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3- Introdução a imunologia
4- Órgãos linfoides
16- Imunossupressão
50- Imunoglobulinas
61- Sepse
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INTRODUÇÃO A IMUNOLOGIA
Capítulo 1 – Janeway, Abbas, Kaplan immunology
IMUNIDADE: resistência a doenças, mais especificamente as RESPOSTA IMUNOLÓGICA: reação coordenada dessas células
infecciosas. e moléculas aos microrganismos infecciosos.
SISTEMA IMUNOLÓGICO: conjunto de células, tecidos e A função fisiológica do sistema imunológico é prevenir as
moléculas que medeiam a resistência às infecções. infecções e erradicar as infecções estabelecidas.
Resposta imune inata: que está sempre imediatamente disponível para combater uma grande gama de patógenos, mas não
conduz a uma imunidade duradoura e não é específica para nenhum patógeno individual.
É composta por diversas barreiras:
Anatômicas (pele) Células: fagócitos e granulócitos
Fisiológicas (ph, citocinas) Inflamação
Sistema complemento
Resposta imune adaptativa: desenvolvida durante a vida de um indivíduo como uma adaptação à infecção pelo patógeno. Em
muitos casos, também resulta em um fenômeno conhecido como memória imune, o que confere uma imunidade protetora
por toda a vida contra reinfecções pelo mesmo patógeno.
Componentes:
Linfócitos T e B e suas células efetoras
O sistema imunológico cumpre sua função de proteger quando é regulado adequadamente, caso contrário pode ser o causador
da doença ora por falha na proteção (a exemplo de infecção), ora por imunopatologia.
1- Genético
2- Ambiental
3- Imunológico
Reconhecimento imunológico: a presença de uma infecção Regulação da resposta: capacidade do sistema imune se
deve ser detectada através de células brancas do sistema autorregular para evitar doenças autoimunes e alergias.
imune inato e de linfócitos do sistema imune adquirido. Memória imunológica: proteção contra um patógeno que já
Efetuação da resposta: conter infecção e, se possível, eliminá- infectou o organismo.
la.
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PRINCIPAIS PATÓGENOS
Vírus: é formado por um capsídeo com material genético disperso dentro, material que pode ser RNA ou DNA, em alguns
vírus temos presente o envelope viral (uma estrutura proteica que pode ter espículas). É necessariamente intracelular.
O combate ao vírus é feito por citotoxicidade:
Uma célula é atacada pelo vírus e expressa uma mudança na sua membrana. As
células de combate intracelular (células NK e/ou linfócitos T citotóxicos) conseguem
reconhecer essa estrutura, se ligam, e liberam substâncias citotóxicas (grânulos de
perforina) que fazem a lise da célula ou induzem à apoptose. Sem a célula o vírus vai
para o espaço extracelular, onde pode ser fagocitado pelo macrófago.
O macrófago participa captando os resíduos das células mortas.
O interferon é a principal citocina pró-inflamatória antiviral, liberada pela célula
infectada e pelas células NK.
Bactéria: consegue se reproduzir sozinha. É altamente infectiva, causando geralmente as doenças mais graves que vão
necessitar de fármacos para curar. As bactérias têm uma tendência por doenças mais invasivas, se houver facilidade ela
invade outros tecidos e a infecção generalizada é a sepse.
O combate à bactéria se dá por fagocitose, como isso acontece? Primeiramente os macrófagos percebem a presença,
atacam, fazem fagocitose se tornando macrófagos ativos e liberam citocinas pró-inflamatórias, fazendo o recrutamento
de células para o local, aumentando a inflamação e promovendo a diapedese de neutrófilos.
Para bactérias intracelulares, como micobactérias, ativam macrófagos que possuem enzimas líticas e superóxidos. Devido
a lesão do tecido causada pelas enzimas, ocorre a formação de cavitações.
Fungos: são organismos com parede celular, causam doença em situações oportunistas ou de acidente
o combate aos fungos se dá por fagocitose.
Protozoários: o sistema imunológico enfrenta bastante dificuldade combatendo-os sozinho, possui medicação. Os
principais que temos saber são T. cruzi, Trichomonas sp, Leishmania sp, Plasmodium sp.
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TECIDOS (ÓRGÃOS) LINFOIDES
TIMO
Localizado no mediastino anterior, posterior ao esterno
Atrofia na puberdade
Funções:
LINFONODOS
Funções:
Filtram a linfa antes de chegar ao sangue
(FILTRO)
Armazenam células de defesa (QUARTEL)
Captação de microorganismos e substâncias
estranhas.
Maior concentração nas regiões de mucosa (genital, tto
resp, tto gti) pois é o local de maior entrada de
patógenos.
BAÇO
Funções:
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MALT (Tecido Linfóide Associado à Mucosa)
É um reservatório celular
SISTEMA LINFÁTICO
Rede extensa de capilares e amplos vasos que recebem líquido tecidual do corpo e transportam para o sistema
cardiovascular
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CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE
Tanto a R.I. inata quanto a R.I. adaptativa dependem de atividades dos leucócitos: originários da medula óssea, de células-
tronco hematopoiéticas (HSC). Quando maduras, essas células migram ora para os tecidos, ora para a corrente sanguínea
do sistema linfático, a linfa.
Os macrófagos e os neutrófilos são conhecidos como células inflamatórias. Como os macrófagos, os neutrófilos têm
receptores de superfície para constituintes bacterianos comuns e para o complemento, e são as principais células que
capturam e destroem os microrganismos invasores. O influxo de neutrófilos é logo seguido por aumento da entrada de
monócitos, que rapidamente se diferenciam em macrófagos, reforçando e mantendo a resposta imune inata.
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A HSC dá origem a:
linhagem linfoide
linhagem mieloide (maioria das células do sistema imune inato)
LINHA MIELOIDE
2. MACRÓFAGO
Residem na maioria dos tecidos, onde se diferenciam Coordenar respostas imunes (induzem inflamação –
pré-requisito para a RI)
Monócitos maduros
Fazem quimiotaxia
Células de vida longa
FUNÇÃO:
TIPOS DE GRANULÓCITOS
NEUTRÓFILO *
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EOSINÓFILO
MASTÓCITO
Possuem grânulos
Induzem inflamação
Promovem iniciação da resposta de células T (Encontro com o patógeno induz a maturação de células T CD4 que ativam
linfócitos T). Apresentam em sua membrana: APC e moléculas coestimuladoras (estimulam prolif de linfócitos T).
Células dendríticas foliculares: exposição dos Ag aos linfócitos B na exposição imunológica humoral.
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LINHA LINFOIDE
Sem infecção, os linfócitos são somente células sem sinais distintos, com poucas
organelas e muita cromatina inativa.
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2 TIPOS DE LINFÓCITOS ANTÍGENO-ESPECÍFICOS
LINFÓCITO B LINFÓCITO T
Após a ligação do antígeno, o linfócito prolifera e se Após a ativação de uma célula T (contato com patógeno) ele
diferencia em células plasmáticas: forma efetiva do linfócito prolifera e se diferencia em um dos tipos de Linfócitos T
B e seus anticorpos produzidos. Efetores.
O antígeno que ativa uma célula B vira alvo dos anticorpos As funções das células T efetoras se dividem em 3 classes:
produzidos por sua progênie. 1. morte: linfócito T citotóxicos (CD8), matam célula infectada
Os linfócitos B efetores permanecem nos órgãos linfoides e células T efetoras precisam localizar e eliminar os
não precisam ir aos locais de infecção, pois secretam microrganismos nos locais de infecção .
anticorpos na circulação
Célula efetora: plasmócito (secreta anticorpo) Células efetoras podem ser T CD4+ (células T auxiliares) e
produzirem proteínas (citocinas) que ativam as células B e
macrófagos, enquanto as células T CD8 + possuem
engrenagens para destruir as células infectadas.
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CD: CONJUNTO DE DIFERENCIAÇÃO, são proteínas de diferenciação na membrana do linfócito, funcionando como
marcador de membrana
• CD3: todas as células que passam pelo timo recebem essa marcação
• CD4: linfócito T-helper (afetado pelo vírus da AIDS) = ORGANIZADOR
Principal ativador e organizador da resposta imunológica e grande produtor de citocinas
EX: ao encontrar antígeno a célula dendrítica o captura e leva ao TCD4 que percebe a existência de um helminto,
gerando a proliferação de eosinófilos.
1. Em pessoas saúdáveis: 1000 TCD4/mm3 de sangue
2.
HIV +: 600 TCD4/mm3 de sangue
3. AIDS: 200 TCD4/mm3 de sangue, por essa razão o pct HIV +precisa tomar antirretrovirais, ele tem o vírus
mas não a AIDS pq a medicação impede a multiplicação do vírus e a quantidade de linfócitos de maném
entre 500 e 600.
O paciente com AIDS, também se caracteriza por infecções oportunistas devido a deficiência imunológica!
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2. LINFÓCITOS QUE RESPONDEM A INFECÇÃO (NÃO ANTÍGENO-ESPECÍFICO) (RI INATA)
CÉLULA NK
Constitui de 10-15% dos linfócitos e pode reconhecer e matar algumas células anormais,
como células tumorais e células com herpes-vírus.
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CÉLULAS DE MEMÓRIA
Durante o desenvolvimento de uma resposta imune, algumas células B e T são ativadas pelo antígeno, diferenciando-se
em células de memória, que são os linfócitos responsáveis pela imunidade de longa duração, que podem ser produzidas
após doença ou vacinação. As células de memória irão, prontamente, diferenciar-se em células efetoras em uma segunda
exposição a seu antígeno específico
São geradas a partir de linfócitos estimulados pelo Ag e sobrevivem por muito tempo mesmo na ausência do Ag.
A frequência das células de memória aumenta com a idade devido à exposição a microrganismos do meio ambiente.
Essas células são funcionalmente silenciosas (não apresentam função efetora a menos que sejam estimuladas pelo Ag). Quando
encontram o Ag que induziu seu desenvolvimento, respondem rapidamente (respostas imunológicas secundárias).
Principal tipo celular é a célula dendrítica que captura os Ag proteicos dos patógenos que entram pelo epitélio (do TGI, trato
respiratório e boca) e os levam até os linfonodos para que haja o reconhecimento pelo linfócito T.
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INFLAMAÇÃO
Patógeno infecta e gera inflamação: Reação do organismo à agressão por uma agente infeccioso, por desafio com o antígeno,
ou mesmo por uma lesão física.
CONSEQUÊNCIAS:
3. a inflamação aumenta o fluxo de linfa carregando microrganismos e APCs dos tecidos infectados aos
tecidos linfoides vizinhos, onde ativam os linfócitos e iniciam a resposta imune adaptativa
4. vasodilatação 7. aumento no fluxo sanguíneo
5. aumento na permeabilidade vascular 8. migração de leucócitos
6. acúmulo de plasma no tecido
Dor Inchaço
Calor Edema
Rubor
CÉLULAS PRODUTORAS:
Macrófagos ativados Células NK
Quimiocinas
Proteínas secretadas que atuam como quimioatraentes, atraindo as células portadoras de receptores de quimiocinas,
como neutrófilos e monócitos, da corrente sanguínea para o tecido infectado
Sistema complemento
Grupo de proteínas plasmáticas (aula específica mais a frente)
MEDIADORES INFLAMATÓRIOS
Compostos secretados por células ativadas e servem para ativar ou aumentar aspectos específicos da inflamação. Estes
compostos são ditos pró-inflamatórios.
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Aqueles que atuam na vasodilatação e aumento na permeabilidade vascular:
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IMUNOSSUPRESSÃO
Pacientes chamados de imunodeprimidos, imunossuprimidos ou imunocomprometidos são pacientes que
apresentam um grau de comprometimento do sistema imunológico. Eles ficam mais expostos a situações que um sistema
imune normal conseguiria controlar. Grupos característicos de imunossupressão são:
Crianças: principalmente abaixo dos dois anos de idade, são consideradas imunodeprimidas pois não tem sistema
imunológico maduro ainda, falta memória imunológica. Vacinamos as crianças quando recém-nascidas para que criem
memória imunológica, e consideramos que aos 4 anos já entraram em contato com os patógenos mais comuns e tem
seu sistema imune maduro.
Mesmo que tenham uma taxa proliferativa muito alta, suas células ainda não estão maduras e ainda não tem
células de memória imunológica. Destaca-se a importância do timo nessa fase.
• Idosos: idosos têm o que chamamos de imunosenescência, isso significa que o tem proliferação celular bem
diminuída. Na hora de mandar células para o local do patógeno e fazer o combate, o idoso manda mais “devagar” do
que o normal, e por isso passa mais tempo doente. o Tem memória imunológica, então não é esse o problema.
