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SAÚDE
PATOLOGIA BUCAL E ESTOMATOLOGIA
PARA O CLÍNICO
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235p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-660-0
CDD 616.31
SUMÁRIO
ANEXO ...............................................................................................................................................216 3
QUESTÕES ........................................................................................................................................225
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................232
I FUNDAMENTOS PRELIMINARES
5
São modificações dos tegumentos determinadas por processos inflamatórios,
degenerativos, circulatórios, tumorais, metabólicos ou por defeitos de formação.
Conceitos básicos:
Hamartoma: neoformação de tecidos constituintes do local de origem.
Coristoma: neoformação de tecidos ectópicos.
Teratoma: neoformação de tecidos a partir dos três folhetos embrionários (endoderma,
mesoderma, ectoderma).
Manchas ou máculas: área focal de mudança de coloração, não elevada ou deprimida em
relação aos tecidos circunjacentes.
Pápula: lesão sólida, elevada, com menos de 5mm de diâmetro.
Nódulo: lesão sólida, elevada, com mais de 5mm de diâmetro.
Tumor: nódulo maior que 2cm.
Placa: espessamento dos tecidos, que passa a apresentar uma superfície rugosa ou lisa e
consistente à palpação. São bem delimitadas dos tecidos normais, de tamanho variável e de
coloração branca a amarela normalmente.
Vesícula: bolha superficial, com 5mm ou menos, preenchida por líquido claro.
Bolha: vesícula grande, com mais de 5mm de diâmetro.
Pústula: bolha preenchida por exsudato purulento.
Erosão: lesão superficial caracterizada pela perda parcial ou total do epitélio.
Úlcera: lesão caracterizada pela perda do epitélio e exposição do conjuntivo, apresentando-se
deprimida ou escavada.
Exulceração e ulceração: perda epitelial com exposição do conjuntivo e reação inflamatória
tendendo à regeneração.
Necrose: caracteriza-se por aspecto enegrecido, acinzentado ou amarelado, correspondendo à
morte súbita dos tecidos com odor fétido.
Necrobiose: morte gradual dos tecidos acompanhada por reparação tecidual.
Gangrena: necrose tecidual acompanhada de putrefação consecutiva.
Vegetação: crescimento exofítico constituído por elementos variados agrupados, de forma e
tamanho diversos, produzidos por fatores de ordem traumática, tóxica ou infecciosa. Quando sua
superfície sofre ceratinização, denomina-se verrucosidade. 6
Tumefação: representa o aumento volumétrico difuso, independente do processo que o
originou.
7
I- NERVO OLFATÓRIO
II- NERVO ÓPTICO
III- NERVO ÓCULOMOTOR
IV- NERVO TROCLEAR
V- NERVO TRIGÊMIO
VI- NERVO ABDUCENTE
VII- NERVO FACIAL
VIII- NERVO VESTÍBULO-COCLEAR
IX- NERVO GLOSSOFARÍNGEO
X- NERVO VAGO
TUMOR PRIMÁRIO
T1s: carcinoma in situ;
T1: tumor menor ou igual a 2cm em seu maior diâmetro;
T2: tumor maior que 2cm e menor que 4cm;
T3: tumor maior que 4cm;
LINFONODOS REGIONAIS
N0: linfonodos cervicais clinicamente impalpáveis, ou palpáveis sem suspeita de metástase;
N1: linfonodos cervicais homo ou bilaterais clinicamente palpáveis;
N2: linfonodos cervicais contralaterais ou bilaterais clinicamente palpáveis, móveis com suspeita
de metástase;
N3: linfonodos clinicamente palpáveis, fixos, com suspeita de metástase;
8
METÁSTASE
M0: ausência de metástase;
M1: evidência clínica ou radiográfica de metástase;
ESTADIAMENTO CLÍNICO
Estágio I: TI/N0/M0
Estágio II: T2/N0/M0
Estágio III: T3/N0/M0 ou T1/N1/M0 ou T2/N1/M0 ou T3/N1/M0;
Estágio IV: T1/N2/M0 ou T2/N2/M0 ou T3/N2/M0 ou T1/N3/M0 ou T2/N3/M0 ou qualquer M1;
Esses distúrbios de desenvolvimento podem ser de origem pré ou pós-natal, sendo que
podem também ser herdados ou adquiridos.
3.Leucoedema
Representa uma variação da mucosa oral, na qual o tecido envolvido apresenta um 9
aspecto branco ou acinzentado opalescente.
Nenhum tratamento é necessário.
4.Língua pilosa
Condição incomum caracterizada pelo aumento e hiperceratose das papilas filiformes.
As papilas apresentam pigmentação negra marrom ou amarelada.
Tratamento com higienização e uso de raspadores linguais.
6.Toros e exostoses
Crescimentos localizados na superfície cortical óssea, os quais podem ser constituídos
de osso lamelar denso ou demonstrar uma cortical com espessura normal sobrejacente ao osso
esponjoso. Tratamento cirúrgico em casos estéticos ou devido a necessidades protéticas.
7.Varizes linguais
Veias tortuosas dilatadas que ocorrem na superfície ventral da língua.
Não é necessário tratamento.
8.Fendas Orofaciais
Defeito da fusão do processo nasal mediano com o processo maxilar resulta em fenda
labial. A falha na fusão das prateleiras palatinas resulta em fenda palatina. A fenda palatina
pode estar associada à Seqüência de Pierre Robin (ver anexo).
Tratamento com abordagem multidisciplinar.
10. Defeito de Stafne (cisto ósseo latente, cisto ósseo estático, defeito da
cortical lingual mandibular)
Área radiotransparente abaixo do canal mandibular, na região posterior da mandíbula,
entre os molares e o ângulo mandibular. A lesão é bem circunscrita, assintomática e apresenta
borda esclerótica.
Caracteristicamente o defeito de Stafne é estável e necessita apenas proservação.
PRANCHA 1:
Cistos do desenvolvimento
Raro cisto de desenvolvimento que ocorre no lábio superior lateralmente à linha média,
causando uma elevação da asa do nariz. Observado em adultos (4º- 5º década), predileção por
mulheres. O tratamento é a enucleação cirúrgica.
13
13. Cisto globulomaxilar
Ocorre na linha média desde o forame cego na língua até chanfradura supra-
esternal (60 a 70% ocorrem abaixo do osso hióide). Predileção por adultos jovens manifestando-
se como uma tumefação móvel, flutuante e indolor, a menos que se complique por uma infecção
secundária. Tratamento cirúrgico pela técnica de Sistrunk (remoção do cisto juntamente com
parte do osso hióide).
16
PRANCHA 3:
23
1-TIPOS DE DENTINA
Dentina primária: formada até o término da formação da raiz.
Dentina secundária: formada após a formação da raiz. Padrão tubular irregular,
formação lenta.
Metamorfose calcifica: deposição de mineral dentro dos túbulos, relacionada à idade e
a estímulos externos, podendo levar a obliteração pulpar.
Dentina secundária reparativa (irregular ou terciária): formada em resposta a um
estímulo externo. Padrão atubular, formação rápida.
2-PULPITE
A pulpite se apresenta clinicamente como uma dor que pode ser aguda ou crônica, com
base na duração e na gravidade dos sintomas relatados pelo paciente.
Estímulos relacionados com a inflamação pulpar: Dano mecânico, injúria térmica,
irritação química, efeitos bacterianos.
Pulpite reversível – hiperemia: a dor é provocada por alimentos doces e ácidos, a polpa
ainda não foi exposta pela cárie e a sensibilidade à percussão é ausente ou muito discreta.
Pulpite irreversível – necrose focal: a dor pode surgir espontaneamente, aumentando
em contato com o calor. O teste de percussão tem resultado negativo na grande maioria das
vezes.
Pulpite crônica hiperplásica (Pólipo pulpar) – tecido de granulação inflamado: é uma
inflamação crônica e irreversível da polpa, que acomete crianças e adultos jovens em resposta a
grandes exposições pulpares por trauma ou cárie.
Necrose pulpar: a necrose pulpar pode suceder tanto a pulpite quanto a injúria
traumática aos vasos sangüíneos apicais, cortando o suprimento sangüíneo levando a ausência
de sensibilidade dolorosa ou, até mesmo, dor intensa. A resposta ao teste de sensibilidade é 29
negativa.
Existem sinais radiográficos em casos mais avançados.
Tratamento: A pulpite reversível é tratada pela remoção do irritante local; as pulpites
irreversíveis e crônicas hiperplásica são tratadas pelo tratamento endodôntico ou extração do
dente associado.
3-CALCIFICAÇÕES PULPARES
Nódulo pulpar: calcificações no interior da polpa, assintomáticas, podendo ser
detectadas radiograficamente.
Tipos: Aderentes – livres – Intersticiais – Agulhas calcificadas
Calcificação difusa: calcificação total ou parcial da cavidade pulpar.
6-ABSCESSO PERIAPICAL
Corresponde ao acúmulo de células inflamatórias agudas no ápice de um dente
necrosado. Podem ser divididos em sintomáticos (agudos) e assintomáticos (crônicos),
apresentando radiograficamente um espessamento do ligamento periodontal apical e/ou uma
radiotransparência mal definida no ápice do dente necrosado. Nos estágios iniciais existe uma
sensibilidade à percussão, com a progressão, a dor torna-se intensa com extrusão do dente e
tumefação dos tecidos. Pode ocorrer disseminação da secreção purulenta através dos espaços
medulares (osteomielite) ou perfurar a cortical e difundir-se através dos tecidos moles (celulite).
Esse material purulento pode drenar através de uma fístula intra-oral (parúlide ou furúnculo
gengival) ou drenar por uma fístula extra-oral (fístula cutânea). O tratamento consiste em
drenagem e eliminação do foco infeccioso.
7-CELULITE (Flegmão)
A celulite é uma infecção disseminada das camadas mais profundas da pele e, algumas
vezes, atinge os tecidos localizados abaixo delas. Mais freqüentemente, a celulite ocorre como
conseqüência de uma infecção estreptocócica ou, sobretudo após uma lesão de uma infecção
estafilocócica.
Angina de Ludwig: é um processo infeccioso que consiste em uma celulite do tecido
conectivo cervical e assoalho da boca, normalmente de origem dentária. No seu início há apenas
edema e dor local, mas a infecção se difunde rapidamente levando ao aumento de volume
significativo na região de assoalho de boca, sendo a característica mais importante a celulite
agressiva, tóxica, firme e aguda e que envolve os espaços submandibular, sublingual
(bilateralmente) e o espaço submentoniano.
Tratamento: internação hospitalar manutenção das vias aéreas, incisão e drenagem,
antibioticoterapia endovenosa e eliminação do foco infeccioso original.
Trombose do seio cavernoso: apresenta-se como um aumento edemaciado
periorbitário, com envolvimento das pálpebras e da conjuntiva. 31
Tratamento: drenagem cirúrgica, antibioticoterapia endovenosa, eliminação do foco
infeccioso.
8-OSTEOMIELITE
Corresponde a um processo inflamatório agudo ou crônico nos espaços medulares ou
nas superfícies corticais do tecido ósseo que se estende além do sítio inicial de envolvimento. A
maioria dos casos envolve a mandíbula com acometimento maior em homens, resultante
primariamente de um abscesso periapical associado à necrose pulpar ou a uma injúria física
(trauma) como segunda causa mais comum.
Osteomielite aguda: o paciente apresenta febre, leucocitose, linfadenopatia, dor,
tumefação dos tecidos, a presença de seqüestros ósseos (invólucrum) é rara,
radiotransparências mal definidas.
Tratamento: antibioticoterapia e drenagem.
Osteomielite crônica: presença de tumefação, dor, formação de fístulas, drenagem
purulenta, seqüestros ósseos, perda de dentes, fratura patológica. As radiografias revelam
radiotransparência mal definida, irregular, com seqüestros radiopacos.
Tratamento: intervenção cirúrgica, antibioticoterapia endovenosa em altas doses.
33
35
2.2.1Doenças gengivais
Lesões traumáticas: podem ser factícias (produzidas por métodos artificiais: trauma da
escovação, resultando em ulceração e retração gengival), iatrogênicas (causadas pelo cirurgião-
dentista ou outro profissional de saúde) e acidentais (queimaduras de alimentos e bebidas
quentes).
Periodontite crônica:
A periodontite crônica é associada ao acúmulo de placa e cálculo e geralmente tem um
curso de progressão lento a moderado.
Periodontite agressiva:
A periodontite agressiva difere da forma crônica pela rapidez na sua progressão,
ausência de grandes acúmulos de placa e cálculo e uma história familiar de doenças agressivas.
Abscessos do periodonto:
Os abscessos periodontais são infecções purulentas localizadas nos tecidos de
proteção e suporte dentários, sendo classificados de acordo com o tecido de origem.
Abscesso gengival: infecção localizada nos tecidos de proteção do dente.
Abscesso periodontal: infecção localizada nos tecidos de sustentação do dente.
Abscesso pericoronário: infecção localizada no capuz pericoronário que circunda um
dente (principalmente os terceiros molares inferiores).
Tratamento: consiste em drenagem, orientação de higiene oral, uso de colutórios com
clorexidine a 0,12%, remoção profissional da placa e do cálculo e antibioticoterapia em caso de
manifestações sistêmicas (febre, linfadenopatia, trismo, etc.).
