Você está na página 1de 5

Hecht, Department of Pathology, Brigham and Women’s

Hospital, Boston, Massachusetts.) D, Uma micrografia de luz


de um eosinófilo sanguíneo corado com Wright-Giemsa
mostra os característicos núcleos segmentados e grânulos
citoplasmáticos corados de vermelho.

Fagócitos Mononucleares
O sistema fagócito mononuclear inclui as células circulantes denominadas
monócitos e células residentes teciduais denominadas macrófagos. Os
macrófagos, que são amplamente distribuídos nos órgãos e tecido conectivo, têm
papel central na imunidade inata e adaptativa. Muitos tecidos são povoados com
macrófagos residentes com vida longa e derivados do saco vitelino ou precursores
hepáticos fetais durante o desenvolvimento fetal que assumem fenótipos
especializados dependendo do órgão (Fig. 2-2). Exemplos são as células de Kupffer
que recobrem os sinusoides no fígado, macrófagos sinusoides no baço, macrófagos
alveolares nos pulmões e células da microglia no cérebro. Nos adultos, as células da
linhagem de macrófago surgem a partir de células precursoras na medula óssea,
direcionadas por uma proteína denominada fator estimulador de colônia de monócito
(ou macrófago) (M-CSF). Esses precursores evoluem para monócitos, que entram e
circulam no sangue (Fig. 2-2) e, então, migram para os tecidos, especialmente
durante as reações inflamatórias, onde eles então amadurecem em macrófagos.
FIGURA 2-2 Maturação dos fagócitos mononucleares.
Macrófagos residentes teciduais, que se diferenciam em
formas especializadas em órgãos particulares, são derivados
de precursores no saco vitelino e fígado fetal durante a vida
fetal. Os monócitos se originam de uma célula precursora de
linhagem mieloide na medula óssea, circulam no sangue e
são recrutados para os tecidos em reações inflamatórias,
onde eles amadurecem em macrófagos. Existem subgrupos
de monócitos sanguíneos que têm funções inflamatórias ou
reparadoras (não mostradas) distintas.

Os monócitos têm entre 10 a 15 μm em diâmetro e apresentam um núcleo em


formato de feijão com citoplasma finamente granular contendo lisossomas, vacúolos
fagocíticos e filamentos de citoesqueleto (Fig. 2-3). Os monócitos são heterogêneos e
consistem em diferentes subgrupos distinguíveis pelos marcadores de superfície
celular e funções. Em ambos humanos e camundongos, os monócitos mais
numerosos, algumas vezes denominados monócitos clássicos, produzem
abundantes mediadores inflamatórios e são rapidamente recrutados para locais de
infecção e tecido danificado. Em humanos, esses monócitos são identificáveis pela
alta expressão na superfície celular de CD14 e não têm a expressão de CD16
(CD14++CD16); em camundongos, o subgrupo equivalente é identificável como
Ly6alto. Os monócitos não clássicos, que constituem a minoria dos monócitos
sanguíneos, são CD14+CD16++ em humanos e Ly6cbaixo em camundongos. Estas
células contribuem para o reparo tecidual após a lesão e são conhecidas por rolar ao
longo das superfícies endoteliais (descrito como patrulhamento). Um subgrupo
humano intermediário também foi descrito (CD14++CD16+).

FIGURA 2-3 Morfologia dos fagócitos mononucleares.


A, Micrografia de luz de um monócito em um esfregaço de
sangue periférico. B, Micrografia eletrônica de um monócito
de sangue periférico. (Cortesia de Dr. Noel Weidner,
Department of Pathology, University of California, San Diego.)
C, Micrografia eletrônica de um macrófago tecidual ativado
mostrando numerosos vacúolos fagocíticos e organelas
citoplasmáticas. (De Fawcett DW: Bloom and Fawcett: a
textbook of histology, 12th ed, New York, 1994, Chapman &
Hall. Com permissão de Springer Science and Business
Media.)

