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3589 – ANATOMIA/FISIOLOGIA – PELE, COURO CABELUDO E CABELO

3589 – Anatomia/Fisiologia – pele, couro cabeludo e cabelo

Índice
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................... 6

1 NIVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL ...................................................................................... 7

1.1 Do átomo ao organismo ...................................................................................................... 7

2 OS DIFERENTES TIPOS DE CÉLULAS ............................................................................................. 8

2.1 CÉLULAS EUCARIÓTICAS E PROCARIÓTICAS ........................................................................ 9

Células Procarióticas.......................................................................................................................... 10

Células eucarióticas ........................................................................................................................... 10

3 ESTRUTURA DA MEMBRANA CELULAR DAS CÉLULAS ANIMAIS................................................ 10

4 Funções da membrana celular e do núcleo............................................................................... 11

4.1 OS ESPOROS DAS BACTÉRIAS ............................................................................................ 11

4.2 OS VIRUS ............................................................................................................................ 11

5 DOENÇAS SOCIALMENTE TRANSMISSÍVEIS POR VIRUS E BACTÉRIAS ....................................... 12

5.1 DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS ...................................................................................... 13

VÍRUS ................................................................................................................................................. 13

TRANSMISSÃO .................................................................................................................................. 13

Hepatite A .......................................................................................................................................... 13

Fecal-oral Sangue Sexual ................................................................................................................... 13

Hepatite B .......................................................................................................................................... 13

Sangue Sexual Leite materno ............................................................................................................ 13

Saliva .................................................................................................................................................. 13

Hepatite C .......................................................................................................................................... 13

Sangue ............................................................................................................................................... 13

Sexual................................................................................................................................................. 13

Poliomielite ........................................................................................................................................ 13

Fecal-oral ........................................................................................................................................... 13

Varicela zoster ................................................................................................................................... 13

Aérea ou contato com lesões infetadas ............................................................................................ 13

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Gripe .................................................................................................................................................. 13

Aérea ................................................................................................................................................. 13

Sarampo............................................................................................................................................. 13

Aérea ................................................................................................................................................. 13

Rubéola .............................................................................................................................................. 13

Aérea ................................................................................................................................................. 13

Raiva .................................................................................................................................................. 13

Contacto direto com o animal infetado ............................................................................................ 13

Febre amarela.................................................................................................................................... 13

Picada de inseto................................................................................................................................. 13

6 TRANSMISSÃO DE BACTÉRIAS: .................................................................................................. 13

6.1 Doenças causadas por bactérias: ...................................................................................... 14

Amigdalite.......................................................................................................................................... 14

Endocardite ....................................................................................................................................... 14

Meningite .......................................................................................................................................... 14

Pneumonia......................................................................................................................................... 14

Lepra .................................................................................................................................................. 14

Tuberculose ....................................................................................................................................... 14

Difteria ............................................................................................................................................... 14

Tétano................................................................................................................................................ 14

Tifo ..................................................................................................................................................... 14

7 MOVIMENTOS TRANSMEMBRANARES ..................................................................................... 14

7.1 TIPOS DE TRANSPORTE PASSIVO ....................................................................................... 15

7.2 TIPOS DE TRANSPORTE ATIVO ........................................................................................... 15

7.3 TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS COM ALTERAÇÃO DA FORMA DA MEMBRANA .............. 16

8 OS TECIDOS EPITELIAIS .............................................................................................................. 17

9 TECIDOS CONJUNTIVOS ............................................................................................................. 18

10 TECIDOS MUSCULARES .......................................................................................................... 21

11 TECIDO NERVOSO .................................................................................................................. 22

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12 O COURO CABELUDO............................................................................................................. 23

13 EPIDERME .............................................................................................................................. 23

13.1 As populações celulares epidérmicas ................................................................................ 24

13.2 As diferentes camadas epidérmicas .................................................................................. 24

13.3 A Queratinização – regeneração do couro cabeludo ........................................................ 26

13.4 O filme hidrolipídico (FHL) ................................................................................................. 27

13.5 A Absorção cutânea ........................................................................................................... 28

13.6 Funções da epiderme ........................................................................................................ 29

14 DERME ................................................................................................................................... 29

14.1 Órgãos Anexos ................................................................................................................... 30

15 HIPODERME ........................................................................................................................... 37

15.1 FUNÇÕES DA PELE ............................................................................................................. 38

16 DOENÇAS E ANOMALIAS DO COURO CABELUDO.................................................................. 39

16.1 AS ALOPÉCIAS .................................................................................................................... 42

16.2 AS ALOPÉCIAS cicatriciais .................................................................................................. 42

16.3 AS ALOPÉCIAS não cicatriciais ........................................................................................... 42

17 CONCLUSÃO........................................................................................................................... 46

18 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 46

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INTRODUÇÃO
Este manual foi estruturado tendo em conta as horas de duração do módulo, sendo
uma base de apoio à formação.

É de salientar que sempre que o formador considerar oportuno poderá desenvolver


estratégias e/ou atividades, de acordo com as dificuldades apresentadas pelos formandos
relativamente aos conceitos de Anatomia/Fisiologia aplicada ao cabelo e couro
cabeludo.
Assim ao longo deste manual será descrita a matéria e organização celular dos seres
vivos, bem como a estrutura e funções da pele e as alterações do couro cabeludo.

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1 NIVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL


1.1 Do átomo ao organismo

Toda a matéria viva e não viva é constituída por átomos. Nos seres vivos, os átomos raramente
aparecem isolados, normalmente agrupam-se formando moléculas.

Cada átomo é constituído por três diferentes tipos de partículas fundamentais: protões,
neutrões e eletrões, ou seja, estes combinam-se de várias formas para formar mais de 100
átomos diferentes.

No núcleo (centro do átomo) estão os protões e os neutrões, enquanto que os eletrões giram
em seu redor.

As moléculas simples (de pequenas dimensões) podem ligar-se entre si para formarem
moléculas de grandes dimensões, as macromoléculas.
Uma célula não é nada mais do que uma organização espacial bem determinada de
macromoléculas – por exemplo, quer as membranas dos organitos, quer as membranas
celulares resultam da organização dos fosfolípidos em bicamada.

As células reúnem-se para formarem os tecidos (grupo de células com forma e funções
semelhantes, exemplo: tecido epitelial). Estes podem associar-se de modo a constituírem os
órgãos (formados, na maioria das vezes, por diferentes tipos de tecidos, mas que trabalham
para um fim comum, exemplo: o estômago).

Um conjunto de órgãos reúne-se em


sistemas. E, finalmente, surge o
organismo que resulta da junção de
vários sistemas de órgãos.

Figura 1 – Níveis de Organização Celular

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2 OS DIFERENTES TIPOS DE CÉLULAS

A célula é a unidade estrutural e funcional básica da vida.

Apesar da variedade das suas formas e tamanhos e da diversidade dos papeis que cumprem,
as células apresentam grandes semelhanças na sua estrutura e modo de funcionamento.

Todos os organismos são formados por células. Os organismos mais simples possuem uma única
célula (são unicelulares), mas os mais complexos, como o homem, possuem milhares a milhões de
células (são pluricelulares). Todas as células provêm de
células preexistentes, pois qualquer célula se forma a partir
da divisão de outra. Isto é possível, graças à existência no
interior da célula de material genético/hereditário - o DNA,
ácido desoxirribonucleico e o RNA, ácido ribonucleico - que
permite a reprodução de outra exatamente igual àquela que
lhe deu origem, pois o DNA e o RNA, são responsáveis pelo
controle de toda a atividade celular (Figura 2).

Figura 2 – Organização Estrutural do DNA

As células são constituídas por uma substância chamada citosol ou hialoplasma, a qual é cercada
por uma membrana (membrana citoplasmática /celular), e contém várias estruturas imersas
chamados organitos - compartimentos delimitados por membranas que possuem funções
específicas, tais como: produção de energia, transporte, armazenamento, degradação e produção
de substâncias. O núcleo, limitado por uma membrana, a
membrana nuclear, é sem dúvida o organito mais
importante, pois é aí que se encontra o DNA. O
hialoplasma é uma massa homogénea, transparente e
gelatinosa. É composto predominantemente por água
(80%), sais minerais (2%), lípidos e proteínas (prótidos). O
termo citoplasma refere-se a todo o conteúdo celular
situado entre situado entre a membrana plasmática e o
núcleo. Figura 3 – Esquema representativo da célula

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2.1 CÉLULAS EUCARIÓTICAS E PROCARIÓTICAS

As células mais simples possuem um número reduzido de


organitos e não têm um núcleo organizado (sem
membrana nuclear): são as células procarióticas. Os seres
constituídos por células procarióticas chamam-se
procariontes, exemplos: bactérias (figura 4).

