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manual de bolso
urgências e emergências endócrinas
| 2014 |
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ÍNDICE
CETOACIDOSE DIABÉTICA (CAD) E ................................................................................................. 2
SÍNDROME HIPEROSMOLAR HIPERGLICÉMICO (SHH) .................................................................. 2
HIPOGLICEMIA .................................................................................................................................. 6
PÉ DIABÉTICO INFECTADO .............................................................................................................. 8
COMA MIXEDEMATOSO .................................................................................................................. 10
TEMPESTADE TIREOTÓXICA .......................................................................................................... 12
INSUFICIÊNCIA SUPRA-RENAL AGUDA ......................................................................................... 14
HIPOCALCÉMIA ............................................................................................................................... 17
HIPERCALCÉMIA ............................................................................................................................. 19
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Definição:
Complicações agudas da DM, com elevada morbi-mortalidade. A CAD é caracterizada por hiperglicemia, desidratação e
acidose metabólica com gap aniónico aumentado. O SHH é um estado de hiperglicemia mais acentuada que na CAD,
desidratação grave e osmolaridade sérica elevada; a cetose está ausente ou então é muito ligeira e há depressão do
estado de consciência. Resultam de um défice absoluto ou relativo de insulina podendo-se sobrepor algum grau de
insulino-resistência.
Manifestações Clínicas
CAD SHH
Anorexia
Náuseas e vómitos
Poliúria e polidipsia
Dor abdominal
Poliúria e polidipsia
Alteração do estado de consciência
Alteração do estado de consciência/Coma
Respiração de Kussmaul
Sinais de desidratação/depleção de volume
Hálito cetónico
Sinais de desidratação/depleção de volume
Precipitantes comuns:
NaCl 0,45%
N[Na+]corrigido >145 Glicemia < 250 (CAD) ou < 300
NaCl 0,9% 15- a 200-500ml/h
20ml/Kg (SHH) → glicose 5% a 150-250
ou
Após 1 hora
ml/h e ↓ ritmo de perfusão de
1-1,5L na 1ª hora NaCl 0,90%
+
N[Na ]corrigido <145 insulina para 0,02-0,05 U/Kg/h
a 200-500ml/h
mg/dl na 1ª hora
(Vigilância da glicemia 1-1h)
50-75mg/dL na 1ª h -> ↑ ritmo de
Se CAD lig eira o u im poss ibil idade de perfusão para 0,2 U/ Kg/h
perfu são ev:
- Análogos rápidos SC
Dose inicial 0,2U/kg, depois 0,1U/kg/h
OU
- Insulina regular SC ou IM 0,1 U/Kg em intervalos de
1-2h
Potá ss io
Monitorizar [K+]
3,3 < [K+] < 5,3 em intervalos de
20 a 30 mEq de KCl por cada L de soro
2-4h
Bica rbona to
pH<7,0 e/ou HCO3- <5 100 mmol/L de NaHCO3 a 8,4% (2 ampolas) em 400 mL de SF com 20 mEq de KCl a
perfundir em 2h (200 mL/h) até pH>7
Alternativa: 500 mmol de NaHCO3 a 1,4%!
pH>7,0 e/ou HCO3- >5
F os fato : Ponderar reposição em doentes com insuficiência cardíaca ou respiratória, disfunção músculo-
esquelético, anemia grave ou se fosfato < 1 mg/dL (0,32 mmol/L). Adicionar 20-30 mEq de fosfato
monopotássico a cada litro de soro. Monitorizar calcemia e sinais de tetania.
HIPOGLICEMIA
Marta Almeida Ferreira
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Definição: !
! valor de glicemia suficientemente baixo para produzir sintomas.
Qualquer
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No doente diabético definiu-se um valor arbitrário: <70 mg/dL.
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No doente não diabético, deve verificar-se a tríade de Whipple e deve valorizar-se a glicemia <55 mg/dL (valor de
! venosa).!!
glicemia
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NO DOENTE DIABÉTICO PODEM NÃO SURGIR SINTOMAS OU PODEM SURGIR SINTOMAS NEUROGLICOPÉNICOS SEM OS
AUTONÓMICOS
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TRAT AMENTO
Comer refeição ligeira, com pelo menos 15g de HC complexos (ex: pão)
Nota* - No doente consciente, pode repetir-se o procedimento até 3 vezes antes de partir para a administração de glicose ev.
Critérios de internamento:
! Causa de hipoglicemia não identificada;
! Agentes hipoglicemiantes orais de longa duração de acção (ex: glibenclamida -> vigilância durante 48h);
! Insulinas de acção prolongada como causa de hipoglicemia;
! Défices neurológicos persistentes.
Definição:
Infecção de tecidos moles e/ou osso, no pé do doente diabético, com neuropatia periférica sensitivo-motora e/ou doença
arterial periférica.
