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SUMÁRIO

1. Introdução...............................................................................................................3
2. Classificações da imunidade adquirida.......................................................3
3. Linfócitos.................................................................................................................4
4. Resposta imune celular.....................................................................................5
5. Apresentação de antígenos para células T...............................................6
6. Papel das moléculas de adesão na ativação das células T.............. 12
7. Mecanismo efetor dos linfócitos T CD4+................................................ 13
8. Resposta imune humoral .............................................................................. 19
9. Hipersensibilidades.......................................................................................... 21
Referências bibliográficas ................................................................................. 25
IMUNIDADE ADQUIRIDA 3

A imunologia estuda as reações de adaptativa demora mais tempo para


defesa do nosso organismo, enten- ser formada) e em alguns mecanis-
dendo os fatores vitais dessa defesa, mos efetores.
como moléculas sinalizadoras, células Além disso, a resposta adquirida é ca-
e órgãos do sistema imune, homeos- paz de gerar memória imunológica,
tasia e reações patológicas causadas habilidade que a imunidade inata não
por agressores. Sendo que cada um possui. Entretanto, a imunidade inata
desses fatores apresenta caracterís- é importante para ativar a imunidade
ticas próprias. adquirida.
A homeostasia ou processo de ho-
meostasia corporal é o equilíbrio do
corpo, a tentativa do mesmo em voltar 2. CLASSIFICAÇÕES DA
ao estado original. Em que o sistema IMUNIDADE ADQUIRIDA
imune pode tanto induzir a saída do Passiva: Consiste na transferência de
corpo da homeostase, quanto induzir anticorpos específicos de um indivíduo
o retorno dela. imunizado para outro não imunizado.
Temos vários mecanismos de de- Pode ser natural, como ocorre no alei-
fesa que se organizam muito bem, tamento materno, ou artificial, como
dependendo de qual situação o or- no uso do soro antiofídico em casos de
ganismo estará exposto. E são divi- picadas de cobras venenosas.
didos em: Imunidade Inata e Imu- Ativa: Consiste na imunidade ad-
nidade Adquirida. quirida pela exposição ao antígeno,
podendo ser natural, quando desen-
volvida pela doença ou por meio de
1. INTRODUÇÃO
vacinas (produzidas a partir do inva-
Também chamada de imunidade sor atenuado, morto ou fragmentado).
adaptativa, consiste na resposta Humoral: Resposta mediada por
imune gerada ao longo da vida, que moléculas sanguíneas e secreções
foi ativada após contato com diversos da mucosa, que são os anticorpos. É
antígenos imunogênicos, tornando o a principal resposta contra invasores
organismo cada vez mais capaz de se extracelulares e suas toxinas. Nesse
defender de invasões de microrganis- tipo de resposta, as células B apre-
mos patogênicos. sentam antígenos para as células
A imunidade adquirida difere da imu- TCD4, além de serem ativadas por
nidade inata pelos tipos de células esses linfócitos.
imunes que recrutam, especificida- Celular: Resposta mediada pelos
de, tempo de ativação (a imunidade linfócitos T, ativada contra invasores
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intracelulares, como vírus, que ficam B foliculares, linfócitos B da zona


inacessíveis aos anticorpos e molé- marginal ou B1, que possuem bas-
culas sanguíneas para serem des- tante variabilidade de seus recepto-
truídos pela resposta humoral. Nes- res para reconhecer antígenos.
se tipo de resposta, os macrófagos As células B foliculares expressam
apresentam antígenos e respondem IgM e IgD e são capazes de recircular
aos linfócitos TCD4. e ocupar órgãos linfoides, reconhe-
cendo e respondendo a antígenos in-
3. LINFÓCITOS vasores. As células B secretam IgM
espontaneamente e geram células
Os linfócitos são produzidos na me- produtoras de IgA nas mucosas.
dula óssea, a partir de uma célula
Já os linfócitos B da zona marginal,
mieloide tronco (pluripotente) – no
respondem a antígenos transporta-
feto, esse processo ocorre no fígado
dos pelo sangue e se diferenciam em
fetal.
plasmócitos secretores de IgM de
No córtex medular, essas células vida curta, sendo responsáveis, prin-
(CD4, CD8, CD19) não expressam cipalmente, por mediar respostas de-
nenhum marcador celular, sendo cha- pendentes de células T.
madas de duplo negativo. A especi-
ficidade se dá quando esses linfócitos
são modulados por alguns fatores de Linfócitos T
transcrição, como o Notch 1 e GATA Os linfócitos T, por sua vez, migram
3, que estimulam a formação de lin- para o timo, onde são duplo positi-
fócitos T, e os fatores EBF, E2A e vos, expressando CD8 e CD4. Nesse
Pax-5 estimulam a formação dos lin- processo de maturação dos linfócitos
fócitos B. T, esses linfócitos são expostos por
células dendríticas (APCs) a antí-
Linfócitos B genos que são apresentados ligados
ao complexo MHC e, a depender de
As células B continuam na medula qual classe de MHC (MHC classe II ou
óssea no início de sua maturação e classe I), o linfócito irá se especializar
depois migram para o baço para ter- para CD8 ou CD4, deixando de ex-
minar esse processo. Essas células pressar um dos marcadores.
podem se diferenciar em linfócitos
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4. RESPOSTA IMUNE O início dessa resposta advém da