Figura 4 – Esquema representativo de uma bactéria

As células mais complexas possuem inúmeros organitos e um núcleo delimitado por uma
membrana. Os seres constituídos por células eucarióticas chamam-se eucariontes, exemplos:
células animais e vegetais. Embora a célula seja o elo biológico que une todos os seres vivos, ao
observarmos as células as células eucarióticas vegetais e as células eucarióticas animais,
verificamos que existem algumas diferenças entre elas: a célula eucariótica vegetal apresenta
parede celular e cloroplastos, contrariamente à célula eucariótica animal (figura 5).

Figura 5 – Esquema representativo de célula eucariótica animal (à esquerda) e uma célula eucariótica vegetal (à direita)

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Na tabela I, resumem-se as diferenças entre as células eucarióticas e as células procarióticas.

Células Procarióticas Células eucarióticas


 Tamanho: 0,2 a 2,0 m  Tamanho: > 2,0 m

 Constituição muito simples  São mais complexas;

 O material genético não está envolvido por uma membrana  O núcleo está bem de definido e organizado pois existe uma
nuclear (não apresenta um verdadeiro núcleo - nucleoide) membrana a envolver o material genético.

 As únicas membranas existentes são:  Com vários organitos delimitados por membranas

 Parede celular (não celulósica) e membrana celular  Algumas possuem cílios ou flagelos

 Não possuem cílios só flagelos  Ribossomas: ligados ao RE

 Ribossomas: dispersos no citoplasma e em elevado número

Tabela I – Resumo das características das células procarióticas e eucarióticas.

3 ESTRUTURA DA MEMBRANA CELULAR DAS CÉLULAS ANIMAIS

A membrana citoplasmática é constituída por:

 Fosfolípidos (são gorduras), dispostos em duas camadas (bicamada fosfolipídica)


 Proteínas extrínsecas ou periféricas (ligadas à superfície da membrana)
 Proteínas intrínsecas ou integrais (encontram-se no interior da bicamada)
 Colesterol
 Glicolípidos (glícidos ligados aos lípidos)
 Glicoproteínas
(glícidos ligados
às proteínas)

NOTA: os glícidos
desempenham a função
de reconhecimento de
substâncias
extracelulares (exemplo:
antigenes).

Figura 6 – Estrutura da membrana plasmática

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Funções da Membrana plasmática funções do núcleo


 Dá forma à célula;  Controla toda a atividade celular;
 Protege o conteúdo interno da célula;  Contém a informação genética (DNA).
 Assegura a sua interação com células vizinhas, células estranhas e várias substâncias
químicas;
 Regula as trocas com o meio externo, isto é, possui permeabilidade seletiva (a
membrana permite a passagem de algumas substâncias e restringe a passagem de
outras).

4 Funções da membrana celular e do núcleo

4.1 OS ESPOROS DAS BACTÉRIAS

Quando as bactérias em condições ambientais severas (pobre em nutrientes), forma um esporo


único que é libertado após autólise (autodegradação após a morte) da célula mãe. O esporo é uma
célula em repouso bastante resistente às condições de secura, ao calor e a agentes bioquímicos
(como desinfetantes). Ao encontrar
novamente condições nutritivas
favoráveis é ativado, germina para
produzir uma única célula bacteriana, a
qual por sua vez se pode dividir
(crescimento vegetativo) originando
novas bactérias

Tabela II – Resumo das funções da membrana plasmática e doFigura


núcleo7 na
– Produção
célula. de esporos bacterianos

4.2 OS VIRUS

Os vírus não são considerados células, uma vez que não possuem autonomia fisiológica nem
conseguem reproduzir-se. Só são capazes de realizar essas tarefas
quando se hospedam em células, obrigando os organitos da célula
hospedeira a funcionarem em seu detrimento. É deste modo, que os
vírus se reproduzem. Em cerca de meia hora uma célula hospedeira
consegue produzir 100 a 200 novos de vírus (iguais ao vírus invasor) e
prontos para repetir o ciclo nas células vizinhas
Figura 8 – Esquema geral de um vírus

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Figura 9 – Representação da forma de reprodução viral (esquerda). As diferentes formas e dimensões que os vírus podem tomar (direita)

Quando um vírus ataca uma célula os efeitos resultantes podem ser devidos a:

1- A ação direta do vírus rompe a célula hospedeira: a multiplicação viral pode causar a
degeneração ou a rutura da célula;
2- A presença do vírus aciona uma resposta imunológica que destrói a célula: as defesas
do corpo voltam-se contra a célula infetada. Por exemplo, o vírus da hepatite A não
danifica diretamente as células do fígado, porém a resposta das próprias células de
defesa atacam as células infetadas pelo vírus da hepatite A.

5 DOENÇAS SOCIALMENTE TRANSMISSÍVEIS POR VIRUS E


BACTÉRIAS
Os vírus e as bactérias, para infetarem e causarem doença, têm de encontrar uma via de acesso.
Podemos considerar três vias de acesso:
 via aérea: fossas nasais laringe  traqueia  brônquios  alvéolos pulmonares (ex. Virus da
gripe)

 oro-fecal: boca  esófago  estômago  intestino delgado  intestino grosso (ex. salmonelas)

 parentérica e sexual: sangue sangue; fluídos orgânicos sangue (ex. hepatite b e c)

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5.1 DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS

A tabela III apresenta algumas doenças causadas por vírus e as suas vias de transmissão.

VÍRUS TRANSMISSÃO

Fecal-oral
Hepatite A Sangue
Tabela III – Doenças causadas por vírus e respetivas vias de transmissão
Sexual

Sangue
Hepatite B Sexual
Leite materno
Saliva
Hepatite C Sangue
Sexual
Poliomielite Fecal-oral

Varicela zoster Aérea ou contato com lesões infetadas

Gripe Aérea

Sarampo Aérea

Rubéola Aérea

Raiva Contacto direto com o animal infetado

Febre amarela Picada de inseto

6 TRANSMISSÃO DE BACTÉRIAS:

A transmissão das bactérias é feita por via aérea, pela água através do solo, pois as bactérias
existem em grande número no ar, no solo e na água. Contudo, na maior parte dos casos, são
inócuas, sendo mesmo totalmente favoráveis ao
homem. Algumas espécies estão normalmente
presentes na pele, boca, brônquios e intestino, e
não provocam doença. É o caso, da flora
bacteriana cutânea que protege a pele da
invasão pelas bactérias nocivas.

Figura 10 – Representação das diferentes formas de bactérias

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6.1 Doenças causadas por bactérias:

As bactérias podem ter diversas formas: esférica (cocos), em bastonete (bacilos) e em


espiral (espiroquetas).

COCOS BACILOS ESPIROQUETAS


Amigdalite Lepra Sífilis
Endocardite Tuberculose
Meningite Difteria
Pneumonia Tétano
Tifo

Tabela IV – Doenças causadas pelas diferentes formas de bactérias

7 MOVIMENTOS TRANSMEMBRANARES

O transporte de substâncias através da membrana pode despender energia ou não. Se o


transporte implicar um gasto de energia por parte da célula, designa-se transporte ativo. Caso
contrário, fala-se em transporte passivo.

Figura 11 – Representação esquemática do


transporte passivo

O transporte passivo realiza-se graças à diferença de concentração de substâncias e/ou de cargas


elétricas entre o meio interno e externo da membrana celular (ou outra). As substâncias tendem a
deslocar-se do meio onde estão mais concentradas (existem em maior número) para o meio onde
estão em menor número. Este movimento é chamado de gradiente de concentração ou gradiente
químico. Também existe o chamado gradiente de concentração para exprimir a movimentação de
cargas elétricas de um meio onde se encontram em maior número para o meio onde se encontram
em deficiência. Muitas das vezes as substâncias que se deslocam através da membrana possuem
carga elétrica (iões), daí a nos referirmos a um gradiente eletroquímico.

