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INSTITUTO FEDERAL DO NORTE DE MINAS GERAIS

IFNMG – CAMPUS SALINAS


LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DANILO PEREIRA DA SILVA


GABRIELE BARBOSA PENHA
TAINÁ RODRIGUES SILVA

REVISÃO DA LITERATURA –
TOLERÂNCIA, AUTOIMUNIDADE E IMUNIZAÇÃO

SALINAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2022
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 2
2. TOLERÂNCIA 3
2.1. Mecanismos de Tolerância 4
3. AUTOIMUNIDADE ............................5
4. IMUNIZAÇÃO 7
4.1. Imunização ativa 8
4.2. Imunização passiva...............................................................................................9
REFERÊNCIAS ..11
1. INTRODUÇÃO

O conjunto de células, tecidos, órgãos e moléculas que os seres humanos e


outros seres vivos utilizam para eliminar agentes ou moléculas estranhas, de modo a
manter a homeostasia do organismo, é compreendido como sistema imunológico.
Os mecanismos fisiológicos do sistema imune consistem em uma resposta
coordenada dessas células e moléculas em face de organismos infectados e outros
ativadores, resultando no surgimento de respostas específicas e seletivas, incluindo
memória imunológica, que também podem ser criadas artificialmente, através das
vacinas (SCUTTI, 2016).
Na carência de um sistema imunológico funcional, infecções menores podem
sobrecarregar o hospedeiro e causar a morte. No entanto, mesmo com um sistema
imunológico totalmente funcional, uma pessoa pode, por exemplo, contrair uma
doença infecciosa ou um câncer, porque uma resposta imune específica ao agressor
leva tempo para se desenvolver e, além disso, organismos estranhos, como as
células neoplásicas, desenvolvem mecanismos de fuga para evitar a resposta
imune.
Esta revisão de literatura visa facilitar a compreensão acerca de algumas
informações importantes que abordam a tolerância imunológica, autoimunidade e
imunização. As plataformas digitais, Google Acadêmico e SCIELO, bem como livros
acadêmicos, foram usados como bases bibliográficas para o estudo, sendo
encontradas através de uma busca das palavras-chave: tolerância, tolerância
central, tolerância periférica, autoimunidade, imunização ativa e imunização passiva.
Os artigos pesquisados para o propósito deste estudo foram publicados a partir de
2010.

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2. TOLERÂNCIA

A tolerância imunológica é definida como a ausência de resposta a um


antígeno como resultado da exposição prévia a esse antígeno (ABBAS; LICHTMAN;
PILLAI, 2015). É um mecanismo ativado por moléculas do sistema imunológico que
trabalham para distinguir entre os antígenos próprios e não próprios. É fundamental
que esse processo funcione corretamente para evitar reações contra os antígenos
próprios e, como resultado, evitar o aparecimento de uma doença autoimune
(CRISPE, 2014).
Conforme descrito por Abbas, Lichtman & Pillai (2015), o termo “tolerância
imunológica” surgiu de descobertas experimentais de que animais que haviam
anteriormente entrado em contato com um antígeno, em condições subespecíficas,
tolerariam ou não reagiriam às exposições repetidas a esse mesmo antígeno. Os
linfócitos específicos podem ser ativados quando se deparam com antígenos,
resultando em respostas imunes; esses linfócitos também podem ser inativados ou
eliminados, resultando na tolerância.
Destarte, diferentes formas do mesmo antígeno podem causar respostas
imunes ou tolerância. Para distinção, os imunógenos, que causam imunidade são
chamados antígenos tolerogênicos, e os antígenos que causam a tolerância são
chamados tolerógenos. Um único antígeno pode ser um imunógeno ou um
tolerógeno, dependendo de como ele reage a linfócitos específicos, como a
presença ou ausência de inflamação e respostas imunológicas inatas. A tolerância
aos autoantígenos, comumente conhecida como autotolerância, é uma propriedade
significativa de um sistema imune saudável; a falha na autotolerância leva a
respostas imunes contra autoantígenos. Essas reações são conhecidas como
“autoimunidade”, e as doenças causadas por elas são conhecidas como doenças
autoimunes (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
Por conseguinte, o processo de tolerância ocorre nos órgãos linfoides
centrais, sendo eles o timo, com a maturação de linfócitos T, e a medula óssea com
a maturação dos linfócitos do tipo B, que favorecem a manutenção da homeostasia
do sistema imunológico, referida como tolerância central. Posteriormente à ativação

