proteínas, é o processamento e apresentação de antígenos que estas sofrem pelas APCs (pois
os linfócitos T só reconhecem proteínas em sua conformação primária)
- outros requisitos: composição genética → nem todo o antígeno tem resposta idêntica para os diferentes indivíduos,
cada um tem seu repertório de linfócitos, que pode ter variações
• quanto maior a dose da vacina, menos imunogênica (por isso é dada em etapas) → quando se dá uma dose muito
grande de antígeno ao SI, ele tende a achar que aquilo é próprio e não reage; existem também vias de administração
imunogênicas, a pior é a endovenosa, e as melhores são as subcutânea e intradérmica
• sítio de ligação nos linfócitos:
- no linfócito B os responsáveis pela ligação com antígenos são anticorpos, que podem funcionar como molécula
solúvel ou podem estar presos à superfície, funcionando como receptores; o linfócito B tem um sítio específico
chamado região determinante de complementariedade, onde cabe um antígeno de 5-7aa (epítopo pequeno) em sua
forma natural (um micro-organismo, por ex.) que se liga ao linfócito de forma direta
- o linfócito T tem um receptor chamado TCR que, em sua extremidade, cabe um antígeno com 8-15aa, que se liga
com a participação de APCs, que pegam o antígeno na forma natural e mostram ao linfócito de uma forma apresen-
tável (conformação primária da proteína)
Diferenças entre linfócitos B e T

Característica Linfócitos B Linfócitos T

envolve complexo binário das mb. de envolve complexo ternário de receptores de célula T, IgA
interação com o antígeno
IgG e IgA e moléculas MHC

ligação de antígenos
sim não
solúveis

envolvimento de moléculas
nenhum requisitado requisitado para exibir o antígeno processado
MHC

natureza química dos maioria proteínas, mas alguns lipídios e glicoproteínas


proteína, polissacarídeo, lipídio
antígenos apresentados em moléculas tipo MHC

acessível, hidrofílico, peptídeos peptídeos lineares internos produzidos pelo


propriedades dos epítopos móveis contendo aminoácidos processamento de antígenos e obrigatórios para
sequenciais e não-sequenciais moléculas MHC

• sequência de importância de imunogenicidade: proteínas, carboidratos, lipídios e ácidos nucleicos