CELULAR resposta imune inata. Já que, antes de
realizar a resposta através do linfócito
A resposta imune celular é a resposta
T são necessárias as células apre-
dependente da resposta adaptativa
sentadoras de antígeno (APC’s),
desempenhada pelos Linfócitos T.
sendo as principais delas, as célu-
Os quais apresentam dois subtipos:
las dendríticas. Com isso, as APC’s
Linfócitos T CD4+ e Linfócitos T
reconhecem o patógeno ou alguma
CD8+.
proteína advinda dele, processam
Os efetores dos linfócitos T CD4+ e transportam a informação para os
são também denominados de linfó- linfócitos T virgens, localizados em
citos T auxiliadores ou linfócitos T órgãos linfóides. Dessa forma, é ge-
helper, que atuam auxiliando a ativa- rada uma resposta adaptativa T de-
ção de macrófagos e outras células, pendente, também denominada de
como os eosinófilos, levando a des- Timo dependente.
truição do patógeno.
Vale ressaltar que a resposta de lin-
Os efetores dos linfócitos TCD8+ fócitos T é apenas induzida através
são denominados de linfócitos T ci- de antígeno protéico. Sendo a úni-
totóxicos, que induzem a morte de ca resposta capaz de gerar memória
células infectadas, principalmente por imunológica.
vírus, mas também por outros pató-
Com isso, mesmo que sejam geradas
genos como bactérias intracelulares
células B de memória, essa resposta
e/ou parasitos.
é dependente de célula T.
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5. APRESENTAÇÃO
SE LIGA! É por conta disso que ao se- DE ANTÍGENOS PARA
rem criadas vacinas, deve-se utilizar CÉLULAS T
como base para confecção os peptíde-
os (quando não confeccionada por vírus/ O linfócito T é uma célula que dife-
bactérias atenuados). Já que, eles são
rentemente das células da respos-
capazes de induzir a resposta de linfó-
citos T e, consequentemente, gerar me- ta imune inata - que apresentam
mória imunológica. variados receptores reconhecedores
de padrão e que conseguem pron-
tamente identificar o patógeno - não
A resposta, então, geralmente é ini- reconhece qualquer tipo de antígeno.
ciada pelas células dendríticas, que
é a única que APC que apresenta o Para o antígeno ser reconhecido pelo
antígeno ao linfócito T virgem ou linfócito T, ele deve ser capturado e
naive, localizado na região parafoli- processado pelas APC’s, sendo pos-
cular do lingonodo regional, ativando- teriormente apresentado no formato
-o pela primeira vez. de peptídeo, via mólecula de MHC,
para o receptor do linfócito T (TCR).
As outras APC’S como macrófago,
neutrófilo e linfócito B apresentam
antígenos apenas para o linfócito T
efetor.

Figura 2. Reconhecimento do antígeno. Disponível em: Abbas – Imunologia Celular e Molecular, 8ª edição.
IMUNIDADE ADQUIRIDA 7

