Você está na página 1de 74

1

3- Introdução a imunologia

4- Órgãos linfoides

5- Células do Sistema Imune e inflamação

16- Imunossupressão

17- Resposta imune inata

26- Resposta imune adaptativa

45- Sistema complemento

48- Aspectos imunológicos do hemograma

50- Imunoglobulinas

57- Tipagem sanguínea

59- Anticorpos monoclonais

61- Sepse

64- Vacinas e imunização

71- VHS e PCR

2
INTRODUÇÃO A IMUNOLOGIA
Capítulo 1 – Janeway, Abbas, Kaplan immunology

IMUNIDADE: resistência a doenças, mais especificamente as RESPOSTA IMUNOLÓGICA: reação coordenada dessas células
infecciosas. e moléculas aos microrganismos infecciosos.

SISTEMA IMUNOLÓGICO: conjunto de células, tecidos e A função fisiológica do sistema imunológico é prevenir as
moléculas que medeiam a resistência às infecções. infecções e erradicar as infecções estabelecidas.

Em linhas gerais, o sistema imune é dividido em dois “braços”:

 Resposta imune inata: que está sempre imediatamente disponível para combater uma grande gama de patógenos, mas não
conduz a uma imunidade duradoura e não é específica para nenhum patógeno individual.
É composta por diversas barreiras:
Anatômicas (pele) Células: fagócitos e granulócitos
Fisiológicas (ph, citocinas) Inflamação
Sistema complemento

 Resposta imune adaptativa: desenvolvida durante a vida de um indivíduo como uma adaptação à infecção pelo patógeno. Em
muitos casos, também resulta em um fenômeno conhecido como memória imune, o que confere uma imunidade protetora
por toda a vida contra reinfecções pelo mesmo patógeno.
Componentes:
Linfócitos T e B e suas células efetoras

O patógeno causador das doenças pode ser:

 Patogênico: quando capaz de causar doença


 Virulento: mede o potencial de causar doença quando esse é aumentado.

O sistema imunológico cumpre sua função de proteger quando é regulado adequadamente, caso contrário pode ser o causador
da doença ora por falha na proteção (a exemplo de infecção), ora por imunopatologia.

Quase toda doença depende de 3 fatores:

1- Genético
2- Ambiental
3- Imunológico

FUNÇÕES DA RESPOSTA IMUNE

Reconhecimento imunológico: a presença de uma infecção Regulação da resposta: capacidade do sistema imune se
deve ser detectada através de células brancas do sistema autorregular para evitar doenças autoimunes e alergias.
imune inato e de linfócitos do sistema imune adquirido. Memória imunológica: proteção contra um patógeno que já
Efetuação da resposta: conter infecção e, se possível, eliminá- infectou o organismo.
la.

3
PRINCIPAIS PATÓGENOS

Vírus: é formado por um capsídeo com material genético disperso dentro, material que pode ser RNA ou DNA, em alguns
vírus temos presente o envelope viral (uma estrutura proteica que pode ter espículas). É necessariamente intracelular.
O combate ao vírus é feito por citotoxicidade:
Uma célula é atacada pelo vírus e expressa uma mudança na sua membrana. As
células de combate intracelular (células NK e/ou linfócitos T citotóxicos) conseguem
reconhecer essa estrutura, se ligam, e liberam substâncias citotóxicas (grânulos de
perforina) que fazem a lise da célula ou induzem à apoptose. Sem a célula o vírus vai
para o espaço extracelular, onde pode ser fagocitado pelo macrófago.
O macrófago participa captando os resíduos das células mortas.
O interferon é a principal citocina pró-inflamatória antiviral, liberada pela célula
infectada e pelas células NK.

Bactéria: consegue se reproduzir sozinha. É altamente infectiva, causando geralmente as doenças mais graves que vão
necessitar de fármacos para curar. As bactérias têm uma tendência por doenças mais invasivas, se houver facilidade ela
invade outros tecidos e a infecção generalizada é a sepse.
O combate à bactéria se dá por fagocitose, como isso acontece? Primeiramente os macrófagos percebem a presença,
atacam, fazem fagocitose se tornando macrófagos ativos e liberam citocinas pró-inflamatórias, fazendo o recrutamento
de células para o local, aumentando a inflamação e promovendo a diapedese de neutrófilos.

Para bactérias intracelulares, como micobactérias, ativam macrófagos que possuem enzimas líticas e superóxidos. Devido
a lesão do tecido causada pelas enzimas, ocorre a formação de cavitações.

Fungos: são organismos com parede celular, causam doença em situações oportunistas ou de acidente
o combate aos fungos se dá por fagocitose.

Protozoários: o sistema imunológico enfrenta bastante dificuldade combatendo-os sozinho, possui medicação. Os
principais que temos saber são T. cruzi, Trichomonas sp, Leishmania sp, Plasmodium sp.

Helmintos: sempre precisam de medicação.


O combate se dá por citotoxicidade: uma grande quantidade de eosinófilos se reúnem em torno do verme e liberam
grânulos citotóxicos . Mastócitos atuam liberando grânulos de histamina para aumentar a permeabilidade vascular.

4
TECIDOS (ÓRGÃOS) LINFOIDES

Tecidos organizados que contém um número grandes de células de defesa

ÓRGÃOS PRIMÁRIOS: LOCAL DE PRODUÇÃO E PREPARAÇÃO


MEDULA ÓSSEA
Produção das células brancas
Localizada no interior de ossos longos e chatos (esterno, vértebras, ossos ilíacos e
costelas)

TIMO
Localizado no mediastino anterior, posterior ao esterno

Atrofia na puberdade

Funções:

 PREPARAÇÃO / MATURAÇÃO das células de defesa


 SELEÇÃO dos Linfócitos T que irão circular, através da
identificação de células T com receptores autorreativos,
retirando-as da circulação
 EDUCAÇÃO dos Linfócitos T –timo informa a cél imunológica a
diferença de próprio x não próprio

ÓRGÃOS SECUNDÁRIOS: LOCAL ONDE AS CÉLULAS SE AGLOMERAM E AGEM – inicia a RI adaptativa

LINFONODOS
Funções:
 Filtram a linfa antes de chegar ao sangue
(FILTRO)
 Armazenam células de defesa (QUARTEL)
 Captação de microorganismos e substâncias
estranhas.
Maior concentração nas regiões de mucosa (genital, tto
resp, tto gti) pois é o local de maior entrada de
patógenos.

BAÇO
Funções:

 Reservatório de linfócitos B - polpa branca


 Hemocaterese (Destruição de hemácias) - polpa
vermelha
 Reservatório sanguíneo

5
MALT (Tecido Linfóide Associado à Mucosa)
É um reservatório celular

Os componentes do MALT muitas vezes são divididos nas seguintes


categorias:

 GALT: tecido linfóide associado ao trato gastrointestinal. Possui


as placas de Peyer no íleo. É um importante regulador do
crescimento bacteriano.
 BALT: tecido linfóide associado aos brônquios
 NALT: tecido linfóide associado ao nariz
 SALT: tecido linfóide associado à pele
 VALT: tecido linfóide associado aos vasos sangüíneos
 CALT: tecido linfóide associado ao olho (à conjuntiva)

SISTEMA LINFÁTICO
Rede extensa de capilares e amplos vasos que recebem líquido tecidual do corpo e transportam para o sistema
cardiovascular

Órgãos linfoides: linfonodos, tonsilas, o baço e o timo.

6
CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE

Tanto a R.I. inata quanto a R.I. adaptativa dependem de atividades dos leucócitos: originários da medula óssea, de células-
tronco hematopoiéticas (HSC). Quando maduras, essas células migram ora para os tecidos, ora para a corrente sanguínea
do sistema linfático, a linfa.

Os macrófagos e os neutrófilos são conhecidos como células inflamatórias. Como os macrófagos, os neutrófilos têm
receptores de superfície para constituintes bacterianos comuns e para o complemento, e são as principais células que
capturam e destroem os microrganismos invasores. O influxo de neutrófilos é logo seguido por aumento da entrada de
monócitos, que rapidamente se diferenciam em macrófagos, reforçando e mantendo a resposta imune inata.

7
A HSC dá origem a:

 linhagem linfoide
 linhagem mieloide (maioria das células do sistema imune inato)

-macrófagos, granulócitos, mastócitos e células dendríticas + megacariócitos e hemáceas

1. progenitoras imediatas de hemácias (série vermelha)

GRANULÓCITOS + MONÓCITOS + MACRÓFAGOS + CELULAS DENDRITICAS = fagócitos do sistema imune

LINHA MIELOIDE

2. MACRÓFAGO

Residem na maioria dos tecidos, onde se diferenciam Coordenar respostas imunes (induzem inflamação –
pré-requisito para a RI)
Monócitos maduros
Fazem quimiotaxia
Células de vida longa

FUNÇÃO:

Fagocitar microorganismos invasores

Participam da defesa de 1ª linha na RI inata

Participam da RI adaptativa descartando patógenos e


células infectadas

3. GRANULÓCITOS (LEUCÓCITOS POLIMORFONUCLEADOS)

Possuem grânulos muito corados no citoplasma e vida curta (dias).

Produzidos em maior quantidade na RI

TIPOS DE GRANULÓCITOS

NEUTRÓFILO *

Fazem fagocitose e digerem microorganismos com enzimas dos


grânulos, primeiras células de defesa a chegar no local. Atuam em
processos agudos (pus = morte de neutrófilos)

Citocina é liberada p infecção e endotélio expressa moléculas de adesão,


promovendo a diapedese de neutrófilos através de quimiotaxia.

8
EOSINÓFILO

Núcleo bilobado, atuam em processos alérgicos (2º) e parasitos (1º)

Possui granulos cintotoxicos

*macrófago e cél dendrítica trabalham promovendo cicatrização

BASÓFILO (no tecido, onde tem mto, chama-se MASTÓCITO)

Importantes nas defesas contra parasitos ou reações inflamatórias


alérgicas, contém grânulos de:

 histamina: vasodilatação (facilita diapedese)


 heparina: anticoagulante

MASTÓCITO

Sem precursor sanguíneo definido

Coordenam respostas alérgicas

Protegem superfícies internas

Possuem grânulos

Induzem inflamação

CÉLULAS DENDRÍTICAS (CÉLULAS APRESENTADORAS DE ANTÍGENOS)

Promovem iniciação da resposta de células T (Encontro com o patógeno induz a maturação de células T CD4 que ativam
linfócitos T). Apresentam em sua membrana: APC e moléculas coestimuladoras (estimulam prolif de linfócitos T).

Capturam resíduos da fagocitose e ingerem liquido extracelular (micropinocitose)

 Na pele se chamam Células de Langerhans


 No fígado, células de Kupffer

Células dendríticas foliculares: exposição dos Ag aos linfócitos B na exposição imunológica humoral.

9
LINHA LINFOIDE

Progenitor linfoide comum origina:

1. LINFÓCITOS ANTÍGENO-ESPECÍFICOS (RI ADAPTATIVA)

São os linfócitos em geral.

Os linfócitos tornam possível a produção de uma resposta imune contra qualquer


patógeno que nos seja apresentado ao longo da vida através de receptores de
antígeno altamente variáveis em sua superfície.

Cada linfócito tem uma variante única de um protótipo de receptor de antígeno.

Sem infecção, os linfócitos são somente células sem sinais distintos, com poucas
organelas e muita cromatina inativa.

Linfócitos virgens: ainda não ativados pelo antígeno.

Os linfócitos virgens circulam entre os órgãos linfoides periféricos a procura de Ag para


assim responder a ele. Se não foram ativados pelos Ag, os linfócitos virgens morrem
por apoptose e são substituídas por novas células, mantendo a homeostasia.

A diferenciação de linfócitos virgens em células efetoras e células de memória é


iniciada pelo reconhecimento do Ag.

Linfócitos efetores: linfócitos funcionais.

10
2 TIPOS DE LINFÓCITOS ANTÍGENO-ESPECÍFICOS

LINFÓCITO B LINFÓCITO T

Após a ligação do antígeno, o linfócito prolifera e se Após a ativação de uma célula T (contato com patógeno) ele
diferencia em células plasmáticas: forma efetiva do linfócito prolifera e se diferencia em um dos tipos de Linfócitos T
B e seus anticorpos produzidos. Efetores.
O antígeno que ativa uma célula B vira alvo dos anticorpos As funções das células T efetoras se dividem em 3 classes:
produzidos por sua progênie. 1. morte: linfócito T citotóxicos (CD8), matam célula infectada

 2. ativação: linfócito T auxiliar (CD4+) são auxiliares ajudam os


Imunoglobulinas: anticorpos
linfócitos B a produzirem Ac e as células fagocitárias a ingerir
Imunoglobulinas de membrana/superfície: receptores de
microrganismos)
antígeno dos linfócitos B

3.regulação: linfócitos T reguladores, suprimem atividade de
é o único capaz de produzir anticorpos (imunidade humoral)
outros linfócitos.
e estes ficam em sua membrana para o reconhecimento de
Ag e iniciam o processo de ativação das células.
Responsáveis pela imunidade celular uma vez que
reconhecem fragmentos peptídicos ligados a moléculas do
CD 19: linfócitos B do sangue
complexo maior de histocompatibilidade (MHC) presentes na
No tecido são chamados de plasmócitos, (NÃO fica no
superfície de células apresentadoras de Ag (APC).
sangue circulante), quando ativados e produzindo
anticorpos.
SD DE BRUTON: linfócito B não amadurece em plasmócito,
por essa razão pct não produz anticorpos. Afeta mais os
homens (ligada ao cromossomo X). PCt sobrevive com
reposição de imunoglobulinas).
Amadurece na medula, armazenados em órgãos linfoides Amadurecem no timo (os T precursores)

Os linfócitos B efetores permanecem nos órgãos linfoides e células T efetoras precisam localizar e eliminar os
não precisam ir aos locais de infecção, pois secretam microrganismos nos locais de infecção .
anticorpos na circulação

Célula efetora: plasmócito (secreta anticorpo) Células efetoras podem ser T CD4+ (células T auxiliares) e
produzirem proteínas (citocinas) que ativam as células B e
macrófagos, enquanto as células T CD8 + possuem
engrenagens para destruir as células infectadas.

11
CD: CONJUNTO DE DIFERENCIAÇÃO, são proteínas de diferenciação na membrana do linfócito, funcionando como
marcador de membrana

• CD3: todas as células que passam pelo timo recebem essa marcação
• CD4: linfócito T-helper (afetado pelo vírus da AIDS) = ORGANIZADOR
Principal ativador e organizador da resposta imunológica e grande produtor de citocinas
EX: ao encontrar antígeno a célula dendrítica o captura e leva ao TCD4 que percebe a existência de um helminto,
gerando a proliferação de eosinófilos.
1. Em pessoas saúdáveis: 1000 TCD4/mm3 de sangue
2.
HIV +: 600 TCD4/mm3 de sangue
3. AIDS: 200 TCD4/mm3 de sangue, por essa razão o pct HIV +precisa tomar antirretrovirais, ele tem o vírus
mas não a AIDS pq a medicação impede a multiplicação do vírus e a quantidade de linfócitos de maném
entre 500 e 600.
O paciente com AIDS, também se caracteriza por infecções oportunistas devido a deficiência imunológica!

 CD8: linfócito T-citotóxico


 CD19: são os linfócitos B do sangue
 Linfócito T regulador: são os linfócitos CD3, CD4 e CD25.
Suprime e regula a resposta imunológica através de citocinas supressoras, evitando doenças por hiperatividade
imunológica.
EX: meningite é causada por bactéria muito toxica que gera uma resposta imune muito forte na região, não dando
tempo de tratar o paciente.
 TCD45: Linfócito T de memória
Armazenados em linfonodos, promovem a melhoria da eficiência da resposta imune mediante apresentação a
patógenos.

12
2. LINFÓCITOS QUE RESPONDEM A INFECÇÃO (NÃO ANTÍGENO-ESPECÍFICO) (RI INATA)

CÉLULA NK

Célula grande com citoplasma granular distinto

Sua atividade é aumentada pela presenta de IFN alfa e beta.

Constitui de 10-15% dos linfócitos e pode reconhecer e matar algumas células anormais,
como células tumorais e células com herpes-vírus.

Também destroem as células infectadas, mas não expressam o receptor antigênico e


são componentes da imunidade inata (atacam rapidamente).

Possui citoplasma com grânulos citotóxicos (perforinas e granenzimas)

Células próprias possuem receptores de inibição da atividade de células NK


Células infectadas por vírus expressam receptores de ativação para célula NK

São citotóxicas através de degranulação, matando a


célula.

São ativadas por citocinas como o IFN gama.

Após a seleção de uma célula-alvo apropriada, as células


NK conseguem destruí-la por apoptose pela via do
receptor da morte ou pela via dependente dos grânulos
citotóxicos.
• As duas vias de apoptose - dependente do receptor da
morte ou dependente dos grânulos citotóxicos -
consistem na ativação de um grupo de proteases
(conhecidas como caspases) presentes dentro da célula-
alvo, que coordenam o desmantelamento interno das
estruturas celulares essenciais e, desse modo, levam a
célula à morte.