Figura 12 – Representação esquemática do


transporte ativo

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7.1 TIPOS DE TRANSPORTE PASSIVO

(a favor do gradiente de concentração)

Difusão simples: trata-se do movimento de substâncias (iões ou moléculas)


através da membrana, respeitando o sentido do gradiente eletroquímico.

EXEMPLOS:

 A maioria dos gases (azoto, oxigénio, dióxido de carbono), pequenas moléculas


sem carga (ureia) e substâncias llipossolúveis conseguem atravessar a membrana
celular através da bicamada fosfolipídica.

 Os iões (e a água) penetrar na célula por intermédio dos chamados canais


iónicos (formados por proteínas intrínseca). Há uns que estão permanentemente
abertos e há outros que só abrem transitoriamente.

Figura 13 – Representação esquemático da difusão simples

Difusão facilitada: movimento de moléculas de grandes dimensões (e insolúveis


em lípidos) com intervenção de permeases – proteínas transportadoras da
membrana.

Figura 14 – Representação esquemática da difusão facilitada

7.2 TIPOS DE TRANSPORTE ATIVO

(contra o gradiente de concentração e com gasto de energia)

No transporte ativo há gasto de energia porque as substâncias são


transportadas contra o seu gradiente de concentração. Este mecanismo permite
às células:

- Obter do meio externo substâncias de que necessitam, mesmo quando


estas se encontram em baixas concentrações;
- Eliminar resíduos e substâncias tóxicas, mesmo quando a sua
concentração no meio interno é muito baixa;
- Manter constante a concentração de determinadas substâncias de que
necessita, apesar das suas concentrações serem diferentes das do meio
externo.

Figura 15 – Representação esquemática do transporte passivo

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NOTA: O transporte ativo é sempre unidirecional, ao contrário do transporte passivo – tanto pode
ser feito do meio intracelular para o meio extracelular, como no sentido inverso.

7.3 TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS COM ALTERAÇÃO DA FORMA DA


MEMBRANA

Existem dois tipos de transporte transmembranar que interferem temporariamente com a forma
da membrana celular:
1. Endocitose: trata-se da inclusão de macromoléculas na célula, mediante invaginação da
membrana plasmática.
2. Exocitose: trata-se da exclusão de substâncias pela célula. As vesículas internas que
transportam as substâncias fundem-se com a membrana celular.

Figura 16 – Representação esquemática da endocitose (à esquerda) e da exocitose (à direita).

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8 OS TECIDOS EPITELIAIS
Características Classificação
Quanto à forma das Caracterização Função
Principais Quanto ao número de camadas
células
Simples Com uma só camada
Pavimentoso - Revestimento
de células planas
Com uma só camada interno e
Cilíndrico/prismático de células externo dos
prismáticas órgãos
- Células: geralmente - Proteção
Com uma só camada
poliédricas, justapostas Cúbico mecânica e
Tecido Epitelial de células cúbicas
(encostadas umas às térmica
de Revestimento Estratificado Com várias camadas
outras/sem espaço entre Pavimentoso (epiderme)
de células planas
si, sendo, por isso muito - Proteção
Com várias camadas
coesas) química (epitélio
Cilíndrico/prismático de células
- sem substância do estômago)
prismáticas
intersticial). - Absorção
Com várias camadas
- Sem vasos sanguíneos (intestino
Cúbico de células cúbicas
- As células são delgado)
alimentadas por difusão,
a partir dos capilares do Endócrinas – excretam os
tecido conjuntivo produtos diretamente
adjacente para o sangue; não
Classificação das glândulas possuem canal excretor As células produzem
- É delimitado substâncias
inferiormente por uma Exócrinas – Tubulosas:
(hormonas, enzimas,
lâmina basal (constituída excretam os cavidades
Tecido Epitelial etc.) Que lançam - Secreção
por glicoproteínas e produtos ou secretoras
Glandular em forma para o seu exterior.
fibras de reticulina) para
de tubo. Por isso, são ricas em
cavidades
Acinosas: RER e complexo de
do corpo ou
cavidades golgi.
para o secretoras
exterior com forma
esférica.

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9 TECIDOS CONJUNTIVOS
Características
Classificação Caracterização Função
Principais
- Possui todos os elementos estruturais sem Ligação dos tecidos entre si.
Constituídos por: Tecido
- Células: predomínio de nenhum deles. Exemplo: derme papilar, vasos sanguíneos
Conjuntivo Laxo - Fibras em malha larga (separadas umas das outras) e em torno dos órgãos.
- fibroblastos (produzem Tecido +: fibras de colagénio
as fibras e a matriz); -: células Proporciona força e permite resistir a
- macrófagos/histiócitos
Conjuntivo
--: matriz tensões exercidas em várias direções.
(defesa por fagocitose); Tecido Denso não - Fibroblastos e colagénio organizam-se ao acaso/em Exemplo: derme reticular.
- plasmócitos (defesa: Modelado várias direções
produção de anticorpos);
conjuntivo
propriamente Tecido +: fibras de colagénio
- mastócitos (defesa –
-: células Suporta grandes tensões/forças (exercidas
inflamação: regulam a dito Conjuntivo
permeabilidade dos --: matriz na direção das fibras).
Denso - Fibroblastos e colagénio organizam-se em Exemplo: tendões e ligamentos.
capilares);
- linfócito (defesa);
Modelado fileiras/feixes
- adipócitos (reserva de Tecido Permite a distensão (de vários órgãos).
gordura).
Conjuntivo +: fibras elásticas Exemplo: Tecido pulmonar e artérias
- Fibras:
Elástico elásticas.
- colagénio: dispõem-se Reservatório de gordura/energia, reduz a
em feixes paralelos; Tecido perda de calor pela pele e protege contra
resistência à tração; são as Conjuntivo +: adipócitos choques.
mais grossas; cor branca – Adiposo Exemplo: Hipoderme, em torno do
transforma-se em coração e dos rins.
gelatina);
Células:
- elásticas : dão
Tecido 1) osteoblastos - osteócitos ( formam-se quando a
elasticidade e resistência
química; matriz endurece, ficando presos em cavidades
conjuntivo chamadas osteoplastos; possuem
- reticulares: são as mais Tecido Suporte e proteção (revestimento exterior
finas; ramificam-se;
especializado prolongamentos citoplasmáticos no interior de
Conjuntivo sólido)
reforçam o colagénio. canalículos ósseos).
Ósseo Exemplo: Partes exteriores de todos os
- Matriz intersticial: 2) osteoclastos: células grandes com muitos
contém quase todos os Compacto ossos e diáfises dos ossos longos.
núcleos que reabsorvem o tecido ósseo –
nutrientes. importante para o crescimento, manutenção e
- Com vasos sanguíneos e
reparação dos ossos.
linfáticos.
Matriz intersticial (produzida pelos osteoblastos) =

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osseína (fibras de colagénio – dão flexibilidade – e


sais minerais de Ca e P – dão dureza).
Os osteoplastos dispõem-se em camadas
concêntricas (lamelas) em redor de canais de Havers
(com capilares e nervos).
Suporte. A medula vermelha produz as
Com lacunas (contêm medula óssea vermelha e vasos
Tecido Conjuntivo células sanguíneas.
sanguíneos) divididas por trabéculas (alojam os
Ósseo Esponjoso Exemplos: Costelas, vértebras, esterno,
osteócitos)
pélvis, interior dos ossos do crânio.
Células: condroblastos - Condrócitos alojados nos Proporciona movimento nas articulações,
condroplastos. flexibilidade e sustentação.
Tecido Conjuntivo
Matriz intersticial = condrina (segregada pelos Exemplos: Cartilagem costal, nariz,
Cartilagíneo
condroblastos). À volta dos condroplastos origina traqueia, cartilagem articular, discos
uma cápsula cartilagínea. intervertebrais, sínfise púbica, orelha.
Transporte de substâncias e gases. Defesa
Células: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e
Tecido Conjuntivo do organismo. Cicatrização/coagulação.
plaquetas.
Sanguíneo Regulação da temperatura.
Matriz intersticial: Plasma.
Exemplo: sangue.

