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Oi gente, tudo bem? Passando aqui pra dar dois recadinhos importantes para
vocês sobre o resumo de Imuno:
1. Este resumo foi, em grande parte, baseado nas aulas que os
professores ministraram pra gente, e com algumas complementações do
Abbas. Desta forma, se os professores decidirem trocar entre si quem
dá cada aula, pode ser que eles não fiquem totalmente fiéis às aulas,
ok? Mas olhando os materiais mais antigos dos drives, parece que eles
não têm muito costume de inverter.
2. POR FAVOR, NÃO LEVEM ESSE RESUMO PARA AS AULAS! Assim
que tive a primeira aula com uma professora X, ela passou grande
tempo da aula com uma conversa sobre como era errado usar materiais
de turmas antigas e etc etc etc, disse até sobre confiscar o material.
Então por favor, evitem levar os resumos para as aulas (principalmente
porque a gente sabe que os professores da disciplina conversam entre
si).
Resposta imune:
As respostas imunes inata e adaptativa são componentes de um sistema
integrado de defesa do hospedeiro no qual numerosas células e moléculas
funcionam cooperativamente. Os mecanismos da imunidade inata fornecem
defesa inicial efetiva contra infecções. Entretanto, muitos microrganismos
patogênicos evoluíram para resistir à imunidade inata, e sua eliminação
necessita dos mecanismos mais potentes da imunidade adaptativa,
componente este que passa a ser predominante após o efeito da imunidade inata
não ser mais suficiente.
Tipos de linfócitos:
• Linfócito B: é produzido e maturado na medula óssea. Combate
predominantemente patógenos extracelulares. Para a sua ativação, o
antígeno livre se liga diretamente na molécula de anticorpo presente em
sua membrana (não há necessidade de apresentação de antígeno)
o Os linfócitos B secretam os anticorpos, que são capazes de:
▪ Inibir (bloquear) a capacidade tóxica da toxina (se este
antígeno ligado for uma toxina)
▪ Ampliar a capacidade de fagocitose do macrófago e do
neutrófilo (processo chamado de opsonização).
▪ Ativar o sistema complemento (causando a lise celular do
invasor pela abertura de poros na membrana da célula).
o Linfócito T helper
▪ A ativação do linfócito T helper faz com que ele produza
hormônios (citocinas), as quais possuem diversas funções,
como:
• Estimular a proliferação do linfócito T citotóxico e do
próprio T helper
• Estimular a proliferação do linfócito B e a secreção de
anticorpos
• Aumentar a atividade fagocitária dos macrófagos e
neutrófilos.
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o Linfócito T citotóxico
▪ O linfócito T citotóxico provoca a apoptose nas células que
apresentam o complexo de histocompatibilidade classe 1
(qualquer célula própria do nosso corpo possui este
complexo) e apresentam algum sinal de anormalidade
(como células tumorais). Ao chegar na célula alvo, o linfócito
Tc libera 2 proteínas: perforina e granzima. A perforina faz
um pequeno orifício na célula, pelo qual a granzima entra e
cliva moléculas inativas, ativando-as e causando a ativação
de um conjunto de mediadores dentro da célula que
degradam todo o DNA, RNA e proteínas (principalmente as
do citoesqueleto) da célula alvo. Com esta degradação, a
célula murcha e começa a se dobrar sobre si mesma,
formando vários pequenos sáculos. As células ao lado desta
que morreu pinocitam os pequenos sáculos (chamados de
corpos apoptóticos) da que morreu, os quais contém os
nutrientes resultantes de sua lise (proteínas, ácidos
nucleicos, açúcares, etc), incorporando-os ao seu
funcionamento
o Linfocito T regulador
▪ Linfócito T regulador regula a resposta imune: dificulta o
aumento da proliferação celular, diminui a apresentação de
antígenos e a produção de anticorpos, diminui a atividade
do T citotóxico, etc. Este tipo de célula ajuda a retornar ao
nível basal após o cumprimento da resposta imune. Além
disso, evita que se inicie uma resposta imune contra as
substancias próprias do organismo.
▪ É uma linhagem do linfócito T helper.
o Natural killer:
▪ Os natural killers são um tipo de linfócito que age como
mecanismo inato de defesa. Destroem por apoptose a célula
alvo que foi reconhecida como não natural da pessoa. Pode
estar relacionada com o Tc para atuar contra vírus (se o
vírus não consegue ser eliminado pelo Tcitotóxico).
▪ Também possui perforina e granzima, mas ao invés de
procurar ver se há algo estranho na célula (como o T
citotóxico faz antes de agir), ela não considera isso e é mais
agressiva na eliminação. Todavia, a sua ação é barrada se
há presente na membrana da célula a molécula de
histocompatibilidade de classe 1.
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Sistema complemento
O sistema complemento consiste em um conjunto de proteínas que fazem
parte da imunidade inata e que são ativadas em forma de cascata – uma única
molécula ativa várias, que ativam varias: deste modo, este sistema possui
grande ampliação (o produto final é muito grande). O produto final da ativação
do sistema complemento é a formação de um polímero de proteínas na
superfície da célula ou da bactéria, o qual cria um orifício de 9 nanômetros. Este
orifício possibilita que água e íons passem por esta abertura livremente. Esta
grande passagem de água leva à lise celular (que é uma das funções do
sistema complemento).
CÉLULA NAIVE: A célula naive é uma célula inexperiente (que ainda não
possuiu oportunidade de ser acionada), mas que já foi maturada. Quando ela
entra em contato com um antígeno, ela é ativada e entra então em um processo
de mitose (expansão clonal). No final da multiplicação, muitas se tornam células
efetoras (a definição se iriam ser Tc, Th ou outra já estava sinalizada em seus
marcadores de membrana antes de ocorrer a ativação). Algumas das células
ativadas, todavia, não se tornam efetoras: ficam dormentes e são chamadas de
células de memória (pode haver um linfócito T citotóxico de memória, um linfócito
T auxiliar de memória, etc). Estas células garantem uma reserva para que,
quando o organismo entrar em contato com o mesmo antígeno novamente, a
resposta seja mais rápida.
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HEMATOPOESE
Os componentes do sistema imune são provenientes da medula óssea,
que realiza hematopoese. A stem cell/célula pluripotente/célula tronco dá
origem à grande maioria das células do sistema imune. Ela se diferencia em
progenitores linfoides (dão origem a linfócitos T e B) ou em progenitores
mieloides (que dão origem às outras células da resposta imune e da corrente
sanguínea: neutrófilos, eosinófilos, plaquetas, eritrócitos, monócitos, basófilos,
etc.).
BASÓFILOS E MASTÓCITOS
Atuam na resposta a alérgenos. Constituem menos de 0,2% dos
leucócitos, sendo os mastócitos teciduais e os basófilos circulantes. Degranulam
frente a alérgenos. Possuem em seu interior grânulos contendo histaminas (o
que os relaciona às respostas alérgicas). Possuem receptores de IgE e IgG.
EOSINÓFILOS
Agem em infecções por helmintos principalmente. Seus grânulos são
corados por eosina e correspondem de 2 a 5% dos leucócitos sanguíneos. Sua
ação se dá por meio da liberação de uma proteína básica que age sobre infecção
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CÉLULAS DENDRITICAS
Estas células são as principais realizadoras da apresentação de
antígenos aos linfócitos.
Há 2 tipos de células dendríticas: as que atuam e apresentam antígenos
aos linfócitos T (maior número) e as que atuam apresentando ao linfócito B
(chamadas de células dendríticas foliculares, pois ficam junto dos linfócitos B nos
folículos de órgãos linfóides secundários).
As células dendríticas expressam receptores que reconhecem
microrganismos. Nesse reconhecimento, há estruturas n a membrana do
antígeno que caracterizam um grupo especifico de patógeno: são o padrão
molecular associado ao patógeno (PAMP). O PAMP pode ser um
polissacarídeo específico (como na superfície bacteriana, que sinaliza para a
célula a presença de uma bactéria em específico), uma proteína específica
(como na superfície viral, que sinaliza para a célula a presença de um vírus em
específico), dentre outras substâncias. Normalmente, os PAMP de vírus são
proteínas virais e os de bactérias são polissacarídeos.
Não apenas as células dendríticas, mas também os neutrófilos,
macrófagos e outras células da imunidade inata reconhecem os PAMP.
Após reconhecerem os PAMP dos microrganismos, as células dendríticas
fagocitam o microrganismo que continha o PAMP, processam-no e o apresentam
para o linfócito na forma de epítopo. O epítopo é uma substância menor e muito
mais específica do que o PAMP (ex.: enquanto o PAMP identifica um mesmo
grupo de microrganismos (ex.: todos os Plasmodium possuem os mesmos
PAMP), o epítopo é algo que individualiza as espécies em si dentro do grupo
(ex.: O Plasmodium vivax possui epítopos diferentes dos do Plasmodium
falciparum). Em alguns casos, um mesmo epítopo é característico de duas
espécies dentro do mesmo grupo; e em diversas vezes um patógeno é comporto
por vários epítopos diferentes).
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As células linfóides não são capazes de serem ativadas pelos PAMP, mas
sim pelos epítopos. Desta forma, se algum antígeno livre ligar um epítopo de sua
estrutura à célula B, ele é capaz de ativá-la (já que ela não possui necessidade
de apresentação de antígeno).
célula dendrítica, que pode originar a célula dendrítica clássica (que apresenta
antígeno proteico ao linfócito T) ou à célula dendrítica plasmocitóide (que
consistem em respondedores celulares precoces às infecções virais).
LINFÓCITOS
O linfócito é uma célula que possui um citoplasma escasso e um núcleo
circular grande. Morfologicamente, não é possível diferenciar se é T ou B por
microscopia ótica.
Os linfócitos T e B expressam receptores específicos para o
reconhecimento de determinantes antigêncios (epítopos).
A partir de um precursor linfóide comum da medula óssea, há uma
linhagem pré-linfócito T e uma pré-linfócito B. Na própria medula óssea, os
pré-linfócitos B se transformam em linfócitos B em condição de serem ativados
(já que a origem e maturação destes linfócitos ocorrem lá). O linfócito T se origina
lá, mas é maturado apenas no timo (devido a isso, crianças com Síndrome de
DiGeorge – apresentam aplasia tímica congênita – não possuem linfócitos T
maduros).
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LINFÓCITOS B
Produz imunoglobulinas que ficam em sua membrana (geralmente IgD e
IgM) e que só são liberadas (IgM) se o linfócito B é ativado.
Não dependem do processo de apresentação de antígenos.
Após ativação (1), se diferenciam em plasmócitos (que secretam muitos
anticorpos) e em linfócitos B de memória (2):
LINFÓCITOS T
São divididos em:
• Linfócitos T auxiliares: Possuem alta capacidade de produzir diferentes
citocinas, que determinam o que as outras células do sistema imune vão
fazer. Ex.: produzem citocinas que se ligam a macrófagos para que eles
produzam ainda mais radicais livres para destruir um microrganismo
(aumenta a atividade microbicida do macrófago). Recebe estímulos para
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saber qual citocina produzir e saber conduzir resposta imune para uma
célula ou outra. Possui marcador CD4+. Comparação do maestro: é ele
que dita o que o resto das células farão
DIFERENCIAÇÃO DE LINFÓCITOS
Como não é possível realizar a diferenciação dos linfócitos pela
microscopia óptica, para realizar a diferenciação entre eles observa-se os
diferentes marcadores fenotípicos expressados em suas membranas. Em todos
os linfócitos T, está presente o receptor CD3.
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LINFÓCITOS NAIVES
Linfócitos T e B maduros presentes em órgãos linfoides periféricos e que
nunca encontraram antígeno são chamados de NAIVES. A tendência seria eles
morrerem em 1 a 3 meses se não reconhecerem os antígenos. Todavia, isto não
ocorre, pois a sobrevivência deles é mantida devido a sinais gerados pelos
próprios receptores de antígenos que estes linfócitos possuem e pelas citocin as.
O receptor de antígeno gera o sinal mesmo sem a presenta do antígeno, para
assim garantir a manutenção da célula.
As citocinas que estão envolvidas nesse processo são: IL-7 (promove a
sobrevida e talvez baixo nível de ciclagem das células T naive) e o Fator ativador
de células B (BAFF), o qual é necessário para a sobrevida da B naive.
Os linfócitos B naive possuem proteínas de superfície envolvidas em
dirigir sua migração para os linfonodos. É importante que estas células B naive
fiquem nos linfonodos, visto que frente a um processo infeccioso há uma intensa
resposta imune nos linfonodos mais próximos à infecção.
Um linfócito T naive já possui marcadores que o diferenciam em citotóxico,
helper ou qualquer outro. Estes marcadores são adquiridos no processo de
maturação no timo. O T (seja ele h ou c) ativado (quando se transforma em efetor
ou de memória) passa a expressar outras moléculas de membrana.
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LINFÓCITOS EFETORES
Linfócitos T CD4+ efetores expressam outros marcadores (que foram
adicionados na sua passagem de naive para efetor), como o CD40 (CD154), e
também secretam citocinas.
Linfócitos T CD8+ (Tc) contém grânulos citoplasmáticos que destroem
células: promovem a citotoxicidade de uma célula infectada.
Ambas CD4+ e CD8+ efetores expressam CD25.
LINFÓCITOS DE MEMÓRIA
MEDULA ÓSSEA
É o local de geração da maioria das células sanguíneas maduras
circulantes (hematopoese), incluindo hemácias, granulócitos e monócitos, e é o
local dos eventos iniciais na maturação da célula B. Quan do a medula óssea é
danificada ou quando ocorre uma demanda excepcional para a produção de
novas células sanguíneas ocorre, o fígado e o baço frequentemente se tornam
locais de hematopoese extramedular.
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TIMO
É o local de maturação dos linfócitos T. É dividido em córtex (mais escuro
e periférico) e medula (mais central e mais clara). Timócitos é o nome que os
linfócitos recebem ao se localizar no timo. Eles entram pelo córtex (devido a isto
esta região é densamente povoada com os linfócitos) e chegam até a medula
tímica, sendo que neste trajeto vão sendo amadurecidos (adiciona-se
marcadores na membrana deles). Desta forma, os linfócitos presentes na
medula tímica são em sua maioria linfócitos T maduros naive. Estes linfócitos
saem do timo, indo para outros órgãos (baço e linfonodos).
As células epiteliais corticais tímicas produzem IL-7, que é necessária na
fase inicial da maturação da célula T.
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LINFONODOS
Linfonodo infartado (ínguas) são percebidos quando há infecções
próximas ao local. Eles ficam infartados pois está havendo uma resposta imune
no local.
OBS: FDCs: células dendríticas foliculares. São células dendríticas nos folículos
linfoides dos órgãos linfóides secundários. Elas apresentam os antígenos para
as células B nestes órgãos.
BAÇO
O baço é um órgão altamente vascularizado. Possui como principal
função a resposta imune, mas também realiza a retirada de células
senescentes. O baço é dividido anatomicamente em polpa vermelha
(composta por sinusoides vasculares cheios de sangue) e polpa branca (rica
em linfócitos).
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TIPAGEM DE CÉLULAS
Medusa – 86
Galerinha, eu tive essa matéria no primeiro PSE durante a pandemia, e não sei
dizer se ela seria um resumo de prática ou não (já que no PSE1 não tinha essa
distinção entre prática e teórica). Se não for, só ignora essa mensagem – e se
for, toma ai um resuminho de prática também :P
Primeiramente, deve-se diferenciar dois conceitos:
• Tipagem sanguínea: é o exame realizado para saber o tipo sanguíneo
da pessoa (A, O, B, AB; Rh + ou -)
• Tipagem de células: é o exame que usa recursos para identificar a
célula e falar sobre o seu grau de ativação.
o É utilizada para saber qual tipo celular é aquele, em que fase de
ativação ele está, quais marcadores ele apresenta, se está
sintetizando alguma proteína ou não, se está em apoptose ou não,
etc.
o É importante realizar a tipagem de células em pacientes HIV: saber
como a relação CD4:CD8 está. É importante que esta relação
sempre esteja em 2:1 ou 3:1. Se começar a diminuir esta
proporção, é sinal de que o paciente está começando a entrar em
imunodeficiência.
o A tipagem também é importante em tumores (por exemplo, em
tumores de mama é necessário saber se os tumores são HER 2
(um receptor de estrógeno) positivo ou negativo, visto que isto
implica na conduta clínica e em que terapia vai ser utilizada (ex.:
que tipo de QT será realizada, quantas doses), além de obter
informações sobre o prognóstico daquele tumor
A tipagem pode ser feita nos mais diversos tecidos do organismo, como no
sangue periférico e em tecidos provenientes de biópsias.
