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FACULDADE ALFA UNIPAC DE TEÓFILO OTONI

PALOMA BENIGNO MORAIS

IMUNOLOGIA- APOSTILA

TEÓFILO OTONI
2023
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INTRODUÇÃO

A história é sobre um homem que visitou um sábio e idoso rabino. O homem desafiou o rabino
a ensinar-lhe os princípios de sua religião enquanto se posicionava, ele próprio, sobre um
único pé. O rabino, aceitando o desafio, respondeu, “a base da minha religião é não fazer aos
outros o que é odioso para você, todo o resto é conversa fiada, agora vá e estude.”

Da mesma forma, a base da imunologia pode ser expressa em poucas palavras. A imunologia é
baseada no entendimento de como o corpo distingue o que é self (próprio) do non self (não próprio);
tudo mais é detalhe técnico.
Quanto ao objetivo principal com o ensino da disciplina de Imunologia pretende-se que, ao final do
plano de estudos, os alunos conheçam os mecanismos básicos da resposta imunológica, como
resposta biológica à agressão exógena ou endógena, a sua participação na gênese de patologias
humana, assim como os princípios da sua modulação terapêutica.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA EXISTENTE NA BIBLIOTECA DA UNIPAC


BIBLIOGRAFIA BÁSICA
JANEWAY JÚNIOR, Charles A. et al. Imunobiologia: o sistema imune na saúde e na doença.
Traduzido por Ana Cristina Arámburu da Silva et al. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 824 p. il. Título
original: Immunobiology: the immune system in health & disease. ISBN 85-363-0741-2.
ROITT, Ivan; BROSTOFF, Jonathan; MALE, David. Imunologia. 6. ed. São Paulo: Manole, 2003. 481
p. Título original: Immunology. ISBN 8520414397..
STITES, Daniel P.; TERR, Abba I. Imunologia Básica. Traduzido por José Mauro Peralta;Lúcia
Martins Teixeira;Alexandre Januário da Silva. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 167 p. il.
ISBN 85-277-0928-7.
ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; POBER, Jordan S. Imunologia Celular e molecular. 4. ed.
Rio de Janeiro: Revinter, 2003. 544 p. Titulo original: Celular and molecular immunology. Inclui
bibliografia e indice. ISBN 857309642X.

OBSERVAÇÃO: OS TEXTOS QUE SE SEGUEM NÃO EXCLUEM A NECESSIDADE DOS


ESTUDOS EM LIVROS TEXTOS DE BIBLIOGRAFIA CITADA ANTERIORMENTE. ELES SÃO
APENAS UMA AJUDA PARA O MAIOR ENTENDIMENTO DA MATÉRIA.

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UNIDADE I - Introdução à Imunologia.

Ressaltar a importância do sistema imune, caracterizando as propriedades gerais das respostas


imunes.

01.01 - História e importância da ciência imunologia;


01.02 - Propriedades gerais das respostas imunes;
01.03 - Tipos de respostas imunes: a) Inata; b) Adquirida.

Historicamente, a imunidade significa proteção contra doenças infecciosas. As células e moléculas


responsáveis pela imunidade constituem o sistema imune, e sua resposta coletiva e coordenada à
introdução de substâncias estranhas no organismo é chamada resposta imune. A defesa contra os
micróbios é mediada pelas reações iniciais da imunidade inata e pelas respostas mais tardias da
imunidade adquirida.

1- Imunidade Inata (Linhas iniciais de defesa contra os micróbios)

Consiste de mecanismos que existem antes da infecção, que são capazes de rápidas respostas aos
micróbios e que reagem essencialmente do mesmo modo às infecções repetidas. Componentes
principais: barreiras físicas e químicas, tais como os epitélios e as substâncias antimicrobianas
produzidas nas superfícies epiteliais; células fagocíticas e células matadoras naturais (natural killer);
proteínas do sangue incluindo os membros do sistema complemento e outros mediadores da
inflamação; e proteínas chamadas citocinas, que regulam e coordenam muitas das atividades das
células da imunidade inata.

2- Imunidade Adquirida (aquela que cada organismo adquire ao longo do tempo)

Como o nome indica, a imunidade adquirida é aprendida. Ao nascer, o sistema imune de um indivíduo
ainda não enfrentou o mundo exterior nem começou a formar seus arquivos de memória. O sistema
imune aprende a responder a cada novo antígeno que ele encontra. Portanto, a imunidade adquirida
é específica contra os antígenos encontrados por um indivíduo durante a vida. O ponto chave da
imunidade específica é a sua capacidade de aprender, de adaptar-se e de lembrar-se.
O sistema imune possui um registro ou memória de cada antígeno que o indivíduo entra em contato,
seja através dos pulmões (respiração), do intestino (alimentação) ou da pele. Isto é possível porque
os linfócitos vivem muito tempo. Quando os linfócitos encontram um antígeno pela segunda vez, eles
produzem uma resposta rápida, enérgica e específica contra o mesmo. Essa resposta imune
específica explica por que os indivíduos não apresentam varicela ou sarampo mais de uma vez e
também explica por que a vacinação é tão eficaz na prevenção de doenças. Por exemplo, para evitar
a poliomielite, o indivíduo recebe uma vacina produzida a partir de uma forma atenuada do vírus da
poliomielite. Posteriormente, quando ele é exposto ao vírus da poliomielite, o sistema imune pesquisa
seus arquivos de memória, encontra os “dados” sobre este vírus e ativa rapidamente as defesas
adequadas. Como conseqüência, o vírus da poliomielite é eliminado por anticorpos específicos que
neutralizam o vírus antes que ele tenha a chance de multiplicar-se e de invadir o sistema nervoso.

Os mecanismos de defesa mais altamente evoluídos são estimulados pela exposição aos agentes
infecciosos e aumentam em magnitude e capacidade defensiva em cada exposição sucessiva a um
micróbio particular. Pelo fato de esta forma de imunidade desenvolver-se como uma resposta a
infecção e adaptar-se a ela, é designada imunidade adquirida. As características que definem a
imunidade adquirida são a grande especificidade onde o organismo reconhece e reage com a
produção de anticorpos específicos contra determinado agente infeccioso, a diversidade em que o
sistema imunológico é capaz de reconhecer milhares de tipos de microorganismos, bastantes
diferentes uns dos outros, e de desencadear contra cada tipo uma resposta adequada, a
sensibilidade onde as células têm uma grande sensibilidade diante de substâncias estranhas que
invadem o corpo. Mesmo diante de pequenas quantidades de antígenos, as células se excitam e
desencadeiam uma intensa mobilização da nossa defesa e ainda a aquisição de memória que
refere-se que uma vez que o sistema imunológico tenha entrado em contato com um agente
infeccioso, poderá desenvolver células capazes de reconhecer esse agente, mesmo depois de várias
décadas.

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Os componentes da imunidade adquirida são os linfócitos e seus produtos. As substâncias estranhas
que induzem respostas específicas ou que são alvos dessas respostas, são chamados antígenos.
Existem dois tipos de respostas imunes adquiridas, designadas imunidade humoral e imunidade
mediada por células. Imunidade humoral é mediada por moléculas do sangue, chamadas anticorpos,
que são produzidos pelos linfócitos B. Os anticorpos reconhecem especificamente os antígenos
microbianos, neutralizam a infecciosidade dos micróbios e marcam os micróbios para a eliminação
pelos vários mecanismos efetores. É o principal mecanismo de defesa contra os micróbios
extracelulares e suas toxinas. Imunidade mediada por célula é mediada por células chamadas
linfócitos T; os microorganismos intracelulares, tais como vírus e algumas bactérias, sobrevivem e
proliferam dentro dos fagócitos e de outras células do hospedeiro, onde ficam inacessíveis aos
anticorpos circulantes. A defesa contra essas infecções é uma função da imunidade celular, que
promove a destruição dos micróbios que residem nos fagócitos ou a lise das células infectadas.
A imunidade adquirida pode ser ativa ou passiva:

2.1 Imunização ativa: a imunidade ativa é a proteção conferida pela estimulação antigênica do
sistema imunológico com o desenvolvimento de uma resposta humoral (produção de anticorpos) e
celular. Esta estimulação pode ocorrer por infecção natural ou pelo uso de vacina. A vantagem da
proteção conferida pela imunização ativa é sua característica duradoura, justificada pela existência de
uma memória imunológica (permanência de linfócitos B na circulação e medula óssea que se
replicam e produzem rapidamente anticorpos quando há novo contato com o antígeno – booster).
Uma limitação deste tipo de imunidade é a demora que há entre a administração do antígeno e a
produção de anticorpos, isto é, não há imunidade imediatamente após a injeção do imunobiológico.
Devendo a vacinação ocorrer antes da exposição ao patógeno (antígeno) para garantir imunidade
(proteção) adequada. Ter infecção natural (exposição natural ao patógeno –antígeno- com ou sem
adoecimento clínico) é uma forma de adquirir imunidade ativa também. Após ter certas doenças
(varicela, sarampo, hepatite A) o indivíduo fica imunizado (protegido) não tendo mais o risco de
adquirí-las, mesmo se exposto ao agente infeccioso novamente. O mesmo princípio acontece na
administração de vacinas: o uso de um antígeno (microorganismo, parte dele ou um produto
modificado a partir deste microorganismo) com o objetivo de mimetizar a infecção natural sem causar
adoecimento, conferindo assim imunidade de forma segura. Muitos fatores podem interferir na
resposta imunológica à vacinação. Alguns relativos ao imunobiológico como sua conservação, sua
dose e o tipo de antígeno, a via de administração utilizada e a presença de adjuvantes na composição
vacinal; outros relativos ao hospedeiro como idade, nutrição, características genéticas, doenças
coexistentes como imunossupressão e a presença de anticorpos circulantes (maternos ou
hemoderivados).

2.2 Imunização passiva: A imunidade passiva é a proteção conferida pela transferência de anticorpos
(imunoglobulinas, Ig). Estas podem ser transmitidas artificialmente por administração parenteral
(oriundas do processamento de soro humano ou animal) ou naturalmente como a transmissão
transplacentária de anticorpos maternos para o feto. A vantagem conferida por este tipo de imunidade
é sua ação imediata, isto é: disponibilidade de anticorpos no organismo do paciente logo após a
administração do imunobiológico. A desvantagem deste tipo de imunidade é seu caráter temporário,
pois os anticorpos circulantes são degradados em semanas ou meses, não restando imunidade
depois da diminuição do nível sérico de anticorpo transferido. Em acidentes com animais
peçonhentos é necessária a rápida disponibilidade de anticorpos circulantes para neutralização do
veneno. Isso é obtido pela administração do soro heterólogo, que contém anticorpos contra a
peçonha inoculada, logo após o acidente. De forma semelhante ocorre no uso de imunoglobulina
contra hepatite B em profissionais de saúde não imunizados que sofrem acidente perfurocortante com
fonte HBSAg positivo. A imunização passiva, isto é, o uso de imunoglobulinas, é utilizada:

 Como profilaxia pré exposição: em pessoas que não podem ser vacinadas (contra-indicação
e falta de tempo hábil entre imunização e exposição ao patógeno)
 Como profilaxia pós exposição: em pessoas suscetíveis e expostas a certas infecções, tendo
assim risco de adoecimento.
 Como terapia: para neutralizar os efeitos de toxinas (botulismo, difteria e tétano) e peçonhas.

A imunidade inata e a imunidade adquirida não são independentes uma da outra. Cada sistema atua
em relação ao outro e o influencia, seja diretamente ou através da indução de citocinas
(mensageiros). Raramente um estímulo desencadeia uma resposta isolada. Ao contrário, ocorrem

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várias respostas, algumas das quais podem atuar em conjunto ou, ocasionamente, podem conflitar
entre si. De todos os modos, todas as respostas dependem dos três princípios básicos:
reconhecimento, mobilização e ataque.