Com isso, temos que a resposta imu- Ao apresentar altos níveis de molécu-
ne começa com o contato com antí- las estimulatórias, as principais são:
geno, em que as células dendríticas, B7-1 (CD80) e B7-2 (CD86).
localizadas na periferia - como as Para o linfócito T ser ativado são ne-
células de Langehans localizadas na cessários dois sinais, consecutivos:
pele - expressam muitos receptores
reconhecedores de padrão, como: • Reconhecimento do antígeno es-
tool like receptors, nod like receptors, pecífico apresentado via MHC,
lectinas, dectinas, entre outras. Isso pelo TCR;
lhe confere uma grande capacidade • Sinal das moléculas coestimulado-
de localizar o patógeno, reconhecen- ras B7-1 e B7-2. Quando essas
do o seu PAMP. moléculas interagem com o lin-
Porém, quando a célula dendrítica fócito, elas se ligarão a moléculas
encontra o patógeno, capturando o como o CD28, uma molécula do
antígeno, o seu perfil de expressão linfócito que é capaz de ativá-lo.
é totalmente alterado. Com isso, ela
passa a apresentar uma maior quanti-
Mecanismo de tolerância
dade de moléculas co-estimulatórias,
periférica
MHC e receptores de quimiocinas es-
pecíficos. Em que, depois do encontro A todo momento os nossos linfócitos
com o patógeno, não se torna mais estão reconhecendo autoantígenos,
necessária a presença de tantos re- pois se ele não reconhece antígenos
ceptores reconhecedores de padrão. constantemente, ele morre.
Dessa forma, seu perfil de expressão O principal estímulo para a sobrevi-
se torna exclusivamente direcionado vência do linfócito é a ativação do
para a apresentação do antígeno. TCR. Nós possuímos alguns auto-
Em relação aos receptores de quimio- antígenos que se ligam toda hora
cinas específicos que passam a ser ao TCR apenas para o linfócito não
expressados, temos que o mais co- morrer.
nhecido é o CCR7, que tem por fun- Esse estímulo além de não ter uma
ção reconhecer as quimiocinas que ligação tão forte com o TCR, carece
são produzidas exclusivamente na do segundo sinal, o sinal dos coesti-
região parafolicular do linfonodo - lo- muladores. Assim, esse mecanismo
cal onde justamente estão localizados aumenta a sobrevida do linfócito.
os linfócitos T. Sendo elas a CCL21 e
a CCL19.
IMUNIDADE ADQUIRIDA 8

Célula CÉLULA T
TCR
dendrítica IMATURA

IL-2

IL-2 Célula T
Reguladora

Células T efetoras Manutenção das


células T reguladoras
funcionais

Proliferação e diferenciação –
células T efetoras e de memória

Fluxograma 1. Mecanismo de tolerância periférica. Disponível em: Abbas – Imunologia Celular e Molecular, 8ª edição.

Complexo MHC célula está infectada e é necessário


que o linfócito T CD8 (citotóxico) des-
Complexo gênico que codifica várias
trua essa célula infectada (apoptose).
moléculas especializadas na apre-
sentação de antígenos. Existem 2 Já se o patógeno estiver num vacúo-
tipos de MHC que são apresenta- lo, dentro de um fagolisossomo da
dos aos linfócitos, são eles: MHC de célula apresentadora de antígeno, ele
Classe I e MHC de Classe II. será apresentado via MHC de classe
II ao linfócito T CD4, que então co-
Se o patógeno estiver livre dentro
meça a produzir e secretar citocinas,
do citoplasma da célula apresenta-
como o interferon Y, que ativam o
dora de antígeno, ou seja, não estiver
macrófago e fazem com que ele des-
dentro de um fagolisossomo, esse
trua a bactéria ou parasita fagocitado.
antígeno será apresentado via MHC
de classe I e apresentado, especifi-
camente, ao linfócito T CD8. Geral-
mente esses patógenos são vírus, a
IMUNIDADE ADQUIRIDA 9

HORA DA REVISÃO:
ETAPAS DAS RESPOSTAS DAS CÉLULAS T
Reconhecimento de antígeno: As células T virgens reconhecem os antígenos peptídicos
associados ao MHC na superfície das APCs e outros sinais (linfonodos e baço).
Ativação: As células T respondem com a produção de citocinas, como a IL-2 e a expressão
de receptores para essas citocinas, criando, assim, uma via autócrina de proliferação celular.
Expansão Clonal: Como consequência, ocorre uma expansão clonal de células T. A expan-
são clonal das CD4 é menor que a de CD8, o que reflete suas diferentes funções. Como a
TCD8 são células efetoras que exterminam células infectadas por contato direto, um grande
número de microrganismos pode necessitar de um grande número de TCD8. Já as TCD4
secretam citocinas que ativam outras células efetoras, necessitando de menos delas.
Diferenciação: Parte da progênie diferencia-se em células efetoras, que servem a várias
funções da CMI, e em células de memória, que sobrevivem por longos períodos.
Migração: as células T efetoras migram para o local de infecção, onde reconhecem nova-
mente o antígeno, que os ativa a executarem suas tarefas.

Figura 3. Respostas das células T. Disponível em: Abbas – Imunologia Celular e Molecular, 8ª edição.
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O linfócito T auxiliador irá também linfócito é ativado. Ao se ativar, o lin-