Trauma oclusal
Quando forças oclusais excedem a capacidade de adaptação dos tecidos, o resultado
será a injúria tecidual. Esta injúria resultante é chamada de trauma de oclusão.
Primário: quando o trauma incide em um periodonto normal com altura de osso normal.
Secundário: quando o trauma incide em um periodonto normal com altura óssea
reduzida (seqüela de doença periodontal passada) ou em um periodonto com doença periodontal
ativa e altura óssea reduzida.
Tratamento: remoção do trauma oclusal e tratamento da doença periodontal em caso
de atividade de doença. Lembre-se que o trauma oclusal NÃO causa doença periodontal.
ESPAÇO BIOLÓGICO 1:
*Sulco: 0,69mm
*Epitélio juncional: 0,97mm
*Inserção conjuntiva:
1,07mm
ESPAÇO BIOLÓGICO 2:
*Sulco : 0,5mm a 1mm
*Epitélio juncional : 1,5mm +/- 0,5mm
*Adesão conjuntiva: 1,5mm +/- 0,5mm
PRANCHA 5:
CISTOS ODONTOGÊNICOS
Representam os cistos dos maxilares que são limitados por epitélio que se origina do
epitélio odontogênico.
CISTOS DE DESENVOLVIMENTO
CISTOS INFLAMATÓRIOS
Cisto periapical (radicular): esses cistos representam as lesões císticas mais comuns
nos ossos gnáticos e estão sempre associadas com o ápice de dentes sem vitalidade. É uma
lesão geralmente bem circunscrita e pode estar circundada por uma margem periférica radiopaca
contínua à lâmina dura do dente associado. O dente envolvido deve ser tratado
endodonticamente ou extraído, sendo neste último caso a lesão curetada e removida.
Cisto periapical (radicular) residual: é um cisto radicular que permaneceu no osso
gnático e não se resolveu após a extração do dente envolvido. A lesão deve ser removida
cirurgicamente.
1-AMELOBLASTOMA
São tumores que se originam do epitélio odontogênico, de crescimento lento, curso
benigno na sua maioria, dividindo-se em:
6-FIBROMA AMELOBLÁSTICO
É considerado o verdadeiro tumor misto, pois o tecido epitelial e mesenquimal são
ambos neoplásicos. São tumores diagnosticados nas duas primeiras décadas de vida, mais
comuns em homens, com localização preferencial pela região posterior da mandíbula. 58
Radiograficamente observa-se uma transparência unilocular ou multilocular dependendo do
tamanho da lesão, com margens bem definidas e esclerosadas, estando associados com um
dente incluso em 75% dos casos. O fibroma ameloblástico apresenta-se como uma massa sólida
de tecido mole com superfície externa lisa no aspecto macroscópico e microscopicamente
apresenta cordões de epitélio odontogênico estreitos e longos, num estroma mesenquimal
primitivo rico em células ovóides ou estreladas imitando a papila dentária em desenvolvimento.
O tratamento consiste em excisão local conservadora, em caso de recidiva deve-se optar por
uma excisão cirúrgica mais agressiva.
7-FIBRO-ODONTOMA AMELOBLÁSTICO
É definido com um tumor com os aspectos gerais do fibroma ameloblástico, porém
contendo também esmalte e dentina. Aparece em crianças com média de idade de 10 anos, com
prevalência maior nas regiões posteriores dos ossos maxilares, podendo apresentar tumefação e
dor nas lesões maiores. Radiograficamente observa-se um defeito radiotransparente unilocular
(maioria) bem circunscrito que contém quantidade variável de material calcificado com
radiodensidade de estrutura dentária, estando associado a um dente incluso em grande
porcentagem dos casos.
O tratamento é a curetagem conservadora.
9-ODONTOAMELOBLASTOMA
É um tumor odontogênico raro que possui um componente ameloblastomatoso
associado com elementos semelhantes ao odontoma. A lesão parece ocorrer mais na mandíbula
de pacientes jovens que relatam dor, erupção retardada de dentes e expansão do osso afetado. 59
Radiograficamente o tumor apresenta uma área radiotransparente que contém estruturas
calcificadas semelhantes aos odontomas.
O tratamento consiste na ressecção marginal com margem de segurança.
10-ODONTOMAS
Representam os tipos mais comuns de tumores odontogênicos sendo considerados
anomalias de desenvolvimento (hamartomas) e dividem-se em odontomas compostos e
complexos.
A maioria das lesões é encontrada durante as duas primeiras décadas de vida com
média de idade de 14 anos, com maior freqüência na maxila.
O odontoma composto assemelha-se a uma coleção de estruturas semelhantes a
dentes aparecendo mais na região anterior da maxila e o odontoma complexo a uma massa
calcificada com uma estreita margem radiotransparente, normalmente associada a dentes
inclusos, localizando-se mais na região posterior da maxila. Ocasionalmente um cisto dentígero
pode se desenvolver do limitante epitelial da cápsula fibrosa de um odontoma complexo.
O tratamento é excisão cirúrgica local.
14-MIXOMA ODONTOGÊNICO
A média de idade dos pacientes com esta lesão é de 25 a 30 anos, podendo ser
encontrado em quase todas as regiões dos maxilares. Radiograficamente apresenta-se como
uma lesão radiotransparente multilocular (maioria) ou unilocular, que pode causar reabsorção ou
deslocamento dos dentes envolvidos. As margens do tumor são irregulares ou festonadas, com
presença de finas trabéculas ósseas, arranjando-se em ângulo reto uma com as outras
(aparência de “raquete de tênis” ou de “degraus de uma escada”) ou loculações maiores
semelhantes a “bolhas de sabão”.
O aspecto macroscópico é de uma estrutura frouxa gelatinosa e microscopicamente o
tumor é constituído por células redondas e fusiformes com arranjo estrelado, dispostas em um
estroma mixóide frouxo, com poucas fibrilas colágenas.
As lesões menores são removidas por curetagem com subseqüente proservação
periódica. Lesões maiores são tratadas por ressecção mais extensa, pois as lesões não são
encapsuladas e infiltram o osso subjacente. 61
PRANCHA 6:
64
1- LINHA ALBA
Representa uma linha branco-acinzentada que ocorre ao longo da mucosa jugal no nível
do plano oclusal bilateralmente. A lesão é relacionada ao trauma oclusal e pode também estar
associada à pressão negativa intra-oral que faz a sucção da mucosa jugal para o espaço entre
os dentes superiores e inferiores. Não requer tratamento.
2- MORSICATIO BUCCARUM
É uma injúria auto-induzida na qual o paciente habitualmente morde ou suga a mucosas
jugal. A mucosa apresenta um aspecto branco-acinzentado de maceração ou fragmentação,
caracterizado por áreas irregulares de descamação e pequenas erosões. O tratamento é
estimular o paciente a abandonar o hábito.
3- ULCERAÇÕES TRAUMÁTICAS
A causa mais comum dessas úlceras é o trauma auto-induzido, no qual o paciente
inadvertidamente morde a mucosa, o lábio, a língua, etc. São facilmente diagnosticadas pela
história e características clínicas e normalmente cicatrizam em algumas semanas se o agente
irritante for removido (restaurações, próteses, etc.). Uma úlcera que não cicatriza requer a
realização de biópsia para descartar a possibilidade de malignidade.
Algumas ulcerações traumáticas da mucosa oral são associadas a uma intensa reação 68
inflamatória pseudo-invasiva que se estende profundamente no tecido conjuntivo fibroso com
numerosos eosinófilos e histiócitos sendo denominadas úlceras eosinofílicas ou granulomas
traumáticos. Ainda em crianças pode ocorrer a Doença de Riga-Fede que constitui uma forma
distinta de granuloma traumático que aparece na superfície ventral da língua, decorrente de
trauma produzido pelos incisivos inferiores decíduos ou dentes natais durante a alimentação. É
recomendada a biópsia nestas situações para estabelecer o diagnóstico e o uso de protetores
nos dentes anteriores nos casos de Doença de Riga-Fede.
Na Síndrome de Munchausen, os pacientes podem intencionalmente produzir danos a
si próprios para procurar atendimento médico ou odontológico com o desejo de atenção,
simpatia ou para obtenção de drogas. Estes pacientes devem ser encaminhados para
aconselhamento psiquiátrico.
7- QUEILITE ESFOLIATIVA
A queilite esfoliativa é uma desordem inflamatória crônica superficial da área do
vermelhão do lábio caracterizada por hiperceratose e descamação persistente. Pode ser um
processo autônomo ou decorrente de diversos fatores, como disfunção tireoideana, familiar, ou
ainda ser um eczema idiopático. No entanto, apesar da etiologia permanecer desconhecida, esta
é, em geral, associada ao hábito repetido de morder os lábios (queilite factícia). É predominante
em meninas e mulheres jovens e a maioria tem algum tipo de distúrbio de personalidade.
Para o tratamento da queilite esfoliativa prescreve-se, em alguns casos,
corticosteróides tópicos, tranqüilizantes e psicoterapia.
8- HEMORRAGIA SUBMUCOSA
A hemorragia submucosa é causada pela ruptura de vasos sangüíneos que pode ocorrer
em conseqüência de um trauma, cirurgia, ou alguma forma de discrasia sangüínea (hemofilia,
trombocitopenia, leucemia ou terapia anticoagulante). Uma petéquia representa uma área plana
pequena de sangramento localizada, ao passo que uma equimose é uma área de hemorragia
maior, também não elevada. O hematoma é o acúmulo localizado de sangue extravasado para
os espaços teciduais que produz aumento de volume. Essas áreas normalmente organizam-se 70
com tecido de granulação e se resolvem sem tratamento. Hematomas grandes podem requerer
intervenção cirúrgica com incisão e drenagem.
Metais, como qualquer outro agente químico, podem produzir patologias agudas,
desenvolvidas rapidamente pelo contato com uma única dose alta, ou crônica por exposição a
doses baixas em longo prazo. Abaixo estão relacionados os principais metais que podem causar
intoxicação sistêmica com manifestações bucais:
PRANCHA 7:
75
2- DIFTERIA
Doença produzida pelo Corynebacterium diphitheriae (bacilo de Klebs – Löffler) que
afeta as superfícies mucosas, podendo produzir exsudatos nas regiões nasal, amigdaliana,
faringiana, laringotraqueal, conjuntival ou genital. O exsudato orofaringiano inicia-se em uma ou
em ambas as amígdalas como uma mancha branco-amarelada, fina, que se espessa para
formar uma cobertura aderente acinzentada, levando a uma linfoadenopatia cervical que se
significativa, é conhecida como pescoço de touro. As complicações são miocardite e dificuldade
neurológica.
O tratamento consiste em administrar antitoxina diftérica e antibióticos (penicilina,
eritromicina).
3- SÍFILIS (LUES)
É uma infecção crônica causada pelo Treponema pallidum que prossegue
classicamente por três estágios:
Sífilis primária: caracterizada pelo cancro (lesão papular com ulceração central) que se
desenvolve no local da inoculação (lábios, língua, palato, gengiva) do microorganismo e
linfoadenopatia bilateral. Se não tratada a lesão regride em 3 a 8 semanas.
Sífilis secundária: ocorre o aparecimento de sintomas sistêmicos, erupções
maculopapulares (roséolas sifilíticas), placas mucosas (localizadas na língua, lábios, mucosa
jugal e palato), condilomata lata (lesões papilares semelhantes aos papilomas virais), e em 77
situações que existe um comprometimento do sistema imunológico, pode-se desenvolver a lues
maligna (sífilis disseminada).
Sífilis terciária: após o segundo estágio desenvolve-se um período assintomático
denominado sífilis latente. Esse terceiro estágio representa o período mais grave em que temos
envolvimento do sistema vascular e nervoso (tabes dorsalis). Clinicamente aparecem as gomas
sifilíticas (infamação granulomatosa principalmente em palato e língua), a glossite intersticial (a
língua apresenta-se aumentada, lobulada e irregular) e a glossite luética (atrofia difusa da
língua).
Sífilis congênita: está associada à infecção dos bebês que em países de terceiro
mundo ainda constituem causa de aborto, natimortos e infecções neonatais. As crianças
infectadas apresentam dentes de Hutchinson (incisivos em forma de pá), molares de Fournier
(molares de Moom – a oclusal destes dentes assemelha-se a uma amora), queratite ocular
intersticial, surdez do VIII par craniano, sinal de Higoumenaki (aumento da clavícula em direção
ao osso esterno), rágades (fissuras periorais), articulação de Clutton (sinovite indolor), tíbia de
sabre (má formação da tíbia semelhante aos dentes do tigre dentes-de-sabre). O diagnóstico é
confirmado pelos exames laboratoriais: microscopia em campo escuro, pesquisa laboratorial de
doenças venéreas – VDRL e o plasma reagente rápido – PRR. O tratamento de escolha é a
penicilina.
4- GONORRÉIA
Doença sexualmente transmissível produzida pela Neisseria gonorrhoeae.
Complicações: doença pélvica inflamatória, mialgia, artralgia, poliartrite e dermatite; as lesões
dermatológicas consistem em pápulas e pústulas hemorrágicas. As lesões orais correspondem a
ulcerações, dor de garganta, eritema orofaringeano e pústulas puntiformes disseminadas. Pode
estar associada à uretrite causada por Chlamydia trachomatis.