1. CITOMETRIA DE FLUXO
Fluorescência
O aparelho consegue detectar características físicas e químicas de
partículas ou células em suspensão desde que elas tenham de 0,2 a 150
micrometros. Consegue fazer análise individual de cada célula em suspensão,
desde que elas possuam um mínimo de resíduos.
Utiliza substâncias fluorescentes chamadas de fluorocromos, que
podem ser usadas conjugadas ou não com anticorpos. Os anticorpos
monoclonais com os marcadores fluorescentes são vendidos comercialmente.
Exemplos:
Aplicações gerais
Por meio da citometria de fluxo é possível:
Sorting
Consiste em um sistema no interior do citômetro que separa as células
específicas (isola-as) de acordo com seu tipo celular. Assim qu e a célula
selecionada (a que quer ser isolada) passa pelo laser, ele coloca cada célula em
uma gota de fluido e acrescenta uma carga elétrica na gota, para que ela seja
atraída por placas de alta voltagem para cair em um lugar separado (tubo
coletor). O que não for de interesse, o aparelho não acrescenta a carga elétrica
e deixa passar reto para ser descartado.
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Conclusão
A citometria de fluxo nos permite realizar uma avaliação individual,
quantitativa e qualitativa de partículas ou células, seja para a investigação
científica em pesquisas ou para auxiliar o diagnóstico clínico.
Para o pesquisador, o conhecimento dos princípios básicos da citometria
de fluxo facilita a elaboração de experimentos, preparação da amostra a ser
utilizada e melhor compreensão dos resultados obtidos.
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2. IMUNOHISTOQUÍMICA
É uma técnica que utiliza anticorpos marcados com enzimas, e não com
fluorocromos. A imunohistoquimica é a técnica em que se aplica anticorpos
específicos anti-antígenos presentes nos cortes histológicos, em associação
com métodos de detecção altamente sensíveis para a revelação da ligação
antígeno-anticorpo. Desta forma, identifica-se a expressão de marcadores
teciduais simultaneamente à avaliação morfológica.
Ex.: corte de uma biópsia de CA de mama em que se usou a imunohistoquímica
para identificar a presença de HER-2, um receptor de estrógeno. Se não fica
marcado (corado em marrom), não há a expressão de HER-2; se tiver corado, é
porque expressa. A presença ou não deste receptor nas células implica no tipo
de QT a ser adotada pelo médico.
Preparação da lâmina
O tecido proveniente da biópsia é colocado na parafina (emblocado) e é
levado ao micrótomo para que sejam feitos cortes histológicos de
aproximadamente 5 micrômetros. O corte é então fixado em uma lâmina e
realiza-se a técnica de imunohistoquimica.
Métodos da imunohistóquimica
Há 2 métodos:
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a. Método direto
• Coloca-se o anticorpo anti-“substância em foco” (ex.:anti-HER2)
em contato com a amostra da lâmina. O anticorpo então se liga ao
seu antígeno (ex.: receptor HER2), e o que não ficou ligado é tirado
na lavagem. O anticorpo não possui um fluorocromo, mas sim uma
enzima. Após a lavagem, coloca-se o substrato da enzima que
estava presente no anticorpo - de forma que ocorra a reação, o
substrato seja clivado e com isso dê origem à cor diferenciadora
vista na lâmina.
b. Método indireto
• Coloca-se na lâmina um anticorpo primário (que não possui
enzima), o qual vai se ligar na substância em foco (como o receptor
HER-2) e depois um anticorpo secundário (o qual possui a enzima),
o qual vai se ligar no anticorpo primário. Em seguida, coloca-se o
substrato, que vai ser clivado e liberar a cor diferenciadora nos
locais em que os anticorpos se aderiram.
• O anticorpo primário é chamado de “primeira camada”, enquanto o
anticorpo secundário é chamado de “segunda camada”
• É um teste mais sensível devido à amplificação do sinal.
• Esta técnica está normalmente associada ao complexo avidina-
biotina. Ao se colocar o substrato, chamado de estreptavidina, ele
é clivado pelo complexo avidina-biotina e dá origem à cor
castanha-avermelhada.
• É o método mais utilizado
• Pode marcar as mais diversas coisas (linfócitos Th, linfócitos Tc,
células NK, etc.)
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Exemplos:
RESUMINDO ENTÃO:
1- Células residentes (como macrófagos) presentes no próprio tecido
reconhecem os antígenos (“micróbios”), fagocitando-os
2- Estas células passam então a produzir quimiocinas e citocinas (como TNF
e IL-1).
3- As citocinas (como TNF e IL-1) provocam a expressão de moléculas de
adesão na membrana do endotélio (selectinas e integrinas). Já há
constantemente a presença de um receptor de quimiocinas na parede do
endotélio (mesmo sem a presença de quimiocinas)
4- Enquanto isso, células vão chegando à região por meio da corrente
sanguínea. Ao se observar um leucócito qualquer que se aproxima,
localiza-se nele contra-ligantes das moléculas de adesão (mas que
possuem baixa afinidade com as moléculas de adesão do endotélio – e
devido a isso não conseguem prendê-lo na parede do endotélio) e um
sítio para a ligação de quimiocinas
5- A partir do momento em que se liga a quimiocina (liberada pelo macrófago
na etapa 2) no neutrófilo e no receptor de quimiocina endotelial, as
moléculas de adesão do neutrófilo passam então a expressar uma alta
afinidade com as do endotélio
6- O seu avanço vai sendo progressivamente barrado e ele vai sendo fixado
na membrana endotelial
7- Após estar localizado na membrana endotelial, o neutrófilo realiza
diapedese, de modo a ir agir no tecido infectado. Este neutrófilo passará
também a secretar quimiocinas para realizar essa sinalização para as
demais células
a. Dentre as funções que as células podem ter ao chegar no tecido,
estão: produzir mais fibrina ou fibronectina para reparar a matriz
extracelular e destruir agentes infecciosos no tecido.
IMUNIDADE INATA
Medusa - 86
EPITÉLIOS
Tanto o epitélio presente na pele quanto o presente nas mucosas
funcionam como componentes da imunidade inata. As mucosas mais
importantes na defesa do organismo são as das vias aéreas, trato digestório e
trato genito-urinário. Dentre os mecanismos de defesa dos epitélios, estão:
CÉLULAS
São produzidas na medula óssea, e a sua produção é mediada frente à
presença de interleucinas e CSFs (fatores de estimulação de colônia). Há uma
linhagem mielóide (que dá origem a hemácias, plaquetas e leucócitos) e uma
linhagem linfoide (que dá origem a linfócitos).
Os neutrófilos e os monócitos possuem alta capacidade de realizar
fagocitose. São as células “de primeira linha”, visto que são normalmente as
primeiras a defenderem o organismo frente a uma infecção. São capazes de
fagocitar um antígeno e eliminá-lo por mecanismos independentes de resposta
imune adaptativa: reconhecem pelos seus próprios receptores e destroem a
partir de seus mecanismos microbicidas.
As células da imunidade inata estão por todo o corpo, mas estão em
menor quantidade no SNC. Estão localizadas principalmente no sangue (para
facilitar o transporte). As que deixam a circulação sanguínea, voltam para ela
posteriormente por meio da corrente linfática.
Neutrófilo
Macrófagos e Monócitos
Células dendríticas
Células NK
• Possuem núcleo arredondado e há alguns grânulos em seu citoplasma,
os quais contém granzima e perforina. Estas substâncias são
responsáveis pela atividade citotóxica da célula NK
• Diferente do macrófago e do neutrófilo, as células NK só se relacionam
com as nossas próprias células (e não com células externas). Elas
agem quando são identificadas nas nossas células situações de
deterioração, presença de vírus intracelular ou quando são células
tumorais.
• As células NK precisam receber um sinal para não atacar as células
próprias do organismo quando elas estão saudáveis, e este sinal é a
presença de moléculas de histocompatibilidade 1 na célula-alvo.
diapedese se o fluxo sanguíneo possuir pressão menor (como nas vênulas pós-
capilares).
Dentre os principais sinais de inflamação, estão:
• Edema – causado pelo extravasamento de liquido e células para o
interstício
• Calor – devido à vasodilatação e ao maior aporte de sangue chegando ao
local
• Rubor – ocorre devido à vasodilatação
A vasodilatação é um processo importante para a reação inflamatória, visto
que ela permite que as células possam aderir à parede dos vasos e assim
realizar a diapedese para agir no foco da infecção.
Receptores intra-celulares:
• TLR – há um outro conjunto dos TLR que é intracelular. Se ligam a DNA
ou RNA viral
• NLR – Receptor do tipo NOD
• RLR – Receptor pra RNA que se liga a aparelhos de bactérias
(principalmente as que possuem muitos lipídios e se localizam no interior
da célula, como as bactérias da tuberculose e da hanseníase) e a RNA
viral
Todos estes receptores estão expressos em todos os neutrófilos, de modo
que cada neutrófilo pode reconhecer diversos patógenos. A resposta imune
provocada pelos neutrófilos é específica no ligante, mas é abrangente no
mecanismo de ação.
TLR
Há uma grande variedade de tipos deste receptor. Normalmente, eles
atuam em duplas (2 a 2), podendo formar homodímeros (ex: TLR2 com TLR2)
ou heterodimeros (ex: TLR1 com TLR2).
Todas essas moléculas possuem características comuns: possuem no
lado do citoplasma regiões denominadas “domínio TIR”. Estas regiões realizam
a ativação da célula: quando algo se liga na parte externa (TLR), a parte interna
(TIR) sinaliza para o interior da célula a presença de um agente estranho no lado
de fora.
Esta ativação da célula se dá pela ativação de proteínas intracelulares,
que sinalizam para a transcrição de DNA e RNAm, causando então a síntese
proteica e também modificando o citoesqueleto da célula (para que assim ela
emita pseudopodes naquela direção e depois faça a fagocitose do antígeno que
ativou o TLR).
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Uma das vias passa pelo MyD88, que é responsável por ativar o NF-kB (fator
nuclear kappa B). Quando este último é ativado, ele migra em direção ao núcleo
da célula, ligando-se em determinadas regiões do DNA (que já são típicas de
ligação de acolhimento para esta molécula), e induz o início do processo de
transcrição.
Dentre os genes transcritos, estão os responsáveis pela produção do TNF
(fator de necrose tumoral) das IL-1, IL-2 e de quimiocinas (como a PCL2 e
PXCL8): todas moléculas relacionadas ao processo inflamatório.
Esta via é a que é normalmente ativada por bactérias, e possui como
resultado uma inflamação intensa (pois há IL-1, IL-6, etc).
Para que todo este processo de sinalização vá acontecendo, vai ocorrendo a
ativação das moléculas por meio de fosforilação.
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2. Via do TRIF
OBS: Tudo o que falei acima foi o Virmondes que falou em linhas gerais, mas o
Abbas traz várias exceções. Alguns TLRs conseguem ativar apenas uma
proteína adaptadora (Myd88 ou TRIF), outros conseguem ativar ambas; alguns
apesar de ativarem apenas uma delas, podem ativar o produto final normalmente
associado à outra via. Exemplos (descritos na imagem acima):
Inflamassoma
Além do que descrito anteriormente, os TLR permitem a ativação do
inflamassoma. O inflamassoma consiste em um complexo molecular grande
no interior da célula que, quando ativado, culmina na ativação da caspase-1,
uma enzima intracelular que realiza a digestão de proteínas em pontos muito
específicos.
Uma das atividades do inflamassoma é transformar a pró-interleucina 1-
beta em interleucina 1-beta, que é uma das principais proteínas da inflamação
aguda. A interleucina 1-beta foi descrita como um peptideo pirógeno
endógeno. Ela possui aproximadamente 140 aminoacidos e é a principal
molécula que o nosso organismo produz que é responsável por entrar no SNC
(no hipotálamo) e causar febre. Está muito relacionada a inflamações causadas
por bactérias. A IL-1 beta possui tanto efeito local, visto que aumenta as
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BARREIRAS EPITELIAIS
ponto de sua extensão. Estas endonucleases são capazes de digerir DNA e RNA
(portanto, vão digerir tanto o DNA da célula quanto o DNA/RNA de um vírus
que a esteja infectando, por exemplo): é um excelente mecanismo para eliminar
células infectadas do organismo.
Como faz para a célula passar a expressar menos HLA (e assim conseguir que o
receptor de ativação seja predominante pois o de inibição não achou seu ligante)?
Alguns vírus, como os vírus da caxumba e do sarampo, causam a diminuição das
moléculas de HLA nas células que eles infectam. O HLA-A, B ou C são as
moléculas que apresentem os fragmentos do vírus ao linfócito T citotóxico. O
linfócito T citotóxico possui a mesma função do que a célula NK de secretar
granzima e perforina. Deste modo, se estes vírus (caxumba e sarampo) deixarem
de expressar os HLA para que não sejam mortos pelo linfócito Tc, futuramente a
ausência destes receptores fará com que eles sejam mortos pelas células NK.
Dúvidas:
Quem ativa o inflamassoma é o TLR ou o NLR? No Abbas fala que é NLR.
Sobre a caquexia: no Abbas a explicação está diferente, dizendo que ela ocorre
devido à supressão do apetite que o TNF causa e também pela redução na
produção de lipoproteína lipase (também pelo TNF), causando fadiga às células
musculares e adiposas.
71
ANTÍGENOS E ANTICORPOS
Medusa - 86
ANTÍGENOS
Conceitos a serem definidos:
• Antígeno: é qualquer substância que pode ser especificamente ligada a
uma molécula de anticorpo ou a um receptor de célula T. Nem sempre
são capazes de induzir resposta imune no organismo.
• Hapteno: é uma molécula que não é imunogênica, mas que pode reagir
com anticorpos específicos (é um antígeno, mas não um imunógeno).
Todavia, se for associada com uma proteína carreadora, se torna um
imunógeno. Esta proteína carreadora é endógena ao nosso organismo.
Determinantes da imunogenicidade
As características das moléculas que determinam a imunogenicidade
são as seguintes:
Imunidade e idade
A imunidade é inferior à ótima nos extremos da vida (em recém-
nascidos e em idosos). Os anticorpos que os bebês recebem da mãe são IgGs
(placenta) e IgAs (colostro). A produção de ambas as classes é iniciada logo
após o nascimento. Respondem bem a antígenos proteicos, mas mal a
antígenos polissacarídeos. Em idosos, a imunidade geralmente declina: a
resposta de IgG é reduzida, há menor quantidade de linfócitos T e há redução
da resposta de hipersensibilidade tardia.
ANTICORPOS
Os anticorpos são sintetizados somente pelos linfócitos B. Existem em
duas formas:
• Anticorpos ligados à membrana na superfície dos linfócitos B: funcionam
como receptores de antígenos. Quando estão nesta forma, estão na “fase
cognitiva”
• Anticorpos secretados: neutralizam as toxinas, previnem a entrada e
espalhamento dos patógenos e eliminam os microrganismos (realizam
função efetora). Quando estão nesta forma, estão na “fase efetora”
CLASSES DE IMUNOGLOBULINAS
Há 5 classes de anticorpos: IgA, IgM, IgG, IgD e IgE. Os anticorpos são
subdivididos nessas 5 classes com base em suas cadeias pesadas (α, μ, γ, δ
e ε). IgA e IgG podem ser divididos em subclasses.
As células B imaturas produzem simultaneamente IgM e IgD, que agem
como receptores de membrana para os antígenos. Quando as células B são
ativadas pelos antígenos estranhos, elas produzem nos momentos iniciais após
a ativação apenas IgM, e depois podem passar por um processo chamado de
troca de isotipo, no qual o tipo de região CH (e assim a classe de anticorpo)
produzido pela célula B muda, mas as regiões V e a especificidade não. Essa
troca ocorre em função das citocinas que o linfócito Th libera. Esta troca de
isotipo ocorre após aproximadamente 2-3 semanas do início da infecção.
Ex.: Pode mudar de IgM para IgG, para IgA, etc.