13
CÉLULAS DE MEMÓRIA
Durante o desenvolvimento de uma resposta imune, algumas células B e T são ativadas pelo antígeno, diferenciando-se
em células de memória, que são os linfócitos responsáveis pela imunidade de longa duração, que podem ser produzidas
após doença ou vacinação. As células de memória irão, prontamente, diferenciar-se em células efetoras em uma segunda
exposição a seu antígeno específico

São geradas a partir de linfócitos estimulados pelo Ag e sobrevivem por muito tempo mesmo na ausência do Ag.

A frequência das células de memória aumenta com a idade devido à exposição a microrganismos do meio ambiente.

Essas células são funcionalmente silenciosas (não apresentam função efetora a menos que sejam estimuladas pelo Ag). Quando
encontram o Ag que induziu seu desenvolvimento, respondem rapidamente (respostas imunológicas secundárias).

CÉLULAS APRESENTADORAS DE ANTÍGENO (APC): MACRÓFAGOS + CÉLULAS DENDRÍTICAS

Principal tipo celular é a célula dendrítica que captura os Ag proteicos dos patógenos que entram pelo epitélio (do TGI, trato
respiratório e boca) e os levam até os linfonodos para que haja o reconhecimento pelo linfócito T.

ETAPAS PARA INFECÇÃO:

ADESÃO INVASÃO PROLIFERAÇÃO

14
INFLAMAÇÃO
Patógeno infecta e gera inflamação: Reação do organismo à agressão por uma agente infeccioso, por desafio com o antígeno,
ou mesmo por uma lesão física.

CONSEQUÊNCIAS:
3. a inflamação aumenta o fluxo de linfa carregando microrganismos e APCs dos tecidos infectados aos
tecidos linfoides vizinhos, onde ativam os linfócitos e iniciam a resposta imune adaptativa
4. vasodilatação 7. aumento no fluxo sanguíneo
5. aumento na permeabilidade vascular 8. migração de leucócitos
6. acúmulo de plasma no tecido

SINAIS CARDEAIS DE INFLAMAÇÃO:

 Dor  Inchaço
 Calor  Edema
 Rubor

OBJETIVO DA INFLAMAÇÃO: Afluxo de células para contenção do microorganismo no local.

COMPONENTES QUE INICIAM A INFLAMAÇÃO:

 Citocinas (tnf, interleucinas, interferon)


Proteínas produzidas por uma célula que afetam o comportamento de outras células, meio de COMUNICAÇÃO entre
os componentes do Sistema Imune
São PROTEÍNAS SINALIZADORAS: fazem quimiotaxia

Fazem recrutamento e ativação de leucócitos

CÉLULAS PRODUTORAS:
 Macrófagos ativados  Células NK

 Quimiocinas
Proteínas secretadas que atuam como quimioatraentes, atraindo as células portadoras de receptores de quimiocinas,
como neutrófilos e monócitos, da corrente sanguínea para o tecido infectado

 Sistema complemento
Grupo de proteínas plasmáticas (aula específica mais a frente)

MEDIADORES INFLAMATÓRIOS

Compostos secretados por células ativadas e servem para ativar ou aumentar aspectos específicos da inflamação. Estes
compostos são ditos pró-inflamatórios.

15
Aqueles que atuam na vasodilatação e aumento na permeabilidade vascular:

 Histamina (liberada p mastócito)


Exerce seus efeitos fisiológicos através da interação com 3 diferentes tipos de receptores da célula-alvo:
- H1: contração da musculatura lisa dos brônquios, intestino e útero, e aumento da permeabilidade do capilar
venoso. Drogas anti-histamínicas bloqueiam estes receptores.

- H2: aumenta a secreção de ácido gástrico e de muco nas vias aéreas.

- H3: afeta principalmente a síntese da histamina e sua liberação.

 Bracidina (através do sistema das cininas)


 Neuropeptídios (exemplo: substancia P)
 Prostaglandinas

Aqueles que atuam na contração de músculo liso:


 C3a e C5a (anafilatoxinas)
 Peptídeos da degradação da fibrina

PAMPS= padrões moleculares associados aos patógenos


São moléculas simples e padrões de estruturas moleculares (como
oligossacarídeos ricos em manoses, peptideoglicanos e lipopolissacarideos)
característicos de patógeno que não existem nos receptores de células do
próprio organismo, reconhecidos por neutrófilos, macrófagos e células
dendríticas.
Receptores que reconhecem os PAMPS são chamados de PRR (receptores de
reconhecimento padrões), e detectam o que não é próprio do corpo, iniciando
a RI INATA E ADAPTATIVA.

TLR: TOLL LIKE RECEPTOR


São uma família de proteínas transmembrânicas de tipo I que formam uma parte
do sistema imunológico inato.
são os responsáveis do reconhecimento de várias vias de padrões de
reconhecimento de patógenos (PAMPs pathogen-associated molecular
patterns) expressados por um amplo espectro de agentes
infecciosos. Monócitos, macrófagos e neutrófilos fagocitam patógenos
microbianos e estimulam a resposta de citocinas dando como resultado o
desenvolvimento da imunidade inata ou natural, a resposta inflamatória e
medeiam a efetiva imunidade adaptativa. Sua função, em resumo, é o
reconhecimento do patógeno e a estimulação da resposta imunológica contra
agentes patológicos.

16
IMUNOSSUPRESSÃO
Pacientes chamados de imunodeprimidos, imunossuprimidos ou imunocomprometidos são pacientes que
apresentam um grau de comprometimento do sistema imunológico. Eles ficam mais expostos a situações que um sistema
imune normal conseguiria controlar. Grupos característicos de imunossupressão são:

 Crianças: principalmente abaixo dos dois anos de idade, são consideradas imunodeprimidas pois não tem sistema
imunológico maduro ainda, falta memória imunológica. Vacinamos as crianças quando recém-nascidas para que criem
memória imunológica, e consideramos que aos 4 anos já entraram em contato com os patógenos mais comuns e tem
seu sistema imune maduro.
Mesmo que tenham uma taxa proliferativa muito alta, suas células ainda não estão maduras e ainda não tem
células de memória imunológica. Destaca-se a importância do timo nessa fase.
• Idosos: idosos têm o que chamamos de imunosenescência, isso significa que o tem proliferação celular bem
diminuída. Na hora de mandar células para o local do patógeno e fazer o combate, o idoso manda mais “devagar” do
que o normal, e por isso passa mais tempo doente. o Tem memória imunológica, então não é esse o problema.
• Desnutrição: as imunoglobulinas precisam de precursores que vem da alimentação para serem formadas, como
proteínas, glicoproteínas e sais minerais (ferro, cálcio, magnésio e zinco). Além disso precisamos de aminoácidos na
medula óssea para formar as células. Então um paciente desnutrido vai ter seu sistema imunológico rebaixado, nesse
caso é necessário corrigir a alimentação.
• Gestantes: aqui a situação é fisiológica, como o feto possui 50% da carga genética do pai (MHC), ele é visto
como um organismo estranho. Dessa maneira o corpo da mãe fica fisiologicamente imunodeprimido para não rejeitar o
feto. Existe uma situação quando ocorre uma tempestade imunológica na mãe durante a gravidez: muita citocina é
liberada, a pressão arterial sobe (pré-eclâmpsia), e o parto se torna necessário.
• Transplantados: o paciente vai precisar tomar medicamento imunossupressor pelo resto da vida para que o
corpo não rejeite o transplante. A única situação que isso não é necessário é caso de um transplante entre gêmeos
idênticos por uma causa que não seja congênita.
• Diabéticos não compensados: o açúcar em excesso na corrente sanguínea danifica os receptores necessários
para que a diapedese aconteça, e sem esses receptores os leucócitos não conseguem atravessar e chegar ao local da
infecção para controlá-la, por esse problema de circulação o paciente está sempre tendo infecções de repetição.

• Pacientes com câncer: principalmente se recebem quimioterapia o O câncer sozinho já deixa o paciente
imunodeprimido, as células cancerosas se multiplicam muito e para isso drenam toda a energia do organismo, por esse
motivo pacientes com câncer emagrecem muito.
A imunossupressão piora quando associamos câncer com quimioterapia, essa tem como função destruir células com alta
multiplicação, atingindo também a medula óssea, tendo plaquetopenia e leucopenia.
Grau extremo de estresse: células do SNED (sistema neuroendócrino difuso) controlam o sistema imunológico, como a
hipófise a pineal.
• Pacientes que recebem medicamentos também são imunodeprimidos, é o caso das doenças autoimunes.
Em todos os casos comentados devemos ter um cuidado especial com processos invasivos, e monitorar aspectos
nutricionais e imunológicos.

O termo imunodeficiente é reservado para AIDS ou pacientes com imunodeficiência congênita, aqueles que não são
capazes de formar células T.

17
RESPOSTA IMUNE INATA
Proteção inicial contra as infecções capaz de bloquear a entrada de microrganismos e eliminar aqueles que conseguem
atingir os tecidos.
 Pronta/imediata
 Inespecífica, pois qualquer antígeno será atacado.
 Tem capacidade de diferenciar PRÓPRIO x NÃO PRÓPRIO e diferenciar BACT x VÍRUS
 É diferente de memória imunológica (não produz anticorpo)
 Primeiro mecanismo de defesa (através de FAGOCITOSE do patógeno)
 Ataca micróbios com a mesma intensidade, independentemente de quantas vezes já o combateu antes
 Não produz anticorpos, pois somente imunógeno pode induzir a produção de anticorpo, e o antígeno NEM
SEMPRE é imunógeno.

Antígeno: qualquer substância estranha ao corpo (não codificado pelo próprio DNA)

Imunógeno: substância que causa resposta imunológica completa (inata+adaptativa), levando a produção de anticorpo. (vacina
deve gerar resposta imunogênica para produzir anticorpo).

Tolerância imunológica: mecanismo de tolerância a certos antígenos (medicamentos, alimentos), não produzindo resposta
imunogênica.

Todo imunógeno é antígeno, mas nem todo antígeno é imunógeno!

O sistema imune combate patógeno de 2 formas principais:

1. Micróbios ganham acesso aos tecidos se as barreiras físicas são rompidas


2. Entram em contato com células fagocíticas (neutrófilos, acrofagos, células dendríticas) que produzem citocinas
e iniciam a resposta inflamatória

18
COMPONENTES DO SISTEMA IMUNE INATO:

1. A principal barreira são os epitélios da pele,


do TGI e do trato respiratório.
As células epiteliais desse epitélio podem
produzir alguns agentes antimicrobianos
como defensinas e interferons, ou conter
alguns linfócitos intraepiteliais

especializados chamados γβT cells.

BARREIRAS FÍSICAS:

PELE TRATO RESPIRATÓRIO TRATO DIGESTIVO

Barreira física: descamação Possui cílios para remover fisicamente o


micróbio

Barreira biológica: microorganismos Células fagocitárias Bactérias da flora competem com


patógenos.

Barreiras químicas: pH ácido, ácido lático, Saliva e mucosa possuem enzimas


lisozima, ácidos graxos insaturados. Ph ácido do estômago

*Vírus da gripe é citolítico: ele destrói as células do trato respiratório p/ conseguir adesão.
(esse tecido pode se renovar, mas demora + no idoso).
Se a coriza desce, ela leva o pneumococo junto (meio de cultura p/ bact.).
Coriza + pneumococo indo pro ouvido pode levar a otite média, indo para os seios, sinusite.

BARREIRAS FISIOLÓGICAS:

TEMPERATURA +citocinas alteram no hipotálamo a temperatura durante


inflamação: febre
PH a pele é acidificada, retardando crescimento de microorg.
QUÍMICAS Lisozimas nas secreções (lágrima, saliva, leite materno) podem
romper a parede de peptidoglicano
INTERFERONS IFN- α e IFN- β são interferons antivirais (inibem síntese
proteica – transiotiramente – nas células)

Tomar água pode evitar infecção bacteriana pois ao urinar mais, impede-se a ascendência da bactéria.

Em condições normais, bactéria não consegue ADERIR a mucosa para efetivar a infecção. (Atb de amplo espectro
destrói flora intestinal e deixa suscetível a inflecções).

In a nutshell: Inflamassomas são polímeros expressos em células mieloides como um sistema de sinalização e detecção de
patógenos e estressores. A ativação do inflamassoma resulta na produção de IL-1β e IL-18 (citocinas inflamatórias).

19
2. Células participantes da resposta imune INATA:

MACRÓFAGOS E NEUTRÓFILOS (COMBATENDO BACTÉRIA) CITOCINAS (COMUNICAÇÃO INTERCELULAR)

CÉLULAS NK (PARA VÍRUS) SISTEMA COMPLEMENTO

CÉLULAS DENDRÍTICAS (APRESENTADORAS DE ANTÍGENO) MOLÉCULAS CIRCULANTES (PROTEÍNA C REATIVA)

*lembrando que não participam Linfócitos pois não há produção de anticorpo.

As células fagocíticas são parte da primeira linha de defesa, reconhecem patógenos através de substâncias não próprias.

Receptores que identificam essas substâncias (PAMPs) são os PRR, pattern recognition receptors.

20
Os principais mecanismos para conter a infecção são:

 Fagócitos (macrófagos e neutrófilos) ingerem os microrganismos e os destroem pela produção de substâncias microbicidas
e, além disso, os macrófagos secretam citocinas que estimulam a inflamação e a resposta linfocitária (imunidade adquirida).

 Células NK matam as células infectadas por vírus e produzem a citocina ativadora de macrófagos (interferon-gama ou IFN-
γ).
 O sistema complemento auxilia na fagocitose por macrófagos e neutrófilos.
 A imunidade inata estimula a imunidade adquirida.

O macrófago é a célula mais importante em um primeiro momento, é ele que desencadeia a resposta imune inata.

*É pior viver sem macrófagos do que sem linfócitos, uma vez que sem os macrófagos não há resposta imune inata, precursora
da adaptativa na qual atuam os linfócitos.

21
COMO A RII DIFERENCIA BACTÉRIAS DE VÍRUS? (Voltar a pg 15)

Retomando conceitos:

 TLR: proteínas transmembrana, particulares de cada indivíduo, presentes na membrana citoplasmática das células de
defesa. Fazem a ativação de fatores de transcrição (incluindo NFkB) que resulta na transcrição de citocinas, moléculas
de adesão e enzimas.
TLR 2 ou 6: bactérias gram +
TLR 4: bactérias gram -
TLR 1 ou 2: parasitas
 PAMPs: padrões de estruturas moleculares característicos de patógeno, que constituem a parede celular. Essas
substancias caracterizam o patógeno e possibilitam seu reconhecimento.
BGP: peptideoglicano
BGN: LPS

R: As bactérias tem PAMPs, que serão reconhecidos por TLR - proteínas transmembrana que promovem sinais intracelulares –
cumulando na ativação celular com alta produção de citocinas pró-inflamatórias.

Em linhas gerais:

 Caso o patógeno seja extracelular, é combatido por células fagocíticas (macrófagos e neutrófilos) e o mecanismo aqui
é a fagocitose.
 Caso o patógeno seja intracelular, as células que combatem não as NK, inespecíficas para vírus.

22
O papel das citocinas na RII:

 recrutam e ativam leucócitos


 Produzem estímulo sistêmico
para produção de células
efetoras

Alguns exemplos de citocinas são:

Interferon (IFN)
 Células infectadas por vírus (ou macrófagos envolvidos na defesa) produzem IFN
 IFN bloqueia a disseminação dos vírus por inibição da síntese proteica e ativa as células NK
 Não é vírus-específica

Fator de necrose tumoral (TNF)


 Relacionado a intensidade da inflamação.
 Quanto mais TNF, maior as consequências sistêmicas da inflamação, podendo levar ao choque séptico.

