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UNIDADE III

GUIA DE ESTUDO
UNIDADE 3

DICIPLINA: GENÉTICA HUMANA

APRESENTAÇÃO

Caro estudante, seja bem vindo a mais uma unidade da disciplina de Genética
Humana. Nas unidades passadas nós aprendemos importantes conceitos, você
estudou o que é hereditariedade, viu os erros inatos do metabolismo, descobriu o
que são os genes, observou as alterações cromossômicas, etc. Tenho certeza que
perguntas realizadas anteriormente e que não foram respondidas, agora o são de
maneira fidedigna. Foram muitas as informações, mas não para por aí, há muito mais
a ser descoberto. Então continue seguindo o guia de estudo para que as informações
restantes sejam adquiridas.

Sempre tenha em mente que a construção do conhecimento depende de você. Dessa


forma, não esqueça de reservar um tempo diário para a leitura do guia, do livro texto e
para a resolução das atividades propostas. Se você assim o fizer, temos a certeza que
a aprendizagem resultará em êxito. Algumas dicas importantes que gostaríamos de
deixar é que explore todos os links indicados no guia e aproveitem as oportunidades
que terão com os tutores virtuais.

Agora que você já entendeu a importância de ter um compromisso diário, daremos


início ao conteúdo da terceira unidade. Esta unidade é de fundamental importância
para o estudo da Genética Humana, pois trata de um tema extremamente importante,
a imunogenética. Bom estudo e é com imenso prazer que lhes apresento a relação
entre genética e imunologia.

Os genomas não são unidades estáticas e podem ser invadidos e colonizados por
uma grande variedade de elementos de DNA. Esses elementos não-codificadores
podem constituir porções importantes do DNA genômico de plantas e animais. No
próximo exemplo dinâmico do genoma, veremos que alguns tipos de regulação gênica
do sistema imune, exigem rearranjos de DNA exatos, programados. Esses rearranjos
só ocorrem em determinados tipos de células somáticas e não são transmitidos para
a progênie.

O ambientes em que vivemos contém um enorme número de vírus, bactérias, fungos e


outros agentes diferentes. Estes organismos muitos dos quais são infecciosos, estão
constantemente evoluindo e produzindo novas linhagens. Os vírus, em particular,
adquirem novas mutações e evoluem muito rapidamente. Como, então, o sistema
imunológico pode proteger-nos de todos esses patógenos diferentes, alguns dos quais
são novos e confrontam-se com células do sistema imunológico pela primeira vez?
Nesta unidade examinaremos os componentes do sistema imunológico humano e os

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processos pelos quais as respostas imunológicas nos protegem de agentes infecciosos.
Ao fazer isto, encontraremos alguns genes fascinantes que são montados a partir de
pedaços de genes durantes a diferenciação das células que os contém. Veremos
também, como este processo de montagem facilita a produção de uma variedade
de proteínas com especificidade para combater uma aparente ilimitada variedade de
agentes infecciosos.

Imunidade

Quando falamos em imunidade, o que vem em sua mente? O que é imunidade? Pra
que serve a imunidade? Talvez, você já tenha feito esses tipos de questionamentos.
Se o fez, aqui está a resposta: o termo imunidade deriva da palavra latina immunitas,
que de refere à proteção contra demandas judiciais que os senadores romanos sofriam
durante seu mandato. Historicamente, a imunidade significava proteção contra doenças
infecciosas. As células e as moléculas responsáveis pela imunidade constituem o
sistema imunológico, e a sua resposta coletiva e coordenada a substâncias estranhas
é denominada resposta imunológica.

Como você pode observar, a função fisiológica do sistema imunológico é a defesa


contra microrganismos infecciosos. Entretanto, até mesmo substâncias estranhas
não infecciosas podem desencadear respostas imunológicas. Uma definição mais
abrangente de resposta imunológica consistes em uma reação a componentes de
microrganismos, bem como a macromoléculas, como proteínas e polissacarídeos, e
a pequenas substâncias químicas que são reconhecidas como elementos estranhos,
independentemente das consequências patológicas ou fisiológicas dessa reação.