O tratamento é feito com ceftriaxona e doxiciclina.
5- TUBERCULOSE
Doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium tuberculosis que se divide
em:
Tuberculose primária: que ocorre em pessoas não expostas ao microorganismo
previamente e quase sempre envolve os pulmões. 78
Tuberculose secundária: na qual os pacientes progridem da infecção para doença
ativa, podendo ocorrer disseminação difusa através do sistema vascular (tuberculose miliar). A
progressão da tuberculose em alguns casos leva a consumação e o envolvimento da pele
chama-se lúpus vulgar.
As lesões orais são descritas como uma úlcera crônica e indolor recoberta por uma
pseudomembrana amarelo-acinzentada ocorrendo mais comumente na língua, palato e lábios,
lesões gengivais em granulação, presença de áreas leucoplásicas nodulares e/ou granulares e
ainda pode ocorrer associação com um aumento regionalizado dos linfonodos com fistulação
(escrófula).
O diagnóstico é feito através do exame microscópico direto do escarro, exame
radiológico, prova tuberculínica e exame histopatológico (a lesão apresenta-se como um
granuloma, geralmente com necrose de caseificação e infiltrado histiocitário de células
multinucleadas).
O tratamento consiste em esquema tríplice de isoniazida, pirazinamida e rifampicina
por 2 meses e após mais 4 meses com rifampicina e isoniazida.
8- ACTINOMICOSE
Doença causada principalmente pelo Actinomyces israelli que na região cérvico –
facial apresenta a descrição clássica de uma área endurecida de fibrose, com aspecto lenhoso,
podendo formar uma área macia de abscesso com formação de fístula com descarga de grande
quantidade de estruturas amareladas chamadas grânulos sulfúricos. A região do ângulo da
mandíbula é a área mais afetada.
O tratamento dá-se pela drenagem e excisão do trajeto fistuloso com associação de
penicilina por 5 a 6 semanas.
80
1- CANDIDÍASE (Candidose)
Representa a infecção fúngica bucal mais comum no homem, tendo como etiologia a
Candida albicans na grande maioria dos casos. A maioria das espécies Candida é dimórfica e 84
existe na forma de leveduras ovóides ou hifas. O reservatório primário do microorganismo em
portadores é a língua. Suas manifestações clínicas são extremamente variadas e dependem de
três fatores gerais: imunocompetência, meio ambiente oral, resistência ao fungo.
O diagnóstico é dado pela presença das hifas do fungo em esfregaços ou em cortes
histológicos da lesão, além das evidências clínicas.
A doença é representada por diversas formas clínicas:
Pseudomembranosa; Eritematosa; Atrofia papilar central; Multifocal crônica;
Queilite angular; Estomatite por dentadura; Hiperplásica; Mucocutânea e Síndrome
candidose endócrina.
palato.
destacáveis. e língua.
Eritematosa Máculas Palato duro, Antibióticos,
língua.
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ediana)
vermelhas. ângulos da
boca.
Crônica)
língua.
Mucocutânea Placas brancas e Língua, Hereditária ou
palato.
86
O tratamento é feito com a utilização de antifúngicos (Nistatina, Clotrimazol,
Cetoconazol, Anfotericina B).
2- HISTOPLASMOSE
Infecção fúngica causada pelo Histoplasma capsulatum que se divide em
histoplasmose aguda, crônica e disseminada.
A Histoplasmose aguda é uma infecção pulmonar autolimitada que apresenta como
sintomatologia a febre, cefaléia, mialgia, tosse não-produtiva e anorexia.
A Histoplasmose crônica afeta principalmente os pulmões com características da
tuberculose (tosse, febre, perda de peso, dispnéia, dor torácica, hemoptise, fraqueza e fadiga).
A Histoplasmose disseminada é caracterizada pela disseminação progressiva da
infecção para sítios extra-pulmonares, atingindo principalmente pacientes idosos e
imunossuprimidos. As lesões orais apresentam-se como úlceras solitárias, com sintomatologia
variável, com áreas eritematosas e/ou brancas e superfície irregular atingindo preferencialmente
a língua, gengiva, palato ou mucosa jugal. A identificação dos microorganismos nos cortes de
tecido leva ao diagnóstico.
O tratamento indicado é o Cetoconazol, sendo reservada a Anfotericina B para casos
mais graves.
3- BLASTOMICOSE
É uma infecção quase sempre adquirida pela inalação dos esporos do Blastomicis
dermatitidis.
A Blastomicose aguda lembra a sintomatologia de uma pneumonia e a
Blastomicose crônica apresenta lesões que se iniciam como nódulos eritematosos que
aumentam e tornam-se verrucosos a partir da disseminação da doença pelos pulmões. As
lesões orais podem se apresentar com uma superfície intacta eritematosa ou branca e irregular,
ou podem aparecer como ulcerações de bordas elevadas irregulares e dor variável.
A identificação do microorganismo através da citologia esfoliativa ou do histopatológico
leva ao diagnóstico.
O tratamento é feito com Itraconazol e em casos graves a Anfotericina B.
87
4- PARACOCCIDIOIDOMICOSE (Blastomicose Sul-americana)
Infecção fúngica profunda com predileção pelos homens (agricultores idosos) causada
pelo Paracoccidioides brasiliensis. Esta predileção ocorre devido aos agricultores terem o
hábito de mascar gravetos e folhas contaminados pelo fungo. O hormônio feminino B-estradiol
parece exercer um efeito protetor às mulheres.
As lesões bucais são ulcerações com aspecto de amora, que afetam mais comumente
a mucosa alveolar, o palato e a gengiva.
O exame histopatológico mostra numerosos fungos nos cortes de tecido com diversos
brotamentos filhotes.
O Itraconazol é usado para os casos mais moderados e a Anfotericina B para os casos
mais graves.
6- CRIPTOCOCOSE
Doença fúngica causada por Cryptococcus neoformans que representa um grave
problema para os pacientes imunossuprimidos. A doença nestes pacientes dissemina-se
envolvendo as meninges, pele, osso e próstata causando cefaléia, vômito e rigidez do pescoço.
As lesões cutâneas apresentam-se como pápulas eritematosas ou pústulas e as lesões orais são
descritas como úlceras crateriformes que não cicatrizam, com consistência mole à palpação.
O diagnóstico é feito através da titulação dos anticorpos sangüíneos, da cultura e da
análise histopatológica e o tratamento consiste na combinação de Anfotericina B com outros
antifúngicos.
88
7- ZIGOMICOSE (Mucormicose, Ficomicose)
Infecção fúngica oportunista causada por saprófitos (microoganismos que vivem em
matéria orgânica) da classe dos zigomicetos (Absidia, Mucor, Rhizomucor e Rhizopus) que
freqüentemente causa morte fulminante, afetando pacientes imunossuprimidos.
A zigomicose pode envolver qualquer área do corpo, mas a forma Rinocerebral é a
mais relevante para o profissional de saúde bucal.
Os pacientes podem manifestar obstrução nasal, dor facial, cefaléia, tumefação ou
celulite facial e distúrbios visuais com proptose. Se a doença permanecer sem tratamento,
ocorre paralisia facial, tumefação, ulceração e necrose extensa do palato, grande destruição
tecidual difusa envolvendo a face pode levar à cegueira, letargia e morte.
O diagnóstico ocorre através da coleta do material para exame
anatomohistopatológico e cultivo. As radiografias dos seios da face demonstram opacificação do
lado afetado. O tratamento envolve debridamento cirúrgico radical do tecido necrótico infectado
associado com Anfotericina B.
8- ASPERGILOSE
Representa a segunda infecção fúngica em freqüência, causada principalmente pelo
Aspergillus fumigatus.
No hospedeiro hígido podemos encontrar uma Sinusite fúngica alérgica ou uma
infecção no seio maxilar com a presença de Aspergilomas que são massas de hifas do fungo.
Estes aspergilomas podem sofrer calcificação distrófica dentro do seio maxilar denominando-se
antrólitos e tornarem-se radiopacos, sendo visíveis nas tomografias e ortopantomografias.
Na cavidade oral o aspecto é de ulcerações gengivais dolorosas e tumefação difusa de
coloração violácea ou acinzentada do palato e secreção nasal. Algumas vezes estas
manifestações aparecem após procedimentos odontológicos como extrações dentárias e
tratamentos endodônticos, principalmente nas regiões posteriores. Se não tratada a infecção,
ocorre extensa necrose do palato, observada como uma úlcera amarela ou negra com
tumefação facial.
A Aspergilose invasiva ocorre em pacientes imunocomprometidos com sintomas de
dor torácica, febre e tosse.
O diagnóstico é feito através de exames radiográficos, cultura e biópsia dos seios da
face ou das outras lesões associadas e titulação dos anticorpos no sangue. O tratamento 89
depende da gravidade da doença. Pacientes com aspergilose não invasiva, debridamento
cirúrgico associado ao itraconazol é indicado; aqueles com sinusite fúngica alérgica associam-se
corticosteróides, itraconazol e debridamento cirúrgico e finalmente a aspergilose invasiva é
tratada com debridamento e administração de Anfotericina B.
9- TOXOPLASMOSE
Doença causada por um protozoário (Toxoplasma gondii) que pode ser fatal para
pacientes imunossuprimidos e para o feto em desenvolvimento (Toxoplasmose congênita –
cegueira, retardo mental e motor).
As manifestações da infecção podem incluir a encefalite necrosante com
comprometimento grave do SNC, pneumonia, miosite ou miocardite.
Em pacientes hígidos a doença normalmente é descoberta pela investigação dos
linfonodos (principalmente os linfonodos jugais) pelo profissional.
É importante orientar as gestantes para evitar a ingestão de carne crua e o contato
com gatos até o nascimento do bebê, evitando a contaminação.
O tratamento para pacientes hígidos é apenas acompanhamento, mas para as
gestantes e os pacientes imunocomprometidos deve fazer uso de sulfadiazina e pirimetamina.
PRANCHA 9:
FIGURA 1: SÍNDROME CANDIDOSE ENDÓCRINA fonte: http://www.medicinaoral.org
90
FIGURA 2: CANDIDÍASE PSEUDOMEMBRANOSA (1ª), CANDIDÍASE ERITEMATOSA
(2ª), GLOSSITE ROMBOIDAL MEDIANA (3ª) fonte: http://www.oralcancerfoundation.org
2-VARICELA (Catapora)
A fase sintomática da infecção do VZV (Vírus varicela zoster) geralmente se inicia com
mal-estar, faringite e rinite seguida por exantema pruriginoso. As lesões da pele progridem
através dos estágios de eritema, vesícula, pústula e crosta endurecida. As lesões orais se
apresentam como vesículas branco-opacas que se rompem e formam ulcerações no palato, na
mucosa jugal e na gengiva.
O tratamento é muitas vezes paliativo (analgésicos e antipiréticos) ou associado com
antivirais orais (aciclovir) na fase prodrômica. Evitar o uso dos salicilatos (AAS) devido a
possibilidade de desenvolvimento da Síndrome de Reye - doença grave que acomete crianças
com infecções virais e uso de salicilatos levando a encefalopatia metabólica, edema cerebral,
hipertensão intra-craniana, insuficiência hepática e morte.
94
3- HERPES-ZOSTER (Cobreiro)
As características desta infecção causada pelo VZV (HHV tipo 3 – Herpes vírus
humano tipo 3) dividem-se em prodrômica, aguda e crônica.
Dor prodrômica intensa que precede a erupção cutânea que tende a seguir o trajeto do
nervo afetado normalmente unilateral, terminando na linha média. As lesões orais assemelham-
se às da catapora, iniciando como vesículas que ulceram e formam crostas dentro de sete a dez
dias. O envolvimento da maxila pode levar a desvitalização de dentes e necrose óssea; o
envolvimento ocular pode levar à cegueira. A infecção pode ser parte da Síndrome de Ramsay
Hunt (paralisia facial, vertigem, deficiência auditiva).
A maior morbidez é o desenvolvimento de neuralgia pós-herpética que pode perdurar
por anos, extremamente debilitante devido aos episódios de dor intensa.
O tratamento inicial com antivirais acelera o processo de cicatrização, reduzindo a
duração da dor aguda e da neuralgia pós – herpética.
5-CITOMEGALOVÍRUS
O Citomegalovírus (Herpes vírus humano tipo 5 – HHV tipo 5) causa na infecção
neonatal a hepatoesplenomegalia, eritropoiese cutânea extramedular, trombocitopenia e 95
encefalite significativa podendo levar a hipoplasia no esmalte dentário.
A infecção aguda no adulto leva a febre, mal-estar, mialgia. O envolvimento das
glândulas maiores leva a aumento clínico evidente e xerostomia. As lesões orais representam
ulcerações crônicas.
Os modos comuns de transmissão incluem relação sexual, material contaminado para
a injeção de drogas, transfusão sangüínea e transmissão perinatal (vertical).
No exame histopatológico as células endoteliais vasculares apresentam-se com o
aspecto de “olhos de coruja” devido a grande dilatação celular.
O tratamento é indicado para pacientes imunocomprometidos (ganciclovir).