• Desnutrição: as imunoglobulinas precisam de precursores que vem da alimentação para serem formadas, como
proteínas, glicoproteínas e sais minerais (ferro, cálcio, magnésio e zinco). Além disso precisamos de aminoácidos na
medula óssea para formar as células. Então um paciente desnutrido vai ter seu sistema imunológico rebaixado, nesse
caso é necessário corrigir a alimentação.
• Gestantes: aqui a situação é fisiológica, como o feto possui 50% da carga genética do pai (MHC), ele é visto
como um organismo estranho. Dessa maneira o corpo da mãe fica fisiologicamente imunodeprimido para não rejeitar o
feto. Existe uma situação quando ocorre uma tempestade imunológica na mãe durante a gravidez: muita citocina é
liberada, a pressão arterial sobe (pré-eclâmpsia), e o parto se torna necessário.
• Transplantados: o paciente vai precisar tomar medicamento imunossupressor pelo resto da vida para que o
corpo não rejeite o transplante. A única situação que isso não é necessário é caso de um transplante entre gêmeos
idênticos por uma causa que não seja congênita.
• Diabéticos não compensados: o açúcar em excesso na corrente sanguínea danifica os receptores necessários
para que a diapedese aconteça, e sem esses receptores os leucócitos não conseguem atravessar e chegar ao local da
infecção para controlá-la, por esse problema de circulação o paciente está sempre tendo infecções de repetição.
• Pacientes com câncer: principalmente se recebem quimioterapia o O câncer sozinho já deixa o paciente
imunodeprimido, as células cancerosas se multiplicam muito e para isso drenam toda a energia do organismo, por esse
motivo pacientes com câncer emagrecem muito.
A imunossupressão piora quando associamos câncer com quimioterapia, essa tem como função destruir células com alta
multiplicação, atingindo também a medula óssea, tendo plaquetopenia e leucopenia.
Grau extremo de estresse: células do SNED (sistema neuroendócrino difuso) controlam o sistema imunológico, como a
hipófise a pineal.
• Pacientes que recebem medicamentos também são imunodeprimidos, é o caso das doenças autoimunes.
Em todos os casos comentados devemos ter um cuidado especial com processos invasivos, e monitorar aspectos
nutricionais e imunológicos.
O termo imunodeficiente é reservado para AIDS ou pacientes com imunodeficiência congênita, aqueles que não são
capazes de formar células T.
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RESPOSTA IMUNE INATA
Proteção inicial contra as infecções capaz de bloquear a entrada de microrganismos e eliminar aqueles que conseguem
atingir os tecidos.
Pronta/imediata
Inespecífica, pois qualquer antígeno será atacado.
Tem capacidade de diferenciar PRÓPRIO x NÃO PRÓPRIO e diferenciar BACT x VÍRUS
É diferente de memória imunológica (não produz anticorpo)
Primeiro mecanismo de defesa (através de FAGOCITOSE do patógeno)
Ataca micróbios com a mesma intensidade, independentemente de quantas vezes já o combateu antes
Não produz anticorpos, pois somente imunógeno pode induzir a produção de anticorpo, e o antígeno NEM
SEMPRE é imunógeno.
Antígeno: qualquer substância estranha ao corpo (não codificado pelo próprio DNA)
Imunógeno: substância que causa resposta imunológica completa (inata+adaptativa), levando a produção de anticorpo. (vacina
deve gerar resposta imunogênica para produzir anticorpo).
Tolerância imunológica: mecanismo de tolerância a certos antígenos (medicamentos, alimentos), não produzindo resposta
imunogênica.
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COMPONENTES DO SISTEMA IMUNE INATO:
BARREIRAS FÍSICAS:
*Vírus da gripe é citolítico: ele destrói as células do trato respiratório p/ conseguir adesão.
(esse tecido pode se renovar, mas demora + no idoso).
Se a coriza desce, ela leva o pneumococo junto (meio de cultura p/ bact.).
Coriza + pneumococo indo pro ouvido pode levar a otite média, indo para os seios, sinusite.
BARREIRAS FISIOLÓGICAS:
Tomar água pode evitar infecção bacteriana pois ao urinar mais, impede-se a ascendência da bactéria.
Em condições normais, bactéria não consegue ADERIR a mucosa para efetivar a infecção. (Atb de amplo espectro
destrói flora intestinal e deixa suscetível a inflecções).
In a nutshell: Inflamassomas são polímeros expressos em células mieloides como um sistema de sinalização e detecção de
patógenos e estressores. A ativação do inflamassoma resulta na produção de IL-1β e IL-18 (citocinas inflamatórias).
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2. Células participantes da resposta imune INATA:
As células fagocíticas são parte da primeira linha de defesa, reconhecem patógenos através de substâncias não próprias.
Receptores que identificam essas substâncias (PAMPs) são os PRR, pattern recognition receptors.
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Os principais mecanismos para conter a infecção são:
Fagócitos (macrófagos e neutrófilos) ingerem os microrganismos e os destroem pela produção de substâncias microbicidas
e, além disso, os macrófagos secretam citocinas que estimulam a inflamação e a resposta linfocitária (imunidade adquirida).
Células NK matam as células infectadas por vírus e produzem a citocina ativadora de macrófagos (interferon-gama ou IFN-
γ).
O sistema complemento auxilia na fagocitose por macrófagos e neutrófilos.
A imunidade inata estimula a imunidade adquirida.
O macrófago é a célula mais importante em um primeiro momento, é ele que desencadeia a resposta imune inata.
*É pior viver sem macrófagos do que sem linfócitos, uma vez que sem os macrófagos não há resposta imune inata, precursora
da adaptativa na qual atuam os linfócitos.
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COMO A RII DIFERENCIA BACTÉRIAS DE VÍRUS? (Voltar a pg 15)
Retomando conceitos:
TLR: proteínas transmembrana, particulares de cada indivíduo, presentes na membrana citoplasmática das células de
defesa. Fazem a ativação de fatores de transcrição (incluindo NFkB) que resulta na transcrição de citocinas, moléculas
de adesão e enzimas.
TLR 2 ou 6: bactérias gram +
TLR 4: bactérias gram -
TLR 1 ou 2: parasitas
PAMPs: padrões de estruturas moleculares característicos de patógeno, que constituem a parede celular. Essas
substancias caracterizam o patógeno e possibilitam seu reconhecimento.
BGP: peptideoglicano
BGN: LPS
R: As bactérias tem PAMPs, que serão reconhecidos por TLR - proteínas transmembrana que promovem sinais intracelulares –
cumulando na ativação celular com alta produção de citocinas pró-inflamatórias.
Em linhas gerais:
Caso o patógeno seja extracelular, é combatido por células fagocíticas (macrófagos e neutrófilos) e o mecanismo aqui
é a fagocitose.
Caso o patógeno seja intracelular, as células que combatem não as NK, inespecíficas para vírus.
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O papel das citocinas na RII:
Interferon (IFN)
Células infectadas por vírus (ou macrófagos envolvidos na defesa) produzem IFN
IFN bloqueia a disseminação dos vírus por inibição da síntese proteica e ativa as células NK
Não é vírus-específica
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PRINCIPAIS ALVOS CELULARES E
CITOCINA PRINCIPAL FONTE CELULAR EFEITOS BIOLÓGICOS
Fator de necrose tumoral Macrófagos, células T Células endoteliais: ativação (inflamação e coagulação)
(TNF) Neutrófilos: recrutamento e ativação
Hipotálamo: febre
Fígado: síntese de proteínas de fase aguda
Músculo, gordura: catabolismo (caquexia)
Muitos tipos celulares: apoptose
Interleucina-1 (IL-1) Macrófagos, células endoteliais, Células endoteliais: ativação (inflamação e coagulação)
algumas células epiteliais Neutrófilos: recrutamento
Hipotálamo: febre
Fígado: síntese de proteínas de fase aguda
Quimiocinas Macrófagos, células dendríticas, Leucócitos: aumento da afinidade da integrina, quimiotaxia, ativação
células endoteliais, linfócitos T, Neutrófilos: recrutamento
fibroblastos e plaquetas
Interleucina-12 (IL-12) Células dendríticas e macrófagos Células T e NK: produção de IFN-γ e aumento da atividade citotóxica
Células T: diferenciação de TH1
Interferon-γ (IFN-γ) Células NK e linfócitos T Ativação dos macrófagos
Estimulação de algumas respostas dos anticorpos
IFNs de tipo I (IFN-α, IFN-β) IFN-α: cels dendríticas e Todas as células: estado antiviral, aumento da expressão de MHC classe I
macrófagos Células NK: ativação
IFN- β: fibroblastos
Interleucia-10 (IL-10) Macrófagos, cels dendríticas e Macrófagos e cels dendríticas: inibição da produção de IL-12, redução da expressão
cels T de co-estimuladores e moléculas de MHC classe II
Interleucina-6 (IL-6) Macrófagos, cels endoteliais e Fígado: síntese de proteínas da fase aguda
cels T Células B: proliferação de células produtoras de anticorpos
Interleucina-15 (IL-15) Macrófagos Células T e NK: proliferação
Interleucina-18 (IL-18) Macrófagos Células T e NK: produção de IFN-γ
Resumo:
Os macrófagos que encontram os microrganismos nos locais de infecção produzem citocinas (fator de necrose tumoral – TNF
– e interleucina-1 – IL-1) que ativam as células endoteliais das vênulas próximas a produzir:
Os monócitos e os linfócitos T usam os mesmos mecanismos para migrar para os locais de infecção.
Os neutrófilos e os macrófagos usam vários tipos de receptores para reconhecer os microrganismos no sangue e nos tecidos
extravasculares e para iniciar as respostas que promovem a destruição dos patógenos, ou seja:
Os neutrófilos e macrófagos apresentam inúmeros tipos de receptores para que ocorra a ligação dos microrganismos. Assim,
o processo de revestimento dos microrganismos para o reconhecimento eficiente pelas células fagocitárias é OPSONIZAÇÃO.
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Os neutrófilos e os macrófagos ingerem (fagocitam) patógenos e destroem os microrganismos ingeridos em vesículas
intracelulares.
A fagocitose é iniciada com os receptores da membrana se ligando ao microrganismo e, assim, o fagócito estende sua
membrana em torno deste. A membrana se fecha e a partícula é internalizada em uma vesícula ligada a membrana (fagossoma).
Esses se fundem com lisossomas, formando os fagolisossomas.
O receptor no momento que entra em contato com o microrganismo manda sinais que ativam enzimas no fagolisossoma,
como, por exemplo, a oxidase fagocitária que converte oxigênio em ânion superóxido e radicais livres.
Essas substâncias são chamadas de intermediários reativos do oxigênio (IROs), sendo tóxicas para os microrganismos ingeridos.
Outra enzima (óxido nítrico sintase induzida) catalisa a conversão da arginina em óxido nítrico (NO) que também é microbicida.
Outras enzimas são as proteases lisossômicas que quebram proteínas microbianas. Essas enzimas agem nos microrganismos
ingeridos, sem prejudicar o fagócito.
Além da destruição dos microrganismos fagocitados, os macrófagos produzem citocinas que recrutam e ativam leucócitos,
secretam fatores de crescimento e enzimas que remodelam tecidos danificados (substitui por tecido conjuntivo), estimulam
linfócitos T e aumentam imunidade adquirida e respondem aos produtos das células T, funcionando como células efetoras da
imunidade celular
RESULTADO:
A resposta imunológica inata gera moléculas que funcionam como “segundos sinais” que, junto com os Ag, ativam os linfócitos
T e B: a ativação completa dos linfócitos necessita de dois sinais. O primeiro é o contato com o próprio Ag e o segundo pode
ser fornecido por microrganismos, respostas imunológicas inatas aos patógenos e dano às células do hospedeiro pelos
microrganismos. Essa necessidade do segundo sinal ser dependente do patógeno garante que os linfócitos respondam a
agentes infecciosos e não a substâncias inofensivas.
Em vacinações, além do Ag é necessário também que se induza substâncias (adjuvantes) que desencadeiam as reações
imunológicas inatas que o patógeno em si desencadearia.
Ex: Os microrganismos (ou o IFN-γ produzido pelo NK em resposta aos patógenos) estimulam as células dendríticas e os
macrófagos a produzirem co-estimuladores (moléculas de superfície que se ligam a receptores nas células T virgens e ativam-
nas) e a citocina IL-12 (estimula a diferenciação das células T virgens em células efetoras) que funcionam como segundos sinais.
Ex2: os patógenos do sangue ativam o sistema do complemento pela via alternativa e a proteína C3d produzida durante a
ativação se liga ao microrganismo. Quando os linfócitos B reconhecem os Ag e o C3d, inicia-se o processo de diferenciação
das células secretoras de Ac.
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RESPOSTA IMUNE ADAPTATIVA
Células participantes
Lembrando que existem tipos de linfócitos (B, T, TDC4 e Tcitotóxicos (os TCD8) e NK cells)
*cada linfócito tem um conjunto de proteínas em sua membrana, os chamados CLUSTERS, diferenciando-os = CD.