23
PRINCIPAIS ALVOS CELULARES E
CITOCINA PRINCIPAL FONTE CELULAR EFEITOS BIOLÓGICOS
Fator de necrose tumoral Macrófagos, células T Células endoteliais: ativação (inflamação e coagulação)
(TNF) Neutrófilos: recrutamento e ativação
Hipotálamo: febre
Fígado: síntese de proteínas de fase aguda
Músculo, gordura: catabolismo (caquexia)
Muitos tipos celulares: apoptose
Interleucina-1 (IL-1) Macrófagos, células endoteliais, Células endoteliais: ativação (inflamação e coagulação)
algumas células epiteliais Neutrófilos: recrutamento
Hipotálamo: febre
Fígado: síntese de proteínas de fase aguda
Quimiocinas Macrófagos, células dendríticas, Leucócitos: aumento da afinidade da integrina, quimiotaxia, ativação
células endoteliais, linfócitos T, Neutrófilos: recrutamento
fibroblastos e plaquetas
Interleucina-12 (IL-12) Células dendríticas e macrófagos Células T e NK: produção de IFN-γ e aumento da atividade citotóxica
Células T: diferenciação de TH1
Interferon-γ (IFN-γ) Células NK e linfócitos T Ativação dos macrófagos
Estimulação de algumas respostas dos anticorpos
IFNs de tipo I (IFN-α, IFN-β) IFN-α: cels dendríticas e Todas as células: estado antiviral, aumento da expressão de MHC classe I
macrófagos Células NK: ativação
IFN- β: fibroblastos
Interleucia-10 (IL-10) Macrófagos, cels dendríticas e Macrófagos e cels dendríticas: inibição da produção de IL-12, redução da expressão
cels T de co-estimuladores e moléculas de MHC classe II
Interleucina-6 (IL-6) Macrófagos, cels endoteliais e Fígado: síntese de proteínas da fase aguda
cels T Células B: proliferação de células produtoras de anticorpos
Interleucina-15 (IL-15) Macrófagos Células T e NK: proliferação
Interleucina-18 (IL-18) Macrófagos Células T e NK: produção de IFN-γ

*não é importante saber especificamente para a prova (creio eu)

Resumo:

Os macrófagos que encontram os microrganismos nos locais de infecção produzem citocinas (fator de necrose tumoral – TNF
– e interleucina-1 – IL-1) que ativam as células endoteliais das vênulas próximas a produzir:

 selectinas (intermediárias na fraca ligação ao endotélio e no rolamento dos neutrófilos)


 ligantes para as integrinas (estimulam a forte adesão dos neutrófilos)
 e quimiocinas (ativam neutrófilos, estimulando sua migração por meio do endotélio para o local da infecção).

Os monócitos e os linfócitos T usam os mesmos mecanismos para migrar para os locais de infecção.

Os neutrófilos e os macrófagos usam vários tipos de receptores para reconhecer os microrganismos no sangue e nos tecidos
extravasculares e para iniciar as respostas que promovem a destruição dos patógenos, ou seja:

Os neutrófilos e macrófagos apresentam inúmeros tipos de receptores para que ocorra a ligação dos microrganismos. Assim,
o processo de revestimento dos microrganismos para o reconhecimento eficiente pelas células fagocitárias é OPSONIZAÇÃO.

24
Os neutrófilos e os macrófagos ingerem (fagocitam) patógenos e destroem os microrganismos ingeridos em vesículas
intracelulares.

A fagocitose é iniciada com os receptores da membrana se ligando ao microrganismo e, assim, o fagócito estende sua
membrana em torno deste. A membrana se fecha e a partícula é internalizada em uma vesícula ligada a membrana (fagossoma).
Esses se fundem com lisossomas, formando os fagolisossomas.

O receptor no momento que entra em contato com o microrganismo manda sinais que ativam enzimas no fagolisossoma,
como, por exemplo, a oxidase fagocitária que converte oxigênio em ânion superóxido e radicais livres.

Essas substâncias são chamadas de intermediários reativos do oxigênio (IROs), sendo tóxicas para os microrganismos ingeridos.
Outra enzima (óxido nítrico sintase induzida) catalisa a conversão da arginina em óxido nítrico (NO) que também é microbicida.
Outras enzimas são as proteases lisossômicas que quebram proteínas microbianas. Essas enzimas agem nos microrganismos
ingeridos, sem prejudicar o fagócito.

Além da destruição dos microrganismos fagocitados, os macrófagos produzem citocinas que recrutam e ativam leucócitos,
secretam fatores de crescimento e enzimas que remodelam tecidos danificados (substitui por tecido conjuntivo), estimulam
linfócitos T e aumentam imunidade adquirida e respondem aos produtos das células T, funcionando como células efetoras da
imunidade celular

RESULTADO:

A resposta imunológica inata gera moléculas que funcionam como “segundos sinais” que, junto com os Ag, ativam os linfócitos
T e B: a ativação completa dos linfócitos necessita de dois sinais. O primeiro é o contato com o próprio Ag e o segundo pode
ser fornecido por microrganismos, respostas imunológicas inatas aos patógenos e dano às células do hospedeiro pelos
microrganismos. Essa necessidade do segundo sinal ser dependente do patógeno garante que os linfócitos respondam a
agentes infecciosos e não a substâncias inofensivas.

Em vacinações, além do Ag é necessário também que se induza substâncias (adjuvantes) que desencadeiam as reações
imunológicas inatas que o patógeno em si desencadearia.

Ex: Os microrganismos (ou o IFN-γ produzido pelo NK em resposta aos patógenos) estimulam as células dendríticas e os
macrófagos a produzirem co-estimuladores (moléculas de superfície que se ligam a receptores nas células T virgens e ativam-
nas) e a citocina IL-12 (estimula a diferenciação das células T virgens em células efetoras) que funcionam como segundos sinais.

Ex2: os patógenos do sangue ativam o sistema do complemento pela via alternativa e a proteína C3d produzida durante a
ativação se liga ao microrganismo. Quando os linfócitos B reconhecem os Ag e o C3d, inicia-se o processo de diferenciação
das células secretoras de Ac.

25
RESPOSTA IMUNE ADAPTATIVA

 Preparada  Capaz de produzir memória imunológica


 Específica (Discrimina entre próprio e não-próprio)  Apresenta especificidade antigênica
 Mais lenta que a inata  Dirigida principalmente a Ag protéicos

Células participantes

APC ou células apresentadoras de Linfócitos T Linfócitos B


antígeno (macrófagos e cel dendríticas)

Lembrando que existem tipos de linfócitos (B, T, TDC4 e Tcitotóxicos (os TCD8) e NK cells)

*cada linfócito tem um conjunto de proteínas em sua membrana, os chamados CLUSTERS, diferenciando-os = CD.

Início: quando antígeno encontra o TCR complementar

Mas a RIA é iniciada pela Resposta Imune Inata

1º encontro antígeno + linfócito T CD4 (T cell receptor)

1. antígeno é capturado por célula apresentadora de antígeno (APC), que pode ser um macrófago ou uma célula
dendrítica.
2. Célula vai ao sistema linfático em busca de um linfócito T helper (CD4), localizados nos linfonodos.
3. O linfócito T helper tem na membrana o TCR complementar, que é complementar a um antígeno específico,
característica adquirida evolutivamente.
*nascemos com milhões de TDC4 com 1 TCR específico para cada antígeno. O escontro do TCR e TCR complementar
demora em torno de 3 dias.
4. Após o encontro, o TCD4 NAIVE (virgem ou não ativado) sofre uma expansão clonal (sucessivas mitoses).

Com alguns minutos de iniciação da resposta aguda


inflamatória, as APC que fagocitaram e processaram o
antígeno invasor começam a migrar para os vasos
linfáticos.

Importância da apresentação: quando a APC apresenta


o antígeno para o T helper, de alguma forma ele irá
definir se é virus, bacteria ou helminto e produzir uma
resposta diferente para cada tipo de patógeno,
produzindo uma resposta mais específica e eficiente.

26
O que acontece caso o TCR não encontre um TCR complementar nos TCD4?

 Portugues chegaram ao brasil e trouxeram o vírus da gripe, gerando mortes pois os índios não haviam tido contato
com aquele tipo de TCR.
 Virus H1N1: não houve TCR complementar e não produziu Resposta Imune Adaptativa (RIA).

Pode ocorrer rearranjo do TCR em alguns indivíduos, gerando a resposta imune.

2º encontro antígeno + linfócito TCD4

Características:

Resposta muito mais rápida pois há memória imunológica, e essa rapides impede a proliferação do patógeno.

Resposta mais potente, pois ocorre a Resposta Imune Secundária

*Pq criança faz muita infecção? Pois há muita resposta imune PRIMÁRIA.

TIPOS DE RESPOSTA IMUNE

As citocinas diferenciam a resposta imune em dois caminhos:

1. Humoral: mediada por anticorpos (Ac)/ linfócitos B

Linfócitos TCD4 ativam os linfócitos B que se diferenciam em plasmócitos, formando anticorpos que possuem efetividade no
combate aos agentes infecciosos.

 Há participação so SISTEMA COMPLEMENTO (ativação pela via clássica) e de anticorpos de faseaguda (IgM)

2. Celular: mediada por linfócito T

OS anticorpos não tem acesso aos micróbios intracelulares, por essa razão agem os Linf TCD4 que ativam os TCD8.

TCD4: ativam macrófagos para destruir patógenos e outras células

TCD8: possuem citotoxidade específica para um vírus x.

A citotoxidade que é produzida pela ativação dos linfocitos TCD8 pode ocorrer pela lise da célula ou por indução da
apoptose.

EXPLICANDO: Os linfócitos B e T diferem em relação aos Ag que reconhecem.

 Linfócitos B: seus receptores são os anticorpos ligados à membrana que reconhecem diferentes macromoléculas (proteínas,
polissacarídios, lipídios e ácidos nucleicos) e até mesmo pequenas substâncias químicas. Respostas humorais geradas contra

vários tipos de Ag da membrana celular dos microrganismos e Ag solúveis.


 Linfócitos T: reconhecem apenas fragmentos peptídicos de Ag protéicos e somente quando são apresentados por moléculas

especializadas nas cels do hospedeiro (MHC)

27
RESPOSTA IMUNE PRIMÁRIA

 Primeiro contato com um antígeno


 5 a 7 dias para aumentar numero de anticorpos ou de linfocitos TCD8
 Pico de anticorpos com cerca de 14 dias

RESPOSTA IMUNE SECUNDÁRIA

 Já existem linfocitos de memoria, responsáveis pela RI secundária


 1 a 2 dias para aumentar anticorpos (patógeno extracel) ou linfocitos TCD8 (patogeno intracel).
 Maior intensidade e maior duração

28
Etapas da resposta imune adaptativa

1. RECONHECIMENTO DO AG:
os Ag são capturados pelas células dendríticas que os levam até os linfonodos para que seja possível expor em sua superfície

peptídios ligados a MHC para reconhecimento dos linfócitos T virgens, iniciando sua resposta. Os linfócitos B podem
reconhecer Ag protéicos e não-protéicos. Quando as células T virgens são ativadas para expressar co-estimuladores e secretar
citocinas, elas estimulam a proliferação e diferenciação dos linfócitos T.
2. ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T :

Imunidade mediada por célula e eliminação dos microrganismos associados a células: à medida que as células T virgens são
ativadas, secretam citocinas e fatores de crescimento e respondem a outras citocinas liberadas pelas APCs. A combinação de
sinais (Ag, co-estimuladores e citocinas) estimula a proliferação de células T e sua diferenciação a células T efetoras.

 Células T CD4+ virgens  células T auxiliares (produzem citocinas e expressam moléculas de superfície que se ligam
a receptores nas células B e em macrófagos, promovendo a produção de anticorpos ou a morte dos microrganismos
ingeridos pelos macrófagos).
 Células T CD8+ virgens  células citolíticas – CTLs (matam as células com microrganismos em seu citoplasma)

3. ELIMINAÇÃO DO AG:
Imunidade humoral – ativação dos linfócitos B e eliminação dos microrganismos extracelulares

na ativação, os linfócitos B proliferam e se diferenciam em células plasmáticas que secretam casses de anticorpos com
diferentes funções. Ag polissacarídicos e lipídicos apresentam determinantes antigênicos (epítopos) que podem ocupar
moléculas receptoras em cada célula B. Ag protéicos necessitam da ajuda de células T CD4 + para ligar-se ao receptor

antigênico. Assim, as células B ingerem os Ag protéicos, os degradam e expõe peptídios ligados às moléculas de MHC para
o reconhecimento de células T auxiliares, estas que expressam citocinas e proteínas e superfície celular, as qu ais trabalham
juntas para ativas as células B. Muitos dos clones das células B se diferenciam em células produtoras de anticorpos que têm

os mesmos sítios de ligação ao Ag. Polissacarídeos e lipídios estimulam a secreção de imunoglobulinas M, enquanto os A g
protéicos estimulam a secreção de imunoglobulinas de classes G, A e E. Produção de diferentes Ac com a mesma
especificidade (mudança de classe de cadeia pesada – isotipo) confere plasticidade na resposta do Ac, fazendo com que esse
tenha várias funções. As células T auxiliares estimulam produção de Ac com grande afinidade aos Ag (maturação da afinidade)
aumenta a qualidade da resposta imunológica humoral. Os microrganismos recobertos com Ac (opsonizados) são alvos para
a fagocitose porque os fagócitos expressam receptores para os Ac. Além disso, os Ac ativam o sistema complemento que

promove a fagocitose e destruição dos microrganismos.


4. DECLÍNIO DA RESPOSTA IMUNE E DA MEMÓRIA IMUNOLÓGICA (VIA LINFÓCITO T REGULADOR)
a maioria dos linfócitos efetores induzidos por um patógeno infeccioso morre por apoptose depois que o microrganismo é
eliminado, mantendo a homeostasia. Porém, a ativação inicial também gera células de memória de vida longa que podem

sobreviver por anos após a infecção, respondendo de modo mais rápido e eficaz contra esses Ag em uma próxima infecção
(objetivo da vacinação).

5. MEMÓRIA.

Gerada após formação de linfócitos de memoria, que ficam armazenados nos linfonodos e aumentam a disponibilidade de
TCR. Cada encontro com o patógeno gera mais células de memória.

29
30
TÓPICOS DISCUTIDOS EM SALA:

Infecção intestinal VS intoxicação alimentar


A primeira pergunta que você deve fazer para um paciente que chega com quadro de diarreia agudo no OS é: o que e
quando ele comeu por último.
A infecção demora mais para ter quadro sintomatológico do que a intoxicação, então se a resposta for “ontem”
provavelmente seja infecção
Se a resposta for “hoje” provavelmente seja intoxicação.
A pergunta importante que vai ajudar a definir isso é se o paciente tem febre, pois febre é indicativo de infecção.

Se o paciente chegou com diarreia, temos de pensar que o organismo pretende eliminar o patógeno, sendo assim não
devemos dar medicamentos que tentem melhorar o sintoma da diarreia, pois pioraria a infecção. Deve-se apenas garantir
que o paciente permaneça hidratado.

A respeito dos antibióticos, se você medica um paciente com intoxicação alimentar com antibióticos, você não estará
ajudando, porque a intoxicação é limitada, é uma resposta adaptativa inata à toxina ingerida e em questão de 24 horas
ele estará sem sintomas. Entretanto, um paciente com infecção intestinal deve ser medicado com antibióticos.
Infecção urinária de repetição
Em pacientes com infecção urinária de repetição, o que o paciente deve fazer?
Bastante xixi, pois o xixi ajuda na limpeza do canal, impedindo que uma bactéria que fica no meato urinário suba até a
bexiga que é estéril.
O que o paciente não deve fazer? Reter urina, pois ao reter a urina vamos estender a bexiga e encurtar o canal, facilitando
a adesão da bactéria.
Pq a Resposta imune adaptativa demora mais?
Pois demora para encontrar nos linfonodos um TCR complementar, pq está só em alguns deles. Quando encontra temos
a chamada expansão clonal e aí temos a RI adaptativa.
*Esse encontro com os TCR é mais demorado do que a expansão.

Em alguns casos o paciente fica doente não importando quantas vezes ele já contraiu a doença, a que se deve isso?
Isso se deve à potencialidade do patógeno, ele não respeita o sistema imunológico. Outra situação é a da vacina do
tétano, que deve ser repetida a cada dez anos, nesse caso os linfócitos T de memória desapareceram e temos que repor.

antígeno X imunógeno

antígeno: é toda substância que ao entrar no organismo é capaz de se ligar a um anticorpo ou a um receptor de células B.

imunógeno: é tudo que desencadeia uma resposta imune específica contra eles. Ou seja, todo imunógeno é um antígeno, mas
nem todo antígeno é um imunógeno.