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TECIDO CONJUNTIVO LAXO TECIDO CONJUNTIVO DENSO NÃO TECIDO CONJUNTIVO DENSO TECIDO CONJUNTIVO ELÁSTICO
MODELADO MODELADO

TECIDO CONJUNTIVO ADIPOSO TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO TECIDO CONJUNTIVO


CARTILAGÍNEO

TECIDO CONJUNTIVO SANGUÍNEO

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10 TECIDOS MUSCULARES
MÚSCULO ESQUELÉTICO MÚSCULO CARDÍACO MÚSCULO LISO
- Fibra longa e cilíndrica com - Fibra cilíndrica ramificada, usualmente
- Fibra fusiforme com um núcleo
Caracterização muitos núcleos localizados com um núcleo localizado centralmente;
central;
da célula (fibra) perifericamente; - Célula estriada;
- Célula sem estrias.
- Célula estriada não ramificada. - Possui discos que unem as fibras vizinhas.
Partes das vísceras ocas, vias
Localização Fixado nos ossos Coração respiratórias, vasos sanguíneos, irís,
músculo eretor do pelo.
Diâmetro da fibra Muito grande Grande Pequeno
Comprimento da fibra Muito grande Pequeno Intermédio
Retículo endoplasmático Sim Sim Escassos
Velocidade de contração Rápida Moderada Lenta
Controle nervoso Voluntário Involuntário Involuntário
Considerável (mas limitada quando
Capacidade de regeneração Limitada Nenhuma
comparada com o tecido epitelial)

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11 TECIDO NERVOSO
O tecido nervoso é constituído por:
 Neurónios ou célula nervosa: é a unidade anatómica e funcional do tecido nervoso. Transmitem informação de uma parte do
corpo para outra. É constituído por corpo celular, dendrites e axónio.
 Células de glia ou neuroglia: são células de sustentação e de defesa dos neurónios.
Existem 6 tipos distintos com funções distintas (exemplo: as células de Schawann envolvem os neurónios do SNP, astrócitos,
oligodendrócito, astrócito, microglia)

FUNÇÕES: Condução de impulsos nervosos.

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12 O COURO CABELUDO

O couro cabeludo é a parte da pele onde se encontra fixada a cabeleira (conjunto de cabelos).

É constituído, tal como a pele, por três


camadas (da superfície para a profundidade):

 Epiderme (acima da derme): é a


camada mais fina, constituída,
essencialmente, por queratinócitos
(células produtoras de queratina),
unidos fortemente entre si por
desmossomas (estruturas responsáveis
pela junção intercelular).

 Derme: é a camada mais espessa e


é aí que se encontram inseridos todos
os anexos da pele.
 Hipoderme (abaixo da derme).

Figura 17 – Corte esquemático da pele

13 EPIDERME

A epiderme, cuja função protetora é fundamental, é tão fina como uma folha de papel. A sua
espessura, determinada pela camada córnea, oscila entre 0,04 mm ao nível das pálpebras e 1,5
mm na região da palma das mãos e planta dos pés. A sua face superior é ondulada, pontuada de
orifícios, (poros sudoríparos e orifícios pilo-sebáceos) repleta de dobras e ranhuras e em geral
abrangida por cabelos e penugem.

Na sua parte inferior, a epiderme liga-se á derme ao nível de uma membrana basal espessa,
sinuosa, chamada junção dermo-epidérmica. É através desta que se realizam as trocas nutritivas
entre a derme e a epiderme. A epiderme não possui vasos sanguíneos, porque se nela houvesse
vasos ficaria mais sujeita a ser "penetrada" por micro-organismos. Os nutrientes e oxigénio
chegam à epiderme por difusão a partir de vasos sanguíneos da derme.

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13.1 As populações celulares epidérmicas

A epiderme é constituída por um epitélio pavimentoso estratificado e queratinizado, na


constituição do qual podemos observar 4 populações celulares diferentes.

 Os queratinócitos (K) – são células epidérmicas mais


numerosas (80%); evoluem da parte inferior para a parte
superior para elaborar a camada córnea protetora.
Produzem a queratina que é uma proteína resistente e
impermeável responsável pela proteção.
 Os melanócitos (M) – (13%), colocados sobre a junção
dermo-epidérmica e dispersos entre os queratinócitos,
elaboram a melanina, um pigmento castanho que absorve
os raios UV.
 As células de Langerhans (L) – (2 a 4%) situadas na
camada filamentosa, intervêm nas defesas imunitárias.
 As células de Merkel – intervêm na função
Figura 18 – Porção inferior da epiderme (camada basal e
sensorial da pele. camada espinhosa)

13.2 As diferentes camadas epidérmicas

A epiderme é de certa forma uma construção que nunca termina, é renovada constantemente pela
subida de novas gerações de queratinócitos que crescem, empurram e expulsam gerações precedentes.
Esta incessante renovação celular permite à epiderme conservar a espessura e a sua função durante
toda a vida. O “turn-over” celular dura cerca de 20 a 30 dias. A epiderme é por sua vez constituída pelas
seguintes camadas de dentro para fora respetivamente:

 - Camada Basal

 - Camada Espinhosa

 - Camada granulosa

 - Camada Lúcida

 - Camada Córnea

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Camada/ Características
Camada córnea
 A Camada basal germinativa
 Os queratinócitos possuem uma forma cilíndrica ou cúbica.
 Esta fileira de células assenta na lâmina basal.
 É alimentada pelos vasos sanguíneos da derme.
 Produz todas as células da epiderme: queratinócitos; células de
Langerhans, melanócitos e células de Merkel.
 Ao dividir-se, um queratinócito origina duas células: uma migra
Camada
para a superfície (leva 28 a 50 dias a atingir a última camada ou
seja a descamar) e a outra mantém-se na camada basal para se granulosa
poder dividir novamente.
 Esta camada é caracterizada por uma intensa atividade mitótica.

Camada
 A camada espinhosa filamentosa
 Os queratinócitos apresentam-se poligonais.
 Produz mais fibras de queratina e forma corpos lamelares.
 Normalmente, as células separam-se umas das outras, exceto nos Camada basal
locais onde estão ligadas pelos desmossomas, daí o seu aspeto
espinhoso.
 Podem ocorrer divisões celulares.
 É a camada mais espessa. Figura 19 – Em cima esquema
representativo das sub-camadas da
epiderme, a baixo corte microscópico de
 A camada granulosa
um corte
 Os queratinócitos possuem uma forma plana.
 Deve o seu nome aos grânulos de querato-hialina.
 Os corpos celulares deslocam-se para as membranas e depositam
os lípidos no espaço intercelular.
 O núcleo e restantes organitos degeneram, ou seja, as células
morrem.

 A camada lúcida
 Constituída por células planas e anucleadas.
 É constituída por células anucleadas e planas. Esta camada apenas
é encontrada nas zonas de pele glaba (sem pelos), tais como a
palma da mão e a planta dos pés.

 A camada córnea
 Os queratinócitos encontram-se completamente preenchidos com
queratina (tomando assim a designação de corneócitos).
 A membrana celular encontra-se reforçada por um invólucro
proteico.
 As células superficiais são chamadas descamantes, pois já não se
encontram ligadas entre si por desmossomas.

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13.3 A Queratinização – regeneração do couro cabeludo

A Queratinização consiste na degeneração gradual das células


epidérmicas, ao longo das várias camadas epidérmicas,
obtendo-se no final deste processo células mortas
(corneócitos) muito ricas em queratina. Na camada espinhosa
ocorre a desidratação das células, na camada granulosa ocorre
a degeneração do citoplasma e na camada córnea as células
encontram-se completamente queratinizadas.

Este processo implica alterações da forma e composição


química dos queratinócitos.

Figura 20 – Esquema representação do processo de


queratinização

A regeneração do couro cabeludo baseia-se no processo de queratinização. As células da epiderme


são renovadas de 28 a 50 dias. À medida que se formam novas células na camada basal estas vão
empurrando as células mais velhas para a superfície, onde descamam. Assim, as células que são
perdidas à superfície vão sendo substituídas pelas células produzidas na camada germinativa.

As células descamantes são, normalmente, eliminadas de uma forma discreta, durante a


escovagem e lavagem. A caspa é um exemplo visível de descamação da camada córnea

O que é a queratina?

A queratina é o principal constituinte da camada córnea, do cabelo e da unha. Trata-se de uma


proteína de, forma helicoidal, insolúvel na água, produzida pelos queratinócitos. Os principais
aminoácidos que a constituem são: a cisteína e cistina, hidroxiprolina,
lisina, serina, glicina etc. Existem dois tipos de queratina:

- A queratina mole: existente na epiderme

- A queratina dura: existente nos cabelos/pelos e nas unhas.

