Você está na página 1de 34

1.

INTRODUÇÃO
O sistema imune é muito dinâmico e, diante do grande repertório de respostas
específicas das células T e B, existe a possibilidade de muitas respostas imunes serem
dirigidas contra componentes próprios. Assim, o organismo deve estabelecer
mecanismos de autotolerância para distinguir porções de um antígeno que combinam
com os produtos de uma resposta imune específica, próprios e não próprios, também
chamados de determinantes, para evitar a autorreatividade.
Contudo, todos os mecanismos são passíveis de descontrole, inclusive os do
autorreconhecimento. Diante disto, observou-se ao longo do tempo que inúmeras
doenças surgiam como manifestações teciduais em resposta a intolerância do organismo
a antígenos próprios. Muitas destas doenças se manifestam na cavidade bucal, como as
úlceras aftosas recorrentes (UARs), o líquen plano bucal, o lúpus eritematoso, o pênfigo
vulgar, o penfigóide das membranas mucosas e o eritema multiforme (NEVILLE,
2009).
De fato, não existe um único tratamento eficaz para todos os pacientes, assim, este deve
ser individualizado, dependendo da distribuição das lesões, da atividade da doença e da
resposta terapêutica (NEVILLE, 2009).
Sendo assim, o presente trabalho tem como principal função, esclarecer para a turma de
enfermagem 147 do grau técnico unidade boa vista, a pedido da professora Cilene, um
aparato geral das doenças autoimunes, suas causas e consequências e os principais
cuidados que a equipe de enfermagem precisa ter diante de uma grande variedade de
manifestações de doenças autoimunes.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. SISTEMA IMUNE
3. ORGÃOS TECIDOS E CELULAS ENVOLVIDOS NA RESPOSTA
IMUNITARIA
3.1. Células que participam do sistema imunitário

4. Resposta Imune
4.1 Fagócitos e as respostas imunes inatas
4.2 Linfócitos e as respostas imunes adaptativas
4.3 Interação entre linfócitos e fagócitos
5. Órgãos que participam do sistema imunológico
5.1 Órgãos linfoides primários

5.1.1 Medula Óssea


5.1.2 Timo

5.2 Órgãos linfoides secundários

5.2.1 Linfonodos
5.2.2 Baço
5.2.3 Tonsilas

5.3 Tecido linfático no intestino e em outras membranas mucosas

6. Doenças autoimune

6.1. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO


6.2. VITILIGO
6.3. DIABETES TIPO 1
6.4. ESCLEROSE MULTIPLA
6.5 HEPATITE AUTOIMUNE
6.6 Doença de Crohn
6.7 PSORIASE
6.8. Doença Celíaca

7. fontes
2.Sistema Imune
O que define um sistema?
Podemos predizer que um sistema pode ser um conjunto de elementos interconectados e
organizados com um objetivo geral em comum. Logo, o sistema imune possui um
conjunto de elementos interconectados e organizados para manter a integridade do
organismo. Como os microrganismos apresentam-se de forma muito diferentes, há
necessidade de uma ampla variedade de respostas imunes para controlar cada tipo de
infecção. Em um primeiro momento, as defesas externas do organismo se apresentam
como uma barreira eficiente contra a maioria dos organismos agressores e são poucos os
agentes que conseguem penetrar as defesas ou barreiras externas (fig. 1).

FIGURA1. Defesas Externas. A maioria dos agentes infecciosos com os quais um


indivíduo se defronta não penetra a superfície corporal e tem a sua entrada dificultada
por uma variedade de barreiras bioquímicas e físicas.

No entanto, muitos agressores penetram através do epitélio, dos tratos gastrointestinal


ou urogenital. Outros podem infectar a nasofaringe e os pulmões. Outros só infectam
um organismo se penetrarem diretamente pela via hematogênica. Desta forma, o local
de infecção e o tipo de patógeno são fatores determinantes do tipo de resposta imune a
ser elaborada.
3.ORGÃOS TECIDOS E CELULAS ENVOLVIDOS NA RESPOSTA
IMUNITARIA.
3.1. Células que participam do sistema imunitário
As respostas imunes são mediadas por uma variedade de células e por moléculas que
estas células expressam (Figura 2). Os leucócitos são as células que desempenham as
principais ações, mas outras células, que se encontram nos tecidos, também participam
da resposta imunitária, enviando sinais e recebendo estímulos dos leucócitos. As células
que participam do sistema imunitários se originam na medula Óssea, onde muitas
evoluem para a fase adulta. A partir da medula, e por meio de vasos sanguíneos, elas
migram junto com todos os elementos celulares do sangue. Inclusive as hemácias, que
transportam o oxigênio, e as plaquetas que participam da coagulação, uma vez que estes
elementos se originam das células-tronco progenitoras da medula. As células que
derivam do progenitor mieloide e do progenitor linfoide são as que mais interessam para
o entendimento das ações do sistema imunitários.
Os macrófagos são as células fagocitarias mais relevantes. Estas células são a forma
diferenciada dos monócitos sanguíneos, que se encontram estrategicamente distribuídos
em vários tecidos para dar origem ao sistema fagocitário mononuclear. Os microlécitos
são os macrófagos do cérebro, as células de Kupffer são os macrófagos do fígado, os
macrófagos alveolares fazem parte do tecido pulmonar, entre outros macrófagos
residentes em diferentes tecidos.
As funções dos macrófagos se caracterizam pela neutralização, ingestão e destruição de
partículas, incluindo os fitopatógenos, além de processar e apresentar antígenos para os
linfócitos T. Neste contexto, são as células dendríticas as mais especializadas na captura
e na apresentação de antígenos para os linfócitos T. As células dendríticas imaturas
migram do sangue para residirem nos tecidos e realizam tanto a fagocitose quanto a
micro pinocitose. Apôs o encontro com um patógeno, maturam rapidamente e migram
para os nódulos linfáticos, onde encontram o ambiente adequado para a apresentação de
antígenos. Os granulócitos recebem essa denominação por possuírem grânulos em seu
citoplasma que se coram densamente por corantes hematológicos tradicionais. São
também chamados de leucócitos polimorfonucleares, devido as formas de seus núcleos.
Existem três tipos de granulócitos, sendo eles os neutrófilos, os eosinófilos e os
basófilos; todos com um tempo de vida relativamente curto e produzidos em grande
número durante as respostas inflamatórias.
Os neutrófilos, assim como os macrófagos e as células dendríticas, são representantes
do grupo de células fagocitarias do sistema imunitários, mas, diferentemente destas
células, não apresentam antígenos para os linfócitos T. Os neutrófilos são os elementos
celulares mais numerosos e importantes da resposta inata.
Os eosinófilos parecem ser importantes, principalmente na resposta diante de infeções
parasitárias ou processos alérgicos, já que seu número aumenta no curso destas reações.
A função dos basófilos provavelmente é similar e complementar á dos eosinófilos e
mastócitos.
Os mastócitos, cujo precursor parece ser comum aos basófilos, devido a semelhanças
funcionais, também se diferenciam ao chegar aos tecidos onde residem. Eles se
localizam principalmente as margem dos vasos sanguíneos e liberam mediadores que
agem nas paredes vasculares quando ativados.