31
Esquema importante a ser entendido!

32
RESUMO DE RESPOSTA IMUNE- TUDO O QUE FOI VISTO, AGORA JUNTANDO:

ARTIGO-BASE: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962004000600002

A resposta imune tem papel fundamental na defesa contra agentes infecciosos e se constitui no principal impedimento
para a ocorrência de infecções disseminadas, habitualmente associadas com alto índice de mortalidade. É também
conhecido o fato de que, para a quase-totalidade das doenças infecciosas, o número de indivíduos expostos à infecção
é bem superior ao dos que apresentam doença, indicando que a maioria das pessoas tem condições de destruir esses
microorganismos e impedir a progressão da infecção. Em contraste, as deficiências imunológicas, sejam da imunidade
inata (disfunções de células fagocíticas e deficiência de complemento) ou da imunidade adaptativa (deficiência de
produção de anticorpos ou deficiência da função de células T), são fortemente associadas com aumento de
susceptibilidade a infecções.1

Embora a resposta imune seja fundamental para a defesa contra a maioria de agentes infectantes, têm sido acumuladas
nos últimos anos evidências de que em muitas doenças infecciosas os principais aspectos patológicos não estão
relacionados com uma ação direta do agente agressor, mas sim com uma resposta imune anormal. Em muitas dessas
situações existe uma reação de hipersensibilidade com resposta imune exagerada e não modulada que tem como
conseqüência dano tecidual. Em outros casos, agentes infecciosos, seja por mimetizar antígenos próprios, por induzir
proliferação de células auto-reativas ou por aumentar nas células infectadas a expressão de moléculas de MHC e
moléculas co-estimulatórias, podem desencadear doenças auto-imunes.2

O conhecimento de que diferentes tipos de micróbios são combatidos por diferentes componentes da resposta imune
data do início dos anos 50, quando ficou documentada a importância dos anticorpos na destruição de bactérias
extracelulares. Embora isoladamente os anticorpos por si só não tenham a capacidade de destruir bactérias, anticorpos
podem neutralizar os microorganismos, impedindo sua ligação com o tecido do hospedeiro. Adicionalmente, em
associação com o complemento, os anticorpos podem lisar bactérias e funcionar como opsoninas, facilitando a
fagocitose. Os neutrófilos, eosinófilos e macrófagos exercem sua ação microbicida de forma mais ampla contra vários
tipos de agentes e são células importantíssimas para a defesa do hospedeiro. A documentação de que células fagocíticas
expressam em sua membrana receptores como o toll-like receptor (TLR), que se ligam especificamente a padrões
moleculares existentes em diversos agentes infectantes, 3 torna impróprio denominar inespecífica a resposta imune inata.
Os neutrófilos têm ação microbicida fundamental contra bactérias; os macrófagos são células importantes na defesa
contra agentes intracelulares (protozoários e bactérias intracelulares); e os eosinófilos, não tanto pela atividade fagocítica,
mas pela atividade citotóxica contra helmintos. A resposta mediada pelas células T é extremamente efetiva no mecanismo
de defesa contra agentes intracelulares, como vírus, protozoários, fungos e bactérias intracelulares. As células T podem
exercer sua função através da citotoxicidade mediada por células CD8+ ou através da secreção de citocinas que vão
ativar macrófagos para destruir os agentes intracelulares. Outros elementos que podem participar do processo de defesa
contra agentes infecciosos incluem o queratinócito e a célula de Langerhans, já que muitas vezes a pele é invadida por
diversos microorganismos. Os queratinócitos possuem a capacidade de secretar inúmeras citocinas, dessa maneira
ativando e recrutando células inflamatórias e linfócitos para a pele. 4 A célula de Langerhans, por sua vez, exerce o papel
fundamental de vigilante do território cutâneo, fagocitando desde partículas protéicas inanimadas até vírus, bactérias ou
qualquer outro microorganismo invasor. Após a fagocitose a célula de Langerhans migra para o linfonodo regional a fim
de realizar a apresentação antigênica aos linfócitos, dando início ao desenvolvimento de imunidade específica protetora,
tolerância ou hipersensibilidade. 5

33
Se de um lado já eram conhecidas as células e os mediadores envolvidos nas defesas dos humanos, só recentemente foi
documentado o fato de que a população de células TCD4+ (T helper) é heterogênea, sendo constituída de duas
subpopulações: as células Th1 e Th2. 6 Essa observação tem contribuído bastante para o entendimento da
imunopatogênese da maioria das doenças infecciosas. A figura 1 mostra a dicotomia das células TCD4+ e os mediadores
por elas produzidos.

É fundamental o entendimento de que tanto a resposta Th1 como a resposta Th2 são importantes na defesa do
hospedeiro contra as infecções. A resposta Th1 está relacionada com a defesa contra protozoários, bactérias intracelulares
e vírus, enquanto a resposta Th2 é mais efetiva contra os helmintos e bactérias extracelulares. Essas respostas são também
antagônicas, desde que o IFN-g modula negativamente a resposta Th2, e a IL-4 e a IL-10 modulam negativamente a
resposta Th1, o que permite uma homeostasia no sistema imune e uma resposta imunológica balanceada.
Adicionalmente, as células regulatórias da resposta imune que expressam as moléculas CD4 e CD25 (Tr) e produzem IL-
10 e/ou TGF-b (Tr1 ou Th3) estão envolvidas em modular a resposta imune, impedindo ou diminuindo as conseqüências
das reações de hipersensibilidade e das doenças auto-imunes.7

1. RESPOSTA IMUNE CONTRA BACTÉRIAS

As bactérias são os microorganismos que mais freqüentemente causam infecções no homem. Tanto as barreiras naturais
contra os agentes infectantes, como a imunidade inata e a adaptativa participam do mecanismo de defesa contra as
bactérias.

1.1. Bactérias Intracelulares

A característica principal é a capacidade de sobreviver dentro dos macrófagos, tendo como exemplos o M. tuberculosis,
o M. leprae e a L. monocitogenesis. A penetração no macrófago constitui também um mecanismo de escape do parasita
e, embora paradoxal, é também útil para o hospedeiro, desde que a ausência de penetração celular da bactéria poderia

34
induzir uma forte resposta inflamatória e um excessivo dano para o hospedeiro. Dentro dos macrófagos essas bactérias
podem estimular tanto as células TCD4+ através da expressão de antígeno associado ao MHC classe II, como também
células TCD8+ através da expressão de antígenos associados a moléculas do MHC classe I. A ativação de células TCD4+
leva à secreção de IFN-g, que ativa os macrófagos levando à produção aumentada de óxido nítrico (NO) e destruição da
bactéria. As células TCD8+ participam do mecanismo de defesa através da citotoxicidade, destruindo os macrófagos
infectados. No caso do M. tuberculosis, a despeito de haver imunidade protetora impedindo sua multiplicação, não existe
a eliminação completa do bacilo. Por essa razão indivíduos em uso de corticosteróides e portadores de HIV podem
desenvolver manifestações clínicas de tuberculose, a despeito de terem sido infectados há muito tempo e terem
persistido completamente assintomáticos. O papel da resposta imune celular no controle das infecções causadas por
micobactérias é bem demonstrado pela expansão dessas infecções com o advento da Aids.

Com referência à infecção causada por M. leprae, o espectro clínico da doença está intimamente ligado à resposta imune.
Nos pacientes com a forma tuberculóide existe uma forte resposta Th1, e a doença se caracteriza por destruição das
fibras nervosas em áreas específicas, levando ao aparecimento na pele de lesões localizadas e bem demarcadas, com
perda de sensibilidade térmica e dolorosa. Na ausência de uma resposta Th1, ocorre disseminação do bacilo, levando ao
quadro da hanseníase virchowiana. Nesse caso os macrófagos estão repletos de parasita e há escassez de linfócitos na
lesão. As formas borderlines, também conhecidas como dimorfas, representam um padrão clínico e imunológico de
resposta intermediária.8

A importância da resposta imune na hanseníase não se restringe à determinação do espectro clínico; no decorrer da
doença ou muitas vezes após início do tratamento alguns pacientes podem apresentar manifestações clínicas agudas
secundárias à liberação de antígenos e a reações de hipersensibilidade. Essas manifestações, também denominadas
reações, são representadas pelo eritema nodoso hansênico (ENH) e pela reação reversa (RR). O ENH é uma resposta
inflamatória sistêmica associada a altas concentrações de TNF-a e à deposição de imunocomplexos, com infiltração de
neutrófilos e ativação de complemento, comprometendo vários órgãos. 9,10 A imunopatogênese do ENH é bastante
complexa: têm sido demonstrados no soro dos pacientes altos níveis circulantes de IL-1 e TNF-a,11,12 enquanto um
aumento tecidual na expressão de RNA mensageiro para IL-6, IL-8 e IL-10 indica resposta Th2;10,13 além disso, é
documentada a presença da enzima óxido nítrico sintase induzível (iNOS) nos neutrófilos e de TNF-a e TGF-b nos
macrófagos das lesões.14 O ENH pode acompanhar-se de toxicidade sistêmica, sendo muitas vezes tratado com
corticosteróides ou drogas inibidoras do TNF-a, como a talidomida. Por outro lado, a RR desenvolve-se após o
aparecimento abrupto de um mecanismo de hipersensibilidade tardia contra frações antigênicas do M. leprae,
envolvendo participação ativa de linfócitos T com produção tecidual de citocinas Th1 (IL-2, IFN-g) e citocinas inflamatórias,
como TNF-a.13 As lesões apresentam-se infiltradas por linfócitos CD4+, com aumento da expressão de HLA-DR e do
receptor para IL-2 em células do infiltrado, assim como nos queratinócitos. 15

1.2. Bactérias Extracelulares

As infecções causadas por bactérias extracelulares são as mais freqüentes. Nesses casos os mecanismos de defesa estão
relacionados principalmente com as barreiras naturais do hospedeiro, a resposta imune inata e a produção de anticorpos.

A importância das barreiras naturais no combate às infecções bacterianas extracelulares é bem reconhecida. A
integridade da pele e das mucosas impede a aderência e a penetração de bactérias; o movimento mucociliar elimina
bactérias do trato respiratório; o pH ácido do estômago destrói bactérias que penetram pelo trato digestivo alto; e na

35
saliva e secreções prostáticas existem substâncias com atividade antimicrobiana. A quadro 1 detalha os principais
mecanismos de defesa contra bactérias extracelulares.

A participação da imunidade inata ocorre através das células fagocitárias, da ativação do sistema complemento pela via
alternativa e da produção de quimiocinas e citocinas. Adicionalmente a proteína C reativa (PCR), proteína de fase aguda
produzida principalmente por células hepáticas nas infecções bacterianas, exerce ação variada contra as bactérias. Ao
ligar-se aos fosfolipídios de membrana de algumas bactérias (por exempço, pneumococos) a PCR atua como opsonina,
facilitando a fagocitose por neutrófilos. A PCR tem também a capacidade de ativar o sistema complemento e também
estimula a síntese de TNF-a, a qual induz a síntese de NO e conseqüentemente a destruição de vários microorganismos.

O complemento exerce seu papel de defesa pela ativação do complexo de ataque à membrana (C5-C9) e facilitando a
opsonização através do componente C3b, que se liga à bactéria e interage em uma segunda etapa com um receptor
específico existente nas células fagocíticas. As deficiências do sistema complemento têm sido associadas com infecções
graves por Neisseria meningitidis e infecções disseminadas por Neisseria gonorheae.16

Todas as células da imunidade inata participam da defesa contra bactérias, embora seja enfatizado principalmente o
papel de neutrófilos e monócitos/macrófagos pela capacidade fagocítica dessas células. Os basófilos e mastócitos
ativados por fatores do sistema complemento, a exemplo do C5a, C3a e C4a, liberam mediadores que, juntamente com
as referidas proteínas do complemento, atraem leucócitos para o sítio de agressão e contribuem para a passagem dessas
células dos vasos para os tecidos, local onde está ocorrendo a agressão ao hospedeiro. Os eosinófilos, além da atividade
fagocítica, podem destruir microorganismos por meio da liberação de proteínas com atividade microbicida, tais como a
proteína básica principal e a proteína catiônica eosinofílica. Os neutrófilos e os macrófagos têm participação importante
na defesa contra esses agentes desde que as bactérias sejam susceptíveis a substâncias produzidas por essas células, a
exemplo do NO e do peróxido de hidrogênio. Existem também no interior dessas células, enzimas como a
mieloperoxidase e substâncias outras como a azurocidina, que possuem propriedade microbicida. Embora tanto os
neutrófilos como os macrófagos sejam células fagocíticas, essas células possuem características bem diferentes. Enquanto
os neutrófilos têm vida curta tanto no sangue como nos tecidos, os macrófagos têm sobrevida prolongada. Os neutrófilos
só são encontrados nos tecidos inflamados, enquanto os macrófagos concentram-se tanto em tecidos inflamados como
em tecido sadio. Durante a reação inflamatória os neutrófilos produzem secreção purulenta, enquanto os macrófagos

36
formam o granuloma. Os neutrófilos defendem principalmente contra as bactérias extracelulares, enquanto os
macrófagos são fundamentais para a eliminação dos agentes intracelulares que albergam.

As células da resposta imune são também as principais fontes de citocinas e quimiocinas no início das infecções, as quais
exercem sua ação tanto na fase inata como na adaptativa. As quimiocinas, devido a seu papel de atrair células para o
sítio da lesão, são muito importantes no processo de defesa do hospedeiro.17

Entre as várias citocinas que participam da defesa contra bactérias, tem sido dado destaque às citocinas pró-inflamatórias,
como o TNF-a, IL-1 e IL-6. Essas citocinas são produzidas nas fases iniciais da infecção e são responsáveis, por meio de
sua ação no hipotálamo, pelo aparecimento da febre que inibe a multiplicação bacteriana. Elas aumentam a expressão
das moléculas de adesão (seletina P e ICAM), facilitando a passagem de células de vaso para o sítio da infecção, e também
estimulam os neutrófilos e macrófagos a produzirem NO e a destruírem bactérias. Outras citocinas produzidas nas fases
iniciais da infecção interferem na resposta imune adaptativa. A IL-12, produzida por macrófagos, tem papel importante
na diferenciação de células Th0 para Th1,18 enquanto a IL-4, produzida por basófilos, mastócitos e macrófagos, estimula
a diferenciação de células Th0 para Th2, que vão colaborar com o linfócito B na produção de anticorpos, mais
especificamente, da IgE.19

A imunidade adaptativa, principalmente mediante os anticorpos, desempenha importante papel na defesa contra as
bactérias extracelulares. Os anticorpos podem exercer suas ações de três maneiras: 1) opsonização, 2) ativando o sistema
complemento, 3) promovendo a neutralização de bactérias ou de seus produtos.

Como as bactérias extracelulares são susceptíveis à destruião quando fagocitadas, elas desenvolvem, como mecanismo
de escape, substâncias que possuem atividade antifagocítica. Anticorpos dirigidos contra essas substâncias não só
impedem sua ação, mas facilitam a fagocitose, desde que neutrófilos e macrófagos possuam receptor para a porção FC
da imunoglobulina (opsonização). Os anticorpos também são coadjuvantes na destruição de bactérias por complemento,
ativando esse sistema pela via clássica. Por meio do mecanismo de neutralização, os anticorpos, principalmente a IgA,
podem ligar-se a bactérias e, com isso, impedir que as mesmas se fixem nas mucosas, como no trato intestinal e no trato
respiratório. Os anticorpos em muitas ocasiões ligam-se a toxinas produzidas por bactérias, como as toxinas tetânica e
diftérica, neutralizando a ação desses produtos.

A despeito da importância defensiva da resposta imune, a dificuldade em controlar a resposta inflamatória que se
desenvolve pode provocar dano nos próprios tecidos, muitas vezes limitado e sem maiores conseqüências para o
hospedeiro. Porém, eventualmente, infecções causadas por germes gram-negativos podem resultar em septicemia e
choque séptico, situação extremamente grave e associada com alta taxa de mortalidade. O choque séptico é
desencadeado por lipopolissacarídeos (LPS) presentes na parede bacteriana estimulando nos neutrófilos, macrófagos,
células endoteliais e músculos uma produção exacerbada de citocinas pró-inflamatórias (TNF-a, IL-1, IL-6, IL-8) e NO.
Como conseqüência, há diminuição do tônus muscular e do débito cardíaco, que resulta em hipotensão e má perfusão
tecidual, e finalmente morte celular. No entanto, a modulação dessa resposta exacerbada pode ser obtida. Assim, em
modelo experimental a administração concomitante de IL-10 e LPS protege camundongos da morte por choque séptico,
ao inibir a produção de IL-12 e síntese de IFN-g e TNF-a.20

37
2. RESPOSTA IMUNE NAS INFECÇÕES VIRAIS

A despeito dos múltiplos mecanismos de defesa contra os vírus, as doenças virais não só são comuns, como hoje
representam uma das mais importantes doenças infecciosas associadas com a mortalidade da população. A figura
2 mostra como os vírus são destruídos por meio da reposta imune inata. Na fase inicial das infecções virais, o controle
dessas infecções é feito pelos interferons tipo I (IFN-a e IFN-b), pelos macrófagos e pelas células NK. 21

Os interferons tipo I são produzidos por células infectadas por vírus e, ao interagir com uma célula não infectada, têm a
propriedade de protegê-la contra a infecção, além de colaborar com a resposta imune adaptativa. O IFN-g também atua
contra as infecções virais mediante a ativação dos macrófagos com destruição dos vírus e também das células NK (células
citotóxicas naturais), as quais, pela liberação de granzima e perfurina, destroem as células infectadas. Adicionalmente, a
IL-12 possui participação importante na fase inicial, sendo produzida por macrófagos e outras células apresentadoras de
antígenos, estimulando as células NK a exercer citotoxicidade e a produzir mais IFN-g, que por sua vez aumenta o
potencial microbicida dos macrófagos.