Reconhecimento

Antes do sistema imune conseguir responder a um antígeno, ele deve ser capaz de reconhecê-lo. Ele
é capaz de fazer isto por meio de um processo denominado processamento de antígenos. Os
macrófagos são as principais células processadoras de antígenos, mas outras células (p.ex., linfócitos
B) também podem processá-los.

Mobilização

Após um antígeno ser reconhecido por uma célula processadora de antígenos e por um linfócito T,
ocorre uma série de eventos para mobilizar o sistema imune.

Ataque

Grande parte da maquinaria do sistema imune tem como finalidade destruir ou eliminar os micróbios
invasores assim que eles são reconhecidos. Os macrófagos, os neutrófilos e células assassinas
naturais são capazes de eliminar muitos invasores estranhos.

Estes dois tipos de imunidade encontram-se relacionados e atuam em simultâneo (vide figura abaixo):

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UNIDADE II - Imunidade inata.

Apresentar os componentes e os mecanismos efetores do sistema imune inato. Apresentar os


aspectos morfo-funcionais da atividade imune inata na prática clínica.
02.01 - Componentes do sistema imune inato: a) Barreiras epiteliais; b) Fagócitos; c) Células NK; d)
Citocinas.
02.02 - Mecanismos efetores do sistema imune inato: fagocitose, opsonização e via alternativa do
sistema complemento.
02.03 - Papel da imunidade inata na estimulação das respostas imunes adquiridas.
02.04 - Inflamação e migração celular;
02.05 - Fagocitose e migração celular: Quimiotaxia e Opsonização

O sistema imunitário é composto por órgãos linfóides, células e moléculas que estabelecem entre si
uma complexa rede de comunicações, e tem como finalidade permitir a nossa defesa contra
infecções provocadas por agentes patogênicos como as bactérias, os vírus, os fungos ou por alguns
parasitas. É um sistema que assiste e suporta o balanço entre o "próprio" (self) e o "não - próprio"
(non-self) ao longo da vida, desenvolvendo e ativando mecanismos e estratégias próprias.

Como já foi dito no capítulo anterior, todas as pessoas nascem com imunidade inata. Os
componentes do sistema imunitário que participam na imunidade inata reagem de forma semelhante
perante todas as substâncias estranhas, e o reconhecimento dos antígenos não varia de pessoa para
pessoa. As principais células efetoras da imunidade inata são os neutrófilos, fagócitos mononucleares
e células NK. Estas são responsáveis pelo ataque aos microorganismos que ultrapassam as barreiras
naturais do hospedeiro1 e penetram nos tecidos, ou na circulação (Abbas & Lichtman, 2003). Algumas
destas são responsáveis pela secreção de citocinas que ativam as células efetoras e estimulam a
inflamação (Abbas & Lichtman, 2003). Os fagócitos mononucleares, divididos em neutrófilos e
macrófagos, são células efetoras da imunidade inata que tem como função identificar, ingerir e
destruir microorganismos. Os neutrófilos constituem a população mais abundante de glóbulos
brancos da corrente sanguínea e são os principais mediadores da resposta inflamatória, sendo, por
isso, chamados até aos locais de infecção por quimiotaxia mediada por quimioquinas (Abbas &
Lichtman, 2003). Por outro lado, os macrófagos apresentam um papel mais central na imunidade
1
Barreira mecânica contra os organismos agressores. Ex:

- Pele intacta - são muito poucos os agentes que conseguem penetrar através dela.

- Mucosa - Muitos agressores penetram através do epitélio dos tratos gastrintestinal, respiratório e
genito-urinário. O organismo defende-se através de secreções como muco, espirro, tosse, urina;

- Batimento ciliar,

- Existência de bactérias comensais da flora normal, que competem com as patogênicas;

- Alguns organismos só conseguem infectar se penetrarem diretamente no sangue.

- Glândulas sebáceas com sebo oleoso (que confere pH de 3 a 5), impede proliferação de
microorganismos.

- Muco impede interação do micróbio com a mucosa, porque tem pH inadequado para eles.

- Para proteger e quebrar parede de micróbios tem secreções como saliva e lágrimas, que contém
lisozimas, que quebra resíduos de açúcar de paredes bacterianas, inativando-as.

- Na amamentação, a imunidade transferida tem IgA, sendo passiva, dá proteção, mas também

passa lactobacilos bífidos vivos que colonizam o trato gastro intestinal do bebê .

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inata e adquirida, sendo considerados como elementos fundamentais na eliminação de
microorganismos. Assim, encontram-se localizados estrategicamente em potenciais “portas de
entrada” do organismo (Abbas & Lichtman, 2003).

Os leucócitos são a defesa do organismo contra agentes infecciosos e substâncias estranhas. Para
defender o corpo adequadamente, uma quantidade suficiente de leucócitos deve estimular as
respostas apropriadas, ir aonde são necessários e, em seguida, matar e digerir os organismos e as
substâncias prejudiciais. Como todas as células sangüíneas, os leucócitos são produzidos na medula
óssea. Eles originam-se de células precursoras (células tronco) que amadurecem no decorrer do
tempo como um dos cinco tipos principais de leucócitos: neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos
e basófilos. Normalmente, um indivíduo produz aproximadamente 100 bilhões de leucócitos por dia.
Geralmente, a quantidade de leucócitos num determinado volume de sangue é determinada
automaticamente através de um contador celular computadorizado. Esses instrumentos fornecem a
contagem leucocitária total, expressa como células por microlitro de sangue, assim como a proporção
de cada um dos cinco tipos principais de leucócitos. A contagem leucocitária total normalmente varia
de 4.000 a 10.000 células por microlitro. Uma quantidade muito pequena ou muito grande de
leucócitos indica um distúrbio. A leucopenia, uma diminuição da quantidade de leucócitos para menos
de 4.000 células por microlitro, torna uma pessoa mais suscetível às infecções. Ao contrário, a
leucocitose, um aumento da quantidade de leucócitos, pode ser uma resposta a infecções ou a
substâncias estranhas, ou ser resultante de um câncer, de um traumatismo, do estresse ou de
determinadas drogas. A maioria dos distúrbios dos leucócitos envolve os neutrófilos, os linfócitos, os
monócitos e os eosinófilos. Distúrbios envolvendo os basófilos são muito raros.

Os leucócitos apresentam 2 tipos, os granulócitos – com grânulos no citoplasma (neutrófilos,


eosinófilos e basófilos) e agranulócitos – sem grânulos no citroplasma (monócitos e linfócitos).

Classificação dos leucócitos

Agranulócitos (não
Granulócitos (apresentam grânulos no
apresentam grânulos no
citoplasma)
citoplasma)

Neutrófilo Eosinófilo Basófilo Linfócito Monócito


Grânulos
citoplasmáticos Núcleo muito Núcleo em
Núcleo
Característica Núcleo muito grandes, condensado, forma de
geralmente
geral bilobulado chegando a ocupando quase rim ou
trilobulado.
mascarar o toda a célula ferradura
núcleo

Função Fagocitar Fagocitar apenas Liberar heparina Linfócitos T Fagocitar


elementos determinados (anticoagulante) e auxiliares ou bactérias,
estranhos ao elementos. Em histamina células de vírus e
organismo doenças (substância “memória fungos
alérgicas ou vasodilatadora imunológica”
provocadas por liberada em orientam os
parasitas processos linfócitos B na
intestinais há alérgicos) produção de
aumento do anticorpos;
número dessas linfócitos T
células supressores
determinam o
momento de

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parar a produção
dos anticorpos;
linfócitos T
citotóxicos que
produzem
substâncias que
mudam a
permeabilidade
das células
invasoras
(bactérias) ou de
células
cancerosas,
provocando sua
morte.
Linfócitos B, que
formarão os
plasmócitos do
tecido conjuntivo,
são os
responsáveis
pela produção de
anticorpos
específicos no
combate
imunológico aos
antígenos
invasores.

NEUTROPENIA
A neutropenia é a quantidade anormalmente baixa de neutrófilos no sangue. Os neutrófilos
representam o principal sistema de defesa celular do organismo contra bactérias e fungos. Eles
também auxiliam na cicatrização de feridas e na ingestão de corpos estranhos, como fragmentos
ósseos. Os neutrófilos amadurecem na medula óssea em aproximadamente 2 semanas. Após
entrarem na corrente sangüínea, eles circulam por aproximadamente 6 horas, buscando agentes
infecciosos e outros intrusos. Quando eles os encontram, eles migram para os tecidos, fixam-se aos
intrusos e produzem substâncias tóxicas que os matam e os digerem. Essa reação pode lesar o
tecido saudável da área da infecção. Todo o processo produz uma resposta inflamatória na área
infectada, que manifesta-se na superfície corpórea sob a forma de hiperemia, edema e calor. Como
os neutrófilos geralmente representam até mais de 70% dos leucócitos, uma diminuição do número
de leucócitos normalmente significa uma redução da quantidade total de neutrófilos. Quando a
contagem de neutrófilos cai abaixo de 1.000 células por microlitro, o risco de infecção aumenta
relativamente; quando cai abaixo de 500 células por microlitro, o risco de infecção aumenta
enormemente. Sem a defesa fundamental dos neutrófilos, uma pessoa pode morrer por uma
infecção.

Causas

A neutropenia possui várias causas. A quantidade de neutrófilos pode diminuir porque a produção da
medula óssea não é adequada ou porque um grande número de células é destruído na circulação. A
anemia aplástica causa neutropenia, assim como deficiências de outros tipos de células do sangue.
Determinadas doenças hereditárias raras, como a agranulocitose hereditária infantil e a neutropenia
familiar, também diminuem a quantidade de leucócitos. Na neutropenia cíclica, um distúrbio raro, a
quantidade de neutrófilos varia entre normal e baixa a cada 21 a 28 dias. A contagem de neutrófilos
pode cair até quase zero e, em seguida, retorna espontaneamente ao normal após 3 a 4 dias. As
pessoas que apresentam neutropenia cíclica apresentam tendência à infecções quando a quantidade
de neutrófilos é baixa. Alguns indivíduos com câncer, tuberculose, mielofibrose, deficiência de
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vitamina B12 ou de ácido fólico apresentam neutropenia. Certas drogas, especialmente aquelas
usadas no tratamento do câncer (quimioterapia), comprometem a capacidade de produção de
neutrófilos da medula óssea. Em algumas infecções bacterianas, alguns distúrbios alérgicos, algumas
doenças auto-imunes e alguns tratamentos medicamentosos, os neutrófilos são destruídos mais
rapidamente do que são produzidos. As pessoas com esplenomegalia – por exemplo, aquelas com
síndrome de Felty, malária ou sarcoidose – podem apresentar uma contagem baixa de neutrófilos
porque o fígado aumentado de volume aprisiona e destrói os neutrófilos.

Drogas Que Podem Causar Neutropenia.