IgG:
Cada molécula de IgG consiste em duas cadeias L e duas cadeias H
unidas por pontes dissulfeto (H2L2). Uma vez que ela possui dois sítios idênticos
de ligação ao antígeno, é referida como divalente. Ela possui 4 subclasses
(IgG1-IgG4). Sua cadeia pesada é formada por 4 domínios.
81
A IgG pode estar tanto na sua forma secretada quanto na sua forma de
membrana. Se estiver na sua forma secretada, ele é menor do que o de
membrana (a parte da cauda fica reduzida)
A IgG é a imunoglobulina que apresenta maior meia-vida no nosso
organismo (até mais do que 3 semanas, enquanto as demais classes de
anticorpos vivem por 5-6 dias). Sua meia-vida pode chegar a até 2 meses. Isto
acontece pois a IgG é interiorizada por células endoteliais, e, já no interior da
célula, se liga a um receptor FcRn no endossoma. A sua ligação com este
receptor faz com que ela não seja destruída no interior do endossoma, sendo
reciclada e re-exposta na membrana ligada ao FcRn, para posteriormente ser
liberada na corrente sanguínea. Se ela não se ligasse ao FcRn, no momento em
que os endossomas se fundem com os lisossomas, ela seria degradada
82
IgA
É a principal imunoglobulina encontrada em secreções, como colostro,
saliva, lágrima e secreções dos tratos respiratório, intestinal e genital. Ela impede
a ligação de micro-organismos, como bactérias e vírus, às membranas
mucosas. Ela é secretada na forma de dímero, unidas por uma cadeia J. Sua
cadeia pesada é formada por 4 domínios.
IgM
IgM é a principal imunoglobulina produzida nos estágios iniciais da
resposta primária. Ela é encontrada como um monômero na superfície de
praticamente todas as células B, onde atua como um receptor de ligação ao
antígeno. No soro, é encontrada como um pentâmero composto por 5 unidades
H2L2 e uma molécula de cadeia J que realiza a união. Pode ser encontrado na
forma de hexâmetro também, mas não é muito comum.
IgD
Esta imunoglobulina é encontrada apenas na superfície de células B,
atuando como um receptor de antígenos. Ela não desempenha funções efetoras
conhecidas (já que não é secretada). Sua cadeia pesada possui 4 domínios.
84
IgE
A IgE possui importância médica por duas razões:
1. Medeia a hipersensibilidade imediata (anafilática)
a. Quando os sítios de ligação ao antígeno de IgEs adjacentes são
ligados de forma cruzada por alérgenos, vários mediadores são
liberados pelas células, promovendo a ocorrência de reações de
hipersensibilidade imediata (anafilática)
2. Participa das defesas do hospedeiro contra certos parasitas, como os
helmintos
a. A IgE específica para proteínas de vermes liga-se a receptores dos
eosinófilos, desencadeando a resposta de citotoxicidade celular
dependente de anticorpos. Os eosinófilos liberam enzimas sobre
os vermes, destruindo-os
A região Fc da IgE liga-se à superfície de mastócitos, basófilos e
eosinóflos. A IgE ligada atua como receptor de antígeno (alérgeno). Assim que
a IgE é secretada, ela se liga a receptores para a região Fc de IgE destas células
mediadoras, ficando com uma baixa concentração no sangue. Como muito
pouco da IgE fica livre circulante no sangue (0.05 mg/ml), a realização de exame
para detecção de IgE em paciente com reação alérgica não deve ser feita por
meio da detecção da concentração plasmática, e sim por meio de uma técnica
para observar as que estão ligadas às células mediadoras.
Em pacientes com reações alérgicas, além de haver um leve aumento da
concentração plasmática, as IgEs podem ser detectadas em secreções externas.
A IgE não fixa complemento e não atravessa a placenta. Ela possui 5
domínios na cadeia pesada.
grupo (ex.: todas as imunoglobulinas que possuem cadeia gama e com uma
determinada sequência de aminoácidos na região constante, são IgG1)
• IgM e IgG são de isotipos diferentes pois há diferenças nas suas regiões
constantes (são de cadeias pesadas diferentes)
• IgG1 e IgG2 são de isotipos diferentes pois há diferenças nas suas
regiões constantes (apesar de serem de tipos de cadeia pesadas iguais
(gama), a sequência de aminoácidos em determinadas regiões da parte
constante é diferente)
• As cadeias kappa e lambda consistem em isotipos distintos (suas regiões
constantes também diferem antigenicamente)
COMPLEXOS ANTÍGENO-ANTICORPO
O número de antígenos com os quais os anticorpos se ligam classificam-
nos em monovalentes, bivalentes ou polivalentes. A forma monovalente
ocorre quando a quantidade de antígenos no local é pequena para a quantidade
de anticorpos, de modo que “sobrem” alguns sítios de ligação dos anticorpos.
OBSERVAÇÕES:
Nomenclatura dos receptores:
• Receptor da porção Fc da cadeia gama: FcγR. Presente em fagócitos
• Receptor da porção Fc da cadeia épsilon: FcεR. Presente em mastócitos
e outras células
As diferentes células do sistema imune apresentam diferentes tipos de
receptores (ex.: FcγR1, FcγR2, etc.), os quais possuem diferentes afinidades de
ligação com a região Fc dos anticorpos (algu ns ligam-se a estas regiões mais
fortemente do que outros)
Estrutura do MHC
O MHC possui 2 classes, chamadas de classe 1 e de classe 2. Ambos os
tipos de molécula apresentam uma estrutura em fenda, na qual se liga o
antígeno que será apresentado ao linfócito T.
A molécula de classe 1 é formada por apenas uma cadeia, a qual
atravessa a membrana da célula. A molécula de classe 2 é formada por 2
cadeias, e ambas atravessam a membrana celular.
DESCOBERTA DO MHC
O termo “histocompatibilidade” que estas moléculas apresentam em seu
nome está relacionado à sua descoberta. O termo está relacionado à
compatibilidade entre tecidos.
Este assunto começou a ser estudado devido à necessidade de se realizar
enxertos de pele nos pilotos durante os combates da 2ª GM para a recuperação
de queimaduras na pele. Os enxertos eram sempre provenientes de outros
indivíduos, e inevitavelmente ocorria a rejeição dos tecidos quando enxertados.
92
MECANISMO
O receptor do linfócito T (TCR) não é capaz de se ligar ao antígeno em
sua forma natural como o anticorpo faz (primeira linha do desenho). Ele precisa
que esse antígeno tenha sido processado por uma APC e que um pedaço dele
(um peptídeo) seja colocado na fenda do MHC para que então seja
apresentado ao linfócito T , de modo que ele seja capaz de reagir. A primeira
resposta do linfócito T frente a isso é a expansão clonal/ proliferação (segunda
linha do desenho).
MHC DE CLASSE 1
O MHC de classe 1 é formado apenas por 1 única cadeia (cadeia alfa).
A β2-microglobulina não faz parte da molécula do MHC – está associada à
cadeia alfa, mas não é codificada pelos genes do MHC.
MHC DE CLASSE 2
Esta molécula é formada por 2 cadeias: uma cadeia alfa e uma cadeia
beta. A cadeia alfa de classe 2 não possui relação alguma com a alfa de classe
1. Tanto a cadeia alfa quanto a cadeia beta atravessam a membrana plasmática
da célula. Não há ligações por ponte dissulfeto intercadeias, apenas
intracadeias (para se delimitar os domínios).
Também forma uma fenda próxima à região aminoterminal da molécula,
a qual fica entre os domínios α1 e β1. Assim como no MHC de classe 1, esta
fenda é o local no qual peptídeos se ligam.
CODIFICAÇÃO DO MHC
Estas distâncias entre os locus são consideradas muito pequenas. Isto faz
com que, na hora de realizar o crossing over, estas informações venham em
bloco: a ocorrência do crossing over precisa de uma certa distância para pegar
determinados genes do pai e determinados da mãe, de modo que genes que
estejam muito próximos dentro do cromossomo dificilmente sejam separados.
expressos. No locus DR, embora a maior variação seja na cadeia beta (317
possibilidades), há uma pequena variação na cadeia alfa (2 possibilidades). No
DB, há 19 possibilidades na cadeia alfa e 89 na cadeia beta; no DQ, há 20
possibilidades de cadeia alfa e 45 de cadeia beta. As combinações das
possibilidades de genes para expressar as cadeias são maiores: se for se
analisar só a região DQ, observa-se que há 20x45 opções de combinações (900)
para expressar a cadeia alfa e beta – e isto se analisando as combinações
possíveis em apenas um cromossomo (materno/paterno). Todavia, pode-se
combinar o gene que codifica a cadeia alfa proveniente do cromossomo materno
com um gene que codifica a cadeia beta proveniente do cromossoma paterno,
causando mais diversidade ainda. O locus mais estudado é o DR beta (pois é o
que apresenta maior diversidade). A cadeia beta, por ser a que possui mais
variações, é a que é avaliada para a realização de transplantes.
Esta grande diversidade dos genes resulta no fato de que MHCs
diferentes podem se associar a peptídeos diferentes. Exemplo: Ao se observar
uma invasão viral, o vírus possui uma proteína bastante imunogênica que se
prolonga a partir dele e se liga a moléculas das células hospedeiras, chamada
de Spike. Um MHC de um indivíduo A consegue se ligar a alguns peptídeos
desta molécula, enquanto um MHC de um indivíduo B se liga a outros peptídeos
da mesma molécula (por serem MHCs geneticamente diferentes, se ligam a
epítopos diferentes). Desta forma, o linfócito T do indivíduo A é capaz de reagir
a determinados pontos de uma proteína que o indivíduo B não consegue, e vice-
versa.
Esta grande diversidade do MHC entre os indivíduos é importante na
manutenção da espécie: com esta grande variedade, dificilmente haverá algum
vírus que não será reconhecido por ao menos algumas pessoas (evitando assim
a extinção da espécie devido a algum patógeno letal).
As regiões polimórficas do MHC ou estão no assoalho (beta-
pragueadas) ou nas laterais da fenda do MHC (alfa-hélice). São essas regiões
polimórficas que são reconhecidas pelo receptor do linfócito T (as das laterais) e
que reconhecem os antígenos (as do assoalho).
DISTRIBUIÇÃO DO MHC
Há determinadas células que são capazes de expressar o MHC de classe
1 e determinadas células que são capazes de expressar o MHC de classe 2. São
elas:
• Células capazes de expressar MHC1: presente em todas as células
nucledas (com exceção das hemácias) e nas plaquetas. Está presente
em todas as células porque qualquer uma delas pode ser infectada por
vírus ou se transformar em uma célula tumoral, de modo que o linfócito
Tc vai precisar reconhecê-la para induzir apoptose se necessário.
o A hemácia parasitada (ex.: por Plasmodium falciparum) não
consegue ser identificada e destruída pelo linfócito Tc devido à
ausência de MHC de classe 1 nela.
(O que será dito agora está contido no processo explicado acima, sendo
mostrado com mais detalhes)
A ligação da cadeia alfa à β2-microglobulina e ao peptídeo exige a ação
de um conjunto de moléculas no interior da célula, chamadas conjuntamente de
chaperonas (5.1). O interior do RER (que é onde as moléculas de MHC são
montadas) está cheio de peptídeos que adentraram pelo TAP. As chaperonas
estruturam o MHC1, e a partir do momento em que o peptídeo se encaixa na
fenda, as chaperonas podem se soltar do MHC (já que agora o peptídeo será
o responsável por manter a conformação do MHC).
Os vários peptídeos que chegam pelo TAP podem tentar se ligar à fenda
do MHC1. Alguns se ligam, mas formam ligações instáveis que depois se soltam,
de modo que apenas alguns deles formam ligações realmente estáveis. Apenas
os que se ligam com bastante afinidade vão permitir a adequação final da forma
do MHC1.
Ao se soltarem da molécula de MHC, as chaperonas permanecem no
RER (para serem utilizadas para montar outras moléculas de MHC), enquanto o
MHC1 migra do RER para o complexo de Golgi (5.2), para em seguida ser
transportado em forma de vesícula exocística para a membrana celular.
proteolíticas, a cadeia invariante vai ser em parte digerida, mas vai permanecer
no interior da fenda do MHC2 o peptídeo da cadeia invariante (chamado de
CLIP).
Se esta molécula de classe 2 tiver a oportunidade de trocar o CLIP por
algum peptídeo que foi endocitado pela célula (presente no fagolisossomo), ela
conseguirá fazer isso sem se desmontar (devido à fenda ser mais aberta e à
ligação do peptídeo ser mais frouxa) (7). Uma molécula chamada HLA-DM ajuda
na troca do CLIP por outro peptídeo. Ela fica dentro da vesícula junto com o
MHC2.
Após ser trocado o peptídeo, a vesícula com o MHC se dirige para a
membrana (8), onde ele é exposto e é possível realizar a apresentação para o
linfócito T auxiliar (9), que vai produzir citocinas para ajudar a regular a
resposta imune (tanto promove-la em alguns momentos, quanto freá-la em
outros).
MOLÉCULAS DE ADESÃO
Há moléculas de adesão que são fundamentais para que ocorra a adesão
célula a célula nos linfócitos T e no linfócito B. É necessário que esta adesão
ocorra corretamente para que as interações entre as moléculas do linfócito e da
116
OBS: como mostrado no esquema acima, o CD3 não se liga a nenhuma outra
molécula. Ele apenas é ativado devido à ligação do TCR ao peptídeo e ao MHC
(o TCR se liga apenas a MHCs próprios do indivíduo – fenômeno de restrição ao
próprio).
LINFÓCITO T
Quando o TCR se liga ao peptídeo e ao MHC (1), há a alteração nas
suas estruturas terciária e quaternária. Esta alteração causa a alteração da
estrutura das moléculas do complexo CD3, que passam a expor os ITAMs (2)
Quando as moléculas de CD4 ou CD8 se ligam ao MHC2 ou ao MHC1
(respectivamente) (3), elas passam a expor uma proteína chamada de LcK. Esta
proteína passa então a fosforilar os ITAMs que acabaram de ser expostos (4). A
ligação do CD4 ou do CD8 ocorre concomitantemente à ligação do TCR (são
eventos simultâneos e coordernados).
117
LINFÓCITOS B
O mecanismo que ocorre nos linfócitos B é semelhante ao que ocorre nos
linfócitos T. Nos linfócitos B há a presença dos BCR (que são as imunoglobulinas
de membrana), que realizam o reconhecimento dos antígenos, e de Igβ e Igα,
moléculas que fazem o papel do CD3, mas nos linfócitos B.
Há também alguns receptores de imunoglobulinas que podem ajudar no
processo de ativação (que serão estudados posteriormente).
OBS: Ela disse que não precisa decorar o nome de cada cinase, proteína
acopladora, etc. como foi descrito no linfócito T, mas sim ter uma visão geral
como descrito aqui no linfócito B.
Além desta descrita acima, há outra maneira de se ativar os linfócitos
B. Neste caso, não há a necessidade de duas imunoglobulinas de membrana
para se ativar o linfócito, mas há a necessidade de outra molécula presente na
superfície dos linfócitos B chamada de CR2.
O CR2 (receptor de complemento do tipo 2) se liga à molécula C3d
proveniente do sistema complemento. A molécula de C3d é um fragmento
proveniente da ativação do C3 (assim como o C3a e o C3b), que se liga à
superfície de microrganismos.
120
OBS.: Seleção negativa: quer dizer que o linfócito não se ligou ao MHC próprio
ou se ligou ao antígeno próprio, sendo eliminado por apoptose. Seleção
positiva: quer dizer que o linfócito se ligou ao MHC próprio ou não se ligou ao
antígeno próprio, prosseguindo para a próxima fase de maturação em cada um
dos casos.
RECOMBINAÇÃO E REARRANJO
O número tão grande de repertório de linfócitos ocorre devido à
recombinação de genes de seus receptores. No esquema abaixo, estão
representados esquemas de como são formadas as cadeias pesadas e leves
das imunoglobulinas (A) e como são formadas as cadeias α e β do TCR (B).