Abordagem do doente:
Ø Isquemia
Isquemia Osteomielite
Ø Osteomielite
Revascularização Antibióticos
Remoção óssea
Ø Remoção óssea
Infecção superficial com eritema < 2cm em redor da úlcera - Antibioterapia oral
Infe cçã o Lige ira
- Am bulató rio
Inf. M ode rada Infecção superficial com eritema > 2cm em redor da úlcera - Antibioterapia oral
Tipo 1 - Am bulató rio
Pé Ne uropát ico
Pipe racil ina / T azo bacta m 4,5g 8/8h ev*
(sem evidências de risco de
vida ou amp. Major) Se alergia a beta-lactâmicos: Metronidazol + Levofloxacina + Vancomicina
Carbop enem ev
Pé Is qué mic o ou
Im ipene m 500mg 6/6h ev*, ou
Neuro-is quém ico
Ertape nem 1g qd ev*, (se bx probabilidade de Pseudomonas e/ou ausência de
(sem evidências de risco de internamentos hospitalares recentes), ou
vida ou amp. Major) M eropen em 1g 8/8h ev*, (se risco convulsivo elevado, AVC prévio, ...)
Doen te co m ris co de M eropen em 1g 8/8h ev* + Van com icin a 1g 12/12h ev*, ou
vi da ou de M eropen em 1g 8/8h ev*, + Lin ezo lide 600mg 12/12h ev* (se maior
am puta ção maj or gravidade, Cl para uso de vancomicina e/ou osteomielite extensa).
Investigação Inicial
! Estudo analítico com hemograma, função renal, ionograma, marcadores de necrose miocárdica, proteína C
reactiva, função tiroideia (TSH e T4 livre) e cortisol sérico. !
! Sedimento urinário. !
! Electrocardiograma. !
! Rx tórax. !
! Gasimetria arterial. !
! Hemoculturas e uroculturas. !
! Investigação de fármacos com potencial precipitante (diuréticos, sedativos, ansiolíticos, !analgésicos,
anestégicos, amiodarona, lítio...) !
! Outros, para pesquisa de factor precipitante, conforme suspeita clínica.
Tratamento !
a. NÃO aguardar por confirmação analítica para iniciar terapêutica.
b. Colher estudo analítico ANTES de iniciar tratamento.
c. Transferir doente para uma UCI ou UIM e contactar Endocrinologia.
Terapêutica de suporte:
! Insuficiência respiratória: oxigenoterapia ± ventilação não invasiva ou invasiva, !conforme necessidade. !
+
! Hiponatremia: restrição de água livre se Na >120 mmol/L; clorero de sódio 3% 50–100 !mL + furosemida 40-
+
120mg se Na <110-120 mmol/L .!
! Hipotermia: aquecimento passivo (p.ex., com cobertores). !
! Hipotensão: fluidoterapia (lenta) se hipotensão arterial que não responde à hormona !tiroideia ± vasopressores,
conforme necessidade. !
! Monitorização do estado neurológico, temperatura, tensão arterial, frequência cardíaca, saturação periférica de
oxigénio, glicemia capilar, débito urinário e balanço hídrico. !
! Vigilância do trânsito intestinal. !
! Gasimetrias seriadas. !
! Vigilância da função tiroideia, com TSH e T4 livre.
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TEMPESTADE TIREOTÓXICA
Sofia Teixeira
Factores Precipitantes
! Infecção
! Suspensão dos antitiroideus de síntese
! Trauma
! Cirurgia
! Stress emocional
! Gravidez e parto
! CAD
! SCA e AVC
! TEP
! IC descompensada
! Sobrecarga de iodo (amiodarona, produtos de contraste iodados)
! Terapêutica com iodo radioativo
! Levotiroxina (doses elevadas)
! Outros
Escala de Burch-Wartofsky
Parâmetro Clínico Pontos Parâmetro Clínico Pontos
Temperatura (ºC) Frequência cardíaca (bpm)
37,2 – 37,7 5 99 – 109 5
37,8 – 38,2 10 110 – 119 10
38,3 – 38,8 15 120 – 129 15
38,9 – 39,3 20 130 – 139 20
39,4 – 39,9 25 ≥ 140 25
≥ 40 30
Disfunção do Sistema Nervoso Central Insuficiência cardíaca
Ausente 0 Ausente 0
Ligeira (agitação) 10 Ligeira (edema periférico) 5
Moderada (delírio, psicose, letargia) 20 Moderada (crepitações bibasais) 10
Grave (convulsões, coma) 30 Grave (edema pulmonar) 15
Disfunção Gastrointestinal e Hepática Fibrilhação auricular
Ausente 0 Ausente 0
Moderada (diarreia, náusea/vómito, dor abdominal) 10 Presente 10
Grave (icterícia sem causa aparente) 20
Evento precipitante
Ausente 0
Presente 10
Com base na pontuação total a probabilidade de se estar perante um quadro clínico de tempestade tireotóxica é:
improvável se pontuação < 25 pontos; iminente se pontuação 25 – 44 pontos; altamente provável se pontuação ≥ 45
pontos.
Tratamento
NÃO aguardar por confirmação analítica para iniciar terapêutica.