Antibióticos (penicilinas, sulfonamidas e


cloranfenicol), Anticonvulsivantes
Drogas antitireóide
Quimioterápicos para o tratamento do
câncer
Sais de ouro
Fenotiazinas

topo

LINFOCITOPENIA
A linfocitopenia é a contagem baixa de linfócitos - abaixo de 1.500 células por microlitro de sangue
nos adultos ou abaixo de 3.000 células por microlitro nas crianças. Normalmente, os linfócitos
representam 15 a 40% dos leucócitos totais presentes na corrente sangüínea. Os linfócitos são
fundamentais para o sistema imune. Eles protegem o corpo contra infecções virais; auxiliam outras
células a proteger o corpo contra as infecções bacterianas e fúngicas; transformam-se em células que
produzem anticorpos (células plasmáticas); combatem o câncer e auxiliam na coordenação das
atividades de outras células do sistema imune. A linfocitopenia pode ser causada por várias doenças
e condições. A quantidade de linfócitos pode diminuir brevemente durante o estresse severo e
durante o tratamento envolvendo corticosteróides como a prednisona, a quimioterapia antineoplásica
e a radioterapia. Os indivíduoss com contagem baixa de linfócitos T geralmente apresentam uma
linfocitopenia mais grave e geralmente sofrem conseqüências mais severas do que as pessoas que
apresentam uma contagem baixa de linfócitos B, mas ambas as deficiências podem ser fatais.

Reação inflamatória

A inflamação ou processo inflamatório é uma resposta dos organismos vivos homeotérmicos à uma
agressão sofrida, fazendo parte da imunidade inata. Esta resposta padrão é comum a vários tipos
de tecidos vivos e é mediada por substâncias produzidas pelas celulas danificadas chamadas
prostaglandinas. As prostaglandinas aumentam a permeabilidade capilar e também tem o poder da
quimiotaxia, atraíndo células polimorfonucleadas, neutrófilos na fase aguda e macrófagos passadas
24 horas. Os polimorfonucleados, por sua vez fagocitam os elementos que estão na origem da
inflamação e produzem histamina e mais prostaglandinas. Estas substâncias produzem um aumento
do calibre dos capilares responsáveis pela irrigação sanguínea do local, resultando em uma estase
vascular, caracterizando um sintoma da inflamação, a coloração vermelha (hiperemia) por causa da
cor do sangue, aumento da temperatura local devido à liberação de diversos mediadores químicos
presentes no sangue local e o edema ou inchaço devido ao extravassamento do líquido intravascular
para o espaço extracelular e consequentemente aumentando o líquido extracelular (LEC)
extravascular. Outro sintoma clássico da inflamação é a dor causada pela compressão das
terminações nervosas realizada pelo edema. Assim, Classicamente a inflamação é constituída pelos
seguintes sinais: calor, rubor, edema e dor.

A INFLAMAÇÃO COMO UMA "RESPOSTA BENÉFICA"...

Se não existisse o processo inflamatório, os microorganismos estariam livres para penetrar nas
mucosas e feridas, proliferar, disseminar e finalmente comprometer de tal forma o organismo

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hospedeiro que fatalmente o mataria. Além disso, se não existisse a inflamação, não existiria
cicatrização de feridas nem cura e reparação das lesões. Dessa maneira o organismo seria como
uma máquina sem peças de reposição, que ao primeiro defeito estaria condenada...

A INFLAMAÇÃO COMO UMA "RESPOSTA MALÉFICA"...

Existem ocasiões em que o processo inflamatório pode interferir seriamente na função do órgão
acometido, podendo até mesmo levar a uma condição mais ameaçadora que a agressão inicial que o
determinou. Nesses casos, ocorre a perda do controle homeostático na resposta, assumindo a
inflamação um papel destrutivo, maléfico ao organismo. Exemplos:

o . Cirrose hepática;

o . Glomerulonefrites auto-imunes e por imunocomplexos;


o . Artrites reumatóides;
o . Ceratites;
o . Choque anafilático (hipersensibilidade à penicilina, por exemplo).
o . Granuloma contra ovo do Schistosoma mansoni

Causas da inflamação:

Tudo que possa agredir o organismo pode ser considerado como eventual agente etiológico da
inflamação, vez que esta é uma resposta orgânica à qualquer agressão.
Bogliolo & Lima Pereira (1978) classificaram em causas:

o Endógenas: as derivadas de degenerações ou necroses tissulares e as derivadas de


alterações na resposta imunológica (por imunocomplexo ou autoimune).

o Exógenas:
 Agentes Físicos: Calor e frio; eletricidade; radiações; sons e ultra-sons;
magnetismo; gravidade; traumas mecânicos e atritos;
 Agentes Químicos:
 Inorgânicos: Cáusticos, metais pesados, ácidos e álcalis fortes, etc..
 Orgânicos: Exo e endotoxinas bacterianas, micotoxinas, venenos
vegetais e animais.
 Agentes Biológicos:
 Infecciosos: Vírus, bactérias, micoplasmas, fungos e protozoários.
 Parasitários: Helmintos e artrópodes.

Observação: É muito importante considerarmos a interrelação "Agente Agressivo - Contato Agente


Tecido - Tecido" na caracterização da gravidade da agressão e da intensidade da inflamação.

Assim, um agente pouco patogênico, em contato único e ligeiro com um tecido saudável pode
determinar tão somente uma agressão leve com reação inflamatória de curta duração (aguda) e de
pequena intensidade. Por outro lado, um agente muito resistente e patogênico, em contatos repetidos
e persistentes, mesmo em tecidos saudáveis, irá determinar uma agressão mais grave com reação
inflamatória de longa duração (crônica) e de maior intensidade.

UNIDADE III - Imunidade adquirida.

Classificar os tipos de resposta imune adquirida, estabelecendo o papel dos linfócitos e dos órgãos
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linfóides no desenvolvimento dos mecanismos efetores das respostas imunes.

03.01 - Tipos de resposta imune adquirida: a) Imunidade celular ou mediada por células; b)
Imunidade humoral.
03.02 - Células do sistema imune adquirido: a) Linfócitos T e B; b) Morfologia e marcadores,
desenvolvimento e funções dos linfócitos.
03.03 - Anatomia e organização dos órgãos linfóides;
03.04 - Recirculação dos linfócitos.

CÉLULAS PARTICIPANTES DO SISTEMA IMUNE

As características mais importantes do sistema imune- resposta adquirida- são sensibilidade,


diversidade, especificidade e memória. A especificidade é a capacidade de reconhecer e reagir à
determinada molécula e a memória é a capacidade de voltar a reconhecer e reagir rapidamente a
esta mesma molécula, quando esta for reintroduzida no organismo. As moléculas que são
reconhecidas pelo sistema imune são chamadas de antígenos. O reconhecimento de um antígeno
ocorre pela interação química entre segmentos da molécula de antígenos chamadas de
determinantes antigênicos ou epítopos com regiões especializadas existentes na superfície dos
linfócitos. Estas moléculas são chamadas de receptores para antígenos e são proteínas integrais de
membrana.

Os linfócitos são relativamente numerosos no sangue da maioria das espécies de animais


domésticos. São os principais constituintes dos tecidos linfóides (linfonodos, placas de Peyer, baço,
amígdalas e timo).

Estrutura

Os linfócitos são células redondas e pequenas no sangue e órgãos linfóides. Possuem diâmetro de 7-
15 micrômeros. Apresentam uma fina borda de citoplasma, que possui alguns ribossomos livres,
mitocôndrias e um pequeno complexo de Golgi. Essas células possuem pouco citoplasma. O núcleo é
grande e redondo. O material cromatínico do núcleo de um linfócito cora-se densamente e é mais
escuro do que nos monócitos. Eles têm aparência de estar em blocos ou agregados.

Os linfócitos apresentam 3 tipos: o linfócito T, linfócito B e os Exterminadores Naturais (células NK).

Os linfócitos T e B são morfologicamente semelhantes.

A origem dos linfócitos B é principalmente nos folículos linfocíticos ao redor dos centros germinais dos
linfonodos, baço, medula óssea entre outros locais. Os linfócitos T são produzidos nas áreas
interfoliculares desses órgãos.

Funções

Os linfócitos são responsáveis pelo reconhecimento de antígenos estranhos e pela montagem de


respostas imunes (anticorpos, principalmente IgG), ou seja, fazem parte da Resposta Imune
Adquirida.

Numa inflamação, após cada exposição ao mesmo antígeno, os clones prévios dos linfócitos, são
reativados para produzir mais anticorpos. As linfocinas são produtos de ativação dos linfócitos.

1 Linfócitos T

Constituem até 80 % dos linfócitos do sangue circulante. Os pró-T ao saírem da medula óssea, ou
fígado fetal, vão ao timo onde amadurecem e posteriormente vão ao sangue. Os linfócitos T
desempenham a resposta celular, e respondem a antígenos tais como fungo, transplantes, células
neoplásicas e agentes patogênicos intracelulares.
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2 Linfócitos B

O amadurecimneto do pró-B é feito na medula óssea ou placas de Payer. Localizam-se nos folículos
das das placas de Payer e do baço, no córtex dos linfonodos e na zona marginal da polpa branca
esplênica. Os linfócitos B constituem apenas um pequeno percentual dos linfócitos do sangue. A
maioria deles recircula por um longo período. Os linfócitos B, após várias divisões, diferenciam-se em
plasmócitos que produzem grandes quantidades de anticorpo para bactérias e vírus. Os plasmócitos
são encontrados nos tecidos linfóides ou nos tecidos para onde originalmente migraram linfócitos B,
visto que plasmócitos não circulam pelo organismo. Estão relacionados com a imunidade humoral.

3 Células NK: São uma população distinta de linfócitos T ou B. Originam-se de precursores da


medula óssea, mas não passam pelo timo, não desenvolvem memória imunológica e seus receptores
de superfície têm uma especificidade muito mais ampla do que os receptores de linfócitos T e B.
Citocinas secretadas por macrófagos e linfócitos T estimulam a proliferação e ativam linfócitos NK
que se transformam em células com citoplasma mais abundante e granuloso. Linfócitos NK ativados
participam da destruição de células tumorais ou infectadas por alguns tipos de vírus.

4 Macrófagos e leucócitos polimorfonucleares: Também participam das funções efetoras o sistema


imune, já mencionado em textos anteriores.

TECIDOS E ÓRGÃOS LINFÓIDES

1 - Definição

No corpo humano existem diversos locais onde há produção de células linfóides maduras que vão
agir no combate a agressores externos. Alguns órgãos linfóides se encontram interpostos entre
vasos sangüíneos e vão dar origem às células brancas na corrente sangüínea. Outros estão entre
vasos linfáticos, e vão “filtrar” a linfa e combater antígenos que chegam até eles por essa via. Outros
ainda podem ser encontrados fazendo parte da parede de outros órgãos, ou espalhados pela sua
mucosa. .
Os tecidos linfóides são classificados em primários e secundários. Os primários representam o local
onde ocorrem as principais fases de amadurecimento dos linfócitos. O timo e a medula óssea são
tecidos primários, pois é o local onde amadurecem os linfócitos T e B respectivamente. Os tecidos
primários não formam células ativas na resposta imune, formam até o estágio de pro-linfócitos.
Os tecidos linfóides secundários são os que efetivamente participam da resposta imune, seja ela
humoral ou celular. As células presentes nesses tecidos secundários tiveram origem nos tecidos
primários, que migraram pela circulação e atingiram o tecido. Neles estão presentes os nodos
linfáticos difusos, ou encapsulados como os linfonodos, as placas de Peyer, tonsilas, baço e medula
óssea. Devemos aqui destacar a medula óssea, que é órgão primário e secundário ao mesmo tempo.