atuar na célula B, induzindo a mu- fócito irá produzir uma citocina muito
dança de isotipo de anticorpo. Se a importante que é a IL-2, também cha-
infecção é bacteriana, os anticorpos mada de linfopoietina, essa citocina
importantes para o combate a essa possui função autócrina, ou seja, age
infecção são os IgGs. Com isso, o in- na própria célula que a produz. Ela é
terferon Y e outras citocinas do CD4 um fator de crescimento, sobrevivên-
têm a capacidade de induzir a produ- cia e diferenciação de linfócitos T, que
ção de IgG pelos linfócitos B. desempenha um papel importante na
Isso é muito importante, pois a res- indução de respostas das células T e
posta imune adaptativa é uma res- no controle das respostas imunes.
posta especializada. Logo, quando Além disso, o linfócito ativado aumen-
a célula dendrítica apresenta o antí- ta também a expressão do receptor
geno ao linfócito, ela já tem que “di- de IL-2. Essa IL-2 vai fazer com que
zer” para ele “eu quero esse tipo de esse clone específico de linfócito que
resposta porque eu tenho esse tipo reconheceu aquele antígeno se pro-
de patógeno” e o MHC desempe- lifere, é o processo chamado de ex-
nha um papel importantíssimo nesse pansão clonal. A IL-2 é produzida
processo. principalmente por linfócitos T CD4+
inicialmente após o reconhecimento
do antígeno e dos coestimuladores.
Secreção e expressão de IL-2
Após o reconhecimento e apresenta-
ção do antígeno protéico via MHC, o
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VOCÊ SABIA?
Há um tempo se achava que o linfócito específico para aquele antígeno era criado na hora,
gerado no momento ali pelo órgão linfoide. Com os avanços dos estudos, se descobriu que
devido a um processo muito complexo de recombinação gênica, já possuímos linfócitos es-
pecíficos para diversos peptídeos, facilitando a sua proliferação em momentos de necessi-
dade.

APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENOS PARA CÉLULAS T

APC

Ativação do
Célula T CD8+ imatura linfócito Célula T CD8+ imatura

Proliferação

Diferenciação

Célula T CD8+ Célula T CD8+ de Célula T CD4+ Célula T CD4+ de


efetora (CTL) memória efetora memória

Ativação de Destruição de
macrófagos, células células infectadas;
B, outras células; ativação de
inflamação macrófagos
IMUNIDADE ADQUIRIDA 12

6. PAPEL DAS MOLÉCULAS Ao reconhecer o antígeno, os CTL’s


DE ADESÃO NA ATIVAÇÃO irão promover a exocitose de grânu-
DAS CÉLULAS T los contendo perforinas e granzi-
mas. As perforinas criam poros na
Para induzir uma resposta eficaz, a
célula infectada - ação homológa a
ligação das células T com as APCs
do C9 no complemento - para possi-
precisa permanecer estável durante
bilitar a passagem das granzimas, as
um período de tempo suficientemente
granzimas ativam na célula cascatas
longo para que o limiar de sinalização
através da clivagem das caspases,
necessário seja alcançado – processo
que levam a célula à apoptose.
garantido pelas moléculas de adesão
localizadas na superfície das células Existe uma outra via indutora de
T. As principais pertencem a família apoptose através do FAS e FAS li-
das integrinas. A integrina mais im- gante (no linfócito) - (não usa grâ-
portante é a LFA-1. nulos). É uma via menos expressiva,
mas quando ocorre essa interação
Nas células T virgens em repouso,
(linfócito T CD8 – Célula infectada),
que ainda não reconheceram um an-
há também a ativação de caspases
tígeno nem foram ativadas por ele, a
que culminam na apoptose.
integrina LFA-1 encontra-se em um
estado de baixa afinidade. O reco- A ativação do linfócito T CD8 requer
nhecimento de um antígeno por uma coestimulação e/ou células T CD4. As
célula T aumenta a afinidade da células T CD4 podem produzir citoci-
LFA-1 dessa célula. nas ou moléculas de membrana que
auxiliam na ativação das células T
Assim que uma célula T detecta um
CD8. Esta necessidade de células T
antígeno, há um aumento na força da
CD4 pode explicar o porquê das res-
sua ligação com a APC que está apre-
postas incompletas dos CTL a muitos
sentando o antígeno, o que produz
vírus em pacientes com HIV, onde o
uma alça de retroalimentação positiva.
vírus só afeta as células T CD4.
Alguns vírus evoluíram para tentar
Mecanismo efetor dos linfócitos escapar da nossa resposta imune,
T CD8+ eles possuem a capacidade de indu-
zir uma baixa expressão de MHC de
O linfócito T CD8 reconhece o pep- classe I, não gerando resposta imune.
tídeo via MHC de classe I, recebe o Já que, sem a expressão de MHC de
segundo sinal das moléculas coes- classe I, não há ativação de linfócito T
timulatórias e se ativa, formando CD8. Para reverter essa situação, nós
os linfócitos T citotóxicos (CTL’s temos a célula NK, que é capaz de
CD8+).
IMUNIDADE ADQUIRIDA 13