1. antígeno é capturado por célula apresentadora de antígeno (APC), que pode ser um macrófago ou uma célula
dendrítica.
2. Célula vai ao sistema linfático em busca de um linfócito T helper (CD4), localizados nos linfonodos.
3. O linfócito T helper tem na membrana o TCR complementar, que é complementar a um antígeno específico,
característica adquirida evolutivamente.
*nascemos com milhões de TDC4 com 1 TCR específico para cada antígeno. O escontro do TCR e TCR complementar
demora em torno de 3 dias.
4. Após o encontro, o TCD4 NAIVE (virgem ou não ativado) sofre uma expansão clonal (sucessivas mitoses).
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O que acontece caso o TCR não encontre um TCR complementar nos TCD4?
Portugues chegaram ao brasil e trouxeram o vírus da gripe, gerando mortes pois os índios não haviam tido contato
com aquele tipo de TCR.
Virus H1N1: não houve TCR complementar e não produziu Resposta Imune Adaptativa (RIA).
Características:
Resposta muito mais rápida pois há memória imunológica, e essa rapides impede a proliferação do patógeno.
*Pq criança faz muita infecção? Pois há muita resposta imune PRIMÁRIA.
Linfócitos TCD4 ativam os linfócitos B que se diferenciam em plasmócitos, formando anticorpos que possuem efetividade no
combate aos agentes infecciosos.
Há participação so SISTEMA COMPLEMENTO (ativação pela via clássica) e de anticorpos de faseaguda (IgM)
OS anticorpos não tem acesso aos micróbios intracelulares, por essa razão agem os Linf TCD4 que ativam os TCD8.
A citotoxidade que é produzida pela ativação dos linfocitos TCD8 pode ocorrer pela lise da célula ou por indução da
apoptose.
Linfócitos B: seus receptores são os anticorpos ligados à membrana que reconhecem diferentes macromoléculas (proteínas,
polissacarídios, lipídios e ácidos nucleicos) e até mesmo pequenas substâncias químicas. Respostas humorais geradas contra
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RESPOSTA IMUNE PRIMÁRIA
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Etapas da resposta imune adaptativa
1. RECONHECIMENTO DO AG:
os Ag são capturados pelas células dendríticas que os levam até os linfonodos para que seja possível expor em sua superfície
peptídios ligados a MHC para reconhecimento dos linfócitos T virgens, iniciando sua resposta. Os linfócitos B podem
reconhecer Ag protéicos e não-protéicos. Quando as células T virgens são ativadas para expressar co-estimuladores e secretar
citocinas, elas estimulam a proliferação e diferenciação dos linfócitos T.
2. ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T :
Imunidade mediada por célula e eliminação dos microrganismos associados a células: à medida que as células T virgens são
ativadas, secretam citocinas e fatores de crescimento e respondem a outras citocinas liberadas pelas APCs. A combinação de
sinais (Ag, co-estimuladores e citocinas) estimula a proliferação de células T e sua diferenciação a células T efetoras.
Células T CD4+ virgens células T auxiliares (produzem citocinas e expressam moléculas de superfície que se ligam
a receptores nas células B e em macrófagos, promovendo a produção de anticorpos ou a morte dos microrganismos
ingeridos pelos macrófagos).
Células T CD8+ virgens células citolíticas – CTLs (matam as células com microrganismos em seu citoplasma)
3. ELIMINAÇÃO DO AG:
Imunidade humoral – ativação dos linfócitos B e eliminação dos microrganismos extracelulares
na ativação, os linfócitos B proliferam e se diferenciam em células plasmáticas que secretam casses de anticorpos com
diferentes funções. Ag polissacarídicos e lipídicos apresentam determinantes antigênicos (epítopos) que podem ocupar
moléculas receptoras em cada célula B. Ag protéicos necessitam da ajuda de células T CD4 + para ligar-se ao receptor
antigênico. Assim, as células B ingerem os Ag protéicos, os degradam e expõe peptídios ligados às moléculas de MHC para
o reconhecimento de células T auxiliares, estas que expressam citocinas e proteínas e superfície celular, as qu ais trabalham
juntas para ativas as células B. Muitos dos clones das células B se diferenciam em células produtoras de anticorpos que têm
os mesmos sítios de ligação ao Ag. Polissacarídeos e lipídios estimulam a secreção de imunoglobulinas M, enquanto os A g
protéicos estimulam a secreção de imunoglobulinas de classes G, A e E. Produção de diferentes Ac com a mesma
especificidade (mudança de classe de cadeia pesada – isotipo) confere plasticidade na resposta do Ac, fazendo com que esse
tenha várias funções. As células T auxiliares estimulam produção de Ac com grande afinidade aos Ag (maturação da afinidade)
aumenta a qualidade da resposta imunológica humoral. Os microrganismos recobertos com Ac (opsonizados) são alvos para
a fagocitose porque os fagócitos expressam receptores para os Ac. Além disso, os Ac ativam o sistema complemento que
sobreviver por anos após a infecção, respondendo de modo mais rápido e eficaz contra esses Ag em uma próxima infecção
(objetivo da vacinação).
5. MEMÓRIA.
Gerada após formação de linfócitos de memoria, que ficam armazenados nos linfonodos e aumentam a disponibilidade de
TCR. Cada encontro com o patógeno gera mais células de memória.
29
30
TÓPICOS DISCUTIDOS EM SALA:
Se o paciente chegou com diarreia, temos de pensar que o organismo pretende eliminar o patógeno, sendo assim não
devemos dar medicamentos que tentem melhorar o sintoma da diarreia, pois pioraria a infecção. Deve-se apenas garantir
que o paciente permaneça hidratado.
A respeito dos antibióticos, se você medica um paciente com intoxicação alimentar com antibióticos, você não estará
ajudando, porque a intoxicação é limitada, é uma resposta adaptativa inata à toxina ingerida e em questão de 24 horas
ele estará sem sintomas. Entretanto, um paciente com infecção intestinal deve ser medicado com antibióticos.
Infecção urinária de repetição
Em pacientes com infecção urinária de repetição, o que o paciente deve fazer?
Bastante xixi, pois o xixi ajuda na limpeza do canal, impedindo que uma bactéria que fica no meato urinário suba até a
bexiga que é estéril.
O que o paciente não deve fazer? Reter urina, pois ao reter a urina vamos estender a bexiga e encurtar o canal, facilitando
a adesão da bactéria.
Pq a Resposta imune adaptativa demora mais?
Pois demora para encontrar nos linfonodos um TCR complementar, pq está só em alguns deles. Quando encontra temos
a chamada expansão clonal e aí temos a RI adaptativa.
*Esse encontro com os TCR é mais demorado do que a expansão.
Em alguns casos o paciente fica doente não importando quantas vezes ele já contraiu a doença, a que se deve isso?
Isso se deve à potencialidade do patógeno, ele não respeita o sistema imunológico. Outra situação é a da vacina do
tétano, que deve ser repetida a cada dez anos, nesse caso os linfócitos T de memória desapareceram e temos que repor.
antígeno X imunógeno
antígeno: é toda substância que ao entrar no organismo é capaz de se ligar a um anticorpo ou a um receptor de células B.
imunógeno: é tudo que desencadeia uma resposta imune específica contra eles. Ou seja, todo imunógeno é um antígeno, mas
nem todo antígeno é um imunógeno.
31
Esquema importante a ser entendido!
32
RESUMO DE RESPOSTA IMUNE- TUDO O QUE FOI VISTO, AGORA JUNTANDO:
ARTIGO-BASE: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962004000600002
A resposta imune tem papel fundamental na defesa contra agentes infecciosos e se constitui no principal impedimento
para a ocorrência de infecções disseminadas, habitualmente associadas com alto índice de mortalidade. É também
conhecido o fato de que, para a quase-totalidade das doenças infecciosas, o número de indivíduos expostos à infecção
é bem superior ao dos que apresentam doença, indicando que a maioria das pessoas tem condições de destruir esses
microorganismos e impedir a progressão da infecção. Em contraste, as deficiências imunológicas, sejam da imunidade
inata (disfunções de células fagocíticas e deficiência de complemento) ou da imunidade adaptativa (deficiência de
produção de anticorpos ou deficiência da função de células T), são fortemente associadas com aumento de
susceptibilidade a infecções.1
Embora a resposta imune seja fundamental para a defesa contra a maioria de agentes infectantes, têm sido acumuladas
nos últimos anos evidências de que em muitas doenças infecciosas os principais aspectos patológicos não estão
relacionados com uma ação direta do agente agressor, mas sim com uma resposta imune anormal. Em muitas dessas
situações existe uma reação de hipersensibilidade com resposta imune exagerada e não modulada que tem como
conseqüência dano tecidual. Em outros casos, agentes infecciosos, seja por mimetizar antígenos próprios, por induzir
proliferação de células auto-reativas ou por aumentar nas células infectadas a expressão de moléculas de MHC e
moléculas co-estimulatórias, podem desencadear doenças auto-imunes.2
O conhecimento de que diferentes tipos de micróbios são combatidos por diferentes componentes da resposta imune
data do início dos anos 50, quando ficou documentada a importância dos anticorpos na destruição de bactérias
extracelulares. Embora isoladamente os anticorpos por si só não tenham a capacidade de destruir bactérias, anticorpos
podem neutralizar os microorganismos, impedindo sua ligação com o tecido do hospedeiro. Adicionalmente, em
associação com o complemento, os anticorpos podem lisar bactérias e funcionar como opsoninas, facilitando a
fagocitose. Os neutrófilos, eosinófilos e macrófagos exercem sua ação microbicida de forma mais ampla contra vários
tipos de agentes e são células importantíssimas para a defesa do hospedeiro. A documentação de que células fagocíticas
expressam em sua membrana receptores como o toll-like receptor (TLR), que se ligam especificamente a padrões
moleculares existentes em diversos agentes infectantes, 3 torna impróprio denominar inespecífica a resposta imune inata.
Os neutrófilos têm ação microbicida fundamental contra bactérias; os macrófagos são células importantes na defesa
contra agentes intracelulares (protozoários e bactérias intracelulares); e os eosinófilos, não tanto pela atividade fagocítica,
mas pela atividade citotóxica contra helmintos. A resposta mediada pelas células T é extremamente efetiva no mecanismo
de defesa contra agentes intracelulares, como vírus, protozoários, fungos e bactérias intracelulares. As células T podem
exercer sua função através da citotoxicidade mediada por células CD8+ ou através da secreção de citocinas que vão
ativar macrófagos para destruir os agentes intracelulares. Outros elementos que podem participar do processo de defesa
contra agentes infecciosos incluem o queratinócito e a célula de Langerhans, já que muitas vezes a pele é invadida por
diversos microorganismos. Os queratinócitos possuem a capacidade de secretar inúmeras citocinas, dessa maneira
ativando e recrutando células inflamatórias e linfócitos para a pele. 4 A célula de Langerhans, por sua vez, exerce o papel
fundamental de vigilante do território cutâneo, fagocitando desde partículas protéicas inanimadas até vírus, bactérias ou
qualquer outro microorganismo invasor. Após a fagocitose a célula de Langerhans migra para o linfonodo regional a fim
de realizar a apresentação antigênica aos linfócitos, dando início ao desenvolvimento de imunidade específica protetora,
tolerância ou hipersensibilidade. 5
33
Se de um lado já eram conhecidas as células e os mediadores envolvidos nas defesas dos humanos, só recentemente foi
documentado o fato de que a população de células TCD4+ (T helper) é heterogênea, sendo constituída de duas
subpopulações: as células Th1 e Th2. 6 Essa observação tem contribuído bastante para o entendimento da
imunopatogênese da maioria das doenças infecciosas. A figura 1 mostra a dicotomia das células TCD4+ e os mediadores
por elas produzidos.
É fundamental o entendimento de que tanto a resposta Th1 como a resposta Th2 são importantes na defesa do
hospedeiro contra as infecções. A resposta Th1 está relacionada com a defesa contra protozoários, bactérias intracelulares
e vírus, enquanto a resposta Th2 é mais efetiva contra os helmintos e bactérias extracelulares. Essas respostas são também
antagônicas, desde que o IFN-g modula negativamente a resposta Th2, e a IL-4 e a IL-10 modulam negativamente a
resposta Th1, o que permite uma homeostasia no sistema imune e uma resposta imunológica balanceada.
Adicionalmente, as células regulatórias da resposta imune que expressam as moléculas CD4 e CD25 (Tr) e produzem IL-
10 e/ou TGF-b (Tr1 ou Th3) estão envolvidas em modular a resposta imune, impedindo ou diminuindo as conseqüências
das reações de hipersensibilidade e das doenças auto-imunes.7
As bactérias são os microorganismos que mais freqüentemente causam infecções no homem. Tanto as barreiras naturais
contra os agentes infectantes, como a imunidade inata e a adaptativa participam do mecanismo de defesa contra as
bactérias.