A taxa de queratina vai aumentado com a idade o que provoca um


endurecimento das unhas e do cabelo.

Figura 21 – Queratina

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13.4 O filme hidrolipídico (FHL)

É a camada que está mais à superfície da pele. É uma película situada na camada córnea que
contacta diretamente com o meio exterior. É essencialmente composta por suor (fase aquosa) e
por sebo (fase oleosa), constituindo uma emulsão natural. Para além destes compostos também se
podem observar algumas células descamantes. A ajudar a função do manto hidrolipídico está
presente uma flora cutânea que ajuda a manutenção da acidez da pele (pH 5,2 a 5,6). Para o
correto desenvolvimento e funcionamento da pele, esta necessita que o seu pH não seja alterado,
o qual se deve manter ácido. O pH influenciado por uma série de agentes internos (saúde,
alimentação) e externos (sol, meio ambiente). Para que a pele se mantenha sã vai depender da
influência que sobre ela exercem os fatores e da harmonia entre eles.

É formado por um conjunto de substâncias de diversas proveniências:


- NMF (fatores de hidratação natural): ureia, ácido úrico, ácido láctico, ácido pirrolidona carboxílico
(PCA), aminoácidos, glícidos, iões cloro, sódio e potássio. Estas substâncias encontram-se no
interior dos corneócitos.

- Fração hidrossolúvel (proveniente, sobretudo do suor): cloreto de sódio, de potássio, de cálcio e


de magnésio, ureia, amoníaco, aminoácidos, vitaminas e glicose.

- Fração lipossolúvel (de origem sobretudo sebácea e epidérmica): colesterol, ceras, triglicerídeos
e ácidos gordos.

O FHL desempenha as seguintes funções:

1. Mantém a hidratação da camada córnea, graças à presença dos NMF’s;


2. Mantém a acidez cutânea, evitando o desenvolvimento de micro-organismos e de fungos;
3. Evita as variações bruscas de pH, evitando os possíveis danos causados por substâncias
demasiado ácidas ou alcalinas;
4. Protege contra os raios solares;
5. Ajuda no odor natural;
6. Determina o aspeto exterior da pele, pois o manto assegura uma boa tez da camada
córnea.

Quando se destrói o manto hidrolipídico da pele, esta responde aos estímulos com uma defesa
biológica que consiste em segregar aceleradamente substâncias hidrolipídicas que permitam
restituir o manto hidrolipídico. Este fabrico acelerado conduz a algumas modificações na qualidade
e fluência dessas substâncias hidrolipídicas e naturalmente isto afeta então o seu pH. A gordura
degradada não exerce a sua função de barreira, porque perde as suas substâncias que são
imprescindíveis para ela, tal como a água; as glândulas sebáceas, exageradamente estimuladas,
podem converter a pele em demasiado oleosa, ou então pelo contrário, esses mesmos estímulos
poderão influir na má qualidade de sebo e secar muito a pele. Todas estas transformações alteram

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o pH da pele, perdendo desta forma a sua proteção frente aos micróbios. Como conclusão,
diremos que a pele necessita que o seu pH não seja alterado.

13.5 A Absorção cutânea

A pele não é uma barreira impermeável, mas sim uma barreira seletiva. Essa barreira é assegurada
pela camada córnea e pelos lípidos intercelulares.

Existem várias vias de absorção cutânea, isto é, formas de transportar substâncias desde o exterior
até à derme (onde podem entrar na corrente sanguínea). Trata-se sempre de um transporte
passivo, pois as células da camada córnea são células mortas.

Vias de absorção cutânea:

Via folículo pilo-sebáceo: as substâncias penetram através do poro/óstio pilo-sebáceo. A maior


parte da absorção é feita desta forma.

Via sudorípara: é levada também a cabo pelas células epiteliais das glândulas sudoríparas. É a
porta para produtos iónicos.

Via transcelular: certas substâncias de pequenas dimensões conseguem penetrar através dos
corneócitos, é o caso da água e do glicerol. Trata-se de um transporte passivo, pois as células da
camada córnea são células mortas.

Via intercelular: os compostos químicos desde que tenham afinidade com os lípidos conseguem
penetrar através dos espaços intercelulares, os quais estão repletos de lípidos.

Figura 22 – Esquema representativo das vias de absorção cutânea

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13.6 Funções da epiderme

Mecânica – Os corneócitos oferecem resistência à fricção, aos traumatismos e à distensão;

Química - A epiderme é impermeável e resiste a um grande número de substâncias – isto, não só é


devido ao facto da queratina ser destruída com valores de pH abaixo dos 4 e acima dos 8, como
também, é devido ao filme hidrolipídico possuir um poder tampão, ou seja resistir a variações
bruscas de pH.

Imunitária – o filme hidrolipídico inibe o desenvolvimento de micro-organismos, pois o pH ácido e


os lípidos evitam a sua proliferação.

Fotoprotectora – a camada córnea e a melanina filtram os raios solares. Existe uma substância
presente no suor que também protege a radiação solar. Os raios solares provocam
hiperqueratinização.

14 DERME

Esta localizada entre a Epiderme e a


Hipoderme, na derme observam-se
saliências que acompanham as
reentrâncias da epiderme, permitindo
maior adesão. Essas saliências são
chamadas papilas dérmicas.

A derme é composta por duas camadas:

Figura 22 – Corte representativo da estrutura da pele


 Camada papilar: é uma delgada camada constituída por tecido conjuntivo que se localiza
logo abaixo da epiderme, é separada desta pela lâmina basal (característica - tecido
epitelial). Podem observar-se alguns vasos sanguíneos que nutrem a epiderme, sem
penetrar nela. Esta zona da derme, pouco fibrosa mas ricamente vascularizada, tem
função fisiológica importante: nutrição das células basais epidérmicas.

"As papilas dérmicas elevam a epiderme formando as cristas papilares mais conhecidas
como impressão digital "

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 Camada reticular: é mais espessa e composta por tecido conjuntivo denso não modelado.
Nesta camada observam-se os pelos e glândulas da pele (os chamados órgãos anexos).
Função essencialmente mecânica: “estrutura” da pele.

14.1 Órgãos Anexos

 Glândulas sudoríparas

Encontradas na maior parte da superfície corporal; em determinadas zonas estas não existem, é
o caso do pénis, as bordas dos lábios, o ouvido externo e o
leito ungueal das unhas são desprovidas de Glândulas. A
palma das mãos e a plantas dos pés concentram uma
grande quantidade destas glândulas.

Existem dois tipos de glândulas sudoríparas, as


écrinas e as apócrinas.

* ÉCRINAS - Ativas desde o nascimento, encontradas


em toda a área da pele, os seus ductos abrem
diretamente na superfície cutânea, produzem secreção
incolor, inodora e aquosa (99% água), a sua secreção
surge em resposta à elevação da temperatura ambiente,
e a rapidez da secreção está sob controle do Sistema
Nervoso Simpático. Figura 23 – Corte representativo das glândulas sudoríparas

* APÓCRINAS - São maiores, a sua secreção contém partes das células secretoras e tem na sua
composição proteínas, aminoácidos, lípidos etc, produzem suor lactescente (leitoso). O suor recém-
produzido não tem cheiro. O mal odor da transpiração é resultado da degradação pelas bactérias da
secreção produzida por estas glândulas. As bactérias digerem esta secreção porque ela possui
"nutrientes" que as alimentam. Localizam-se nas axilas, região anal, no escroto e nos grandes lábios. Os
seus ductos geralmente abrem nos folículos pilosos. Tornam-se ativas no decorrer da puberdade.

"Pelo predomínio tanto de glândulas sudoríparas apócrinas como écrinas, as axilas são locais com
grande sudorese e, portanto, mais predispostas à produção de odores desagradáveis. Alem disso,
apresentam um ambiente morno e húmido, ideal para a proliferação de bactérias".