A defesa contra microrganismos é mediada por reações iniciais da imunidade inata e


por respostas tardias da imunidade adaptativa. É interessante que você realize a leitura
do livro texto, mais especificadamente da página 95, para uma melhor compreensão
sobre os tipos de imunidade. Como descrito no livro, a imunidade inata (também
conhecida como imunidade natural ou nativa) proporciona a linha de defesa inicial
contra microrganismos. Consiste em mecanismos de defesas celulares e bioquímicos,
que já existem até mesmo antes da infecção e que estão prontos para responder
rapidamente a infecções. Esses mecanismos reagem contra aos microrganismos e
aos produtos das células lesionadas e respondem essencialmente da mesma maneira
a infecções repetidas. As páginas 97 a 103 do seu livro texto se dedicam apenas ao
estudo da imunidade inata, sendo sua leitura imprescindível.

Os principais componentes do sistema imunológico natural são:

(1) barreiras físicas e químicas, como epitélios e substâncias químicas antimicrobianas


produzidas nas superfícies epiteliais;
(2) células fagocitárias (neutrófilos, macrófagos), células dendríticas e células natural
killer – NK;
(3) proteínas do sangue, incluindo membros do sistema complemento e outros

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mediadores da inflamação, e
(4) proteínas denominadas citocinas, que regulam e coordenam muitas atividades das
células da imunidade natural. Os mecanismos da imunidade natural são específicos
para estruturas que são comuns a grupos de microrganismos e podem não distinguir
diferenças discretas entre os microrganismos.

Além da imunidade natural, existem outras respostas imunológicas que são


estimuladas pela exposição a agentes infecciosos, cuja magnitude e capacidade de
defesa aumentam com cada exposição sucessiva a determinado microrganismo.
Como essa forma de imunidade desenvolve-se em resposta à infecção e adapta-
se a ela, é denominada imunidade adaptativa ou adquirida. As características que
definem a imunidade adaptativa consistem em sua notável especificidade para
moléculas distintas e sua capacidade de “lembrar” e responder com mais intensidade
em exposições repetidas ao mesmo microrganismo.

O sistema imune adaptativo é capaz de reconhecer e reagir a um grande número de


substâncias microbianas ou não microbianas. Também é designada de imunidade
adquirida, para ressaltar o fato de que as poderosas respostas protetoras são “adquiridas”
por experiência. Os principais componentes da imunidade adquirida consistem em
células denominadas linfócitos e seus produtos secretados, tais como os anticorpos.
As substâncias estranhas que induzem respostas imunológicas específicas ou que
são reconhecidas pelos linfócitos ou por anticorpos são denominadas antígenos.

Agora que você já entendeu a diferença entre imunidade inata e imunidade adaptativa,
abra seu livro texto e leia as páginas 103 a 111. Lá você irá encontrar importantes
conceitos a respeito da imunidade adquirida.

Através da leitura do livro texto, você pôde perceber que existem dois tipos de imunidade
adaptativa, denominados imunidade humoral e imunidade celular, as quais são
mediadas por diferentes componentes do sistema imunológico e cuja função é eliminar
diferentes tipos de microrganismos. A imunidade humoral é mediada por moléculas no
sangue e a secreção das mucosas, denominadas anticorpos, que são produzidas
pelos linfócitos B. Os anticorpos reconhecem antígenos microbianos, neutralizam
a capacidade dos microrganismos de infectar e promovem sua eliminação através
de diversos mecanismos efetores. A imunidade humoral é o principal mecanismo de
defesa contra microrganismos celulares e suas toxinas.

A imunidade celular, também denominada de imunidade mediada por células, é


mediada pelos linfócitos T. Os microrganismos intracelulares, como vírus e algumas
bactérias, sobrevivem e proliferam no interior dos fagócitos e de outras células do
hospedeiro, onde são inacessíveis aos anticorpos circulantes. A defesa contra essas
infecções constitui uma função da imunidade celular, que promove a destruição das
células infectadas para eliminar os reservatórios da infecção.

Até o presente momento, você estudou os princípios que norteiam a imunologia.