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desse mecanismo, ambos os tipos de linfócitos se mudam para a periferia, onde
serão submetidos à tolerância periférica (SEBODE et al., 2014).
Diante desta perspectiva, Abbas, Lichtman & Pillai (2019) enfatizam que
grande parte da nossa compreensão acerca da tolerância a autoantígenos é
baseada no estudo desse processo em linfócitos T. Isso ocorre porque os
imunologistas desenvolveram modelos experimentais elegantes e instrutivos no
estudo da tolerância em células T. Além disso, várias estratégias terapêuticas que
estão sendo desenvolvidas para induzir tolerância a transplantes e autoantígenos,
incluem a inativação ou eliminação das células T como foco.

2.1. Mecanismos de Tolerância

Os linfócitos T são produzidos na medula óssea e passam por um processo


de maturação no timo, onde são submetidos à seleção positiva e negativa. Na
seleção positiva, esses linfócitos expressam o receptor TCR, bem como as
moléculas CD4 e CD8, que interagem com outras moléculas do sistema
imunológico. Esses linfócitos são removidos quando essa interação se mostra
ineficaz, e aqueles que mantêm uma interação apropriada são selecionados
positivamente. Depois disso, a seleção é negativa, com os linfócitos reconhecendo o
que é antígeno próprio e não próprio; se a afinidade pelo antígeno próprio for alta,
eles sofrem apoptose ou se diferenciam em células T reguladoras naturais (n Tregs);
se for baixa, eles migram para a periferia (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
Os mecanismos da tolerância periférica são a anergia (falta de
responsividade funcional), supressão pelas células T regulatórias e deleção (morte
celular). O primeiro processo, conhecido como anergia, ocorre quando as células
autorreativas não morrem, mas também não respondem mais a um antígeno. No
segundo mecanismo, os linfócitos T regulatórios são um subconjunto de células T
CD4+, cuja função é suprimir as respostas imunes, mantendo a autotolerância. O
terceiro mecanismo ocorre quando os linfócitos T reconhecem autoantígenos com
alta afinidade ou são repetidos por antígenos, potencialmente levando à morte
celular por apoptose. Na ausência de células T auxiliares específicas, os linfócitos B
maduros que reconhecem autoantígenos nos tecidos periféricos, podem ser
considerados funcionalmente inativos ou podem morrer por apoptose (ABBAS;
LICHTMAN; PILLAI, 2015).
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No entanto, devido a alguns fatores, como o mimetismo molecular, causado
principalmente por infecções bacterianas que se apresentam de maneira muito
semelhante aos antígenos próprios, e a disseminação do epítopo pela lise celular,
que causa a liberação e exposição dos antígenos próprios, esse mecanismo pode
falhar e resultar em autoimunidade (TAUBERT et al., 2014).
Em relação aos linfócitos B, estes são originados na medula óssea e sofrem a
maturação lá, o reconhecimento de antígenos próprios é concretizado através do
receptor BCR. Se o reconhecimento de moléculas próprias for realizado com alta
afinidade, as células passarão por apoptose, assim como ocorre com os linfócitos T.
Quando o reconhecimento é de baixa afinidade, os linfócitos B migram para a
periferia. Esses linfócitos passam pela tolerância periférica, nos linfonodos e no
baço, onde são apresentados à seis antígenos próprios, e todos os mecanismos que
ocorrem na tolerância central são passados novamente (SOUZA et al., 2010).
Do mesmo modo que acontece com a tolerância dos linfócitos T, a tolerância
dos linfócitos B também podem apresentar falhas, e comumente é intercedida por
anticorpos ligados aos antígenos dos tecidos, e deste modo formam
imunocomplexos, que acabam sendo depositados nas células do indivíduo. Quando
isso acontece as enzimas proteolíticas e espécies reativas de oxigênio (EROs), se
ativadas podem provocar a destruição celular (TAUBERT et al., 2014). Esses
mecanismos, quando combinados, têm o potencial de levar ao desenvolvimento de
autoimunidades.

