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D1. O Lúpus Eritematoso Sistêmico, doença apresentada no caso, representa uma das
principais patologias em que há alguma falha nos mecanismos de tolerância das células
da imunidade adaptativa, estes mecanismos dividem-se em: Tolerância Central dos
linfócitos B, que ocorre na Medula óssea por apresentação de autoantígenos aos
Linfócitos B imaturos, estes, se apresentarem alta avidez, poderão ter seus receptores
editados por recombinação da cadeia leve, poderão entrar em apoptose, ou entrar em um
estado anérgico, caso haja pouca avidez para com os autoantigenos; Tolerância Central
em linfócitos T, ocorre no Timo com as células T sendo exposta a autoantígenos, podendo
ser levadas a apoptose ou, no caso de algumas TCD4, ter sua função modificada para
células T reguladoras; Tolerância Periférica em Linfócitos B, acontecerá quando há
ativação para autoantigenos sem a presença de linfócitos TCD4, ocorrendo estímulos para
apoptose, anergia ou regulação com receptores inibitórios; e a Tolerância Periférica em
Linfócitos T: neste caso, quando houver células com alta afinidade por auto antígenos na
periferia, estas serão levadas a apoptose, ou ao estado anérgico, seja por falta de
coestimuladores ou por supressão pelas T reguladoras.
D2. A explicação médica é esclarecer para a mãe que o objetivo da vacina é fornecer a
seu filho um contato prévio a um pedaço, ou ao próprio antígeno atenuado, ou seja,
incapaz de desenvolver a doença, mas permite que o corpo desenvolva anticorpos de
memória IgG, para que se esse paciente ter um contato com o antígeno patogênico
propriamente dito, esse desenvolverá uma resposta imune muito mais efetiva e rápida,
contendo o antígeno e não desenvolvendo a doença. O gráfico deixa isso bem
demonstrado ao passo que no marco (zero) houve uma possível exposição a o antígeno
atenuado pela vacina, em que linfócitos B com IgM na sua membrana reconheceram o
antígeno e houve posteriormente uma mudança de classe em que há formação de IgG,
anticorpos de memória, sendo que após o combate ao antígeno manteve-se em níveis
basais. No segundo momento houve uma nova infecção por o antígeno capaz de produzir
patogenicidade, demonstrado no marco (vinte e um), mas agora, o corpo de P.Q.P
apresentou uma rápida resposta imune, sendo também muito mais efetiva, com isso, o
antígeno será opsonizado e eliminado rapidamente, não gerando a doença.
D4. Embora as causas inflamatórias do paciente acima sejam distintas, seu mecanismo de
ação é similar, ocorrendo: A lesão inicial do tecido do paciente, com liberação de DAMPs
por células lesadas e sua detecção por células presentes no tecido, tais como macrófagos
e mastócitos; Em seguida há a liberação de citocinas como a IL-1, IL-6 e o TNF, para
indução de processos conhecidos como sinais cardinais da inflamação (Dor, Calor, Rubor,
Edema e Perda de Função) e recrutamento de células de imunidade inata para limpeza e
reparo do local acometido; Em casos de infecções, o processo é semelhante, porém com
reconhecimento também de PAMPs e o envolvimento de imunidade adaptativa.
D5. O método em questão refere-se a um soro, ou seja, anticorpos prontos e específicos
para determinado antígeno fazer a opsonização desse e também a ativação do sistema
complemento pela via clássica. Essa via se caracteriza por envolver antígeno mais
anticorpo, e formação de proteínas como C3 e C5 com o objetivo de produzir uma
resposta inflamatória atraindo leucócitos para combater o antígeno bem como a formação
posteriormente do MAC (complexo de ataque a membrana). O MAC causará uma lise na
célula infectada, destruindo o antígeno. A atuação do MAC só é possível porque o sistema
complemento reconhece a porção FC das imunoglobulinas que estão realizando a
opsonização no antígeno, então ao ligar-se desencadeia uma resposta de destruição do
antígeno opsonizado.