6-ENTEROVIROSES
A maioria dos casos aparece no verão ou no início do outono, nas áreas tropicais, com
má higiene e aglomerações.
Tratamento: Anti-retrovirais
Inibidores da transcriptase reversa (nucleosídeos): Ex. zidovudina / lamivudina.
Inibidores da transcriptase reversa (não-nucleosídeo): Ex. neviparina.
Inibidores de proteases: Ex. indinavir / amprenavir.
O regime inicial consiste em associar dois nucleosídeos e um ou dois inibidores de
proteases ou dois nucleosídeos e um não nucleosídeo.
VÍRUS INFECÇÃO
COXSACKIEVÍRUS Enteroviroses;
99
PRANCHA 10:
101
2- RÂNULA
Corresponde aos mucoceles que acometem o assoalho de boca (normalmente
lateralmente à linha média), apresentando–se como uma tumefação azulada, flutuante, com
forma de cúpula, pode produzir elevação da língua; as lesões mais profundas têm coloração
normal. A glândula submandibular é a mais acometida, seguida da sublingual e glândulas
salivares menores.
O tratamento é a marsupialização e/ou remoção da glândula.
5- SIALOADENITE 104
A sialoadenite (inflamação das glândulas salivares) pode ter origem de várias causas,
infecciosas ou não. A infecção viral mais comum (paramixovírus) é a parotidite endêmica ou
caxumba. A maioria das infecções bacterianas origina-se de uma obstrução ductal ou diminuição
do fluxo salivar, permitindo a disseminação retrógrada de bactérias (Staphylococcus aureus)
para dentro do sistema ductal.
A sialoadenite aguda bacteriana (parotidite aguda) é mais comum na Parótida e a
glândula mostra-se edematosa e dolorosa e a pele pode apresentar-se eritematosa. Pode-se
observar drenagem purulenta pelo orifício do ducto quando a glândula é ordenhada. Na
sialografia observa-se uma sialectasia (dilatação do ducto) próxima à área de obstrução.
A parotidite crônica representa manifestações clínicas mais atenuadas de infecções
bacterianas causadas principalmente pelo Streptococcus viridans.
O tratamento da infecção bacteriana consiste na utilização de antibioticoterapia
apropriada e reidratação do paciente.
6- QUEILITE GLANDULAR
É uma condição inflamatória rara das glândulas salivares menores, tipicamente em
lábio inferior com tumefação e eversão do lábio em conseqüência da hipertrofia e inflamação das
glândulas.
8- SÍNDROME DE SJÖGREN
Síndrome de Sjögren primária: síndrome sicca (xeroftalmia – olhos secos e xerostomia
– boca seca) sem presença de desordem auto-imune;
Síndrome de Sjögren secundária: síndrome sicca associada a outras doenças auto-
imunes (artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico);
É uma desordem auto-imune sistêmica crônica que afeta principalmente mulheres de
meia-idade; a mucosa oral pode estar vermelha e sensível com apresentação de candidose 106
secundária e queilite angular. A língua pode apresentar-se atrófica e fissurada, com tumefação
bilateral das glândulas salivares, pele seca, nefrite, fibrose pulmonar, secura nasal e vaginal e
alterações no sistema nervoso central e periférico. Na sialografia observa-se sialectasia
puntiforme; nos exames laboratoriais a velocidade de sedimentação dos eritrócitos é alta, e os
níveis séricos de IgG são elevados. Em 75% dos casos encontra-se fator reumatóide positivo.
No histopatológico de biópsia de glândula salivar menor encontra-se uma infiltração linfocítica
com destruição dos ácinos das glândulas.
O tratamento do paciente é paliativo (lágrimas e saliva artificiais, sialogogos). Existe
maior risco de desenvolvimento de linfomas (Linfoma não - Hodgkin).
9- SIALOMETAPLASIA NECROSANTE
É uma condição inflamatória incomum, localmente destrutiva das glândulas salivares,
principalmente do palato iniciando-se como uma tumefação dolorosa que em 2 a 3 semanas o
tecido necrosado separa-se deixando uma úlcera semelhante a uma cratera. O fator etiológico
parece estar associado à isquemia (comprometimento vascular) da área. Histopatologicamente,
a estrutura da arquitetura lobular se encontra preservada o que distingue essa lesão de uma
possível malignidade. Uma vez feita biópsia e estabelecido o diagnóstico, não é necessário
nenhum tratamento.
109
3- SARCOIDOSE
Representa uma desordem granulomatosa multissistêmica de causa desconhecida. As
lesões cutâneas são denominadas de lúpus perniose (lesões crônicas, violáceas e endurecidas)
afetando o nariz, o pavilhão auricular, os lábios e a face. Placas purpúreas, endurecidas,
elevadas e simétricas são observadas e nódulos eritematosos (eritema nodoso) aparecem nos
membros inferiores. Ocorre envolvimento ocular e propensão a ceratoconjuntivite seca. Se as
glândulas salivares estiverem envolvidas (causando xerostomia) a doença pode imitar a
Síndrome de Sjögren.
Na mucosa oral as lesões aparecem como massas submucosas, pápulas ou lesões
granulomatosas de coloração normal, marrom-avermelhadas, violáceas ou hiperceratóticas. Em
60% dos pacientes os sintomas se resolvem espontaneamente em dois anos, alguns casos
podem ser necessários corticosteróides.
4- GRANULOMATOSE OROFACIAL
Os locais mais comumente envolvidos são os lábios que mostram um aumento
consistente de volume e indolor (Queilite granulomatosa ou Doença de Miescher). Quando
esses sinais são combinados com paralisia facial e língua fissurada, representam o quadro da
Síndrome de Melkersson – Rosenthal.
A mucosa jugal freqüentemente exibe um edema com aspecto de pedregoso (focos
de aumento submucoso).
Embora a etiologia seja desconhecida, muitos casos têm sido associados a infecções
odontogênicas adjacentes ou exposição a certos alimentos, condimentos ou outros produtos
alergênicos.
No tratamento deve-se eliminar a causa desencadeadora; para algumas lesões pode
estar indicado o uso de corticosteróides intralesional.
113
5- GRANULOMATOSE DE WEGENER
A doença começa como um processo localizado que pode se tornar amplamente
disseminado, sendo caracterizado por vasculite necrosante e granulomatosa.
Na forma clássica inicia-se com acometimento do trato respiratório superior e inferior,
com envolvimento renal subseqüentemente. Na forma limitada apenas ocorre o envolvimento do
sistema respiratório representado por sinusite, renite, obstrução nasal, lesões necróticas e
destrutivas na cavidade nasal e oral.
As lesões orais são representadas por gengivite moriforme (hiperplásica) de coloração
vermelho-purpúrea, ulcerações orais e raramente destruição óssea e mobilidade dental.
As drogas de escolha para o tratamento são a ciclofosfamida e a prednisona.
7- ESTOMATITE MEDICAMENTOSA
São as reações alérgicas induzidas pela administração de drogas sistêmicas.
Vários medicamentos são capazes de produzir estas reações (penicilinas, sulfas, etc.),
apresentando-se como áreas de eritema e edema, lesões vesicobolhosas ou ulcerações.
O diagnóstico requer uma cuidadosa história médica que relacione as lesões ao
agente desencadeante. Os corticosteróides tópicos podem ser úteis no tratamento das lesões
localizadas. As reações anafiláticas sistêmicas que por ventura possam ocorrer em algumas 114
situações, devem imediatamente requerer assistência podendo ser necessário o uso de
epinefrina, corticosteróides ou anti-histamínicos.
9- DERMATITE PERIORAL
A dermatite perioral é uma erupção persistente, caracterizada pelo desenvolvimento
de várias pápulas, vesículas ou pústulas na pele em torno da boca. Alguns casos são
relacionados ao uso de cosméticos, antibióticos tópicos, pastas de dentes com pirofosfato para
controle do tártaro, ou potentes corticosteróides aplicados localmente. A normalidade dos tecidos
retornará em poucas semanas com a remoção do agente agressor.
PRANCHA 12:
FIGURA 1: ULCERAÇÕES AFTOSAS fonte: http://www.aaomp.org 115
1- PAPILOMA ESCAMOSO
É uma proliferação benigna do epitélio escamoso estratificado em forma de projeções
digitiformes, que resulta em uma massa papilar ou verrucosa, presumivelmente induzida por
HPV (papilomavírus subtipos 6 e 11).
Atinge principalmente a língua, gengiva, mucosa jugal e o palato com
aproximadamente 0,5 a 1cm de diâmetro chegando até 3cm.
O tratamento é a excisão cirúrgica.
2- VERRUGA VULGAR
É uma hiperplasia do epitélio escamoso estratificado, benigna, extremamente
contagiosa e induzida por vírus (HPV 2, 4 e 40).
Comum em crianças atingindo a pele das mãos, regiões periorais e a borda do
vermelhão do lábio. Tipicamente apresenta-se como uma pápula ou nódulo indolor, com
projeções papilares ou uma superfície rugosa granulada. 117
O tratamento consiste em crioterapia, curetagem, excisão cirúrgica ou aplicação de
agentes ceratinolíticos.
5- EFÉLIDE (Sarda)
É uma mácula hiperpigmentada, pequena, comum na pele, que constitui área com
maior aumento da produção de melanina. As lesões tornam-se mais evidentes após a exposição
ao sol. A coloração marrom não é tão escura (fazendo assim diagnóstico diferencial com o
lentigo) e não há elevação da superfície (diferenciando-se do nevo).
Não há necessidade de tratamento.
Eritroleucoplasia
(Leucoplasia salpicada) Carcinoma
hiperceratose irregular in situ
atrofia epitelial; cristas epiteliais
bulbosas e numerosas
3- FIBROMATOSE
A fibromatose dos tecidos moles da cabeça e pescoço apresenta-se como massa
firme e indolor, com crescimento rápido, ocorrendo principalmente em crianças e adultos jovens
(fibromatose juvenil agressiva). Observada na região paramandibular, pode atingir tamanho
considerável, freqüentemente com destruição do osso subjacente.
O tratamento é excisão cirúrgica com ampla margem de segurança. As recidivas locais
são comuns, mas metástases não ocorrem. 131
4- GRANULOMA PIOGÊNICO
É um crescimento tecidual reacional comum na cavidade bucal, considerado de
natureza não-neoplásica com aparência de uma massa plana ou lobulada, usualmente
pedunculada. A superfície é ulcerada e varia do rosa a vermelho ou roxo (altamente
vascularizados inicialmente). A lesão é indolor, localizando-se na gengiva, lábios, língua e
mucosa jugal principalmente.
O tratamento é a excisão cirúrgica conservadora.
Granuloma gravídico (tumor gravídico): nomenclatura associada ao granuloma
piogênico desenvolvido durante a gravidez, presumivelmente devido a uma resposta tecidual
exarcebada diante das alterações hormonais.
Epúlide granulomatosa: termo usado para descrever os crescimentos hiperplásicos de
tecido de granulação que se desenvolvem na área de cicatrização dos alvéolos após extração.
7- LIPOMA
É um tumor benigno de gordura, representado por massa nodular, mole de superfície
plana, que pode ser séssil ou pedunculado. Caracteristicamente assintomático, com menos de
3cm (maioria), de coloração amarela ou rósea dependendo da profundidade.
A localização mais comum é a mucosa jugal seguida do vestíbulo, com incidência a
partir dos 40 anos.
O tratamento é a excisão cirúrgica conservadora.
Uma manobra semiotécnica é observar a peça, após remoção cirúrgica e colocada
dentro da solução de formol 10%, a peça encontra-se flutuando na solução.
11- NEUROFIBROMA
É o tipo mais comum de neoplasma de nervos periféricos, podendo originar-se como
tumor solitário ou ser um componente da neurofibromatose.
Os tumores solitários são mais comuns em adultos jovens e se apresentam como
lesões indolores, moles, de crescimento lento, que variam de pequenos nódulos a grandes
massas não encapsuladas. A pele é localização mais comum, sendo que na cavidade bucal a
língua e a mucosa jugal são as localizações mais freqüentes.
O tratamento é excisão cirúrgica.
14- HEMANGIOMA
Os hemangiomas são considerados tumores benignos dos vasos sangüíneos comuns
na infância (mais em meninas – 3:1) que se caracterizam por uma fase de crescimento rápido
com proliferação de células endoteliais, seguida pela involução gradual. Os tumores superficiais
da pele são elevados, com uma coloração vermelho-vivo (hemangioma em morango), sendo
firmes e elásticos à palpação. Os tumores profundos podem aparecer apenas ligeiramente
elevados, com coloração azulada. Hemangiomas grandes e extensos em bebês podem estar
associados à Síndrome de Kasabach-Merritt (ver anexo).
Características histopatológicas: os hemangiomas capilares caracterizam-se por
células endoteliais dilatadas e lúmen vascular indistinto com espaços vasculares reduzidos;
conforme os capilares sofrem involução, os espaços vasculares tornam-se mais dilatados e
amplamente espaçados dando origem aos hemangiomas cavernosos.