FIGURA 02. Células que participam do sistema imunitário.

4.Resposta Imune
Qualquer resposta imune envolve, primeiramente, o reconhecimento do patógeno ou de
outro material estranho e, em segundo lugar, a elaboração de uma reação, com a
finalidade de eliminá-lo do organismo. Em Imunologia, os diferentes tipos de respostas
imunes se enquadram em duas categorias principais: resposta imune inata ou natural e
resposta imune adaptativa. A resposta imune inata ou natural é um padrão de resposta do
sistema imune mais antigo evolutivamente, sendo assim, compartilhada com maior

número de espécies. Este padrão de resposta é considerado pré-formado pois antes


mesmo do reconhecimento do alvo (patógeno ou material estranho) já está pronto para
agir, portanto se estabelece rapidamente. Este tipo de resposta não se altera mediante
exposição repetida a um dado agente infeccioso. As células associadas a este tipo de
resposta, tem receptores (moléculas de reconhecimento) com especificidade restrita,
conhecidos como PRR, receptores de reconhecimento padrão. Estes são receptores mais
primitivos do que os da imunidade adaptativa. Com distinção mais "global", baseiam-se
no reconhecimento de padrões moleculares que não são componentes do organismo
humano: os PAMP, padrões moleculares associados a patógenos.
Dentro da resposta imune inata, temos outros mecanismos de defesa, tais como as
barreiras biológicas e os mecanismos de inflamação.
Já a resposta imune adaptativa ou adquirida é um padrão de resposta neo ou pós
formados, pois ao primeiro contato com o sinal de perigo ou antígeno, desenvolve uma
reposta com pico de efetividade tardio, levando maior tempo para se estabelecer, à
medida que, a cada novo contato com este agente em particular, a resposta aumenta sua
efetividade de reação. Assim, a resposta imune adaptativa “memoriza” o agente
infeccioso evitando, desta forma, que o patógeno venha posteriormente causar a doença.
As respostas imunes são elaboradas primariamente pelos leucócitos, que compreendem
vários tipos celulares diferentes.
4.1 Fagócitos e as respostas imunes inatas
Um grupo importante de leucócitos compreende as células fagocitárias como os
monócitos, macrófagos e neutrófilos polimorfonucleares. Estas células ligam-se aos
microrganismos, englobam estes agentes e os destroem e, uma vez que usam
sistemas de reconhecimentos (os PRR) primitivos e inespecíficos, elas são responsáveis
pelas respostas imunes inatas. Com efeito elas agem como nossa primeira linha de
defesa contra as infecções.

FIGURA 03- RESPOSTA AUTOIMUNE


4.2 Linfócitos e as respostas imunes adaptativas
Um outro grupo importante de leucócitos são os linfócitos. Estas são as células centrais
da resposta imune adaptativa, uma vez que reconhecem especificamente patógenos
individuais, quer eles estejam localizados no interior das células do hospedeiro ou nos
fluidos teciduais ou no sangue. Existem vários tipos diferentes de linfócitos mas,
podemos enquadrá-los neste momento em duas categorias básicas: linfócitos T (ou
células T) e linfócitos B (ou células B). Os linfócitos B combatem patógenos
extracelulares e seus produtos através da liberação do anticorpo, uma molécula que,
reconhece e se liga especificamente a uma determinada molécula-alvo, chamada
antígeno. Este, por sua vez, pode ser uma molécula na superfície de um patógeno ou
uma toxina por ele produzida. Já os linfócitos T possuem uma ampla variedade de
atividades. Assim, alguns estão envolvidos no controle e no desenvolvimento dos
linfócitos B e na produção de anticorpos, outros interagem com células fagocitárias
auxiliando-as na destruição dos patógenos capturados e um terceiro grupo que
reconhece e destrói células infectadas por vírus.

FIGURA 4-RELAÇÃO ENTRE RECEPTORES E CÉLULAS DE


DEFESA.

4.3 Interação entre linfócitos e fagócitos


Na prática existe uma considerável interação entre linfócitos e os fagócitos. Alguns
fagócitos podem capturar antígenos e apresenta-los aos linfócitos T para
reconhecimento, num processo conhecido como apresentação de antígenos. Os
linfócitos T, por sua vez, liberam fatores solúveis (citocinas) que ativam os fagócitos e
estes, então, destroem os patógenos internalizados. Em outro tipo de interação os
fagócitos utilizam os anticorpos liberados pelos linfócitos B para permitir um
reconhecimento mais eficiente dos elementos agressores. Uma consequência destas
interações é que a maioria das respostas imunes aos agentes infecciosos é realizada por
uma variedade de mecanismos inatos e adaptativos, ou seja, nas fases iniciais da
infecção há um predomínio das respostas inatas, e nas fases mais tardias os linfócitos
passam a gerar respostas imunes adaptativas. Os linfócitos memorizam a estrutura do
agente agressor e passam a elaborar respostas mais rápidas e eficientes no caso de haver
uma reinfecção pelo mesmo patógeno posteriormente.
5. Órgãos que participam do sistema imunológico:

FIGURA 5. ÓRGÃOS DO SISTEMA AUTOIMUNE

5.1 Órgãos linfoides primários

Medula óssea e timo, uma glândula situada acima do coração e atrás do esterno são
chamados de órgãos linfoides primários. A medula óssea produz células de defesa,
como os linfócitos do tipo T. Algumas dessas células se diferenciam no timo, sendo
capazes de reconhecer proteínas estranhas ao nosso organismo. A essas proteínas
chamamos de antígenos.

5.1.1 Medula Óssea

A medula óssea é um tecido esponjoso situado dentro da maioria dos ossos. A maioria
das células de defesa é produzida e se multiplica nesse local. Então elas migram para a
corrente sanguínea e alcançam órgãos e tecidos, nos quais as células maturam e se
especializam.

Quando nascemos, a maioria dos nossos ossos contêm um tipo de medula óssea
vermelha que continuamente produz células de defesa, mas durante o curso da vida,
cada vez mais medula óssea vermelha é substituída por tecido adiposo, restando apenas
em alguns ossos, como costelas, esterno, e osso da pelve.
5.1.2 Timo

O timo somente está totalmente desenvolvido nas crianças, e a partir da adolescência,


ele é gradativamente transformado em tecido adiposo. Ele se situa atrás do esterno,
acima do coração. Certas células de defesa, como os linfócitos do tipo T, são
diferenciadas no timo, sendo responsáveis pela coordenação do sistema imune inato e
adquirida.