A imunidade adaptativa contra os antígenos virais ocorre com ativação de células TCD8+ que vão exercer citotoxicidade
pelo reconhecimento de antígenos virais via MHC classe I nas células alvo, e conseqüente liberação de granzima e de
perfurinas com lise das células infectadas e também dos vírus. Durante a resposta imune adaptativa há também ativação
das células TCD4+, que vão colaborar com as células B na produção de anticorpos. A despeito de os vírus serem agentes
intracelulares, os anticorpos têm papel importante no combate às infecções virais, desde que, por ocasião da propagação
da infecção viral, após multiplicarem-se em células infectadas, os vírus rompem essas células, ficando livres até a
penetração em outra célula. Nessa fase extracelular os anticorpos podem ligar-se aos vírus e, por meio do mecanismo
de neutralização, impedir que eles penetrem uma célula não infectada. Alternativamente, anticorpos podem ser
adjuvantes no mecanismo de citotoxicidade celular dependente de anticorpos, ao se ligar às células infectad as,
permitindo a ação das células NK. Em várias doenças, a exemplo de poliomielite, sarampo, hepatite B e varicela, o
anticorpo tem papel fundamental na proteção contra a infecção quando se trata de um hospedeiro previamente

38
sensibilizado, seja por uma infecção prévia ou por imunização. Isso porque, em indivíduos já sensibilizados, a presença
de anticorpos pode interceptar os vírus, impedindo sua ligação com a célula do hospedeiro.

Em virtude dos múltiplos mecanismos de defesa contra os vírus, grande parte das infecções virais é assintomática ou tem
uma apresentação subclínica com manifestações inespecíficas, como febre e rash cutâneo. Todavia, várias infecções virais
progridem, e dano tecidual importante pode ocorrer. A patologia associada à infecção viral pode estar relacionada com
um efeito citopático do vírus, reação de hipersensibilidade e fenômenos auto-imunes.

Em muitas infecções virais a destruição de célula acontece por mais de um desses mecanismos. Por exemplo, na infecção
pelo HIV e nas infecções pelo vírus B e vírus C da hepatite, a destruição da células infectada é mediada tanto pelo efeito
citopático do vírus como através de citotoxicidade por células NK e células CD8. Algumas infecções virais exemplificam
bem a ampla dimensão dos mecanismos de agressão tecidual que ocorrem no curso dessas infecções.

2.1. Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)

O HIV infecta predominantemente as células TCD4+, e a destruição dessas células pode ocorrer pelo efeito citopático
do vírus. Adicionalmente, existe um aumento da apoptose dessas células e, por expressarem antígenos virais no nível da
membrana, as células podem também ser destruídas por citotoxicidade mediada pela célula TCD8+, fenômeno que
também contribui para a redução das células CD4+. Sendo a célula TCD4+ uma das mais importantes na cooperação da
resposta imune, a diminuição numérica e a alteração de sua função levam a uma supressão da resposta imunológica.
Essa supressão está associada predominantemente com a diminuição de IL-2, IFN-g e TNF-a.22 Por essa razão, em
pacientes com Aids, as principais infecções oportunistas estão relacionadas a agentes intracelulares, tais como: M.
tuberculosis, P. carinii, citomegalovírus, C. albicans e criptosporidium. Como na infecção pelo HIV os linfócitos B de
memória estão funcionando, anticorpos são produzidos, e o mecanismo de defesa contra agentes extracelulares não é
prejudicado em grande escala. Essa ausência de maior susceptibilidade para infecções bacterianas extracelulares
observada em pacientes com Aids é, entretanto, observada em adultos nos quais o repertório de anticorpos produzido
por células B e dependente de células T já estava formado antes da infecção pelo HIV. Em crianças infectadas, como a

39
alteração do funcionamento das células TCD4+ é precoce, a cooperação celular é prejudicada, havendo também
anormalidade na síntese de anticorpos. Por esta razão, infecções por bactérias extracelulares são comuns em crianças
com HIV.

2.2. Vírus Linfocitotrópico de células T humanas (HTLV-1)

A infecção pelo HTLV-1 induz ativação e intensa proliferação celular dos linfócitos T infectados. Esse fenômeno relaciona-
se principalmente com a função do gene Tax do vírus que tem a propriedade de transativar os genes da IL-2, e do
receptor da IL-2. Essa proliferação anômala de células T pode levar ao aparecimento da leucemia de células T do adulto.
A proliferação indiscriminada de células pode provocar também a expansão de células T auto-reativas e secreção
acentuada de citocinas pró-inflamatórias como o TNFa. Essas anormalidades podem associar-se com lesão tecidual
cutânea e neurológica.23

Em virtude da forte ativação de células Th1 na infecção pelo HTLV-1, ocorre uma redução da produção de IL-4 e IL-5 e
diminuição da síntese da IgE e da ativação de mastócitos e eosinófilos, componentes da resposta protetora contra
helmintos. Assim, existe uma maior prevalência de esquistossomose e estrongiloidíase em pacientes infectados pelo
HTLV-1,24 podendo ocorrer disseminação da larva do S. stercoralis com aparecimento de formas graves de
estrongiloidíase.25

2.3. Papiloma vírus humano (HPV)

O HPV é um vírus DNA que, além de causar a verruga vulgar e o condiloma acuminado, está fortemente associado ao
desenvolvimento de neoplasia cervical e desenvolvimento de câncer de pele, principalmente em indivíduos
imunossuprimidos. O envolvimento do HPV com câncer de pele foi também demonstrado em pacientes com
epidermodisplasia verruciforme em que DNA viral foi detectado em lesões maculares. 26

A resposta imune contra o HPV de uma forma geral é mediada pela resposta imune celular a despeito de anticorpos da
classe IgG e IgA contra frações antigênicas serem encontrados no muco cervical de pacientes com neoplasia
cervical.27,28 Infiltrado inflamatório composto de macrófagos e células CD4+ é observado em condilomas que regridem
espontaneamente, e a resposta linfoproliferativa de células T CD4+ específica para o antígeno E2 demonstrou-se
associada à eliminação do HPV. Por outro lado, células CD8+ específicas para os antígenos E6 e E7 são encontradas em
pacientes com grandes lesões ou com tumor cervical. Além disso, diminuição da resposta tipo 1 com baixa produção de
IL-2, IFN-g e TNF-a é observada em pacientes com lesão intraepitelial de alto grau. 29

3. RESPOSTA IMUNE NAS INFECÇÕES CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS

As principais doenças causadas por protozoários no homem são as leishmanioses, doença de Chagas, malária,
toxoplasmose e amebíase. Os protozoários são agentes infecciosos intracelulares que habitualmente infectam o
hospedeiro por longo período de tempo, em virtude de possuir mecanismos que lhes permitem escapar das agressões
mediadas pelo sistema imune. De maneira adicional, as infecções por protozoários habitualmente só causam doença em
uma parcela dos indivíduos infectados, indicando que o sistema imune não permite, na maioria das vezes, a multiplicação
em grande escala dos protozoários e a disseminação da infecção, sem, porém, ter a capacidade de promover
esterilização. Dessa forma, esses agentes podem permanecer no hospedeiro por toda a vida, até sem cau sar doença, a

40
não ser que esse equilíbrio seja perdido por uma depressão imune ou pelo desencadeamento de uma resposta imunitária
exacerbada com inflamação tecidual.

Vários componentes da resposta imune inata participam do mecanismo de defesa contra os protozoários, mas esses
microorganismos escapam dessa defesa. 30 Embora in vitro as promastigotas de Leishmania sejam altamente sensíveis ao
complemento, as formas infectantes resistem a sua ação. O Tripanosoma cruzi, por sua vez, tem a propriedade de impedir
ativação do complemento, desde que se encubra com moléculas do hospedeiro como o fator acelerador da degradação
(DAF). As leishmanias são também susceptíveis à ação de neutrófilos, células com grande potencial de produzir peróxido
de hidrogênio e NO, mas que, ao penetrar o hospedeiro, infectam os macrófagos, livrando-se do ataque dos neutrófilos.
A resposta adaptativa contra os protozoários ocorre após a apresentação de antígenos por macrófagos e células
dendríticas, via MHC classe II para as células T. Como outras células podem ser infectadas, e os macrófagos e células
dendríticas também expressam moléculas de MHC classe I, nas infecções por protozoários há também ativação das
células TCD8+. O quadro 2 mostra os mecanismos imunológicos de defesa contra alguns protozoários de importância
clínica.

À exceção da Giardia lamblia, que pode causar infecção grave em pacientes com deficiência de produção de anticorpos,
a resposta imune celular é fundamental na defesa contra infecções causadas por protozoários.

Embora nas infecções causadas por agentes intracelulares uma resposta imune desviada para o pólo Th2 seja maléfica,
porque aumenta a susceptibilidade às infecções e permite a multiplicação e disseminação do parasito o conceito de que
uma potente resposta Th1 seja protetora deve ser visto com reserva. Em várias doenças causadas por protozoários,
existem evidências de que a resposta imune exacerbada está envolvida no dano tecidual: na amebíase é dependente da
ação de neutrófilos;31 na doença de Chagas é mediado por células CD4+ e CD8+; 32 uma maciça produção de TNF-a e

41
NO, documentada na patogenia da malária cerebral. 33 Esses fatos indicam que uma atuação equilibrada do sistema
imunológico é muito importante para a contenção do parasita sem destruição tecidual, fazendo com que, embora possa
continuar presente, o agente infectante não cause doença no homem.

A patogênese das diversas formas clínicas da leishmaniose exemplifica bem a importância da resposta Th1 tanto no
controle como na gênese da lesão tecidual. As formas clínicas mais comuns da leishmaniose são a leishmaniose
tegumentar (leishmaniose cutânea, leishmaniose mucosa e leishmaniose cutânea difusa) e a leishmaniose visceral.
O quadro 3 mostra a associação entre as diversas formas clínicas de leishmaniose, a espécie da Leishmania e a resposta
imune.

Após a inoculação da Leishmania na pele e invasão macrofágica, nos indivíduos que não têm a capacidade de produzir
IFN-g e ativar macrófagos, a Leishmania dissemina-se e, na dependência da espécie, causa a leishmaniose visceral ( L.
chagasi) ou a leishmaniose cutânea difusa (L. amazonensis). Nesses pacientes é fácil entender o desenvolvimento da
doença, pela deficiência de IFN-g e alta produção de IL-10. A restauração da resposta imune in vitro na leishmaniose
visceral pode ser observada pela neutralização de IL-10 ou pela adição de IL-12 às culturas de células mononucleares de
sangue periférico (CMSP).34

Atípico, entretanto, é o que ocorre na leishmaniose cutânea e na leishmaniose mucosa, situações nas quais existe um
forte desvio Th1 e, embora o número de parasitas no tecido seja escasso ou até ausente, há desenvolvimento de lesão.
CMSP de indivíduos com leishmaniose cutânea e leishmaniose mucosa estimuladas com antígeno
de Leishmania produzem grande quantidade de IFN-g, IL-2 e TNF-a, e pouca IL-10. Como habitualmente o sistema imune
não consegue destruir completamente as leishmanias, essa forte resposta Th1 termina por levar a ocorrência de uma
reação inflamatória muito intensa e a dano aos tecidos próprios, resultando no aparecimento de úlceras na pele e na
mucosa. Tem participação importante nesse dano tecidual a produção acentuada de TNF-a e de NO. Evidências de que
a resposta imune celular participa da patogenia da leishmaniose cutânea e leishmaniose mucosa incluem: 1) o tratamento
precoce da infecção não impede o aparecimento da lesão; 35 2) existência de forte reação inflamatória no tecido com
expressão aumentada de TNF-a, IFN-g e poucos parasitos na lesão;34,36 3) associação de antimonial com droga inibidora
de TNF-a cura pacientes com leishmaniose mucosa que são refratários ao tratamento com antimonial. 37

42
4. RESPOSTA IMUNE A FUNGOS

O principal mecanismo de defesa contra fungos é desenvolvido pelos fagócitos, que os destroem por meio da produção
de NO e de outros componentes secretados por essas células. Adicionalmente, há participação de IFN-g, aumentando a
função de neutrófilos e macrófagos, não havendo evidências de atividade citotóxica por células T CD8+. Portanto,
pacientes que apresentam neutropenia (menos de 500 neutrófilos/mm 3) ou que tenham deficiência da imunidade celular
cursam com freqüência com micoses recorrentes e ocasionalmente desenvolvem formas graves e profundas. 38

Embora um grande número de espécie de fungos possa causar doenças no homem, a maioria deles causa doença
limitada, sem maiores repercussões clínicas. Destacam-se entre os fungos que estão associados com morbidade no Brasil
a Candida albicans, o Criptococcus neoformans e o Paracoccidiodis braziliensis. Apesar de a infecção por C.
albicans causar habitualmente infecções leves e sem maiores conseqüências, pacientes infectados com HIV não
apresentam apenas alta prevalência da infecção por C. albicans, mas também envolvimento de esôfago, estômago e
intestino, sendo comuns infecções recorrentes. Em crianças que apresentam alteração na resposta imune celular e
distúrbios endócrinos múltiplos, o quadro raro de candidíase mucocutânea crônica é descrito. Nessas crianças observam-
se uma diminuição da resposta Th1 e lesões cutâneas, mucosas e ungueais graves. 39

A despeito de a candidíase vaginal ser extremamente freqüente e sem maiores conseqüências, cerca de 5% das mulheres
em idade reprodutiva apresentam um quadro de candidíase vaginal recorrente devido à ausência ou a baixos níveis de
IFN-g, que pode ser restaurada in vitro pela neutralização da IL-10.40 Embora não seja documentada uma resposta Th2
contra antígenos de C. albicans, a elevada freqüência de atopia nessas pacientes sugere que uma reação de
hipersensibilidade imediata a diversos antígenos pode participar da patogênese da doença, com alguns casos se
beneficiando de imunoterapia.41

O Criptococcus neoformans pode causar doenças pulmonares e comprometer o sistema nervoso central em pacientes
imunossuprimidos, e o P. braziliensis é o agente causal da blastomicose sul-americana. A blastomicose sul-americana
caracteriza-se por envolvimento de gânglios, mucosa bucal e do aparelho respiratório. Na maioria das pessoas infectadas
o agente é controlado, e o indivíduo fica completamente assintomático. Quando não se desenvolve uma resposta Th1
há disseminação do fungo com envolvimento de órgãos do sistema reticuloendotelial e do pulmão; nesse contexto o
papel da IL-4 parece importante, já que em modelo experimental a ausência dessa citocina protege contra doença
pulmonar grave.42

5. RESPOSTA IMUNOLÓGICA NAS INFECÇÕES POR HELMINTOS

Os mecanismos de resposta imune nas infecções helmínticas são múltiplos devido ao tamanho e à diversidade metabólica
dos parasitas, que são antigenicamente complexos. Um problema adicional é que os parasitas podem sobreviver por
muitos anos no hospedeiro, como resultado de mecanismos de escape, a exemplo do que acontece com o S. mansoni,
que se torna coberto por antígenos do hospedeiro, deixando de ser estranho para o sistema imunológico. 43

Embora o complemento e outros fatores da resposta imune natural possam contribuir para a defesa contra a infecção
por helmintos, a resposta imune específica com a produção de anticorpos e citocinas é importante. As células T CD4+
ou TCD8+ do tipo 2 são produtoras de citocinas como IL-4, IL-5 e IL-13 que, entre outras funções, induzem a produção

43
de IgE pelas células B e ativação de eosinófilos, mastócitos e basófilos, respectivamente, componentes fundamentais na
defesa contra helmintos.44 Anticorpos da classe IgE ligam-se aos basófilos circulantes ou mastócitos teciduais, induzindo
a liberação de histamina e outros mediadores da reação de hipersensibilidade imediata, que leva à destruição de
helmintos. A IgE produzida em altos níveis na resposta imunológica do tipo Th2 tem sido relacionada com defesa contra
reinfecção pelo S. mansoni.45 Eosinófilos têm também a capacidade de destruir os esquistossômulos e
o Strongyloides através do mecanismo de citotoxicidade celular dependente do anticorpo. 46 As células do tipo Th2 estão
associadas com a resistência à infecção não apenas do S. mansoni, mas dos helmintos intestinais, a exemplo do S.
stercoralis e A. lumbricoides. A IL-4 estimula a produção de IgE e, juntamente com a IL-13, a de mastócitos, resultando
em aumento da secreção de mediadores da inflamação, secreção de muco e aumento da contratilidade da musculatura
intestinal, facilitando a expulsão dos vermes adultos.47

Na fase aguda da esquistossomose as manifestações clínicas de febre, astenia, perda de peso, dor abdominal, diarréia e
tosse, além de complicações como pleurite e pericardite, são decorrentes da presença de TNF-a, IL-1 e IL-6, e também
da deposição de complexos imunes.48 A melhora da sintomatologia coincide com a produção de IL-10 induzida pelos
antígenos de ovos na fase crônica. 49 Nessa fase também ocorre secreção de IL-4, IL-5 e IL-13,50,51 que em modelos
experimentais participam da formação do granuloma e da fibrose hepática, e, portanto, da patogênese da
esquistossomose.