Clinicamente o hemangioma é uma lesão nodular proliferativa neoplásica benigna ou
malformativa, constituída de vasos sangüíneos com predominância na bochecha, lábio e língua
quando acometem a cavidade bucal. Pode apresentar-se como mancha azulada ou avermelhada
flácida, plana ou nodular, superfície lisa, circunscrita ou difusa e de tamanho variável
constituindo o hemangioma capilar. Já o hemangioma cavernoso apresenta prognóstico mais
reservado, e revela numerosos espaços vasculares grandes cheios de sangue, podendo
alcançar grandes dimensões.
Quando o hemangioma é plano e localizado no palato ou na face, é denominado nevo
flâmeo.
Para o diagnóstico clínico, a lesão mostra-se esbranquiçada na diascopia e preconiza-
se punção aspirativa como método auxiliar de diagnóstico.
A maioria dos hemangiomas congênitos sofre involução, sendo necessário apenas
acompanhamento.
Para os hemangiomas menores, o tratamento é a excisão cirúrgica; para lesões
maiores utiliza-se a crioterapia, injeções de substâncias esclerosantes (etamolina 5%, etanol 135
95%) ou eletrocirurgia.
Para o tratamento de hemangiomas maiores com comprometimento de órgãos ou
risco de grande hemorragia, pode ser necessário a embolização angiográfica.
16- LINFANGIOMA
Representa um tumor hamartomatoso benigno dos vasos linfáticos. A maioria dos
casos é congênita ou se iniciam no começo da infância.
Os linfangiomas orais são mais comuns nos dois terços anteriores da língua
produzindo macroglossia. Os tumores superficiais apresentam uma superfície pedregosa
lembrando vesículas transparentes. Os tumores profundos apresentam-se como uma massa
mole e flutuante.
O tratamento de melhor escolha é o cirúrgico apesar da taxa de recidiva e do
envolvimento de estruturas vitais devido ao seu tamanho.
17- LEIOMIOMA
Tumor benigno de músculo liso que se divide em três tipos: Sólidos, Vasculares
(angiomiomas, angioleiomiomas) e Epitelióides (leiomioblastoma).
A maioria dos casos orais representa angiomiomas e aparecem a partir do músculo
liso das paredes dos vasos sangüíneos.
Caracteristicamente surge como um nódulo firme de crescimento lento, assintomático, 136
não ulcerado, podendo apresentar uma coloração azulada.
As localizações mais comuns são lábios, palato, língua e bochechas sendo indicada a
sua remoção cirúrgica como forma de tratamento.
18- RABDOMIOMA
São os tumores benignos da musculatura esquelética, divididos em Rabdomiomas do
adulto e fetal.
No primeiro caso ocorrem em homens mais velhos localizando-se freqüentemente na
faringe, cavidade oral e laringe, apresentando-se como uma massa ou nódulo que pode alcançar
vários centímetros antes da sua descoberta, levando a obstrução parcial das vias aéreas.
Os rabdomiomas fetais predominam em meninos, localizando-se na face e região
periauricular como massas tumorais não ulceradas.
O tratamento é a excisão cirúrgica.
24- LEIOMIOSSARCOMA
Neoplasma maligno que se origina da musculatura lisa, acometendo adultos de meia
idade e idosos como uma massa expansiva que pode ser ulcerada e ou dolorosa. Quando
localizada na cavidade bucal, localiza-se nos ossos maxilares.
O tratamento é a excisão cirúrgica radical, podendo associar a quimioterapia e a
radioterapia.
25- RABDOMIOSSARCOMA
Tem sua origem na musculatura esquelética, sendo o sarcoma dos tecidos moles mais
comum na infância. São conhecidos três padrões microscópicos: Embrionário (acometendo
pacientes nos 10 primeiros anos de vida), Alveolar (freqüente nos pacientes com 10 a 25 anos)
e Pleomórfico (em pacientes com mais de 40 anos).
O tumor apresenta crescimento rápido como uma massa indolor infiltrativa. O palato é
a região intra-oral mais acometida, podendo algumas lesões se originar no seio maxilar e invadir
a cavidade oral.
A terapia multinodal (quimioterapia com vários agentes, excisão cirúrgica e
radioterapia em casos específicos) é hoje a mais indicada.
PRANCHA 14:
139
144
1-OSTEOGÊNESE IMPERFEITA
Constitui o grupo de doenças hereditárias do osso mais comum, caracterizadas por 146
uma diminuição significativa na maturação do colágeno com redução da produção da matriz
osteóide, levando a fragilidade óssea, esclera azul, dentes opalescentes (dentinogênese
imperfeita), hipoplasia da maxila (má oclusão tipo III) hipoacusia (perda da audição),
deformidade da coluna e ossos longos e hiperextensão articular.
Tipo I: forma mais comum, com fragilidade óssea de leve à moderada;
Tipo II: forma mais severa, presença de esclera azul, dentes opalescentes e extrema
fragilidade óssea;
Tipo III: forma grave associada a complicações cardiopulmonares;
Tipo IV: forma moderada com diminuição das fraturas ósseas após a puberdade;
Tratamento apenas paliativo.
9-QUERUBISMO
Condição herdada com um traço autossômico dominante, rara, de desenvolvimento
dos maxilares ocorrendo geralmente dos dois aos cinco anos, progredindo até a puberdade e
então regredindo lentamente.
As lesões aparecem como expansões bilaterais indolores na região posterior da
mandíbula podendo atingir os quatro quadrantes promovendo a face típica de querubim.
Radiograficamente as lesões são expansivas multiloculares (bolhas de sabão),
levando ao deslocamento e atraso na erupção dentária, com presença de tecido fibroso vascular,
contendo quantidade variável de células gigantes multinucleadas e depósitos eosinofílicos
semelhante a um manguito circundando pequenos vasos sangüíneos quando analisadas no
histopatológico.
A intervenção cirúrgica é indicada nos casos de deformidade ou prejuízo funcional. A
radioterapia é danosa, com possibilidade do desenvolvimento de sarcoma pós-radiação.
12-OSTEOMA
Tumor benigno composto de osso compacto ou medular podendo surgir na superfície
óssea (osteoma periosteal) ou no osso medular (osteoma endosteal) com crescimento
progressivo e uniforme.
Detectados em adultos jovens, são geralmente solitários e assintomáticos, tendo como
localizações mais comuns o corpo da mandíbula e o côndilo.
Radiograficamente aparecem como massas de osso maduro esclerótico circunscrito.
Os osteomas periosteais mostram um padrão esclerótico mais uniforme ou um padrão trabecular
central com uma periferia esclerótica, diferentes dos osteomas endosteais que normalmente são
massas circunscritas de osso compacto sem um halo esclerótico.
Essas lesões são tratadas por excisão cirúrgica conservadora.
SINDROME DE GARDNER: desordem rara herdada com um traço autossômico
dominante, caracterizada por polipose coloretal, anormalidades esqueléticas (osteomas, dentes
supranumerários), tumores desmóides, cistos epidermóides de pele, lesões pigmentadas no
fundo do olho, potencial de transformação dos pólipos em adenocarcinomas, sendo a colectomia
profilática recomendada. 151
13-OSTEOBLASTOMA
Neoplasma benigno do tecido ósseo que se origina dos osteoblastos, com discreta
predileção pela região posterior da mandíbula, afetando mais homens com média de idade
ocorrendo antes dos 30 anos. Dor é a característica marcante que NÃO é aliviada pelos
salicilatos.
O aspecto radiográfico é de uma lesão radiotransparente com áreas esparsas de
radiopacidade ou ainda apresentar considerável mineralização, mas freqüentemente sem
esclerose reacional circundando o neoplasma.
A excisão cirúrgica conservadora é o tratamento indicado.
14-OSTEOMA OSTEÓIDE
Classicamente a distinção entre o osteoma osteóide e o osteoblastoma é o tamanho
da lesão, sendo o osteoma osteóide menor que 2cm e o osteoblastoma ficar entre 2 a 4cm,
podendo lesões maiores atingir até 10cm. A dor, principalmente noturna, é aliviada pelo uso de
salicilatos.
Radiograficamente a lesão aparece como um defeito radiotransparente bem
circunscrito, com uma zona circunjacente de esclerose reacional com espessura variada;
pequenos ninhos radiopacos podem estar presentes e resultar na aparência de alvo.
O tratamento é a excisão cirúrgica conservadora.
15-CEMENTOBLASTOMA
É um neoplasma odontogênico de cementoblastos, com predileção para as regiões
posteriores da mandíbula, sendo que 50% destes tumores envolvem o 1o molar inferior.
Acomete principalmente adultos jovens (20-30 anos) com sintomatologia dolorosa e
tumefação.
Na radiografia observa-se uma lesão radiopaca que se funde à raiz de um ou mais
dentes e é circundada por um halo radiotransparente fino.
O tratamento indicado é remoção cirúrgica da lesão e do dente envolvido.
16-CONDROMA
Representa um tumor benigno composto de cartilagem hialina madura, surgindo 152
preferencialmente na terceira e quarta décadas e encontrado principalmente nos côndilos ou na
região anterior da maxila quando acomete os ossos gnáticos.
Apresenta crescimento lento, sem sintomatologia e no exame radiográfico observa-se
uma radiotransparência com áreas centrais de radiopacidade. Mobilidade dos dentes e
reabsorção radicular são ocasionalmente observadas e na maioria dos casos as lesões surgem
em um único local.
O tratamento é a remoção cirúrgica total devido ao potencial para desenvolvimento de
um condrossarcoma.
17-DISPLASIA FIBROSA
Condição do desenvolvimento caracterizada por substituição de osso normal por
tecido fibroso celular entremeado com trabéculas ósseas irregulares.
Displasia monostótica dos maxilares: acomete apenas um osso com tumefação
indolor da área afetada, crescimento lento envolvendo mais freqüentemente a maxila.
Radiograficamente a lesão aparece como opacificação fina e mal delimitada,
denominada de “vidro despolido”.
Displasia poliostótica: ocorre o envolvimento de dois ou mais ossos.
Síndrome de Jaffe-Lichtenstein: displasia fibrosa poliostótica associada com manchas
café-com-leite na pele.
Síndrome de McCune-Albright: displasia fibrosa poliostótica, manchas café-com-leite e
múltiplas endocrinopatias.
O tratamento cirúrgico é indicado nos casos de deformidade facial ou prejuízo da
função. A radioterapia é contra-indicada devido ao riso de desenvolvimento de sarcoma pós-
radiação.
153
18-DISPLASIAS CEMENTO-ÓSSEAS (Displasia óssea)
Baseado nas características clínicas e radiográficas, as displasias cemento-ósseas
são divididas em três grupos:
Displasia cemento-óssea focal: acomete principalmente mulheres brancas, com média
de idade de 38 anos, região posterior da mandíbula, podendo acometer qualquer área dos
maxilares. A lesão tende a ser bem definida, inicialmente radiotransparente, passando pelos
estágios misto e radiopaco, apresentando uma borda periférica fina radiotransparente na sua
maturação final.
Displasia cemento-óssea periapical (Displasia cementária): envolve
predominantemente a região periapical dos dentes anteriores da mandíbula, sendo a presença
de focos múltiplos comum. Predileção por mulheres da raça negra entre 30 e 50 anos. As lesões
iniciais aparecem como áreas radiotransparentes que envolvem a(s) região(ões) apical(is) do(s)
dente(s) envolvido(s), passando pelos estágios misto e radiopaco, com um halo periférico
envolvendo as lesões no seu estágio final. Os dentes envolvidos respondem com normalidade
aos testes de vitalidade.
Displasia cemento-óssea florida: envolvimento multifocal não limitado à região anterior
dos maxilares. Acomete mais mulheres negras de meia-idade, com tendência para
bilateralidade. Incidência aumentada de cistos ósseos simples e diagnóstico diferencial com o
CEMENTOMA GIGANTIFORME FAMILIAL (desordem dos ossos gnáticos que leva a formação
de massas escleróticas volumosas de material mineralizado desorganizado)
Para o paciente assintomático, a melhor conduta é a proservação. A conduta do
paciente sintomático remete-se para o tratamento de uma osteomielite crônica.
TUMORES MALIGNOS
20-OSTEOSSARCOMA (Sarcoma osteogênico)
Corresponde ao tumor maligno de células mesenquimais mais comum originado no
interior do tecido ósseo e que tem a capacidade de produzir osteóide ou osso imaturo.
A média de idade para acometimento é de 33 anos, apresentando um pico bimodal
quando o tumor é extragnático. Tumefação, dor, mobilidade dos dentes, parestesia, obstrução
nasal (maxila), reabsorção radicular (reabsorção em espigão) são características clínicas
comuns.
O aspecto radiográfico clássico é o de raios de sol causado pela produção de osso
osteofítico na superfície da lesão, principalmente na análise de uma radiografia oclusal. A
alteração radiográfica inicial é o aumento do espaço do ligamento periodontal pela infiltração
tumoral. Os patologistas subdividem o tumor em osteoblástico, condroblástico e fibroblástico
dependendo das quantidades relativas de osteóide, cartilagem ou fibras colágenas.
A Tomografia Computadorizada é indicada para demonstrar o grau de extensão do
tumor sendo de grande valia para determinar os limites da cirurgia.
O tratamento indicado é a associação de quimioterapia pré e pós-operatória com
cirurgia radical. As metástases geralmente atingem os pulmões e o cérebro. O prognóstico é
sombrio.