2 - Órgãos linfóides primários

2.1 Timo

O timo é um órgão linfático que se localiza no tórax, anterior ao coração. É dividido em dois lobos, o
direito e o esquerdo. É revestido por uma cápsula fibrosa, que histologicamente vai penetrando pelo
parênquima tímico e formando os septos conjuntivos que vai dividindo os lobos em inúmeros lóbulos.
Sobre esta cápsula aparece um aglomerado de adipócitos que forma o tecido adiposo extratímico.
Nos lóbulos tímicos podem ser evidenciadas duas zonas, a zona medular e a zona cortical. A zona
cortical, que é a mais periférica, apresenta os linfócitos T em maturação e a zona medular possui
tecido conjuntivo frouxo e células reticulares epiteliais. O timo se origina no embrião a partir da 3ª
bolsa faríngea de cada lado do corpo. Quando os linfócitos atingem a fase de pro-linfócitos ou ainda
quando os linfócitos maduros não ativos, eles caem na medular onde penetram nas vênulas (estas
não tem barreira) indo para veias, ou vasos eferentes linfáticos e saem do órgão em direção aos
tecidos linfóides secundários. O timo é um órgão que no recém-nascido está no seu maior tamanho.
Ele chega a pesar 30 gramas e cresce até a puberdade. A partir da puberdade o timo começa a
involuir até chegar a 10 gramas no idoso. No recém nascido, o timo é grande devido ao
desenvolvimento dos órgãos imune secundários, pois esses possuem áreas timo-dependentes que

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tem que ser preenchidas pelos linfócitos T. Na puberdade essas áreas já estão preenchidas,
havendo apenas as substituições de lintócitos que saem pelos novos que vem do timo.

A função do timo é promover a maturação dos linfócitos T que vieram da medula óssea até o estágio
de pro-linfócitos que vão para os outros tecidos linfóides, onde se tornam ativos para a resposta
imune. Porém, o timo também dá origem a linfócitos T maduros que vão fazer o reconhecimento do
organismo para saber identificar o que é material estranho ou próprio do organismo. Se houver uma
timectomia no indivíduo, haverá uma deficiência de linfócitos T no organismo, e ausência das áreas
timo-dependentes nos órgãos secundários.

2.2 Medula Óssea

Neste ítem iremos considerar a medula óssea como órgão primário e posteriormente no ítem 3.2
descreveremos a medula óssea como órgão secundário. A medula óssea é constituída por células
reticulares, associadas às fibras reticulares, que juntos dão o aspecto esponjoso da medula e tem a
função sustentadora e indispensável ao desenvolvimento das células que participam da
hematopoiese. No meio deste tecido reticular encontra-se uma enorme quantidade de capilares
sanguïneos sinusóides, com grandes poros que permite a saída de células maduras.
A medula realiza a hemocitopoiese e armazena ferro para a síntese de hemoglobina, formando
hemácias e leucócitos para o sangue no terceiro mês vida, com a ossificação da clavícula do
embrião. No adulto, os ossos longos e a pelve são ossos que efetivamente produzem sangue. A
medula como órgão linfóide primário é capaz de formar pro-linfócitos que vem das células
totipotentes. O Pro-linfócito não é capaz de realizar uma resposta imune, então se dirige aos órgãos
secundários para se desenvolver. A célula multipotente mielóide e linfoblastos T irão ao timo para
formar linfócitos T.

3 - Órgãos linfóides secundários

3.1 Linfonodos

Linfonodos são órgãos pequenos em forma de feijão que aparecem no meio do trajeto de vasos
linfáticos. Normalmente estão agrupados na superfície e na profundidade das partes proximais dos
membros, como nas axilas, na região inguinal e no pescoço.Também encontramos linfonodo ao redor
de grandes vasos do organismo. Eles “filtram” a linfa que chega até eles, e removem bactérias, vírus,
restos celulares, etc. O sistema linfático consiste em um conjunto de vasos que possuem válvulas e
se distribuem por todo o corpo, com exceção de alguns órgãos como o cérebro, com a função de
drenar o líquido intersticial que não retornou as vênulas, e coletar também restos celulares e
microorganismo que estão no tecido. Os vasos linfáticos do corpo acabam desembocando em dois
ductos principais: o ducto torácico e o ducto linfático direito, que desembocam na na maioria das
vezes, na junção da jugular externa com a veia subclávia.

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Este esquema mostra a circulação dos linfócitos através da corrente sangüínea e também na linfática.
Em vermelho estão as artérias, em azul as veias e em cinza os vasos linfáticos. Veja que o baço não
tem conecção com o sistema linfático. Os linfonodos são órgãos com uma parte convexa, onde
chegam os vasos linfáticos (aferentes) e uma face côncava, que é o hilo. No hilo chega uma artéria
nutridora e sai uma veia e um vaso linfático eferente, que se continua o seu trajeto. No córtex
encontramos nódulos linfáticos, ricos em linfócitos B em processo de maturação. A morfologia desses
nódulos é interessante: eles possuem um centro germinativo mais claro e uma zona cortical mais
densa. Isto ocorre porque os linfócitos B do centro germinativo estão no estágio inicial da maturação,
ou seja, são ainda pro-linfócitos. Já os linfócitos B da zona periférica estão mais maduros, com a
cromatina mais densa. Vários septos dividem o córtex em lóbulos incompletos. Ao lado desses
septos aparecem os seios peritrabeculares. É através deste seio que a linfa entra em contato direto
com os lóbulos e atinge a medular. A região cortical fica vazia nos linfonodos em indivíduos com
deficiência de linfócitos B.
E os linfócitos T, onde estão? Os linfócitos T são encontrados numa região que fica entre o córtex e a
medular, chamada de região paracortical. Neste local, os pro-linfócitos T viram linfócitos T maduros e
capazes de realizar a resposta imune. Esta região está ausente quando o indivíduo é submetido a
uma timectomia. A resposta imune que se desenvolve nos linfonodos, dependendo do antígeno, faz
com que os linfonodos aumentem de tamanho, devido à grande proliferação dos linfócitos. Este
processo de hipertrofia dos linfonodos é chamado de adenite, ou linfadenite. Quando o processo é
bem patológico e específico, o linfonodo pode crescer muito (crescimento exagerado) e nesse caso é
chamado de adenomegalia.
Linfonodos satélites são linfonodos que recebem a linfa de uma parte determinada do corpo, cituados
geralmente nas extremidades proximais dos membros, ou próximo a um órgão interno como pulmão
(linfonodos traquebroquiais) e intestino (linfonodos mesentéricos). Os linfonodos satélites da coxa
estão na região inguinal e os linfonodos na perna estão na região tibial anterior, e poplíteos, por
exemplo. É importante que sabiamos a localização anatômica destes linfonodos, pois se
encontrarmos uma linfadenite nos linfonodos inguinais, provavelmente esta ocorrendo uma infecção
ou carcinoma2 no membro inferior.

3.2 Baço

O baço é um órgão maciço avermelhado, de consistência gelatinosa, situado no quadrante superior


esquerdo do abdômen. É o maior órgão linfático secundário do organismo e tem como função
imunológica, a liberação de linfócitos B, T, plamócitos, e outras células linfóides maduras e capazes e
capazes de realizar uma resposta imune para o sangue e não para a linfa.
O baço esta envolvido por uma cápsula de tecido conjuntivo, que emite septos (trabéculas) para o
2
Carcinoma é uma neoplasia maligna que tem origem no tecido epitelial de um órgão, como a pele. Eles
costumam dar metástases por via linfática e atingir os linfonodos satélites, malignizando-os. Se ocorrer essa
metástase, há necessidade de se retirar os linfonodos para que eles não sejam fonte de crescimento para as
células neoplásicas, que podem a partir daí se espalhar para o resto do corpo.

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interior do órgão. No centro encontramos o centro germinativo que é o local onde existem linfoblastos
e pró-linfócitos B em diferenciação. Já na perferia existem linfócitos maduros prontos a realizar
alguma resposta imune, que podem sair para o sangue. O corpúsculo recebe no centro uma arteríola,
chamada arteríola da polpa branca. Ao redor dela encontramos a bainha periarterial, que é o local
onde estão os linfócitos T (pró-linfócitos T) em processo de maturação e desenvolvimento.
A polpa vermelha é o restante do órgão, que tem a coloração bem vermelha, devido a alta
concentração de hemácias no órgão. O baço é um órgão que armazena sangue, e lança estas
hemácias para circulação no caso de necessidade (sob estímulo da adrenalina liberada numa
situação de estresse/alerta), pois o organismo necessita de mais oxigênio para o metabolismo. Na
polpa vermelha encontramos diversas cadeias de células que formam os cordões de Bilroth,
formados por macrófagos, plaquetas, plasmócitos e células reticulares.

3.3 Medula óssea

A medula óssea pode ser considerada também como órgão linfóide secundário por receber linfócitos
T que se desenvolveram no timo e migraram para a medula. Também encontramos plasmócitos e
linfócitos B maduros na medula, que estão “prontos” para agir e realizar alguma resposta.

3.4 Tonsilas e Placas de Peyer

As tonsilas são aglomerados de nódulos linfáticos revestidos apenas de epitélio. As tonsilas eram
conhecidas como amígdalas, e estão localizadas na cavidade bucal (tonsilas palatinas) próximas ao
arco palatofaríngeo, na parte posterior da língua (tonsilas linguais), e na parte posterior da
nasofaringe encontramos as tonsilas faríngeas. A função mais característica das tonsilas e das
placas de Peyer é a produção de plasmócitos que secretem IgA-secretória para a mucosa,
protegendo a mucosa da agressão de micróbios que fazem parte da microbiota normal ou micróbios
patogênicos que possam vir junto com os alimentos. Se todas as tonsilas forem retiradas do
indivíduo, a microbiota normal pode sofrer um desequilíbrio biológico e começar a proliferar
excessivamente, dando chance às bactérias oportunistas. Se o indivíduo for um portador são de
pneumococo (patogênico), poderá (devido ao desequilíbrio) manifestar pneumonia aguda. Os
alimentos que ingerimos contém diversos tipos de bactérias, que devem ser atacadas pelas IgA-
secretória.

UNIDADE IV - Imunidade humoral.

Dissertar sobre a importância dos anticorpos nas defesas do organismo.

04.01 - Reconhecimento do antígeno pelos linfócitos B;


04.02 - Mecanismos efetores da imunidade humoral;
04.03 - Estrutura e funções das Imunoglobulinas.

Imunidade humoral é uma subdivisão da imunidade adquirida onde quem medeia a resposta
imunologia são os anticorpos, produzidos pelos linfócitos B, diferente da imunidade mediada por
células, que são realizadas pelos linfócitos T. É importante no combate a organismos
extracelulares e pode ainda haver participação de fagócitos, com eliminação de grânulos contendo
substâncias com atividade microbicida.

Existem 2 tipos de Imunidade humoral: Ativa: o próprio organismo produz os anticorpos (do tipo
vacina - induzida em resposta a uma infecção). Gera memória imunológica e pode ser ativada a
qualquer momento, quando de uma infecção. Natural: o antígeno penetra naturalmente.

ANTICORPOS

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Anticorpos, ou imunoglobulinas, são glicoproteínas sintetizadas e excretadas por células
plasmáticas derivadas dos linfócitos B, presentes no plasma, tecidos e secreções que atacam
proteínas estranhas ao corpo, chamadas de antígenos, realizando assim a defesa do organismo
(imunidade humoral). Depois que o sitema imunológico entra em contato com um antígeno
(proveniente de bactérias, fungos, etc.) são produzidos anticorpos específicos contra ele. Cada
molécula de anticorpo tem uma parte idêntica que se liga a um antígeno específico e outra parte cuja
estrutura determina a classe do anticorpo. Existem cinco classes de anticorpos: IgM, IgG, IgA, IgE e
IgD.