3. AUTOIMUNIDADE

A autoimunidade é um processo fisiológico em um organismo, que ocorre


principalmente durante a vida fetal, levando à tolerância, mas como um dos
mecanismos responsáveis pela interrupção da resposta imune, ela persiste por toda
a vida. Portanto, é crucial a autoimunidade fisiológica, visto que a mesma é
responsável por regular a resposta imune. No entanto, caso a autoimunidade ocorra
de forma anômala ou excessiva, esta passa a ser deletéria e se torna prejudicial,
resultando em danos nos tecidos e órgãos, levando aos sinais e sintomas das
doenças autoimunes (FORTE, 2015). Essas respostas autoimunes são
desencadeadas quando há a quebra da tolerância imunológica. Existem vários
fatores causadores que podem levar a doenças autoimunes e juntos formam uma
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tríade de causas principais. São eles: fatores genéticos como polimorfismos nos
genes HLA, PTPN22, CTLA-4, CD25, AIRE, ambientais e imunológicos (COICO;
SUNSHINE, 2010).
Dentre os fatores genéticos, rearranjos do gene do receptor de células T
(TCR) podem ser encontrados devido ao mecanismo de translocações e inversões
cromossômicas, beneficiando o surgimento de novos TCRs que alteram o
reconhecimento do antígeno. Em adição a isso, pode-se mencionar a presença de
diferentes antígenos leucocitários humanos (HLA), que podem estar
quantitativamente associados a vários tipos de doenças autoimunes (SILVA, 2014).
Os fatores ambientais estão relacionados a três fatores, os fatores físicos são
especialmente o calor, as radiações ionizantes e as não ionizantes, que têm um
importante envolvimento na modificação das moléculas existentes caso causem
reações de intolerância. Os agentes químicos em questão são as drogas, visto que
podem produzir respostas amplificadoras de interações de células T e células B,
alterar a estrutura ou especificidade dos receptores de antígenos de células T e
outras alterações. Finalmente, agentes infecciosos, como alguns vírus, bactérias,
fungos e outros micróbios, causam múltiplas respostas no corpo, dependendo de
como cada resposta interage com o sistema imunológico (ABBAS; LICHTMAN;
PILLAI, 2015).
Por outro lado, os fatores imunológicos não têm um mecanismo de ação
simples de ser determinado, e trata-se de um mau funcionamento da resposta
imune, que por algum motivo leva ao surgimento de doenças autoimunes. O motivo
não se sabe ao certo, mas pode ser devido à autotolerância insuficiente, reações
cruzadas com antígenos externos, falha na ativação celular da resposta imune,
formação de novos antígenos, dentre outros (FORTE, 2015).
A doença autoimune (DA) é uma disfunção que ocorre quando o sistema
imunológico de um indivíduo não consegue distinguir entre o que é próprio do que
não é próprio do organismo. A autotolerância consegue ser mantida pela ação das
células B e T através de mecanismos centrais ou periféricos. Essas doenças podem
ser órgão-específicas ou sistêmicas (SOUZA et al., 2010). Nas doenças que afetam
um único órgão, as respostas imunes são frequentemente direcionadas contra vários
antígenos restritos a esse órgão e podem atacar moléculas expressas na superfície
de células vivas (como receptores hormonais) ou moléculas intracelulares (como

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enzimas). As reações sistêmicas podem afetar diversos órgãos e são
frequentemente associadas a moléculas com distribuição sistêmica (SILVA, 2014).
Existem muitos tipos de DA, tais como esclerose múltipla, diabetes tipo 1,
doença de Crohn, lúpus eritematoso sistêmico, cirrose biliar primária, miastenia
gravis, tireoidite autoimune, hepatite autoimune, artrite reumatoide, pênfigo bolhoso
e doença celíaca, dentre outras (LERNER; MATTHIAS, 2015).