Essas células se movem pelo corpo e constantemente checam a superfície de todas as


células procurando modificações. Para estarem aptas a realizar essa função, elas
aprendem no timo quais estruturas na superfície das células são do nosso próprio
organismo e quais não são estranhas. Quando elas entram em contato com corpos
estranhos, elas disparam e regulam diferentes reações de defesa (sobre os diferentes
tipos de células vamos conversar em outra oportunidade).

Na infância o timo também produz dois hormônios, a timosina e a timopoietina, que


regulam a maturação de células de defesa nos linfonodos.

5.2 Órgãos linfoides secundários

Os órgãos linfoides secundários são os locais nos quais as células de defesa


desempenham seu verdadeiro trabalho, podem citar: os linfonodos, o baço, as tonsilas, e
outros tecidos especializados nas membranas mucosas do intestino, por exemplo.
Nesses locais as células de defesa têm contato constante com substâncias estranhas ao
organismo, bem como patógenos.

5.2.1 Linfonodos

O sistema linfático, composto por linfonodos e vasos linfáticos, é muito importante para
troca constante de substâncias entre o sangue e os tecidos do corpo. Os vasos linfáticos
formam uma rede bem fina de vasos que constantemente drenam fluidos dos diferentes
tecidos do corpo. Os linfonodos filtram e limpam o fluido linfático (linfa) e
encaminham para a veia cava superior, entrando na corrente sanguínea.

Os linfonodos trabalham como estações de tratamento biológico, contendo diferentes


células de defesa. Essas células aprisionam patógenos e ativam a produção de
anticorpos específicos no sangue. Algumas vezes os linfonodos ficam inchados,
dolorosos ou endurecidos. Isso pode ser um sinal de uma reação de defesa ativa, por
exemplo uma infecção.

5.2.2 Baço

O baço se situa na parte superior esquerda do abdômen, logo abaixo do diafragma, e


desempenha uma variedade de tarefas no sistema de defesa.

Antes do nascimento, o baço basicamente produz células sanguíneas e de defesa. Já


após o nascimento, ele é sobretudo, responsável pela remoção das células sanguíneas e
por algumas funções de defesa específicas, como: o armazenamento de células de
defesa para serem liberadas quando necessárias (macrófagos que podem atacar
substâncias estranhas e patógenos diretamente; linfócitos T que inspecionam a
superfície das células e ajudam a controlar a defesa) e também podem destruir
diretamente as células que forem reconhecidas como não próprias, como patógenos;
linfócitos B que produzem anticorpos.

O baço também é responsável pela remoção de células vermelhas envelhecidas


(eritrócitos), e pelo armazenamento e remoção das plaquetas (ou trombócitos), que
participam da coagulação sanguínea.

5.2.3 Tonsilas

As tonsilas também pertencem ao sistema de defesa. Elas têm uma localização especial
na garganta e no palato. Então suas células de defesa entram em contato com patógenos
rapidamente. E podem ativar o sistema imunológico imediatamente. Seus tecidos são
compostos primariamente por linfócitos. Além das tonsilas palatinas do lado direito e
esquerdo, também existem as adenoides. Elas se situam na parte mais superior da
garganta, acima do palato. Também existem as tonsilas linguais na base da língua. E
mais tecidos linfáticos nos lados da garganta.

5.3 Tecido linfático no intestino e em outras membranas mucosas

O intestino desempenha um papel central na defesa do organismo contra os patógenos.


Mais da metade das células que produzem anticorpos são encontradas nas paredes do
intestino. Em especial na última parte do intestino delgado e no apêndice.

Essas células reconhecem patógenos e outras substâncias estranhas, as marcam e


destroem. O intestino grosso também contém bactérias que pertencem ao nosso
organismo, a tão conhecida microbiota intestinal. Essas bactérias dificultam a entrada e
desenvolvimento de outras bactérias no corpo.

Outras partes do corpo por onde patógenos podem entrar também podem conter tecido
linfático nas membranas mucosas. Todo esse tecido em conjunto é denominado tecido
linfoide associado a mucosa (MALT). Os patógenos também podem entrar no
organismo pelas vias aéreas ou pelo trato urinário. Assim, tecidos linfáticos podem ser
encontrados nos brônquios e nas membranas mucosas do nariz, da bexiga urinária e da
vagina. Esses tecidos podem conter células de defesa que podem prevenir o ataque de
bactérias e vírus.

6. Doenças autoimune:
Doenças autoimunes são condições nas quais os danos aos órgãos e tecidos resultam de
autoanticorpos ou de células autoreativas. Essas doenças afetam cerca de 2% da
população e estão ligadas a falhas nos mecanismos de autotolerância. Muitos são os
fatores que podem contribuir para perda da autotolerância, culminando na manifestação
de doenças autoimunes, tais como: Defeitos no sistema imune (defeitos em células
natural killer, em células T supressoras, na secreção de interleucinas, no processo de
fagocitose ou nos componentes do sistema complemento), ação de hormônios
(especialmente estrogênios), condições ambientais (infecções virais, bacterianas ou
parasitárias), medicamentos e agentes tóxicos. Diante do exposto é possível observar
que não existe uma causa única, mas muitos fatores que podem contribuir para o
aparecimento desse processo patológico conhecido como doença autoimune. A seguir
serão abordadas as principais doenças autoimunes e seus respectivos cuidados de
enfermagem.

6.1. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO:

O lúpus eritematoso sistémico é uma doença autoimune e crónica que pode afetar
pessoas de ambos os sexos e em qualquer faixa etária, no entanto, é mais frequente em
mulheres em idade fértil.

Nas doenças autoimunes, entre as quais o lúpus eritematoso sistémico, o nosso sistema
de defesa, habituado a lidar contra ameaças externas como por exemplo vírus ou
bactérias, ataca células saudáveis do nosso corpo porque as “confunde” com algo
perigoso para o nosso organismo. Consiste, então, numa incapacidade do nosso sistema
imunitário em reconhecer algo como nosso.

O termo lúpus tem sido utilizado para identificar uma síndrome que possui
características semelhantes, no entanto, o tipo em questão (lúpus eritematoso sistémico)
é a forma da doença mais grave e que atinge múltiplas partes do nosso
corpo (sistémico).

Esta doença, pode afetar as articulações, pele, cérebro, pulmões, coração, rins e vasos
sanguíneos, entre outros. Não há cura para o lúpus, mas intervenções médicas e
mudanças no estilo de vida podem ajudar a evitar uma maior progressão da doença e a
controlar a sintomatologia e o bem-estar do doente, melhorando a sua qualidade de vida.