Colher função tiroideia (TSH, T4L e T3L) ANTES de iniciar suplementação.
! Monitorização do estado neurológico, temperatura, tensão arterial, frequência cardíaca, saturação periférica de
oxigénio, glicemia capilar, débito urinário e balanço hídrico
! Vigilância da função tiroideia: T4L e T3L.
Manifestações Clínicas
Febre elevada Desidratação
Taquicardia Hipovolémia
Náuseas e vómitos Hipotensão refractária à fluidoterapia e a vasopressores
Cefaleias Choque
Dor abdominal inespecífica Alteração do estado de consciência / Coma
Diarreia
Manifestações clínicas sugestivas de insuficiência supra-renal primária
Avidez por sal
Hiperpigmentação cutânea (pregas cutâneas, áreas de pressão, mamilos) e das mucosas
Vitiligo
Manifestações clínicas sugestivas de insuficiência supra-renal secundaria
Palidez
Estigmas de hipercortisolismo (corticoterapia prévia)
Diabetes insípida
Sintomas de hipopituitarismo (sintomas ou diagnóstico de hipogonadismo, hipotiroidismo, atraso de crescimento)
Sintomas compressivos (cefaleias, alterações visuais)
Avaliação laboratorial:
! Na+, K+, HCO 3-, Ca2+ , GSA
! Glicose, ureia, creatinina
! Hemograma
! Função hepática
! Renina e aldosterona
! Costisol plasmático e ACTH
Avaliação complementar:
! PCR
! Rx tórax
! Sedimento urinário
! ECG
! Outros exames de acordo com a história e manifestações clínicas do doente
Trata me nto
manter 125m mL/h durante 24 a 48h D3 (doente capaz de comer): 40mg PO às 9h, 20mg às 17h (1ª toma oral
(ajustar de acordo com as comorbilidades) coincidente com última ev)
D4: 20mg às 9h e 10mg às 17h (se não for possível usar via ev, usar IM)
Monitorizar:
Diurese e Balanço hídrico
Electrólitos, glicose, função renal a cada 4h a 6h nas primeiras 24h; depois 1 a 2 vezes por dia até
estabilização dos parâmetros
Notas:
Interpretação dos níveis de cortisol e ACTH
a. Cortisol <20µg/dL => insuficiência SR improvável => ! Corticoterapia
b. Cortisol matinal entre 10 e 20 < 20µg/dL => insuficiência SR pouco provável, mas possível =>
teste de estimulação
c. Cortisol entre 3 e 10µg/dL => insuficiência SR possível => teste de estimulação
d. Cortisol entre < 3µg/dL => insuficiência SR muito provável => iniciar corticoterapia
e. ACTH < 10pg/mL ou até 50pg/mL => insuficiência SR secundária
f. ACTH > 50pg/mL => insuficiência SR primária
HIPOCALCÉMIA
Ana Maia Silva
Definição:
Distúrbio electrolítico comum nos doentes internados. É geralmente difinida como níveis de cálcio total <2,1 mmol/L (<8,5
mg/dL) ou <1 mmol/L (<4 mg/dL) de cálcio ionizado.
Manifestações clínicas:
" Sinais de dificuldade respiratória - Tetania
" Confusão mental - Sinal de Chvostek
" Arritmias - Sinal de Trousseau
" Convulsões - Sinais de insuficiência cardíaca
Investigação clínica:
" Gasometria arterial - Vitamina D
" Cálcio total e albumina - Creatinina e ureia
" PTH - Enzimas hepáticas
" Fosfatase alcalina - Bicarbonato
" Magnésio - ECG
TRAT AMENTO
Gluconato de cálcio iv
1 ampola de 10mL em 100cc de soro glicosado a 5%, em 10’
+!
Cálcio oral: 1000-2000mg de cálcio elementar/dia, em várias tomas
+!
Tratamento etiológico
Pós-CX Cervical Anterior Alfacalcidol oral ou iv/calcitriol oral: 0,25 – 0,5 ug/dia
HIPERCALCÉMIA
Ana Maia Silva
Definição:
Distúrbio electrolítico comum nos doentes com neoplasias malignas ou distúrbios primários das paratiróides. A
hipercalcémia grave é difinida por um nível de cálcio total >3,5 mmol/L (>14 mg/dL) ou >1,4 mmol/L (>5,6 mg/dL) de
cálcio ionizado.
Manifestações clínicas:
" Fadiga - HTA
" Anorexia, náuseas e vómitos - Poliuria, polidipsia
" Obstipação - Sintomas neuropsiquiátricos
" Fraqueza muscular proximal - Arritmias
Investigação clínica:
" Gasometria arterial - Vitamina D
" Cálcio total e albumina - Creatinina e ureia
" PTH - Enzimas hepáticas
" Fosfatase alcalina - Bicarbonato
" Magnésio - ECG
Trata me nto
Hiperc alcé mia Tota l Confirmação com cálcio ionizado ou cálcio total corrigido para a albumina