4. IMUNIZAÇÃO

Segundo Ghaffar & Haqqi (2022), imunização diz respeito a um conglomerado


de métodos que visam fornecer proteção específica contra a maioria dos patógenos
nocivos comuns. Partindo deste pressuposto, quais são os mecanismos que irão
garantir proteção contra tais agentes infecciosos? Nesta perspectiva, é relevante
compreendermos os agentes envolvidos no processo de imunização do nosso
corpo. Cabe ressaltar que a imunidade do nosso corpo é garantida por meio do
sistema imunológico, o qual é constituído por moléculas, células, tecidos e órgãos
que atuam coletivamente e coordenado contra a entrada de substâncias estranhas
de modo a garantir nossa proteção.
Entretanto, o sistema imune do nosso corpo mediante sua função fisiológica
pode provocar respostas imunes até mesmo às substâncias estranhas não
infecciosas e produtos de células danificadas, além da resposta à entrada de
agentes patogênicos nocivos. Diante do exposto, evidencia-se que os mecanismos
que comumente protegem o nosso corpo contra o ataque e ação de agentes
infecciosos e substâncias estranhas, consequentemente podem ocasionar danos
aos tecidos e até mesmo certas doenças, em alguns casos. Por conseguinte, a
resposta imune pode ser denominada de uma forma mais inclusiva como a reação
aos agentes patogênicos, bem como às moléculas reconhecidas como estranhas,
independentemente do efeito fisiológico ou patológico desta reação, haja visto que
em certas situações até mesmo moléculas próprias podem provocar respostas
imunes, o que é denominado doenças autoimunes (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI,
2019).
A partir das informações supracitadas, partiremos então para a exposição dos
mecanismos que podem garantir a proteção contra agentes que causam danos ao
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nosso corpo. Nesta perspectiva, a aquisição de proteção antigênica, ou seja, a
imunização, pode ocorrer duas maneiras: fornecendo anticorpos contra um antígeno
a um indivíduo (imunidade passiva) ou estimulando o indivíduo a obter seus próprios
anticorpos (imunização ativa). Ambas as formas podem ser adquiridas naturalmente
ou artificialmente, com as formas passivas resultando em uma imunidade transitória
e as formas ativas permitindo imunidade a longo prazo, se não permanente
(MURPHY et al., 2010). Ao longo deste trabalho, as informações expostas
permitirão uma compreensão mais detalhada destes mecanismos.

4.1. Imunização ativa

A imunização ativa pode ser obtida naturalmente ou artificialmente. A


imunização ativa natural ocorre sempre que um indivíduo entra em contato com um
antígeno, ao longo de sua vida. A administração de patógenos (vivos, atenuados,
fragmentos, recombinantes, toxinas, proteínas) capazes de induzir uma resposta
imune sem causar doença é um método de estimular artificialmente a produção de
anticorpos e a aquisição de células de memória (MURPHY et al., 2010).
Entre os vários tipos de imunização, a vacinação é um método de indução
artificial do sistema imunológico para gerar mecanismos de proteção em resposta ao
contato com partes estruturais com o agente infeccioso atenuado, ou inativado,
dependendo da plataforma vacinal utilizada. A vacinação é uma poderosa estratégia
de prevenção de infecções. As vacinas que estimulam a produção de anticorpos e
de células de memória de alta afinidade são as mais eficazes. Existem diversas
abordagens acerca da vacinação em uso clínico e estão sendo testadas para uma
variedade de infecções (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
As vacinas inativadas são compostas de patógenos inteiros, mortos, ou com
algum componente de sua estrutura, enquanto as vacinas atenuadas são compostas
de microrganismos vivos que tiveram o seu potencial de virulência reduzido a um
nível seguro para a administração (PINTO, DA-CRUZ, 2011), dando-lhes uma maior
possibilidade de estimular resposta imune do que as inativadas.
Diante deste cenário, o uso de adjuvantes é necessário, pois as vacinas à
base de agentes infecciosos mortos ou fragmentados não são tão eficazes quanto
as vacinas baseadas em agentes vivos. De acordo com Scutti (2016), um adjuvante
é qualquer substância que consiga aumentar a imunogenicidade de outras
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substâncias injetadas com ele. Os adjuvantes podem aumentar a capacidade do
sistema imunológico de maneiras. Uma opção é transformar antígenos proteicos
solúveis em material particulado, sendo desta forma ingerido por células
apresentadoras de antígenos, incluindo os macrófagos, de forma mais fácil. A
segunda maneira são os adjuvantes ligados a bactérias ou componentes derivados
de bactérias, o que elevam consideravelmente a imunogenicidade.
À luz dos eventos atuais, a pandemia da Covid-19 em 2020 provocou uma
corrida para encontrar uma vacina contra o coronavírus (Sars-CoV-2). A pesquisa
médica descobriu quase 150 candidatas a vacina anti-Covid-19 em um tempo
recorde (menos de seis meses). No mínimo, oito estratégias diferentes foram usadas
para desenvolver essas vacinas. As fórmulas tradicionais são baseadas nas versões
atenuadas ou inativadas do Sars-CoV-2. As mais modernas pretendem usar o
código genético do vírus para induzir uma resposta imune ao patógeno (GRANATO;
GALDEANO, 2020).