 A IgM (imunoglobulina M) é o anticorpo que é produzido face à primeira exposição a um


antígeno. Perfaz aproximandamente 10% do conjunto de imunoglobulinas. Por exemplo,
quando uma criança recebe a primeira vacina antitetânica, os anticorpos antitetânicos
formam-se 10 a 14 dias mais tarde (resposta primária de anticorpos). A IgM abunda no
sangue, mas normalmente não está presente nos órgãos nem nos tecidos.
 A IgG é o tipo de anticorpo mais freqüente, só se produz depois de várias exposições a um
antígeno. Por exemplo, depois de receber uma segunda dose de vacina antitetânica (de
reforço), uma criança produz anticorpos IgG num lapso de tempo de 5 a 7 dias. Esta resposta
secundária de anticorpos é mais rápida e abundante do que a resposta primária. A IgG
encontra-se tanto no sangue como nos tecidos. É o único anticorpo que se transmite da mãe
para o feto através da placenta. A IgG da mãe protege o feto e o recém-nascido até que o
sistema imunitário do bebê possa produzir os seus próprios anticorpos. Perfaz 80% das
imunoglobulinas do organismo.
 A IgA é o anticorpo que desempenha um papel importante na defesa do corpo quando se
verifica uma invasão de microrganismos através de uma membrana mucosa (superfícies
revestidas, como o nariz, os olhos, os pulmões e os intestinos). A IgA encontra-se no sangue
e em algumas secreções como as do tubo gastrointestinal e do nariz, dos olhos, dos pulmões
e do leite materno. Representa 15 a 20% das imunoglobulinas do soro humano.
 A IgE é o anticorpo que produz reações alérgicas agudas (imediatas). Neste aspecto, a IgE é
o único tipo de anticorpo que aparentemente faz mais mal que bem. Contudo, pode ser
importante no momento de combater infecções parasitárias, muito freqüentes nos países em
vias de desenvolvimento.
 A IgD é um anticorpo presente em concentrações muito pequenas no sangue que circula pelo
corpo. Ainda não está muito bem compreendida a sua função.

Estrutura básica em Y dos


anticorpos

Todas as moléculas dos anticorpos


têm uma estrutura básica em forma
de Y na qual vários elementos se
unem através de estruturas químicas
chamadas pontes dissulfídicas. Uma
molécula de anticorpo divide-se em
regiões variáveis e constantes. A
região variável determina a que
antígeno se unirá o anticorpo. A
região constante determina a classe
de anticorpo (IgG,IgM,IgD,IgE ou
IgA).

Funções dos anticorpos

16
 Anticorpo de Membrana como receptor de linfócito B - Linfócitos B maduros expressam IgG e
IgM na superfície. O encontro do antígeno com esses receptores desencadeia uma reação
dentro de linfócito, ativando proteínas citoplasmáticas que ativam a resposta imune,
multiplicação e diferenciação em plasmócitos para produzir mais anticorpos.
 Neutralização do antígeno pelo anticorpo secretado - Toxinas bacterianas, drogas, agentes
virais e outros parasitas iniciam a lesão celular pela ligação a receptores específicos da
superfície celular. Os anticorpos podem impedir esta interação, neutralizando o processo
tóxico ou infeccioso.
 Ativação do complemento por IgG ou IgM - O sistema complemento consiste numa família de
proteínas séricas (produzidas pelo fígado) que podem ser ativadas por uma cascata
proteolítica, para a geração de moléculas efetoras. A ativação da cascata pela via clássica vai
literalmente "rasgar" a bactéria. Vai “arrebentar” a membrana da célula alvo, fazendo com que
entre água dentro do citoplasma, e saiam substâncias vitais. Isso tudo mata bactéria, e ocorre
em questão de segundos.
 Opsonização do complemento - Os anticorpos envolvem a bactéria ou vírus em questão, e se
ligam a receptores de fração FC dos macrófagos. Isso melhora a eficiência da fagocitose. O
macrófago ingere bem mais rápido se o antígeno estiver envolvido por anticorpos.
 Citotoxidade mediada por células e dependente de anticorpos IgG, IgE e IgA- Várias células
como neutrófilos, eosinófilos e linfócitos NK especialmente, em determinadas ocasiões,
matam o micróbio se ele estiver revestido por anticorpos. É um processo chamado de
citotoxidade mediada por células dependente de anticorpo. O linfócito NK (natural killer) mata
logo que encontra uma célula revestida por IgG, reconhecendo-a na hora. Já os eosinófilos
atacam vermes helmintos e outros parasitas revestidos por IgE, sendo que os neutrófilos não
reconhecem. A IgE vai promover identificação e ativação dos eosinófilos, que vão liberar a
proteína básica principal, que vai matar o parasita.
 IgA - neutraliza agentes lesivos nas mucosas dos organismo.

UNIDADE V - Complexo principal (ou maior) de histocompatibilidade (MHC).

Apresentar o MHC do homem ressaltando o seu papel biológico nas respostas imunes adquiridas.

05.01 - Descoberta do MHC e seu papel nas respostas imunes;


05.02 - Organização genômica do MHC;
05.03 - Estrutura, distribuição e função das moléculas do MHC;
05.04 - Ligação dos peptídeos às moléculas do MHC;
05.05 - Importância do MHC na prática clínica;
05.06 - Restrição ao MHC;
05.07 - Vias de processamento e apresentação de antígenos: via endocítica e citosólica.

Se pensarmos na imunidade humoral, ou seja, aquela feita por anticorpos, devemos ter em mente
que os patógenos são extracelulares, pois os anticorpos agem fora das células. Mas e aqueles
patógenos que são intracelulares, como atacá-los? Assim, surge a imunidade celular e dela a
necessidade de ter, fora da célula, “algo” que mostre que a mesma esta infectada. Aparece agora o
MHC.
O Complexo Maior de Histocompatibilidade (MHC - Major Histocompatibility Complex), existente em
todos os vertebrados, é constituído, entre outros, por genes com importantes funções imunológicas e
foi descoberto em 1937 por Peter Gorer durante o estudo de transplantes em ratos (Gorer, 1937). O
envolvimento do Complexo Maior de Histocompatibilidade na resposta imunitária do organismo só foi
confirmada no início da década de setenta do século XX (Shevach et al., 1972) mas atualmente
conhece-se já em detalhe a estrutura e função dos genes classe I e classe II do sistema HLA
(Bjorkman et al., 1987; Brown et al. 1993). Apesar de atualmente desconhecermos ainda o
mecanismo exato que associa determinados alelos e haplótipos (conjunto de alelos de diferentes loci
transmitidos em bloco de geração em geração) do sistema HLA a um elevado risco de desenvolver
determinadas doenças autoimunes, já em 1967 esta associação era conhecida (Amiel, 1967).
O complexo maior de histocompatibilidade (MHC) é um conjunto de genes estreitamente ligados
(ocupam posições vizinhas ao longo de um cromossomo); os quais codificam a síntese de
glicoproteínas de superfície celular que permitem às células do sistema imune reconhecer a si

17
próprias entre as demais de um mesmo organismo e reconhecer células e moléculas não
pertencentes ao organismo. Essas duas funções dependem, respectivamente, de dois sub conjuntos
específicos de genes denominados Classe 1 e Classe 2. As moléculas de Classe 1 e 2 são chamadas
de antígenos de histocompatibilidade porque determinam a aceitação ou rejeição de transplantes de
tecido entre indivíduos de uma mesma espécie, ou de espécies diferentes.

Distribuição das moléculas de classe 1 nos tecidos.

O reconhecimento de moléculas não pertencentes ao organismo pode ser exemplificado com a


resposta do sistema imune a uma infecção viral. Esta resposta depende principalmente de linfócitos T
citotóxicos. Estas células podem destruir células do organismo infectadas por vírus antes que a
síntese de novos vírus seja completada. O problema é saber como as células citotóxicas, distinguem
entre células infectadas que elas podem destruir, e partículas virais livres, sobre as quais as células T
não têm ação destrutiva.
Devemos então considerar que num organismo circulam milhões de linfócitos T, cada um deles,
possuindo receptores capazes de ligar-se especificamente a uma particular estrutura antigênica.
Trata-se, portanto, de uma população celular heterogênea, capaz de reconhecer uma enorme
variedade de moléculas estranhas ao organismo. Mas, para que linfócitos T se transformem em
células citotóxicas é necessário um processo de ativação. Essa ativação requer a participação de
uma célula acessória, chamada de célula apresentadora do antígeno. Usualmente são os macrófagos
que cumprem esta função. Então, um vírus que penetre no organismo pode ser fagocitado e
processado por um macrófago, o qual exibirá antígenos virais em sua superfície, apresentando-os à
população circulante de linfócitos T. Neste momento, algumas células T que, porventura apresentem
receptores específicos para as estruturas virais apresentadas, irão se ligar à superfície do macrófago,
tornando-se ativadas. Apenas se ativam as células T que reconhecem, simultaneamente, moléculas
de classe 1 do MHC e estruturas virais na superfície da célula apresentadora. A ativação traduz-se
em proliferação e diferenciação em células T citotóxicas.
Uma vez que celulas T ativadas retêm a especificidade pelo antígeno, e como apenas as células T
que se ligam a antígenos virais e às moléculas de classe 1 podem ser ativadas e proliferar, as células
T citotóxicas resultantes desse processo somente reconhecem antígenos virais expressos em
superfícies celulares. Este reconhecimento é muito preciso, podendo os linfócitos citotóxicos distinguir
linhagens de um mesmo vírus, bem como diferentes alelos do MHC. A maioria dos tecidos expressa
moléculas de classe 1 e, se infectadas por vírus, suas células podem ser alvos de linfócitos T
citotóxicos.

As moléculas de classe 2 têm distribuição restrita.

Ainda considerando o exemplo da infecção viral, enquanto as células T citotóxicas eliminam células
infectadas, as partículas virais livres são alvo de anticorpos. Os anticorpos são secretados por
linfócitos B, os quais também precisam ser ativados para essa função. A ativação dos linfócitos B
dependem de uma sub-população de células T denominadas T- helper. Então, se uma células T-
auxiliadora, específica para um determinado vírus, ativará um linfócito B com a mesma
especificidade, ela necessita reconhecer não apenas o vírus mas também a célula B. É óbvio que
seria inútil a célula T mandar sinais de ativação para células não pertencentes ao sistema imune.
Portanto, as células T helper não reconhecem o vírus no contexto das moléculas de classe 1, que
possuem distribuição ublíqua no organismo. Elas apenas reconhecem os antígenos no contexto das
moléculas classe 2 do MHC, as quais se expressam principalmente em linfócitos B e células
apresentadoras de antígeno.

A organização gênica do MHC.

As duas classes de moléculas do MHC assemelham-se no sentido de que ambas são glicoproteínas
que atravessam a membrana celular, apresentando um domínio citoplasmático, uma região
transmembrana e domínios externos. As moléculas da classe 1 possuem 3 domínios externos, sendo
o terceiro codificado por um gene localizado fora do MHC. As moléculas de classe 2 possuem dois
domínios externos.
A principal função do MHC é facilitar a apresentação de macromoléculas na superfície de células, em
um arranjo específico, que permita o seu reconhecimento por células do sistema imune,
principalmente os linfócitos T. Os principais eventos bioquímicos envolvidos na produção de
fragmentos antigênicos são processamento e apresentação. No processamento ocorrem eventos

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bioquímicos envolvidos na produção de fragmentos antigênicos oriundos de moléculas maiores
(proteínas dos patógenos são “quebradas” em peptídeos nos proteossomas, levadas ao Retículo
Endoplasmático, onde se encontra o MHC, se ligando ao mesmo. Estes caminham até o Complexo
de Golgi e de lá para a superfície celular). Durante a apresentação haverá a ligação destes
fragmentos com as moléculas do MHC e a sua exposição na superfície celular com o conseqüente
acoplamento de um linfócito T antígeno- específico.