Imunoglubilina:
• Na cadeia pesada:
o A região variável é resultado da codficação de 3 genes diferentes:
V, D e J. Nesta região, ocorre a recombinação de genes: há vários
genes V, vários genes D e vários genes J. Todavia, quando o
linfócito está passando de pró-linfócito para pré-linfócito, ele tem
que escolher uma combinação que inclua um gene de cada tipo
(ex.: V2, D17 e J4; ou V35, D22 e J2, etc.)
o A região constante é resultado da codificação de apenas 1 gene.
o Desta forma, são necessários 4 genes para codificar a cadeia
pesada de uma imunoglobuina
• Na cadeia leve:
127
TCR
• Na cadeia beta:
o A região variavel é resultado da codificação de 3 genes diferentes:
V, D e J. A recombinação de genes nesta região ocorre da mesma
forma da imunoglobulina.
o A região constante é resultado da codificação de 1 gene apenas
o Desta forma, são necessários 4 genes para codificar a cadeia beta
de um TCR
• Na cadeia alfa:
o A região variável é resultado da codificação de 2 genes diferentes:
V e J. Tembém ocorre a recombinação de genes
o A região constante é resultado da codificação de apenas 1 gene
o Desta forma, são necessários 3 genes para codificar a cadeia alfa
de um TCR
Deste modo, conclui-se que, para formar um TCR, é necessária a
codificação de 7 genes diferentes (4 da cadeia beta + 3 da cadeia alfa).
É a recombinação dos genes da região variável (tanto do TCR quanto da
imunoglobulina) que gera um repertório tão grande de linfócitos.
COMBINAÇÃO E REARRANJO
LINFÓCITOS B
RAG E TdT são enzimas que ficam no nucleo dos linfocitos e são
responsáveis por auxiliar na recombinação. A RAG é expressa quando o linfócito
vai de pró-linfócito para pré-linfócito, e de pré-linfócito para imaturo. A TdT é
expressa quando o linfócito vai de pró-linfócito para pré-linfócito.
D e J são eliminados: a RAG e a TdT cortam o DNA dos outros genes e unem
o D2 e o J1 (por exemplo) (e por isso o “DNA da linhagem germinativa” é menor
do que o “DNA arranjado” no esquema).
Depois que o D e o J se unem, eles fazem a junção com o gene V que
será escolhido (um entre os 100), como por exemplo o V1 – formando assim uma
combinação de V1, D2 e J1 (2). Os demais genes V que não foram utilizados
também são descartados.
Após rearranjar o DNA para a cadeia pesada, o linfócito realiza o
transcrito primário: contém a região variável (já definidia), a constante μ e a
constante δ (3). Após isso, o transcrito primário se transforma em RNAm, que
contém a região variável e a constante μ (para assim codificar uma IgM) (4).
É realizada a tradução deste RNAm e é formada a cadeia pesada da IgM
(5). Após um tempo, outro transcrito primário será capaz de gerar a IgD (ao invés
de se passar para o RNAm a constante μ, passa a δ).
132
A RAB e a TdT podem por vezes não cortar exatamente onde se inícia ou
se termina um gene, podendo cortar um nucleotideo a mais ou a menos por
acidente na hora de tirar os genes que não foram selecionados. Isso faz com
que a variabilidade gerada seja ainda maior.
Na experiência de Susumo Tonegawa, O DNA ia mudando de tamanho
devido à recombinação da região variável (iam sendo deletados os genes que
codificam a região e que não foram escolhidos por aquele linfócito em
específico). Mesmo após a recombinação, o linfócito ainda continua possuindo
no DNA os genes para as cadeias pesadas diferentes (e é o que possibilita o
133
Para que esta ligação ocorra, o DNA realiza a formação de uma alça
(looping) para que o heptâmero da região V se ligue ao seu complementar
na região J. Quando estas estruturas se ligam, elas acabam por aproximar o
gene da cadeia V que vinha antes do heptâmero e o gene da cadeia J que vinha
depois.
Além de fazer um looping, o DNA também pode realizar uma outra
conformação chamada de inversão para que os heptâmeros complementares
se liguem e os genes V e J fiquem lado a lado.
LINFÓCITO T
Os genes relativos à cadeia beta do TCR estão localizados no
cromossomo 7, os das cadeias alfa ou delta estão no 14 e o da cadeia gama
no 7.
136
ATIVAÇÃO DE LINFÓCITOS T
Medusa - 86
Ativação do linfócito T
Dentro do linfonodo, há uma fase em que o linfócito T realiza o
reconhecimento do antígeno. Depois, ele é ativado, realiza expansão clonal, se
diferencia em linfócito T efetor ou linfócito T de memória e depois vai realizar a
sua função efetora.
140
RECONHECIMENTO DO ANTÍGENO
A célula dendrítica pode ou não expressar as moléculas co-estimulatórias
que auxiliam no processo de ativação do linfócito T. O que define se ela vai
expressar ou não estas moléculas é se ela reconheceu algum micro-organismo
estranho ou não. O linfócito T só consegue ser ativado se as moléculas co-
estimulatórias estiverem presentes – caso contrário, ele fica em estado de
anergia (não responsivo, sem se proliferar e sem secretar nada).
Se as células dendríticas não reconhecerem nenhum micro-organismo,
elas ficam em um estado de repouso, no qual elas não apresentam as moléculas
co-estimulatórias em sua membrana. As APCs em repouso normalmente
apresentam algum antígeno próprio na fenda do MHC (visto que esta fenda
nunca está vazia). Devido a essa ausência das moléculas co-estimulatórias,
ao se apresentar o antígeno presente no MHC para o TCR, o linfócito T não é
ativado, ficando em estado de anergia.
Se a APC reconhecer algum micro-organismo, são desencadeados sinais
intracelulares em seu interior. Estes sinais são responsáveis por ativar genes
responsáveis por codificar moléculas envolvidas na resposta inflamatória e no
estado anti-viral. A resposta inflamatória é marcada pela produção de citocinas
(ex.: TNF-alfa, IL-1, IL-6) e pela expressão de moléculas co-estimulatórias.
Portanto, ao reconhecer um PAMP de um micro-organismo, a APC é ativada.
Ao ser ativada, ela degrada o micro-organismo e o apresenta via CHP, além de
também começar a sintetizar as moléculas co-estimulatórias e a produzir
citocinas (ex.: IL-12). Estas moléculas co-estimulatórias produzidas vão se ligar
a uma outra molécula presente na membrana do linfócito T, fazendo com que
141
ATIVAÇÃO DO LINFÓCITO T
O TCR é composto por uma cadeia α, uma cadeia βe está associado a
moléculas de CD3 (que auxiliam na transdução de sinal). O primeiro sinal para
a ativação do linfócito é sempre proveniente do TCR, que se liga ao antígeno e
ao MHC. O segundo sinal para ativação da célula é proveniente do CD28 (um
ligante de molécula co-estimulatória, que está presente na membrana do
linfócito), que vai se ligar ao B7 (B7-1 ou B7-2, moléculas co-estimulatórias
142
Molécula de CD-40
As APCs apresentam em sua membrana uma molécula chamada de CD-
40. Ao se iniciar o processo de ativação do linfócito, ele passa a sintetizar um
ligante para essa molécula de CD40 (chamado de CD40L). Quando o CD40L se
liga ao CD40 presente na membrana da APC, a APC recebe um estímulo para
passar a sintetizar ainda mais citocinas e moléculas co-estimulatórias
(principalmente B7), para assim conseguir aumentar ainda mais a resposta
imune que está ocorrendo. Desta forma, a molécula de CD40 fun ciona como
uma estratégia para se amplificar os mecanismos para a ativação de mais
143
Receptor de IL-2
A IL-2 age de forma autóloga (sobre a própria célula que a sintetizou). O
linfócito T naive possui receptores para IL-2, os quais são formados por uma
cadeia β e por uma cadeia γC. Este receptor, neste formato, possui uma
afinidade relativamente baixa pela IL-2.
À medida que o linfócito T recebe os 2 sinais de ativação, ele começa a
sintetizar uma outra cadeia para se juntar às pré-existentes: a cadeia α. Ao se
ligar às outras duas cadeias, a cadeia α aumenta a afinidade do receptor pela IL-
145
Transdução de sinal
Para que ocorra o processo de transdução do sinal, é necessário que uma
série de moléculas do linfócito reconheça moléculas da membrana da APC. O
TCR reconhece o antígeno e o CHP. Ao lado do TCR, há ou uma molécula de
CD4 ou uma molécula de CD8 (dependendo se o linfócito T é auxiliar ou
citotóxico), e ambas se ligam à molécula de CHP.
O TCR está sempre relacionado a um complexo chamado de CD3. O
processo de ligação do CD4/CD8 ao seu ligante faz com que as moléculas do
complexo CD3 sejam fosforiladas. A fosforilação dessas moléculas permite o
acoplamento de uma outra molécula, chamada de ZAP-70. Este complexo
acaba por fosforilar outras proteínas. Estas fosforilações geram
intermediários bioquímicos (os quais fazem parte de cascatas intracelulares
de ativação). Estes intermediários bioquímicos induzem o aumento de cálcio
intracelular, aumento de DAG e uma alteração das moléculas de Ras e Rac
(transformando-as em RasGTP e RacGTP).
O aumento de cálcio intracelular ativa algumas enzimas, como a
calcineurina. O diacilglicerol (DAG) aumenta a proteína C cinase. O RasGTP
146
TIPOS DE LINFÓCITOS Th
Os linfócitos Th produzem citocinas muito diferentes. Os linfócitos Th
podem se diferenciar em Th1, Th2, Th17, entre outros. Cada tipo de linfócito Th
147
Cooperação Th com Tc
O linfócito Th ativado produz citocinas para o linfócito Tc consiga se
diferenciar. Além disso, outra forma de o Th auxiliar na diferenciação e
proliferação do Tc é produzindo o CD40 ligante para ativar ainda mais a célula
152
ATIVAÇÃO DO MACRÓFAGO
O macrófago é ativado quando o CD40 ligante (CD40L) e uma molécula
de IFN-γ se ligam à sua membrana. O CD40L está presente na membrana de
um linfócito T que já foi ativado, e se liga ao CD40 do macrófago (que já fagocitou
um micro-organismo). Ao mesmo tempo, o IFN-γ se liga a um receptor para IFN-
γ presente na superfície do macrófago.
Após a sua ativação, os macrófagos têm a capacidade de:
• Produzir ROS, óxido nítrico e enzimas lisossomais para destruir os
micro-organismos no fagolisossomo
• Aumentar a secreção de citocinas (TNF, IL-1, IL-12) e de quimiocinas,
que são importantes para recrutar leucócitos para o tecido. A IL-12 é
importante para que ocorra a diferenciação dos linfócitos Th0 em Th1.
• Aumentar a expressão de moléculas co-estimulatórias (B7-1 e B7-2) e
de moléculas de CHP presentes na membrana.
Conclui-se desta forma que o linfócito Th ativado potencializa ainda mais
a capacidade do macrófago de destruir o micro-organismo e de ativar outros
clones de linfócitos T.
160
TIPOS DE MACRÓFAGO
Existem dois tipos de macrófagos:
• Macrófagos M1 – classicamente ativados
• Macrófagos M2 – alternativamente ativados
Se no organismo do indivíduo os linfócitos estiverem produzindo IFN-γ, o
receptor TLR do monócito reconhece o IFN-γ e se torna um macrófago M1, que
é o macrófago classicamente ativado. Este macrófago produz ROS, óxido nítrico,
enzimas lisossomais, mais IL-1, IL-12 e IL-23 e aumenta a resposta inflamatória.
Se o monócito tiver contato com IL-13 ou IL-4, ele se diferencia em
macrófago M2. O macrófago M2 secreta:
• IL-10 e TGF-β (sendo que estas duas citocinas possuem efeitos anti-
inflamatórios, agindo inibindo tanto leucócitos quanto linfócitos T ativados)
• Poliaminas, prolinas e TGF-β (moléculas necessárias para a cicatrização
e fibrose).
161
A APC sabe qual citocina secretar e em qual clone deve fazer com que
linfócito Th se diferencie por meio do reconhecimento do PAMP do patógeno.
Para diferenciar o linfócito em Th1, ela produz IL-12; para diferenciar em Th2,
produz IL-4. Os PAMP se ligam a determinado tipo de TLR das APCs
(existem 9 tipos) – a ligação dos PAMP a TLRs específicos faz com que sejam
ativadas vias de sinalização específicas para se produzir determinadas
citocinas.
Resposta secundária
A resposta secundária ocorre quando o indivíduo entra novamente em
contato com um mesmo antígeno. Com a segunda infecção, ocorre a ativação
direta dos linfócitos B de memória, e não dos linfócitos B naive. A ativação
direta dos linfócitos B de memória faz com que a resposta imune se desenvolva
de maneira mais rápida, de modo que rapidamente ocorra uma expansão clonal
das células B e passe a ocorrer uma maior secreção de anticorpos (se
comparada com a quantidade secretada na resposta primária).
A principal imunoglobulina secretada na resposta secundária é a IgG.
Após esta segunda infecção ser controlada, ocorre a morte celular de
grande parte dos plasmócitos, para que assim a homeostasia seja estabelecida
novamente. Por fim, as células que permanecem no organismo são os
plasmócitos de vida longa na medula óssea e as células B de memória.
A resposta secundária é induzida principalmente por antígenos
proteicos, enquanto a resposta primária é induzida por todos os
imunógenos. Isto ocorre pois apenas antígenos proteicos são capazes de
gerar a memória imunológica.
ANTÍGENOS
O tipo e a quantidade de anticorpos produzidos variam de acordo com o
tipo de antígeno que está sendo reconhecido.
As respostas de anticorpos a antígenos proteicos requerem que o
antígeno seja internalizado por células B específicas, processado e seus
peptídeos sejam apresentados aos linfócitos T auxiliares, que por sua vez ativam
as células B. Devido a este envolvimento das células Th, os antígenos proteicos
são capazes de gerar memória imunológica. Por esta razão, as proteínas são
classificadas com antígenos T-dependentes. A troca de isotipo e a maturação da
afinidade são caracteristicamente observadas em respostas imunes humorais T-
dependentes a antígenos proteicos, visto que estes dois processos resultam da
estimulação de células B por células T auxiliares.
As respostas de anticorpos a antígenos multivalentes não proteicos
com determinantes repetitivos, tais como polissacarídeos, alguns lipídios e
ácidos nucleicos, não requerem a participação de linfócitos T auxiliares antígeno-
específicos. Devido a isso, antígenos multivalentes (moléculas de antígeno que
contêm vários epítopos idênticos) são denominados antígenos T independentes.
As respostas a estes antígenos são induzidas pela ligação destes antígenos ao
receptor da célula B (BCR), e podem ser incrementadas por sinais de outros
receptores sobre as células B. Os antígenos multivalentes não proteicos não são
capazes de gerar memória imunológica.
Antígenos polissacarídicos multivalen tes não proteicos promovem uma
resolução imediata do processo infeccioso por meio dos processos de
169
ANTÍGENOS T-INDEPENDENTES
Muitos antígenos não proteicos, tais como polissacarídeos e lipídios,
estimulam a produção de anticorpos na ausência de células T auxiliares. Devido
a isso, esses antígenos e as respostas que eles provocam são denominas T-
175
RESPOSTA TI-1
Os antígenos T-independentes podem gerar respostas TI-1 ou TI-2,
dependendo da sua capacidade de ativar células B imaturas.
Antígenos que geram a ativação TI-1 possuem a capacidade de ativar
células B imaturas e maduras, enquanto os antígenos que geram a ativação TI-
2 não são capazes de ativar as imaturas. Os antígenos que ativam as células B
de forma TI-1 são LPS e o DNA bacteriano.
Há 2 cenários possíveis de ativação da resposta TI-1:
• Presença de grande quantidade antígenos e grande quantidade
de anticorpos: a presença de uma grande quantidade de antígenos e
de uma grande quantidade de anticorpos ativa células B de diferentes
especificidades, de modo que há uma ativação policlonal (diferentes
tipos de clones de linfócitos B são ativados). Consequentemente, os
anticorpos liberados proporcionam uma capacidade ampla de
reconhecimento, a qual não é tão específica (visto que uma maior
gama de micro-organismos pode ser reconhecida).
• Presença de baixa quantidade de antígenos e grande quantidade
de anticorpos: nesta situação, não é ativada uma resposta policlonal.
Como há uma pequena disponibilidade de epítopos, apenas um clone
de linfócitos B é ativado, de modo que começa a haver a liberação de
um anticorpo em específico.
176
RESPOSTA TI-2
A resposta TI-2 é ocasionada por antígenos que não conseguem ativar
células B imaturas, de modo que ativam apenas células B maduras.