4.2. Imunização passiva

A Imunidade pode ser obtida sem a estimulação do sistema imune, através de


um antígeno. Isso pode ocorrer através da transferência de soro ou gamaglobulinas
de um doador imunológico para um receptor não imune. Células imunes de um
indivíduo previamente imunizado também podem ser usadas para transferir
imunidade. Diante desta perspectiva, a imunidade passiva pode ser adquirida
naturalmente ou artificialmente (GHAFFAR; HAQQI, 2022).
A imunidade passiva adquirida naturalmente refere-se à imunidade que pode
ser transferida da mãe para o feto através da transferência placentária de IgG, o que
lhe dá a capacidade de combater infecções antes mesmo de desenvolver a
capacidade de produzir de próprios anticorpos. Outro método é através do
aleitamento, em que anticorpos maternos do subtipo IgA são ingeridos pelo recém-
nascido, auxiliando-o em sua defesa contra microrganismos (SCUTTI, 2016).
A imunidade passiva artificialmente adquirida é mais comumente transmitida
através da injeção com gamaglobulinas de outras pessoas ou de um animal
imunizado. A transferência de imunização passiva com imuglobulinas ou
gamaglobulinas, é utilizada em uma variedade de situações agudas ou
envenenamentos, bem como em uma medida profilática (hipogamaglobulinemia).
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Em situações como estas, são preferíveis gamaglobulinas de origem humana, ainda
que anticorpos específicos desenvolvidos em outras espécies também são
eficientes, sendo utilizados em alguns casos (envenenamento, difteria, tétano,
gangrena gasosa, botulismo) (GHAFFAR; HAQQI, 2022).
Segundo Scutti (2016), o principal benefício da transferência de imunidade
passiva é a capacidade de garantir a imunidade rapidamente, sem a necessidade de
esperar pela elaboração de resposta imune. Em contrapartida, ele enfatiza ser
relatado na literatura que seu uso nem sempre é eficaz e que a duração de proteção
varia de uma a duas semanas. O autor destaca ainda que as recomendações para a
imunização passiva incluem: imunodeficiências congênitas ou adquiridas; indivíduos
suscetíveis expostos a doenças específicas, particularmente se forem
imunodeprimidos, ou quando o tempo não permite a imunização ativa isolada, como
no caso da vacina contra sarampo, raiva ou hepatite B; e doenças específicas, se o
anticorpo administrado neutralizar a ação de uma toxina, como no caso de
botulismo, difteria ou tétano; ou a resposta infamatória, no caso da doença de
Kawasaki. Além disso, um indivíduo imunizado não é protegido contra a exposição
seguinte à toxina ou microrganismos, isso porque a imunização passiva não induz
memória (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).

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REFERÊNCIAS

ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª


Edição. Saunders Elsevier, 2015.

ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 9ª


Edição. Saunders Elsevier, 2019.

COICO, R.; SUNSHINE, G. Imunologia. Ed. 6. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,


2010.

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FORTE, Wilma Carvalho Neves. Imunologia: do básico ao aplicado. 3. ed. São


Paulo: Atheneu, 2015.

GHAFFAR, A.; HAQQI, T. IMUNIZAÇÃO. Microbiologia e Imunologia on-line. Escola


de medicina da Universidade da Carolina do Sul. 2022. Disponível em:
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Acesso em: 4 maio 2022.

GRANATO, L. M.; GALDEANO, D. M. Microbiologia, parasitologia e imunologia


[livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes, 1. ed. – português, 2020. ISBN:
9786555177411. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/186344/pdf/0?
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MURPHY, K.; TRAVERS, P.; WALPORT, M. Imunobiologia de Janeway. Porto


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SCUTTI, Jorge Augusto Borin. Fundamentos da Imunologia. São Paulo: Editora


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