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© Immunapp © Bioidea Laboratório de Imunofisiopatologia ICB USP

Células do Sistema Imune

Todos elementos celulares do sangue, incluindo os eritrócitos (glóbulos


vermelhos) que transportam oxigênio, as plaquetas que participam na contenção do
sangue em tecidos danificados e os leucócitos (glóbulos brancos) que formam o
repertório celular do sistema imune derivam do mesma célula progenitora, as células
tronco hematopoiéticas. Como estas células originárias da medula óssea dão origem
aos diferentes tipos de células sanguíneas são denominadas células pluripotentes.

A seguir apresentamos um mapa inicial dos componentes celulares do sistema


imune:

Fagócitos (classificados por morfologia/estrutura)

1) Fagócitos Mononucleares:
Macrófagos (circulantes/residentes)
Células Dendríticas, Células Langerhans (migratórias/não migratórias)

2) Granulócitos Polimorfonucleares:
Neutrófilos, basófilos e eosinófilos
(nomenclatura baseada no comportamento dos grânulos
citoplasmáticos perante corantes ácidos e básicos)

Autor: MSc. Rafael Cardoso Trentin Pág. 1


Orientação: Prof. Dr. Magnus Ake Gidlund
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Monócitos/Macrófagos

Ciclo de vida: progenitores produzidos na medula óssea diferenciam-se em


monócitos (circulação) e então em macrófagos (tecido). Possuem tempo de
vida média longa (meses ou anos).
Atividade: fagocitam ativamente organismos. Região citoplasmática possui
atividade microbicida (lisossomos com enzimas e produtos da respiração
celular).

Neutrófilos

Ciclo de Vida: Produzidos em grande quantidade pela medula óssea (7 x 106


células/minuto). Circulantes no sangue e adentram os tecidos também. Possuem
tempo de vida média curta (2-3 dias). Constituem a maioria dos leucócitos (60-70%
em humanos adultos).
Atividade: fagocitose e destruição de patógenos (interna e externa). Possuem
proteínas antibióticas em seus grânulos. O combate a patógenos pode ser interno e
compartimentalizado (fagolisossomos) ou externo, através da liberação extracelular
de seus grânulos.

Eosinófilos

Possuem grânulos citoplasmáticos. Não tem grande atividade fagocítica. Mas


tem grande importância no combate a patógenos grandes que não podem ser
fagocitados (ex. vermes parasitas) através de sua desgranulação e aumento de
peristaltismo (evacuação).

Mastócitos

Papel nas respostas alérgicas. Sua degranulação é substancial com liberação


do conteúdo total dos grânulos. Uma classe de anticorpo (IgE) é intermediária de sua
degranulação. Produtos liberados, como a histamina, causam sintomas adversos de
alergia, mas por outro lado, exerce papel na imunidade contra parasitas.

Plaquetas

Além do papel na coagulação do sangue estão envolvidas nas respostas


imunes, especialmente na inflamação. As plaquetas contém grânulos em seu
citoplasma. Em uma lesão no endotélio, as plaquetas se agregam a superfície
endotelial liberando seus grânulos que contribuem para a inflamação local e
recrutamento de leucócitos.

Autor: MSc. Rafael Cardoso Trentin Pág. 2


Orientação: Prof. Dr. Magnus Ake Gidlund
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Células Exterminadoras Naturais (linfócitos NK – natural killer)

Perfazem 15% dos linfócitos sanguíneos e não expressam os receptores de


antígenos dos linfócitos T e B. Os linfócitos NK têm por função o reconhecimento e
destruição de células infectadas por vírus e de determinadas células tumorais.

Células Apresentadoras de Antígenos (APCs - inglês)

Possuem uma população heterogenia de leucócitos com uma capacidade


imunoestimulatória muito eficiente. São encontradas primariamente na pele, nos
linfonodos, baço, no epitélio mucoso e no timo.
As APCs em geral são ricas em uma molécula de superfície conhecida como
complexo principal de histocompatibilidade de classe II ou MHC de classe II. Esta
molécula é importante pois quando carregada com antígeno, e está sendo expressa na
superfície da APC, permite a apresentação deste antígeno a uma subpopulação
linfocitária, conhecida como auxiliar (Th, “T helper” -inglês), estabelecendo-se assim
uma comunicação para uma resposta diferenciada. Por isso o nome de célula
apresentadora de antígeno (APC).
As células de Langerhans na pele são um exemplo de APC. Estas também
recebem a designação de células interdigitantes (IDC), pois proporcionam o
transporte de antígenos da pele para os linfócitos T presentes nos linfonodos. Outras
APCs também podem ser interdigitantes.
As células dendríticas são outro exemplo de APC e é caracterizada pela sua eficiência
na apresentação de antígenos a linfócitos. São comumente chamadas de APCs
profissionais. Entretanto outras células imunes, como os macrófagos e linfócitos B,
também são ricos em MHC II e portanto também têm esta qualidade de apresentação
de antígenos a linfócitos Th.