perceber quando há uma alteração Isso ocorre concomitantemente, em-


na expressão de MHC de classe I. Daí bora a predominância seja da respos-
ela reconhece essa célula que está ta T CD4.
expressando pouco MHC de classe I Toda resposta de linfócito T CD4 é
e destrói a célula infectada. induzida por uma citocina específica.
Células T CD8+ produzem IFN-Y, uma As células da imunidade inata direcio-
citocina ativadora de macrófagos. nam (“a gente precisa dessa resposta
Em infecções por micróbios intracelu- aqui”) a diferenciação dos linfócitos –
lares, a atividade citolítica dos CTLs é através da liberação dessas citocinas
importante para a erradicação do re- específicas.
servatório de infecção. Em algumas
situações de exposição crônica a an- Subgrupos de células T CD4+
tígenos (p. ex., tumores e infecções
virais crônicas), as células T CD8+ As células T CD4 podem diferenciar-
iniciam uma resposta, mas começam -se em subgrupos de células efeto-
a expressar receptores inibitórios que ras que produzem grupos distintos de
suprimem a resposta, um processo citocinas, os quais realizam funções
chamado de exaustão. diferentes. No entanto, vale ressaltar
que muitas das células TCD4 ativa-
das podem produzir várias misturas
7. MECANISMO EFETOR de citocinas e, portanto, não podem
DOS LINFÓCITOS T CD4+ ser prontamente classificadas nesses
As funções das células T CD4+ efe- subgrupos.
toras são recrutar e ativar os fagóci- Podendo haver também uma consi-
tos (macrófagos e neutrófilos) e outros derável plasticidade nestas popu-
leucócitos que destroem os microrga- lações, de modo que um subgrupo
nismos intracelulares e alguns extra- pode se converter em outro sob cer-
celulares e ajudam os linfócitos B a tas condições.
produzir anticorpos. Cada subgrupo é induzido da melhor
Embora a resposta predominante seja forma em resposta aos tipos de mi-
de linfócito T CD4, pode acontecer crorganismos que o subgrupo está
também do patógeno que estava den- destinado a combater, são determi-
tro do fagolisossomo escapar para o nadas a partir da natureza da infec-
citoplasma da célula, a partir daí, tere- ção. Existe um subgrupo de células
mos também a apresentação via MHC T reguladoras que suprimem as res-
de classe I e a participação de CD8 postas imunológicas.
na destruição de célula infectadas.
IMUNIDADE ADQUIRIDA 14

A assinatura das citocinas produzidas migração, em grande parte, defini-


pelos principais subgrupos de células dos pelos receptores de quimiocinas
T CD4+ são IFN-Y para as células e moléculas de adesão que elas ex-
TH1; IL-4, IL-5 e IL-13 para células pressam, que os direcionam a migrar
TH2; e IL-17 e IL-22 para as células para os diferentes locais de infecções.
TH17.
Cada uma das células TH1, TH2 e
TH17 possui padrões distintos de

Resposta TH1

Célula
dendrítica
TCR CÉLULA T
IMATURA

IL-12

INF-Y Célula NK
Célula T IL-12
Reguladora

Célula Th1

INF-Y

Fluxograma 2. Resposta Th1. Disponível em: Abbas – Imunologia Celular e Molecular, 8ª edição
IMUNIDADE ADQUIRIDA 15

Os linfócitos T efetores do subgrupo A resposta TH1 é muito importan-


TH1 reconhecem, principalmente, os te no combate de parasitas INTRA-
antígenos de microrganismos ingeri- CELULARES.
dos em macrófagos.
O macrófago está infectado, ou seja, SE LIGA! De maneira surpreendente, as
possui um patógeno no seu fagoli- células TH1 são também importantes
fontes de IL-10, que funciona, principal-
sossomo. Com isso, ele irá secretar
mente, para inibir células dendríticas e
IL-12, que é capaz de aumentar a os macrófagos e, assim, para suprimir a
produção de IFN Y, pelas células NK. ativação de TH1. Este é um exemplo de
Essas duas citocinas ativam fatores um circuito de retroalimentação nega-
tiva nas respostas das células T.
de transcrição que promovem a dife-
renciação em TH1.
Esse linfócito TH1 diferenciado pro-
duz IFN Y que irá agir de volta no RESPOSTA TH2
macrófago, já que é a principal citoci-
na ativadora de macrófagos, levando O subgrupo TH2 é um mediador da
à ingestão e destruição os microrga- defesa independente de fagócitos,
nismos. em que os eosinófilos e mastócitos
possuem papéis centrais, sendo
O IFN Y ainda é capaz de aumen- muito importante no combate a hel-
tar a capacidade citotóxica da célula mintos.
NK e da célula T CD8 e inibe a dife-
renciação de células T CD4+ imatu- A célula dendrítica reconhece o antí-
ras para os subgrupos TH2 e TH17, geno do helminto, não o fagocitando
promovendo, assim, a polarização da pelo seu elevado tamanho. Com isso,
resposta imunológica em um sentido. o IL-4, uma citocina, promove a dife-
renciação de células T CD4+ imatu-
O macrófago ativado tem uma capa- ras para o subconjunto TH2.
cidade maior de produzir óxido nítrico
sintase, uma enzima importante para O linfócito TH2 diferenciado devido à
que ele produza mais radicais rea- ação de IL-4 irá produzir ainda mais
tivos de oxigênio e nitrogênio que IL-4, além de produzir IL-5 e IL-13.
são importantes para a destruição do O IL-4 além de induzir a resposta
patógeno fagocitado. Th2, ainda irá induzir a produção de
Além disso, essa ativação por IFN Y IgE pelas células B. Esse IgE reco-
ativa um perfil muito inflamatório nhece e se liga ao helminto, opsoni-
do macrófago (ativação clássica), esse zando-o, além de se ligar com muita
macrófago irá produzir muito TNF e afinidade a receptores específicos nos
IL-1, citocinas pró-inflamatórias. mastócitos, os quais possuem uma
IMUNIDADE ADQUIRIDA 16