• antígenos multideterminantes: apresentam vários epítopos diferentes em sua composição → mais complexo
• antígenos polivalentes: apresentam vários epítopos iguais em sua composição → menos complexo, comum em car-
boidratos (ex.: mananas - várias manoses)
• reatividade cruzada: anticorpo reage com um antígeno, porém em determinada situação ele reage com outro
- heteróloga: ocorre com antígenos de origens diferentes, ex.: febre reumática → infecção passa, mas, após um
tempo, o indivíduo começa a apresentar problemas cardíacos pois os anticorpos contra antígenos da bactéria ligam-
se a antígenos cardíacos, pois estes são semelhantes ao bacteriano
- homóloga: ocorre quando o anticorpo reage com o mesmo antígeno em situações distintas, ex.: soro antiofídico →
para produzi-lo injeta-se a peçonha menos tóxica no cavalo (desnaturação proteica pelo calor), os anticorpos pro-
duzidos são contra a peçonha levemente alteada, enquanto quando um indivíduo é picado ele tem a peçonha origi-
nal, mas ainda assim os anticorpos funcionam
• adjuvantes imunológicos: substâncias dadas juntas ao composto que se quer conferir imunogenicidade, muito usada
em vacinas; tende a fazer uma inflamação local, ativando a imunidade inata ali e retendo o antígeno (fazendo com que
este seja liberado aos poucos)
Anticorpos:
• são receptores de antígenos, estabelecem contato com o antígeno dentro da imunidade humoral → atua como uma
ponte, faz uma conexão entre o antígeno e uma célula efetora que tenha receptor para o anticorpo
• liga-se ao antígeno em dois momentos da resposta humoral: início (quando ele está preso à superfície do linfócito B) e
na fase efetora (nesse caso a resposta já tem uma ação diferente, na tentativa de eliminar o antígeno)
- o anticorpo pode ser secretado na mb. do linfócito B pois durante sua produção ele tem uma região a mais con-
stante pesada, é uma região hidrofóbica (que seria lipofílica), e, quando passa pela mb. fica presa formando uma
cauda citoplasmática, e, quando o antígeno liga em cima, ele se comunica com o restante da célula através dessa
cauda
• sorologia: estudo das reações antígeno-anticorpo
• produzidos por linfócitos B (denominados plasmócitos quando estão produzindo anticorpos) e pelos fluidos biológicos
• os anticorpos estão presentes em diversos estágios do linfócito B - medula óssea (como anticorpo primordial), célula
virgem, e, por último, plasmócito
• estrutura:
- glicoproteína (com gamaglobulinas → superfamília das imunoglobulinas) em formato de “Y”
- duas cadeias leves (tem que ser o mesmo na mesma
molécula) e duas pesadas
- leves: κ ou λ
- pesadas: μ, ε, α, γ e δ; função: ligação com as células que
possuem receptores com células de região constantes
- as cadeias são divididas em regiões variáveis e constantes,
o anticorpo tem oito pedaços (cada qual com funções difer-
entes): dois variáveis leves, dois constantes leves, dois var-
iáveis pesados e dois constantes pesados
- nas extremidades estão as porções variáveis, o restante são
as constantes
- as cadeias variáveis são sempre compostas por um domínio, e tanto a leve quanto a pesada têm um domínio de
proteína
- a cadeia constante leve sempre tem um único domínio, enquanto a pesada pode ser três ou quatro
- as regiões constantes nem sempre são constantes, possuem pequenas diferenças, ex.: temos quatro tipos de IgG
- as regiões variáveis tanto pesada quanto leve unem-se, os últimos dois “gominhos” formam um sítio de ligação para
o antígeno, e, entre eles não há uma união total, fica um pequeno espaço que forma um sulco, onde cabe o epítopo
→ ∴ a função da região variável é proporcionar o encaixe do epítopo, ligando-se ao antígeno
- a função da região constante é fazer a ligação com células que possuem receptores - principalmente fagócitos
• quando o anticorpo é formado, é feito de forma aleatória quanto ao sulco e sua região de ligação ao antígeno
• a variabilidade dos anticorpos, em parte, se dá pelas regiões determinantes de complementariedade (CDR), essa
diferença de sítios de ligação gera a diversidade de anticorpos
• a cadeia constante pesada é importante para separar os anticorpos em cinco classes:
- IgA: importante nas mucosas (impede a ligação de vírus com sua célula-alvo); a cadeia J, aliada à cadeia constante
α, ohh capaz de ligar-se ao receptor poli-Ig, dentro da mucosa
- IgD: receptor de linfócito B virgem
- IgE: importante contra helmintos e alergia (ligação alérgeno-IgE-mastócito promove a liberação dos compostos do
mastócito)
- IgG: está em maior quantidade no sangue, atua na opsonização (facilita fagocitose), ativação do complemento, cito-
toxicidade, imunidade neonatal, inibição por retroalimentação dos linfócitos B
- IgM: receptor de linfócito B virgem, faz ativação do complemento, é a primeira a ser produzida na resposta num
primeiro contato, é o anticorpo mais agudo/rápido
• o linfócito B que produz determinado tipo de anticorpo pode alterar sua cadeia constante e passar a produzir outro tipo
• conforme o tipo celular que o anticorpo acopla em sua região constante, o desfecho é diferente
• aplicando-se proteases, elas degradam anticorpos de modos diferentes
• região de dobradiça: onde o anticorpo foi quebrado, nem sempre consegue ligar-se com sua posição inicial
• podem ser classificados por três nomenclaturas, as quais:
- isotipos: diferenças na região constante - ex.: IgG1, IgM, IgA etc.
- alotipos: diferenças entre as porções constantes em indivíduos diferentes (injetando IgG, por ex., de um indivíduo
em outro, pode ser que sejam formados anticorpos contra aquele anticorpo, pois ele serve de antígeno num organ-
ismo diferente) → mais comum em espécies diferentes
- idiotipos: diferenças nas regiões variáveis → a mesma IgG1 constante com as variáveis diferentes gera idiotipos
diferentes, o antígeno encara a região determinante de complementariedade de forma física, o epítopo temeu en-
caixar e permanecer lá, essa retenção é feita através de forças químicas
- a força com que o anticorpo segura o antígeno chama-se afinidade, e pode ser medida por uma constante de dis-
sociação (10 a —11) → quanto maior a afinidade, maior a força feita para tirar o antígeno da região de ligação, e
menor a constante
• avidez: soma das forças envolvidas na ligação anticorpo-antígeno; diz respeito à ligação total
- ex.: IgM tem dez sítios de ligação diferentes para o mesmo epítopo, ele se liga a dez braços, então sua avidez é
maior que do IgG, por ex., que consegue se ligar a dois braços

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