21-CONDROSSARCOMA
É um tumor maligno caracterizado por formação de cartilagem pelas células tumorais,
apresentando prevalência pela sexta e sétima décadas de vida, com localização mais freqüente
na maxila.
Clinicamente aparece como uma massa ou tumefação indolor, podendo causar
obstrução nasal, epistaxe, fotofobia ou perda da visão (maxila).
Radiograficamente consiste em uma radiotransparência destrutiva com bordas
maldefinidas contendo focos radiopacos dispersos resultantes da calcificação da cartilagem
neoplásica. O alargamento simétrico do espaço do ligamento periodontal e a reabsorção
radicular irregular são notados nos dentes envolvidos pelo tumor.
O tratamento indicado é a excisão cirúrgica radical, pois o concrossarcoma não
responde bem à radioterapia e a quimioterapia.
22-SARCOMA DE EWING
É um tumor maligno composto de pequenas células indiferenciadas redondas, com
pico de prevalência na segunda década de vida (20 anos ou menos) e um maior acometimento
nos homens.
Clinicamente a dor associada à tumefação, mobilidade dentária e parestesia são os
sintomas mais comuns. O tumor penetra nas corticais, resultando em uma massa nos tecidos
moles que recobrem a área afetada do osso, acometendo mais a mandíbula que a maxila.
Radiograficamente ocorre uma destruição lítica irregular do osso com margens mal
definidas. Nos ossos gnáticos produz alargamento do espaço do ligamento periodontal,
destruição dos folículos dos dentes não erupcionados, deslocamento dentário, reabsorção,
crescimento e eritema dos tecidos moles suprajacentes.
O tratamento consiste em cirurgia, quimioterapia (em um esquema de multidrogas) e
radioterapia em tumores inacessíveis. Estes sarcomas metastatizam para os pulmões, fígado e
linfonodos.
156
PRANCHA 15:
163
1-ANEMIAS
Indicam uma queda anormal das hemácias (eritrócitos) circulantes, da quantidade de
hemoglobina e do hematócrito numa determinada unidade de sangue. Clinicamente se observa
sintomas como cansaço, cefaléias ou delírios. A palidez das membranas mucosas aparece nos
casos mais graves, principalmente na conjuntiva palpebral e na mucosa bucal.
Causas da anemia
Anemias com distúrbio no metabolismo do ferro
*anemia por deficiência de ferro (anemia ferropriva) – Síndrome de Plummer - Vinson
*anemia sideroblástica (absorção deficiente de ferro)
Anemias megaloblásticas
*Deficiência de cobalamina (B12) (anemia perniciosa)
*Deficiência do ácido fólico
Anemias associadas a distúrbios crônicos
*malignidades, infecções crônicas, distúrbios inflamatórios do tecido conjuntivo
Anemias hemolíticas
*causas extrínsecas, anormalidades da membrana, distúrbios da célula vermelha
(Eritroblastose fetal)
Distúrbios da hemoglobina
*Anemia de células falciformes
*Talassemias (alfa-talassemia e beta-talassemia)
166
* CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS ANEMIAS
MACROCÍTICA (Exemplo: anemia megaloblástica)
NORMOCÍTICA (Exemplo: anemia hemolítica)
MICROCÍTICA SIMPLES (Exemplo: anemia das células falciformes)
MICROCÍTICA HIPOCRÔMICA (Exemplo: Talassemia)
ANEMIA APLÁSICA
Distúrbio caracterizado pela produção insuficiente de todos os tipos de células
sangüíneas pelas células hematopoiéticas precursoras da medula óssea. Pode estar associada
à Anemia de Fanconi e à Disceratose congênita.
Os pacientes apresentam fadiga, delírio taquicardia, fraqueza (deficiência dos
eritrócitos); equimoses e sangramentos (deficiência das plaquetas); infecções generalizadas
(deficiências das células brancas). Existe uma pancitopenia caracterizada por dois ou mais
dados:
Menos de 500 granulócitos/μL, e/ou menos de 20.000 plaquetas/μL, e/ou menos de
10.000 reticulócitos/ μL;
O tratamento é inicialmente de suporte (antibióticos, papa de hemácias ou plaquetas).
A possibilidade de transplante de medula óssea pode levar a cura. Em casos de impossibilidade
do transplante, é indicado o uso de drogas imunossupressoras (Globulina antitimocitária ou
antilinfocitária associada à Ciclosporina).
SÍNDROME DE CHÉDIAK-HIGASHI
Doença transmitida com um caráter autossômico dominante com manifestações de
albinismo, fotofobia e infecções recidivantes. As lesões orais revelam ulcerações da mucosa,
gengivite, peridontite e glossite. Os leucócitos são anormais exibindo grânulos gigantes podendo
em alguns casos desenvolver uma pancitopenia.
2-LEUCOCITOSE
É definida como um aumento anormal do número de leucócitos circulantes.
MONONUCLEOSE INFECCIOSA (Febre glandular; Doença do beijo)
Doença causada pelo EBV (Epstein-Barr Vírus) acometendo crianças e adultos jovens,
caracterizada por febre, dor de garganta, dor de cabeça, calafrios, tosse, náusea e
linfoadenopatia. As lesões orais são representadas por gengivite e estomatite agudas, petéquias
palatinas e úlceras bucais ocasionais.
Nos dados do laboratório observam-se leucocitose atípica e teste de Paul-Bunnell
positivo (pesquisa do EBV). A doença geralmente segue seu curso por duas a quatro semanas,
com raras complicações. O tratamento é paliativo.
170
LEUCEMIAS
Correspondem a diversas alterações malignas derivadas das células-tronco
hematopoiéticas, causadas por uma combinação de fatores ambientais e genéticos.
QUANTO À ORIGEM HISTOGENÉTICA:
Leucemia mielóide (mielocítica): envolve a série de granulócitos;
Leucemia linfóide (linfocítica): envolve a série linfocítica;
Leucemia monocítica: envolve a série dos monócitos;
QUANTO AO CURSO CLÍNICO:
Aguda: evolução clínica rápida e agressiva;
Crônica: evolução mais branda que o quadro agudo;
A LMA (LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA) atinge crianças e adultos; a LMC (LEUCEMIA
MIELÓIDE CRÔNICA) tem um pico de incidência na 3ª e 4ª décadas de vida. A LLA (LEUCEMIA
LINFOCÍTICA AGUDA) é a malignidade mais comum em crianças; a LLC (LEUCEMIA
LINFOCÍTICA CRÔNICA) corresponde ao tipo mais comum e atinge principalmente os idosos e
a LM (LEUCEMIA MONOCÍTICA) apresenta-se mais em adultos.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
As leucemias agudas têm seu desenvolvimento rápido, caracterizado por febre,
fraqueza, dor de cabeça, linfoadenopatia, petéquias, equimoses, hemorragias (trombocitopenia),
evidência de anemia (anemia mieloftísica), infecções generalizadas e tumorações.
As leucemias crônicas apresentam uma evolução mais lenta com sinais prodrômicos
de febre e infecções.
MANIFESTAÇÕES BUCAIS: úlceras neutropênicas, candidíase, infecções herpéticas,
sangramento gengival, hiperplasia gengival (tumefação esponjosa, difusa e muitas vezes
ulcerada) e tumorações (Sarcoma granulocítico, Tumor mielóide extramedular ou Cloroma).
DADOS LABORATORIAIS: Anemia, trombocitopenia e leucocitose; o diagnóstico é feito
através de biópsia da medula óssea e análise do sangue periférico.
A classificação do tipo de leucemia requer o estabelecimento do imunofenótipo por
meio de marcadores imuno-histoquímicos para identificar os antígenos de superfície celular das
células tumorais.
O tratamento consiste em várias formas de quimioterapia; o tipo de leucemia 171
determina o regime quimioterapêutico.
4-LINFOMA DE HODGKIN
É classificado por muitas autoridades como um distúrbio linfoproliferativo maligno,
onde as células neoplásicas são denominadas de células de Reed-Sternberg com evidências
atuais de origem nos linfócitos B. Existe uma suspeita de associação do EBV com localização
principal nos nodos cervicais e supraclaviculares e em menor porcentagem nos nodos axilares e
mediastínicos. A doença tem ligeira predileção pelos homens com padrão bimodal de
aparecimento (dos15-35 anos e após os 50 anos).
O sinal característico é a identificação de massas persistentes crescentes,
endurecidas nas regiões dos nodos; com a progressão da doença as massas tornam-se
endurecidas e fixadas aos tecidos adjacentes. 172
CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS
São basicamente divididos em dois tipos:
Linfoma de Hodgkin nodular linfócito-predominante
Linfoma de Hodgkin clássico.
Os aspectos comuns incluem a destruição da arquitetura nodal substituindo-a por um
infiltrado difuso de células inflamatórias misto, entremeado por células linfóides neoplásicas
grandes e atípicas.
Os pacientes com a doença limitada são tratados com radioterapia; nos estágios mais
avançados é empregada a quimioterapia (Mecloretamina, Oncovin, Procarbazina, Prednisona).
5-LINFOMA NÃO-HODGKIN
Inclui um grupo diverso de malignidades da histogênese linforreticular. Estes linfomas
originam-se principalmente de células da série dos linfócitos B e em menor proporção dos
linfócitos T, sendo agrupados em três categorias:
Grau baixo / Grau intermediário / Grau elevado
Tais categorias estão relacionadas aos graus crescentes de agressividade, que
correspondem a prognósticos cada vez mais pobres.
A prevalência da doença aumenta em pacientes com problemas imunológicos e em
infecções virais (EBV / HHV tipo 8 - Herpesvírus humano tipo 8 / HTLV-1 - Retrovírus humano
tipo 1).
A malignidade acomete principalmente adultos, com apresentação nodal de uma
massa rígida que cresce lentamente principalmente nas regiões cervical, axilar e inguinal. Com a
progressão da doença ocorre a fixação e invasão dos tecidos adjacentes.
Na cavidade oral a malignidade é extranodal aparecendo como uma tumefação
endurecida e difusa, de consistência esponjosa eritematosa ou púrpura podendo ou não estar
ulcerada. As lesões ósseas são radiotransparentes difusas e irregulares podendo apresentar
sintomatologia dolorosa ou parestesia.
O tratamento consiste em radioterapia e/ou quimioterapia.
6-LINFOMA DE BURKITT
É uma malignidade originada do linfócito B, que representa um linfoma indiferenciado 173
relacionado ao EBV, segundo diversas autoridades.
O linfoma de Burkitt africano apresenta-se de 50 a 70% nos ossos gnáticos
(segmentos posteriores-maxila) acometendo crianças com média de idade de 7 anos.
O linfoma de Burkitt americano atinge crianças mais velhas (média acima de 15 anos)
sendo a região abdominal mais afetada.
As lesões orais iniciam-se, em sua maioria, com o desaparecimento da lâmina dura. O
crescimento da massa tumoral pode produzir tumefação facial, proptose, abalamento e
esfoliação de dentes, aumento gengival e/ou do processo alveolar.
Radiograficamente ocorre uma destruição do osso com margens irregulares e
maldefinidas.
Histopatologicamente é representado por um linfoma de célula B, pequeno e
indiferenciado com presença de macrófagos dentro do tecido tumoral (padrão clássico de céu
estrelado).
O tratamento consiste em altas doses de Ciclofosfamida.
8-PLASMOCITOMA
É uma proliferação neoplásica unifocal monoclonal de plasmócitos que normalmente
surge no interior do tecido ósseo, podendo surgir também nos tecidos moles (extramedular).
Normalmente detectado em homens adultos com média de 55 anos, sendo a coluna
vertebral a região mais afetada com aspecto de uma lesão radiotransparente unilocular definida.
A variante extramedular é uma massa de tecido mole circunscrita desenvolvendo-se
principalmente nas regiões da cabeça e pescoço (tonsilas, nasofaringe, seios paranasais, nariz e
parótida).
O tratamento consiste em radioterapia local.
GRANULÓCITOS AGRANULÓCITOS
BASÓFILOS MONÓCITOS
EOSINÓFILOS LINFÓCITOS
NEUTRÓFILOS
PLAQUETOMETRIA
COAGULOGRAMA
BIOQUÍMICA DO SANGUE
ELEMENTO VALOR DIMINUIÇÃO AUMENTO
GLICOSE 80 – 120ml/dl Hipoglicemia Diabetes
HEMOGLOBINA 4 – 7% Diabetes
GLICOSILADA
CÁLCIO 8,5 – Hipoalbuminemias, Hiperparatireoidismo, 182
10,5mg/dl disfunção renal, doenças osteolíticas,
alcaloses; mieloma múltiplo,
linfomas, leucemias;
FÓSFORO 2,5 – 4,5mg/dl Sarampo, Hipoparatireoidismo,
hiperparatireoidismo, disfunção renal, cetose
doenças hepáticas, diabética, acromegalia;
osteomalácia;
FOSFATASE 1,5 – 4,5 Excesso de Vitamina D, Doença de Paget,
ALCALINA unidades hipotireoidismo, anemia tumores ósseos,
Bodansky perniciosa, escorbuto; carcinomas,
osteogênese imperfeita;
CREATININA 0,7 – 1,4mg/dl Insuficiência renal
crônica
PROTEÍNA C < 0,5mg/dl Aumento de peso, fumo,
REATIVA doença valvular, eventos
cardiovasculares,
diabetes, hipertensão
arterial, infecções
agudas e crônicas,
processos inflamatórios;
PRANCHA 16:
183
3-XERODERMA PIGMENTOSO
É uma genodermatose na qual as células epiteliais são incapazes de reparar os danos
induzidos pela radiação ultravioleta, ocorrem mutações nas células epiteliais levando ao
desenvolvimento de numerosas neoplasias malignas cutâneas.