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A partir de agora, aprofundaremos o assunto estudando os anticorpos. Mas, antes
de prosseguirmos com o nosso próximo tópico de estudo, indico a visualização dos
seguintes vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=EDN5qPl9GPE (aproximadamente
21 minutos) e https://www.youtube.com/watch?v=99ahXeGyuUY (aproximadamente 10
minutos).

Origem da diversidade de anticorpos

Para iniciarmos nosso estudo sobre anticorpos, indico a visualização de um


vídeo que explica a cerca da estrutura dos anticorpos. Ele está disponível no link:
https://www.youtube.com/watch?v=pTLPa0jhVJQ (aproximadamente 14 minutos). Depois
de assistir o vídeo, visite o seu livro texto e realize a leitura das páginas 112 a 115.

Através do vídeo e do livro texto, você viu que os anticorpos são glicoproteínas da
classe das imunoglobulinas, sintetizados pelos linfócitos B e que podem existir em
diferentes formas conhecidas como isótopos. Surge então a pergunta: Se existem
apenas 20.000 a 30.000 genes no genoma humano, como o sistema imune gera
centenas de milhões de variedades de anticorpos proteicos? A resposta está no fato
de que o DNA que codifica o gene de imunoglobulinas não é fixo, mas sofre múltiplas
modificações programadas, inclusive deleções, translocações e mutações ao acaso.

A ideia geral é que há numerosos segmentos de DNA, os quais são responsáveis pela
síntese de uma das diversas regiões variáveis dos anticorpos (genes V), e apenas
poucas sequenciam codificadoras das porções constantes (genes C). Quando um
linfócito B amadurece, um desses genes V é selecionado e trazido para perto de um
gene C, permitindo a formação de uma molécula de DNA contínua onde os segmentos
se encontram na ordem apropriada para produzir a cadeia polipeptídica de uma
dada Ig. Não há, portanto, necessidade de tantos conjuntos V/C quantos sejam as
diferentes moléculas de anticorpos: como se nota, cada linfócito B só produzirá um
tipo de anticorpo de acordo com a região V que foi selecionada. Às peças que se
unem podem-se dar os nomes de genes, sequências gênicas ou cístrons.

Por outro lado, como a especificidade dos anticorpos depende da sequência de


aminoácidos na região variável, seria possível supor a existência de tantos genes
V quantas fossem as moléculas de Ig. Mas existe um processo que aumenta a
diversidade dos anticorpos sem que o número de genes envolvidos cresça igualmente.
Será usado como modelo desse mecanismo a reorganização gênica que origina uma
cadeia L, tipo k, do camundongo.

Em um linfócito embrionário existem cerca de quinhentos genes responsáveis, cada


qual, por uma dada sequência de aminoácidos na porção compreendida entre os
aminoácido 1 e 96 da porção variável da cadeia L. Esses genes estão reunidos em
“famílias” constituídas de cinco a vinte genes semelhantes e que são distribuídos
linearmente no cromossomo. Após essa série de genes segue-se uma ordem que não
codifica nada; é a sequência interveniente I1, seguida de cinco genes J (de junção),

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cada um dos quais com o código para uma determinada sequência de aminoácidos
da posição 97 à 110 da porção V da cadeia L. Segue-se um nosso segmento não-
codificante denominado de sequência interveniente I2 e depois o C responsável pela
porção constante da cadeia L.

Quando um linfócito amadurece e se torna secretor, esses genes se rearranjam e


muitos deixam de se manifestar. Após o rearranjo dos genes, a porção de DNA não
utilizada do linfócito é deletada, de modo que o comprimento e sequência de bases
desses linfócitos tornam-se diferentes de qualquer outra célula. Assim, por exemplo,
se esse linfócito produzir um anticorpo cuja sequência de 1 a 96 for codificada pelo
gene a da família V3 e a sequência de 97 a 110 for codificada pelo gene J4, o gene V3
será justaposto ao gene J4 e a todos os demais conjuntos de genes V e J, bem como
a sequência I1 parecerão ausentes no genoma.

O linfócito rearranjado origina, por divisões celulares, um clone de células que


produzem um único tipo de anticorpo durante tosa a sua vida, visto que todas as
células apresentam o mesmo tipo de rearranjo.