A resposta TI-2 ocorre com antígenos repetitivos (como
polissacarídeos) que são capazes de ativar células B maduras por meio do
processo de ligação cruzada.
As células dendríticas também podem auxiliar na ativação dos linfócitos B
por este processo. Ao reconhecer os antígenos repetidos, as células
dendríticas secretam uma molécula chamada de BAFF, a qual é capaz de se
ligar a receptores da célula B e intensificar a sua ativação. Com isso, a célula
B se transforma em um plasmócito, que passa a secretar IgM.
177
A resposta TI-2 também é uma resposta muito rápida e que não gera
memória imunológica. Neste processo, é importante que os antígenos sejam
ligados a vários BCRs para que a célula B seja ativada.
ANTÍGENOS T-DEPENDENTES
O processo de reconhecimento e produção de anticorpos pelas células B
que reconhecem antígenos T-dependentes resulta em uma resposta mais
específica.
Para que ocorra o processo de interação entre as células Th e as células
B, é necessário que ambas as células já tenham sido ativadas antes do momento
da interação. Primeiramente, uma célula dendrítica apresenta o antígeno em
específico para o linfócito Th (que está localizado na zona de linfócitos T do
linfonodo), ativando este linfócito Th e promovendo a sua expansão. Ao mesmo
tempo, o linfócito B (que está no interior dos folículos presentes no linfonodo)
reconhece o mesmo antígeno por meio de seu BCR, sendo então ativado.
Durante o processo de ativação da célula B, o antígeno é fagocitado e
processado para ser apresentado junto ao MHC2 para o linfócito Th que foi
ativado pela célula dendrítica. Para que esta apresentação aconteça, os
linfócitos Th e B migram para uma região chamada de centro germinativo (que
se encontra no interior do folículo).
178
IgM, o que faz com que exista sempre uma resposta mais generalista dos
anticorpos e que os processos mediados pelas outras imunoglobulinas não
ocorram.
• Antígenos T-independentes
Como as células B que reconhecem antígenos T-independentes não
recebem sinais provenientes de células Th para realizar a troca de isotipo, não
ocorrem os processos de transcrição de locus e recombinação gênica, de modo
que a imunoglobulina que é sempre secretada é a IgM. A informação da IgM é
apenas transcrita e esta imunoglobulina é então sintetizada e liberada.
• Antígenos T-dependentes
Quando as células B que reconhecem antígenos T-dependentes recebem
sinais provenientes das células Th (como a ligação do CD40L ou a secreção de
citocinas), ocorre a transcrição ao longo do locus. Um sequencial especifico
185
Em uma resposta imune primária, são necessários 7-12 dias para haver
uma concentração de anticorpos mais significativa. Devido a isso, durante a
resposta imune primária, o fenômeno de neutralização ocorrerá de forma eficaz
apenas após este período de tempo. Todavia, na resposta imune secundária,
uma maior concentração de anticorpos é atingida em menos tempo, de modo
que o processo de neutralização ocorre de maneira mais intensa e significativa.
Na ausência de anticorpos específicos para um patógeno, quando uma
célula infectada se rompe, há a liberação de microrganismos que podem infectar
células adjacentes. Na presença de anticorpos específicos para o patógeno,
mesmo havendo o processo de neutralização, alguns microrganismos podem
acabar infectando algumas células. Quando uma destas células infectadas se
rompe e libera os microrganismos contidos em seu interior, a disseminação para
células adjacentes é limitada. Isso ocorre porque os anticorpos presentes são
capazes de neutralizar os microrganismos liberados após o rompimento da
célula, e com isso bloqueiam a invasão da célula adjacente e auxiliam no controle
do processo infeccioso.
189
Neutralização de toxinas
Muitas vezes, não é o próprio agente patogênico que provoca a o quadro
patológico e as alterações no organismo, mas sim um produto que ele é capaz
de produzir – uma toxina. Exemplo disso é o caso do Tétano, no qual todo o
quadro da doença não é provocado pelo Clostridium tetani, mas sim pela toxina
tetânica. Devido a isso, em algumas situações, não se é necessário neutralizar
o microrganismo em si, mas sim a toxina produzida por ele.
Quando ainda não há anticorpos capazes de neu tralizar a toxina, esta
substância se liga a receptores celulares e provoca efeitos patológicos. Se já
houve uma exposição prévia à toxina, frente à nova exposição, o organismo
rapidamente realizará a produção de anticorpos, que se ligarão à toxina e
impedirão que ela se ligue às células (impedindo assim, o seu efeito patológico).
Vacinas
Devido a este mecanismo de a resposta imune secundária rapidamente
produzir anticorpos frente a uma segunda exposição a uma toxina ou a um
microrganismo, há o desenvolvimento de vacinas contra estes agentes
patogênicos. A vacina funciona como a exposição primária ao agente
patogênico, e estimula a criação de células de memória – as quais serão
rapidamente ativadas frente à segunda infecção. Alguns exemplos de vacinas e
de como elas são produzidas são:
190
2. OPSONIZAÇÃO E FAGOCITOSE
A opsonização é um processo de fagocitose mediado pela IgG: quando
esta imunoglobulina se liga à superfície de um microrganismo, um fagócito pode
reconhece-la e fagocitar este patógeno. Isso ocorre pois os fagócitos possuem
receptores para a região Fc de IgG (e não possuem receptores para a região Fc
de outras imunoglobulinas, de modo que a IgG é a única classe que participa do
processo de opsonização). Microrganismos que foram neutralizados por IgG
podem ser opsonizados em seguida (desta forma, duas das funções dos
anticorpos podem estar relacionadas).
A ligação do fagócito ao anticorpo resulta em um aumento da capacidade
microbicida fagócito.
• FcγRI (identificado pelo CD64): Possui alta afinidade de ligação com IgG1
e IgG3. Está muito presente em macrófagos e neutrófilos. Desencadeia o
processo de opsonização. É o receptor com maior afinidade de ligação
à molécula de IgG.
Via clássica
O início da ativação do sistema complemento por meio da via clássica
ocorre com a ligação de um antígeno a um anticorpo (IgG ou IgM). A primeira
proteína a ser ativada no sistema complemento é o complexo C1. O complexo
C1 é composto por 1 proteína C1Q, 2 proteínas C1R e 2 proteínas C1S. Devido
a isso, o complexo proteico C1 é chamado de C1Qr2s2.
VIA ALTERNATIVA
A proteína C3 possui em sua estrutura uma ligação tioéster, a qual é
responsável por fazer com que esta molécula sofra hidrólise espontânea em
nível basal: quando uma molécula de água se liga a uma proteína C3, ocorre
espontaneamente a sua lise em C3a e C3b. Se após esta hidrólise o C3b
circulante se ligar a células próprias, ele será retirado da membrana destas
células para que não ocorra lise reativa. Todavia, se ele se ligar à membrana de
um micro-organismo que contenha LPS ou ácido teicoico, ele causará o início da
via alternativa de ativação do complemento.
Além da proteína C3b, participam também da via alternativa de ativação
do sistema complemente outras 3 proteínas: fator B, fator D e properdina
(totalizando 14 proteínas já citadas que fazem parte do sistema complemento).
Após o C3b se aderir à membrana da célula bacteriana, o fator B se associa a
ele. Em seguida, o fator D converte o fator B, de modo que uma parte menor do
fator B é liberada (Ba) e uma maior do fator B (Bb) fica associada ao C3b,
formando o complexo C3bBb.
O complexo C3bBb perde a sua capacidade de ação minutos após a sua
ativação se ele não sequenciar outras proteínas (é dissociado se isto não
acontece). Se ele for estabilizado pela properdina, este tempo de estabilidade
do complexo é aumentado, de modo que ele é mantido em condições de ativar
uma próxima proteína do sistema complemento. O complexo C3bBb é uma C3
convertase (assim como o C4b2a da via clássica), de modo que é capaz de
ativar várias moléculas C3. Uma das proteínas C3b que foram ativadas por este
complexo se junta ao C3bBb, formando um novo complexo chamado de
C3bBbC3b.
O complexo C3bBbC3b formado é uma C5 convertase (assim como o
C4b2a3b da via clássica), de modo que ele é capaz de clivar proteínas C5 e
originar a formação de proteínas C5a (menores) e de proteínas C5b (maiores).
Após a formação da C5 convertase, todo o processo ocorre da
mesma maneira que na via clássica: a proteína C5b se liga a um novo sítio na
membrana, e a ela se ligam as proteínas C6, C7 e C8, formando o complexo
C5b678. Em seguida, várias proteínas C9 se ligam a este complexo, formando
um poli-C9, que, junto do complexo C5b678, formam o complexo de ataque à
membrana (MAC). A formação do MAC promove a lise osmótica e morte do
patógeno.
202
203
• C3 convertases:
o C4b2s: tanto da via clássica quanto da via das lectinas
o C3bBb: da via alternativa
• C5 convertases:
o C4b2a3b: tanto da via clássica quanto da via das lectinas
o C3bBbC3b: da via alternativa
sistema, de modo a fazer com que ele não seja ativado de forma contínua e
desregulada.
Os 5 pontos de regulação do sistema complemento são:
• Atividade esterásica de C1S: quando a proteína C4b se liga a um novo
sítio da membrana (diferente do sítio no qual se localiza o complexo
C1Qr2s2), a proteína C1S fica livre para agir sobre outra proteína C4
• Atividade da C3 convertase
• Atividade da C5 convertase
• Inserção da C5b e formação do complexo C5b678
• Formação do poli-C9
• Inibidor de C1: age sobre a proteína C1s principalmente (visto que esta
proteína é a proteína do complexo C1Qr2s2 que possui a maior atividade
esterásica), inibindo o começo da via clássica. Pode agir também sobre
C1r, mas em menor grau.
* Na imagem acima, não era para estar escrito C4b2b, e sim C4b2a.
** Não era para ser fator H, mas sim C4BP (visto que não está agindo sobre Bb
para ser Fator H, mas sim sobre C4b)
CONCLUSÃO
212
RESUMINDO AS VIAS:
214
IMUNIDADE REGIONAL
Medusa - 86
MALT
O termo MALT quer dizer “tecidos linfoides associados a mucosa”, e
essa denominação engloba os tecidos linfoides associados a mucosas de todos
os órgãos. Consistem em agregados de tecidos linfoides não encapsulados
encontrados na lâmina própria e na submucosa dos tratos gastrintestinal,
genitourinário e respiratório.
São locais de resposta imune a antígenos que superam a barreira epitelial,
funcionando como a primeira linha de combate aos antígenos que adentram no
organismo por meio das mucosas.
Os tecidos associados a mucosa são diferenciados em:
meio da eliminação nas fezes ou por meio de processos que ocorrem no sistema
respiratório, como espirros ou deglutição deste muco e sua consequente
degradação pelas enzimas digestivas.
pelo Th17) e mastócitos (ativados por IgE). Além disso, o sistema complemento
(ativado pela IgG) também está presente neste processo.
Imunoglobulina A
A IgA pode estar presente na mucosa intestinal, no trato respiratório, no
sistema urogenital e na glândula mamária. Consequentemente, está presente
em diversas secreções, como nas lágrimas, saliva, suco gástrico, secreções
pulmonares, leite, etc.
É a segunda imunoglobulina mais abundante no soro, sendo a principal Ig
presente nas mucosas e envolvida nestes processos locais. Esta imunoglobulina
é resistente à presença de enzimas e à variação de pH.
A IgA não ativa o sistema complemento, de modo que o seu mecanismo
efetor é apenas a neutralização de vírus e bactérias.
ao qual ela se ligou). A ação da IgA nos fluidos internos e nos enterócitos visa
remover os antígenos dos tecidos que foram invadidos, enquanto a sua ação no
lúmen intestinal visa evitar novas invasões (evitando que consigam se aderir à
superfície da mucosa).
BALT e MALT
Da mesma forma como foi apresentado no sistema digestório, ocorre
também a presença de tecido linfóide associado às mucosas nos tecidos
respiratórios. Há a presença das barreiras inatas naturais (como junções de
oclusão entre as células e secreção de muco, defensinas e catalicidinas -
substâncias antimicrobianas). O muco nas vias aéreas captura substâncias
estranhas, incluindo microrganismos, e os cílios movem o muco e os
microrganismos capturados para cima e para fora dos pulmões.
Em um quadro homeostático, há a presença de Th17. Todavia, quando
há um quadro patológico, as células dendríticas reconhecem os antígenos das
vias aéreas, migram para os linfonodos drenantes, apresentam os antígenos
processados às células T imaturas e têm a propensão de orientar a diferenciação
dessas células T para a subpopulação Th2. As células Th2 retornam para o
232
ÓRGÃOS IMUNOPRIVILEGIADOS
Há tecidos que são protegidos do próprio sistema imunológico, visto que,
se ocorrerem intensas respostas imunes e inflamações associadas nestes
órgãos, há um alto potencial de gerar lesões, disfunções orgânicas letais ou
falhas reprodutivas nestes órgãos.
Os órgãos imunoprivilegiados são:
• Testículo: as células reprodutivas podem ser identificadas como não
próprias
• Placenta e feto: o feto pode ser considerado como um agente não próprio
• Cérebro: não se pode correr o risco de eliminar os neurônios por meio da
resposta inflamatória (visto que a multiplicação dos neurônios ocorre em
uma taxa muito baixa).
• Olhos: pelo mesmo motivo do cérebro
mortas as células oculares, há perda de visão. Desta forma, a resposta tem que
ocorrer no linfonodo, e ocorre vinculada aos perfis Th2 e Th17.
POTENCIAL DE AUTORREATIVIDADE
O potencial de autorreatividade existe devido à combinação randômica
de genes realizada na formação dos TCRs e dos BCRs, o que pode levar à
formação de receptores capazes de reconhecer antígenos próprios. Os
receptores da resposta imune adaptativa (TCR e imunoglobulinas de membrana)
possuem alta diversidade de ligações, de modo que cada clone de linfócito é
capaz de reconhecer um antígeno específico. Esta diversidade é gerada devido
ao rearranjo dos genes que codificam os sítios de ligação aos antígenos das
cadeias destes receptores. Como o rearranjo destes genes é randômico, podem
ser gerados clones que reconhecem antígenos próprios do indivíduo (os quais
são chamados de clones autorreativos).
LINFÓCITO T
238
entra no timo pelo córtex superficial tímico. A partir deste momento, esta célula
passa por eventos de rearranjo dos genes relativos à codificação de seus
receptores (formados pela cadeia alfa e pela cadeia beta descritas
anteriormente).
No momento em que a célula é capaz de expressar o TCR, ele é expresso
em baixa concentração na membrana do pró-linfócito. Mesmo com esta baixa
concentração, estas células já são capazes de reconhecer antígenos dentro do
córtex tímico. Neste momento inicial de reconhecimento, o pró-linfócito T é um
“duplo-positivo”, visto que expressa simultaneamente as moléculas de CD4 e
de CD8. Se o seu TCR interagir com algum peptídeo dentro do timo e esta
interação ocorrer por meio de um MHC1, o pró-linfócito manterá a expressão do
CD8 e perderá a expressão da molécula de CD4. Todavia, se ele interagir com
um antígeno por meio de um MHC2, será mantida a expressão do CD4 e será
perdida a expressão do CD8. Se o pró-linfócito não interagir com nenhum
MHC, ele morrerá por falta de estímulos. Este processo é chamado de seleção
positiva. O processo de seleção positiva restringe o reconhecimento do linfócito
a um tipo de MHC. Este processo não interfere nos mecanismos de tolerância e
auto-imunidade.
Sinalização intracelular
O processo de sinalização intracelular desencadeado quando o linfócito
reconhece um antígeno ocorre da mesma maneira tanto para linfócitos T CD8+
quanto para linfócitos T CD4+. Quando o TCR reconhece um antígeno e a
molécula de MHC ao qual ele está ligado, ocorre a ligação de fosfatos aos
resíduos de tirosinas contidos nas moléculas que formam o complexo CD3 e o
complexo CD28. Em seguida, estes fosfatos são transferidos a outras moléculas,
como ZAP70 e SLP76. Estas moléculas, em seguida, desencadeiam sequências
de eventos nos quais ocorrem transferências de fosfatos. Estas sequências
acabam por sinalizar ao núcleo da célula para que ele secrete substâncias anti-
apoptóticas e substâncias ativadoras, que levam à expressão de mais
moléculas de adesão (como CD8/CD4 e LFA-1), maior produção de citocinas
e modificações do citoesqueleto (as quais ocorrem principalmente devido à
entrada de cálcio no interior da célula). Todas estas alterações culminam na
ativação do linfócito frente ao reconhecimento de um antígeno.