Podem ocorrer duas apresentações:

Se houver apresentação dos peptídeos ligados às moléculas do MHC classe IàLinfócitos T


citotóxicos vão se aproximar, reconhecer àmatam as células que apresentam patógenos no
seu interior.

Se houver apresentação dos peptídeos ligados às moléculas do MHC classeIIàLinfócitos T


helper ou auxiliares vão se aproximar e reconhecer à ativarão macrófagos e produzirão
citocinas para ativação de plasmócitos para posterior produção de anticorpos(Ig).

Diferenças entre MHC –classe I e classe II


MHC – CLASSE I MHC- CLASSE II

Patógenos intracelulares Patógenos extracelulares

Estimula Imunidade celular Estimula Imunidade humoral

Faz ligação com linfócitos T citotóxicos Faz ligação com linfócitos T helper

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Expressa na maioria das células nucleadas do Expressa nas células que fazem fagocitose.
organismo

UNIDADE VI - Imunidade celular.

Dissertar sobre os aspectos fundamentais para o reconhecimento do antígeno, ativação e função


efetora dos linfócitos T.

06.01 - Propriedades gerais dos antígenos reconhecidos pelos linfócitos T;


06.02 - Células apresentadoras de antígenos;
06.03 - Reconhecimento do antígeno pelo linfócitos T;
06.04 - Mecanismos efetores da imunidade mediada por células;
06.05 - Citocinas.

A resposta imune celular é um sistema de defesa direto mediada pelas células, especialmente na
hora de combater as infecções causadas pelos microorganismos que penetram nas células
hospedeiras, local onde os anticorpos não podem alcançar. Aqui se incluem todas as infecções virais
e algumas bacterianas, como a tuberculose.

A resposta imune celular depende da ação dos linfócitos T, produzidas por células específicas da
médula óssea, sendo processados no timo. No contato com os antígenos, os linfócitos T são
estimulados para produzir células filhas (CD4). Estas células-T sensibilizadas podem se dividir em
sub-populações especializadas para executar funções específicas. Algumas são capazes de destruir
o antígeno (células-T citotóxicas), enquanto que outras programam o organismo para que responda a
um antígeno similar no futuro (células-T memória).

Os linfócitos T migram para o timo, e lá vão se diferenciar, passando a expressar marcadores de


superfície ou moléculas co-receptoras (CD4/helper ou inflamatório e CD8/citotóxico) e receptores
para Ags(TCR- T cell receptor). Estes marcadores de superfície não são específicos para cada Ag
porque se ligam à porção não polimórfica do MHC (major histocompatibility complex) de classe I (no
caso do CD8) e classe II (no caso do CD4). Os precursores dos linfócitos T entram no córtex do timo
por via sanguínea. Os timócitos (linfócitos T do timo) mais imaturos não expressam marcadores de
superfície nem receptores para antígenos (Ags). Os linfócitos T imaturos vão em direção à medula do
timo, entrando em contato com as APCs (células dendríticas, epiteliais e Mø). Assim, os timócitos que
forem capazes de reconhecer os Ags apresentados pelas APCs vão ser selecionados (ou seja,
aqueles com marcadores de superfície e receptores para Ags). Além disso, os linfócitos T com alta
afinidade por MHC próprios (self) são selecionados negativamente, ou seja, são eliminados: isso se
chama seleção negativa. Quando maduros, os linfócitos T vão (via sangue/linfa) para o baço,
linfonodos e tecidos linfóides.

Assim, as células T efetoras podem mediar uma variedade de funções, as mais importantes
sendo a lise da célula infectada pelas células T CD8 citotóxicas, a ativação de macrófagos
pelas células TH1, caracterizando a imunidade mediada por células e a ativação de células B
por células TH2, conduzindo a uma resposta imune humoral.

CITOCINAS

Citocina é um termo genérico empregado para designar um extenso grupo de moléculas envolvidas
na emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento das respostas imunes. Constituem
um grupo de fatores extra-celulares que podem ser produzidos por diversas células, como monócitos,
macrófagos, linfócitos e outras que não sejam linfóides. Todas as citocinas são pequenas proteínas
ou peptídeos, algumas contendo moléculas de açúcar ligadas (glicoproteínas). As diferentes citocinas
podem ser enquadradas em diversas categorias: interferons (IFN), interleucinas (IL), fator estimulador
20
de colônias (CSF), fator de necrose tumoral (TNFa e TNFb), e fator de transformação de crescimento
(TGF b).

As ações das citocinas podem ser locais ou sistêmicas, entre elas temos:

 autócrina (atuam próximo ao local que foram produzidas, na mesma célula que a
secretou);
 parácrina (atuam em célula da proximidade) e

 endócrina (que são produzidas em grandes quantidades e podem entrar na


circulação e agir a distância no sitio de produção).

Categorias funcionais são:

 Citocinas que regulam a resposta imune específica à produzidas pelas céls. Th1 e Th2.
 Citocinas que facilitam a resposta imune inata e ativam a resposta inflamatória.

 Citocinas que afetam o movimento dos leucócitos.

 Citocinas que estimulam a hematopoiese.

Citocinas mediadoras da função dos linfócitos T e B

Os linfócitos T ativados libertam um grande número de citocinas que controlam os efetores da


resposta imunitária. Atuam sobre macrófafos, eosinófilos e células endoteliais. Estes participam na
diferenciação dos TH em TH1 e TH2.

Mediadores e reguladores da imunidade inata

Reconhecimento do vírus. Os RNSs virais induzem a libertação de interferons de tipo I que inibem a
replicação viral e proliferação celular; incrementam o potencial lítico das celulas NK; e estimulam a
expressão de moléculas MHC I.

Detecção de vírus pelas células NK. As células NK ativadas libertam citocinas que ativam fagócitos,
neutrófilos e células endoteliais.

Detecção de bactérias pelos fagócitos mononucleares. Os monócitos/macrófagos ativados produzem


citocinas que levam à ativação de respostas sistêmicas como o aumento de temperatura, ativação
das células T e B e libertação de outras citocinas.

Quimiocinas

Família de citocinas que induzem a adesão rápida, quimiotaxia e ativação de subpopulações de


leucóucitos efetores. São produzidas por quase todos os tipos celulares em resposta a sinais pro-
inflamatórias (plaquetas...). Orientam os leucócitos circulantes.

Citoquinas estimuladoras da hematopoiese

Denominam-se fatores estimulantes de colônias (CFS). Estimulação de novas células que substituem
as utilizadas na resposta imunitária.

UNIDADE VII - Sistema complemento.


21
Analisar o papel das proteínas do sistema complemento nos processos de defesa do hospedeiro.

07.01 - Vias de ativação do sistema complemento;


07.02 - Componentes do complemento;
07.03 - Funções do complemento.

O Sistema Complemento é composto por proteínas de membrana plasmática e solúveis no sangue e


participam das defesas inatas (naturais). Essas proteínas reagem entre elas para opsonizar os
patógenos e induzir uma série de respotas inflamatórias que auxiliam no combate à infecção.
Inúmeras proteínas do complemento são proteases que se auto-ativam por clivagem proteolítica.

Às vezes a interação dos anticorpos com antígenos é eficiente por si só. Por exemplo:

 Revestindo um vírus ou bactéria prevenindo assim sua ligação – e invasão – a uma célula
hospedeira (anticorpos antipólio)

 Ligando-se a uma toxina (toxina da difteria ou tétano) impedindo assim a entrada da toxina na
célula - neutralizando a toxina.

Mas, muitas vezes, a ligação de anticorpos a antígenos não produz função útil ao menos que ela
possa ativar um mecanismo efetor seja ele celular ou humoral. O sistema complemento participa
destas funções efetoras. Assim, denomina-se complemento um complexo sistema multiprotéico com
mais de 30 componentes, em sua maioria proteínas plasmáticas, cujas funções principais são a
defesa frente as infecções por microorganismos, a eliminação da circulação dos complexos antígeno-
anticorpo e alguns de seus fragmentos atuam como mediadores inflamatórios. O complemento é um
dos mecanismos efetores mais importantes da resposta imune inata. Quando um microorganismo
penetra no organismo, normalmente provoca ativação do complemento. Como resultado de sua
ativação e amplificação alguns componentes do complemento de depositam sobre a superfície do
patógeno responsável pela ativação, o que determina sua destruição (lise) e/ou sua eliminação por
células do sistema fagocítico.

Para que o sistema complemento expresse sua atividade é necessária sua ativação prévia. As
atividades mais importantes de defesa do hospedeiro são efetuadas por C3 e C5, estruturalmente
semelhantes. A clivagem de tais proteínas é feita por proteases altamente específicas, as
convertases. Existem três C3 convertases (C4b2b, C3(H20)Bb, C3bBb) e duas C5 convertases
(C4b2b3b, C3bBb3b), organizadas durante a ativação das três vias do complemento, denominadas
vias: clássica, da lectina, e alternativa.

Via Clássica

Nessa via a montagem e a organização das convertases são habitualmente iniciadas por anticorpos
da classe IgG ou IgM formando complexos com o antígeno. Várias outras substâncias, tais como os
complexos da proteína C-reativa (PCR), determinados vírus e bactérias Gram-negativas, também
podem ativar esta via. Os ativadores são reconhecidos por C1q, uma das três proteínas do complexo
C1. Esta ligação ativa C1r que ativa a pró-enzima C1s. Então, C1s ativado cliva C4, resultando na
fixação covalente do seu principal fragmento, C4b, à superfície do ativador. O componente C2 liga-se
a C4b e é clivado por C1 em dois fragmentos, dos quais C2b permanece ligado a C4b, completando a
montagem do complexo C4b2b, que é a C3 convertase da via clássica. Esta cliva C3 resultando na
ligação de muitos C3b à superfície do ativador e na ligação posterior de C3b à subunidade C4b,
formando a C5 convertase da via clássica.

Controle da Ativação do Complemento

A multiplicidade e a potência das atividades biológicas geradas quando o complemento é ativado, e,


em particular, a capacidade do complemento de mediar as reações inflamatórias agudas e de
produzir lesões letais nas membranas celulares constituem uma ameaça não apenas para os
22
patógenos invasores mas também às células e aos tecidos do hospedeiro. Esse potencial de
autolesão da ativação do complemento é normalmente mantido sob controle efetivo por diversos
inibidores e inativadores que atuam em pontos de amplificação enzimática, bem como em nível das
moléculas efetoras.

Deficiências do Complemento

Já foram descritos casos de déficits do complemento para quase todos os componentes desse
sistema. Normalmente esses indivíduos sofrem infecções freqüentes e/ou enfermidades associadas a
imunocomplexos. O déficit se transmite com caráter autossômico recessivo. Os indivíduos
heterozigóticos são fáceis de identificar porque seu soro contém aproximadamente metade dos níveis
normais do componente em questão. A única exceção a este modelo é o déficit de C1-Inh, que é
herdado por um modelo autossômico dominante. Em geral, a situação clínica dos pacientes com
déficits genéticos do complemento reflete o papel biológico e a importância de seus distintos
componentes in vivo. Surpreendentemente, alguns indivíduos toleram os déficits de complemento
muito melhor que outros.

OBSERVAÇÃO: A via clássica é necessária para manter os imunocomplexos em solução e facilitar


sua eliminação. Disto, a manifestação mais comum nos déficits dos componentes da via clássica é a
presença de enfermidades associadas a imunocomplexos.