O paciente exibe alterações cutâneas, como atrofia epitelial, pigmentação por sardas e
áreas de despigmentações, com desenvolvimento de ceratose actínica progredindo para um
carcinoma de células escamosas e/ou carcinoma basocelular.
Os pacientes são orientados para evitar radiações solares e luzes fluorescentes não
filtradas, usarem protetores e bloqueadores solares e avaliação de um dermatologista de 3 em 3
meses. Agentes quimioterápicos tópicos (5-fluorouracil) são indicados para a ceratose actínica e
as neoplasias cutâneas malignas devem ser excisadas.
7-SÍNDROMES DE EHLERS-DANLOS
Representam um grupo de distúrbios hereditários do tecido conjuntivo, sendo
conhecidas oito formas distintas. Os pacientes apresentam problemas atribuídos à produção
anormal de colágeno.
As características da doença são: hiperelasticidade da pele, hiperextensibilidade das
articulações, fragilidade da pele e dos vasos sangüíneos, cicatrização defeituosa (padrão
semelhante ao papel de cigarro amassado), desenvolvimento de contusões, sinal de Gorlin (os 188
pacientes podem tocar a ponta do nariz com a língua), associação com doença periodontal
agressiva (principalmente a Síndrome de Ehlers-Danlos Tipo VIII).
O tratamento baseia-se no aconselhamento genético e cuidados para evitar traumas.
8-EPIDERMÓLISE BOLHOSA
Representa um grupo de doenças mucocutâneas bolhosas hereditárias com um
defeito específico nos mecanismos de adesão entre as células epiteliais ou nas adesões destas
células com o tecido conjuntivo.
Dividem-se em simples, juncional e distrófica.
As lesões orais são observadas com grande freqüência na forma distrófica e
clinicamente podemos encontrar anormalidades como: anodontia, hipoplasia do esmalte, dentes
neonatais, cárie dental, eritema gengival, vesículas e bolhas em regiões expostas a trauma,
deformidades da mão em forma de luva de boxe, profundidade do vestíbulo reduzida,
microstomia, anquiloglossia e predisposição para o desenvolvimento de carcinoma de células
escamosas.
O tratamento consiste na drenagem das bolhas e antibioticoterapia. Deve-se minimizar
o trauma (por exemplo nas sessões odontológicas) e indicar o uso de fluoretos e cuidados
meticulosos de higiene oral.
9-PÊNFIGO
Doença mucocutânea crônica grave de origem auto-imune, caracterizada pelo
aparecimento de vesículas e bolhas, que ocorrem em ciclos. As bolhas são devido a uma
produção anormal de auto-anticorpos contra glicoproteínas da superfície das células epiteliais
(desmogleína 3 e 1 – componentes dos desmosomos).
Classicamente o pênfigo é dividido em: vulgar, vegetante, eritematoso e foliáceo.
Pênfigo vulgar: aparecimento súbito de vesículas e bolhas nas mucosas e na pele, que
quando se rompem deixam uma superfície cruenta e erosada. Apresenta sinal de Nikolsky
positivo.
Pênfigo vegetante: as bolhas flácidas que se desenvolvem tornam-se erosadas e em
algumas lesões tornam-se vegetações semelhantes ao condiloma.
Pênfigo foliáceo (fogo selvagem): lesões bolhosas precoces características que se 189
rompem e secam rapidamente, deixando massas de escamas sugestivas de uma dermatite
exfoliativa ou eczema.
Pênfigo eritematoso (Síndrome de Senear-Usher): associação de bolhas e vesículas
com o aparecimento de placas crostosas lembrando a dermatite seborréica ou o lúpus
eritematoso.
Características histopatológicas: separação intra-epitelial acima da camada das células
basais do epitélio, presença de acantólise e células de Tzanck. O diagnóstico é dado pela
imunofluorescência direta (positiva intercelular) e indireta (positiva).
O tratamento baseia-se na utilização de corticosteróides sistêmicos (prednisona)
associados com imunossupressores (azatioprina).
12-PENFIGÓIDE BOLHOSO
É a mais comum das condições auto-imune bolhosas, acometendo principalmente
idosos (60-80 anos). O prurido pode ser um sintoma precoce, seguido pelo desenvolvimento de
várias bolhas na pele normal ou eritematosa. Após o rompimento das bolhas surgem áreas de
crostas hemorrágicas. As lesões orais são raras e apresentam-se como ulcerações rasas e
extensas com bordas planas e distintas.
O exame microscópico dos tecidos revela separação entre o epitélio e o tecido
conjuntivo na zona da membrana basal (fenda subepitelial).
O tratamento consiste na terapia com imunossupressores e corticosteróides.
13-ERITEMA MULTIFORME
É uma condição mucocutânea bolhosa e ulcerativa de etiopatogenia incerta que pode
ser desencadeada por uma infecção precedente (herpes simples, Micoplasma pneumoniae) ou
exposição a drogas ou medicamentos.
A doença geralmente tem início abrupto (agudo), acometendo pacientes jovens (20-30
anos) com predileção pelos homens.
Divide-se em:
Eritema multiforme leve: ulcerações principalmente na mucosa bucal.
Eritema multiforme severo: lesões eritematosas de pele em forma de anéis
concêntricos (forma de alvo ou olho de boi), crostas hemorrágicas no vermelhão do lábio,
ulcerações e erosões difusas na mucosa bucal.
Eritema multiforme maior (Síndrome de Stevens-Johnson): forma severa da doença
desencadeada por drogas ou medicamentos afetando a mucosa ocular e/ou genital associada
com as lesões bucais e da pele.
Necrólise epidérmica tóxica (Doença de Lyell): forma extremamente grave da doença
desencadeada por exposição a uma droga, caracterizada por descamação difusa de grandes
áreas da pele e mucosa fazendo parecer que o paciente foi escaldado.
O exame histopatológico revela vesículas intra-epiteliais e necrose dos ceratinócitos
da camada basal.
O tratamento consiste na eliminação do fator desencadeante e corticosteróides. No 191
caso da Doença de Lyell, recentemente, utiliza-se a administração de uma combinação de
imunoglobulinas humanas.
14-LÍQUEN PLANO
É uma desordem mucocutânea imunologicamente mediada, acometendo adultos de
meia idade com predileção pelo sexo feminino. As lesões cutâneas são pápulas poligonais,
púrpuras e pruríticas, afetando geralmente a zonas flexoras das extremidades podendo revelar
as estrias de Wickham. Outros locais afetados são a glande do pênis, a mucosa vulvar, as
unhas e a mucosa bucal.
Líquen plano reticular: geralmente não provoca sintomas e envolve a mucosa jugal
bilateralmente (pode afetar outras áreas como língua, gengiva, palato e vermelhão do lábio). Seu
padrão característico é de linhas brancas entrelaçadas (estrias de Wickham) ou raramente como
pápulas na mucosa e placas ceratóticas na língua.
Líquen plano erosivo: as lesões são sintomáticas sendo evidenciadas como áreas
eritematosas atróficas com graus variados de ulceração central e finas estrias brancas irradiadas
circundando essas lesões. Quando acomete a gengiva produz um quadro conhecido como
gengivite descamativa.
Líquen plano atrófico: aparece clinicamente como áreas lisas vermelhas, mal
definidas, quase sempre sem as estrias periféricas evidentes.
Líquen plano bolhoso: revela a formação de vesículas e bolhas com componente
erosivo severo e separação epitelial.
Líquen plano hipertrófico: clinicamente evidencia-se uma lesão branca bem
circunscrita, elevada, lembrando a leucoplasia.
No exame histopatológico observam-se graus variáveis de ortoceratose e
paraceratose, cristas epiteliais pontiagudas ou em forma de “dentes de serra”, degeneração
hidrópica da camada basal e degeneração de ceratinócitos (corpos colóides ou de Civatte).
O tratamento para as lesões sintomáticas é o uso de corticosteróides.
16-SÍNDROME DE REITER
Condição imunologicamente mediada caracterizada por uretrite não-gonocóccica,
artrite e conjuntivite. Acomete principalmente os jovens do sexo masculino, normalmente após
episódio de disenteria ou doença venérea. As lesões de pele são denominadas de balanite
circinada e as lesões orais lembram a língua geográfica.
O tratamento para a uretrite é o uso de doxiciclina ou minociclina e os antiinflamatórios
não-esteroidais são utilizados para a artrite.
17-PSORÍASE
Doença crônica da pele com aumento da atividade proliferativa dos ceratinócitos
cutâneos. As lesões estão distribuídas de forma simétrica no couro cabeludo, joelhos e
cotovelos. A descrição clássica é de uma placa eritematosa bem demarcada com uma crosta
prateada na superfície, podendo ocorrer uma maior prevalência de língua geográfica nestes
pacientes.
O tratamento baseia-se no uso de corticosteróides tópicos ou a terapia com ultravioleta
B.
18-LÚPUS ERITEMATOSO
Doença imunologicamente mediada afetando o tecido conjuntivo (colágeno vascular) e
divide-se em: 193
Lúpus eritematoso sistêmico: ocorre aumento na atividade humoral (linfócitos B) e
função anormal dos linfócitos T. A média de diagnóstico é de 30 anos, sendo as mulheres mais
afetadas. Os pacientes desenvolvem exantema característico com aspecto de “asa de borboleta”
sobre as regiões do zigomático e nasal. Os rins e o coração são os órgãos mais afetados. As
lesões podem apresentar prurido, ardência e áreas de hipopigmentação, também envolvendo o
pescoço, ombros, braços e dedos. Na região bucal evidenciam-se áreas liquenóides e/ou
granulomatosas, queilite por lúpus, xerostomia, candidíase, estomatodinia, doença periodontal e
disgeusia.
Lúpus eritematoso cutâneo crônico (discóide): as lesões são limitadas à pele e às
mucosas sem envolvimento sistêmico. As lesões de pele são placas eritematosas descamativas
distribuídas em áreas expostas ao sol (cabeça e pescoço). Na mucosa bucal revelam-se áreas
centrais eritematosas ulceradas ou atróficas circundadas por estrias brancas e irradiadas.
Lúpus eritematoso cutâneo subagudo: manifestações clínicas entre o Lúpus
eritematoso sistêmico e o Lúpus eritematoso cutâneo crônico.
Os pacientes devem evitar exposição excessiva à luz solar, fazer uso de
antiinflamatórios não-esteroidais e antimaláricos (hidroxicloroquina). Os corticosteróides são
reservados para os casos severos da doença.
21-ACANTOSE NIGRICANS
Doença dermatológica adquirida pelo desenvolvimento de uma alteração acastanhada
aveludada da pele podendo associar-se com carcinomas gastrointestinais. As lesões bucais
atingem a língua, palato e os lábios (principalmente o superior) apresentando-se como áreas
papilares e difusas com associação a endocrinopatias.
O tratamento baseia-se no uso de agentes ceratolíticos e no monitoramento do
desenvolvimento da acantose nigricans maligna (carcinomas gastrointestinais).
PRANCHA 17:
196
1-MUCOPOLISSACARIDOSES
Grupo heterogêneo de desordens metabólicas hereditárias caracterizadas pela
deficiência de enzimas necessárias ao processamento de substâncias intercelulares
(glicosaminoglicanos). Clinicamente observa-se algum grau de retardo mental, sobrancelhas
grossas, rigidez articular, alterações nas córneas (cegueira), macroglossia, hiperplasia gengival,
dentes impactados e esmalte dentário fino.
O diagnóstico é confirmado pela presença elevada de glicosaminoglicanos na urina e
deficiência de enzimas de superfície nos leucócitos e fibroblastos do paciente.
Síndromes de Mucopolissacaridoses: Hurler, Scheie, Hunter, Sanfilippo, Morquio e
Maroteaux-Lamy.
Não existe tratamento satisfatório.
203
2-RETICULOENDOTELIOSES LIPÍDICAS
Grupo de doenças hereditárias caracterizadas pela falta de determinadas enzimas
necessárias ao processamento de lipídios. São incluídas as seguintes condições:
Doença de Gaucher: a falta da glicocerebrosidade resulta no acúmulo de
glicosilceramida levando a anemia, trombocitopenia, dor e lesões ósseas.
Doença de Niemann-Pick: deficiência de esfingomielinase ácida resultando no
acúmulo de esfingomielina levando a neuropatias, hepatoesplenomegalia e envolvimento
pulmonar.
Doença de Tay-Sachs: deficiência de hexosaminidase A que resulta no acúmulo de
gangliosídeos levando a cegueira, retardo no desenvolvimento e convulsões.
O tratamento varia da reposição enzimática ao aconselhamento genético.
3-ICTERÍCIA
Condição caracterizada pelo excesso de bilirrubina na corrente sangüínea, resultando
na coloração amarelada da pele e das mucosas, afetando visivelmente a esclerótica o freio
lingual e o palato mole.