241
Reconhecimento do antígeno
Para que ocorra o reconhecimento do antígeno, o TCR não se liga apenas
ao antígeno, mas também à molécula de MHC que está apresentando-o. Há
pontos do antígeno (peptídeo) que estão relacionados à molécula de TCR e
pontos que estão relacionados à molécula de MHC.
A região do TCR que reconhece tanto o antígeno quanto o MHC é a região
variável deste receptor. O antígeno se liga ao assoalho da fenda do TCR e o
MHC se liga às bordas do TCR.
Ativação do linfócito T
Para que ocorra a ativação do linfócito T, é necessária tanto a ligação do
TCR quanto a ligação do CD28 a seus respectivos ligantes. Para que isso ocorra,
o TCR se liga ao peptídeo e ao MHC e o CD28 se liga às moléculas de B7-1 ou
B7-2. Em seguida, ocorre uma série de fosforilações (mediadas por tirosinas
cinases), que vão transferindo os fosfatos presentes nos resíduos de tirosina
localizados no CD3 e no CD28 para outras moléculas. Estas fosforilações
resultam na sobrevivência da célula (devido à produção de BCl-xL e Bcl-2), na
proliferação da célula (devido à produção de citocinas como IL-2 e à expressão
do receptor de IL-2) e na diferenciação em células efetoras e células de
memória (devido a múltiplos mecanismos).
242
B7 e indução da anergia
A molécula B7 (ligante do CD28) é um agente que, se estiver presente em
baixa quantidade ou se não se ligar adequadamente ao CD28, pode levar à
indução da anergia.
A ligação da molécula B7 ao CD28 é um dos estímulos que causa a
ativação intracelular no linfócito T (o outro é a ligação do TCR ao antígeno e ao
MHC). Com a sua ligação, tirosinas cinases são ativadas e ocorre a fosforilação
de moléculas.
Todavia, se a molécula B7 presente na APC se liga a moléculas de CTLA-
4 (outra molécula que está presente no linfócito T), ocorre a não ativação da
célula. Isto ocorre pois, ao invés de o CTLA-4 ativar tirosinas cinases que vão
transferir os fosfatos das moléculas de CD3 e CD28 para outras moléculas, ele
ativa fosfatases responsáveis por retirar os fosfatos destas moléculas
sinalizadoras.
Quando ocorre uma baixa densidade de B7 (há poucas destas
moléculas presentes na membrana da APC), a ligação com CTLA-4 predomina
em relação à ligação com o CD28 (visto que o CTLA-4 possui maior afinidade de
ligação com o B7 do que o CD28), de modo que é causada uma inativação da
célula.
A inativação do linfócito T também pode ocorrer quando a célula T
reguladora está presente e se liga às moléculas de B7 presentes na APC,
fazendo com que o B7 não consiga se ligar ao CD28 e o linfócito não seja
ativado.
247
Células T reguladoras
As células T reguladoras estão presentes no nosso sangue e representam
cerca de 5% dos linfócitos. Elas foram identificadas devido à presença de uma
molécula dentro destas células, a qual é chamada de FoxP3. Esta molécula é
uma molécula sinalizadora e está muito envolvida na produção de IL-10 pelas
células T reguladoras. A molécula de FoxP3 também é importante para a
identificação da célula T regulatória.
A célula T reguladora pode inibir a atividade das células T de duas formas:
• Inibindo a ativação das células T: por meio da modulação da APC
(fazendo com que a APC produza poucas moléculas B7)
• Inibindo as funções das células T efetoras (ou mesmo a morte destas
células por meio de moléculas de superfície de sinalização de morte)
Vias de apoptose
A apoptose é um mecanismo utilizado na tolerância, ocorrendo tanto na
periferia quanto a nível central. A apoptose é um fenômeno normal, que está
geneticamente programado. Há 2 principais vias de sinalização que podem
induzir a apoptose:
• Via intrínseca: é uma via mitocondrial, que conta com a liberação do
citocromo C. O Citocromo C, junto com outras proteínas pró-apoptóticas,
ativa um sistema de enzimas chamadas de caspases, as quais funcionam
em forma de cascata (a primeira a ser ativada é a caspase 9, e a última a
ser ativada é a caspase 2). A caspase 2 causa a ativação de
endonucleases, as quais realizam a degradação do DNA e do RNA e de
todas as proteínas no interior do citoplasma, levando à morte celular.
o Com a morte celular, há a formação de corpos apoptóticos:
pequenos fragmentos da célula que são liberados em vesículas
(formadas a partir da membrana celular da própria célula). Estas
vesículas trazem em seu interior os restos celulares da célula que
entrou em apoptose (proteínas digeridas, ácidos nucleicos,
pequenos fragmentos de DNA e RNA, etc), e elas são em seguida
fagocitadas por células vizinhas, as quais passam a utilizar os
nutrientes que estavam contidos na vesícula em seu próprio
metabolismo (formando assim um sistema de
reciclagem/reaproveitamento).
249
LINFÓCITO B
Esta possibilidade de edição do receptor faz com que não ocorra um gasto
de energia adicional (visto que a célula não será descartada, de modo que o
organismo não tenha gastado energia na sua síntese para que ela fosse
descartada logo em seguida).
Este fenômeno de edição do receptor não ocorre no timo pois a fase de
controle da tolerância é posterior à fase de seleção positiva na qual ocorre a
restrição de ligação ou ao MHC1 ou ao MHC2, e as enzimas capazes de editar
os sítios de ligação do TCR já desapareceram nesta fase.
A ativação das fosfatases por este modelo biológico descrito acima torna
estas enzimas um alvo farmacêutico muito visado no tratamento de doenças
autoimunes (visto que com a presença delas, haverá a inativação de parte das
células do sistema imune). As inibições destas fosfatases podem ser utilizadas
em situações nas quais se objetiva haver uma maior ativação das respostas
imunes.
DOENÇAS AUTOIMUNES
Medusa - 86
Diagnóstico
Recentemente (2019), o American College of Rheumatology estabeleceu
que, para se realizar o diagnóstico do LES, é necessário que seja obtida uma
somatória de 10 pontos relativos à lista de sintomas clínicos e critério
laboratoriais apresentada abaixo. Se a soma destes critérios (juntos os dois
lados) atingir 10 pontos, o indivíduo é diagnosticado com LES.
Fator anti-nuclear
O fator anti-nuclear é um auto-anticorpo que possui atuação periférica,
visto que reconhece o DNA de dupla fita (DNA nativo) e
desoxirribonucleoproteína das nossas células. É característico do LES e da
nefrite lúpica (a manifestação mais grave do lúpus). Aparece em grande
quantidade nos pacientes durante os períodos ativos do lúpus (durante os
períodos de remissão, a sua concentração diminui ou desaparece)
Anticorpo anti-Smith
A visualização dos anticorpos anti-Smith na imunofluorescência permite a
visualização de um padrão nuclear pontilhado (salpicado). A presença de
anticorpos anti-Smith é um fator patognomônico do LES, estando presente em
30% dos pacientes com esta doença. Estes anticorpos ligam-se a
nucleoproteínas (proteínas presentes no núcleo sobre as quais o DNA se
enovela para manter a sua estrutura de cromossomo). Não marcam nucléolo
nem o citoplasma
260
Nefrite lúpica
É a manifestação mais grave do lúpus. Não ocorre devido a reações
autoimunes contra o rim, mas sim devido a uma glomerulonefrite por
deposição de imunocomplexos. Na imagem abaixo, observa-se um glomérulo
que está completamente marcado por anticorpos anti-C3 (marcados por
fluoresceína). Estes anticorpos detectam o C3, que está ligado a um complexo
antígeno-anticorpo formado por um auto-anticorpo e uma molécula de DNA
humana. Devido à afinidade do DNA com a membrana basal glomerular e devido
ao tamanho dos imunocomplexos, estes agregados se depositam sobre a
membrana glomerular, levando a um processo inflamatório. O paciente passa a
apresentar lesões provocadas por este processo inflamatório contínuo, de modo
que pode ser alcançada a perda completa da função renal.
ARTRITE REUMATOIDE
Assim como o LES, também é uma doença autoimune muito comum. É
uma doença inflamatória crônica que acomete principalmente as articulações
dos membros superiores, mas também pode atingir os membros inferiores.
Assim como todas as doenças autoimunes, apresenta início insidioso, de
forma que só é possível que ela seja realmente caracterizada com a progressão
dos sintomas. Acomete principalmente as articulações das mãos, levando a um
processo inflamatório intenso. Se não tratada, pode levar a uma disfunção
irreversível das articulações.
Assim como o LES, também atinge mais mulheres do que homens (em
uma proporção de 3 mulheres afetadas para cada homem afetado). Pode
comprometer outros tecidos também além das articulações.
As características de um paciente com artrite reumatóide são:
• Tabagismo
• Alterações na microbiota intestinal
• Sexo (mais prevalente em mulheres)
• Fatores da dieta (podem provocar alterações na microbiota, e esta última
interfere no controle/desencadeamento de um processo inflamatório).
• Fatores étnicos (são fatores genéticos)
Progressão da doença
No primeiro quadro do desenvolvimento da AR (susceptibilidade para
AR), o paciente é assintomático e não podem ser detectados os sinais de
desenvolvimento da autoimunidade. Todavia, o paciente já possui fatores
genéticos e condições ambientais que permitem o desenvolvimento desta
doença.
Na segunda fase da doença (AR pré-clinica), estão presentes os
primeiros sintomas, que são muito leves e são consequentes do aparecimento
de um processo inflamatório na articulação. O processo inflamatório pode ser
detectado a partir da presença de proteína C reativa (proteína produzida pelo
fígado em processos inflamatórios, sendo a IL-1 e o TNF-alfa os principais
indutores do aumento desta proteína; estas 2 substâncias também estão
aumentadas em um paciente com AR nesta fase).
Na terceira fase (AR inicial), já é encontrado um intenso processo
inflamatório na articulação, a estão presentes anticorpos como fator reumatóide
e anti-peptídeo citrulinado cíclico. Os danos articulares são progressivos. Ocorre
a produção de citocinas que ativam osteoblastos e osteoclastos (sendo que
estes últimos são ativados em maior quantidade), levando à destruição da
articulação e do osso sub-articular.
263
PSORÍASE
Foi classificada como doença autoimune recentemente (antigamente era
classificada como uma doença inflamatória apenas). Responde muito bem aos
tratamentos utilizados nas doenças autoimunes.
É uma doença crônica de longa duração caracterizada por manchas
avermelhadas (pápulas) pruriginosas e escomasas na pele. Pode aparecer
na forma de placas (mais rara). A gravidade é variável, indo desde manchas
pequenas e localizadas até o revestimento total do corpo.
Afeta cerca de 2% da população e acomete igualmente homens e
mulheres.
As lesões apresentam grande prurido e descamação. São normalmente
elevadas. Muitas vezes, elas surgem a partir do cotovelo.
Sinais da lesão
Se for realizada uma biópsia da lesão, é possível se observar:
• Neoformação vascular
• Intenso infiltrado de linfócitos (principalmente Th17, Th1 e Tc)
o O paciente com psoríase apresenta grande quantidade de IFN-γ,
TNF-α e IL-17 nas lesões e na circulação. Estas citocinas possuem
a capacidade de ativar os queratinócitos e promover a sua
proliferação celular.
• Grande quantidade de células dendríticas
Fatores desencadeadores
Diversos fatores ambientais estão relacionados com o aparecimento da
psoríase, como estresse emocional (muito influente), uso de alguns
medicamentos, infecções e traumas mecânicos.
ESCLEROSE MÚLTIPLA
A Esclerose Múltipla é uma doença autoimune que afeta o SNC, sendo
uma doença desmielinizante de etiologia ainda desconhecida. Cursa com
grande reação inflamatória no SNC, a qual danifica a bainha de mielina dos
nervos.
• Dificuldades na fala
• Problemas visuais (quando o lobo occiptal é afetado)
Fatores de risco
Os fatores genéticos associados ao desenvolvimento da EM no ser
humano são:
Aspecto histológico
O tecido nervoso afetado apresenta um grande infiltrado de células, as
quais são essencialmente linfócitos T, linfócitos B e macrófagos. Há também
uma grande vasodilatação e a destruição do tecido cerebral, causada pela
perda de oligodendrócitos e da bainha de mielina das células.
Sintomas
Os principais sintomas destas doenças são:
Febre reumática
Uma das doenças mais comuns que apresentam este processo de
mimetismo molecular é a Febre reumática. Diferentemente da artrite
reumatóide, a febre reumática aparece após uma infecção estreptocócica
(causada normalmente por espécies do gênero Streptococcus que sejam beta-
hemolíticas).
A febre reumática afeta o coração, o cérebro e articulações (formando,
neste último caso, artrites de curta duração). As reações no cérebro e no coração
também podem ser processos inflamatórios curtos com fenômenos bastante
limitados.
Se esta infecção estreptocócica ocorre de maneira repetitiva, a cada nova
reinfecção há a reativação dos anticorpos, que são capazes de reagir com
antígenos dos órgãos citados acima e causar dano tecidual.
As reações cardíacas são as mais graves. O processo inflamatório que
ocorre no coração é mais intenso nas válvulas cardíacas (sendo a mitral a mais
afetada). Um excesso de inflamação na válvula mitral pode levar tanto a um
endurecimento desta válvula (devido ao excesso de colágeno) quanto à adesão
entre os folhetos valvares. Devido a isso, a inflamação causada pelos
Streptococcus nas válvulas pode levar a dificuldades de abertura da válvula (se
os folhetos estiverem aderidos) e a dificuldades de fechamento (frente ao
endurecimento devido à deposição colágeno). Desta forma, pode ocorrer tanto
uma insuficiência quanto uma estenose valvar.
O acometimento cerebral da febre reumática está normalmente
associado à incidência das coreias (tremor semelhante ao da Doença de
Parkinson, mas ao invés de ser um tremor de repouso, é um tremor frente à
realização do movimento).
269
Síndrome de Reiter
Outra doença que cursa com mimetismo molecular é a Síndrome de
Reiter. Esta síndrome é causada após uma infecção por Yersinia e Clamídia. É
uma síndrome bastante comum e que traz pequena repercussão, causando uma
artrite reativa transitória.
• Gene AIRE: gene que, dentro do timo, faz com que haja a expressão de
antígenos que normalmente são expressos apenas em órgãos
específicos. Estes genes são extremamente importantes para o
desenvolvimento do processo de tolerância. Há o desenvolvimento de
uma síndrome autoimune poliendócrina frente à mutação e perda de
função no gene AIRE. Esta síndrome afeta todos os órgãos endócrinos.
• Polimorfismos do CTLA-4: O CTLA-4 é uma molécula presente no
linfócito T que ativa uma fosfatase, fazendo com que o linfócito não seja
ativado frente à sua presença. Os polimorfismos do gene do CTLA-4 estão
associados ao desenvolvimento da Doença de Graves, diabetes mellitus
e outras doenças auto-imunes (doenças relacionadas ao sistema
endócrino).
• Deficiências do FOXP3: O FOXP3 é a molécula funcional da célula T
reguladora, de modo que deficiências na sua produção fazem com que
estas células não funcionem adequadamente. O déficit funcional destas
células leva a uma deficiência do processo de tolerância periférica.
• Deficiências de Fas e FasL: estas moléculas fazem parte do processo
de tolerância, estando envolvidas nos processos de apoptose das células
autorreativas. Se estas moléculas estão comprometidas, todo o processo
de tolerância também fica comprometido. A ausência destas moléculas
está associada a um risco aumentado do desenvolvimento de síndromes
linfoproliferativas (linfoma)
• Deficiências na molécula de C4 do sistema complemento: está
associado ao desenvolvimento do LES. Como esta molécula é importante
na eliminação dos imunocomplexos, a sua deficiência leva a déficitis
nesta função, causando quadros mais graves de nefrite lúpica.