Linfócitos

O progenitor comum linfóide, derivado das células tronco hematopoiéticas,


origina os linfócitos, os quais são totalmente responsáveis pelo reconhecimento imune
específico de patógenos e pelo desencadeamento de respostas imunes adaptativas.
Todos os linfócitos derivam das células tronco hematopoiéticas mas os linfócitos T
sofrem o processo de desenvolvimento no timo e os linfócitos B na medula óssea (em
mamíferos adultos).
Um adulto normal possui aproximadamente 2 x1012 células linfóides. Muitos
linfócitos maduros possuem uma vida média longa e podem persistir como células de
memória por muitos anos.

Linfócitos B – cada célula B está geneticamente programada para codificar


um receptor de superfície específico para um determinado antígeno. Este receptor é
denominado de receptor de células B (BCR). Uma vez tendo reconhecido seu
antígeno específico, os linfócitos B se dividem e se diferenciam em plasmócitos que
produzem e secretam, na forma solúvel uma enorme quantidade destas moléculas
receptoras, que também são conhecidas como anticorpos. Como os anticorpos são
“virtualmente” idênticos, à molécula receptora ou BCR original, são capazes de se
ligar ao antígeno que inicialmente induziu a ativação das células B.

Autor: MSc. Rafael Cardoso Trentin Pág. 3


Orientação: Prof. Dr. Magnus Ake Gidlund
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Linfócitos T – constituem várias subpopulações diferentes com uma


variedade de funções. Uma subpopulação interage com os fagócitos mononucleares
auxiliando-os na destruição de patógenos e são chamadas de linfócitos T auxiliares do
tipo 1 ou Th1. Uma outra subpopulação interage com células B auxiliando-as na
divisão e na diferenciação celular e na produção de anticorpos e são conhecidas como
células auxiliares do tipo 2 ou Th2. Um terceiro tipo de linfócitos é responsável por
destruição de células do próprio hospedeiro que se tornaram infectadas por vírus ou
outros parasitas intracelulares; esta atividade é conhecida como citotoxicidade e
portanto estas células são denominadas de linfócitos T citotóxicos (Tc). Em qualquer
uma de suas funções os linfócitos T reconhecem antígenos, mas somente quando estes
são apresentados na superfície de outras células pelos complexos principais de
histocompatibilidade (MHC).

Nomenclatura CD – “cluster of differentiation”

As células do sistema imune possuem na sua superfície moléculas que


exercem as mais variadas funções. Na sua maioria essas moléculas são glicoproteínas
integrais da membrana. A presença de determinada molécula de superfície em uma
determinada população celular pode permitir a identificação desta população e assim
varias moléculas de superfície são também chamadas de marcadores celulares.
Através da análise de determinado marcador celular podemos identificar, isolar e
quantificar populações celulares que apresentam o mesmo marcador de superfície.
Estes marcadores podem ser úteis para determinar a população celular que estamos
trabalhando, mas também podem ser úteis para diferenciar estágios de diferenciação
ou maturação de uma população celular, uma vez que durante os processos de
maturação, aparecem moléculas de superfície característica dos respectivos estágios
de diferenciação.
Assim para organizar a informação disponível, foi estabelecido que as
moléculas de superfície celular receberiam a nomenclatura CD (cluster of
differentiation) ou em português, grupos de diferenciação, e seriam numeradas assim
que fosse determinada a sua estrutura primária. Exemplos bem práticos e corriqueiros
em imunologia, sobre o uso destes grupos de diferenciação celular, são a o uso da
caracterização CD4+ para linfócitos T auxiliares (linfócitos T CD4+) e também o uso
de CD8+ para linfócitos T citotóxicos (linfócitos T CD8+). Esta nomenclatura vai ser
útil para estudarmos mecanismos da resposta imune adaptativa, devido ao fato das
moléculas CD4 e CD8 estarem envolvidas, juntamente com o receptor da célula T
(TCR) no reconhecimento de antígenos expressos e contidos nas moléculas do MHC
de classe I e de classe II.

Autor: MSc. Rafael Cardoso Trentin Pág. 4


Orientação: Prof. Dr. Magnus Ake Gidlund

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