O tratamento varia de acordo com a causa original (anemia hemolítica auto-imune,
anemia falciforme, hepatite viral, malignidades acometendo o fígado, etc.).
4-AMILOIDOSE
Representa um grupo heterogêneo de condições caracterizadas pela deposição de
uma substância proteinácea extra-celular chamada amilóide. A doença divide-se em formas
limitadas a órgãos e sistêmicas. As manifestações mais peculiares são lesões mucocutâneas
(pálpebras), hepatomegalia, macroglossia e Síndrome do Túnel do Carpo, podendo levar a
sérias complicações renais e cardíacas.
O tratamento baseia-se na utilização de colchicina, prednisona e melfalato, embora o
prognóstico seja reservado na maioria dos casos.
5-DEFICIÊNCIAS VITAMÍNICAS
*Vitamina A (Retinol): essencial para manutenção da visão, diferenciação tecidual e
também apresenta participação no crescimento. Sua deficiência pode causar Cegueira (cegueira 204
noturna), ressecamento da pele e da conjuntiva.
*Vitamina B1 (Tiamina): age como uma coenzima para várias reações metabólicas e
mantém o funcionamento adequado dos neurônios. Na sua ausência pode causar Beribéri
(alcoólatras), problemas cardiovasculares e neurológicos (encefalopatia de Wernicke).
*Vitamina B2 (Riboflavina): necessária para as reações celulares de oxidação e
redução. Sua deficiência acarreta glossite, queilite angular, dor de garganta, tumefação e
eritema labial, anemia e dermatite seborréica.
*Vitamina B3 (Niacina): coenzima nas reações de oxi-redução. Pode acarretar Pelagra
(dermatite, demência e diarréia), estomatite e glossite quando da sua ausência.
*Vitamina B6 (Piridoxina): co-fator na síntese de aminoácidos. Pode ocorrer fraqueza,
vertigem, convulsões, queilite e glossite nos pacientes com sua deficiência ou em usuários de
isoniazida (tratamento da tuberculose).
*Vitamina B12 (Cobalamina): atua no metabolismo das gorduras, álcool e carboidratos.
Sua falta acarreta anemia perniciosa.
*Vitamina C (Ácido ascórbico): síntese adequada de colágeno. Associada ao
Escorbuto (fragilidade capilar, petéquias, equimoses, hemorragias e cicatrização retardada),
gengivite escorbútica, quando da falta desta vitamina.
*Vitamina D (Calcitriol): absorção de cálcio pelo intestino. Leva ao Raquitismo
(infância) e Osteomalácia (adultos) na sua ausência.
*Vitamina E (Alfatocoferol): antioxidante. Sua deficiência (principalmente em crianças
que sofrem de colestase hepática crônica) pode acarretar anormalidades neurológicas.
*Vitamina K (Filoquinona): síntese de proteínas, inclusive os fatores de coagulação II,
VII, IX e X. As manifestações clínicas da sua ausência (coagulopatias, síntese inadequada de
protrombina, hemorragias) ocorrem em pacientes com síndromes de má absorção, pacientes
com a microflora intestinal eliminada (antibióticos de largo espectro) e no uso de anticoagulantes
(dicumarol).
6-SÍNDROME DE PLUMMER-VINSON (Síndrome de Paterson-Kelly, Disfagia
Sideropênica)
Condição rara caracterizada por anemia ferropriva, glossite e disfagia, estando
associada ao carcinoma de células escamosas bucal e esofagiano.
O tratamento baseia-se na correção da anemia por meio da suplementação dietética
de ferro. 205
7-NANISMO PITUITÁRIO
Condição que resulta ou da produção diminuída do hormônio do crescimento pela
glândula pituitária ou da capacidade diminuída dos tecidos responderem ao hormônio. Os
pacientes apresentam baixa estatura, a maxila e a mandíbula são menores que o normal e os
dentes exibem um retardo no padrão de erupção. Pode ocorrer ainda a microdontia
generalizada.
A reposição do hormônio é tratamento indicado.
8-GIGANTISMO PITUITÁRIO
Condição causada pela produção aumentada do hormônio do crescimento, geralmente
associada a um adenoma funcionante da pituitária.
Os pacientes apresentam altura extrema, aumento dos tecidos moles da face,
mandíbula, mãos e pés e macrodontia generalizada. Existe uma associação com a Síndrome de
McCune-Albright (displasia fibrosa, manchas café-com-leite e endocrinopatias).
O tratamento envolve a remoção cirúrgica do adenoma, podendo também a
radioterapia ser usada.
9-ACROMEGALIA
Condição caracterizada pela produção do hormônio do crescimento após o
fechamento das placas epifisárias do paciente afetado (normalmente este aumento da produção
do hormônio se deve a um adenoma funcionante da pituitária).
Os sintomas associados são doença cardíaca, hiper-hidrose, artrite, neuropatia
periférica, crescimento dos ossos das mãos e dos pés, assim como os ossos esponjosos do
crânio e maxilares. O crescimento dos tecidos moles leva a macroglossia e a um aspecto
grosseiro da face. Os dentes apresentam diastemas e o paciente pode desenvolver prognatismo
mandibular.
O tratamento indicado é a remoção do adenoma e o retorno dos níveis hormonais ao
normal.
12-HIPOPARATIREOIDISMO
A quantidade reduzida de paratormônio poderá resultar na condição denominada
hipoparatireoidismo. Com a perda da função paratireoidiana, os níveis séricos de cálcio caem,
resultando em hipocalcemia.
O sinal de Chvostek (contração do lábio superior quando o nervo facial é tocado logo
abaixo do processo zigomático) representa um achado oral significativo. Ainda pode ocorrer
hipoplasia do esmalte dentário, candidíase oral persistente (Síndrome da candidíase oral 207
endócrina) e associação com a Síndrome DiGeorge (anormalidades cardíacas, anormalidades
faciais, deficiência de cálcio, ausência das glândulas paratireóides).
Os achados laboratoriais revelam níveis séricos do hormônio e a concentração de
cálcio ambos diminuídos e o nível de fosfato sérico aumentado. A função renal está normal.
O tratamento é a administração de precursores da vitamina D (ergocalciferol, vitamina
D2) associados com suplementos de cálcio.
13-HIPERPARATIREOIDISMO
A produção em excesso do hormônio paratireoidiano resulta na condição chamada de
hiperparatireoidismo.
A condição primária (Hiperparatireoidismo primário) é referente à presença de um
adenoma na paratireóide ou uma hiperplasia das glândulas e a condição secundária
(Hiperparatireoidismo secundário) é associada a uma produção contínua do hormônio em
resposta a baixos níveis crônicos de cálcio (geralmente devido à doença renal crônica).
Os pacientes (geralmente mulheres com mais de 60 anos) apresentam a tríade
“pedras, ossos e roncos abdominais”. Clinicamente observam-se cálculos renais, perda
generalizada da lâmina dura entre as raízes dentárias, reabsorção subperiosteal das falanges,
alteração no padrão trabecular do tecido ósseo (vidro fosco), lesões ósseas (tumor marrom),
osteíte fibrosa cística e úlceras duodenais. O tumor marrom assemelha-se ao granuloma central
de células gigantes (proliferação de tecido de granulação, vascularizado, com numerosas células
gigantes multinucleadas tipo osteoclastos).
O tratamento do Hiperparatireoidismo primário consiste na excisão cirúrgica da
neoplasia (adenoma, hiperplasia ou carcinoma), já para o Hiperparatireoidismo secundário deve-
se restringir o fosfato na dieta, utilizar agentes quelantes de fosfato e indicar o uso de
metabólitos ativos da vitamina D. O paciente pode se tornar candidato ao transplante renal.
14-HIPERCORTISULISMO (Síndrome de Cushing)
Condição clínica que resulta do aumento contínuo dos níveis de glicorticóides. Na
maioria dos casos a condição é devido à corticoterapia prescrita pelos profissionais de saúde
(fonte exógena). Se o aumento for causado por fonte endógena (tumor adrenal ou pituitário
secretante do hormônio adrenocorticotrópico) a condição é conhecida por Síndrome de Cushing.
Clinicamente observa-se ganho de peso em áreas centrais (corcova de búfalo, cara de 208
lua), hirsutismo (crescimento excessivo de pêlos terminais), estrias abdominais, osteoporose,
hipertensão, mudança de humor, hiperglicemia, poliúria, fraqueza. Através dos dados
laboratoriais verifica-se a existência de alterações nos níveis de cortisol livre na urina e pode-se
detectar o efeito da administração de dexametasona nos níveis séricos do hormônio
adrenocorticotrópico e do cortisol. Em pacientes não-afetados os níveis de cortisol livre estão
dentro da normalidade e a administração do corticosteróide exógeno (dexametasona) suprime o
nível normal do hormônio adrenocorticotrópico com uma diminuição concomitante dos níveis de
cortisol.
O tratamento varia conforme a causa. Para a presença de tumores está indicada a
remoção cirúrgica. A radioterapia pode ser usada em pacientes jovens. Drogas que inibem a
síntese de cortisol (cetoconazol, metirapona, aminoglutetimida) poderão ser usadas no controle
da produção excessiva do hormônio. Nos casos referentes à administração de altas doses
de corticóides por recomendação médica deve-se ficar atento para evitar um episódio de
hipoadrenocorticismo nos procedimentos dentários e cirúrgicos estressantes. Muitas
vezes nestas situações é necessário aumentar a dose do corticosteróide usado pelo paciente
por causa da maior demanda de cortisol utilizada pelo corpo durante o atendimento
odontológico.
É aconselhável consultar o médico assistente para determinar em que medida a
dosagem do medicamento deve ser ajustada.
PRANCHA 18:
211
Doença de Crohn (Ileíte regional): úlceras bucais e gastrointestinais, nódulos mucosos com
granulomas subjacentes, hiperplasia gengival.
Doença de Graves: doença auto-imune responsável por 90% dos casos de hipertireoidismo
com exoftalmia.
Doença de Heck (Hiperplasia epitelial focal): proliferação epitelial focal localizada no epitélio
escamoso induzida por vírus (HPV 32 e HPV 13) com múltiplas pápulas macias nodulares em
mucosa jugal, lábios e língua.
Doença de Mikulicz: condição inflamatória com hiperplasia dos nódulos linfáticos na parótida ou
submandibular.
Doença de von Willebrand: doença autossômica dominante causada por uma diminuição dos
três componentes do fator VIII. Tempo de sangramento e TPT anormais; epistaxes, equimoses e
sangramento gengival.
Acromegalia: crescimento exagerado das estruturas ósseas e tecidos moles, hipersecreção
crônica do hormônio do crescimento, hiperhidrose, fraqueza muscular, parestesia, bosselamento
frontal, hipertrofia do osso nasal, prognatismo mandibular, voz ressonante e profunda, presença
de diastemas, hiperplasia condilar, mordida cruzada, mucosa oral espessa, glândulas salivares
aumentadas e macroglossia.
Querubismo: lesão fibro-óssea bilateral dos maxilares, com aspecto radiográfico de bolhas de
sabão, origem familial, que confere ao paciente aspecto de querubim.
S. do dente fraturado: paciente relata dor aguda e momentânea à mastigação, como uma
surpresa desagradável.
220
S. da Dor do dente fantasma: dor persistente nos dentes e estruturas orais após extirpação
pulpar, apicetomia ou extração.
S. de Eagle (S. da artéria carótida ou S. estilóide): paciente com dor facial vaga,
principalmente quando gira a cabeça, deglute ou abre a boca, alongamento do processo estilóide
ou mineralização do ligamento podem ser vistos em radiografia panorâmica ou lateral da
mandíbula, classicamente após uma amigdalectomia.
S. da Fenda mediana da face: fenda alveolar mediana anterior superior, hipertelorismo, crânio
bífido oculto.
Síndrome de Job: desordem dos neutrófilos caracterizada por quimiotaxia anormal ou ausente
e hiperimunoglobulinemia E.
S. de Kawasaki (S. do Linfonodo mucocutâneo): afeta crianças com febre, eritema difuso,
edema e rachaduras labiais, língua em morango, exantema da pele, edema-eritema-
descamação dos dedos, conjuntivite.
S. de Löfgren: associada com a sarcoidose aguda, eritema nodoso, linfadenopatia hiliar bilateral
e artralgia.
S. de Munchausen (dor fabricada): descrição elaborada ou criação de dor que não é real ou é
infligida a si mesma. O perfil do paciente varia do psicótico ao neurótico, do mentiroso patológico
ao viciado e dependente químico.
S. Neoplásica endócrina múltipla tipo III (NEM III): neuromas da mucosa, carcinoma medular
da tireóide, feocromocitoma da adrenal, máculas café com leite.
S. dos Neuromas mucosos múltiplos (Neoplasia endócrina múltipla tipo 2b – NEM 2B):
constituição corporal marfanóide (membros finos e alongados, musculatura enfraquecida)
eversão da pálpebra superior, neuromas da mucosa bucal, neuromas bilaterais da comissura
labial, feocromocitomas das glândulas adrenais, carcinoma medular da tireóide.
S. de Ramsay Hunt: paralisia facial, deficiência auditiva, vertigem e associação com herpes
zoster.
S. de van der Woude: associação de fossetas no lábio inferior com fendas labial e/ou palatina.
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