Estes macrófagos teciduais realizam várias funções importantes na imunidade


inata e adaptativa.
• A principal função dos macrófagos na defesa do hospedeiro é ingerir e matar
microrganismos. Os mecanismos de morte, que abordaremos no Capítulo 4,
incluem a geração enzimática de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio que
são tóxicas aos microrganismos e digestão proteolítica.
• Em adição aos microrganismos ingeridos, os macrófagos também ingerem células
mortas do hospedeiro, incluindo células que morrem nos tecidos por causa de
trauma ou suprimento sanguíneo interrompido e neutrófilos que se acumulam nos
locais de infecção. Esta é a parte do processo de limpeza após a infecção ou
lesão tecidual. Os macrófagos também reconhecem e engolfam células
apoptóticas antes que as células mortas possam liberar seus conteúdos e induzir
respostas inflamatórias. Em todo o corpo e durante toda a vida de um indivíduo, as
células indesejadas morrem por apoptose como parte de muitos processos
fisiológicos, tais como desenvolvimento, crescimento e renovação dos tecidos
saudáveis, e as células mortas são eliminadas pelos macrófagos.
• Macrófagos ativados secretam várias citocinas diferentes que agem nas células
endoteliais que recobrem os vasos sanguíneos para aumentar o recrutamento de
mais monócitos e outros leucócitos do sangue para os locais de infecções,
amplificando, assim, a resposta protetora contra os microrganismos. Algumas
importantes citocinas derivadas de macrófagos serão discutidas no Capítulo 4.
• Macrófagos servem como APCs que apresentam antígenos e ativam os linfócitos T.
Esta função é importante na fase efetora das respostas imunes mediadas por
células T (Cap. 10).
• Macrófagos promovem o reparo de tecidos danificados pela estimulação do
crescimento de novos vasos sanguíneos (angiogênese) e síntese de matriz
extracelular rica em colágeno (fibrose). Estas funções são mediadas por citocinas
secretadas pelos macrófagos que agem em várias células teciduais.
Os macrófagos são ativados para realizar suas funções por meio do
reconhecimento de muitos tipos diferentes de moléculas microbianas, bem
como moléculas do hospedeiro produzidas em resposta a infecções e lesão.
Estas várias moléculas ativadoras se ligam a receptores de sinalização específicos
localizados na superfície ou dentro do macrófago. Exemplos destes receptores são
os receptores do tipo Toll, que são de importância central na imunidade inata e serão
discutidos em detalhes no Capítulo 4. Os macrófagos também são ativados quando
receptores em suas membranas plasmáticas ligam a opsoninas na superfície dos
microrganismos. As opsoninas são substâncias que recobrem partículas para a
fagocitose. Exemplos de receptores para opsoninas são os receptores do
complemento e os receptores para anticorpo Fc, discutidos no Capítulo 13. Na
imunidade adaptativa, os macrófagos são ativados pelas citocinas secretadas e por
proteínas de membrana nos linfócitos T, que serão abordadas no Capítulo 10.
Os macrófagos podem adquirir capacidades funcionais distintas,
dependendo dos tipos de estímulos ativadores aos quais são expostos. O
exemplo mais claro disto é a resposta dos macrófagos a diferentes citocinas
produzidas pelos subgrupos de células T. Algumas destas citocinas ativam
macrófagos para estes se tornarem eficientes em matar microrganismos, o que é
chamado de ativação clássica. Outras citocinas ativam os macrófagos para
promover o remodelamento e reparo tecidual, o que se denomina ativação
alternativa. Essas diferentes vias de ativação e as citocinas envolvidas também
podem assumir diferentes formas morfológicas após a ativação por estímulos
externos, tais como microrganismos. Alguns desenvolvem um citoplasma abundante
e são chamados de células epitelioides porque são semelhantes às células epiteliais
da pele. Os macrófagos ativados podem se fundir para formar células gigantes
multinucleadas.
Os macrófagos respondem tipicamente aos microrganismos mais próximos tão
rapidamente quando os neutrófilos o fazem, mas os macrófagos sobrevivem por
muito mais tempo nos locais de inflamação. Diferentemente dos neutrófilos, os
macrófagos não são terminalmente diferenciados e podem sofrer divisão celular nos
locais de inflamação. Dessa maneira, os macrófagos são as células efetoras
dominantes dos estágios finais na resposta imune inata, vários dias após uma
infecção se iniciar.

Mastócitos, Basófilos e Eosinófilos


Mastócitos, basófilos e eosinófilos são três células adicionais que têm papel nas
respostas imunes inata e adaptativa. Todos os três tipos de células apresentam em
comum a característica de grânulos citoplasmáticos contendo vários mediadores
inflamatórios e antimicrobianos. Outra característica em comum destas células é seu
envolvimento nas respostas imunes que protegem contra helmintos e reações que
causam doenças alérgicas. Apresentaremos as características destas células nesta
seção e discutiremos suas funções em mais detalhes no Capítulo 20.

Mastócitos
Os mastócitos são células derivadas da medula e presentes na pele e
mucosa epitelial, contendo abundantes grânulos citoplasmáticos cheios de
histamina e outros mediadores. O fator de citocina de célula-tronco (também
denominado ligante c-Kit) é essencial para o desenvolvimento do mastócito.
Normalmente, os mastócitos maduros não são encontrados na circulação, mas estão
presentes nos tecidos, em geral adjacentes a pequenos vasos sanguíneos e nervos
(Fig. 2-1, B). Seus citoplasmas contêm numerosos grânulos ligados à membrana,
que estão cheios de proteoglicanos acídicos que se ligam a corantes básicos. Os
mastócitos expressam receptores de alta afinidade na membrana plasmática para um
tipo de anticorpo denominado IgE e, geralmente, são recobertos com esses
anticorpos. Quando os anticorpos na superfície dos mastócitos se ligam ao antígeno,
eventos de sinalização são induzidos e levam à liberação dos conteúdos dos
grânulos citoplasmáticos para dentro do espaço extravascular. A liberação do
conteúdo do grânulo, incluindo histamina, promove mudanças nos vasos sanguíneos
que causam inflamação. Os mastócitos funcionam como sentinelas nos tecidos, onde
eles reconhecem produtos microbianos e respondem produzindo citocinas e outros
mediadores que induzem inflamação. Estas células fornecem defesa contra helmintos
e outros microrganismos, mas também são responsáveis pelos sintomas das
doenças alérgicas (Cap. 20).

Basófilos
Basófilos são granulócitos sanguíneos com muitas similaridades estruturais
e funcionais com os mastócitos. Assim como os granulócitos, os basófilos são
derivados de progenitores da medula óssea (uma linhagem diferente da dos
mastócitos), amadurecem na medula óssea e circulam no sangue. Os basófilos
constituem menos de 1% dos leucócitos sanguíneos (Tabela 2-1). Embora

Você também pode gostar