44
SISTEMA COMPLEMENTO

 É um conjunto de 35 proteínas circulantes no sangue ligadas à membrana


 Produção no fígado
 É um complemento a atividade dos anticorpos
 Age nas respostas imunes (inata e adpt) e na inflamatória
 é usado para atrair as células fagocitárias aos microrganismos, que então podem ser fagocitados. Além disso, a
ativação do complemento resulta na formação do complexo de ataque à membrana (MAC), que perfura os
microrganismos.

Os componentes agem como zimógenos (pró-enzima, um precursor enzimático inativo) ativando uma cascata enzimática, por
uma das 3 vias:

45
DESTRINCHANDO AS VIAS DE ATIVAÇÃO

Existem três vias de ativação do sistema complemento, mas todas resultam na formação da C3-convertase, complexos
enzimáticos que conseguem quebrar a proteína C3 em C3a e C3b.
• Via clássica
Ativação: complexo antígeno-anticorpo
Isso se dá porque duas porções Fc de dois anticorpos de classe IgG, ou uma porção Fc de anticorpo de classe IgM
(pentamérico) se ligam ao sistema complemento (C1q) ativando a via. Como essa via utiliza anticorpos, ela faz parte da
resposta imune adaptativa.
Componentes necessários a formação da C3-convertase: C1, C2 e C4.
• Via alternativa
Ativação: contato com qualquer parede estranha, não própria.
Por exemplo microrganismos (sem anticorpos) já ativam essa via. É muito reativa e um dos principais mecanismos da
resposta imune inata.
Formação da C3-convertase: C3b, fator B, fator D, fator P.
• Via das lectinas
Ativação: uma lectina plasmática
Lectinas são proteínas que se ligam a resíduos de açúcares, principalmente a manose, que é achada em paredes de
bactérias. Então ela é desencadeada pela ligação entre polissacarídeos presentes em microrganismos a proteínas
lectinas circulantes. MBL é a lectina ligadora de manose (mais comum). Também é um mecanismo da resposta imune
inata.
Formação da C3-convertase: C2 e C4

Todas as três vias vão convergir para um único momento → formação da C3-Convertase.
Essa enzima fará a quebra de C3 – que se liga a microrganismos, sendo capaz de ativar proteinas do complemento
presentes na superficie bacteriana -e com isso o sistema complemento é ativado e passa a ter uma via comum.

A quebra de C3 vai formar como produto:


• C3a: é um agente quimiotático, vai atrair para o local células (principalmente neutrófilos) e moléculas
necessárias, aumentando a inflamação. Ou seja, é pró-inflamatória e faz a inflamação por anafilotoxinas.
• C3b: se liga na superfície do patógeno e faz a opsonização.
Após a geração da C3b, nós temos a formação da C5-convertase, que vai fazer a quebra da C5 e com isso iniciar a
ativação da via terminal do sistema.
A quebra de C5 vai formar como produto:
• C5a: funciona igual a C3a, é pró-inflamatória e faz a inflamação por anafilotoxinas.
• C5b: vai culminar na formação do complexo de ataque de membrana (MAC). A C5b vai se ligar as proteínas C6
e C7, e esse complexo se insere na membrana celular do patógeno.
• C8 se liga a esse complexo, mas ainda não tem capacidade lítica o suficiente.
• C9 se liga a esse complexo, e agora ele está lítico o suficiente para formar o MAC.
O MAC (complexo de ataque a membrana), é capaz de formar um poro na membrana plasmática do patógeno,
formando um caminho livre para entrada e saída de água e íons, destruindo o equilíbrio hidroeletrolítico e levando a
lise.

46
Regulação da ativação do complemento
É mediada por proteínas circulantes e de membrana celular, e serve para evitar a ativação do sistema complemento
contra células do próprio organismo e para limitar a duração da ativação, pois os produtos da degradação das
proteínas do complemento podem se difundir para as células adjacentes e produzir lesão.

Funções do sistema complemento


 Opsonização e fagocitose:
Os patógenos que ativam o complemento pelas vias clássica e/ou alternativa ficam revestidos de C3b, iC3b ou C4b e
são fagocitados.
Os fagócitos apresentam receptores para complemento na membrana.

 Estimular resposta inflamatória:


Os fragmentos dos complementos C5a, C4a e C3a induzem inflamação aguda pois, nos casos de C5a e C3a, atuam nos
mastócitos e provocam a liberação de mais mediadores, incluindo histamina, leucotrieno 84 e fator de necrose tumoral
(TNF), que alteram a permeabilidade capilar, a adesividade e a quimiotaxia dos neutrófilos; esses mediadores também
ativam os neutrófilos.

 Remoção de complexos imunes


Ao se ligar aos complexos antígeno-anticorpo (CIC – complexo imune circulante), as proteínas do complemento
promovem a solubilização destes complexos e sua eliminação por fagocitose. É importante essa eliminação pois onde
o complexo imune se deposita, ele vai induzir reações inflamatórias.
Como acontece? Os eritrócitos têm em sua membrana muitos marcadores, e um deles se chama CR1, esse se liga no
C3b e C4b. Ao reconhecer essa molécula e se ligar, os eritrócitos vão para o fígado, onde tiram esses complexos de
circulação para serem metabolizados e eliminados do organismo.

47
HEMOGRAMA

Exame de sangue realizado com amostra de 2 a 3 ml, seja ele arterial ou venoso

Utiliza-se o anticoagulante EDTA para evitar a agregação de plaquetas

Deve ser anotado se a coleta de sangue foi fácil ou difícil, pois às vezes formam-se microcoágulos invisíveis a olho nu
que vão fazer com que no exame pareça ter menos plaquetas do que realmente tem, uma falsa trombocitopenia.

Série vermelha
Hematócrito/volume globular (VG): percentual que se tem de células vermelhas em relação ao sangue total.

Hemoglobina Abaixo de 7 De 12 a 18 Acima de 18


Achado Anemia crítica normal Excesso de sangue

Causas Hemorragia, tumor, melena trauma, Altitude elevada,


Nutrição (-Fe), IRC. DPOC, fumante, desid.

Contagem de plaquetas

Plaquetas Menos de 40.000 mm3 40.000- 1.000.000 Mais de 1 milhão


Achado trombocitopenia normal trombocitose
causas Petéquias, púrpura, Dist do baço, anemia
leucemia, dengue ferropriva, hemofilia,
pós-parto
tto Transfusão plaquetária Uso de corticoide

Série Branca

Leucócitos Menos de 3.000/mm3 3.000-11.000 Mais de 11.000 +50.000


Achado leucopenia Normal leucocitose
causas Fagocitose (pus), quimio, Infecções por bactéria ou leucemia
aplasias de medula Vírus

CONTAGEM DIFERENCIAL
Eosinófilos: 1-6% Neutrófilos

Basófilos: 0-1% Bastonetes (+ jovens): 1-4%

Linfócitos: 20-45% Segmentados (+maduros): 40-75%

Monócitos: 2-10%

48
Neutrofilia (+75%/ +4% bastões)

Aumento de neutrófilos Se bastonetes estiverem aumentados a infecção é de fase


aguda
Indicativo de infecção bacteriana
DESVIO NUCLEAR A ESQUERDA (DNE): aumento de
Contagem: n segmentados + bastonetes (n jovens)
formas imaturas das células no sangue (infecção grave)

Linfocitose

Aumento de linfócitos no sangue (+60%) Comum o aparecimento de linfócitos atípicos na infecção


viral
Indicativo de infecção viral, tumores, leucemia, rejeição a
órgão transp.

Eosinofilia (+6%)

Aumento de eosinófilos Indicativo de alergia ou infecção parasitária


(verminose)

Monocitose

Normal em infecções recentes

Significa que o paciente está reagindo

49
IMUNOGLOBULINAS (Ig)

Glicoproteína secretada pelo plasmócito após estímulo específico

Imunoglobulina é a denominação dada para toda molécula de natureza proteica que funciona como ligadora de
antígeno.

Quando na superfície de células a Ig é chamada de RECEPTOR


Quando solúveis no sangue ou tecidos IG é chamada de ANTICORPO.

Um antígeno é qualquer molécula ou parte de uma molécula que é especificamente reconhecida por proteínas de
reconhecimento altamente especializadas dos linfócitos. Nas células B, estas proteínas são as imunoglobulinas (Ig),
produzidas pelas células B com uma ampla variedade de especificidade a antígenos, em que cada célula B produz uma
imunoglobulina de especificidade única.

A imunoglobulina ligada à membrana das células B atua como receptor celular para antígenos e é chamada receptor de
células B (BCR, do inglês B-cell receptor). Uma imunoglobulina com a mesma especificidade para um antígeno é secretada
como anticorpo por células B diferenciadas - as células plasmáticas. A secreção de anticorpos, os quais se ligam a
patógenos ou seus produtos tóxicos no espaço extracelular do organismo, é a principal função efetora das células B na
imunidade adaptativa.

Macrófagos e neutrófilos expressam Ig de superfície (receptores) que


reconhecem os componentes moleculares comuns a muitos
microrganismos como: bactérias, fungos (mananos), protozoários
(lipofosfoglicanos).

Anticorpos são produzidos por linfócitos B ativados (plasmócitos)


como moléculas secretadas ou moléculas ligadas a membrana;

Linfócitos B possuem imunoglobulinas em sua superfície, funcionando


como receptores para antígenos. Após ligar-se ao antígeno, o linfócito
B sofre ativação e intensa proliferação gerando plasmócitos secretores
de anticorpos.

Anticorpo

Toda molécula possui forma de um Y e consiste em 3 segmentos de igual


tamanho, conectados por uma porção flexível.

50
Por razões históricas, imunologistas dividem as partes de um
anticorpo em:

 porção Fc (cristal fraction)


-se liga a outros componentes do sistema imunológico
-determina classe da ig
 porção Fab (antigen binding)
-que se liga ao antígeno
-determina a especificidade

Anticorpos possuem cadeias leves (lambda e kappa) e pesadas:

A classe, e portanto, a função efetora de um anticorpo é definida por sua


cadeia pesada.

5 principais classes:

51
As cadeias polipeptídicas que constituem um anticorpo permanecem ligadas por pontes dissulfeto (S-S)

Cada cadeia possui:

 Região constante= muito conservadas entre os diferentes anticorpos


 Regiao variável= muito variável entre anticorpos diferentes.

A região da dobradiça está presente em todos os anticorpos exceto IgM e IgE e possibilita a flexibilidade entre os dois
braços FaB da molécula em forma de Y, permitindo a abertura ou o fechamento das porções Fab para possibil itar a
ligação simultânea de dois epítopos, separados por uma distância fixa.

RESPOSTA POLICLONAL

Como cada linfócito nasce com um domínio de ligação (faB) diferente do domínio de
outro linfócito, linfócitos diferentes podem reconhecer antígenos diferentes de um
mesmo patógeno.

A elevada afinidade existente entre anticorpo e antígeno é explicada:

 pela distribuição de cargas em sua superfície


 pela complementariedade de formas

Propriedades e funções de cada isotipo de Anticorpo:

IgG (cadeia GAMA é a mais pesada) – 70-75%

Anticorpo de maior relevância em processos inflamatórios

Predominante no sangue, linfa, líquidos cerebroespinhal e peritoneal.

Principal imunoglobulina sérica

Anticorpo de memória (pct já teve contato com antígeno)

Divide-se em 4 subclasses

Único isotipo que atravessa a barreira PLACENTÁRIA

Bebê começa a produzir com 3-4 meses.

52
Propriedades biológicas da IgG:

1. aglutinação e formação de precipitados

Complexos antígeno-anticorpo insolúveis são facilmente fagocitáveis e destruídos por células fagociticas através da IgG

2.fazem opsonização

Aumentam capacidade de fagocitose, ao agir como opsoninas, pois macrófagos e neutrófilos –células fagocíticas-
possuem em suas membranas receptores para Fc das IgG.

3.fazem a fixação do complemento

4.Neutralizam toxinas

Podem impedir a entrada no vírus na célula, neutralizando toxinas do tétano, botulismo, venenos de cobra e escorpião

*por essa razão: é a IG de escolha para imunização passiva contra toxinas e venenos por sua meia-vida longa.

5.medeiam o ADCC (Antibody-dependent cellmediated Cytotoxicity)


Ou seja, as IgG medeiam a citotoxidade por neutrófilos, macrófagos, eosinófilos e células NK, de forma que:

A porção FaB se liga na célula-alvo


infectada
Células Nk possuem receptores específicos
para Fc
As IgG direcionam a ação das células NK
que destroem o alvo

6.imobilizam bactérias
Reagem contra flagelos e cílios de bact. Móveis, impedindo a proliferação.

53
IgM (cadeia “mi”)

Níveis elevados: infecção recente ou exposição recente


ao patógeno/ anticorpo de FASE AGUDA

É intravascular

10% da Ig séricas

Meia-vida de aprox. 5 dias

Não atravessa a placenta, mas é a única sintetizada


pelo feto após o 5º mês de gestação (níveis altos =
infecção congênita)

IG mais eficiente na fixação do complemento

Funciona como receptor de sup dos linfócitos B

Forma pentâmeros (5 sítios de ligação a epítopo)

IgA (cadeia ALFA)

Presente em secreções externas das mucosas (saliva, lágrima, leite,


muco, suco gástrico)

Importante na defesa primária contra infecções locais (tto gti, tto


resp)

Impede adesão

Neutraliza vírus e é bactericida contra GRAM –

Possui duas subclasses A1 (93%) e A2

IgA sérica: função de neutralizar o vírus e ser bactericida, é


monomérica Nas mucosas ela se liga ao componente secretor, e
quando isso acontece ela consegue atravessar a mucosa e ser
liberada no lúmen junto com o componente secretor.

IgA secretora: possui o componente secretor que impede a


inativação do IgA, é importante por que existem substâncias
produzidas por bactérias no intestino que podem inativar a IgA,
então ela serve para manter a IgA no lúmen. É um dímero.

54
IgD (cadeia DELTA)

Monômeros

Presente na superfície de linf B maduros (assim como a IGm)

0,2% das ig séricas

IgE

Monômeros

0.004% das ig séricas

Ligados à superfície de mastócitos e basófilos

Participam de fenômenos alérgicos e na proteção contra infecções parasitárias específicas (ex:


esquistossomose.

SOROLOGIA: Ao realizar um exame de sorologia, procura-se anticorpos.

→ qual a vantagem de se procurar o anticorpo e não o vírus? O anticorpo é encontrado no sangue em grande
quantidade, já o vírus eu não sei onde está.

CASO: paciente gestante em uma primeira consulta, inicialmente a preocupação é com rubéola pois o vírus da rubéola
é teratogênico.
Portanto, pede-se sorologia de IgG e IgM para rubéola.
RESULTADOS POSSÍVEIS:
• IgG positivo e IgM positivo: a mãe está com a • IgG positivo e IgM negativo: ela não está doente
doença e então eu me preocupo com a síndrome da pela rubéola (IgM negativo), mas já esteve doente ou já
rubéola congênita, que pode resultar em aborto ou foi vacinada (IgG positivo) → não vai fazer rubéola na
problemas na infância → sorologia do bebê gestação.
• IgG negativo e IgM negativo: ela não está com sorologia do RN:
a doença e não teve a doença até hoje, mas também • o IgG positivo e IgM negativo: o bebê não tem
não foi vacinada para a doença. Então essa gestante me a doença, pois o IgG vem da mãe.
preocupa, mas eu não posso vacinar ela agora, pois a • o IgG positivo e IgM positivo: IgM não passa
vacina é com o vírus atenuado. pela placenta, então a única possibilidade é que ele
tenha rubéola congênita.

Agora: HIV, dengue e Chikungunya, nessas doenças o teste de IgM não é 100% confiável, temos que procurar por biologia
molecular pois a produção de IgM feita pelo bebê nesses casos é tênue, pequena e rápida.
Um ponto muito importante é o do SNC, pois não temos imunoglobulinas no sistema nervoso central, ele é protegido
por barreiras e membranas. O motivo de ausência é porque o sistema imunológico é sinônimo de inflamação, e nesse
lugar a inflamação causa sintomas como febre alta e convulsão, que são mais complicados.

55
EM SUMA:

*JANELA IMUNOLÓGICA: período


de tempo entre o início da
infecção e o reconhecimento de
níveis detectáveis de anticorpos no
soro. Durante a janela imunológica
HÁ ANTICORPOS, mas o exame
não detecta = Falso negativo

56
TIPAGEM SANGUÍNEA
Nas hemácias humanas podem existir dois tipos de proteínas: o aglutinogênio A e o aglutinogênio B. De acordo com a presença ou
não dessas hemácias, o sangue é assim classificado:

 Grupo A – possui somente o aglutinogênio A;

 Grupo B – possui somente o aglutinogênio B;

 Grupo AB – possui somente o aglutinogênio A e B;

 Grupo O – não possui aglutinogênios.