Sinais e sintomas do lúpus eritematoso sistémico

Doentes com lúpus sistémico podem apresentar uma variedade de sinais e sintomas que
podem mudar ao longo do tempo, a saber:

 Fadiga severa e inexplicável;


 Dores nas articulações (ombro, joelho, cotovelo, mãos, etc);
 Edema (inchaço) nas articulações;
 Artrite;
 Dor de cabeça;
 Febre;
 Erupção cutânea na face e nariz (também chamada de "erupção em borboleta");
 Queda de cabelo;
 Anemia;
 Problemas de coagulação sanguínea;
 Dedos esbranquiçados e dormentes em temperaturas mais frias;
 Dor ou desconforto no peito (geralmente ao respirar fundo);
 Urina muito espumosa;
 Entre outros.

Causas do lúpus eritematoso sistémico

A causa específica do lúpus sistémico não é conhecida, contudo, vários fatores têm sido
associados à origem da doença, a saber:
 Genética (hereditariedade) - Que se saiba, a doença não está ligada a um
determinado gene, contudo, as pessoas com lúpus, muitas vezes, possuem
familiares que apresentam doenças autoimunes pela semelhante herança de
complexos de histocompatibilidade (moléculas que podem estar envolvidas na
confusão do sistema imunitário).

 Meio ambiente - Existem alguns gatilhos ambientais que podem estar na origem
do desenvolvimento desta doença, a saber:
o Radiação ultravioleta (UV);
o Certos medicamentos;
o Algum vírus;
o Stress físico ou emocional;
o Trauma;
o Entre outros.

 Sexo feminino - O lúpus sistémico afeta mais as mulheres do que os homens. As


mulheres também podem experienciar sintomas mais graves durante
a gravidez e menstruação.

 Etnia - Grupos étnicos e raciais minoritários como afro-americanos ou


hispânicos são substancialmente mais afetados pelo lúpus sistémico do que
outras etnias.

 Entre outros

Diagnóstico do lúpus eritematoso sistémico

O lúpus eritematoso sistémico é diagnosticado por um médico especialista em doenças


autoimunes, numa primeira fase através da história clínica do doente e do exame físico.

Para diagnosticar conclusivamente o lúpus sistémico, o médico pode recorrer a alguns


meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT), a saber:

 Análises ao sangue, de modo a detectar anticorpos antinucleares (ANA)


(anticorpos contra proteínas no núcleo das células) que são positivos na grande
maioria dos casos;

 Análises à urina, de modo a avaliar os níveis de proteínas;

 Exames de Imagem como raio x ao tórax, ecografia articular, ecocardiograma,


entre outros;

 Entre outros exames que vão depender das manifestações da doença.

Note que os sinais e sintomas apresentados por esta patologia são muito semelhantes a
inúmeras doenças, podendo tornar o diagnóstico mais difícil. O médico, inicialmente no
diagnóstico diferencial, pode solicitar inúmeros exames ou análises de modo a excluir
diversas patologias
Figura 06- Sinais e sintoma do lúpus.
Fonte: www.mdsaude.com

Cuidados da enfermagem:
Os pacientes crônicos são aqueles que mais necessitam de um cuidado especial e
supervisionado, necessitando de contínua observação e monitoramento. Por ser uma
doença que causa múltiplos danos ao organismo do portador é necessário um cuidado
especializado com abrangência e intervenção profissional multidisciplinar. Neste
contexto, a intervenção da Enfermagem é uma forma mais ampla para os cuidados
necessários ao portador de LES, onde a doença interfere no paciente como um todo,
com a promoção, prevenção e tratamento, evitando-se casos de óbitos.
Portanto, os cuidados da enfermagem necessários são:

 Fazer o monitoramento dos sinais vitais.

 Aplicar medicamentos.

 Cuidar da segurança do paciente.

 Fazer procedimentos básicos.


 Fazer prevenção de lesão por pressão.

 Acompanhar a evolução clínica do paciente para prevenir complicações e


infecções.

 Restabelecer e manter o equilíbrio eletrolítico.

 Dar apoio emocional e promover um atendimento integral, englobando a


prevenção e tratamento.
6.2. VITILIGO

O vitiligo é doença cutânea adquirida, idiopática, caracterizada por máculas branco-


nacaradas de diferentes tamanhos e formas com tendência a aumentar centrifugamente
de tamanho. Pode acometer todas as raças, ambos os sexos e aparecer em qualquer
idade, com média de aparecimento ao redor dos 20 anos.

O vitiligo atinge de 0,5 a 2% da população mundial. 1 A prevalência da doença varia


consideravelmente entre os diferentes grupos étnicos, sendo estimada em 2% no Japão,
1% nos EUA e 0,14% na Rússia. As mulheres são geralmente mais acometidas do que
os homens, porém os estudos mais recentes sugerem prevalência igual para ambos os
sexos.

Vários fatores têm sido associados à etiopatogenia da doença. Os principais são:

 - Herança: o fator genético presente é autossômico, dominante ou recessivo e


multifatorial, ou seja, com provável participação de vários genes.
Aproximadamente 20% dos pacientes com vitiligo têm pelo menos um parente
de primeiro grau com a doença.
 - Auto-imunidade: o vitiligo tem sido considerado doença auto-imune devido à
associação positiva com algumas doenças como tireoidites, diabetes mellitus e
alopecia areata. Tem sido relatada associação com HLA - DR4; também DW7,
DR1, B13, A2, B21, CW6, DR53, A19 e DR52.
 - Fatores ambientais: 10 a 76% dos pacientes com vitiligo atribuem a doença a
algum fator precipitante. É provável que o estresse, a exposição solar intensa e a
exposição a alguns pesticidas atuem como fatores precipitantes da doença em
indivíduos geneticamente predispostos

SINTOMAS DO VITILIGO:

Em algumas pessoas, podem aparecer uma ou duas manchas bem definidas. Em


outras, essas manchas podem aparecer em uma parte grande do corpo. Raramente, o
vitiligo ocorre na maior parte da superfície da pele. As alterações são mais notórias
nas pessoas de pele mais escura. As áreas normalmente afetadas são o rosto, os dedos
das mãos e dos pés, pulsos, cotovelos, joelhos, mãos, pernas, tornozelos, axilas, ânus e
área genital, umbigo e mamilos. A pele afetada tem extrema tendência à queimadura
do sol. As zonas da pele afetadas pelo vitiligo também provocam pelo branco, porque
não existem melanócitos nos folículos pilosos.

