Você está na página 1de 5

VIRGÍNIA AMORIN FRÓES DE MORAES (TURMA L) IMUNOLOGIA

Resposta imune humoral


Caso disparador 02 – “Pneumonia”
Aula 03 – profa. Sueli
INTRODUÇÃO ESTRUTURA DOS ANTICORPOS
As moléculas efetoras da resposta imune Os Ac são moléculas responsáveis pela
humoral (RIH) são os anticorpos (Ac). destruição dos antígenos na RI adaptativa.
Os anticorpos são formados apenas quando o “O anticorpo sozinho não serve para nada.
organismo entra em contato com antígenos Serve apenas para ligar o que vai morrer com
(Ag), sendo que a resposta imune celular o que vai matar”.
(RIC) e a RIH acontecem juntos,
caracterizando a RI adaptativa. Parátopo

Obs.: dependendo do tipo de Ag, ocorre mais Porção Fab


RIC ou RIH.
Os Ac podem ser formados por duas vias:
1. Linfócitos T (LT) dependentes
Porção Fc

É a via que ocorre quando o Ag é proteico.


Onde se ligam as
Quando o Ag adentra o organismo, é células e moléculas
apresentado pelas APCs, que ativam os do complemento
linfócitos Th0 (LTh inicial).
Os LTh produzem diversas interleucinas, Azul: duas cadeias pesadas, idênticas entre si
entre elas, IL-4, que estimula e ativa LTh2. Laranja: duas cadeias leves, idênticas entre si
LTh2 também produz IL-4 e ativa linfócitos B Circulado em vermelho: pontes dissulfeto
(LB), que sofrem diferenciação em
plasmócitos, que também podem ser Acima da linha horizontal: porção Fab, que
chamados de CFA (células formadoras de recebe o antígeno na sua porção chamada de
anticorpos). parátopo ou sítio ativo ou sítio de ligação
ao Ag. É uma região variável conforme o tipo
Os anticorpos são moléculas solúveis, isto é, de epítopo, por isso o Ac é chamado de
estão livres no plasma e nos tecidos, e, nessa molécula acessível.
via, podem ser: IgM, IgG, IgA e IgE.
Abaixo da linha horizontal: região Fc ou
2. LT-independente constante onde se ligam apenas células do
Ocorre quando o antígeno é não-proteico SI ou moléculas do sistema complemento.
(possui epítopos de carboidratos ou lipídeos).
IgM
O Ag adentra o organismo, se liga ao receptor
BCR do LB, que é a própria IgD. Com essa Localização: ↑↑↑ no soro e ↓ nos líquidos.
ligação, o LB é ativado, passa a produzir IL-4, É um pentâmero: molécula constituída por 5
que promove sua diferenciação em monômeros, ligados entre si pela cadeia J.
plasmócitos (CFA), mas nesse processo há Nesse sentido, o IgM é maior que os poros
somente IgM. dos capilares e, por isso, não atravessa a
placenta.
VIRGÍNIA AMORIN FRÓES DE MORAES (TURMA L) IMUNOLOGIA

10 epítopos conseguem se ligar ao mesmo


tempo, e 5 células do SI ou moléculas no
complemento.
Participa da fase primária ou aguda das
doenças (sendo o primeiro anticorpo a ser
produzido) porque o tempo de vida médio é de
30 dias.

IgG
Localização: em abundância no soro e em
líquidos teciduais.
É um monômero, capaz de atravessar a
placenta.
É encontrada na fase secundária: cura,
crônica ou imunidade (após vacina, por ex.),
porque apresenta tempo de vida média de 6
IgA meses a 1 ano.

Localização: no sangue (mas muito pouco) e


nas secreções (onde é chamada IgAs), por
ex. o leite materno.
O s de IgAs se refere ao componente secretor,
responsável por proteger a molécula de IgA do
ataque de enzimas degradativas produzidas
por microrganismos.
É um dímero, em que os dois monômeros
também são ligados pela cadeia J.
Participa da fase primária ou aguda das IgD
doenças, porque o tempo de vida médio é de
30 dias. Localização: é receptor da célula B (BCR).
É um monômero, com tempo de vida médio
igual ao da célula B, em torno de 1 semana.

IgE
Localização: soro, normalmente em menores
quantidades. Porém, em alergias e
parasitoses, há aumento de sua
concentração.
É um monômero.
Participa da fase primária ou aguda das FASE EFETORA DA RIH
doenças, porque o tempo de vida médio é As funções de cada imunoglobulina são:
somente de 2 dias.
VIRGÍNIA AMORIN FRÓES DE MORAES (TURMA L) IMUNOLOGIA

IgM: ativação da via clássica do sistema ATIVAÇÃO DO COMPLEMENTO (VIA CLÁSSICA)