capacidade de liberação de grânulos A IL-5 por sua vez possui a capaci-


de histamina, leucotrienos, prosta- dade de ativar e recrutar eosinófilo
glandinas, que são tóxicos para os para o local da infecção.
helmintos. A IL-13 possui algumas funções ho-
O IgE acaba funcionando para o mas- mólogas à IL-4, pois ela compartilha
tócito como um receptor reconhece- o mesmo receptor da IL-4. A IL-13
dor de antígeno. Em que, o eosinófilo também induz a produção de IgE pe-
tem um receptor específico para IgE, las células B. Além disso, ela possui
e se ligará ao mesmo, quando ligado a função de induzir a produção de
ao helminto, e vai degranular – libe- muco intestinal, que ajuda na elimi-
ração de grânulos com substâncias nação dos helmintos intestinais.
tóxicas para o helminto.

Figura 4. Resposta Th2. Disponível em: Abbas – Imunologia Celular e Molecular, 8ª edição.
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O macrófago pode participar da res- IL-4 e IL-13 e não apresenta um pa-


posta TH2, mas esse macrófago não drão inflamatório, apresenta um pa-
será aquele ativado pelo IFN Y da drão regulatório e de reparo tecidu-
resposta Th1. Ele será ativado pela al – produção de colágeno.

Figura 5. Macrófagos na resposta Th2. Disponível em: Abbas – Imunologia Celular e Molecular, 8ª edição.

SE LIGUE! Existem hipóteses para ex-


plicar a diferenciação do Th2:
1. O linfócito produz a todo momento IL-
4, mas quando ele reconhece um antí-
geno e sofre uma ação da IL-12, ele para
essa produção e se diferencia em Th1;
2. Se a célula dendrítica apresenta antí-
geno e “não traz” uma produção de IL-
12, a produção de IL-4 se intensifica e
induz a uma resposta Th2.
IMUNIDADE ADQUIRIDA 18

RESPOSTA TH17 - as quais irão produzir ainda mais ci-


tocinas inflamatórias: TGF e IL-1 ẞ -
e fibroblastos.
As IL-22 que funcionam como uma
barreira epitelial no trato intestinal e
CÉLULA T em outros tecidos.
IMATURA
A IL-17 numa infecção bacteriana de
trato gastrointestinal ainda estimula
a mucosa a produzir mais peptíde-
IL-6 os antimicrobianos para ajudar no
Célula TGF - ẞ combate à infecção.
IL-23
dendrítica
IL-1 Também estimulam a produção de
substâncias antimicrobianas, de-
fensinas, que funcionam como an-
Célula Th17
tibióticos endógenos localmente
produzidos.
As células TH1 e TH17 funcionam
IL-17
cooperativamente na eliminação de
IL-22 microrganismos mediada pelos fagó-
citos na imunidade celular.

Resposta especializada no combate a BOX SE LIGA! A resposta TH17 induz


bactérias extracelulares e a fungos, muita inflamação e está relacionada com
a fisiopatologia de várias doenças como
sendo uma reposta que induz muita por exemplo a psoríase, um processo
inflamação neutrofílica. inflamatório na pele, que pode levar a
uma descamação.
O linfócito T CD4 se diferencia em
TH17 num ambiente contendo IL-1,
IL-23, IL-6 e TGF ẞ (depende muito
das outras citocinas que estão ao seu
redor), produzidas pela resposta imu-
ne inata.
O linfócito TH17 secreta principal-
mente IL-17 e IL-22, essas citocinas
atuam, principalmente, na ativação
de neutrófilos. Elas conseguem ativar
também células endoteliais, epiteliais
IMUNIDADE ADQUIRIDA 19

Figura 6. Resposta Th17. Disponível em: Abbas – Imunologia Celular e Molecular, 8ª edição.