Somente um dos cromossomos 2, 14 ou 22 envolvidos nos rearranjos necessários à


codificação das cadeias pesadas e leves sofre esse processo de aproximação dos
gene; o outro permanece com a estrutura original. A este processo dá-se o nome de
exclusão alélica, visto que um dos cromossomos é excluído do processo.

Resta explicar como ocorre o controle genético das regiões constantes das cadeias
pesadas que responsáveis pela classe do anticorpo a ser produzido. Logo após a
sequência I2 ocorrem vários genes C que, na ordem, codificam regiões constantes
das cadeias pesadas das imunoglobulinas M1, M2, D, G3, G1, G2 e A. Quando um
linfócito B em desenvolvimento inicia a síntese de anticorpos, todos os seguimentos C
das cadeias pesadas estão presentes, mas nesse momento somente são produzidas
moléculas IgM pelo gene CM1 que se encontra encostado no segmento VDJ. Quando
um antígeno se liga a uma IgM existente na superfície desses linfócitos B, no linfócito
em questão se diferencia em plasmócito. Nesse processo ocorrem novos rearranjos
gênicos durante os quais os genes V-J dão um salto no genoma e se ligam a outro
gene da região C passando, então, a produzir outra classe de imunoglobulina. Assim,
quando se entra em contato com um novo antígeno, inicialmente se produz anticorpos
IgM e depois, caso o segmento se justaponha a um gene γ, se passa a produzir IgG
com a mesma especificidade.

Todos esses genes devem ter surgido de um único gene primordial por duplicações
seguidas de mutações. Inicialmente deve ter surgido um gene codificando a região
V e um gene codificando a região C da imunoglobulina primordial; posteriormente se
originaram os genes VL e VH, bem como em menor intensidade e mais recentemente,
os genes C.

Com a explicação que acabamos de dar, fica mais fácil entender a existência da

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diversidade de anticorpos. Agora que você já entendeu, seguiremos para outro
assunto, o Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC).

Complexo principal de Histocompatibilidade (MHC)

Querido aluno, antes de prosseguirmos, é necessário que você leia as


páginas 110 e 111 do livro texto. Como informação complementar, acesse
também um vídeo de aproximadamente 15 minutos, disponibilizado em
https://www.youtube.com/watch?v=QU_edDJuRPg.

Você já deve ter ouvido falar que os transplantes de órgãos e enxertos de pele entre
pessoas geralmente resultam em rejeições imunes dos tecidos transplantados. Em
contraste, transplantes de órgãos entre gêmeos idênticos geralmente são aceitos.
Também a pele pode ser transplantada de um local para outro na mesma pessoa
sem rejeição imune. Estes resultados indicam que o sistema imune pode reconhecer
células “não próprias” de células próprias. Experimentos cuidadosamente controlados
mostraram que rejeições de enxertos de tecidos não próprios são controladas por um
conjunto complexo de macromoléculas de superfície celular, chamadas de antígeno
de histocompatibilidade.

Apesar de originalmente identificadas como antígenos que provocavam a rejeição e


órgão transplantados, as moléculas de histocompatibilidade são agora consideradas
extremamente importantes para a indução e regulação das respostas imunes. A
principal função das moléculas de histocompatibilidade da superfície celular é a ligação
com fragmentos peptídicos proteicos estranhos para a apresentação para as células T
antígeno-específicas. Recorde que as células T (ao contrário das células B) somente
são capazes de reconhecer antígenos que estejam ligados à membrana, e por isso as
moléculas de histocompatibilidade são críticas para indução da imunidade por células
T. Apresentamos aqui um resumo das características mais relevantes das moléculas
de histocompatibilidade humanas, visando principalmente facilitar a compreensão de
seu papel na rejeição de órgão transplantados e na susceptibilidade de doenças.

Em humanos, os genes que codificam as moléculas de histocompatibilidade mais


importantes estão agrupados no braço curto do cromossomo 6 e ocupa um grande
segmento de DNA, que se estende por cerca de 3.500 quilobases (kb), o complexo
principal de histocompatibilidade (MHC). O MCH também pode ser denominado de
complexo de antígenos leucocitários (HLA) em humanos, assim denominado porque
os antígenos codificados pelo MHC foram inicialmente identificados em leucócitos.
Defeitos nos genes do MHC estão associados a centenas de doenças incluindo
essencialmente todos os distúrbios auto-imunes.