No plasma sanguíneo humano podem existir duas proteínas,


chamadas aglutininas: aglutinina anti-A e aglutinina anti-B.

Se uma pessoa possui aglutinogênio A, não pode ter aglutinina anti-


A, da mesma maneira, se possui aglutinogênio B, não pode ter
aglutinina anti-B.
Caso contrário, ocorrem reações que provocam a aglutinação ou o
agrupamento de hemácias, o que pode comprometer a circulação
do sangue no organismo.

A existência de uma substância denominada fator Rh no


sangue é outro critério de classificação sanguínea. Diz-se,
então, que quem possui essa substância no sangue é Rh
positivo; quem não a possui é Rh negativo.
*O fator Rh tem esse nome por ter sido identificado pela
primeira vez no sangue de um macaco Rhesus.

Nas transfusões de sangue deve-se saber se há ou não compatibilidade entre o sangue do doador e o do receptor. Se não houver
essa compatibilidade, ocorre aglutinação das hemácias que começam a se sofrer hemólise.

Em relação ao sistema ABO, o sangue doado não deve conter aglutinogênios A;

se o sangue do receptor apresentar aglutininas anti-B, o sangue doado não pode conter aglutinogênios B.

Em geral os indivíduos Rh negativos (Rh) não possui aglutininas anti-Rh. No entanto, se receberem sangue Rh positivo (Rh+), passam
a produzir aglutininas anti-Rh. Como a produção dessas aglutininas ocorre de forma relativamente lenta, na primeira transfusão de
sangue de um doador Rh+ para um receptor Rh-, geralmente não há grandes problemas. Mas, numa segunda transfusão, deverá haver
considerável aglutinação das hemácias doadas.

ERITROBLASTOSE FETAL

Se a mãe for Rh+ e o bebé for Rh-, não se coloca qualquer problema, o mesmo acontecendo nos casos de ambos serem Rh+ ou Rh-

Uma mãe com factor Rh- e que tenha uma gestação com um homem com factor Rh+, tem probabilidades de gerar um feto com o
factor Rh+ (herdado do pai), o que irá criar a chamada incompatibilidade sanguínea.

A dificuldade é criada quando o sangue do bebé se mistura com o sangue da mãe. As circulações sanguíneas da mãe e do feto
ocorrem em vasos sanguíneos completamente independentes, mas esses vasos estão muito próximos da placenta. Esta pode sofrer
pequenas rupturas, que fazem com que as células sanguíneas do bebé penetrem na circulação da mãe.

57
O que acontece nesses casos é que o organismo da mãe reconhece essas células como corpos estranhos e vai gerar anticorpos (anti-
D) que vão atacar os glóbulos vermelhos do bebê.

As consequências deste ataque podem levar ao falecimento do bebê na gestação ou após o nascimento, ou podem resultar num
recém-nascido com grave icterícia, com um acompanhamento de deficiência mental, paralisia cerebral e surdez (Eritroblastose fetal).

Em casos em que a criança nasce afetada, pode mesmo realizar-se uma transfusão total de sangue Rh-, que não será destruído pelos
anticorpos da mãe, transfusão pode ser efetuada com o feto ainda no útero.

Os casos de incompatibilidade são menos graves para o primeiro filho, mas os anticorpos gerados permanecem no organismo da
mãe e se esta voltar a ficar grávida de um bebé Rh+, poderão facilmente atravessar a placenta e atacar os glóbulos vermelhos. A
gravidade da enfermidade depende ainda do grau de sensibilização da mãe.

Hoje em dia já é possível detectar esses problemas, após determinados exames específicos para o caso, e pode ser aplicada uma
vacina, geralmente na 28a. semana de gestação. Outro tratamento adicional para as mulheres nesta situação passa pela utilização de
uma substância conhecida como gamaglobulina anti-Rh, administrada à mãe no espaço de 72 horas após o parto. Trata-se de um
concentrado que vai bloquear o processo de sensibilização que produz os anticorpos contra o sangue do bebé, revestindo todas as
células Rh+ que penetram na sua circulação e impedindo-as de dar origem à produção de anticorpos.

58
ANTICORPOS MONOCLONAIS (mABs)

Os anticorpos produzidos pelo organismo humano são policlonais, sendo assim ao serem produzidos anticorpos
específicos para uma célula tumoral todas as células deste tecido celular, mesmo as que não apresentam tumor,
serão reconhecidas como antígenos por estes anticorpos por apresentarem epítopos em comum com a célula
tumoral. Partindo deste princípio, passou a ser almejada a produção de um anticorpo que atue apenas em
um antígeno, sendo este o anticorpo monoclonal.

Os anticorpos gerados pelo sistema imune em resposta a um único antígeno são heterogêneos, pois derivam
de vários clones diferentes de linfócitos B que se diferenciam em plasmócitos, que secretam um tipo de
anticorpo capaz de reagir com um epítopo diferente no antígeno – São os anticorpos policlonais.
Anticorpos monoclonais são criados a partir de um único clone de um linfócito B parental e são homogêneos
(iguais entre si, em suas características físico-químicas e biológicas).
Esses anticorpos são produzidos em laboratório, através de hibridização de células somáticas, um HIBRIDOMA.

COMO? Injeta-se a mistura de antígenos em um rato e aguarda -se alguns dias até que ele seja imunizado.
Então, o baço do animal é extraído, e é feita a fusão entre um linfócito B do baço e células de um mieloma.
Estas células são expostas ao polietilenoglicol, o que provoca sua fusão, formando as células híbridas, ou
hibridoma. Cada hibridoma é capaz de sintetizar um único tipo de anticorpo monoclonal e de se multiplicar
indefinidamente no laboratório.

Por serem formados por células de outro animal (geralmente camundongos), os anticorpos monoclonais são
reconhecidos como estranhos quando injetados no homem, formando complexos imunes que agridem gravemente
os rins. Para evitar estas reações, passaram a elaborar anticorpos monoclonais quiméricos (com 33% de proteína
an imal) e humanizados (com 10% de proteína animal), que conservam parte das sequências animais,
principalmente n as partes que reconhecem o antígeno, e o restante da molécula é substituído por sequências
humanas.

CLASSES DE ANTICORPOS MONOCLONAIS


MURINOS: Anticorpos monoclonais de camundongos
QUIMÉRICOS: Anticorpos híbridos humano-camundongo
HUMANIZADOS: Essa classe de monoclonais possui afinidade e especificidade características do original murina para o
antígeno alvo, porém com uma mínima porção de murina em sua composição.
FUNÇÕES

 SUPRIMIR O SISTEMA IMUNE (como em doenças auto-imunes), ex: infliximab (atua contra alfa TNF) para
tratamento de Artrite Reumatóide, Doença de Crohn e psoríase.
 DESTRUIR OU INIBIR CÉLULAS MALIGNAS. Ex: Trastuzumabe para câncer de mama (atua contra HER 2- fator
de crescimento epidérmico humano)

Usados em exame de PET SCAN e Elisa em sanduíche

VANTAGEM: é o fato de causar reações adversas


menores do que os demais medicamentos. Ou seja, DESVANTAGEM: alto custo.
tem alta especificidade e poucos efeitos colaterais.

59
Temos duas classes de anticorpos monoclonais, os quiméricos e os humanizados. Os quiméricos vão ter uma porção
murínica na cadeia leve que indica que é de camundongo + uma porção humana na cadeia pesada. Já os humanizados
vão ter a substituição de algumas cadeias do anticorpo para deixar mais humano e evitar a rejeição pelo organismo.

Os principais são:
 Infliximab: anticorpo monoclonal quimérico que inibe o α-TNF, em 10 a 15% dos pacientes temos um efeito
reduzido após alguns usos, isso se dá pois o organismo faz a produção de uma Ig anti-murina.
 Adalimumab: anticorpo monoclonal humanizado que inibe o α-TNF o O Infliximab e Adalimumab só funcionam
para doenças mediadas por α-TNF, como artrite reumatoide, psoríase, doença de Crohn e espondiloartrite.
 Rituximab: anticorpo monoclonal humanizado que diminui a proliferação de linfócitos, utilizado no tratamento
de linfomas.

Algumas situações especiais dos monoclonais:


 Oncologia: a célula tumoral não é atacada por ser uma célula própria do organismo, então talvez se for colocado
um ac monoclonal nessa célula, ela passe a ser não própria e o organismo ataque.
O nome desse processo é citotoxicidade dependente de anticorpos (ADCC), e já existem alguns monoclonais específicos
para alguns cânceres. O problema, entretanto, é achar um antígeno que seja próprio da célula tumoral e ter certeza que
esse antígeno não exista em outras células do organismo, senão aconteceria ADCC em células não tumorais e isso seria
um problema.

Outra importância é relacionada à estrutura do ac monoclonal: ele possui uma região constante e uma região
hipervariada, e entre essas regiões temos uma dobradiça. Nessa dobradiça podem ser colocados quimioterápicos que
por exemplo, trariam como vantagem uma quimioterapia focada, diminuindo os efeitos colaterais. É possível colocar
também radioisótopos e identificar metástases em exames de imagem.

 Doença de Alzheimer: foi descoberto que nessa doença ocorre deposição de placas β-amiloide, então, o que
tenta-se fazer é descobrir um monoclonal que faça parar a síntese proteica da β-amiloide, para que não gere
Alzheimer.

60
SEPSE

Disfunção orgânica potencialmente fatal causada por uma resposta imune


desregulada a uma infecção.

A sepse representa a principal


causa de morte nas UTI em todo
o mundo.

Martin e col. demonstraram que


houve aumento da incidência no
período de 1979 (82,7/100,000
população) a 2000
(240,4/100,000 população), em
torno de 8,7% ao ano.

À medida que avança o


comprometimento, aumenta a
chance do paciente não
sobreviver.

O que deixa o paciente sujeito a sepse?

 Número de procedimentos (UTI)  Imunocomprometimento


 Presença de acessos e cateteres  Bebês e idosos

Definição básica: quando uma infecção de foco primário (pulmonar, meníngeo, renal) não é combatida pelo sistema
imune e evolui para uma infecção sistêmica.

Infecção generalizada + resposta inflamatória generalizada

Bacteremia: bactéria na corrente sanguínea, com sintomas de febre e calafrios.

Sinais clínicos:
Febre Taquipnéia
Hipotermia taquicardia
Calafrios

61
Índice SOFA → o Sepsis Organ
Failure Assessment é um índice
de gravidade, uma escala feita
para avaliar a falência orgânica
em presença de sepse. Uma
escala que vai de 0 a 4, sendo
que quanto mais próximo de 4

pior a situação do paciente.

+ que 2= SEPSE

 Pressão de oxigênio: a pO2 medida pela gasometria vai avaliar os pulmões, sendo que quanto menor a pressão
de oxigênio, pior vai ser a sepse.
 Coagulação: medida pela contagem de plaquetas, sendo que quanto menor a quantidade de plaquetas, pior o
quadro.
 Bilirrubina: a bilirrubina vai avaliar a função do fígado, sendo que quanto mais bilirrubina, pior o quadro.
 Hipotensão: a pressão vai avaliar a questão cardiovascular, sendo que quanto menor a pressão arterial, pior a
situação do paciente. Alguns medicamentos que podem ser usados para aumentar a pressão novamente são
vasoconstritores com norepinefrina e dopamina.
 Escala de coma de Glasgow: faz a avaliação do SNC.
 Creatinina: a creatinina vai avaliar a função renal, sendo que quanto maior for a creatinina, pior o quadro.

sepse culmina com a FALÊNCIA DE ORGÃOS.

também é possível dosar a quantidade ÁCIDO LÁTICO, medindo o nível de injuria tissular (+ácido +dano)

62
Índice SOFA quick → é um índice que mede a mesma coisa porém com mais rapidez, criado para agir de forma mais
rápida em emergências, com pacientes de alto risco. A diferença da rapidez se dá por ele não precisar de marcadores
laboratoriais, realizado apenas respondendo “sim” ou “não” para esses marcadores:

COMO SUSPEITAR DE SEPSE?

Suspeita clinica pela história e exame OU ter 2 de 3 critérios do Quick SOFA

 FR ≥ 22rpm
 alteração mental (Glasgow – 15)
 PAS ≤ 100mmHg

TRATAMENTO DE SEPSE: baseado em EPIDEMIOLOGIA que tenha validade cientifica quanto a eficácia do atb, médico
deve achar o FOCO DE INFECÇÃO.

*paciente fica edemaciado devido a intesa reposição volêmica, mas deve continuar dando líquido.

AGRAVAMENTOS DE SEPSE

CHOQUE SÉPTICO → anormalidade circulatória e celular/metabólica secundária a sepse, grave o suficiente para
aumentar a mortalidade. Choque pode ser hipovolêmico, cardiogênico, neurogênico, anafilático. É causado pelo
aumento da permeabilidade do vaso com extravasamento de líquido. Paciente, por isso, normalmente fica edemaciado.

Paciente: HIPOTENSO
Isso acontece pois:
1. na resposta inflamatória é liberado também óxido nítrico e alfa – TNF, essas moléculas vasoativas aumentam a
permeabilidade do vaso sanguíneo
2. ocorre a perda do líquido intravascular para o interstício
3. diminuição da pressão
4. organismo tenta compensar com taquicardia

O que deve ser feito para esse paciente é primeiramente: REPOSIÇÃO VOLÊMICA + DROGAS VASOCONSTRITORAS
(DOPAMINA OU NOREPINEFRINA)

O médico deve descobrir o foco infeccioso por meio da epidemiologia para determinar qual antibiótico usar, além de
pedir hemocultura, e exames complementares.
Porém, ANTES de ter o resultado já deve começar um antibiótico de AMPLO ESPECTRO endovenoso.

63
COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA (CIVD) → é o agravamento da sepse, estado de hipercoagulabilidade.

1. Devido ao excesso de citocinas, algumas células endoteliais


expressam alterações, o que culmina na adesão e agregação
plaquetária.
2. As plaquetas liberam fator de ativação plaquetária formando uma
rede de fibrina e formando um trombo.
3. O trombo impede o tecido de receber oxigenação causando
isquemia tecidual e necrose (é um marcador de infecção grave).

PROGNÓSTICO depende de: Resposta hemodinâmica do paciente, sítios de infecção e agente, comorbidades.

PREVENÇÃO

 Reconhecimento precoce da gravidade do


quadro
 Redução do número de procedimentos
invasivos
 Redução do uso indiscriminado de
antimicrobianos e corticosteróides

TRATAMENTO: Antibióticoterapia

SUPORTE – UTI:
 Reposição volêmica
 Drogas vasoativas
 Suporte nutricional
 Suporte de O2
 Monitoração contínua
 Hemodiálise

P.s.:

64
VACINAÇÃO E IMUNIZAÇÕES

Vacinar = criar memória imunológica


Vacina-se com o objetivo de produzir memória para que a segunda resposta seja bem mais rápida e mais
eficiente.

É uma forma de imunização ativa, o antígeno é administrado no paciente para prevenir a doença a longo
termo, caso o paciente entre em contato com esse mesmo antígeno no futuro.

Para que a vacina funcione a resposta imune adaptativa precisa ser ativada, pois é assim que ocorre a
produção de anticorpo e memória imune. Ou seja, a vacina tem que ser suficientemente imunogênica para
provocar essa resposta e fazer a soro conversão.

“vacina boa é vacina que dói”


Normalmente quando a célula apresentadora de antígeno pega o patógeno, gera inflamação, e
consequentemente dor. Se não há dor, pode ser que a vacina não tenha sido efetiva o suficiente e não
tenha ocorrido a ativação da resposta imune adaptativa.

Objetivo da vacinação
no indivíduo prevenir doenças, e na população erradicar doenças.
Princípio da vacinação:

No 1º encontro do antígeno com o sistema imunológico, ele serpa capturado e fagocitado pela apc, que o levará até o
linfonodo para que encontre o TCr complementar do linfócito TCD4, faça expansão clonal e crie MEMÓRIA contra o
patógeno. No 2º encontro, quando esse antígeno entrar novamente em contato, será muito mais rápida a localização
do TCR complementar.

65
Adjuvante vacinal: moléculas que aumentam o potencial antigênico do microrganismo, melhoram a exposição

do antígeno ao sistema imunológico, geralmente utilizando o alumínio. Causam também, mais inflamação local
pois favorece a fagocitose do Ag pelas células de defesa.

O exemplo de destaque aqui é o hidróxido de alumínio (tétano).

Imunidade de rebanho: se um indivíduo não imunizado só tiver contato com pessoas imunizadas, não ficará doente pois
não teve contato cm o antígeno.

Tipos de imunização

1. Passiva
Referente a DAR anticorpos PRONTOS, podendo ser:
 Natural (placenta)
 Artificial (doro imune)
A proteção é imediada e transitória (em média 5 meses)
EX: picada de serpente, aplica-se antiofídico com ac PRONTOS que se ligam a toxina, neutralizando-a

2. Ativa
Referente a dar o ANTÍGENO, podendo ser:
 Natural (Vacina)
 Artificial (Através de doença, catapora, por ex)

Estimula a produção de células imunológicas.