D7. A via de ativação citada é a via clássica que se baseia na interação primária da
imunoglobulina (M ou G) com a C1 que resultará na clivagem da proteína C4 em C4b e
posterior ligação desta à superfície do patógeno, em seguida ocorre a ligação entre C2 e
C4 com clivagem de C2, formando o complexo C4b2a (C3 convertase). Esta convertase
fará com que a proteína C3 seja clivada em C3b e seja aderida à superfície do patógeno e
ao complexo formando a C5 convertase que atuará clivando a C5 em C5b, e esta ficará
aderida à convertase até ocorrer a ligação com C6 e C7. Esta ligação fará com que o
complexo C5b67 migre para a membrana do patógeno e, ao ocorrer a ligação com a C8
na membrana, inicia-se a polimerização da proteína C9 no local e com sua ligação temos
o Complexo de Ataque à Membrana (MAC) que atuará para criar poros na membrana do
patógeno levando-o à consequente lise deste.
D9. O caso mostra uma paciente com risco aumentado para eritroblastose fetal, risco esse
que pode ser explicado pela atuação da imunidade humoral no corpo desta. A Imunidade
Humoral é definida como a porção do sistema imune presente em fluidos, como sangue,
linfa e outros, nesta imunidade, estão presentes especialmente: o si stema complemento e
as imunoglobulinas. Também conhecidas como anticorpos, as imunoglobulinas são
produzidas e secretadas quando há a ativação dos Linfócitos B por via T dependente
(Interação entre Linfócito B, ativado por antígeno, e Linfócito TCD4, ativado por APC,
contra antígenos proteicos) ou T independente (Ativação do Linfócito B por antígeno
constituído de glicoproteínas, polissacarídeos e ácidos nucleicos) levando-os a tornarem-
se plasmócitos que podem secretar: IgM, anticorpo com maior valência e relacionado a
fase aguda de infecções; IgA, relacionado à imunidade das mucosas e é o tipo de
imunoglobulina presente no leite materno; IgD, relaciona-se mais com a ativação do
Linfócito, atuando em grande parte como receptor; IgE, relaciona-se à resposta alérgica,
especialmente na hipersensibilidade tipo I, aderindo-se a mastócitos e basófilos,
potencializando seu efeito; e IgG, forma de imunoglobulina produzida em maior
quantidade pós sensibilização, atua na opsonização, ativação de complemento e é o tipo
de anticorpo que atravessa a barreira transplacentária. Portanto, no caso descrito, a
médica alerta a mãe, pois caso seu primeiro filho for de Rh positivo, sensibilizará a mãe
contra tal Rh e causará, em uma segunda gestação, a expressão de IgG anti Rh, o que
levará ao aborto de seu próximo concepto.
D10. O timo é um órgão linfoide central responsável pela maturação dos linfócitos T,
importantes no combate às infecções virais, parasita intracelular obrigatório. Os linfócitos
T de memória tem meia-vida longa. No entanto, sabendo que o vírus influenza sofre
constantes mutações, ao entrar em contanto com um vírus diferente daqueles contra os
quais já há memória, torna-se necessário a maturação e apresentação antigênica para
formar novos linfócitos específicos paraaquele vírus o que, com a involução tímica, torna-se
um processo mais difícil e demorado, fazendo com que a resposta imunológica seja
retardada, podendo causar a morte.