RESPOSTA TREG A IL-10, por exemplo, consegue re-


duzir a expressão de coestimula-
O linfócito TREG, ou linfócito T regu-
dores pelas APCs.
latório, é aquele especializado em in-
duzir tolerância imunológica e con-
trolar a resposta imune. 8. RESPOSTA IMUNE
Esse controle é feito através da pro- HUMORAL
dução e secreção de citocinas regu- O sistema imune humoral é o con-
latórias, sendo as principais: TGF ẞ e junto de produtos que abrange os lí-
IL-10. Essas citocinas possuem a ca- quidos corporais, entre eles: plasma,
pacidade de inibir diversos mecanis- linfa, líquido cefalorraquidiano, líqui-
mos de ativação da resposta imune. do peritoneal, lágrima, saliva, entre
outros.
IMUNIDADE ADQUIRIDA 20

A resposta efetora da resposta imu- A IgG, por sua vez, está relacionada
ne humoral é a produção de anticor- com infecções passadas. Isso pode
pos ou/e os anticorpos podem ser os estar relacionado com a cura para
desencadeadores da resposta imune determinados organismos, como por
humoral. exemplo o causador da toxoplas-
Em relação às 5 classes de imunoglo- mose. Porém, quando relacionada ao
bulinas definidas pela porção Fc, te- HIV, a presença de IgG representa
mos que a IgD não possui nenhuma uma infecção crônica, uma fase mais
ação relacionada aos microoganismos avançada da infecção.
que levem a uma resposta imune. No Com isso, temos que numa infecção
entanto, está expressa na membra- inicialmente é produzida a IgM, que é
na plasmática de linfócitos B naives, substituída, com o passar do tempo,
funcionando como receptor. pela IgG.
A IgM é a principal molécula de anti- São funções biológicas do IgG a
corpo capaz de ativar o sistema com- opsonização, ativação do comple-
plemento. Além disso, o IgM é o pri- mento e ADCC (citotoxicidade celu-
meiro anticorpo a ser produzido, por lar dependente de anticorpo), sendo
isso ele é utilizado como um marca- o anticorpo mais potente produzido,
dor de uma infecção ativa, aguda. que interage com diversas células.

SAIBA MAIS!
No pré-natal são realizadas diversas sorologias, em que se observa a presença de IgM e/
ou IgG reagente/positivo, a fim de identificar se houve a exposição a um antígeno. Se a IgM
estiver positiva significa que essa gestante foi exposta recentemente ao patógeno. Já se a
IgG estiver reagente significa que aquela gestante foi exposta ao patógeno antes mesmo
da gestação.

O IgA atua principalmente nas toxi- Já o IgE está relacionado aos helmin-
nas e patógenos, levando a neutrali- tos, pela sua relação com eosinófilos
zação. Ele se liga ao alvo e impede a e mastócitos, que também estão re-
liberação de toxinas. O IgA está bas- lacionados com as reações alérgicas.
tante presente nas mucosas. Com Geram a hipersensibilidade, por levar
isso, nas infecções de mucosa, prin- a degranulação de mastócitos e po-
cipalmente de origem intestinal e de dem levar também toxicidade.
orofaringe, há uma atuação muito im-
portante do IgA.
IMUNIDADE ADQUIRIDA 21

9. HIPERSENSIBILIDADES Outro exemplo de resposta contra


alvos inadequados é resposta au-
Os linfócitos T e B, sejam através da
toimune, na qual ocorre uma quebra
produção de anticorpos ou de citoci-
da tolerância aos antígenos próprios,
nas - secretadas pelas células efetoras
que passam a ser reconhecidos como
do tipo T CD4 -ativam células do sis-
estranhos, gerando uma resposta imu-
tema imune, levando ao controle de
ne e destruição dos locais onde aque-
infecções e à remoção de micro-or-
le antígeno se localiza. Dessa forma,
ganismos.
aquela célula torna-se alvo da respos-
No entanto, quando essas respostas ta imune, podendo causar alteração fi-
imunológicas são excessivas ou mal- siológica daquele tecido ou órgão.
-direcionadas, doenças são causa-
Por fim, temos antígenos alvos da re-
das, sendo denominadas de reações
ação cruzada, que acontece quando
de hipersensibilidade ou doenças
se tem uma resposta a antígenos se-
imuno-mediadas.
melhantes. Em que, um alvo distinto
Essas reações podem ser sistêmicas, daquele que gerou a resposta se tor-
quando se tem uma disseminação da na o alvo da reação imune, por pos-
resposta inflamatória, ou podem ser suir uma semelhança molecular com
locais, acontecendo apenas no teci- o antígeno gerador da resposta.
do onde estão ocorrendo as reações.
Essas reações acontecem por dois
A hipersensibilidade acontece princi-
grandes motivos:
palmente em contexto de infecções
• Resposta imune efetora não persistentes. Esses patógenos, que
controlada ou mal controlada, ou escapam muito bem do sistema imu-
seja, existe um excesso de ativação ne, resistem à sua morte, e causam
macrofágica e de citocinas pró-in- uma reação muito intensa que não
flamatórias por causa da resposta consegue o eliminar, mas provoca le-
imune; são tecidual.
• O alvo da resposta imune é ina- Os anticorpos têm diversos mecanis-
dequado. Um exemplo disso é a mos efetores que levam à ativação de
hipersensibilidade do tipo I, em macrófagos, que, uma vez ativados,
que há uma reação imunológica liberam citocinas e prostaglandinas
montada contra antígenos inócuos, que ativam neutrófilos, mastócitos,
que estão no ambiente, os quais entre outras coisas.
não são necessariamente nocivos Os anticorpos também ativam o sis-
para o hospedeiro. tema complemento, forte indutor de
inflamação, que pode gerar a lise de
IMUNIDADE ADQUIRIDA 22