É importante que você entenda que o sistema HLA é altamente polimórfico, o que
significa que existem muitos alelos de cada gene do MHC (100 ou mais alelos) na
população e cada indivíduo herda apenas um (geralmente exclusivo) conjunto desses
alelos. Com base na estrutura química, distribuição nos tecidos e função, os produtos

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do gene MHC são classificados em três categorias. Os genes do MHC de classe I e
de classe II, que codificam dois grupos de glicoproteínas estruturalmente distintas,
porém homólogas, de superfície celular e que estão envolvidas na apresentação de
antígenos. Os genes classe III codificam componentes do sistema complemento.

As moléculas de MHC de classe I são expressas de modo constitutivo em praticamente


todas as células nucleadas e nas plaquetas, enquanto que as moléculas de classe II são
expressas apenas nas células dendríticas, nos linfócitos B, nos macrófagos e alguns
outros tipos celulares. Existem três genes de MHC de classe I, denominados HLA-A,
HLA- B, HLA-C, que codificam três moléculas do MHC de classe I com os mesmos
nomes. Existem três loci de genes HLA da classe II, denominados HLA-DP, HLA-DQ
e HLA- DR. Cada molécula MHC de classe II é composta por um heterodímero de
polipeptídeos α e β, e os loci DP, DQ e DR contêm, cada um deles, genes separados
denominados A ou B, que codificam as cadeias α e β, respectivamente.

As moléculas do MHC de classe I apresentam peptídeos e são reconhecidos pelas


células T CD8+, enquanto as células do MHC de classe II apresentam peptídeos às
células T CD4+. Os genes do MHC são expressos de modo codominantes em cada
indivíduo. Em outras palavras, para um determinado gene do MHC, cada indivíduo
expressa alelos que são herdados de cada um dos pais.

Como você já pôde verificar, o MHC está intimamente relacionado a imunidade,


sendo o gene mais correlacionado. Na realidade, em muitas doenças autoimunes,
como o diabetes tipo 1, foram identificados 20 ou 30 genes associados à doença; na
maior parte dessas doenças, o lócus HLA contribui sozinho para metade ou mais da
suscetibilidade genética. Sabendo da importância de se estudar a autoimunidade,
devido o grande número de doenças autoimunes que acometem humanos, este será
nosso próximo objeto de estudo.

Tolerância imunológica e autoimunidade

Os humanos vivem em um ambiente repleto se substâncias capazes de produzir


respostas imunes. O contato com antígenos resulta não somente em uma resposta
imune protetora, mas também em reações que podem danificar os tecidos. Como
pode ser observado no seu livro texto, das páginas 115 a 119, tolerância imunológica é
definida como a não responsividade a um antígeno, induzida pela exposição prévia a
este antígeno. Quando linfócitos específicos encontram antígenos, o linfócito pode ser
ativado, iniciando uma resposta imunológica a esse antígeno, ou essas células podem
ficar inativas ou ser eliminadas, levando a tolerância. Diferentes formas do mesmo
antígeno podem induzir uma resposta imunológica ou tolerância. Um único antígeno
pode ser imunógeno (que gera imunidade) ou tolerógeno (que induzem tolerância),
dependendo das condições a que é exposto a linfócitos específicos (por exemplo, na
presença ou ausência, respectivamente, de inflamação e respostas imunes inatas).

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Para que você entenda, a tolerância a autoantígenos, também chamada de
autotolerância, é uma propriedade fundamental do sistema imune normal, e uma falha
na autotolerância resulta em reações imunes contra antígenos próprios. Esse tipo de
reação é chamada de autoimunidade, e as doenças que ela pode causar são conhecidas
como doenças autoimunes. A elucidação dos mecanismos de autotolerância é a chave
para o entendimento da patogênese e da imunidade.