A importância da via alternativa como mecanismo de defesa inespecífico do organismo contra a


infecção por microorganismos reflete o caráter excepcional do déficit destes componentes. Não existe
nenhum indivíduo com déficit de fator B e só se conhece um com déficit parcial de fator D
(FARRERAS). O déficit de properdina é herdado de forma recessiva ao cromossomo X, só ocorrendo
em homens. Sua maior aplicação clínica consiste nas infecções freqüentes.

O déficit na fase lítica provoca infecções recorrentes por Neisseria, seguramente pela capacidade
deste microorganismo sobreviver ao sistema imune como parasita intracelular em macrófagos.

O déficit dos componentes reguladores é raro e leva ao consumo dos componentes do complemento.
No déficit que determina o consumo de C3 os pacientes sofrem infecções bacterianas repetidas por
ausência de opsonização.

Existem duas situações patológicas, a glomerulonefrite mesangiocapilar e a lipodistrofia parcial, nas


quais existe uma grande estabilização das C3-convertases, devido a produção de anticorpos frente
aos componentes ativados dessas convertases. Tais autoanticorpos ou fatores nefríticos só podem
ser da classe IgG. A estabilização das C3-convertases produzem um consumo continuado de C3,
pelo que estes pacientes possuem níveis muito baixos desse componente.

IMUNOLOGIA DOS GRUPOS SANGUÍNEOS


OS GRUPOS SANGÜÍNEOS
Maria Teresita Bendicho
Farmacêutica Bioquímica do Hospital Universitário Prof. Edgar Santos (HUPES)
Universidade Federal da Bahia - Ufba.

INTRODUÇÃO

Foi no século XX que a transfusão de sangue, adquiriu bases mais científicas. Em 1900 foram
descritos os grupos sanguíneos A, B e O por Landsteiner e em 1902 o grupo AB por De Costello e
Starli. A descrição do sistema Rh foi posterior (1940), por Landsteiner e Wiener.

Os grupos sanguíneos são constituídos por antígenos que são a expressão de genes herdados da
geração anterior. Quando um antígeno está presente, isto significa que o indivíduo herdou o gene de

23
um ou de ambos os pais, e que este gene poderá ser transmitido para a próxima geração. O gene é
uma unidade fundamental da hereditariedade, tanto física quanto funcionalmente.

SISTEMA ABO

Há vários grupos sangüíneos herdados independentemente entre si. São conhecidos diversos
sistemas de grupo sangüíneos. Entre eles podemos citar os sistemas ABO, Rh, MNS, Kell, Lewis, etc.
O sistema ABO é o de maior importância na prática transfusional por ser o mais antigênico, ou seja,
por ter maior capacidade de provocar a produção de anticorpos, seguido pelo sistema Rh. Os
antígenos deste sistema estão presentes na maioria dos tecidos do organismo. Fazem parte deste
sistema três genes A, B e O podendo qualquer um dos três ocupar o loco ABO em cada elemento do
par de cromossomos responsáveis por este sistema.

Os genes ABO não codificam diretamente seus antígenos específicos, mas enzimas que tem a
função de transportar açúcares específicos, para uma substância precursora produzindo os antígenos
ABO. O indivíduo do grupo AB é possuidor de um gene A e de um gene B, tendo sido um herdado da
mãe e o outro do pai. Ele possui nos seus glóbulos vermelhos os antígenos A e B, seu genótipo é AB.
No caso do grupo O, foi herdado do pai e da mãe o mesmo gene O. O gene O é amorfo, isto é, não
produz antígeno perceptível. As células de grupo O são reconhecidas pela ausência de antígeno A ou
B. Quando o gene O é herdado ao lado de A, apenas o gene A se manifesta; e se é herdado ao lado
do gene B apenas o gene B se manifesta.

Ao realizarmos os testes rotineiros em laboratório, não podemos diferenciar os indivíduos BO e BB, e


nem AO e AA. Os símbolos A e B, quando nos referimos a grupos, indicam fenótipos, enquanto que
AA, BO etc. são genótipos (ver quadro abaixo).

FENÓTIPO GENÓTIPO

A AO

A AA

O OO

B BO

B BB

AB AB

É dito homozigótico quando o indivíduo é possuidor de genes iguais (AA, BB, OO), e heterozigótico
quando os genes são diferentes (AO, BO, AB)

A CLASSIFICAÇÃO SANGÜÍNEA

A determinação do grupo sangüíneo deste sistema é feito usando dois tipos de teste.

1o – Através da identificação da presença de antígenos nos eritrócitos, usando reativos compostos de


anticorpos conhecidos (anti-A, anti-B, anti-AB). Esta é a chamada classificação ou tipagem direta.

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2o – Através da identificação da presença de anticorpos no soro/plasma usando reativos compostos
de antígenos conhecidos (hemácias A e hemácias B). Esta é a classificação ou tipagem reversa
(ver quadro abaixo).

GRUPO ANTÍGENO ANTICORPO


SANGUÍNEO

A A Anti-B

B B Anti-A

AB AeB Ausente

O - Anti-A e anti-B

(Esta tabela foi reformulada para esta apresentação por Carla Fiúza, em 28 de junho de 2007)

Regularmente as pessoas expostas a um antígeno que não possuem, podem responder com a
produção de um anticorpo específico para este antígeno. Entretanto, há alguns antígenos que
possuem uma estrutura que se parece muito com antígenos de bactérias e planta, aos quais estamos
constantemente expostos. Nestes casos, ocorre a produção de anticorpos a partir do contato com as
bactérias e plantas, e não ao antígeno eritrocitário.

Neste grupo encontramos os antígenos do sistema ABO. Por este processo, os indivíduos com idade
superior a seis meses, possuem o anticorpo contra o antígeno que não tem, pois já foram expostos a
essas bactérias e plantas, através da alimentação. Estes anticorpos são chamados de isoaglutininas
ou aglutininas naturais.

Observando o quadro acima podemos perceber a presença dos antígenos e anticorpos em cada
grupo sanguíneo. É nesta presença ou ausência de antígenos e anticorpos que se baseia a tipagem
sanguínea e a escolha do sangue a ser transfundido.

As transfusões podem ser:

 Isogrupo – quando doador e receptor são do mesmo grupo ABO


 Heterogrupo – doador e receptor são de grupo sanguíneo diferente

A escolha do sangue se baseia em que o indivíduo não pode ser transfundido com um sangue que
possua um antígeno que ele não tem, pois o anticorpo presente no seu plasma, contra esse antígeno,
iria reagir com essas hemácias transfundidas. Em vista disso e observando o quadro acima, fica claro
que um indivíduo do grupo A não pode tomar sangue B e assim por diante.

Sempre que possível deve se transfundir sangue isogrupo, pois se por exemplo, transfundimos um
sangue do grupo O a um paciente do grupo A, junto com as hemácias transfundidas temos uma
quantidade de plasma onde há anticorpo anti-A, que poderá reagir com as hemácias deste paciente
causando um grau de hemólise maior ou menor, mas que poderá ter um significado a depender do
quadro clinico do paciente. Cada caso deve ser analisado pelo hemoterapeuta .

Este sistema ABO, também pode ocasionar incompatibilidade materno-fetal, com desenvolvimento da
doença hemolítica peri-natal. Apresenta também importância em transplantes renais ou cardíaco, com

25
menor papel nos hepáticos ou de medula óssea. Em alguns processos pode ocorrer a perda parcial
do antígeno A ou B, como em algumas leucemias.

SISTEMA Rh

Quando referimos que o indivíduo é Rh Positivo, quer dizer que o antígeno D está presente. O
antígeno D foi o primeiro a ser descoberto nesse sistema, e inicialmente foi considerado como único.
Além deste, foram identificados quatro outros antígenos C, E, c, e, pertencentes a este sistema. Após
os antígenos A e B (do sistema ABO), o antígeno D é o mais importante na prática transfusional.

Em algumas situações podemos ter uma expressão fraca do antígeno D . Isso pode ocorrer por:

 Variações quantitativas que são transmitidas genéticamente


 Efeito de posição, sendo o mais conhecido o enfraquecimento do antígeno D quando o gen C
está na posição trans em relação ao D
 Expressão parcial por ausência de um dos múltiplos componentes do antígeno D

Estes casos são chamados na prática de Rh fraco, e se refere ao que era conhecido anteriormente
como Du.

Ao contrário do que ocorre com os antígenos A e B, as pessoas cujos eritrócitos carecem do antígeno
D, não tem regularmente o anticorpo correspondente. A produção de anti-D quase sempre é posterior
a exposição por transfusão ou gravidez a eritrócitos que possuem o antígeno D. Uma alta proporção
de pessoas D-negativas que recebem sangue D-positivo produzem anti-D.

Se encontramos um anticorpo deste sistema podemos concluir que ocorreu uma imunização através
de uma transfusão ou de uma gravidez. Qualquer antígeno deste sistema é capaz de provocar a
produção de anticorpos, e assim a gerar situações de incompatibilidade.

Aloimunizações contra antígenos E, c, e, C são também observadas em pacientes politransfundidos,


mas com uma freqüência inferior.

A maioria dos casos de Doença Hemolítica do Recém-Nascido (DHRN) é devida ao anti-D. A


profilaxia por imunoglobulinas anti-D diminuiu o número de aloimunizações maternas contra o
antígeno D, mas não contra E, c, e, C

Na rotina, é realizada a tipagem, apenas, para o antígeno D nesse sistema. Os outros antígenos (E,
C, c, e), são determinados em situações onde ocorre incompatibilidade, e é necessário obter sangue
que não possuam algum desses antígenos.

A produção de anticorpos contra estes antígenos ocorre de forma semelhante a produção de anti-D.
A capacidade de provocar a produção de anticorpos destes antígenos varia. Partindo do mais
imunogênico, temos D > c > E > C > e.

TRANSFUSÃO

Para efeito de transfusão, é considerado que pacientes Rh positivos podem tomar sangue Rh positivo
ou negativo, e que pacientes Rh negativos devem tomar sangue Rh negativo.

Para os pacientes D fraco, existem alguns critérios a serem observados. Se o antígeno D está
enfraquecido por interação gênica, estando o mesmo presente integralmente, o paciente poderá
tomar Rh positivo ou negativo. Porém nos casos em que o antigeno D está enfraquecido por ausência
de um dos componentes, pode ocorrer produção de anticorpos contra o antigeno D na sua forma
completa. Como rotineiramente, não identificamos a causa que leva a expressão enfraquecida do
antígeno, acostuma-se a dar preferência a usar sangue Rh negativo para os pacientes Rh fraco. (1)

26
Existem situações clínicas onde é necessário avaliar o risco X benefício, e fazer outras opções. Neste
momento é necessário o acompanhamento do hemoterapeuta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. Harmening,D. Técnicas Moderna em Banco de Sangue e Transfusão. Rio de Janeiro, Editora


Revinter Ltda, 1992

2. Melo,L e col. Imunohematologia Eritrocitária - STD - Sociedade Brasileira de Hematologia e


Hemoterapia, 1996

3. Novaretti,M.C.Z. Sistema de Grupo Sanguíneo ABO . Hematologia Hemoterapia . 1: 36-16, 1996

4. Novaretti,M.C.Z. Sistema de Grupo Sanguíneo Rh . Hematologia Hemoterapia . 1: 10-16, 1996

5. Oliveira,M.C. ; Góes,S.M , Imunologia Eritrocitária - Práticas, Rio de Janeiro, MEDSI , 1998

6. Ortho Diagnostics, Antígenos e anticorpos aplicados aos sistemas ABO e Rh, 3a edição, 1978

7. Verrastro,T. e col. Hematologia e Hemoterapia . Fundamentos de Morfologia, Fisiologia, Patologia


e Clinica. Editora Atheneu, 1996

8. Walker, R.H. Technical manual. 12 ed. Arlington,VA: American Association of Blood Banks, 1997

UNIDADE XI - Reações de hipersensibilidades.