O tratamento
Certos medicamentos induzem a produção de melanina nos locais acometidos e tentam
controlar o sistema imune para que ele cesse os ataques aos melanócitos. Se as manchas
não crescem há mais de um ano, dá pra recorrer a um transplante que retira melanócitos
de partes saudáveis da pele e aplica essas células pigmentadoras em outras já
esbranquiçadas pelo vitiligo.
A terapia com banhos de luz ou aplicação de laser também ajuda a barrar a morte dos
melanócitos e até chega a reativá-los. Em determinadas situações, a enfermidade regride
bastante ou até é curada, porém isso depende do organismo do paciente. E, claro, da
vontade dele em se submeter ao tratamento.
Além disso, às vezes é preciso fazer acompanhamento psicológico para diminuir o
impacto emocional da doença. Outra estratégia é procurar o auxílio de nutricionistas, já
que a dieta influencia na reposta do corpo ao tratamento. Esses profissionais costumam
prescrever alimentos ricos em vitamina B12, como carnes e ovos, e vitamina C, a
exemplo das frutas cítricas.

.
Figura 07- imagem representativa de um menbro com vitiligo.
Fonte: saude.com.br

CUIDADOS DA ENFERMAGEM:

 Nas áreas afetadas não há proteção natural do sol, portanto a pele do vitiligo
queima muito mais facilmente do que a pele normal e a proteção solar é
essencial. Alguma proteção solar usada por razões médicas, como para vitiligo,
pode estar disponível mediante receita do NHS.

 Em pessoas de pele clara, evitar o bronzeamento da pele normal pode tornar as


manchas de vitiligo muito menos visíveis.

É importante lembrar que, para a maioria dos pacientes com vitiligo, embora benigna, a
doença é uma batalha que dura a vida toda e pode ter ramificações psicossociais e
emocionais significativas. É importante que os enfermeiros avaliem o impacto
individual em cada paciente com vitiligo para determinar qual nível de tratamento o
paciente considera necessário e adequado. No futuro, são necessárias mais pesquisas
para avaliar ferramentas de classificação padronizadas que possam ajudar os
enfermeiros a avaliar o impacto pessoal que o vitiligo pode ter na vida de um paciente.
Uma área potencial de pesquisa futura para enfermeiros é estudar o impacto psicossocial
do vitiligo e a percepção do paciente e a adesão a diversas modalidades de tratamento.

A proteção solar é recomendada no vitiligo. Protetores solares de amplo espectro,


roupas de proteção solar (chapéus, camisas, calças) e certas maquiagens podem oferecer
proteção às áreas afetadas. Corretivos (por exemplo, Dermablend, Cover-mark),
corantes tópicos e produtos autobronzeadores sem sol (melhores nos tipos de pele II e
III) podem reduzir a disparidade de pigmentos da pele.

6.3. DIABETES TIPO 1


Figura 08: imagem tipos de diabetes
Fonte: https://duclin.com.br/tipos-de-diabetes

quando há pouca ou nenhuma produção de insulina no nosso organismo. Como


resultado, a glicose se acumula no sangue ao invés de ser usada como fonte de energia
para o corpo.

Estima-se que entre 5-10% dos casos de diabetes correspondam ao tipo 1. É um quadro
que costuma aparecer na infância ou adolescência, mas pode também ser diagnosticado
na fase adulta.

O diabetes tipo 1 é uma doença em que, por uma predisposição genética, o sistema
imunológico erroneamente passa a atacar as células do pâncreas que produzem a
insulina o hormônio responsável por fazer com que o açúcar entre nas células e seja
transformado em energia

Como resultado, pouca ou nenhuma insulina é produzida, fazendo com que o açúcar
permaneça no sangue, provocando aumento nas taxas de glicemia e causando
complicações à saúde do paciente

Causas e sintomas:

O diabetes tipo 1 é considerada uma doença autoimune, ou seja, o sistema imunológico,


por uma predisposição genética, ataca o próprio corpo – no caso, as células pancreáticas
que produzem a insulina —e leva à deficiência parcial ou completa na produção de
insulina.

Os sintomas de diabetes tipo 1 mais comuns são:

 Excesso de urina;

 Excesso de sede;

 Perda de peso;

 Aumento do apetite.

CUIDADOS DA ENFERMAGEM:

os profissionais de enfermagem orientam o paciente diabético para que ele possa se


manter no controle da doença. as ações que são mais comuns no atendimento, são elas:

 Educar sobre a medição das taxas de açúcar no sangue, por meio do


glicosímetro.
 Explicar o jeito certo de dar a injeção de insulina.
 Orientar como guardar e manipular as medicações.
 Ensinar o descarte correto das agulhas.
 Mostrar como cuidar das feridas e como fazer os curativos.
 Acompanhar a glicemia do paciente hospitalizado, dando as medicações e
verificando sinais.
 Questionar sobre hábitos e costumes que tornam o tratamento mais eficaz.

6.4. ESCLEROSE MULTIPLA

Trata-se de uma doença neurológica desmielinizante autoimune crônica provocada por


mecanismos inflamatórios e degenerativos que comprometem a bainha de mielina que
revestem os neurônios das substâncias branca e cinzenta do sistema nervoso central.

Alguns locais no sistema nervoso podem ser alvo preferencial da desmielinização


característica da doença, o que explica os sintomas mais frequentes: o cérebro, o tronco
cerebral, os nervos ópticos e a medula espinhal.

FIGURA 09 – REPRESENTAÇÃO DA BAINHA DE MIELINA


FONTE: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/esclerose-multipla-em

A prevalência e incidência de EM no mundo variam de acordo com a geografia e etnia,


com taxas de prevalência variando de 2 por 100.000 na Ásia e mais de 100 por 100.000
na Europa e América do Norte.

No Brasil, estima-se que existam 40.000 casos da doença, uma prevalência média de 15
casos por 100.000 habitantes, conforme a última atualização da Federação Internacional
de Esclerose Múltipla e Organização Mundial da Saúde publicadas em 2013. O número
estimado de pessoas com Esclerose Múltipla no mundo aumentou de 2,1 milhões em
2008 para 2,3 milhões em 2013.

A doença atinge geralmente entre pessoas jovens em média entre 20 e 40 anos de idade,
predominando entre as mulheres.
As causas envolves predisposição genética (com alguns genes já identificados que
regulam o sistema imunológico) e combinação com fatores ambientais, que funcionam
como “gatilhos”:

 infecções virais (vírus Epstein-Barr)


 exposição ao sol e consequente níveis baixos de vitamina D prolongadamente
 exposição ao tabagismo
 obesidade
 exposição a solventes orgânicos
 estes fatores ambientais são considerados na fase da adolescência, um período de
maior vulnerabilidade.