células. Dessa forma, temos que a • Hipersensibilidade do tipo II - Me-


ação do anticorpo contra o patógeno diada por anticorpo;
é a mesma nas reações de hipersen-
• Hipersensibilidade do tipo III - Me-
sibilidade.
diada por imunocomplexos;
As reações de hipersensibilidade são
classificadas em: • Hipersensibilidade do tipo IV -
Mediada por célula T.
• Hipersensibilidade do tipo I - Ime-
diata;
IMUNIDADE ADQUIRIDA 23

SAIBA MAIS! FEBRE REUMÁTICA x FIBRA CARDÍACA


A febre reumática é uma reação imune inflamatória que acontece depois invasão por bac-
térias Streptococcus. O Streptococcus é um agente bacteriano que compõe a microbiota
de pele e orofaringe. É o agente da maioria das infecções de orofaringe, também causando
infecções de pele, quando há quebra de barreira. Essa bactéria possui na sua parede celular
uma proteína chamada de proteína M.
Dessa forma, quando há uma infecção por essa bactéria, a resposta imune percebe a prote-
ína M como antígeno e produz anticorpos que se ligam à bactéria para neutralizar ou levar a
sua opsonização, revertendo a infecção.
Porém, a proteína M é muito semelhante à uma proteína presente na fibra cardíaca. Dessa
forma, numa infecção pelo Streptococcus o anticorpo pode reagir contra a fibra cardíaca, o
que se caracteriza como uma reação cruzada, causada pelo mimetismo molecular.
Ou seja, a resposta imune é contra a bactéria, mas ela acaba reagindo também com o tecido,
causando uma reação de hipersensibilidade.

ISOTIPO CADEIA PESADA FUNÇÕES

IgA Imunidade mucosa

IgD Receptor de Ag (Linf.B “naive”)

IgE Hipersensibilidade imediata

IgG Opsonização, ativação do complemento, ADCC

IgM Ativação do complemento, Linf. B “naive”


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RESUMO

RESPOSTA IMUNE HUMORAL


GERAL

Linfócitos B + Antígenos: ativação e


Desenvolve-se durante a vida. expansão clonal
Pouco eficaz sem resposta inata Resposta 1: IgM e depois IgG (cicatriz
sorológica)
Resposta 2: células de memória são
rapidamente ativadas

A resposta é lenta (dias). Usa


componentes celulares e humorais

CÉLULAS EFETORAS
IMUNIDADE
Características: Especificidade, ADQUIRIDA
diversidade, memória, especialização,
autolimitação, tolerância a antígenos Linfócitos TCD4
próprios Liberam citocinas que estimulas macrófagos,
linfócitos TCD8 e linfócitos B

RESPOSTA IMUNE CELULAR


Linfócitos TCD8
Atacam células com MHC I que possuem
Fagocitose de antígeno exógeno. antígenos endógenos
Determinantes antigênicos são expostos Possuem porfirina e granzimas
na superfície da célula apresentadora de
antígeno + MHC Classe 1 Linfócitos B
• Produzidos pela medula óssea
• Ativação: plasmócito
Receptores nos linfócitos TCD8 reconhecem • Produção de anticorpos (Igs): antígeno
antígenos endógenos na célula alvo MHC específico
classe 1
Linfócitos NK
• Citotoxidade natural
• Ação semelhante aos TCD8
• Independe de resposta imune prévia
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ABBAS, Abul K; LICHTMAN, Andrew H; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e mo-
lecular. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
MURPHY, Kenneth. Imunologia de Janeway. 8ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014
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