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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ-UFPI

CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS - CSHNB


CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DISCIPLINA: IMUNOLOGIA
PROF: MÁRCIA MARIA MENDES MARQUES

FERNANDA LEITE SAMPAIO

ATÍGENO E ANTICORPO; ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T

PICOS – PI
2024
1. ANTÍGENO E ANTICORPO

1.1 Antígeno

O antígeno é uma substância que estimula a produção de anticorpos e são


reconhecidos por eles. Cada antígeno possui uma região específica que é reconhecida por um
anticorpo, sendo denominada epítopo. Os antígenos podem ter vários epítopos iguais ou
diferentes entre si. A presença de múltiplos epítopos idênticos em um antígeno é referida
como polivalência.

Embora todos os antígenos possam ser reconhecidos, nem todos podem gerar uma
resposta imune. As moléculas que estimulam respostas imunes são chamadas de imunógenos.
Os imunógenos são macromoléculas, que por sua vez, são efetivas na determinação de
respostas imunes.

Moléculas pequenas podem se ligar aos anticorpos, mas não serão capazes de se ativar
linfócitos B por conta própria. Para gerar anticorpos específicos para essas moléculas são
ligadas múltiplas cópias dessas moléculas a uma proteína ou polissacarídeo. Nesse caso, a
pequena molécula é chamada de hapteno e a molécula maior é denominada carreador. O
complexo hapteno-carreador age como um imunógeno e podem desencadear resposta imune.

1.2 Anticorpos

Anticorpos são proteínas circulantes chamadas imunoglobulinas produzidas em


vertebrados em resposta à exposição a estruturas estranhas conhecidas como antígenos. Os
anticorpos são mediadores da imunidade humoral e são sintetizados pelos linfócitos B. Essas
moléculas podem existir em duas formas: receptores antigênicos e anticorpos secretados. Os
receptores antigênicos são Anticorpos ligados à membrana na superfície dos linfócitos B, já
os anticorpos secretados atuam na proteção contra microrganismos.

Os anticorpos desempenham uma série de funções na defesa do nosso organismo,


como atuação como receptores de antígenos, neutralização de toxinas microbianas,
opsonização de antígenos para facilitação da sua fagocitose, e ativação do sistema
complemento pela via clássica.

O anticorpo possui uma estrutura simétrica básica formada por quatro cadeias ligadas
entre si por pontes dissulfeto. Essas cadeias são formadas por regiões variáveis, ou seja, sua
estrutura de aminoácidos se modifica. As cadeias constantes variam de acordo com o
anticorpo. O anticorpo possui ainda uma estrutura central simétrica formada por duas cadeiras
leves idênticas e duas cadeias pesadas similares.

A área de ligação do anticorpo ao antigeno é denominada região Fab, já a região Fc é


responsável pelas funções efetoras.

As moléculas de anticorpo podem ser divididas em classes e subclasses distintas com


base em diferenças estruturais na região C da cadeia pesada. Existem cinco classes distintas
de anticorpos: IgA, IgD, IgE, IgG e IgM.

IgA: são dímeros predominantes nas mucosas e secreções serosas (leite materno, lágrimas,
saliva);

IgD: estão presentes na membrana dos linfócitos B e atuam como receptores antigênicos;

IgE: atuam em respostas alérgicas e combate parasitário a helmintos;

IgG: atravessam a barreira placentária transferindo imunidade ao feto e são indicadores de


infecções passadas e atuam nos processos de ativação do sistema complemento, neutralização
de toxinas e opsonização;

IgM: agem em infecções agudas e atuam nos estágios iniciais da infecção.

Em humanos, os anticorpos IgA e IgG podem ainda ser divididos em subclasses:

IgA: (IgA1 e IgA2);

IgG: ( IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4).


2. ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T

2.1 Ativação dos linfócitos T

A ativação dos linfócitos T gera células efetoras específicas e células de memória


duradouras para eliminar antígenos, com alta especificidade. Tanto a ativação inicial quanto
as fases efetoras da imunidade adaptativa mediada por células T são desencadeadas pelo
reconhecimento do antígeno.