Nos portadores de esclerose múltipla as células imunológicas invertem seu papel: ao


invés de protegerem o sistema de defesa do indivíduo, passam a agredi-lo, produzindo
inflamações. As inflamações afetam particularmente a bainha de mielina – uma capa
protetora que reveste os prolongamentos dos neurônios, denominados axônios,
responsáveis por conduzir os impulsos elétricos do sistema nervoso central para o corpo
e vice-versa.

Com a mielina e os axônios lesionados pelas inflamações, as funções coordenadas pelo


cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal ficam comprometidas. Desta
forma surgem os sintomas típicos da doença, como alterações na visão, na sensibilidade
do corpo, no equilíbrio no controle esfincteriano e na força muscular dos membros com
consequentemente redução da na mobilidade ou locomoção.

Os surtos (desmielinização) ocorrem a partir do surgimento de um novo sintoma


neurológico ou piora significativa de um sintoma “antigo”, com duração mínima de 24
horas.

Para ser considerado um novo surto é necessário que ocorra um intervalo mínimo de 30
dias entre eles - caso contrário, considera-se o sintoma do mesmo surto em andamento.
A recuperação dos ataques destas inflamações (desmielinização), chamados de surtos,
pode ser total ou parcial (remielinização). O quadro clínico de cada surto é variável e
pode apresentar mais de um sintoma.

Alguns pacientes apresentam piora dos sintomas na ocorrência de febre ou infecções,


frio extremo, calor, fadiga, exercício físico, desidratação, variações hormonais e estresse
emocional – no geral são situações transitórias. Atenção especial às infecções, pois
agravam o quadro clínico do paciente desencadeando sintomas que podem ser
considerados surtos, mas nestas situações é considerado “falso ou pseudo-surto”.

Sinais e sintomas
FIGURA 10. SINAIS E SINTOMAS

Os mais comuns são:

 Fadiga (fraqueza ou cansaço);


 Sensitivas: parestesias (dormências ou formigamentos); nevralgia do trigêmeo
(dor ou queimação na face);
 Visuais: neurite óptica (visão borrada, mancha escura no centro da visão de um
olho – escotoma – embaçamento ou perda visual), diplopia (visão dupla);
 Motoras: perda da força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez
muscular (espasticidade);
 Ataxia: falta de coordenação dos movimentos ou para andar, tonturas e
desequilíbrios;
 Esfincterianas: dificuldade de controle da bexiga (retenção ou perda de urina) ou
intestino;
 Cognitivas: problemas de memória, de atenção, do processamento de
informações (lentificação);
 Mentais: alterações de humor, depressão e ansiedade.

CUIDADOS DA ENFERMAGEM
As pessoas com esclerose múltipla conseguem, frequentemente, manter um estilo de
vida ativa, ainda que costumem se cansar com facilidade e possam não ser capazes de
cumprir muitas obrigações. Ajuda para encorajamento e reafirmação.
Os exercícios praticados com regularidade, como a bicicleta estática, os passeios, a
natação ou os alongamentos, reduzem a espasticidade e contribuem para manter a
saúde cardiovascular, muscular e psicológica.

A fisioterapia pode ajudar a manter o equilíbrio, a capacidade de caminhar e o nível de


mobilidade, assim como a reduzir a espasticidade e a debilidade. As pessoas devem
caminhar sozinhas o máximo de tempo possível. Assim, melhoram sua qualidade de
vida e ajudam a evitar a depressão, assim como citados, outros fatores contribuem
para orientação do paciente.

 Orientar sobre risco de queda;


 Realizar o uso de cadeira para banho (quando necessário)
 Proporcionar ambiente iluminado.
 Monitorar o padrão de sono;
 Registrar o padrão do sono e a quantidade de horas dormidas;
 Proporcionar ambiente calmo e seguro;
 Manter regularidade nos horários de se deitar.
 Orientar e ensinar métodos para esvaziamento adequado da bexiga;
 Estimular a urinar ou desencadear a micção ao menos a cada 3 horas;
 Restringir a ingestão de líquidos durante a noite;
 Manter o padrão de higiene.
 Estimular o autocuidado, fazendo-o sentir valorizado;

6.5 HEPATITE AUTOIMUNE

Existem diferentes formas de hepatite. Uma delas é a hepatite autoimune, inflamação do


fígado causada pelo sistema imunológico do paciente, que passa a reconhecer
indevidamente as células hepáticas como se fossem prejudiciais ao organismo. Então, o
sistema imune começa a atacar o órgão, comprometendo gradualmente as suas funções.

É uma doença crônica, com sintomas inespecíficos que dificultam o diagnóstico


precoce. Considerada uma doença rara, a hepatite autoimune afeta entre 10 e 17 pessoas
a cada 100.000 habitantes, sendo três a quatro vezes mais frequente em mulheres. Pode
surgir em qualquer idade, mas costuma ser mais comumente diagnosticada por volta dos
45 anos.
A doença geralmente evolui de maneira silenciosa em seus estágios iniciais, até
apresentar sintomas pouco específicos, como:

 cansaço;
 mal-estar;
 dores musculares e nas juntas;
 náuseas e falta de apetite;
 perda de peso;
 alterações gastrointestinais;
FIGURA 11- SINAIS E SINTOMAS

 irritações na pele.

Em alguns casos, a hepatite autoimune pode evoluir muito rapidamente, provocando


insuficiência hepática aguda. Nesse caso, o paciente precisará de um transplante de
fígado. Realizar o diagnóstico requer uma combinação de exames e análise do histórico
do paciente.

Também é necessário fazer exames de sangue e uma biópsia do fígado podem ser
solicitados para excluir outras enfermidades e fechar o diagnóstico. Como são
frequentes as alterações em algumas enzimas do fígado, a suspeita da hepatite
autoimune pode surgir em exames de sangue rotineiros.

CUIDADOS DA ENFERMANGEM

Como profissional de enfermagem, deve orientar a pessoa com suspeita de Hepatite a


realizar exames, informando sobre a existência de testes rápidos de HBV e HCV, além
da existência de exames moleculares para averiguar a carga viral de quem apresenta
resultado positivo

6.6 Doença de Crohn

Nas últimas décadas, a incidência da doença de Crohn se tornou mais comum em todo
o mundo. Contudo, a doença é mais frequente entre pessoas de ascendência norte-
europeia e anglo-saxã. A maioria das pessoas manifesta a doença de Crohn antes dos
30 anos, geralmente entre os 14 e os 24 anos. Algumas pessoas têm seu primeiro
ataque entre os 50 e 70 anos.