A característica principal é a capacidade de sobreviver dentro dos macrófagos, tendo como exemplos o M. tuberculosis,
o M. leprae e a L. monocitogenesis. A penetração no macrófago constitui também um mecanismo de escape do parasita
e, embora paradoxal, é também útil para o hospedeiro, desde que a ausência de penetração celular da bactéria poderia
34
induzir uma forte resposta inflamatória e um excessivo dano para o hospedeiro. Dentro dos macrófagos essas bactérias
podem estimular tanto as células TCD4+ através da expressão de antígeno associado ao MHC classe II, como também
células TCD8+ através da expressão de antígenos associados a moléculas do MHC classe I. A ativação de células TCD4+
leva à secreção de IFN-g, que ativa os macrófagos levando à produção aumentada de óxido nítrico (NO) e destruição da
bactéria. As células TCD8+ participam do mecanismo de defesa através da citotoxicidade, destruindo os macrófagos
infectados. No caso do M. tuberculosis, a despeito de haver imunidade protetora impedindo sua multiplicação, não existe
a eliminação completa do bacilo. Por essa razão indivíduos em uso de corticosteróides e portadores de HIV podem
desenvolver manifestações clínicas de tuberculose, a despeito de terem sido infectados há muito tempo e terem
persistido completamente assintomáticos. O papel da resposta imune celular no controle das infecções causadas por
micobactérias é bem demonstrado pela expansão dessas infecções com o advento da Aids.
Com referência à infecção causada por M. leprae, o espectro clínico da doença está intimamente ligado à resposta imune.
Nos pacientes com a forma tuberculóide existe uma forte resposta Th1, e a doença se caracteriza por destruição das
fibras nervosas em áreas específicas, levando ao aparecimento na pele de lesões localizadas e bem demarcadas, com
perda de sensibilidade térmica e dolorosa. Na ausência de uma resposta Th1, ocorre disseminação do bacilo, levando ao
quadro da hanseníase virchowiana. Nesse caso os macrófagos estão repletos de parasita e há escassez de linfócitos na
lesão. As formas borderlines, também conhecidas como dimorfas, representam um padrão clínico e imunológico de
resposta intermediária.8
A importância da resposta imune na hanseníase não se restringe à determinação do espectro clínico; no decorrer da
doença ou muitas vezes após início do tratamento alguns pacientes podem apresentar manifestações clínicas agudas
secundárias à liberação de antígenos e a reações de hipersensibilidade. Essas manifestações, também denominadas
reações, são representadas pelo eritema nodoso hansênico (ENH) e pela reação reversa (RR). O ENH é uma resposta
inflamatória sistêmica associada a altas concentrações de TNF-a e à deposição de imunocomplexos, com infiltração de
neutrófilos e ativação de complemento, comprometendo vários órgãos. 9,10 A imunopatogênese do ENH é bastante
complexa: têm sido demonstrados no soro dos pacientes altos níveis circulantes de IL-1 e TNF-a,11,12 enquanto um
aumento tecidual na expressão de RNA mensageiro para IL-6, IL-8 e IL-10 indica resposta Th2;10,13 além disso, é
documentada a presença da enzima óxido nítrico sintase induzível (iNOS) nos neutrófilos e de TNF-a e TGF-b nos
macrófagos das lesões.14 O ENH pode acompanhar-se de toxicidade sistêmica, sendo muitas vezes tratado com
corticosteróides ou drogas inibidoras do TNF-a, como a talidomida. Por outro lado, a RR desenvolve-se após o
aparecimento abrupto de um mecanismo de hipersensibilidade tardia contra frações antigênicas do M. leprae,
envolvendo participação ativa de linfócitos T com produção tecidual de citocinas Th1 (IL-2, IFN-g) e citocinas inflamatórias,
como TNF-a.13 As lesões apresentam-se infiltradas por linfócitos CD4+, com aumento da expressão de HLA-DR e do
receptor para IL-2 em células do infiltrado, assim como nos queratinócitos. 15
As infecções causadas por bactérias extracelulares são as mais freqüentes. Nesses casos os mecanismos de defesa estão
relacionados principalmente com as barreiras naturais do hospedeiro, a resposta imune inata e a produção de anticorpos.
A importância das barreiras naturais no combate às infecções bacterianas extracelulares é bem reconhecida. A
integridade da pele e das mucosas impede a aderência e a penetração de bactérias; o movimento mucociliar elimina
bactérias do trato respiratório; o pH ácido do estômago destrói bactérias que penetram pelo trato digestivo alto; e na
35
saliva e secreções prostáticas existem substâncias com atividade antimicrobiana. A quadro 1 detalha os principais
mecanismos de defesa contra bactérias extracelulares.
A participação da imunidade inata ocorre através das células fagocitárias, da ativação do sistema complemento pela via
alternativa e da produção de quimiocinas e citocinas. Adicionalmente a proteína C reativa (PCR), proteína de fase aguda
produzida principalmente por células hepáticas nas infecções bacterianas, exerce ação variada contra as bactérias. Ao
ligar-se aos fosfolipídios de membrana de algumas bactérias (por exempço, pneumococos) a PCR atua como opsonina,
facilitando a fagocitose por neutrófilos. A PCR tem também a capacidade de ativar o sistema complemento e também
estimula a síntese de TNF-a, a qual induz a síntese de NO e conseqüentemente a destruição de vários microorganismos.
O complemento exerce seu papel de defesa pela ativação do complexo de ataque à membrana (C5-C9) e facilitando a
opsonização através do componente C3b, que se liga à bactéria e interage em uma segunda etapa com um receptor
específico existente nas células fagocíticas. As deficiências do sistema complemento têm sido associadas com infecções
graves por Neisseria meningitidis e infecções disseminadas por Neisseria gonorheae.16
Todas as células da imunidade inata participam da defesa contra bactérias, embora seja enfatizado principalmente o
papel de neutrófilos e monócitos/macrófagos pela capacidade fagocítica dessas células. Os basófilos e mastócitos
ativados por fatores do sistema complemento, a exemplo do C5a, C3a e C4a, liberam mediadores que, juntamente com
as referidas proteínas do complemento, atraem leucócitos para o sítio de agressão e contribuem para a passagem dessas
células dos vasos para os tecidos, local onde está ocorrendo a agressão ao hospedeiro. Os eosinófilos, além da atividade
fagocítica, podem destruir microorganismos por meio da liberação de proteínas com atividade microbicida, tais como a
proteína básica principal e a proteína catiônica eosinofílica. Os neutrófilos e os macrófagos têm participação importante
na defesa contra esses agentes desde que as bactérias sejam susceptíveis a substâncias produzidas por essas células, a
exemplo do NO e do peróxido de hidrogênio. Existem também no interior dessas células, enzimas como a
mieloperoxidase e substâncias outras como a azurocidina, que possuem propriedade microbicida. Embora tanto os
neutrófilos como os macrófagos sejam células fagocíticas, essas células possuem características bem diferentes. Enquanto
os neutrófilos têm vida curta tanto no sangue como nos tecidos, os macrófagos têm sobrevida prolongada. Os neutrófilos
só são encontrados nos tecidos inflamados, enquanto os macrófagos concentram-se tanto em tecidos inflamados como
em tecido sadio. Durante a reação inflamatória os neutrófilos produzem secreção purulenta, enquanto os macrófagos
36
formam o granuloma. Os neutrófilos defendem principalmente contra as bactérias extracelulares, enquanto os
macrófagos são fundamentais para a eliminação dos agentes intracelulares que albergam.
As células da resposta imune são também as principais fontes de citocinas e quimiocinas no início das infecções, as quais
exercem sua ação tanto na fase inata como na adaptativa. As quimiocinas, devido a seu papel de atrair células para o
sítio da lesão, são muito importantes no processo de defesa do hospedeiro.17
Entre as várias citocinas que participam da defesa contra bactérias, tem sido dado destaque às citocinas pró-inflamatórias,
como o TNF-a, IL-1 e IL-6. Essas citocinas são produzidas nas fases iniciais da infecção e são responsáveis, por meio de
sua ação no hipotálamo, pelo aparecimento da febre que inibe a multiplicação bacteriana. Elas aumentam a expressão
das moléculas de adesão (seletina P e ICAM), facilitando a passagem de células de vaso para o sítio da infecção, e também
estimulam os neutrófilos e macrófagos a produzirem NO e a destruírem bactérias. Outras citocinas produzidas nas fases
iniciais da infecção interferem na resposta imune adaptativa. A IL-12, produzida por macrófagos, tem papel importante
na diferenciação de células Th0 para Th1,18 enquanto a IL-4, produzida por basófilos, mastócitos e macrófagos, estimula
a diferenciação de células Th0 para Th2, que vão colaborar com o linfócito B na produção de anticorpos, mais
especificamente, da IgE.19
A imunidade adaptativa, principalmente mediante os anticorpos, desempenha importante papel na defesa contra as
bactérias extracelulares. Os anticorpos podem exercer suas ações de três maneiras: 1) opsonização, 2) ativando o sistema
complemento, 3) promovendo a neutralização de bactérias ou de seus produtos.
Como as bactérias extracelulares são susceptíveis à destruião quando fagocitadas, elas desenvolvem, como mecanismo
de escape, substâncias que possuem atividade antifagocítica. Anticorpos dirigidos contra essas substâncias não só
impedem sua ação, mas facilitam a fagocitose, desde que neutrófilos e macrófagos possuam receptor para a porção FC
da imunoglobulina (opsonização). Os anticorpos também são coadjuvantes na destruição de bactérias por complemento,
ativando esse sistema pela via clássica. Por meio do mecanismo de neutralização, os anticorpos, principalmente a IgA,
podem ligar-se a bactérias e, com isso, impedir que as mesmas se fixem nas mucosas, como no trato intestinal e no trato
respiratório. Os anticorpos em muitas ocasiões ligam-se a toxinas produzidas por bactérias, como as toxinas tetânica e
diftérica, neutralizando a ação desses produtos.
A despeito da importância defensiva da resposta imune, a dificuldade em controlar a resposta inflamatória que se
desenvolve pode provocar dano nos próprios tecidos, muitas vezes limitado e sem maiores conseqüências para o
hospedeiro. Porém, eventualmente, infecções causadas por germes gram-negativos podem resultar em septicemia e
choque séptico, situação extremamente grave e associada com alta taxa de mortalidade. O choque séptico é
desencadeado por lipopolissacarídeos (LPS) presentes na parede bacteriana estimulando nos neutrófilos, macrófagos,
células endoteliais e músculos uma produção exacerbada de citocinas pró-inflamatórias (TNF-a, IL-1, IL-6, IL-8) e NO.
Como conseqüência, há diminuição do tônus muscular e do débito cardíaco, que resulta em hipotensão e má perfusão
tecidual, e finalmente morte celular. No entanto, a modulação dessa resposta exacerbada pode ser obtida. Assim, em
modelo experimental a administração concomitante de IL-10 e LPS protege camundongos da morte por choque séptico,
ao inibir a produção de IL-12 e síntese de IFN-g e TNF-a.20
37
2. RESPOSTA IMUNE NAS INFECÇÕES VIRAIS
A despeito dos múltiplos mecanismos de defesa contra os vírus, as doenças virais não só são comuns, como hoje
representam uma das mais importantes doenças infecciosas associadas com a mortalidade da população. A figura
2 mostra como os vírus são destruídos por meio da reposta imune inata. Na fase inicial das infecções virais, o controle
dessas infecções é feito pelos interferons tipo I (IFN-a e IFN-b), pelos macrófagos e pelas células NK. 21
Os interferons tipo I são produzidos por células infectadas por vírus e, ao interagir com uma célula não infectada, têm a
propriedade de protegê-la contra a infecção, além de colaborar com a resposta imune adaptativa. O IFN-g também atua
contra as infecções virais mediante a ativação dos macrófagos com destruição dos vírus e também das células NK (células
citotóxicas naturais), as quais, pela liberação de granzima e perfurina, destroem as células infectadas. Adicionalmente, a
IL-12 possui participação importante na fase inicial, sendo produzida por macrófagos e outras células apresentadoras de
antígenos, estimulando as células NK a exercer citotoxicidade e a produzir mais IFN-g, que por sua vez aumenta o
potencial microbicida dos macrófagos.