complemento e neutralização
Ag, sobretudo bacterianos, induzem a
IgA: neutralização
formação de anticorpos ativadores do
IgE: CCDA (citotoxicidade celular dependente complemento, que se ligam, pelos parátopos,
do anticorpo, prova de que Th1 e Th2 aos epítopos bacterianos. Na região Fc, se
trabalham juntos) liga a molécula C1q, que resulta na formação
de C3a e C5a, anafilotoxinas que recrutam
IgG: opsonização, neutralização, ativação do fagócitos.
sistema complemento e CCDA (já que é a
única imunoglobulina que age na fase Os fagócitos se ligam à C3b (presente na
secundária) membrana do patógeno) por meio dos seus
receptores RC3 e realizam fagocitose.
NEUTRALIZAÇÃO
CCDA
Ocorre quando os Ag são:
Realizada por IgG:
• Toxinas bacterianas,
• Adesinas bacterianas, e Alvos: células infectadas por vírus ou células
• Partículas virais livres* tumorais, que expressam alterações de
superfície (que simulam epítopos) que
* Vírus que ainda não entrou na célula. permitem a ligação de IgG pelo seu parátopo.
Na região Fc, se liga o receptor de células NK,
Definição: neutralização é um processo de
que liberam perforinas e granzimas B,
bloqueio de receptor, que impede que o
proporcionando a citotoxicidade.
microrganismo adentre em sua célula de
afinidade (ex. tetanospasmina tem afinidade Realizada por IgE:
por células nervosas).
Na luz intestinal, o verme adulto (ex. Ascaris
Contra os antígenos citados no processo de lumbricoides) libera antígenos solúveis que
neutralização, é possível a formação de adentram a mucosa intestinal. É nesses
anticorpos neutralizantes, que se ligam ao antígenos que se liga IgE pela seu parátopo.
epítopo dos Ag pelo seu parátopo. Na região Na região Fc, se liga FcRIgE dos mastócitos,
Fc, liga o FcR (receptor para Fc de anticorpo) que são ativados e liberam FQE (fator
de fagócitos, induzindo a fagocitose. quimiotático para eosinófilos), que atrai
eosinófilos (apresentam tropismo por
Obs.:
helmintos).
- Em casos de infecção bacteriana:
Enquanto isso, na luz intestinal, o verme
inicialmente, os fagócitos são os neutrófilos
adulto também é recoberto por IgE e os
(células características do início do processo
eosinófilos conseguem se ligar pelo seu
inflamatório), e depois, macrófagos,
receptor FcRIgE ao Fc do IgE, e, como não
- Em casos de infecção viral: os fagócitos são consegue fagocitar o parasita (muito grande),
os macrófagos (porque neutrófilos degranula, liberando MBP (enzima principal
apresentam tropismo a bactérias). do eosinófilo) ou também chamada de ECP
(proteína catiônica eosinofílica), destruindo o
OPSONIZAÇÃO verme.
Definição: opsonização é o processo de Então, as células da mucosa produzem muco
facilitação da fagocitose. intensamente para expelir os fragmentos do
verme juntamente com as fezes.
Ag, sobretudo bacterianos, permitem a
ligação dos parátopos de Ac opsonizantes em RESPOSTA PRIMÁRIA x SECUNDÁRIA
seus epítopos. Na região Fc, liga o FcR dos
fagócitos (principalmente neutrófilos, no caso As quatro fases da resposta primária do Ac
de bactérias), induzindo a fagocitose. são:
VIRGÍNIA AMORIN FRÓES DE MORAES (TURMA L) IMUNOLOGIA

1) Fase lag: não há produção de anticorpos, estabelece assim até o 28º-30º dia, que é
somente o reconhecimento dos Ag. Essa fase quando ocorre a 2ª dose.
também pode ser chamada de janela
imunológica, definida pelo momento de Ocorre a 2ª dose da vacina, e IgG deve
entrada de Ag no organismo até o início da aumentar em torno de 4x ou mais, em
produção de Ac; comparação à primeira dose. Permanece alta
em torno de 45-60 dias e diminui, atingindo o
2) Fase log: produção intensa de anticorpos, valor normal que varia de acordo com cada
por via LT-dependente ou LT-independente, paciente.
dependendo do tipo do epítopo (para que haja
opsonização, CCDA, neutralização e/ou
ativação do complemento),
3) Fase platô ou estacionária: a quantidade
de Ac produzida é a mesma de Ac
degradados,
4) Fase de declínio: somente degradação de
Ac (porque já efetuaram suas funções).

DIFERENÇAS PRIMÁRIA x SECUNDÁRIA


1) Tempo
- Primária é mais demorada para ser realizada
em relação à secundária, que tende a ser mais
rápida porque tudo já está formado.
2) Título de Ac
IgM
- Secundária há maior [ ] de anticorpos.
Após primeira dose de Ag (por vacina ou por
primoinfecção), começa a ser produzida IgM 3) Classe de Ac
no 4º dia, atingindo sua maior concentração
- IgG e IgM na primária,
por volta do 7º dia. Permanece 1 semana alta
e, em torno do 12º-14º dia, diminui, atingindo - IgG na secundária.
sua menor concentração.
4) Afinidade dos Ac
Aos 30 dias, ocorre a 2ª dose, a maioria dos
pacientes não apresentam IgM. A minoria Afinidade: é a ligação de um epítopo com um
pode apresentar, mas em menor parátopo.
concentração em relação à fase primária. Avidez: é a soma das afinidades (um monte
de Ac ligado a vários Ag).
IgG
IgG de avidez: exame laboratorial em que
Após primeira dose de Ag (por vacina ou por avidez baixa significa que está na fase aguda,
primoinfecção), começa a ser produzida IgG e avidez alta, que já passou da fase aguda.
em torno de 6 dias. Aumenta intensamente,
atingindo sua maior concentração em torno de SUPERANTÍGENOS
12 dias.
Superantígenos são Ag grandes (por ex.
Permanece alta por cerca 1 semana e então toxinas de S. aureus) que são capazes de se
começa a diminuir, atingindo sua menor ligar externamente à molécula de MHC e TCR,
concentração em torno de 18-21 dias e se
VIRGÍNIA AMORIN FRÓES DE MORAES (TURMA L) IMUNOLOGIA

desencadeando uma resposta imune


exacerbada e desequilibrada, induzindo
ativação intensa e rápida de linfócitos, que
pode resultar no óbito do paciente por choque.

Você também pode gostar