Há diversas características de tolerância em populações de Linfócitos T e B. Os indivíduos


normais são tolerantes aos seus antígenos porque os linfócitos que reconhecem
antígenos próprios são destruídos ou inativados, ou porque a especificidades desses
linfócitos é alterada. A tolerância é resultante do reconhecimento do antígeno por
linfócitos específicos.

A autotolerância pode ser induzida em linfócitos autorreativos imaturos nos órgãos


linfoides primários (tolerância central) ou em linfócitos maduros em locais periféricos
(tolerância periférica). A tolerância central ocorre durante a maturação dos linfócitos
nos órgão linfoides primários (medula óssea e timo), onde os linfócitos em
desenvolvimento passam por um estágio no qual um encontro com um antígeno pode
levar a morte da células ou a substituição de um antígeno receptor autorreativo por um
novo antígeno autorreativo. A tolerância periférica ocorre quando, em consequência
do reconhecimento de antígenos próprios, os linfócitos maduros tornam-se incapazes
de responder as esses antígenos, ou são induzidos a morrer por apoptose, ou células
T maduras são ativamente suprimidas por células T reguladoras.

A tolerância dos linfócitos T CD4+ auxiliares (helper) é um mecanismo efetivo para


prevenir a resposta imunológica contra antígenos proteicos, umas vez que as células
T auxiliares são indutores necessários tanto na resposta imunológica celular, quanto
na humoral a proteínas. A possibilidade do sistema imunológico de um indivíduo
poder reagir contra antígenos autólogos e causar dano ao tecido foi percebida por
imunologistas a partir do momento em que a especificidade do sistema imunológico
para antígenos estranhos foi reconhecida.

A partir do que você leu até aqui, você já consegue responder então o que é
autoimunidade? O termo autoimunidade é usado com frequência erroneamente para
qualquer doença onde reações imunológicas acompanham lesões ao tecido, mesmo
que possa ser difícil ou impossível estabelecer uma função para repostas imunológicas
contra antígenos próprios na causa desta desordem. Na verdade, a autoimunidade
resulta de uma falha dos mecanismos de autotolerância em células T ou B, o que pode
levar a um desequilíbrio entre a ativação de linfócitos e os mecanismos de controle. A
perda de autotolerância pode ocorrer se linfócitos autorreativos não forem eliminados
ou inativados durante ou depois de sua maturação e, se as células apresentadoras de
antígenos (APC) são ativadas de modo que os antígenos próprios são apresentados
ao sistema imunológico de uma maneira imunogênica.

Alguns dos mecanismos gerais que são associados às reações autoimunes são os
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seguintes:

• Defeitos na deleção de células T ou B ou edição de receptores em células B


durante a maturação destas células nos órgãos linfoides geradores;
• Números e funções defeituosas de linfócitos T reguladores;
• Apoptose defeituosa de linfócitos autorreativos maduros;
• Função inadequada de receptores inibitórios;
• Ativação de APC, que supera mecanismos reguladores e resulta em ativação
excessiva de células T.

Os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento da autoimunidade


são a susceptibilidade genética e as causas ambientais, como infecções e lesões
teciduais locais. As doenças autoimunes podem ser sistêmicas ou órgão-específicas,
dependendo da distribuição dos antígenos próprios que são reconhecidos. Estas
doenças tendem a ser crônicas, progressivas e autoperpetuadora.

As doenças autoimunes, em sua maioria, são traços poligênicos complexos, onde


os indivíduos afetados herdam polimorfismos genéticos múltiplos que contribuem
para a suscetibilidade da doença, e estes genes agem com fatores ambientais para
causar as doenças. Alguns destes polimorfismos são associados a várias doenças
autoimunes, sugerindo que os genes causadores influenciam os mecanismos gerais
de regulação imunológica e da autotolerância. Outros loci estão associados a doenças
específicas, sugerindo que podem afetar os danos a órgãos ou linfócitos autorreativos
de especificidades particulares. Cada polimorfismo genético faz uma pequena
contribuição para o desenvolvimento de doenças autoimunes específicas e também é
encontrado em indivíduos saudáveis, mas com menor frequência do que em pacientes
com as doenças. Postula-se eu em pacientes individuais, tais polimorfismos são co-
herdados e são conjuntamente responsáveis pelo desenvolvimento da doença.

