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Apostila Imunologia / Curso Tecnico de Analises Clinicas / Professor Adriano Theodoro 1

adriano.theodoro1@gmail.com

ESTRUTURA DOS ANTICORPOS

Os anticorpos purificados, quando visualizados no microscópio eletrônico, por


coloração negativa, apresentam-se em forma de Y. Construídos dessa maneira,
apresentam uma região constante e uma região variável.

Toda imunoglobulina é formada por duas cadeias pesadas (H) e duas cadeias
leves. Na extremidade superior da molécula de anticorpo, está a região variável, que se
liga ao antígeno e na extremidade inferior da molécula de anticorpo, está a região
constante, que se liga outros elementos do sistema imunológico tais como macrófagos e
proteínas do complemento. A região variável e a região constante são unidas por um
trecho flexível de cadeia polipeptídica, conhecida como região de articulação ou
dobradiça, que se abre um pouco após a ligação com o antígeno.

A flexibilidade região de articulação ou


dobradiça é necessária para permitir a ligação
de ambos os braços do anticorpo a sítios que
estejam separados por distâncias diferentes,
por exemplo os polissacarídeos da parede
celular das bactérias. Essa região da molécula é
vulnerável ao ataque de enzimas proteolíticas
(proteases) que clivam as seqüências
polipeptídicas em determinados aminoácidos e
foram utilizadas na comprovação da estrutura
das moléculas de anticorpo.

A digestão limitada com papaína corta


as moléculas em três fragmentos. Dois
fragmentos são idênticos e contêm a atividade de ligação com o antígeno, sendo

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denominados fragmentos Fab (fragmento que se liga ao antígeno). O outro fragmento


não demonstra atividade de reação com o antígeno, mas cristaliza facilmente, sendo por
esta razão chamado fragmento Fc (fragmento cristalizável).

CLASSES DOS ANTICORPOS

Existem 5 tipos ou classes de anticorpos, cada qual desempenha uma função


específica. Que diferem em tamanho da cadeia pesada e número de carboidratos ligados
à cadeia pesada.

Classe % soro Características

Ig M 10 Primeiras Igs produzidas em uma infecção primária. Possuem vida média curta de
5 dias.

Ig G 70-75 Único anticorpo capaz de atravessar a placenta. Aparece no sangue dois dias após
as IgMs, duram em média 25 dias. Durante a resposta secundária é a principal
imunoglobulina.

Ig A 15-20 Não atuam no sangue, estão presentes na saliva, muco, leite, e em secreções
genito-urinárias, digestivas (trato gastro-intestinal) e nas vias respiratórias.
Juntamente com as barreiras químicas.

Ig D 1 Presente principalmente na membrana de células B, função desconhecida

Ig E <1 A ligação da IgE presente na membrana de basófilos e mastócitos, faz com que
eles liberem histamina. Esta por sua vez promove o aumento da permeabilidade
dos vasos e a contração da musculatura lisa (musculatura que envolve as vias
respiratórias e digestivas de contração involuntária) Essa contração expulsa os
vermes, através de tosses, espirros, vômitos e diarréias.

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DIVERSIDADE DOS ANTICORPOS (RECOMBINAÇÃO GÊNICA)

Virtualmente, qualquer substância pode induzir a produção de anticorpos. Além


disso, mesmo a resposta a um antígeno simples, compreende muitas moléculas de
anticorpo, cada uma com afinidade única e especificidade acurada a determinada
molécula do microorganismo. A coleção completa de diferentes anticorpos disponível em
um indivíduo é conhecida como repertório de anticorpos, consistindo, no homem, de 1011
anticorpos.

LIGAÇÃO ANTÍGENO-ANTICORPO (EPÍTOPO)

Antígeno é definido como qualquer substância que pode ligar-se a um anticorpo.

As forças que ligam o antígeno ao anticorpo são inteiramente semelhantes àquelas


que ligam a enzima ao substrato. A elucidação das estruturas tridimensionais de certas
enzimas, com a lisozima, por cristalografia aos raios-X, mostrou que o substrato se
encontra dentro de uma longa fenda na superfície da molécula. De maneira idêntica o
sítio combinatório do anticorpo apresentaria uma fenda similar, dentro da qual se aloja
uma porção da superfície do antígeno que se liga especificamente e é chamada de epítopo
ou determinante antigênico .

ESPECIFICIDADE E REAÇÃO CRUZADA (HAPTENOS )

Muito de nosso conhecimento sobre os fatores que governam a especificidade


antigênica se originou dos estudos de Landsteiner, assim como de Pauling e seus
colaboradores, sobre a interação do anticorpo com pequenos grupos quimicamente
definidos, chamados Haptenos. Haptenos são pequenas moléculas orgânicas que não
estimulam a produção de anticorpos quando injetadas isoladamente, mas verificou-se que
podia haver síntese de anticorpos contra elas se a molécula fosse convenientemente
ligada a um carreador protéico. Em conseqüência disso, chamou-as haptenos (do grego,
haptein, ligar-se, atar-se, unir-se).

Em certa experiência, animais imunizados com o complexo hapteno-carreador


foram testados quanto à sua capacidade de combinação com os isômeros orto, meta e
para do hapteno. Foram produzidos três diferentes conjuntos de anticorpos (Fig. 3.6). Um
conjunto compreendia anticorpos hapteno-específicos, gerados perfeitamente contra a
forma meta. Outro não produzia nenhuma ligação. E o terceiro se ligava fracamente com
a forma orto. Da mesma maneira os anti-soros contêm muitas moléculas diferentes de
anticorpo que se unem ao antígeno de maneiras ligeiramente diversas Alguns desses
anticorpos também reagem de modo cruzado com antígenos correlatos e, em alguns
casos, com antígenos sem clara relação.

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FUNÇÕES DO ANTICORPO
A molécula de anticorpo tem duas funções.

Função de ligação - que é a de se ligar ao patógeno que são numerosos e


diferentes entre si.

Função efetora - que é a de ativar diferentes mecanismos de eliminação do


patógeno que dependem de outras células e moléculas.

MECANISMOS DE ELIMINAÇÃO DO PATÓGENO

Uma vez ocorrida a ligação antígeno-anticorpo, vários tipos de mecanismos


efetores podem ser ativados . Um deles é pela ação das células fagocitárias, o anticorpo
chama a atenção do macrófago para ingerir os micróbios sinalizados com os anticorpos,
mecanismo conhecido como opsonização. Outro mecanismo é o simples bloqueio dos
movimentos da bactéria, resultado da imobilização do patógeno após ligação do anticorpo
ao antígeno impedindo-o que não contamine outras células do organismo, mecanismo
conhecido como neutralização.

Os micróbios marcados com anticorpos também podem ser bombardeados pelo


sistema do complemento. Uma sequência de proteínas que se ativam em cascata até que
as últimas ativadas promovem a destruição da membrana do microorganismo, levando-o
à morte, esse mecanismo é conhecido como ativação do sistema complemento.

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