Os linfócitos T naive são células T que ainda não foram ativadas por um antígeno
específico. Eles circulam por todo o corpo em estado de repouso e após sua ativação
adquirem capacidades funcionais.

A ativação dos linfócitos T ocorre quando um antígeno é apresentado a eles por


células apresentadoras de antígenos (APCs), como células dendríticas. A ativação inicial dos
linfócitos T ocorre principalmente em órgãos linfoides especializados, como os linfonodos,
baço e tecidos linfoides de mucosa, onde os linfócitos e as APCs se encontram.

Os linfócitos T naive se movem no interior dos órgãos linfoides, interagindo com


muitas células dendríticas e parando de se mover quando encontram o antígeno para o qual
expressam receptores específicos.

2.2 Sinais para Ativação dos Linfócitos T

As APCs transportam o antígeno até os linfócitos T e os apresentam por meio do


Complexo de Hipocompatibilidade Principal (HMC). Os linfócitos T têm em sua superfície
receptores de células T (TCR) que são capazes de reconhecer especificamente o complexo
antígeno-MHC.

Além do reconhecimento do antígeno, a ativação completa dos linfócitos T naive


requer sinais de coestimulação fornecidos pelas DCs (células dendríticas). Na ausência da
coestimulação, as células T que encontram antígenos falham ao responder ou entram em um
estado prolongado de não responsividade
A via de coestimulação mais bem caracterizada na ativação das células T envolve o
CD28, receptor da superfície nas células T, que se liga às moléculas coestimuladoras B7-1
CD80) e B7-2 (CD86) nas APCs.

Quando as células T encontram um antígeno apresentado por uma APC, o receptor de


superfície da célula T chamado CD28 se liga às proteínas B7-1 e B7-2 presentes na superfície
da APC. Essa ligação fornece um sinal adicional para as células T, ajudando a ativar e
fortalecer sua resposta contra o antígeno.

2.3 Ativação e diferenciação dos linfócitos T

Uma vez que o TCR reconhece o antígeno e ocorre a coestimulação, os linfócitos T


são ativados. Isso induz várias respostas biológicas nas células T: secreção de citocinas;
proliferação, levando ao aumento no número de células dos clones antígeno-específicos; e
diferenciação de células naive em linfócitos efetores e de memória.

Os linfócitos T ativados se diferenciam em diferentes subtipos de células efetoras,


dependendo do ambiente e dos sinais que recebem. Existem duas categorias principais de
linfócitos T efetores: células T auxiliares (T CD4) e células T citotóxicas (T CD8).

As células efetoras da linhagem T CD4 expressam moléculas de superfície e secretam


citocinas que ativam outras células (linfócitos B, macrófagos e DCs). Enquanto as células
efetoras TCD8 são citotóxicas e destroem as células infectadas.

Quando as células T são ativadas em resposta a um antígeno, parte delas se diferencia


em células de memória específicas para aquele antígeno. Essas células de memória têm a
capacidade de persistir no corpo por longos períodos, até mesmo por toda a vida. Quando o
mesmo antígeno invade o corpo novamente, as células de memória rapidamente se ativam e
iniciam uma resposta imune mais rápida e robusta do que na primeira exposição.

As células de memória podem se formar de duas maneiras diferentes: via linear e


diferenciação divergente. Na via linear as células de memória podem se desenvolver a partir
de células efetoras. Já na diferenciação divergente as células efetoras e as células de memória
seguem caminhos diferentes após serem ativadas. Em vez de uma transformação direta, as
células ativadas podem se dividir em duas linhagens, uma se tornando células efetoras e a
outra se transformando em células de memória.
A eliminação do antígeno leva à diminuição da resposta das células T, e o declínio
acontece em grande parte porque os sinais para a manutenção da ativação dos linfócitos são
também eliminados.

REFERÊNCIAS

ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2019.

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