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As glândulas sudoríparas possuem um leque de importantes funções:


- Regulação térmica;
- Hidratação da camada térmica;
- Função antimicrobiana;
- Função de eliminação;
- Função mecânica das glândulas palmoplantares (permitindo a preensão dos objetos)

Fatores que influenciam a sudação:


- Atividade física;
- Condições climáticas e atmosféricas;
- A febre;
- O consumo de alimentos energéticos;
- Os fatores psíquicos.
Figura 24 – Corte representativo das glândulas sebáceas

 Glândulas sebáceas

As glândulas sebáceas (9) segregam uma substância oleosa


chamada sebo (em Latim significa gordura) que é feita de gordura
(lípidos) e outros resíduos de células produtoras de gordura que
morreram.

O sebo é inodoro, mas o dano que ele causa às bactérias pode


produzir odores. O sebo é a causa de algumas pessoas
apresentarem cabelo "oleoso" se ele não for lavado por alguns dias

Função

O sebo é essencialmente constituído por gorduras e restos de células mortas. O sebo realiza várias
funções no nosso organismo:

- Função de proteção, o sebo desempenha uma função estética de primeira ordem na beleza da pele e
do cabelo. Contribui com as gorduras epidérmicas para manter a hidratação da camada córnea.
Contribui para a flexibilidade da pele. Protege a cutícula do cabelo atenuando a fricção de certas
técnicas capilares. A extremidade dos cabelos é seca sendo desprovida de sebo e nota-se a esse nível
alterações cuticulares importantes.

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- Função antimicrobiana, a acidez do sebo tem efeito fungicida (que trava o crescimento dos fungos) e
bacteriológico (que trava o crescimento das bactérias) a nível das camadas superficiais da pele.

- Funções de reconhecimento individual, os componentes do sebo conferem uma certa especificidade


ao odor corporal de cada indivíduo.

 Folículo pilo-sebáceo

Certos pelos parecem totalmente inúteis, sem graça, incomodativos. Outros parecem ter uma função
mais específica. Os pelos do corpo captam o mais leve e estranho contacto com a pele. Os pelos
situados no interior das narinas e das orelhas intercetam as ínfimas partículas de poeira. As
sobrancelhas impedem o suor de escorrer para os olhos.

Mas existem também os indispensáveis, aqueles de que cuidamos, os que merecem a nossa atenção.
Não os queremos tristes, raros ou ausentes. A sedução de um cabelo bonito agrada-nos certamente
mais do que o seu aspeto utilitário. No entanto, o objeto de culto e de sedução, o nosso cabelo
também existe para proteger o crânio das lesões da cabeça, do frio e do sol.

O cabelo desempenha uma função de proteção térmica (contra os raios solares). Os pelos que cobrem
o couro cabeludo são designados de cabelos 8 com pH 6,5 - 6,8). O cabelo é um anexo queratinizado da
pele, com forma cilíndrica e estrutura flexível. O cabelo, a nível do córtex, contém cerca de um milhão
de filamentos. Cada um deles com 10-11
protofilamentos.

Quimicamente, é constituído por água, pigmentos,


queratina, lípidos e sais minerais ( Fe, Mg, Cd, Cr, Cu,
Pb, Zn, etc.), o que se traduz nas seguintes
percentagens: carbono (50-60%), azoto (8-12%),
hidrogénio (6-8%), oxigénio (20-27%), enxofre (4-5%)
e sais minerais (vestígios). Divide-se em três camadas
do interior para o exterior:

- Medula: (15%) 2 a 3 camadas de células anucleadas,


pouco pigmentadas contendo queratina mole e
bastantes lipidos. Possuem fraca coesão entre si.
Encontram-se parcialmente queratinizadas. Podem
conter melanina.

- Córtex : (75%) constituído por células queratinizadas

Figura 25 – Corte representativo das porções que alongadas, fusiformes, dispostas compacta e
constituem o pelo

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paralelamente ao eixo do cabelo. Esta camada é responsável pela coloração do cabelo, pela sua solidez,
resistência elasticidade e permeabilidade.

- Cutícula: (10%) dá resistência ao cabelo, é uma membrana com aproximadamente 5 a 7 células de


espessura. São células córneas transparentes e totalmente queratinizadas, achatadas, sem núcleo, e
dispostas como telhas de um telhado.

A parte superficial e visível do cabelo é designada de haste ou talo. A porção do cabelo inserida no
interior da pele é chamada de raiz. O orifício por onde o cabelo sai é designado de poro ou óstio
folicular ou mais corretamente óstio pilo-sebáceo.

O cabelo encontra-se inserido no interior de uma estrutura chamada de folículo pilo-sebáceo (que
resultou de uma invaginação da epiderme na derme). É constituído por três camadas:

1- Camada dérmica (a mais externa) constituída por tecido da derme (tecido conjuntivo).
2- Camada epitelial externa: tecido da epiderme que reveste todo o folículo.
3- Camada epitelial interna: (a mais interna) tecido epidérmico que reveste internamente
o cabelo desde a base à zona da glândula sebácea.

O folículo ou aparelho pilo-


sebáceo engloba as seguintes
estruturas:

- Folículo pilo-sebáceo
propriamente dito
- Glândula sebácea
- Músculo eretor do pelo

O folículo possuiu na base


uma dilatação em forma de
pera, é o bolbo piloso. No
seu interior existem células
em intensa divisão celular, as
quais são responsáveis pela
formação do cabelo. Esta
região é designada de matriz.
É a partir da matriz que se

Figura 26 – Corte representativo das camadas epidérmicas e dérmicas diferenciam as células


epiteliais do folículo e das várias camadas do cabelo. As células da matriz são alimentadas por vasos
sanguíneos que se situam numa invaginação, a papila dérmica. Aí encontram-se, também, vários
nervos. A papila é responsável pela nutrição desenvolvimento, forma e tamanho do cabelo.

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Classificação dos tipos de pelo

Pelos lanugos: são só cabelos que acompanham o bebé ao nascer e duram até aos primeiros meses de
vida extrauterina possuem glândulas sebáceas.

Pelos Velus – são muito finos, ocasionalmente pigmentados e curtos. Toda a pele é coberta com pelos
velus com exceção da pele da palma das mãos, plantas dos pés, lado interdigital dos dedos, prepúcio,
pequeno e grande lábio.

Pelos terminais: são grossos, com pigmentação e possuem medula. Profundamente implantados na
pele, com glândulas sebáceas rudimentares.

Melanogénese

A melanogénese é o processo de produção de


melanina. Esta é produzida pelos melanócitos - que se
encontram na matriz – e é transferida para os
queratinócitos.

Existe um melanócito por cada 30 queratinócitos.

 Os melanócitos possuem dendrites


(prolongamentos citoplasmáticos) que servem
para depositar a melanina nos queratinócitos
vizinhos.

 A melanina no interior do melanócito


encontra-se em vesículas chamadas
melanossomas.
Figura 27 – Melanogénese

 A síntese de melanina é feita a partir de aminoácido chamado tirosina, na presença de uma


enzima, a tirosinase, e do ião cobre.

 O melanossoma é fagocitado pelos queratinócitos e migra até ao cortéx.

A melanina é responsável por filtrar os raios solares, protegendo o organismo contra malefícios dos
raios ultravioletas. O número de melanócitos é semelhante em todas as pessoas, independentemente
da raça ou sexo. As pessoas de raça negra possuem pele mais escura porque: os seus melanócitos são
maiores, com maior número de prolongamentos citoplasmáticos; os melanossomas, também são
maiores e apenas são degradados quando chegam às camadas superiores da pele.

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Ciclo de crescimento capilar

No homem, o pelo é uma estrutura em contínuo recâmbio e mutação. Cada folículo piloso sofre
ciclos de crescimento ativo, seguidos de um período de repouso, num processo que se traduz
clinicamente por fases de crescimento e posterior queda, sendo que o pelo antigo é empurrado
pela presença de um novo pelo, que emerge do mesmo orifício pilossebáceo.

Fase Anagénica ou fase de crescimento

É a fase de crescimento do pelo, que pode durar até 7


anos. Num adulto, aproximadamente 90% dos pelos
está nesta fase.

 Os fios estão na fase de crescimento ativo


diário e são muito sensíveis a alterações
nutricionais e químicas.

 Um novo pelo toma raiz, pois o folículo


piloso desceu (2) e a papila está em contacto
direto com o bolbo (1), o que permite a
nutrição e consequente divisão celular.

 Nota-se a presença simultânea do pelo velho


desligado da matriz que irá cair.

Fase Catagénica ou fase de repouso

É o estágio mais curto de vida e dura somente 2 a 3


semanas.