Infecções virais e bacterianas também podem contribuir para o desenvolvimento e


exarcebação da autoimunidade. Em paciente e em alguns modelos animais, o início
de doenças autoimunes é frequentemente associado ou precedido por infecções. Além
disso, o desenvolvimento da autoimunidade está relacionado a vários fatores, como por
exemplo, alterações anatômicas de tecido, causadas por inflamação, lesão ou trauma
isquêmico, que levam à exposição dos antígenos próprios que normalmente ficam
ocultos do sistema imunológico. As influências hormonais também desempenham um
papel em algumas doenças autoimunes.

Agora que você já entendeu o que é tolerância e autoimunidade, desenvolva uma


síntese desses assuntos. Para isso utilize como apoio, o artigo disponível no link
http://www.medicina.ufba.br/imuno/roteiros_imuno/tolerncia_e_autoimunidade.pdf.

Mais um tópico foi esclarecido, nos restam agora poucos assuntos para o término da
unidade. Dando continuidade ao que já foi visto, ainda falando de imunidade, vamos
seguir para o nosso próximo assunto, que trata da rejeição de transplantes.

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Rejeição de transplantes

Antes de iniciarmos esse novo tópico, é interessante que você consulte as páginas
119 a 123 do livro texto. A abordagem desse tema se dá devido ao seu envolvimento
com as reações imunes discutidas anteriormente.

Uma importante barreira para os transplantes é o processo de rejeição, no qual o


sistema imune do receptor reconhece o enxerto como estranho e o ataca. Apesar da
proficiência em transplantes de pele, rins, coração, pulmões, fígado, baço, medula
óssea e órgãos endócrinos estar bem dominada, ela não é inteiramente capaz de
conferir a aceitação permanente no receptor de enxertos.

Os antígenos responsáveis por essa rejeição em humanos são aqueles do sistema


HLA. Por serem os genes HLA altamente polimórficos, dois indivíduos quaisquer
irão expressar algumas proteínas HLA diferentes. Assim todo indivíduo reconhece
algumas moléculas HLA de outro indivíduo como estranhas e irá reagir contra elas.
Essa reação é a base da rejeição em enxertos transplantados de um indivíduo para
outro. A rejeição é um processo complexo, no qual tanto a imunidade inata quanto
anticorpos circulantes exercem uma função.

Para entender mais profundamente como funciona o processo de rejeição aos


transplantes, acesse o link: http://sereduc.com/d49qGe e anote as informações mais
importantes.

Imunidade tumoral e imunoterapia

Na unidade II, nós estudamos que os tumores constituem um grande problema mundial
e que nos últimos anos diversas pesquisas têm sido desenvolvidas sobre a biologia
do câncer. Aqui, nós vamos verificar que o potencial do tratamento de pacientes com
câncer mediante abordagens imunológicas parece promissor para os imunologistas e
biólogos do câncer. A principal razão para o interesse em uma abordagem imunológica
é que a maioria das terapias atuais contra o câncer se baseia em medicamentos que
destroem células que se dividem ou bloqueiam a divisão celular, e esses tratamentos
tem efeitos graves nas células normais em proliferação. Como consequência, o
tratamento contra cânceres causa morbidade e mortalidade significativas.

Respostas imunológicas a tumores podem ser específicas para antígenos tumorais


e não irão causar danos a maioria das células normais. Assim, a imunoterapia tem o
potencial de ser o tratamento mais específico para tumores que pode ser elaborado. A
imunoterapia de tumores visa potencializar a fraca resposta imunológica aos tumores,
ou administrar anticorpos ou células T específicos para tumor, uma forma de imunidade
passiva.