D11. No caso em questão, o paciente apresentou uma infecção fúngica nas vias aéreas
causando a sintomatologia associada ao sistema citado além da inflamação
pulmonar (pneumonia). As defesas do sistema imune contra os fungos, em geral,
assemelham-se às mesmas utilizadas no combate às bactérias e, nesse sentido,
o tipo de resposta imunológica direcionada depende da forma de infecção do
patógeno: se intracelular ou extracelular. Com o primeiro contato com o fungo, a
imunidade inata atua da mesma maneira para os dois casos. Há atividade dos
fagócitos e a participação do eixo IL-12/IFN-γ, no qual há a ação indireta das
células NK que, ao detectar a célula infectada, secreta IFN-γ em resposta à IL-12
liberada pelos macrófagos, e promove a destruição dos patógenos dentro dos
fagossomos. Os neutrófilos atuam liberando substâncias fungicidas e fagocitando
posteriormente. Uma vez realizada a apresentação antigênica e iniciada a
imunidade adquirida contra os fungos, caso a infecção seja intracelular ocorre a
atuação dos LTh1 que secretam CD40L e IFN-γ ativando os macrófagos (no caso
da presença dos patógenos nos fagossomos) ou ativação de LT citotóxicos que
destroem as células infectadas (no caso da presença dos patógenos no citosol).
Caso o patógeno seja extracelular, a ativação de LB (com a produção de
imunoglobulinas que tem como principais ações a neutralização, opsonização e
ativação do complemento) e ativação de LTh, que atuam na inflamação, ativação
de macrófagos e no auxílio dos LB. É importante ressaltar ainda a atuação dos
LTh17 que secretam IL-17 e IL-22, importantes no processo inflamatório além de
promover a liberação de peptídeo antimicrobianos nos epitélios afetados.
D12. C.E.M apresenta um quadro infeccioso causado pelo corte da faca enferrujada que
ao ultrapassar a primeira linha de defesa da imunidade, barreira física, pele, antígenos
infectaram a paciente. A paciente apresentou 4 sinais cardinais da inflamação (edema,
rubor, dor e perda da função) o que corrobora para pensar num quadro infeccioso. Ao
sofrer a lesão seguida da entrada de antígenos em C.E.M uma célula apresentadora de
antígeno (APC) como macrófago, fagocitou esse antígeno graças aos seus receptores Toll
like que conheceram um PAMP do antígeno e essa APC liberou citocinas desencadeando
uma resposta imune. A leucocitose, refere-se a um aumento do número de leucócitos na
tentativa de combater o antígeno; a neutrofilia é sugestivo de que o antígeno é uma bactéria
já que esse é o principalagente a combater bactérias. O desvio a esquerda refere-se a uma
produção por parte da medula óssea de células imaturas, como uma tentativa de combater
aquele antígeno que está a tanto tempo infectando a paciente. A explicação do médico
sobre a “Íngua na axila” é porque houve uma interação da imunidade inata com a
adquirida, em que outra APC, célula dendrítica, apresentou esse antígeno para o linfonodo
na axila e lá ocorreu uma expansão clonal, para conter o antígeno.
D16. No enunciado, observamos que Juliana e Marcinho discutiam sobre dois tipos
diferentes de imunidade: a ativa, representada pelas vacinas, e a passiva, representada
pelo soro. Nota-se que as vacinas são um modo de “simular uma infecção” e, nesse
sentido, são produzidas com patógenos atenuados ou fragmentados para que o sistema
imunológico do indivíduo submetido à vacinação desenvolva a resposta imune e a
memória imunológica, sob a forma de anticorpos, a fim de prevenir um quadro
sintomatológico mais grave caso entre em contato com o organismo patogênico. Já o soro
atua de forma mais rápida em casos no qual não há tempo hábil para o sistema
imunológico desenvolver uma resposta capaz de conter os danos causados pelo antígeno,
contendo, em sua composição, imunoglobulinas prontas e específicas para o combate ao
agente deflagrador dos sintomas, no caso, para a neutralização das toxinas das
serpentes. Nesse caso, é utilizado para situações de tratamento. Assim, a afirmação de
Juliana é correta: o soro antiofídico é a melhor conduta diante de picada de cobras devido
à ação tóxica rápida do veneno desses animais. Consequentemente, a afirmação de
Marcinho está equivocada.