A imunidade adaptativa contra os antígenos virais ocorre com ativação de células TCD8+ que vão exercer citotoxicidade
pelo reconhecimento de antígenos virais via MHC classe I nas células alvo, e conseqüente liberação de granzima e de
perfurinas com lise das células infectadas e também dos vírus. Durante a resposta imune adaptativa há também ativação
das células TCD4+, que vão colaborar com as células B na produção de anticorpos. A despeito de os vírus serem agentes
intracelulares, os anticorpos têm papel importante no combate às infecções virais, desde que, por ocasião da propagação
da infecção viral, após multiplicarem-se em células infectadas, os vírus rompem essas células, ficando livres até a
penetração em outra célula. Nessa fase extracelular os anticorpos podem ligar-se aos vírus e, por meio do mecanismo
de neutralização, impedir que eles penetrem uma célula não infectada. Alternativamente, anticorpos podem ser
adjuvantes no mecanismo de citotoxicidade celular dependente de anticorpos, ao se ligar às células infectad as,
permitindo a ação das células NK. Em várias doenças, a exemplo de poliomielite, sarampo, hepatite B e varicela, o
anticorpo tem papel fundamental na proteção contra a infecção quando se trata de um hospedeiro previamente
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sensibilizado, seja por uma infecção prévia ou por imunização. Isso porque, em indivíduos já sensibilizados, a presença
de anticorpos pode interceptar os vírus, impedindo sua ligação com a célula do hospedeiro.
Em virtude dos múltiplos mecanismos de defesa contra os vírus, grande parte das infecções virais é assintomática ou tem
uma apresentação subclínica com manifestações inespecíficas, como febre e rash cutâneo. Todavia, várias infecções virais
progridem, e dano tecidual importante pode ocorrer. A patologia associada à infecção viral pode estar relacionada com
um efeito citopático do vírus, reação de hipersensibilidade e fenômenos auto-imunes.
Em muitas infecções virais a destruição de célula acontece por mais de um desses mecanismos. Por exemplo, na infecção
pelo HIV e nas infecções pelo vírus B e vírus C da hepatite, a destruição da células infectada é mediada tanto pelo efeito
citopático do vírus como através de citotoxicidade por células NK e células CD8. Algumas infecções virais exemplificam
bem a ampla dimensão dos mecanismos de agressão tecidual que ocorrem no curso dessas infecções.
O HIV infecta predominantemente as células TCD4+, e a destruição dessas células pode ocorrer pelo efeito citopático
do vírus. Adicionalmente, existe um aumento da apoptose dessas células e, por expressarem antígenos virais no nível da
membrana, as células podem também ser destruídas por citotoxicidade mediada pela célula TCD8+, fenômeno que
também contribui para a redução das células CD4+. Sendo a célula TCD4+ uma das mais importantes na cooperação da
resposta imune, a diminuição numérica e a alteração de sua função levam a uma supressão da resposta imunológica.
Essa supressão está associada predominantemente com a diminuição de IL-2, IFN-g e TNF-a.22 Por essa razão, em
pacientes com Aids, as principais infecções oportunistas estão relacionadas a agentes intracelulares, tais como: M.
tuberculosis, P. carinii, citomegalovírus, C. albicans e criptosporidium. Como na infecção pelo HIV os linfócitos B de
memória estão funcionando, anticorpos são produzidos, e o mecanismo de defesa contra agentes extracelulares não é
prejudicado em grande escala. Essa ausência de maior susceptibilidade para infecções bacterianas extracelulares
observada em pacientes com Aids é, entretanto, observada em adultos nos quais o repertório de anticorpos produzido
por células B e dependente de células T já estava formado antes da infecção pelo HIV. Em crianças infectadas, como a
39
alteração do funcionamento das células TCD4+ é precoce, a cooperação celular é prejudicada, havendo também
anormalidade na síntese de anticorpos. Por esta razão, infecções por bactérias extracelulares são comuns em crianças
com HIV.
A infecção pelo HTLV-1 induz ativação e intensa proliferação celular dos linfócitos T infectados. Esse fenômeno relaciona-
se principalmente com a função do gene Tax do vírus que tem a propriedade de transativar os genes da IL-2, e do
receptor da IL-2. Essa proliferação anômala de células T pode levar ao aparecimento da leucemia de células T do adulto.
A proliferação indiscriminada de células pode provocar também a expansão de células T auto-reativas e secreção
acentuada de citocinas pró-inflamatórias como o TNFa. Essas anormalidades podem associar-se com lesão tecidual
cutânea e neurológica.23
Em virtude da forte ativação de células Th1 na infecção pelo HTLV-1, ocorre uma redução da produção de IL-4 e IL-5 e
diminuição da síntese da IgE e da ativação de mastócitos e eosinófilos, componentes da resposta protetora contra
helmintos. Assim, existe uma maior prevalência de esquistossomose e estrongiloidíase em pacientes infectados pelo
HTLV-1,24 podendo ocorrer disseminação da larva do S. stercoralis com aparecimento de formas graves de
estrongiloidíase.25
O HPV é um vírus DNA que, além de causar a verruga vulgar e o condiloma acuminado, está fortemente associado ao
desenvolvimento de neoplasia cervical e desenvolvimento de câncer de pele, principalmente em indivíduos
imunossuprimidos. O envolvimento do HPV com câncer de pele foi também demonstrado em pacientes com
epidermodisplasia verruciforme em que DNA viral foi detectado em lesões maculares. 26
A resposta imune contra o HPV de uma forma geral é mediada pela resposta imune celular a despeito de anticorpos da
classe IgG e IgA contra frações antigênicas serem encontrados no muco cervical de pacientes com neoplasia
cervical.27,28 Infiltrado inflamatório composto de macrófagos e células CD4+ é observado em condilomas que regridem
espontaneamente, e a resposta linfoproliferativa de células T CD4+ específica para o antígeno E2 demonstrou-se
associada à eliminação do HPV. Por outro lado, células CD8+ específicas para os antígenos E6 e E7 são encontradas em
pacientes com grandes lesões ou com tumor cervical. Além disso, diminuição da resposta tipo 1 com baixa produção de
IL-2, IFN-g e TNF-a é observada em pacientes com lesão intraepitelial de alto grau. 29
As principais doenças causadas por protozoários no homem são as leishmanioses, doença de Chagas, malária,
toxoplasmose e amebíase. Os protozoários são agentes infecciosos intracelulares que habitualmente infectam o
hospedeiro por longo período de tempo, em virtude de possuir mecanismos que lhes permitem escapar das agressões
mediadas pelo sistema imune. De maneira adicional, as infecções por protozoários habitualmente só causam doença em
uma parcela dos indivíduos infectados, indicando que o sistema imune não permite, na maioria das vezes, a multiplicação
em grande escala dos protozoários e a disseminação da infecção, sem, porém, ter a capacidade de promover
esterilização. Dessa forma, esses agentes podem permanecer no hospedeiro por toda a vida, até sem cau sar doença, a
40
não ser que esse equilíbrio seja perdido por uma depressão imune ou pelo desencadeamento de uma resposta imunitária
exacerbada com inflamação tecidual.
Vários componentes da resposta imune inata participam do mecanismo de defesa contra os protozoários, mas esses
microorganismos escapam dessa defesa. 30 Embora in vitro as promastigotas de Leishmania sejam altamente sensíveis ao
complemento, as formas infectantes resistem a sua ação. O Tripanosoma cruzi, por sua vez, tem a propriedade de impedir
ativação do complemento, desde que se encubra com moléculas do hospedeiro como o fator acelerador da degradação
(DAF). As leishmanias são também susceptíveis à ação de neutrófilos, células com grande potencial de produzir peróxido
de hidrogênio e NO, mas que, ao penetrar o hospedeiro, infectam os macrófagos, livrando-se do ataque dos neutrófilos.
A resposta adaptativa contra os protozoários ocorre após a apresentação de antígenos por macrófagos e células
dendríticas, via MHC classe II para as células T. Como outras células podem ser infectadas, e os macrófagos e células
dendríticas também expressam moléculas de MHC classe I, nas infecções por protozoários há também ativação das
células TCD8+. O quadro 2 mostra os mecanismos imunológicos de defesa contra alguns protozoários de importância
clínica.
À exceção da Giardia lamblia, que pode causar infecção grave em pacientes com deficiência de produção de anticorpos,
a resposta imune celular é fundamental na defesa contra infecções causadas por protozoários.
Embora nas infecções causadas por agentes intracelulares uma resposta imune desviada para o pólo Th2 seja maléfica,
porque aumenta a susceptibilidade às infecções e permite a multiplicação e disseminação do parasito o conceito de que
uma potente resposta Th1 seja protetora deve ser visto com reserva. Em várias doenças causadas por protozoários,
existem evidências de que a resposta imune exacerbada está envolvida no dano tecidual: na amebíase é dependente da
ação de neutrófilos;31 na doença de Chagas é mediado por células CD4+ e CD8+; 32 uma maciça produção de TNF-a e
41
NO, documentada na patogenia da malária cerebral. 33 Esses fatos indicam que uma atuação equilibrada do sistema
imunológico é muito importante para a contenção do parasita sem destruição tecidual, fazendo com que, embora possa
continuar presente, o agente infectante não cause doença no homem.
A patogênese das diversas formas clínicas da leishmaniose exemplifica bem a importância da resposta Th1 tanto no
controle como na gênese da lesão tecidual. As formas clínicas mais comuns da leishmaniose são a leishmaniose
tegumentar (leishmaniose cutânea, leishmaniose mucosa e leishmaniose cutânea difusa) e a leishmaniose visceral.
O quadro 3 mostra a associação entre as diversas formas clínicas de leishmaniose, a espécie da Leishmania e a resposta
imune.
Após a inoculação da Leishmania na pele e invasão macrofágica, nos indivíduos que não têm a capacidade de produzir
IFN-g e ativar macrófagos, a Leishmania dissemina-se e, na dependência da espécie, causa a leishmaniose visceral ( L.
chagasi) ou a leishmaniose cutânea difusa (L. amazonensis). Nesses pacientes é fácil entender o desenvolvimento da
doença, pela deficiência de IFN-g e alta produção de IL-10. A restauração da resposta imune in vitro na leishmaniose
visceral pode ser observada pela neutralização de IL-10 ou pela adição de IL-12 às culturas de células mononucleares de
sangue periférico (CMSP).34
Atípico, entretanto, é o que ocorre na leishmaniose cutânea e na leishmaniose mucosa, situações nas quais existe um
forte desvio Th1 e, embora o número de parasitas no tecido seja escasso ou até ausente, há desenvolvimento de lesão.
CMSP de indivíduos com leishmaniose cutânea e leishmaniose mucosa estimuladas com antígeno
de Leishmania produzem grande quantidade de IFN-g, IL-2 e TNF-a, e pouca IL-10. Como habitualmente o sistema imune
não consegue destruir completamente as leishmanias, essa forte resposta Th1 termina por levar a ocorrência de uma
reação inflamatória muito intensa e a dano aos tecidos próprios, resultando no aparecimento de úlceras na pele e na
mucosa. Tem participação importante nesse dano tecidual a produção acentuada de TNF-a e de NO. Evidências de que
a resposta imune celular participa da patogenia da leishmaniose cutânea e leishmaniose mucosa incluem: 1) o tratamento
precoce da infecção não impede o aparecimento da lesão; 35 2) existência de forte reação inflamatória no tecido com
expressão aumentada de TNF-a, IFN-g e poucos parasitos na lesão;34,36 3) associação de antimonial com droga inibidora
de TNF-a cura pacientes com leishmaniose mucosa que são refratários ao tratamento com antimonial. 37
42
4. RESPOSTA IMUNE A FUNGOS
O principal mecanismo de defesa contra fungos é desenvolvido pelos fagócitos, que os destroem por meio da produção
de NO e de outros componentes secretados por essas células. Adicionalmente, há participação de IFN-g, aumentando a
função de neutrófilos e macrófagos, não havendo evidências de atividade citotóxica por células T CD8+. Portanto,
pacientes que apresentam neutropenia (menos de 500 neutrófilos/mm 3) ou que tenham deficiência da imunidade celular
cursam com freqüência com micoses recorrentes e ocasionalmente desenvolvem formas graves e profundas. 38
Embora um grande número de espécie de fungos possa causar doenças no homem, a maioria deles causa doença
limitada, sem maiores repercussões clínicas. Destacam-se entre os fungos que estão associados com morbidade no Brasil
a Candida albicans, o Criptococcus neoformans e o Paracoccidiodis braziliensis. Apesar de a infecção por C.