Explicitar o papel do sistema imune no desenvolvimento da lesão tecidual e doença.
11.01 - Classificar as reações de hipersensibilidades;
11.02 - Definir alérgenos;
11.03 - Mecanismos efetores da lesão tecidual e doença imunológica causada por anticorpos e
linfócitos T;
11.04 - Doenças de hipersensibilidades.

A hipersensibilidade é uma reação imunológica aberrante, excessiva ou incontrolada da qual resultam


efeitos deletérios. Vale lembrar que as reações de hipersensibilidade diferem das reações de
imunidade protetora somente pelo fato de serem exageradas ou inapropriadas, e que causam danos
aos hospedeiros. Nesse tipo de resposta há a participação de um componente genético do indivíduo
o que o torna alérgico a um antígeno comum, ou então a indivíduos normosensíveis podem se tornar
hipersensibilizados por circuntâncias ligadas ao antígeno ou a condições imunológicas no momento
do contato. As reações são classsificadas, segundo Gell e Coombs, em quatro tipos: tipo I, tipo II, tipo
III, e tipo IV.

As hipersensibilidades Tipo I, II e III são do tipo humoral, sendo TIPO I - Hipersensibilidade


imediata (mediadas por IgE), TIPO II – Reações citolíticas ou citotóxicas (mediadas por IgM e
IgG), TIPO III – Reações de Complexo Imune (mediadas por IgM e IgG) e TIPO IV –
Hipersensibilidade tardia (Mediadas pela imunidade celular. Assim, as reações mediadas por
anticorpos (humorais) são as TIPOS I, II e III e reações mediadas por células são a TIPO IV.

HIPERSENSIBILIDADE TIPO I

Cerca de 50% da população gera IgE em resposta a antígenos presentes no ar (alergenos)


encontrados nas superfícies mucosas como as que revestem o nariz, o pulmão e a cavidade ocular,
porém apenas 20% da população é atingida pela reação exagerada com produção excessiva de IgE.

27
Neste tipo de reação exacerbada, há a participação de IgE, mastócitos, neutrófilos, eosinófilos e
linfócitos T. Atopia: tendência de um indivíduo de as síndromes clínicas mais comuns são a rinite
(febre do feno), eczema, urticária, alergias alimentares, asma brônquica e anafilaxia. Em indivíduos
normais existe um equilíbrio entre citocinas produzidas por células TH2 que aumentam a resposta de
IgE e citocinas produzidas por células TH1 que diminuem tal resposta. A sensibilidade alérgica pode
ser o resultado da falha de um mecanismo de controle que leva à superprodução de IL 4 por células
TH2, e, finalmente à maior produção de IgE por células B.

As principais fases que podemos citar são:

 Fase de sensibilização: durante a qual a IgE é produzida em resposta ao antígeno e se liga


a receptores específicos presentes em mastócitos e basófilos.
 Fase de ativação: em que a reexposição aos antígenos induz os mastócitos e basófilos a
responderem através da liberação do conteúdo de seus grânulos.

 Fase efetora: resposta complexa resultante dos efeitos das substâncias farmacologicamente
ativas liberadas pelos mastócitos e basófilos.

Assim, podemos resumir estes processos da seguinte forma:

Antígenos  Fagocitose pelas células de Langherans  Apresentação do ag ao linfócito T helper


(CD4) do tipo H2  Produção de IL4 e IL5  Ativação de linfócitos B para a produção de IgE
Produção e diferenciação dos basófilos em mastócitos Ligação dos IgE aos mastócitos  Novo
contato com o antígeno Ligação do antígeno ao IgE (superfície dos basófilos/mastócitos) 
Degranulação dos basófilos Liberação dos mediadores (histamina e etc).

Os mediadores podem ser :

* Mediadores pré formados (Histamina, Serotonina, Fatores Quimiotáticos, Heparina)

*Mediadores recém-sintetizados (Leucotrienos, Tromboxanos e prostaglandinas e Fator de


ativação).

Quanto ao tratamento, vide quadro abaixo:

Imunoterapia

28
É o tratamento da atopia (todas aquelas formas de alergia). É recomendado a pacientes que
respondem pouco às drogas citadas acima e para aqueles cujos agentes alérgenos não podem ser
evitados. A terapia é feita através da injeção a longo prazo constante (1 ou 2 vezes por semana) e
repetitiva de substâncias alérgenas no subcutâneo. Muitos trials clínicos controlados tem mostrado
que é muito efetivo na cura (ou melhora) dos sintomas e sinais da alergia. A duração típica do
tratamento é de 5 anos, mas pode se prolongar a 10 ou 15 anos. Ocorrem mudanças na regulação
das células T, favorecendo a supressão da produção de IgE. Anticorpos IgG bloqueadores são
produzidas. Há um diminuição da sensibilidade dos órgãos afetados, pela diminuição da liberação de
mediadores.

HIPERSENSIBILIDADE TIPO II

Estas reações são estimuladas pela ligação direta do anticorpo a um antígeno presente na superfície
celular. A célula alvo é danificada ou destruída por uma série de mecanismos:

 Reações mediadas por complemento: Esse processo ativa a cascata do complemento e


leva à lise da célula ou à opsonização mediada por receptores para Fc (fragmento do
anticorpo) ou C3b. A opsonização culmina na fagocitose e destruição da célula por
macrófagos e neutrófilos que expressam receptores para Fc ou C3b na sua superfície. Como
exemplo, podemos citar: a reações de transfusão (ABO), a Imcompatibilidade Rh, a Púrpura
Trombocitopênica Idiopática e reações Induzidas por Drogas.
 Citotoxidade dependente de anticorpos e mediados por células: Células-alvo recobertas
por IgG são mortas por células que possuem receptores Fc específicos para imunoglobulina
(por exemplo: macrófagos, células NK).
 Disfunção celular mediada por anticorpos: Anticorpos específicos para receptores causam
um distúrbio das funções normais do receptor. Como exemplo, cito a Miastenia Gravis (MG)
onde o número de receptores da Acetilcolina ou sítios nos quais a substância pode ser
recebida, encontram-se reduzidos devido a um ataque dos receptores da Acetilcolina por
anticorpos produzidos pelo sistema imunitário do próprio indivíduo. Este é o sistema
normalmente envolvido na luta contra as infecções. A Miastenia Gravis é assim designada
por doença autoimune porque o sistema imunitário do indivíduo começa a produzir anticorpos
que atacam os seus próprios tecidos. A investigação tem mostrado que na maioria dos
doentes com Miastenia Gravis existem a circular no sangue anticorpos contra os receptores
da Acetilcolina.

HIPERSENSIBILIDADE TIPO III

Causada pela deposição de imunocomplexos.

 Fases:

Complexos imunes antígeno/anticorpo se formam na circulação  os complexos são depositados em


vários tecidos  gera reação inflamatória nos diversos tecidos.

Fatores que influenciam na deposição

1. Tamanho do imunocomplexo:

•Muito pequenos: não depositam (não são fagocitados facilmente)

•Grandes: fagocitados por macrófagos (são eficientemente fagocitados)

Situações em que são produzidos complexos grandes ou pequenos :

•Proporção relativa de Antígeno/Anticorpo:

•Excesso de Anticorpo (lesão localizada): Complexo grande, deposição rápida no local

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•Excesso de Antígeno: complexo pequeno e solúvel, que circula (se deposita nos filtros naturais:
sinóvia e glomérulos).

2. Clearance dos imunocomplexos :

Realizada pelos SFM e hemácias (há “limpeza”)

→ Complexos pequenos mais C3b

•impede produção Fc-Fc para a formação de antígenoregados grandes.

•imunoaderência a neutrófilos, monócitos, macrófagos, eosinófilos e células dendríticas.

Fagocitose persistência dos


deposição
deficiente complexos

As hemácias e as células do Sistema Mononuclear Fagocítico têm receptores para C3b.

Depende do SMF e do complemento.

3-Propriedades físico-químicas do Antígeno e Anticorpo :

•carga do imunocomplexo valência da imunoglobulina, avidez da ligação: quando há excesso de


cargas positivas, o complexo tende a se depositar na membrana dos glomérulos , que tem carga
negativa.

4-Fatores anatômicos e hemodinâmicos:

•glomérulos renais e sinoviais são os locais mais freqüentes

•alta pressão sanguínea e turbulência

5-Mediadores.

•Fagócito mais o complexo Antígeno-Anticorpo → estímulo da produção local de citocinas e


mediadores vasoativos gerando maior adesão leucocitária ao endotélio, maior permeabilidade capilar,
maior deposição de imunocomlexos na parede dos vasos.

Como exemplo, cita-se a Glomérulonefrite (GNDA) que se trata de uma doença dinâmica, de longa
duração, que ocorre quando o antígeno persiste (infecções crônicas e doenças auto-imunes) no
organismo. Ex: Lupus eritematoso sistêmico (LES), tireodite, síndrome nefrótica da Nigéria, Doença
de Chagas, Schistosomose, GN Difusa Aguda Pós Estreptocócica.

A deposição de complexos Antígeno-Anticorpo no glomérulo ocorre na seguinte ordem:

1. Complexos induzem liberação de mediadores vasoativos de basófilos e plaquetas

2. Separação das células endoteliais

3. Ligação de complexos maiores à membrana basal exposta. Complexos menores atravessam a


membrana.

30
4. Indução da agregação plaquetária

5. PMN atraídos fazem fagocitose frustrada causando lesão da membrana basal.

Obs:

· Complexos menores depositam-se do lado epitelial dos glomérulos

· Os complexos progressivamente maiores são retidos dentro ou sob o lado endotelial, produzindo
massas amorfas.

HIPERSENSIBILIDADE TIPO IV

São as hipersensibilidades tardias, mediadas diretamente por células, mais especificamente pelos
linfócitos T. É a que ocorre na tuberculose e na maioria dos granulomas causados por
microorganismos de baixa virulência. O linfócito T entra em contato com antígenos dos
microorganismos, transformando-se em T1 e passando a secretar uma série de citocinas que atuam
diretamente no tecido, destruindo-o. Acredita-se que os linfócitos T sejam recrutados pelos
macrófagos para o local agredido.

A dermatite de contato é um exemplo de hipersensibilidade tipo IV. A dermatite (eczema) é uma


inflamação das camadas superiores da pele que produz bolhas, rubor, edema, secreção, formação de
crostas, descamação e, geralmente, prurido. O coçar e o atrito contínuo da pele podem provocar o
espessamento e o endurecimento da mesma. Alguns tipos de dermatite afetam apenas determinadas
partes do corpo. A dermatite de contato é a inflamação causada pelo contato com uma determinada
substância. A erupção permanece limitada a uma área específica e, freqüentemente, apresenta
limites bem definidos. As substâncias podem causar inflamação cutânea através dos seguintes
mecanismos: irritação (dermatite de contato irritativa) ou reação alérgica (dermatite de contato
alérgica). Mesmo os sabões suaves, os detergentes e determinados metais podem irritar a pele após
um contato freqüente.

Algumas vezes, a exposição repetida (mesmo à água) pode ressecar e irritar a pele. As substâncias
irritativas fortes, como os á cidos, os álcalis (p.ex., produtos para limpeza de esgoto) e alguns
solventes orgânicos (p.ex., a acetona presente nos removedores de esmalte para as unhas), podem
causar alterações cutâneas em poucos minutos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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