Você deve entender que várias características dos antígenos tumorais e das respostas
imunológicas aos tumores são fundamentais para a compreensão da imunidade

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tumoral e para o desenvolvimento de estratégias de imunoterapia contra o câncer.
São elas:

• Observações clínicas e experimentos com animais provaram que, apesar


das células tumorais serem derivadas de células do hospedeiro, os tumores
provocam diferentes respostas imunológicas.
• As respostas imunológicas frequentemente falham na prevenção do
crescimento de tumores. Pode haver diversas razões para a imunidade
antitumoral não conseguir erradicar as células transformadas. Primeiro,
as células tumorais derivam de células do hospedeiro e se parecem com
as células normais em muitos aspectos. Muitos tumores espontâneos
provocam imunidade fraca ou mesmo indetectável. Segundo, o crescimento
e disseminação rápidos do tumor podem superar a capacidade do sistema
imunológico de controlar eficazmente um tumor. Terceiro, muitos tumores
têm mecanismos especializados para evadir as respostas imunológicas do
hospedeiro.
• O sistema imunológico pode ser ativado por estímulos externos para destruir
células tumorais e erradicar tumores eficazmente.

Como nós vimos, a imunoterapia vem crescendo exponencialmente, sendo de grande


relevância a sua investigação. Para auxiliar a construção do conhecimento a cerca
do tema em estudo, leia o livro texto da página 123 a 128 e acesse os seguintes
links: http://sereduc.com/LkA61m e http://sereduc.com/WQOf9t. Depois de ler o livro e os
artigos, continue a leitura do guia, estamos chegando ao nosso último assunto.

Sistemas sanguíneos ABO e Rh

Por que estudar os grupos sanguíneos? O primeiro tecido a ser transferido de uma
pessoa a outra foi o sangue. Só isso, justifica estudá-lo, porém, a importância se
dá por diversos outros fatores. Um é sua importância prática para as transfusões, a
obstetrícia, a pediatria e a medicina legal. O estudo dos grupos sanguíneos contribuiu
para o desenvolvimento da genética básica: eles são excelentes modelos de algumas
formas de transmissão hereditária; a existência de alelos múltiplos foi demonstrada
inicialmente para os genes do sistema ABO; a genética de populações usa largamente
os grupos sanguíneos para estudar efeitos de uma série de processos evolutivos, tais
como a oscilação e o fluxo gênico, etc.

Antes de se conhecer a herança e a determinação de grupos sanguíneos, um grande


número de pessoas morria durante ou logo após as transfusões de sangue. Investigando
a causa dos acidentes, o patologista austríaco Karl Landsteiner verificou que eles eram
devidos a uma aglomeração dos glóbulos vermelhos doados que formavam grumos
no interior dos vasos sanguíneos do receptor, e determinavam por vez a sua morte.

Misturando-se, em lâminas, hemácias com soros provenientes de várias pessoas se


aglutinavam, enquanto que em outros não ocorria aglutinação. Por que isso ocorria?

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O que explica a aglutinação do sangue? Para respondermos a essas perguntas,
fecharemos a nossa unidade estudando as páginas 128 a 133 do nosso livro texto.
Como forma de auxiliar a aprendizagem, indico a visualização dos seguintes vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=REMsxGEQ0OA (aproximadamente 15 minutos)
e https://www.youtube.com/watch?v=ZOJHT043s48 (aproximadamente 12 minutos).
Recomendo também, a leitura do seguinte artigo: http://sereduc.com/ptoal3.

Caro aluno, mais uma unidade chega ao fim, estamos próximos de concluir a disciplina.
Neste guia de estudo nós aprendemos importantes conceitos de imunogenética. Vimos
os tipos de imunidade, identificamos as causas imunológicas de rejeição a tumores,
observamos as diferentes abordagens de imunoterapia, estudamos o sistema ABO
e o sistema Rh, etc. Além de aprendermos os princípios básicos da imunogenética,
compreendemos a sua importância para o perfeito desenvolvimento da Genética
Humana.

Como você já pôde observar, cada unidade tem a sua peculiaridade e traz temas
importantíssimos para o seu crescimento profissional. Nessa perspectiva, é de
fundamental importância a leitura diária dos assuntos, assim como a visualização
dos vídeos e dos artigos indicados. Além disso, é essencial a realização das
atividades propostas para a fixação do conhecimento. Diante do exposto, lhe faço um
questionamento:

E você, já respondeu as atividades desta unidade? Se sim, parabéns, você está


progredindo academicamente. Se não, não perca tempo, se debruce na resolução
dos exercícios. E lembre-se: Não deixe as atividades acumular!

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