 A papila já só está ligada ao folículo piloso


por um fino cordão de células epiteliais (1).

 O crescimento e a melanogénese cessam;

 A parte mais profunda do folículo piloso


destrói-se progressivamente e a bainha
epitelial externa desaparece (3). Assim o
folículo torna-se mais curto, ficando mais
próximo da superfície (2);

 O pelo desprega-se da matriz e sobe ao longo


do folículo piloso (2).

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Fase Telogénica ou fase de morte/queda

Fase telogénica, o pelo entra em repouso. Um adulto


comum apresenta aproximadamente 10% dos pelos
na fase telógena. Esta fase pode durar 3 meses.

 No final da fase telógena, os fios caem. Mas


antes de isso ocorrer, um novo fio na fase
anagénica, usualmente começa a crescer (2).

 O bolbo está atrofiado e a papila encontra-se


isolada do folículo piloso (1).

Figura 28 – Esquema representativo das fases do ciclo de crescimento do pelo

 A unha

A unha é um anexo queratinizado da pele que se insere na derme. Funcionalmente, as unhas


auxiliam na pressão e manipulação de pequenos objetos, fornecem proteção às extremidades dos
dedos e permitem o coçar de várias partes do corpo.

É constituída por um corpo (a unha


propriamente dita, porção visível
que assenta no leito ungueal), por
um bordo livre (parte da unha que
se estende para além dos dedos) e
pela raiz (porção não visível inserida
na derme).

A maior parte do corpo é rosada


devido aos capilares sanguíneos
subjacentes. A área esbranquiçada
junto à raiz é designada de lúnula.
Esta parece branca porque os vasos
sanguíneos não se veem devido à
epiderme ser bastante espessa
nessa região. A matriz é onde ocorre
a formação da unha (cresce 1mm por semana).
Figura 29- Esquema representativo da unha

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A cutícula é formada pela camada córnea da epiderme e tem como função proteger a matriz
contra a entrada de micro-organismos e substâncias estranhas.

15 HIPODERME

Continuando a derme para a profundidade, a hipoderme é constituída por tecido conjuntivo que
contem, de acordo com as condições de nutrição e as zonas da pele, mais ou menos de tecido
adiposo. Este forma, nas zonas onde é muito abundante, um verdadeiro panículo adiposo
subcutâneo.

O tecido adiposo é constituído por células gordurosas, os


adipócitos (1), agrupados em aglomerados denominados de
lóbulos gordurosos. Estes lóbulos são separados por
divisórias de fibras de colagénio que servem de passagem
para os vasos sanguíneos e para os nervos.

Reserva de energia e isolador térmico, o tecido celular


subcutâneo tem igualmente funções mecânicas: por um lado
a sua estrutura lassa facilita o deslize da pele sobre as partes
profundas, por outro lado a sua espessura protege os ossos e
Figura 30 – Esquema representativo da hipoderme
os músculos subjacentes.

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15.1 FUNÇÕES DA PELE

Como vimos anteriormente, a pele desempenha inúmeras funções levadas a cabo pelas várias
estruturas que a constituem seguidamente encontra-se de forma resumida as funções dos
diferentes constituintes da pele.

Constituinte Funções
 Oferece resistência à fricção, aos traumatismos e à
distensão;
 É impermeável e resiste a um grande número de
substâncias – isto não só é devido ao facto da queratina
ser destruída com valores de pH abaixo dos 4 e acima dos
8, como também, é devido ao facto do filme hidrolipídico
possuir poder tampão, ou seja resiste a variações bruscas
Epiderme de pH;
 Inibe o desenvolvimento de micro-organismos, pois o pH
ácido e os lípidos evitam a sua proliferação;
 Fornece fotoprotecção: a camada córnea e a melanina
filtram os raios solares. Os raios solares provocam
hiperqueratinização;
 Síntese de vitamina D a partir de um percursor e com
intervenção da radiação ultravioleta.
 Protege contra choques mecânicos;
 Confere resistência imunológica;
Derme  Regulação da temperatura corporal (vasodilatação e
vasoconstrição);
 É responsável pela hidratação profunda da pele;
 Armazena gordura;
Hipoderme  Combate o frio;
 Amortece os choques
 Contribui para a formação da emulsão epicutânea –
manto hidrolipídico;
 Evita a desidratação, pois a gordura retém a água;
 Ação protetora contra a penetração de substâncias
Glândulas sebáceas
hidrossolúveis;
 Lubrificante: o sebo amacia e dá brilho ao couro cabeludo
e ao cabelo;
 Ação bacteriostática.
 Mantém a temperatura do corpo constante – a
evaporação do suor permite refrescar a pele;
 Excreta toxinas;
Glândulas sudoríparas
 Contribuiu para o pH ligeiramente ácido da pele;
 Contribuiu para a formação do filme hidrolipídico;
 Protege contra os raios solares.
 Mantém a hidratação da camada córnea, graças à
presença de NMF’s;
 Mantém a acidez cutânea, evitando o desenvolvimento de
Filme hidrolipídico micro-organismos e de fungos;
 Evita as variações bruscas de pH, evitando os possíveis
danos causados por substâncias demasiado ácidas ou
alcalinas.

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16 DOENÇAS E ANOMALIAS DO COURO CABELUDO

As tabelas que se seguem fazem referência às doenças/anomalias mais comuns do couro


cabeludo
TABELA V – As Principais doenças e anomalias do couro cabeludo.

DOENÇA CARACTERIZAÇÃO CAUSAS

É uma doença crónica, evolutiva, não contagiosa, que 1- Desequilíbrio do


pode afetar a pele ao nível das articulações (cotovelo, sistema nervoso (a
joelhos, etc), couro cabeludo e unhas, na maioria dos maioria).
Psoríase casos.
Características:

 Vermelhidão;
 Descamação cutânea.
Inflamação crónica do couro cabeludo que ocorre nas Causas iguais à seborreia.
Dermatite áreas com hipersecreção sebácea.
seborreica - Eritema (lesões avermelhadas) com descamação
gordurosa (caspa oleosa) e prurido (coceira).

Designação genérica atribuída a todo o tipo de queda de Várias: má nutrição,


Alopécia cabelo. genética, trauma, stress,
febre, etc.

Perda de cabelo (rarefação dos cabelos nos homens, 1- Hormonais (excesso de


queda e adelgaçamento do cabelo nas mulheres). testosterona);

- Ocorre o atrofiamento do folículo piloso. 2- Genéticas;

3- Stress: pode reduzir o


crescimento de novos
Alopécia cabelos (aumenta a
androgénica quantidade de folículos
ou “calvície” em fase telogénica) e,
consequentemente, a
queda dos velhos;

4- Radioterapia e
quimioterapia.

5- Medicamentos.

Alopécia 1- Desordem do sistema


areata ou imunológico.
“pelada”
 Súbita perda de cabelo em zonas específicas do couro

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cabeludo.

- Pode levar a perda total dos cabelos ou dos pelos do


corpo.

- Os folículos param de produzir cabelo.

Excesso de pelo no corpo. 1- Elevados níveis de


testosterona.
2- Genético.

Hipertricose

Excesso de pelo na mulher em zonas tipicamente 3- Elevados níveis de


Hirsutismo masculinas. testosterona.
4- Genético.
Ausência de produção total ou parcial de melanina o que 1- Genética, surge mais
causa uma despigmentação da pele, do cabelo, dos pelos frequentemente na raça
Albinismo e dos olhos (com aspeto avermelhado devido aos vasos negra.
sanguíneos). Estas pessoas não podem apanhar Sol pois
correm grande risco de cancro de pele.

Trata-se de uma doença não contagiosa, crónica, 1- Desequilíbrio do


evolutiva e de causa desconhecida, caracterizada pela sistema nervoso (a
formação de manchas acrómicas (despigmentadas) da maioria).
pele. As lesões formam-se devido à diminuição ou à
ausência de melanócitos (células responsáveis pela
produção de melanina, que dá cor à pele) nos locais
afetados.
Vitiligo
Características: A) manchas brancas, bem delimitadas,
com total ausência de pigmento; B) atinge principalmente
a face, a extremidade dos membros, órgãos genitais, mas
pode espalhar-se por a toda a pele; quando atinge áreas
pilosas, os pelos /cabelos ficam brancos; C) as manchas
podem aumentar, regredir ou manter-se estáveis durante
anos; D) ferimentos na pele podem originar novas lesões.