albicans causar habitualmente infecções leves e sem maiores conseqüências, pacientes infectados com HIV não
apresentam apenas alta prevalência da infecção por C. albicans, mas também envolvimento de esôfago, estômago e
intestino, sendo comuns infecções recorrentes. Em crianças que apresentam alteração na resposta imune celular e
distúrbios endócrinos múltiplos, o quadro raro de candidíase mucocutânea crônica é descrito. Nessas crianças observam-
se uma diminuição da resposta Th1 e lesões cutâneas, mucosas e ungueais graves. 39
A despeito de a candidíase vaginal ser extremamente freqüente e sem maiores conseqüências, cerca de 5% das mulheres
em idade reprodutiva apresentam um quadro de candidíase vaginal recorrente devido à ausência ou a baixos níveis de
IFN-g, que pode ser restaurada in vitro pela neutralização da IL-10.40 Embora não seja documentada uma resposta Th2
contra antígenos de C. albicans, a elevada freqüência de atopia nessas pacientes sugere que uma reação de
hipersensibilidade imediata a diversos antígenos pode participar da patogênese da doença, com alguns casos se
beneficiando de imunoterapia.41
O Criptococcus neoformans pode causar doenças pulmonares e comprometer o sistema nervoso central em pacientes
imunossuprimidos, e o P. braziliensis é o agente causal da blastomicose sul-americana. A blastomicose sul-americana
caracteriza-se por envolvimento de gânglios, mucosa bucal e do aparelho respiratório. Na maioria das pessoas infectadas
o agente é controlado, e o indivíduo fica completamente assintomático. Quando não se desenvolve uma resposta Th1
há disseminação do fungo com envolvimento de órgãos do sistema reticuloendotelial e do pulmão; nesse contexto o
papel da IL-4 parece importante, já que em modelo experimental a ausência dessa citocina protege contra doença
pulmonar grave.42
Os mecanismos de resposta imune nas infecções helmínticas são múltiplos devido ao tamanho e à diversidade metabólica
dos parasitas, que são antigenicamente complexos. Um problema adicional é que os parasitas podem sobreviver por
muitos anos no hospedeiro, como resultado de mecanismos de escape, a exemplo do que acontece com o S. mansoni,
que se torna coberto por antígenos do hospedeiro, deixando de ser estranho para o sistema imunológico. 43
Embora o complemento e outros fatores da resposta imune natural possam contribuir para a defesa contra a infecção
por helmintos, a resposta imune específica com a produção de anticorpos e citocinas é importante. As células T CD4+
ou TCD8+ do tipo 2 são produtoras de citocinas como IL-4, IL-5 e IL-13 que, entre outras funções, induzem a produção
43
de IgE pelas células B e ativação de eosinófilos, mastócitos e basófilos, respectivamente, componentes fundamentais na
defesa contra helmintos.44 Anticorpos da classe IgE ligam-se aos basófilos circulantes ou mastócitos teciduais, induzindo
a liberação de histamina e outros mediadores da reação de hipersensibilidade imediata, que leva à destruição de
helmintos. A IgE produzida em altos níveis na resposta imunológica do tipo Th2 tem sido relacionada com defesa contra
reinfecção pelo S. mansoni.45 Eosinófilos têm também a capacidade de destruir os esquistossômulos e
o Strongyloides através do mecanismo de citotoxicidade celular dependente do anticorpo. 46 As células do tipo Th2 estão
associadas com a resistência à infecção não apenas do S. mansoni, mas dos helmintos intestinais, a exemplo do S.
stercoralis e A. lumbricoides. A IL-4 estimula a produção de IgE e, juntamente com a IL-13, a de mastócitos, resultando
em aumento da secreção de mediadores da inflamação, secreção de muco e aumento da contratilidade da musculatura
intestinal, facilitando a expulsão dos vermes adultos.47
Na fase aguda da esquistossomose as manifestações clínicas de febre, astenia, perda de peso, dor abdominal, diarréia e
tosse, além de complicações como pleurite e pericardite, são decorrentes da presença de TNF-a, IL-1 e IL-6, e também
da deposição de complexos imunes.48 A melhora da sintomatologia coincide com a produção de IL-10 induzida pelos
antígenos de ovos na fase crônica. 49 Nessa fase também ocorre secreção de IL-4, IL-5 e IL-13,50,51 que em modelos
experimentais participam da formação do granuloma e da fibrose hepática, e, portanto, da patogênese da
esquistossomose.
44
SISTEMA COMPLEMENTO
Os componentes agem como zimógenos (pró-enzima, um precursor enzimático inativo) ativando uma cascata enzimática, por
uma das 3 vias:
45
DESTRINCHANDO AS VIAS DE ATIVAÇÃO
Existem três vias de ativação do sistema complemento, mas todas resultam na formação da C3-convertase, complexos
enzimáticos que conseguem quebrar a proteína C3 em C3a e C3b.
• Via clássica
Ativação: complexo antígeno-anticorpo
Isso se dá porque duas porções Fc de dois anticorpos de classe IgG, ou uma porção Fc de anticorpo de classe IgM
(pentamérico) se ligam ao sistema complemento (C1q) ativando a via. Como essa via utiliza anticorpos, ela faz parte da
resposta imune adaptativa.
Componentes necessários a formação da C3-convertase: C1, C2 e C4.
• Via alternativa
Ativação: contato com qualquer parede estranha, não própria.
Por exemplo microrganismos (sem anticorpos) já ativam essa via. É muito reativa e um dos principais mecanismos da
resposta imune inata.
Formação da C3-convertase: C3b, fator B, fator D, fator P.
• Via das lectinas
Ativação: uma lectina plasmática
Lectinas são proteínas que se ligam a resíduos de açúcares, principalmente a manose, que é achada em paredes de
bactérias. Então ela é desencadeada pela ligação entre polissacarídeos presentes em microrganismos a proteínas
lectinas circulantes. MBL é a lectina ligadora de manose (mais comum). Também é um mecanismo da resposta imune
inata.
Formação da C3-convertase: C2 e C4
Todas as três vias vão convergir para um único momento → formação da C3-Convertase.
Essa enzima fará a quebra de C3 – que se liga a microrganismos, sendo capaz de ativar proteinas do complemento
presentes na superficie bacteriana -e com isso o sistema complemento é ativado e passa a ter uma via comum.
46
Regulação da ativação do complemento
É mediada por proteínas circulantes e de membrana celular, e serve para evitar a ativação do sistema complemento
contra células do próprio organismo e para limitar a duração da ativação, pois os produtos da degradação das
proteínas do complemento podem se difundir para as células adjacentes e produzir lesão.
47
HEMOGRAMA
Exame de sangue realizado com amostra de 2 a 3 ml, seja ele arterial ou venoso
Deve ser anotado se a coleta de sangue foi fácil ou difícil, pois às vezes formam-se microcoágulos invisíveis a olho nu
que vão fazer com que no exame pareça ter menos plaquetas do que realmente tem, uma falsa trombocitopenia.
Série vermelha
Hematócrito/volume globular (VG): percentual que se tem de células vermelhas em relação ao sangue total.
Contagem de plaquetas
Série Branca
CONTAGEM DIFERENCIAL
Eosinófilos: 1-6% Neutrófilos
Monócitos: 2-10%
48
Neutrofilia (+75%/ +4% bastões)
Linfocitose
Eosinofilia (+6%)
Monocitose
49
IMUNOGLOBULINAS (Ig)
Imunoglobulina é a denominação dada para toda molécula de natureza proteica que funciona como ligadora de
antígeno.
Um antígeno é qualquer molécula ou parte de uma molécula que é especificamente reconhecida por proteínas de
reconhecimento altamente especializadas dos linfócitos. Nas células B, estas proteínas são as imunoglobulinas (Ig),
produzidas pelas células B com uma ampla variedade de especificidade a antígenos, em que cada célula B produz uma
imunoglobulina de especificidade única.
A imunoglobulina ligada à membrana das células B atua como receptor celular para antígenos e é chamada receptor de
células B (BCR, do inglês B-cell receptor). Uma imunoglobulina com a mesma especificidade para um antígeno é secretada
como anticorpo por células B diferenciadas - as células plasmáticas. A secreção de anticorpos, os quais se ligam a
patógenos ou seus produtos tóxicos no espaço extracelular do organismo, é a principal função efetora das células B na
imunidade adaptativa.
Anticorpo
50
Por razões históricas, imunologistas dividem as partes de um
anticorpo em:
5 principais classes:
51
As cadeias polipeptídicas que constituem um anticorpo permanecem ligadas por pontes dissulfeto (S-S)
A região da dobradiça está presente em todos os anticorpos exceto IgM e IgE e possibilita a flexibilidade entre os dois
braços FaB da molécula em forma de Y, permitindo a abertura ou o fechamento das porções Fab para possibil itar a
ligação simultânea de dois epítopos, separados por uma distância fixa.
RESPOSTA POLICLONAL
Como cada linfócito nasce com um domínio de ligação (faB) diferente do domínio de
outro linfócito, linfócitos diferentes podem reconhecer antígenos diferentes de um
mesmo patógeno.
Divide-se em 4 subclasses
52
Propriedades biológicas da IgG:
Complexos antígeno-anticorpo insolúveis são facilmente fagocitáveis e destruídos por células fagociticas através da IgG
2.fazem opsonização
Aumentam capacidade de fagocitose, ao agir como opsoninas, pois macrófagos e neutrófilos –células fagocíticas-
possuem em suas membranas receptores para Fc das IgG.
4.Neutralizam toxinas
Podem impedir a entrada no vírus na célula, neutralizando toxinas do tétano, botulismo, venenos de cobra e escorpião
*por essa razão: é a IG de escolha para imunização passiva contra toxinas e venenos por sua meia-vida longa.
6.imobilizam bactérias
Reagem contra flagelos e cílios de bact. Móveis, impedindo a proliferação.
53
IgM (cadeia “mi”)
É intravascular
10% da Ig séricas
Impede adesão
54
IgD (cadeia DELTA)
Monômeros
IgE
Monômeros
→ qual a vantagem de se procurar o anticorpo e não o vírus? O anticorpo é encontrado no sangue em grande
quantidade, já o vírus eu não sei onde está.
CASO: paciente gestante em uma primeira consulta, inicialmente a preocupação é com rubéola pois o vírus da rubéola
é teratogênico.
Portanto, pede-se sorologia de IgG e IgM para rubéola.
RESULTADOS POSSÍVEIS:
• IgG positivo e IgM positivo: a mãe está com a • IgG positivo e IgM negativo: ela não está doente
doença e então eu me preocupo com a síndrome da pela rubéola (IgM negativo), mas já esteve doente ou já
rubéola congênita, que pode resultar em aborto ou foi vacinada (IgG positivo) → não vai fazer rubéola na
problemas na infância → sorologia do bebê gestação.
• IgG negativo e IgM negativo: ela não está com sorologia do RN:
a doença e não teve a doença até hoje, mas também • o IgG positivo e IgM negativo: o bebê não tem
não foi vacinada para a doença. Então essa gestante me a doença, pois o IgG vem da mãe.
preocupa, mas eu não posso vacinar ela agora, pois a • o IgG positivo e IgM positivo: IgM não passa
vacina é com o vírus atenuado. pela placenta, então a única possibilidade é que ele
tenha rubéola congênita.
Agora: HIV, dengue e Chikungunya, nessas doenças o teste de IgM não é 100% confiável, temos que procurar por biologia
molecular pois a produção de IgM feita pelo bebê nesses casos é tênue, pequena e rápida.
Um ponto muito importante é o do SNC, pois não temos imunoglobulinas no sistema nervoso central, ele é protegido
por barreiras e membranas. O motivo de ausência é porque o sistema imunológico é sinônimo de inflamação, e nesse
lugar a inflamação causa sintomas como febre alta e convulsão, que são mais complicados.
55
EM SUMA:
56
TIPAGEM SANGUÍNEA
Nas hemácias humanas podem existir dois tipos de proteínas: o aglutinogênio A e o aglutinogênio B. De acordo com a presença ou
não dessas hemácias, o sangue é assim classificado:
Nas transfusões de sangue deve-se saber se há ou não compatibilidade entre o sangue do doador e o do receptor. Se não houver
essa compatibilidade, ocorre aglutinação das hemácias que começam a se sofrer hemólise.
se o sangue do receptor apresentar aglutininas anti-B, o sangue doado não pode conter aglutinogênios B.
Em geral os indivíduos Rh negativos (Rh) não possui aglutininas anti-Rh. No entanto, se receberem sangue Rh positivo (Rh+), passam
a produzir aglutininas anti-Rh. Como a produção dessas aglutininas ocorre de forma relativamente lenta, na primeira transfusão de
sangue de um doador Rh+ para um receptor Rh-, geralmente não há grandes problemas. Mas, numa segunda transfusão, deverá haver
considerável aglutinação das hemácias doadas.
ERITROBLASTOSE FETAL
Se a mãe for Rh+ e o bebé for Rh-, não se coloca qualquer problema, o mesmo acontecendo nos casos de ambos serem Rh+ ou Rh-
Uma mãe com factor Rh- e que tenha uma gestação com um homem com factor Rh+, tem probabilidades de gerar um feto com o
factor Rh+ (herdado do pai), o que irá criar a chamada incompatibilidade sanguínea.
A dificuldade é criada quando o sangue do bebé se mistura com o sangue da mãe. As circulações sanguíneas da mãe e do feto
ocorrem em vasos sanguíneos completamente independentes, mas esses vasos estão muito próximos da placenta. Esta pode sofrer
pequenas rupturas, que fazem com que as células sanguíneas do bebé penetrem na circulação da mãe.