Se trata de uma doença inflamatória que atinge diferentes trechos do intestino (em
especial o íleo, que representa a parte final do intestino delgado, e o cólon, que
corresponde à parte central do intestino grosso). Em todo caso, a progressão da
inflamação atinge todas as camadas do tecido intestinal na maioria dos casos. Além
disso, a doença tem caráter crônico, acompanhando o paciente por muito tempo.
Ainda não se tem plena certeza do que provoca a doença de Crohn. Contudo, uma das
explicações mais aceitas é de que ela tenha natureza autoimune. Em outras palavras,
isso significa que ela é resultado de uma resposta desordenada do sistema imunológico,
que faz com que ele ataque os tecidos da própria pessoa.

Não se sabe o que dispara tal resposta, mas não estão descartadas infecções por
determinadas bactérias ou vírus. Em todo caso, não existem evidências que apontem
para a influência de fatores emocionais no surgimento da doença, embora possam
agravar o quadro em quem já sofre com ela.

No mais, hábitos como fumar, a manutenção de uma dieta rica em gorduras, o uso de
determinados medicamentos e o histórico familiar podem contribuir para incrementar o
risco de ter o problema. O risco de desenvolver a doença de Crohn é igual em homens e
mulheres. Ela se manifesta com mais força antes dos 30 anos, embora não seja raro que
pacientes com mais de 60 anos sejam diagnosticados com a condição

De forma geral, em um primeiro momento, os principais sintomas da doença de Cronh


são aqueles associados a desconfortos intestinais, como:

 diarreia persistente, que leva até mesmo a perda de peso;


 dores e cólicas abdominais;
 presença de sangue nas fezes, embora isso não seja comum.
Com a evolução e cronificação do quadro, outros sintomas podem se manifestar. Entre
alguns deles estão:

 anemia e desnutrição, em especial por problemas de absorção de determinados


nutrientes.
 cansaço generalizado;
 nausea e perda de apetite;
 lesões oculares, de pele e musculoesqueléticas;
 dor e formação de abcessos no intestino;
 obstrução do cólon;
 cálculo renal;
 artrite;
 febra de origem inexplicada.

CUIDADOS DA ENFERMANGEM

Durante a consulta de enfermagem o paciente com doença de Crohn, o enfermeiro deve


investigar principalmente sobre o aspecto das fezes (presença de sangramento,
consistência, frequência, etc), hábitos alimentares, evolução do ganho de peso e a
presença de alterações de pele.

O exame físico deve contemplar: a verificação dos sinais vitais, avaliação do


crescimento através do peso e altura, inspeção da cavidade oral, avaliação abdominal
com inspeção, DENTRE OUTROS FATORES COMO:

 Orientar quanto a manutenção de uma dieta calórica e proteica, conforme a


orientação do profissional de nutrição.
 Orientar que dietas com restrição de lactose e com poucas fibras insolúveis
podem ser necessária em alguns momentos.
 Orientar sobre consumo de refeições pequenas e frequentes.
 Orientar sobre suplementação de vitaminas, minerais, probióticos, conforme
prescrito.
 Orientar o consumo de alimentos macios, em casos de lesões orais.
 Orientar sobre cuidados com ileostomia e outros dispositivos, em casos
indicados de colocação.
 Orientar quanto ao reconhecimento dos sinais de desidratação no domicílio.
 Orientar sobre manipulação, dose e administração de medicações prescritas e
quanto ao reconhecimento de possíveis reações adversas.
 Orientar que a realização de atividades físicas não está contraindicada.
Entretanto, atividades físicas que exijam esforço podem agravar a dor abdominal
e a fadiga.

6.7 PSORIASE
A psoríase é um problema dermatológico crônico, não contagioso, caracterizado pela
formação de manchas brancas ou rosadas recobertas por um processo de descamação
esbranquiçado.

Não se sabe ao certo que parte da população é portadora da psoríase, mas acredita-se
que esse é um problema de saúde relativamente comum. Entretanto, já existe a noção de
que ele afeta homens e mulheres de forma igual e distribuída em todas as faixas etárias,
sem distinção entre etnias.

a doença se manifesta a partir de um quadro de natureza inflamatória, com causa ainda


não bem explicada. A partir disso, o paciente desenvolve as lesões características da
doença: manchas vermelhas que, em seguida, passam por um processo de descamação
até ficarem com um aspecto esbranquiçado.

Tudo leva a crer que tal processo é resultado da ação da liberação de substâncias
inflamatórias por determinadas células de defesa do organismo, o que gera o aspecto
avermelhado das manchas. Em seguida, o corpo responde à inflamação, e a presença de
células de defesa na região faz com que a pele descame.

Tal ciclo só é interrompido com o tratamento adequado, que reduz consideravelmente o


número de novas lesões. Em parte dos casos, a doença progride para quadros de
psoríase artropática, que atinge as articulações e provoca fortes dores.

sintomas da psoríase

Além das lesões características, as manifestações da psoríase variam dependendo do


paciente. Ainda assim, é possível delimitar os sinais e sintomas mais comuns desse tipo
de problema:

 manchas vermelhas, de aspecto ressecado, acompanhadas da descamação


esbranquiçada;
 manchas escuras ou brancas perceptíveis após a melhora das lesões vermelhas
iniciais;
 ressecamento e rachaduras na pele, eventualmente acompanhados de
sangramentos;
 coceira e dor, além da sensação de queimação;
 alterações nas unhas, deixando-as mais grossas, amareladas e irregulares;
 descamação do couro cabeludo;
 em casos mais graves,
dores nas
articulações.
FIGURA 13- SINTOMAS DA PSORIASE

É preciso levar em conta que, nos casos mais leves, as manifestações tendem a se
resumir ao desconforto na pele. Porém, a progressão do quadro pode gerar sintomas que
comprometem significativamente a qualidade de vida — como a dor.

O que desencadeia a psoríase

Não é possível indicar o que causa a psoríase, muito menos o que desencadeia os casos
da doença. Ainda assim, alguns aspectos podem ser levados em conta para estimar o
risco de alguém desenvolver o problema.

Entre os principais, estão:

 histórico familiar;
 estresse e problemas de natureza psicológico;
 climas frios;
 obesidade;
 resposta a determinados quadros infecciosos;
 uso de determinados medicamentos, como alguns antimaláricos — utilizados no
tratamento da hipertensão — e o lítico, indicado para determinados transtornos
psicológicos.

O abuso do álcool e o tabagismo tendem a agravar a frequência e a gravidade das


lesões, o que faz a interrupção do uso dessas substâncias importante na evolução do
quadro.

tipos de psoríase

Os quadros de psoríase podem ser classificados conforme algumas particularidades.


Em geral, tal classificação está relacionada ao local em que o problema se manifesta
e às características das lesões.