Síndrome de Guillain-Barré: doença caracterizada por inflamação aguda com perda da mielina dos nervos
periféricos, tem caráter autoimune e é desencadeada por contato com qualquer vírus (inclusive vacinas com
vírus – 1 caso em 1 milhão de vacinados).

66
Vacinas atenuadas

Nessas vacinas o patógeno está vivo, mas sem virulência o suficiente para causar doenças.
É mais eficiente
*O que pode acontecer é a doença-like: quando após receber a vacina atenuada a paciente manifesta sintomas clínicos
reduzidos da doença. Pacientes imunossuprimidos não devem receber vacinas atenuadas pois podem desencadear a
doença. São elas:
 Sarampo, rubéola e caxumba → tríplice viral (SCR) → não se dá essa vacina para grávidas pois elas são
imunossuprimidas e principalmente pensando na rubéola congênita.
 Febre amarela → é necessária em viagens a alguns países, porém se o paciente for imunossuprimido deve se
avaliar risco x benefício.
 Rotavírus
 Hepatite A
 Varicela
 Sabin (poliomielite, “gotinha”)
 Tuberculose, hanseníase → BCG: Bacilo de Calmette Guérin (única bacteriana, causa reação local com cicatriz e
queloide). A ÚNICA VACINA BACTERIANA ATENUADA É A BC

*mesmo vacinando contra a TB o indivíduo pode ter a doença pois ela apenas protege contra a forma mais grave.
*GRÁVIDAS NÃO DEVEM TOMAR V ATENUADA (não pode vacinar contra rubéola)

Vacinas Inativadas

Nessas vacinas o patógeno está morto, são administrados apenas fragmentos do patógeno.
É menos imunogênica, portanto possuem menor eficiência comparadas com as atenuadas.
Porém é mais segura, pacientes imunossuprimidos podem receber. Portanto nessas vacinas o paciente não manifesta a
doença.

 Salk (poliomielite) → para fazer o efeito de uma gotinha de Sabin são necessárias 3 doses intramusculares de
Salk, por que é bem menos imunogênica.
 Influenza – NÃO É POSSÍVEL PEGAR GRIPE APÓS VACINADO
 Pneumocócica e meningocócica → vacina feita com um pedaço da cápsula
 Pneumonia e meningite → HiB (highmore influenza sorotipo B)
 Hepatite B
 raiva
 Coqueluche, tétano e difteria → Tríplice bacteriana (DTP) o Salk + difteria + tétano + coqueluche + hepatite B +
HiB → todas dadas na mesma vacina intramuscular em três doses.

Imunocomprometidos podem tomar, mas pode não haver formação de memória imunológica
*Não se dá vacina para criança com carteira de vacina completa

67
Resposta imune à vacinação depende de dois fatores:
Inerentes ao próprio organismo
Idade (extremos) Inerentes às vacinas
Doença de base ou intercorrente Tipo de agente
Tratamento imunossupressor

Efetividade diretamente relacionada a conservação


Vacinas são lábeis a variação de temperatura, luminosidade e tempo de validade.

Reação pós-vacinal
BCG – cicatriz quelóide, úlcera maior que 1 cm de diâmetro, abscesso subcutâneo
DTP – rubor, edema e dor local, abscesso, febre alta, sonolência, irritabilidade, vômito, choro persistente, convulsão.
Tríplice Viral – ardência, enduração, eritema local, febre discreta, cefaléia, irritabilidade, conjuntivite
DT – dor, eritema, edema, febre, cefaléia, mal estar

Contra-indicações gerais
Pessoas com imunodeficiência congênita ou adquirida Pacientes submetidas a transfusão de sangue ou
Pessoas acometidas por neoplasias malignas plasma nos últimos 3 meses
Pessoas em tratamento com corticoides (em doses Gravidez
imunossupressoras), outros imunossupressores ou Doenças agudas febris graves
radioterapia Recém-nascidos menores de 2.000g
Hipertermia

68
CASOS
Criança de 3 anos de idade, chegou no OS c/ um ferimento profundo c/ sujidade (pisou no prego enferrujado) – pode
vir a ter tétano.
A mãe apresentou carteira vacinal completa.
O ferimento foi limpado. E, a criança NÃO deverá receber nem vacina e nem soro imune, porque a vacina de tétano
tem validade de 10 anos.

Homem, 43 anos, carteira vacinal incompleta (não sabe). Acabou de se ferir com prego.
Ele precisa receber limpeza, ATP profilático e vacina e, se tiver, soro (é caro e não é tão disponível no PS quanto à
vacina).

Quando dar soro imune?


Pcte com 43 anos > machucado há 2 semanas. Ferimento c/ aspecto de ser tétano + dificuldade de fala e de
mastigação. Também deve dar ATB e fazer desbridamento cirúrgico.

Se uma criança chegar no PS e não for vacinada > muda tudo. Se ela não for vacinada, o mais comum é Haemophillus
influenzae.
Se ela for vacinada, a mais comum é Pneumococcos. (Vacina+soro ao mesmo tempo > efeito possivelmente
antagônico > Ag+Ac ao mesmo tempo).

A título de curiosidade, calendário de vacinação atualizado:

*HPV: Esquema básico com duas doses com 6 meses


de intervalo em meninas de 9 a 14 anos e meninos de
11 a 14 anos. A vacina HPV também está disponível
para indivíduos imunodeprimidos (indivíduos
submetidos a transplantes de órgãos sólidos,
transplantes de medula óssea ou pacientes
oncológicos) e vivendo com HIV/Aids, que deverão
receber o esquema de três doses (0, 2 e 6 meses) para
ambos os sexos, nas faixas etárias entre 9 e 26 anos de
idade. Veja mais informações nesse link.

A vacina pneumocócica 23–valente


(polissacarídica) está indicada para pessoas a partir dos
60 anos em condições clínicas especiais e população
indígena a partir dos 5 anos de idade.
Dengue: A vacina para prevenção da dengue é
recomendada somente para indivíduos de 9 aos 45
anos de idade residentes em áreas endêmicas que já
foram previamente expostos ao vírus da dengue de

69
qualquer sorotipo. Contraindicado para indivíduos
soronegativos, gestantes, alérgicos aos princípios ativos
da vacina. Confira mais detalhes nesse link.
Hepatite B: Oferta da vacina para toda a população
independente da idade e/ou condições de
vulnerabilidade, justificada pelo aumento da frequência
de atividade sexual em idosos e do aumento de DST
nesta população.
Poliomielite: A 3ª dose é a vacina inativada da polio (VIP),
a exemplo do que já ocorre com as 1ª e 2ª doses da
vacina. As doses de reforço aos 15 meses e 4 anos e as
campanhas de vacinação continuam aplicando a vacina
VOP (bivalente).
Pneumocócica: Esquema básico com duas doses (aos 2 e
4 meses) e dose de reforço aos 12 meses (podendo ser
aplicada até os 4 anos). Crianças não vacinadas
anteriormente podem receber dose única dos 12 meses
aos 4 anos.
Hepatite A: Aplicada aos 15 meses, podendo ser aplicada até os 5 anos.
Vacinas tríplice viral e varicela: O ministério disponibiliza duas doses de vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
para pessoas de 12 meses até 29 anos de idade e uma dose da vacina varicela (atenuada) para crianças até quatro anos
de idade.
**Meningocócica: Esquema básico com duas doses (aos 3 e 5 meses) e dose de reforço aos 12 meses (podendo ser
aplicada até os 4 anos). Crianças não vacinadas anteriormente podem receber dose única dos 12 meses aos 4 anos. O
Ministério passa a disponibilizar a vacina conjugada para adolescentes de 12 a 13 anos. A faixa-etária será ampliada,
gradativamente, até 2020, quando serão incluídos crianças e adolescentes com 9 anos até 13 anos.
***dTpa: uma dose a partir da 20ª semana de gestação, para aquelas que perderam a oportunidade de serem vacinadas
durante a gestação. Administrar uma dose no puerpério, o mais precocemente possível.
**** Febre Amarela: indicada às pessoas residente ou viajantes para as áreas com recomendação de vacinação. Atentar
às precauções e contraindicações para vacinação. Esta vacina está indicada para todos os povos indígenas,
independentemente da Área com Recomendação para Vacinação (ACRV).

70
VHS
O exame é útil na avaliação da presença de atividade e resposta terapêutica em pacientes com artrite reumatoide, lúpus eritematoso
sistêmico, vasculites e outras doenças difusas do tecido conjuntivo, sendo indispensável em casos de arterite temporal e polimialgia
reumática.

VHS (velocidade de hemossedimentação) e PCR (proteína C reativa) são exames de rotina bastante sensíveis, marcadores de
inflamação. Se os valores deles estão aumentados apenas indica que existe uma inflamação, mas não indica o local.
• o Valor de referência VHS: até 20mm/h
• o Valor de referência PCR: 11,3 mg/dL

Como é realizado o VHS?


Consiste na medida da altura da camada de hemácias de uma amostra de sangue venoso anticoagulado que sedimenta em um
tubo de vidro graduado num determinado período.

PCR
A PCR é uma proteína de fase aguda, sintetizada no fígado a partir do estímulo de citocinas. Essas proteínas se aderem as hemácias
e alteram a carga elétrica delas de modo que elas conseguem se compactar mais, quanto mais compactado mais inflamação tem.

O que são Proteínas de Fase Aguda (PFA) e quais são os estímulos que levam a sua produção e secreção na corrente sanguínea:
Proteínas de fase aguda - consideradas os indicadores mais confiáveis da resposta sistêmica frente aos processos
inflamatórios/infecciosos, quando comparadas a outros achados como febre e presença de leucocitose e neutrofilia - são moléculas
do soro, sintetizadas principalmente por hepatócitos, cuja concentração sérica aumenta ou diminui 25% durante estados inflamatórios,
a exemplo da PCR, PAS, haptoglobina, albumina, transferrina. Suas funções incluem: minimizar o dano tecidual, participar do reparo e
regeneração teciduais, estimular quimiotaxia de neutrófilos, etc.

Pq a dosagem de PCR pode auxiliar no diagnóstico de uma doença e não deve ser usada isoladamente?
A concentração dessa proteína no plasma é geralmente baixa, elevando-se em situações de infecção aguda, inflamação, neoplasias e
doenças autoimunes, por exemplo. No entanto, não deve ser utilizada isoladamente, pois além de ocorrer elevação em diversas
situações clínicas, citocinas influenciam a síntese de PCR pelos hepatócitos, e as concentrações séricas de citocinas e outros
moduladores de resposta inflamatória variam conforme a doença e a fase de evolução clínica.

Por qual razão, dosagens de PCR realizadas ao longo de vários dias são mais úteis que resultados isolados no acompanhamento
clínico de um paciente que esteja internado?
Pois a concentração de PCR pode ser baixa ou normal nas primeiras 12 horas do início do quadro febril de processos infecciosos,
sendo assim, a repetição do teste tem maior valor clínico. Ademais, seus níveis séricos refletem a resposta ao tratamento ou a evolução
clínica em muitas doenças.

Apresente os fatores que interferem nos valores de PCR e nos valores de VHS (alterando seus resultados), e que podem levar a
possíveis erros de interpretação.

 VHS: hematócrito, hemoglobina, saturação de transferrina, ferro sérico, anemias, policitemia, esferocitose,
macrocitose.
 PCR: o nível de resposta inflamatória e a fase da doença

71
Qual a importância da dosagem ultrassensível de PCR num paciente com infarto agudo do miocárdio?

A dosagem de PCR us é um exame, sobretudo, de grande importância para predição do risco cardiovascular. Nesse caso, o Infarto
Agudo do Miocárdio está associado a extensa resposta inflamatória devido a ativação leucocitária gerada por lesão tecidual, LDL
oxidada ou agentes infecciosos. Tem sido demonstrado que a PCR aumenta a expressão do fator tecidual (efeito procoagulante), de
moléculas de adesão, liga-se à lipoproteínas plasmáticas e ativa o sistema complemento in vitro e in vivo, presente na maioria das
células esponjosas (foam cells) das placas ateroscleróticas. Recentemente, Stefanadis e cols. demonstraram direta correlação entre
aumento da temperatura da placa e níveis mais altos de PCR-t e proteína sérica amilóide em pacientes com síndromes coronarianas
agudas.

Qual a importância da dosagem da PCR sérica em um paciente em sepse (infecção generalizada)?

A dosagem contínua dos valores de PCR em casos de sepse é crucial a determinação e monitoramento do tratamento, avaliando a
resposta do indivíduo a medicação, já a determinação de um valor isolado de PCR pode auxiliar no diagnóstico de sepse, na avaliação
da gravidade desse quadro e de seu prognóstico. Valores séricos mais elevados estão relacionados a pior prognóstico e a quadros
clínicos mais graves, como o choque séptico.

ANTICORPOS MONOCLONAIS
Os anticorpos monoclonais representaram um grande avanço para a medicina de hoje e se inserem em diversas áreas
de atuação. Cite 4 de suas aplicações práticas.
- Os anticorpos monoclonais podem ser aplicados como uma terapia de primeira linha para infecções virais, distúrbios
inflamatórios e neoplasias. Além disso, pode ser usado em casos de artrite reumatoide e em doenças autoimunes.

A técnica empregada na produção dos anticorpos monoclonais é uma importante especialidade da biotecnologia, que
demanda a utilização de dois tipos de linhagens celulares para a formação dos chamados hibridomas. Descreva as
etapas do processo de obtenção destes e a importância de cada tipo de célula utilizada na fusão. - Primeiramente, um
antígeno X é inoculado em um camundongo e são coletadas células do baço desse camundongo (os linfócitos B –
imunizados com o antígeno X). Em seguida, são separadas também células mielômicas (que são células com caracteres
neoplásicos sem a capacidade de produzir anticorpos). Após isso, ocorre uma seleção em meio HAT e só há o
crescimento de células fusionadas (linfócitos B + células mielômicas) formando os hibridomas. Ocorre uma triagem
quanto à presença do anticorpo anti-X e à expansão clonal positiva. Por último, os hibridomas começam a produzir
anticorpos monoclonais anti-X.
- As células mielômicas possuem características neoplásicas e capacidade de reprodução indefinida, mas não
produzem anticorpos.
- Já os linfócitos-B produzem anticorpos.
- Então, a fusão de ambas as linhagens dá origem aos hibridomas, com características neoplásicas de reprodução
constante e que produzem anticorpos.

Explique como é o mecanismo de atuação dos anticorpos monoclonais que permite sua ação em sítios específicos do
organismo para fins terapêuticos e cite 2 antígenos que podem funcionar como alvos.
- Os anticorpos monoclonais podem ser provenientes dos linfócitos B, que produzem anticorpos contra antígenos
específicos, é por isso que eles atuam em epítopos específicos. É por esse motivo que os hibridomas são altamente
específicos.
- O CD3 e as citocinas podem funcionar como alvos.

72
Tópicos discutidos em última aula de revisão (17-09):

1. Cite 2 reações vacinais graves:


-Alergia
-reinstalação da doença (em vacinas atenuadas)

2. Se a criança possui febre no dia da vacina, deve aplicar?


Fazer uso de bom senso, se não é urgência, não se dá a vacina.

3. Em caso de esquecer de dar o reforço da vacina, o que fazer?


Tomar assim que lembrar

4. Basta dar somente as vacinas do calendário?


Sim

5. Por qual razão é perigoso deixar de vacinar uma criança?


Principalmente devido a imunidade de rebanho, que uma vez rompida, expõe outros indivíduos ao patógeno.

6. Motivos anti-vacina:
Informações erradas dispersas através da internet, pessoas veem uma doença que já foi erradicada e acreditam
que não precisam mais de vacina.

73
AGRADECIMENTOS

O texto nessas 60 páginas aqui escrito é resultado de uma coletânea de diversos outros resumos e transcrições
coletados até hoje, aos anjos que os escreveram, aqui fica meu muito obrigada. <3

Algumas outras fontes:

https://pebmed.com.br/novo-calendario-nacional-de-vacinacao-do-ministerio-da-saude-para-
2019/?fbclid=IwAR39V68oc1SyN-a2k-EVOI7-4Cfb4zvsaBa2EEpDp6y3qn7vU_-R6OInxgo

https://academiamedica.com.br/search?kw=sepse&type=articles

http://jararaca.ufsm.br/websites/imunologia/7120b8e7f0ef80f24b2af695fb21cf19.htm

https://pt.slideshare.net/gildocrispim/estrutura-e-funes-dos-anticorpos-para-alunos

+links e textos encaminhados para leitura complementar pelos professores.

Livros
 Kaplan Imunnology and microbiology, lecture notes 2016.
 Janeway, 8ª edição
 Abbas, 8ª edição

74

Você também pode gostar