270
IMUNOBIOLÓGICOS
Os imunobiológicos consistem em uma nova estratégia de tratamento que
vem sido utilizada para tratar as doenças autoimunes. Os imunobiológicos são
moléculas imunes utilizadas em terapia. A maioria dos imunobiológicos
representa um anticorpo humano ou humanizado.
Os anticorpos humanizados são anticorpos normalmente sintetizados
em camundongos contra um único antígeno humano. Para que isso seja feito,
um camundongo é imunizado com algum antígeno humano (ex.: molécula de
TNF). A partir disso, o camundongo passa a ativar a secreção de anticorpos anti -
esta molécula inserida. Os genes que sintetizam estes anticorpos são
selecionados, e a região que codifica a região variável da imunoglobulina é
separa da região que codifica a região constante. Com isso, é combinado o gene
que codifica a região constante de uma imunoglobulina humana (proveniente do
humano) com o gene que codifica a região variável (proveniente do
camundongo). Com isso, a região variável do anticorpo produzido é proveniente
do animal e todo o resto é proveniente do ser humano. Normalmente os genes
das regiões constantes das imunoglobulinas humanas que são codificados é a
cadeia kappa como Ig leve, e a IgG como cadeia pesada (pois ela possui meia-
vida mais longa). Isto evita que administração do anticorpo seja sucedida pela
produção de um anticorpo contra o camundongo. Algumas indústrias
farmacêuticas vêm produzindo também anticorpos humanos contra antígenos
humanos em escala industrial.
271
PONTOS IMPORTANTES:
• Quais os mediadores principais em cada uma das doenças
• Se há a presença de antígeno-alvo conhecido (como no caso da proteína
básica da mielina na EM). Não há antígeno desen cadeante específico no
LES e na AR. A febre reumática e a Sd de Reiter apresentam antígenos-
alvo específicos (antígenos de mimetismo nestes dois últimos)
• Quais os mediadores envolvidos no processo inflamatório
• Quais as características da imunopatogenese das doenças
273
INFECÇÕES BACTERIANAS
As infecções bacterianas podem ser agrupadas em 3 tipos, de acordo
com a relação com o hospedeiro:
• Bactérias produtoras de exotoxinas: produzem toxinas altamente
potentes, que mesmo em baixa quantidade, apresentam efeitos danosos.
São capazes de atuar fora do foco onde está ocorrendo a infecção
• Bactérias encapsuladas: possuem endotoxinas
• Bactérias intra-celulares: como M. tuberculosis e M. leprae, que são
parasitos intracelulares restritos (infectam os macrófagos).
o As bactérias produtoras de exotoxinas e as encapsuladas são
extracelulares
EXOTOXINAS BACTERIANAS
Algumas bactérias produzem exotoxinas, substâncias que são liberadas
pelas bactérias e que causam alterações celulares. Algumas das exotoxinas são
capazes de:
Clostridium tetani
Mesmo em contato com pequena quantidade de esporos, a contaminação
por este microrganismo é altamente potente. Uma pequena porta de entrada
dos esporos do C. tetani já pode instalar o processo infeccioso. O C.tetani produz
Tetanoplasmina, uma neurotoxina que se liga a glicolipideos das células
nervosas. Na medula espinal, a tetanoplasmina causa um bloqueio da inibição
pós-sinaptica, causando o não relaxamento dos músculos após uma contração
voluntária. Com isso, são causadas contrações involuntárias generalizadas a
partir de um movimento voluntário. As contrações são tão intensas que podem
levar à posição do opstóteno (o paciente contrai muito a musculatura
278
Clostridium botulinum
No caso do C. botulinum, a entrada do microrganismo ocorre por via oral.
Esta bactéria produz uma neurotoxina que causa a inibição da liberação de
acetilcolina nas junções neuromusculares. Com isso, o indivíduo apresenta
uma deficiência da contração muscular. A musculatura que é primeiramente
afetada é a musculatura da órbita, de modo que a diplopia é um dos primeiros
sintomas a serem notados frente a esta intoxicação (passa a haver dissincronia
entre a formação da imagem no olho esquerdo e no olho direito devido a
alterações na contração dos músculos da órbita). Em seguida, o paciente pode
passar a apresentar disfagia, de modo que o alimento possa muitas vezes entrar
nas vias aéreas. Se não tratado, o quadro pode evoluir para uma parada
respiratória. O tratamento é realizado por meio de uma anti-toxina, que é
administrada por meio de um soro anti-toxina botulínica.
Corynebacterium diphtheriae
O C. diphtheriae produz a toxina diftérica, uma exotoxina que inibe a
síntese proteica e causa morte celular (é citotóxica). Esta citotoxina afeta
muito as mucosas do local onde é produzida. É transmitida por via aérea. Não
existe tratamento com anti-toxinas para esta doença, mas sim vacinas (assim
como no tétano).
Imunizações:
Nas imunizações contra bactérias produtoras de exotoxinas, não há a
aplicação da toxina ativa, visto que mesmo uma pequena dose é capaz de
causar o quadro de intoxicação. Devido a isso, são aplicados toxoides (toxinas
inativadas por meio da presença do formaldeído). As toxinas inativadas mudam
a sua estrutura, mas mantêm algumas estruturas antigênicas em comum com as
toxinas ativas, as quais serão reconhecidas pelos linfócitos e estimularão a
produção de anticorpos e criação da memória imunológica.
Na vacina do tétano, devem ser aplicadas 3 doses até a criança completar
1 ano de idade, e depois devem ser aplicados reforços a cada 10 anos, para se
manter os níveis de anticorpos.
ENDOTOXINAS BACTERIANAS
O potencial de lesão causado por estas bactérias não depende da
secreção de toxinas, mas sim de componentes presentes em sua estrutura –
principalmente em sua parede celular.
Gram -:
• Possuem LPS (lipídios complexos glicosilados) em sua parede celular. O
que torna a molécula de LPS pouco imunogênica é a presença de lipídeos
e polissacarídeos em sua estrutura, moléculas que não são reconhecidas
pelos linfócitos T
• Podem ser alvo do sistema complemento, pois ativam a via alternativa
e a da lectina
• Também podem ser fagocitadas (principalmente pelos neutrófilos), pois
possuem em sua membrana substâncias que são reconhecidas pelos
receptores de PAMP e porque podem apresentar opsoninas provenientes
do sistema complemento.
• O potencial de morbidade das bactérias Gram negativas é maior do que
o das Gram positivas. Isto ocorre principalmente devido à potencia que os
LPS possuem em ativar macrófagos: ao se ligarem aos TLRs destas
células, ativam a sinalização intracelular por meio do NF- κB, fazendo com
que sejam secretadas citocinas pró-inflamatórias (como IL-1, TNF, IL-8),
que são altamente danosas em alta concentrações.
Gram +:
BACTÉRIAS INTRA-CELULARES
O M. tuberculosis e o M. leprae são bactérias intracelulares. O que será
explicado a seguir ocorre para o M. tuberculosis, mas ocorre de forma
semelhante para o M. leprae também.
Alguns dos sinais, sintomas e achados da tuberculose são:
• Formação de cavitações pulmonares vistas em raio X
• Formação de granulomas (células gigantes estão no centro deste
granuloma, e é possível se localizar M. tuberculosis vivos dentro destas
células. Com isso, se o granuloma for rompido, pode haver a reativação
da infecção)
• Acometimento renal e hepático.
SINTETIZANDO:
O que é responsável por combater bactérias extracelulares:
• Sistema complemento
• Neutralização por anticorpos (tanto de bactérias quanto de toxinas)
• Atuação de células fagocíticas: neutrófilos (possuem enzimas lisossomais
com propriedades microbicidas e proteolíticas) e macrófagos (produzem
NO e H2O2). Os neutrófilos são muito mais potentes e mais numerosos
do que os macrófagos.
As células infectadas por vírus também podem ser eliminadas por células
NK. Todavia, estás células não possuem receptores para antígenos como os
linfócitos, mas sim ligantes que podem ativá-las.
• Mecanismos adaptativos
o Linfócitos T CD8+ e Th1: o T CD8+ causa a morte das células
infectadas e o Th1 coordena a produção de IgG e a ativação de
mais linfócitos T CD8+
o Anticorpos: neutralizam os vírus impedindo a invasão das células
286
• Fungos:
o Cadida albicans
o Cryptococcus
o Aspergillus
o Histoplasma
o Paracoccidioides brasiliensis: encontrado apenas na América do
Sul
• Protozoários
o Parasitas intestinais
▪ Entamoeba histolytica
▪ Giardia intestinalis
o Parasitas tissulares
▪ Leishmania sp
▪ Plasmodium sp
▪ Trypanosoma cruzi
▪ Toxoplasma gondii
• Helmintos
o Parasitas intestinais
▪ Ascaris lumbricoides
▪ Strongyloides stercoralis
o Parasitas tissulares
▪ Onchocerca volvulus
o Parasitas sanguíneos: parasitam principalmente o fígado e os
vasos sanguíneos do sistema porta hepático
▪ Schistosoma mansoni
287
FUNGOS
As respostas contra os fungos normalmente ocorrem de forma muito
parecida para as diferentes espécies. Será estudado o Paracoccidiosis
brasiliensis, mas os mecanismos para os demais fungos ocorrem de maneira
semelhante.
Paracoccidiodis brasiliensis
É um fungo encontrado estritamente na América do Sul, principalmente
no Brasil e na Colômbia. Possui uma estrutura de membrana birrefringente com
múltiplos brotamentos bilaterais, apresentando um aspecto semelhante a uma
roda de leme. Este microrganismo afeta principalmente os pulmões.
Com a análise dos gráficos acima, pode-se concluir que os pacientes mais
resistentes à infecção por P. brasiliensis possuem maior resposta Th1,
enquanto os pacientes mais susceptíveis ao desenvolvimento e agravamento
da doença possuem maior resposta Th2.
Sempre que um microrganismo invade o organismo do ser humano, uma
resposta imunológica tem que ser desenvolvida. A resposta desenvolvida pelos
indivíduos que possuem maior susceptibilidade ao desenvolvimento de
infecções fúngicas normalmente tende mais para o perfil Th2. As principais
citocinas produzidas neste perfil são IL-4, IL-5 e IL-10. Estas citocinas agem
sobre os linfócitos B, induzindo uma grande produção de anticorpos. Todavia,
frente a uma infecção fúngica, o que é realmente necessário é a ativação de
macrófagos, e não a produção de anticorpos (e devido a isso, os indivíduos
que possuem resposta Th2 normalmente desenvolvem quadros mais graves da
doença, visto que este mecanismo da resposta imune não é capaz de combater
o patógeno em questão).
289
PROTOZOÁRIOS
Leishmania brasiliensis
O processo de infecção e resposta imune na Leishmaniose ocorre de
maneira muito semelhante ao do P. brasiliensis narrado acima. Durante a
Leishmaniose, os macrófagos ficam altamente infectados por formas
amastigotas de L. brasiliensis. As formas amastigotas também podem ser
encontradas de forma livre.
290
Trypanosoma cruzi
A doença de Chagas é muito comum no Brasil, principalmente em sua
região central. A transmissão da Doença de Chagas pelo Triatoma infestans no
Brasil foi interrompida, mas outros Triatomas ainda transmitem o T. cruzi no ciclo
silvestre.
Em modelos experimentais, observa-se que o T.cruzi pode ter tropismo
por macrófagos, miócitos, entre outras células (podem infectar vários tipos
celulares, mas normalmente possuem preferência por algum em específico).
Normalmente, no início da infecção por T.cruzi, observa-se a infecção de
293
macrófagos, que ativam linfócitos Th. Se o perfil ativado for Th1 (com a
secreção de TNF-α e IFN-γ), ocorre uma intensa ativação de macrófagos, que
causam a destruição do parasito. Linfócitos T citotóxicos também são capazes
de eliminar as células infectadas pelo T. cruzi (e também os parasitas contidos
no interior destas células)
Todavia, se for ativada uma resposta com perfil Th2, não ocorrerá este
controle da doença de forma tão adequada (visto que será desencadeada uma
resposta humoral, e não uma resposta ativadora de macrófagos).
Formas clínicas
Não se sabe exatamente quais são os padrões de resposta imune que
ocorrem nas fases iniciais da infecção. Todavia, sabe-se que no começo da
infecção a quantidade de parasitas na circulação é muito alta, mas que esta
quantidade diminui progressivamente. A partir da 5ª semana, já é possível se
encontrar linfócitos e anticorpos anti-T. cruzi circulantes (e, neste período, ocorre
também uma diminuição da quantidade de parasitas circulantes).
Pode acontecer de o indivíduo testar negativo nos exames parasitológicos
durante algum tempo após já ter sido diagnosticado com a doença. Este
resultado não aponta para a cu ra do paciente, mas sim para uma localização
tecidual dos parasitas (muitas vezes, o parasito está se localizando em
determinados órgãos, como coração e TGI – os órgãos que mais são acometidos
durante a fase crônica da infecção).
60% dos pacientes com Doença de Chagas apresentam a forma
indeterminada da doença, na qual não estão presentes alterações cardíacas, e
poucas ou nenhuma alteração gastrointestinal está presente. Cerca de 30-35%
dos pacientes apresentam lesões cardíacas, as quais apresentam gravidade
variável (a forma mais grave do acometimento cardíaco cursa com insuficiência
cardíaca).
294
HELMINTOS
O que vai ser discutido acerca da resposta imune frente à invasão do
Schistosoma mansoni vale também para os helmintos intestinais (principalmente
para aqueles que possuem ciclo pulmonar).
Schistosoma mansoni
Ciclo biológico
296
REJEIÇÃO
A rejeição é uma reação imunológica na qual o hospedeiro reconhece o
tecido enxertado como estranho. Decorre da ação da resposta imune
adaptativa. A resposta de rejeição pode se desenvolver após um curto período
que houve o transplante ou anos após o transplante ter sido realizado. A rejeição
é uma reação específica contra antígenos de MHC localizados no órgão
transplantado.
• MHC 1: como são formadas apenas por uma cadeia alfa (e pela beta-2-
microglobulina, que não reconhece antígenos), as regiões de maior
variação antigênica encontram-se na cadeia alfa. Esta variabilidade não
é relativa a o que se encontra em um indivíduo, mas sim em relação a o
que se encontra em toda a espécie (ex.: vários genes podem estar dentro
do locus A do MHC1 ao se observar toda a espécie, mas o indivíduo X
em específico apresentará apenas o gene A27 neste locus, por exemplo)
o Há 303 genes que podem ocupar o locus A, 150 genes que podem
ocupar o locus C e 559 genes que podem ocupar o locus B.
303
• MHC 2: a cadeia beta é a responsável pela maior parte das variações nas
moléculas de MHC dentro da população. É a que está mais envolvida nos
processos de rejeição. As variações nesta cadeia ocorrem tanto em seu
assoalho quanto em suas bordas
TIPOS DE REJEIÇÃO
Há 3 tipos:
1. Rejeição Hiperaguda
A Rejeição Hiperaguda acontece imediatamente após o transplante (logo
que é feita a anastomose das veias e das artérias do órgão transplantado). A
rejeição é imediata pois neste caso a resposta imune contra o tecido
transplantado já está pronta, visto que ela é baseada em anticorpos pré-
formados.
Os anticorpos pré-formados se fixam ao endotélio do vaso transplantado
e ativam o sistema complemento, que ativa o sistema da coagulação, o que
estimula a formação de um trombo dentro do vaso transplantado e obstrui-se a
passagem do sangue, levando à necrose isquêmica do órgão.
Não há tratamento que seja capaz de reverter este quadro, visto que não
é possível se suprimir uma resposta imune já pronta. O máximo que poderia ser
feito seria retirar os anticorpos do plasma do indivíduo por meio de uma
plasmaferese – mas, muitas vezes o quadro é irreversível, sendo necessário se
retirar o órgão que foi transplantado.
Maneiras de se prevenir este tipo de rejeição são:
2. Rejeição Aguda
A Rejeição Aguda pode ser desencadeada tanto por células quanto por
anticorpos. Nem linfócitos nem anticorpos capazes de causar a rejeição estão
307
3. Rejeição Crônica
Transplante alogênico
Para se realizar o transplante alogênico, toda a MO do indivíduo receptor
é destruída (por meio de QT ou RT associadas), e depois são inseridas células
tronco da MO de outro indivíduo. Para realizar a coleta destas células do doador,
realiza-se uma punção no esterno, no osso ilíaco ou na coluna vertebral deste
312
Transplante autogênico
Para se realizar o transplante autogênico de MO, retira-se uma amostra
da MO do indivíduo com leucemia, a qual apresenta células tronco normais e
células leucêmicas. A partir desta amostra, são retiradas as células leucêmicas,
e as células tronco normais possuem o seu crescimento estimulado in vitro por
fatores de crescimento. Em seguida, estas células tronco normais são
reintroduzidas no mesmo indivíduo.