Os principais tipos de psoríase são:

 em placas (ou vulgar) — engloba os quadros mais comuns da doença, conforme


os sintomas já descritos;
 ungueal — afeta unhas dos dedos das mãos e dos pés;
 do couro cabeludo — afeta, como o próprio nome indica, o tecido que recobre a
cabeça;
 gutata — as lesões são desencadeadas pela resposta a quadros infecciosos;
 invertida — atinge dobras de pele e áreas mais úmidas do corpo;
 pustulosa — as lesões geram bolhas com pus (pústulas);
 eritrodérmica — mais rara, as lesões em todo o corpo são acompanhadas de
sintomas como febre e calafrios;
 artropática — tipo de manifestação em que a doença atinge as articulações,
provocando dor.

figura 14- tipos de manifestação da psoríase


fontes: psoriasebrasil.com

CUIDADOS DA ENFERMAGEM

A enfermagem tem significativa atuação para que a população portadora e seus


familiares compreendam a doença. É muito importante esclarecer sobre a evolução da
psoríase, seus fatores desencadeantes, os tratamentos disponíveis e também sobre o
envolvimento emocional que existe. entre outras orientações, segue uma listagem
abaixo:

 banhos de sol nos horários entre 7 e 10 horas e após às 16 horas são benéficos
para a remissão da psoríase;
 o paciente não deve usar substâncias sistêmicas ou tópicas (ex: ervas) sem
orientação médica, nem mesmo antiinflamatórios, beta-bloqueadores,
antimaláricos e lítio;
 não deve puxar as escamas da pele e nem “esfregá-las” durante o banho, pois
isso pode resultar em traumatismos (Fenômeno de Koebner);
 os banhos não devem ser nem muito quentes e nem muito frios;
 as unhas de uma pessoa com psoríase devem ser aparadas regularmente;
 para evitar o ressecamento e fissuras na pele, é indicado utilizar emolientes,
desde que prescritos pelo médico;
 durante o tratamento sistêmico está proibida a ingestão de bebida alcoólica.

6.8. Doença Celíaca

FIGURA 15- DOENÇAS CELÁCA


A doença celíaca é uma condição autoimune causada pela intolerância ao glúten. Ela
também pode ser chamada de enteropatia sensível ao glúten.
O glúten é um tipo de proteína encontrado em produtos como o trigo, a aveia, a cevada,
o malte e o centeio, além dos grãos e tubérculos, como a batata. Ele está presente na
maior parte dos pães, massas e cervejas, além de ser encontrado até mesmo em
condimentos como ketchup e mostarda.

causas da doença celíaca

Não se sabe, exatamente, o que faz com que um paciente apresente a doença celíaca.
Estima-se a prevalência mundial da DC em 1% da população. De acordo com uma
revisão sistemática e meta-análise publicada em 2018 a Doença Celíaca (DC) é um
problema de saúde pública global.
Existem algumas pesquisas que apontam uma correlação genética, com vários membros
de uma mesma família apresentando a doença, mas ainda há muito a ser desenvolvido
em relação à doença celíaca

tipos de doença celíaca

Existem alguns subtipos de doença celíaca, como a doença celíaca clássica, que
geralmente se apresenta nos primeiros anos de vida, quando o paciente inicia sua vida
alimentícia.
A doença celíaca assintomática, por sua vez, é descoberta só quando o paciente realiza o
exame de pesquisa de anticorpos, usado no diagnóstico da doença.
Por fim, a doença celíaca não-clássica traz alguns sintomas mais amenos, com sinais
discretos da doença.
sintomas de doença celíaca
Entre os principais sintomas de doença celíaca, podemos destacar:
 diarreia;
 constipação;
 dor abdominal;
 flatulência;
 inchaço abdominal;
 perda de peso;
 cólica;
 sensação de estufamento;
 anemia;
 queda de cabelo;
 irritabilidade;
 lesões na pele.

CUIDADOS DA ENFERMAGEM

É essencial, que os pacientes diagnosticados com DC sejam encaminhados para um


nutricionista especializado e/ou associações de suporte à doença. Estes profissionais
têm como competências educar o paciente sobre a complexidade da dieta, as diversas
fontes de glúten e alimentos passíveis de contaminação cruzada, informar sobre os
diversos produtos sem glúten disponíveis no mercado, locais para a sua aquisição e a
correta interpretação de rótulos. Cabe ao nutricionista formular regimes alimentares
nutricionalmente equilibrados, adequar os suplementos vitamínicos e minerais à
dieta, avaliar os fatores que afetam a qualidade de vida do paciente e a adesão à dieta,
incentivar a realização de atividade física e proporcionar outras fontes de informação
e/ou recursos sobre a doença celíaca (TEIXEIRA, 2012), os profissionais da
enfermagem, por sua vez, orientam o paciente da seguinte forma:

 Oferecer suporte emocional e evitar o stress.


 Estimular a alimentação adequada (Hipolipidico) Isento de lactose.
 Observar os cuidados com os medicamentos.
 Estimular repouso.
 Orientar a higiene adequada após a evacuação.
 Realizar o balanço hídrico.
 Monitorar exames de laboratório.
 Fica atento aos sinais de desidratação.
7.Fontes
 https://www.scielo.br/j/abd/a/VWZFwJY5MmcBmGCxpFcKMzG/?lang=pt
 Fonte: saude.com.br
 http://movimentosaude.com.br/mente/371/o-que-e-vitiligo-e-quais-seus-
sintomas-e-tratamentos
 https://fasig.com.br/diabetes-enfermagem-cuidados-basicos/
 https://www.einstein.br/doencas-sintomas/esclerose-multipla-em
 https://www.msdmanuals.com
 https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/doencacrohn.pdf
 https://pebmed.com.br/confira-10-orientacoes-de-enfermagem-a-crianca-com-
doenca-de-crohn/?utm_source=artigoportal&utm_medium=copytext
 https://iad-goiania.com.br/doenca-de-crohn/
 https://bhaz.com.br/wp-content/uploads/2023/11/psoriase-brasil.jpg
 https://vidasaudavel.einstein.br/psoriase/
 https://enfermagemestetica.com.br/assistencia-da-enfermagem-dermatologica-
no-tratamento-da-psoriase-tem-significativa-atuacao-para-a-populacao/
 https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/doenca-celiaca
 https://www.fenacelbra.com.br/dados-estatisticos
 https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/doencas-celiacas
TRABALHO ACADEMICO PARA OBTENÇÃO DE
NOTA NA DISCIPLINA DE CLINICA MÉDICA

DOENÇAS AUTOIMUNES

ADLA VICENTE
EDNEIDE GOMES
IONISE GOMES
JANAY GLEICE
STEFANY CAVALCANTI

CURSO GRAU TÉCNICO – UNIDADE BOA VISTA

CURSO DE ENFERMAGEM
RECIFE, 08 DE JANEIRO DE 2024

Você também pode gostar