 Infestação do couro cabeludo por parasitas (piolhos). 1- Contacto com as zonas


infestadas: poltronas de
- As lêndeas (ovos do piolho) são brancas amareladas e cinema, carteiras
fixam-se firmemente aos cabelos. Isto, faz com que a escolares, chapéus,
Pediculose
pessoa pareça ter cabelos claros ou esbranquiçados. escovas de cabelo,
- Ao sugar o sangue do hospedeiro, o piolho, injeta saliva almofadas, assentos do
na pele, o que provoca o prurido (coceira). carro, etc.

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- Os piolhos não transmitem doenças.

- A eliminação é feita através de champôs específicos e as


lêndeas são eliminadas com um pente fino.

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16.1 AS ALOPÉCIAS
O termo alopécia refere-se a todo o tipo de queda de cabelo. Estamo-nos a referir a uma rarefação
capilar, assim como a uma perda de cabelo generalizada ou local.
As alopécias classificam-se em dois grandes grupos:
1- Alopécias cicatriciais: caracterizadas por uma destruição do folículo e em que a
regeneração capilar é impossível.
2- Alopécias não cicatriciais: termo que engloba as restantes quedas ou perdas de
cabelo.

16.2 AS ALOPÉCIAS cicatriciais


As alopécias cicatricias são de dois tipos:
1- Atríquia intrauterina: os folículos não se desenvolveram durante o período de
gestação.
2- Hipotricose: pequeno número de folículos; os cabelos são frágeis e quebradiços. É
devido a infeções, tumores, feridas, queimaduras e radiações.

16.3 AS ALOPÉCIAS não cicatriciais


Estas alopécias são classificadas em dois grupos alopécias circunscritas ou areatas e alopécias
difusas.

 Alopécias circunscritas ou Areatas: localizadas em zonas bem definidas, apresentando-se sob a


forma de regiões ou placas arredondadas. Pode aparecer na barba, couro cabeludo e pestanas.
CAUSAS:
 Infeções (ouvidos, nariz, dentes, garganta);
 Problemas do sistema imunitário (condução dos queratinócitos a uma telogénese prematura);
 Choques emocionais e outros transtornos nervosos.
Assumem as seguintes formas:
- Alopécia areata comum com uma só placa – apresenta uma única placa de tamanho variável;
- Alopécia areata comum com várias placas – surgimento de várias placas, com cabelos
intermédios entre elas.
- Alopécias areata ofiásica – inicia-se na zona occipital e divide-se em duas línguas que acabam
por se juntar na fronte.
- Alopécia areata universal – é aquela que afeta todo o couro cabeludo e pode estender-se a
todo o corpo (ausência de: pelos, cabelos, pestanas e sobrancelhas).

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 Alopécias difusas: queda ou perda de cabelo sem limites concretos ou circunscritos.

Tipos de alopécias difusas

1- Alopécias androgénica: a queda de cabelo deve-se a fatores hormonais (androgénios =


hormonas masculinas, exemplo testosterona) e genéticos (herança do pai). No homem verifica-
se uma perda total de cabelo no topo, na região frontal e nas regiões laterais superiores da
cabeça. Na mulher a cabeleira torna-se mais rarefeita e os cabelos mais finos e claros (com
menos melanina).
CAUSAS:
- No homem, os androgénios (testosterona) aceleram a regeneração do folículo pilo-sebáceo
(aumenta a produção de cabelo e sebo), deste modo, esgota-se, antes do tempo, a capacidade
regeneradora do folículo, ficando cada vez mais atrofiado. Desta forma, o cabelo sofre uma
redução progressiva do seu tamanho, da sua espessura e da sua pigmentação. No final, o cabelo
(pelo terminal) é substituído por velus e muitos dos folículos acabam por desaparecer.
- Na mulher, quando ocorre um déficit significativo de estrogénios em relação aos androgénios
(a testosterona é produzida na mulher nos ovários e nas glândulas suprarrenais) verifica-se uma
desidratação e diminuição da vascularização da derme, o que implica uma diminuição da
nutrição dos folículos pilosos e, consequentemente estes tornam-se mais finos. NOTA: os
estrogénios permitem uma melhor vascularização e hidratação da derme.

2- Alopécia Carencial: diminuição da densidade capilar devida a carências nutritivas, a falta de


irrigação sanguínea e a fatores de ordem psicológica (stress, bulimia, anorexia). As zonas frontal,
laterais superiores e topo do crânio caracterizam-se por apresentar uma tensão cutânea elevada
(ao falarmos ou mastigarmos estas zonas não são exercitadas e quando uma pessoa está tensa
estas zonas encontram-se repuxadas) o que conduz a uma irrigação sanguínea deficiente e a
consequente queda de cabelo.
3- Alopécia pós-parto: queda de cabelo posterior a um parto. Durante a gravidez os níveis de
estrogénios, existentes em quantidade superior ao normal, evitam a queda de cabelo, pois
permitem uma vasodilatação dos capilares sanguíneos, ou seja, o aporte de nutrientes a nível da
papila é maior do que em situação normal. Após o parto, há um decréscimo bruscos dos
estrogénios, o que implica uma diminuição acentuada da irrigação folicular, a qual pode ser
agravada pela perda de grandes quantidades de sangue durante o parto. Esta desnutrição
conduz, inevitavelmente, a uma queda de cabelo. Após a recuperação verifica-se que na maior
parte dos casos, o cabelo perde um pouco a sua densidade e na pior das situações a sua
recuperação é escassa.

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4- Alopécias traumáticas: perda total ou parcial de cabelo devido a traumatismo (cosmético,


queimadura térmica ou química, acidente, abrasão, tesouras mal afiadas, hábito maníaco de
arrancar o cabelo, ou seja, tricotilomania).
5- Alopécias tóxicas: são devidas a ingestão de substâncias tóxicas (fármacos, psicotrópicos).
6- Alopécias pós-operatórias: a perda de sangue causa anemia e desnutrição do folículo o que
conduz à queda do cabelo.
7- Alopécias pós-febris: a febre alta ou durante um período prolongado (por exemplo, febre da
malta), provoca uma vasodilatação e consequente aceleração do ciclo capilar. Assim, verifica-se
um esgotamento da regeneração capilar, facto que explica a queda de cabelo.
8- Alopécias sazonais: no inverno é necessária uma maior quantidade de cabelo para nos
proteger do frio, a preparação para esta estação é feita no outono em que se verifica uma queda
abundante. No verão, necessitamos de cabelos mais grossos para um proteção solar mais eficaz,
sendo frequente notarmos uma mudança pilosa na primavera.

Os folículos que sofrem de alopécia androgénica vão


involuindo ao longo do tempo.

 Alopécia androgénica (padrão masculino: A-E);


 Alopécia androgénica (padrão feminino: F-H).

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Alopécia universal Alopécia androgénica na Alopécia androgénica no homem


mulher

Alopécia traumática
Alopécia areata – 1 placa Alopécia areata – várias placas

Hirsutismo
Psoríase
Hipertricose

Tinha ou Pediculose do
Dermatite seborreica couro cabeludo
Pediculose

Albinismo Vitíligo Tinha/Micose da barba

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17 CONCLUSÃO
No final do estudo do módulo de Anatomia/Fisiologia – pele, couro cabeludo e cabelo, os
formandos deverão ser capazes de descrever a constituição da matéria e organização
celular dos seres vivos, bem como enunciar a estrutura e funções da pele e as alterações
do couro cabeludo.

18 BIBLIOGRAFIA
 Manual de Apoio ao estudante – Anatomia 5 , Tradução: Dra. Manuela Lisboa Brites,
2006 Lisboa, Quidnovi;
 Manual de Apoio ao estudante – Fisiologia 1; Tradução: Dra. Manuela Lisboa Brites,
2006 Lisboa, Quidnovi;
 Biologia para o Cabeleireiro CAP, Simone Viale, Edições Romano, Lda 2007;
 Enciclopédia de Ciência Larousse – O Corpo Humano, Circulo de leitores, sob a
orientação de Isabelle Bourdial, 2004 Rio de Mouro
 Human Physiology- Stuart Ira Fox, 1999 McGraw-Hill, Inc. for

Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.

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