57
O que acontece nesses casos é que o organismo da mãe reconhece essas células como corpos estranhos e vai gerar anticorpos (anti-
D) que vão atacar os glóbulos vermelhos do bebê.
As consequências deste ataque podem levar ao falecimento do bebê na gestação ou após o nascimento, ou podem resultar num
recém-nascido com grave icterícia, com um acompanhamento de deficiência mental, paralisia cerebral e surdez (Eritroblastose fetal).
Em casos em que a criança nasce afetada, pode mesmo realizar-se uma transfusão total de sangue Rh-, que não será destruído pelos
anticorpos da mãe, transfusão pode ser efetuada com o feto ainda no útero.
Os casos de incompatibilidade são menos graves para o primeiro filho, mas os anticorpos gerados permanecem no organismo da
mãe e se esta voltar a ficar grávida de um bebé Rh+, poderão facilmente atravessar a placenta e atacar os glóbulos vermelhos. A
gravidade da enfermidade depende ainda do grau de sensibilização da mãe.
Hoje em dia já é possível detectar esses problemas, após determinados exames específicos para o caso, e pode ser aplicada uma
vacina, geralmente na 28a. semana de gestação. Outro tratamento adicional para as mulheres nesta situação passa pela utilização de
uma substância conhecida como gamaglobulina anti-Rh, administrada à mãe no espaço de 72 horas após o parto. Trata-se de um
concentrado que vai bloquear o processo de sensibilização que produz os anticorpos contra o sangue do bebé, revestindo todas as
células Rh+ que penetram na sua circulação e impedindo-as de dar origem à produção de anticorpos.
58
ANTICORPOS MONOCLONAIS (mABs)
Os anticorpos produzidos pelo organismo humano são policlonais, sendo assim ao serem produzidos anticorpos
específicos para uma célula tumoral todas as células deste tecido celular, mesmo as que não apresentam tumor,
serão reconhecidas como antígenos por estes anticorpos por apresentarem epítopos em comum com a célula
tumoral. Partindo deste princípio, passou a ser almejada a produção de um anticorpo que atue apenas em
um antígeno, sendo este o anticorpo monoclonal.
Os anticorpos gerados pelo sistema imune em resposta a um único antígeno são heterogêneos, pois derivam
de vários clones diferentes de linfócitos B que se diferenciam em plasmócitos, que secretam um tipo de
anticorpo capaz de reagir com um epítopo diferente no antígeno – São os anticorpos policlonais.
Anticorpos monoclonais são criados a partir de um único clone de um linfócito B parental e são homogêneos
(iguais entre si, em suas características físico-químicas e biológicas).
Esses anticorpos são produzidos em laboratório, através de hibridização de células somáticas, um HIBRIDOMA.
COMO? Injeta-se a mistura de antígenos em um rato e aguarda -se alguns dias até que ele seja imunizado.
Então, o baço do animal é extraído, e é feita a fusão entre um linfócito B do baço e células de um mieloma.
Estas células são expostas ao polietilenoglicol, o que provoca sua fusão, formando as células híbridas, ou
hibridoma. Cada hibridoma é capaz de sintetizar um único tipo de anticorpo monoclonal e de se multiplicar
indefinidamente no laboratório.
Por serem formados por células de outro animal (geralmente camundongos), os anticorpos monoclonais são
reconhecidos como estranhos quando injetados no homem, formando complexos imunes que agridem gravemente
os rins. Para evitar estas reações, passaram a elaborar anticorpos monoclonais quiméricos (com 33% de proteína
an imal) e humanizados (com 10% de proteína animal), que conservam parte das sequências animais,
principalmente n as partes que reconhecem o antígeno, e o restante da molécula é substituído por sequências
humanas.
SUPRIMIR O SISTEMA IMUNE (como em doenças auto-imunes), ex: infliximab (atua contra alfa TNF) para
tratamento de Artrite Reumatóide, Doença de Crohn e psoríase.
DESTRUIR OU INIBIR CÉLULAS MALIGNAS. Ex: Trastuzumabe para câncer de mama (atua contra HER 2- fator
de crescimento epidérmico humano)
59
Temos duas classes de anticorpos monoclonais, os quiméricos e os humanizados. Os quiméricos vão ter uma porção
murínica na cadeia leve que indica que é de camundongo + uma porção humana na cadeia pesada. Já os humanizados
vão ter a substituição de algumas cadeias do anticorpo para deixar mais humano e evitar a rejeição pelo organismo.
Os principais são:
Infliximab: anticorpo monoclonal quimérico que inibe o α-TNF, em 10 a 15% dos pacientes temos um efeito
reduzido após alguns usos, isso se dá pois o organismo faz a produção de uma Ig anti-murina.
Adalimumab: anticorpo monoclonal humanizado que inibe o α-TNF o O Infliximab e Adalimumab só funcionam
para doenças mediadas por α-TNF, como artrite reumatoide, psoríase, doença de Crohn e espondiloartrite.
Rituximab: anticorpo monoclonal humanizado que diminui a proliferação de linfócitos, utilizado no tratamento
de linfomas.
Outra importância é relacionada à estrutura do ac monoclonal: ele possui uma região constante e uma região
hipervariada, e entre essas regiões temos uma dobradiça. Nessa dobradiça podem ser colocados quimioterápicos que
por exemplo, trariam como vantagem uma quimioterapia focada, diminuindo os efeitos colaterais. É possível colocar
também radioisótopos e identificar metástases em exames de imagem.
Doença de Alzheimer: foi descoberto que nessa doença ocorre deposição de placas β-amiloide, então, o que
tenta-se fazer é descobrir um monoclonal que faça parar a síntese proteica da β-amiloide, para que não gere
Alzheimer.
60
SEPSE
Definição básica: quando uma infecção de foco primário (pulmonar, meníngeo, renal) não é combatida pelo sistema
imune e evolui para uma infecção sistêmica.
Sinais clínicos:
Febre Taquipnéia
Hipotermia taquicardia
Calafrios
61
Índice SOFA → o Sepsis Organ
Failure Assessment é um índice
de gravidade, uma escala feita
para avaliar a falência orgânica
em presença de sepse. Uma
escala que vai de 0 a 4, sendo
que quanto mais próximo de 4
+ que 2= SEPSE
Pressão de oxigênio: a pO2 medida pela gasometria vai avaliar os pulmões, sendo que quanto menor a pressão
de oxigênio, pior vai ser a sepse.
Coagulação: medida pela contagem de plaquetas, sendo que quanto menor a quantidade de plaquetas, pior o
quadro.
Bilirrubina: a bilirrubina vai avaliar a função do fígado, sendo que quanto mais bilirrubina, pior o quadro.
Hipotensão: a pressão vai avaliar a questão cardiovascular, sendo que quanto menor a pressão arterial, pior a
situação do paciente. Alguns medicamentos que podem ser usados para aumentar a pressão novamente são
vasoconstritores com norepinefrina e dopamina.
Escala de coma de Glasgow: faz a avaliação do SNC.
Creatinina: a creatinina vai avaliar a função renal, sendo que quanto maior for a creatinina, pior o quadro.
também é possível dosar a quantidade ÁCIDO LÁTICO, medindo o nível de injuria tissular (+ácido +dano)
62
Índice SOFA quick → é um índice que mede a mesma coisa porém com mais rapidez, criado para agir de forma mais
rápida em emergências, com pacientes de alto risco. A diferença da rapidez se dá por ele não precisar de marcadores
laboratoriais, realizado apenas respondendo “sim” ou “não” para esses marcadores:
FR ≥ 22rpm
alteração mental (Glasgow – 15)
PAS ≤ 100mmHg
TRATAMENTO DE SEPSE: baseado em EPIDEMIOLOGIA que tenha validade cientifica quanto a eficácia do atb, médico
deve achar o FOCO DE INFECÇÃO.
*paciente fica edemaciado devido a intesa reposição volêmica, mas deve continuar dando líquido.
AGRAVAMENTOS DE SEPSE
CHOQUE SÉPTICO → anormalidade circulatória e celular/metabólica secundária a sepse, grave o suficiente para
aumentar a mortalidade. Choque pode ser hipovolêmico, cardiogênico, neurogênico, anafilático. É causado pelo
aumento da permeabilidade do vaso com extravasamento de líquido. Paciente, por isso, normalmente fica edemaciado.
Paciente: HIPOTENSO
Isso acontece pois:
1. na resposta inflamatória é liberado também óxido nítrico e alfa – TNF, essas moléculas vasoativas aumentam a
permeabilidade do vaso sanguíneo
2. ocorre a perda do líquido intravascular para o interstício
3. diminuição da pressão
4. organismo tenta compensar com taquicardia
O que deve ser feito para esse paciente é primeiramente: REPOSIÇÃO VOLÊMICA + DROGAS VASOCONSTRITORAS
(DOPAMINA OU NOREPINEFRINA)
O médico deve descobrir o foco infeccioso por meio da epidemiologia para determinar qual antibiótico usar, além de
pedir hemocultura, e exames complementares.
Porém, ANTES de ter o resultado já deve começar um antibiótico de AMPLO ESPECTRO endovenoso.
63
COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA (CIVD) → é o agravamento da sepse, estado de hipercoagulabilidade.
PROGNÓSTICO depende de: Resposta hemodinâmica do paciente, sítios de infecção e agente, comorbidades.
PREVENÇÃO
TRATAMENTO: Antibióticoterapia
SUPORTE – UTI:
Reposição volêmica
Drogas vasoativas
Suporte nutricional
Suporte de O2
Monitoração contínua
Hemodiálise
P.s.:
64
VACINAÇÃO E IMUNIZAÇÕES
É uma forma de imunização ativa, o antígeno é administrado no paciente para prevenir a doença a longo
termo, caso o paciente entre em contato com esse mesmo antígeno no futuro.
Para que a vacina funcione a resposta imune adaptativa precisa ser ativada, pois é assim que ocorre a
produção de anticorpo e memória imune. Ou seja, a vacina tem que ser suficientemente imunogênica para
provocar essa resposta e fazer a soro conversão.
Objetivo da vacinação
no indivíduo prevenir doenças, e na população erradicar doenças.
Princípio da vacinação:
No 1º encontro do antígeno com o sistema imunológico, ele serpa capturado e fagocitado pela apc, que o levará até o
linfonodo para que encontre o TCr complementar do linfócito TCD4, faça expansão clonal e crie MEMÓRIA contra o
patógeno. No 2º encontro, quando esse antígeno entrar novamente em contato, será muito mais rápida a localização
do TCR complementar.
65
Adjuvante vacinal: moléculas que aumentam o potencial antigênico do microrganismo, melhoram a exposição
do antígeno ao sistema imunológico, geralmente utilizando o alumínio. Causam também, mais inflamação local
pois favorece a fagocitose do Ag pelas células de defesa.
Imunidade de rebanho: se um indivíduo não imunizado só tiver contato com pessoas imunizadas, não ficará doente pois
não teve contato cm o antígeno.
Tipos de imunização
1. Passiva
Referente a DAR anticorpos PRONTOS, podendo ser:
Natural (placenta)
Artificial (doro imune)
A proteção é imediada e transitória (em média 5 meses)
EX: picada de serpente, aplica-se antiofídico com ac PRONTOS que se ligam a toxina, neutralizando-a
2. Ativa
Referente a dar o ANTÍGENO, podendo ser:
Natural (Vacina)
Artificial (Através de doença, catapora, por ex)
Síndrome de Guillain-Barré: doença caracterizada por inflamação aguda com perda da mielina dos nervos
periféricos, tem caráter autoimune e é desencadeada por contato com qualquer vírus (inclusive vacinas com
vírus – 1 caso em 1 milhão de vacinados).
66
Vacinas atenuadas
Nessas vacinas o patógeno está vivo, mas sem virulência o suficiente para causar doenças.
É mais eficiente
*O que pode acontecer é a doença-like: quando após receber a vacina atenuada a paciente manifesta sintomas clínicos
reduzidos da doença. Pacientes imunossuprimidos não devem receber vacinas atenuadas pois podem desencadear a
doença. São elas:
Sarampo, rubéola e caxumba → tríplice viral (SCR) → não se dá essa vacina para grávidas pois elas são
imunossuprimidas e principalmente pensando na rubéola congênita.
Febre amarela → é necessária em viagens a alguns países, porém se o paciente for imunossuprimido deve se
avaliar risco x benefício.
Rotavírus
Hepatite A
Varicela
Sabin (poliomielite, “gotinha”)
Tuberculose, hanseníase → BCG: Bacilo de Calmette Guérin (única bacteriana, causa reação local com cicatriz e
queloide). A ÚNICA VACINA BACTERIANA ATENUADA É A BC
*mesmo vacinando contra a TB o indivíduo pode ter a doença pois ela apenas protege contra a forma mais grave.
*GRÁVIDAS NÃO DEVEM TOMAR V ATENUADA (não pode vacinar contra rubéola)
Vacinas Inativadas
Nessas vacinas o patógeno está morto, são administrados apenas fragmentos do patógeno.
É menos imunogênica, portanto possuem menor eficiência comparadas com as atenuadas.
Porém é mais segura, pacientes imunossuprimidos podem receber. Portanto nessas vacinas o paciente não manifesta a
doença.
Salk (poliomielite) → para fazer o efeito de uma gotinha de Sabin são necessárias 3 doses intramusculares de
Salk, por que é bem menos imunogênica.
Influenza – NÃO É POSSÍVEL PEGAR GRIPE APÓS VACINADO
Pneumocócica e meningocócica → vacina feita com um pedaço da cápsula
Pneumonia e meningite → HiB (highmore influenza sorotipo B)
Hepatite B
raiva
Coqueluche, tétano e difteria → Tríplice bacteriana (DTP) o Salk + difteria + tétano + coqueluche + hepatite B +
HiB → todas dadas na mesma vacina intramuscular em três doses.
Imunocomprometidos podem tomar, mas pode não haver formação de memória imunológica
*Não se dá vacina para criança com carteira de vacina completa
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Resposta imune à vacinação depende de dois fatores:
Inerentes ao próprio organismo
Idade (extremos) Inerentes às vacinas
Doença de base ou intercorrente Tipo de agente
Tratamento imunossupressor
Reação pós-vacinal
BCG – cicatriz quelóide, úlcera maior que 1 cm de diâmetro, abscesso subcutâneo
DTP – rubor, edema e dor local, abscesso, febre alta, sonolência, irritabilidade, vômito, choro persistente, convulsão.
Tríplice Viral – ardência, enduração, eritema local, febre discreta, cefaléia, irritabilidade, conjuntivite
DT – dor, eritema, edema, febre, cefaléia, mal estar
Contra-indicações gerais
Pessoas com imunodeficiência congênita ou adquirida Pacientes submetidas a transfusão de sangue ou
Pessoas acometidas por neoplasias malignas plasma nos últimos 3 meses
Pessoas em tratamento com corticoides (em doses Gravidez
imunossupressoras), outros imunossupressores ou Doenças agudas febris graves
radioterapia Recém-nascidos menores de 2.000g
Hipertermia
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CASOS
Criança de 3 anos de idade, chegou no OS c/ um ferimento profundo c/ sujidade (pisou no prego enferrujado) – pode
vir a ter tétano.
A mãe apresentou carteira vacinal completa.
O ferimento foi limpado. E, a criança NÃO deverá receber nem vacina e nem soro imune, porque a vacina de tétano
tem validade de 10 anos.
Homem, 43 anos, carteira vacinal incompleta (não sabe). Acabou de se ferir com prego.
Ele precisa receber limpeza, ATP profilático e vacina e, se tiver, soro (é caro e não é tão disponível no PS quanto à
vacina).
Se uma criança chegar no PS e não for vacinada > muda tudo. Se ela não for vacinada, o mais comum é Haemophillus
influenzae.
Se ela for vacinada, a mais comum é Pneumococcos. (Vacina+soro ao mesmo tempo > efeito possivelmente
antagônico > Ag+Ac ao mesmo tempo).
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qualquer sorotipo. Contraindicado para indivíduos
soronegativos, gestantes, alérgicos aos princípios ativos
da vacina. Confira mais detalhes nesse link.
Hepatite B: Oferta da vacina para toda a população
independente da idade e/ou condições de
vulnerabilidade, justificada pelo aumento da frequência
de atividade sexual em idosos e do aumento de DST
nesta população.
Poliomielite: A 3ª dose é a vacina inativada da polio (VIP),
a exemplo do que já ocorre com as 1ª e 2ª doses da
vacina. As doses de reforço aos 15 meses e 4 anos e as
campanhas de vacinação continuam aplicando a vacina
VOP (bivalente).
Pneumocócica: Esquema básico com duas doses (aos 2 e
4 meses) e dose de reforço aos 12 meses (podendo ser
aplicada até os 4 anos). Crianças não vacinadas
anteriormente podem receber dose única dos 12 meses
aos 4 anos.
Hepatite A: Aplicada aos 15 meses, podendo ser aplicada até os 5 anos.
Vacinas tríplice viral e varicela: O ministério disponibiliza duas doses de vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
para pessoas de 12 meses até 29 anos de idade e uma dose da vacina varicela (atenuada) para crianças até quatro anos
de idade.
**Meningocócica: Esquema básico com duas doses (aos 3 e 5 meses) e dose de reforço aos 12 meses (podendo ser
aplicada até os 4 anos). Crianças não vacinadas anteriormente podem receber dose única dos 12 meses aos 4 anos. O
Ministério passa a disponibilizar a vacina conjugada para adolescentes de 12 a 13 anos. A faixa-etária será ampliada,
gradativamente, até 2020, quando serão incluídos crianças e adolescentes com 9 anos até 13 anos.
***dTpa: uma dose a partir da 20ª semana de gestação, para aquelas que perderam a oportunidade de serem vacinadas
durante a gestação. Administrar uma dose no puerpério, o mais precocemente possível.
**** Febre Amarela: indicada às pessoas residente ou viajantes para as áreas com recomendação de vacinação. Atentar
às precauções e contraindicações para vacinação. Esta vacina está indicada para todos os povos indígenas,
independentemente da Área com Recomendação para Vacinação (ACRV).
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VHS
O exame é útil na avaliação da presença de atividade e resposta terapêutica em pacientes com artrite reumatoide, lúpus eritematoso
sistêmico, vasculites e outras doenças difusas do tecido conjuntivo, sendo indispensável em casos de arterite temporal e polimialgia
reumática.
VHS (velocidade de hemossedimentação) e PCR (proteína C reativa) são exames de rotina bastante sensíveis, marcadores de
inflamação. Se os valores deles estão aumentados apenas indica que existe uma inflamação, mas não indica o local.
• o Valor de referência VHS: até 20mm/h
• o Valor de referência PCR: 11,3 mg/dL
PCR
A PCR é uma proteína de fase aguda, sintetizada no fígado a partir do estímulo de citocinas. Essas proteínas se aderem as hemácias
e alteram a carga elétrica delas de modo que elas conseguem se compactar mais, quanto mais compactado mais inflamação tem.
O que são Proteínas de Fase Aguda (PFA) e quais são os estímulos que levam a sua produção e secreção na corrente sanguínea:
Proteínas de fase aguda - consideradas os indicadores mais confiáveis da resposta sistêmica frente aos processos
inflamatórios/infecciosos, quando comparadas a outros achados como febre e presença de leucocitose e neutrofilia - são moléculas
do soro, sintetizadas principalmente por hepatócitos, cuja concentração sérica aumenta ou diminui 25% durante estados inflamatórios,
a exemplo da PCR, PAS, haptoglobina, albumina, transferrina. Suas funções incluem: minimizar o dano tecidual, participar do reparo e
regeneração teciduais, estimular quimiotaxia de neutrófilos, etc.
Pq a dosagem de PCR pode auxiliar no diagnóstico de uma doença e não deve ser usada isoladamente?
A concentração dessa proteína no plasma é geralmente baixa, elevando-se em situações de infecção aguda, inflamação, neoplasias e
doenças autoimunes, por exemplo. No entanto, não deve ser utilizada isoladamente, pois além de ocorrer elevação em diversas
situações clínicas, citocinas influenciam a síntese de PCR pelos hepatócitos, e as concentrações séricas de citocinas e outros
moduladores de resposta inflamatória variam conforme a doença e a fase de evolução clínica.
Por qual razão, dosagens de PCR realizadas ao longo de vários dias são mais úteis que resultados isolados no acompanhamento
clínico de um paciente que esteja internado?
Pois a concentração de PCR pode ser baixa ou normal nas primeiras 12 horas do início do quadro febril de processos infecciosos,
sendo assim, a repetição do teste tem maior valor clínico. Ademais, seus níveis séricos refletem a resposta ao tratamento ou a evolução
clínica em muitas doenças.
Apresente os fatores que interferem nos valores de PCR e nos valores de VHS (alterando seus resultados), e que podem levar a
possíveis erros de interpretação.
VHS: hematócrito, hemoglobina, saturação de transferrina, ferro sérico, anemias, policitemia, esferocitose,
macrocitose.
PCR: o nível de resposta inflamatória e a fase da doença
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Qual a importância da dosagem ultrassensível de PCR num paciente com infarto agudo do miocárdio?
A dosagem de PCR us é um exame, sobretudo, de grande importância para predição do risco cardiovascular. Nesse caso, o Infarto
Agudo do Miocárdio está associado a extensa resposta inflamatória devido a ativação leucocitária gerada por lesão tecidual, LDL
oxidada ou agentes infecciosos. Tem sido demonstrado que a PCR aumenta a expressão do fator tecidual (efeito procoagulante), de
moléculas de adesão, liga-se à lipoproteínas plasmáticas e ativa o sistema complemento in vitro e in vivo, presente na maioria das
células esponjosas (foam cells) das placas ateroscleróticas. Recentemente, Stefanadis e cols. demonstraram direta correlação entre
aumento da temperatura da placa e níveis mais altos de PCR-t e proteína sérica amilóide em pacientes com síndromes coronarianas
agudas.
A dosagem contínua dos valores de PCR em casos de sepse é crucial a determinação e monitoramento do tratamento, avaliando a
resposta do indivíduo a medicação, já a determinação de um valor isolado de PCR pode auxiliar no diagnóstico de sepse, na avaliação
da gravidade desse quadro e de seu prognóstico. Valores séricos mais elevados estão relacionados a pior prognóstico e a quadros
clínicos mais graves, como o choque séptico.
ANTICORPOS MONOCLONAIS
Os anticorpos monoclonais representaram um grande avanço para a medicina de hoje e se inserem em diversas áreas
de atuação. Cite 4 de suas aplicações práticas.
- Os anticorpos monoclonais podem ser aplicados como uma terapia de primeira linha para infecções virais, distúrbios
inflamatórios e neoplasias. Além disso, pode ser usado em casos de artrite reumatoide e em doenças autoimunes.
A técnica empregada na produção dos anticorpos monoclonais é uma importante especialidade da biotecnologia, que
demanda a utilização de dois tipos de linhagens celulares para a formação dos chamados hibridomas. Descreva as
etapas do processo de obtenção destes e a importância de cada tipo de célula utilizada na fusão. - Primeiramente, um
antígeno X é inoculado em um camundongo e são coletadas células do baço desse camundongo (os linfócitos B –
imunizados com o antígeno X). Em seguida, são separadas também células mielômicas (que são células com caracteres
neoplásicos sem a capacidade de produzir anticorpos). Após isso, ocorre uma seleção em meio HAT e só há o
crescimento de células fusionadas (linfócitos B + células mielômicas) formando os hibridomas. Ocorre uma triagem
quanto à presença do anticorpo anti-X e à expansão clonal positiva. Por último, os hibridomas começam a produzir
anticorpos monoclonais anti-X.
- As células mielômicas possuem características neoplásicas e capacidade de reprodução indefinida, mas não
produzem anticorpos.
- Já os linfócitos-B produzem anticorpos.
- Então, a fusão de ambas as linhagens dá origem aos hibridomas, com características neoplásicas de reprodução
constante e que produzem anticorpos.
Explique como é o mecanismo de atuação dos anticorpos monoclonais que permite sua ação em sítios específicos do
organismo para fins terapêuticos e cite 2 antígenos que podem funcionar como alvos.
- Os anticorpos monoclonais podem ser provenientes dos linfócitos B, que produzem anticorpos contra antígenos
específicos, é por isso que eles atuam em epítopos específicos. É por esse motivo que os hibridomas são altamente
específicos.
- O CD3 e as citocinas podem funcionar como alvos.
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Tópicos discutidos em última aula de revisão (17-09):
6. Motivos anti-vacina:
Informações erradas dispersas através da internet, pessoas veem uma doença que já foi erradicada e acreditam
que não precisam mais de vacina.
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AGRADECIMENTOS
O texto nessas 60 páginas aqui escrito é resultado de uma coletânea de diversos outros resumos e transcrições
coletados até hoje, aos anjos que os escreveram, aqui fica meu muito obrigada. <3
https://pebmed.com.br/novo-calendario-nacional-de-vacinacao-do-ministerio-da-saude-para-
2019/?fbclid=IwAR39V68oc1SyN-a2k-EVOI7-4Cfb4zvsaBa2EEpDp6y3qn7vU_-R6OInxgo
https://academiamedica.com.br/search?kw=sepse&type=articles
http://jararaca.ufsm.br/websites/imunologia/7120b8e7f0ef80f24b2af695fb21cf19.htm
https://pt.slideshare.net/gildocrispim/estrutura-e-funes-dos-anticorpos-para-alunos
Livros
Kaplan Imunnology and microbiology, lecture notes 2016.
Janeway, 8ª edição
Abbas, 8ª edição
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