313
Lado A da figura
O lado A da figura mostra mecanismos de alta especificidade do tumor.
Estes mecanismos podem ser específicos do indivíduo (como na mutação) ou
comuns a mais do que um indivíduo (como na glicosilação de um gene já
presente no genoma humano)
O primeiro modelo representado na imagem acima é o de mutação: uma
proteína mutante pode ser apresentada no MHC1, sendo reconhecida pelo
linfócito T. Cada tumor pode ter tido uma mutação diferente, de modo que estes
antígenos são típicos daquele tumor e daquele indivíduo.
O segundo modelo mostra a formação de antígenos tumor-especifico.
Estes antígenos são resultado de um processo de desmetilação de fragmentos
317
Lado B da figura:
São mostrados no lado B da figura antígenos tumorais de baixa
especificidade. Estres antígenos possuem baixa especificidade pois são
expressos normalmente pelo organismo, mas passam a ser expressos de
maneira anormal frente à presença dos tumores
No terceiro esquema estão expressos antígenos tecido-específicos:
antígenos que são normalmente expressos em outras células, mas que passam
a ser expressos de maneira anormal (em outros tipos celulares) frente à
presença de tumores
No quarto esquema estão representados os antígenos de
superexpressão: são antígenos que são normalmente expressos pelo
organismo, mas que passam a ser expressos em altas concentrações (anormais)
frente à ocorrência do tumor.
VACINAS TUMORAIS
As vacinas tumorais podem ser feitas a base de células tumorais ou a
partir de moléculas de DNA isoladas a partir do cDNA ou RNAm do tumor
(sendo esta terapia especifica para o paciente).
324
REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE
Medusa - 86
Hipersensibilidade do tipo 2
Ocorre quando o antígeno está localizado no tecido ou na superfície de
células. Esta reação é mediada por IgG. Se o antígeno estiver localizado no
tecido (na matriz extracelular), a IgG ficará presa no local. A IgG presa ao
antígeno pode ativar o sistema complemento, que ativa moléculas pró-
inflamatórias (como C3a e C5a, que realizam quimiotaxia) e estimulam a
atividade fagocítica de neutrófilos e macrófagos. Quando os antígenos aos quais
a IgG está ligada são grandes e não conseguem ser fagocitados, pode ocorrer a
degranulação de enzimas proteolíticas sobre o antígeno, as quais podem
danificar o tecido.
Hipersensibilidade do tipo 3
O processo de hipersensibilidade de tipo 3 consiste na ligação de
anticorpos a antígenos presentes no sangue, formando imunocomplexos, os
quais se depositam em locais específicos do organismo e podem causar
doenças devido a esta deposição (como glomerulonefrites). Estes complexos
são capazes de ativar o sistema complemento e atrair neutrófilos
(principalmente) e macrófagos para o local. Estas células atraídas são
responsáveis por exacerbar o processo inflamatório e o dano tecidual.
328
HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO 2
Esta reação ocorre devido à ligação de anticorpos IgG a antígenos
presentes em tecidos ou na superfície de células.
Antígenos em tecidos
Há situações em que os anticorpos se ligam a antígenos presentes nos
tecidos.
Uma das situações em que isso ocorre é a Síndrome de Goodpasture:
nesta síndrome, há a presença de um autoanticorpo contra o colágeno do tipo
IV. Estes autoanticorpos se ligam à membrana basal renal ou ao tecido
pulmonar, causando um intenso processo inflamatório nestes órgãos. Esta
síndrome pode levar à perda de função da membrana basal glomerular, o que
causa o aparecimento de hematúria, proteinúria, leucocitária, etc. Também pode
levar ao desenvolvimento de um déficit respiratório muito grande. É uma doença
grave e de mal prognóstico.
HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO 4
Os mecanismos de Hipersensibilidade do tipo 4 são mediados por
linfócitos T, podendo ser mediados por linfócitos Th1, linfócitos Th2 ou linfócitos
Tc (e, por vezes, até mesmo por linfócitos Th17). Podem haver também reações
mediadas por mais do que uma população de linfócitos ao mesmo tempo.
As respostas mediadas por linfócitos Th (sejam eles Th1 ou Th2) causam
a liberação de citocinas, que promovem inflamação local e lesão tecidual. As
respostas mediadas por linfócitos Tc causam a morte celular das células-alvo,
ocasionando uma lesão tecidual como consequência.
335
o qual pode ser medido por meio de uma régua. Este teste realizado é chamado
de teste de Mantoux/ teste intradérmico de PPD.
ESTRUTURA DA IgE
A IgE possui a estrutura semelhante às outras imunoglobulinas: é formada
por uma cadeia pesada e por 2 cadeias leves. Estas cadeias são unidas por
pontes dissulfeto.
A IgE possui um domínio constante extra, que é importante para a sua
fixação aos receptores de IgE presentes em eosinófilos e mastócitos
FUNÇÕES DA IgE
A IgE é o principal imunomediador dos fenômenos de hipersensibilidade
do tipo 1. Na hipersensibilidade do tipo 1, a IgE se liga a mastócitos. Os
fenômenos que estão relacionados a este tipo de hipersensibilidade são rinite
alérgica, asma, anafilaxia sistêmica, etc. Todos estes fenômenos estão
relacionados à ação dos mediadores liberados pelos mastócitos quando eles
são ativados.
O tipo de sintoma apresentado nestas reações depende do nível de
ativação dos mastócitos (se é local ou sistêmico). O que define se a ativação do
mastócito será local ou sistêmica é o tipo de antígeno/alérgeno que está sendo
reconhecido
As anafilaxias sistêmicas são induzidas por alguns medicamentos (ex.:
penicilina), por alguns alimentos (ex.: amendoim), por alguns venenos (ex.: de
abelha) ou pela doença do soro (se o indivíduo recebeu soro heterólogo, pode
ser que ele desenvolva uma reação anafilática ao entrar em contato com este
soro novamente). Os sinais e sintomas da anafilaxia sistêmica são: edema
generalizado, aumento da permeabilidade capilar, obstrução de glote,
dificuldade respiratória e vasodilatação sistêmica, podendo evoluir para choque
e morte.
Os fenômenos locais, por sua vez, ocorrem principalmente na pele, no
trato digestório e nas vias aéreas. Em relação aos fenômenos que ocorrem nas
vias aéreas, os antígenos que normalmente os desencadeiam são pólen, ácaros
da poeira doméstica, etc. Já os antígenos que normalmente são responsáveis
por desencadear os fenômenos cutâneos são as picadas de insetos e alergias a
pelos de animais.
Os sinais e sintomas dos fenômenos locais de hipersensibilidade do tipo
1 são vasodilatação local, hiperemia, edema (devido ao aumento da
permeabilidade capilar), aumento de secreção de muco (nos fenômenos de vias
aéreas), espirros (também ocorrem nos fenômenos de vias aéreas), prurido
(ocorrem nos fenômenos cutâneos).
A asma ocorre quando as manifestações alérgicas de vias aéreas se
aprofundam nas vias aéreas inferiores. Além da hiperemia e do aumento da
produção de exsudato, ocorre também a contração da musculatura lisa do
brônquio, o que causa o fechamento do brônquio e leva a uma redução da
capacidade respiratória, visto que há maior dificuldade de trânsito do ar.
As alergias alimentares (como a amendoim, frutos do mar, leite, ovos,
etc) são seguidas de fenômenos gastrointestinais (como diarreias, vômitos e
cólicas) e podem apresentar fenômenos cutâneos (como urticárias) – em alguns
casos, estas alergias alimentares podem causar fenômenos anafiláticos
sistêmicos.
340
IMUNODIAGNÓSTICO
Medusa - 86
Reação antígeno-anticorpo
Muitas das reações utilizadas no imunodiagnóstico estão baseadas na
reação antígeno-anticorpo.
As principais características desejáveis desta reação são a
especificidade (capacidade do anticorpo de identificar/reagir com apenas um
único alvo – utiliza-se um anticorpo que reconhece apenas um determinado
antígeno; não causa reações cruzadas) e a sensibilidade (capacidade que a
reação tem de detectar pequenas quantidades do “alvo” de interesse).
IMUNOPRECIPITAÇÃO
Imunodifusão em gel
Por meio da imunodifusão em gel, é possível se realizar a detecção
visual da reação antígeno-anticorpo. Realiza-se a deposição de substâncias
sobre 7 poços (sendo um central e os demais dispostos de maneira radial). No
exemplo abaixo, foram depositados antígenos de Paracoccidiodes brasiliensis
352
É uma técnica muito barata, que exige apenas uma lâmina de laboratório
e o gel. Todavia, é uma técnica trabalhosa e que demanda de profissionais
qualificados para realizar a análise dos resultados. Desta forma, este tipo de
teste normalmente tona-se menos vantajoso frente a testes mais automatizados.
Nefelometria
Quando o antígeno se liga ao anticorpo, ele causa a formação de um
complexo, que é uma macromolécula. Este complexo, em meio solúvel (aquoso)
não forma um precipitado (como ocorre no gel observado na imunodifusão
radial). Todavia, a formação destes imunocomplexos pode provocar um desvio
na trajetória de um raio de luz que seja incidido sobre a amostra. Este raio
de luz apresenta diferentes graus de desvio de acordo com a quantidade de
imunocomplexos formados.
Esta análise do desvio da luz pode ser detectada de duas formas:
AGLUTINAÇÃO
Hemoaglutinação
Nesta situação, os antígenos foram artificialmente inseridos sobre a
superfície de uma partícula (como uma hemácia).
Se há no soro do paciente anticorpos capazes de se ligar a estes
antígenos, estes anticorpos se ligam às hemácias e há a formação de um
complexo que não decanta (promovendo uma aglutinação). Como a aglutinação
realizada neste caso utiliza hemácias, é uma hemoaglutinação.
Este teste detecta apenas que o paciente possui IgG ou IgM contra o
antígeno em questão, não sendo possível se diferenciar qual imunoglobulina em
específico está presente na amostra de maneira predominante. O que pode
ajudar a determinar qual imunoglobulina está presente de forma predominante é
356
USO DE FLUOROCROMOS
Imunofluorescência
Nesta técnica são utilizados fluorocromos, moléculas que quando
recebem energia, emitem luz. Este processo ocorre pois os elétrons mudam para
um orbital mais externo frente ao estímulo de energia, e quando voltam ao orbital
anterior, emitem um fóton.
Para se realizar a imunofluorescência indireta, coloca-se em uma
lâmina o antígeno de interesse (que podem ser parasitas ou células humanas
(este último caso é utilizado para detectar doenças autoimunes)) e o soro do
paciente. Se o paciente apresentar anticorpos contra o parasita/célula em
questão, estes anticorpos se ligarão ao antígeno. Deixa-se esta lâmina em
incubação por 1h.
Em seguida, realiza-se uma lavagem da lâmina (para se retirar os
anticorpos que não se ligaram ao antígen o) e adiciona-se à lâmina um segundo
anticorpo, marcado com fluoresceína. Quando estimulado por luz UV, estes
anticorpos marcados com fluoresceína são capazes de emitir fótons de padrão
verde. Estes anticorpos marcados com fluoresceína ligam-se especificamente a
uma classe de anticorpos (ex.: anticorpos anti-IgG, anti-IgM, etc). É possível se
detectar apenas IgG, IgM e IgA por meio deste teste (visto que as outras classes
de imunoglobulinas não ficam circulantes no sangue em quantidades suficientes
para serem identificadas).
Se o indivíduo possuir anticorpos contra o antígeno em questão, eles
ficarão aderidos ao antígeno, não sendo retirados na lavagem. Desta forma, os
anticorpos marcados com fluoresceína serão capazes de identificar estes
anticorpos, passando a se ligar a estes últimos. Ao se observar este tipo de
situação no microscópio de imunofluorescência, é possível se visualizar um
resultado positivo, o qual é marcado pela visualização de parasitos/células de
maneira colorida (fluorescente).
Citometria de fluxo
A citometria de fluxo também é um método que usa imunofluorescência
como marcação. Todavia, na citometria de fluxo, as células são analisadas uma
por uma, sendo possível se estimar a quantidade de determinado tipo celular no
indivíduo.
A citometria de fluxo é realizada por meio de um citômetro de fluxo. Um
dos componentes do citômetro de fluxo é uma célula de fluxo (representada
pelo quadradinho cinza), que consiste em um capilar de quartzo por onde as
células passam uma por uma. Estas células são marcadas por fluorocromos
(presentes em anticorpos anti-CD4, anti-CD8, etc,). Conforme estas células vão
passando, elas vão sendo estimuladas por lasers de diferentes comprimentos de
onda. Os diferentes aparelhos que compõem o citômetro de fluxo são capazes
de medir o tamanho das células, o desvio que a luz apresenta ao incidir sobre
elas (chamado de desvio lateral – está relacionado ao tamanho do citoplasma e
à quantidade de organelas que ele apresenta) e também quais fluorocromos
estas células apresentam.
O citômetro de fluxo como o da imagem abaixo é capaz de detectar até 4
fluorocromos diferentes.
USO DE ENZIMAS
Nestes tipos de testes também ocorre a ligação do anticorpo ao antígeno.
Todavia, neste caso os anticorpos estão ligados a enzimas, que atuam sobre
um substrato adicionado à reação. A análise do ensaio imuno enzimático
baseia-se na observação se houve o consumo do substrato ou não (e se houve,
quão intenso foi).
ELISA
Um exemplo de ensaio imuno enzimático é o ELISA. Este teste é feito em
placas com 96 micropoços. Coloca-se o antígeno de interesse fixado na placa
(podendo ser o antígeno inteiro ou apenas uma proteína dele). Em seguida,
adiciona-se o sangue/soro do paciente. Se o paciente possuir anticorpos contra
o antígeno, eles se ligarão aos antígenos. Em seguida, ocorre uma lavagem, de
modo que os anticorpos não ligados são retirados.
Em seguida, adiciona-se um segundo anticorpo à amostra, um anti-Ig
humana. Este segundo anticorpo está ligado a uma enzima (podendo ser anti -
360
IgG, anti-IgE, anti-IgD, etc). Após isso, ocorre uma nova lavagem, de modo que
apenas os anticorpos que se ligaram às Igs humanas ficam na amostra. Por fim,
se adiciona um substrato, o qual muda de cor ao ser metabolizado pela enzima.
A cor observada é proporcional à quantidade de enzimas na reação, que
é proporcional à quantidade de anticorpos ligados aos antígenos.
ELISA Sanduíche
O ELISA pode ser modificado para se realizar a identificação de
antígenos (ao invés de anticorpos). Para isso, fixa-se anticorpos capazes de
reconhecer o antígeno alvo na placa, e em seguida adiciona-se o soro/amostra
do paciente. Se o paciente apresentar o antígeno em seu soro, este antígeno se
ligará ao anticorpo fixado na placa. Em seguida, é adicionado outro anticorpo, o
qual está ligado à biotina. A biotina é uma molécula que se liga à estreptavidina.
Após se adicionar estes anticorpos ligados à biotina, ocorre uma lavagem. Em
seguida, é adicionada a estreptavidina ligada a uma peroxidase (enzima). A
estraptavidina se liga às moléculas de biotina que não tenham sido removidas
com a lavagem da amostra. Por fim, adiciona-se um substrato, o qual, ao ser
consumido pela peroxidase, liberará uma cor no ambiente. A cor observada é
proporcional à quantidade de antígenos que se ligaram ao anticorpo fixado. Um
dos antígenos que pode ser utilizado nesta reação é o TSH.
Qumiluminescência
O teste de quimiluminescência é feito de modo muito semelhante ao
ELISA sanduíche. Todavia, o substrato adicionado no final do processo não
muda de cor. Ao invés disso, acrescenta-se o luminol. O oxigênio liberado pela
peroxidase reage com o luminol, produzindo luz. Esta luz é detectada por um
equipamento que capta comprimento de ondas entre 400 e 500 nm.
Western Blot
Esta técnica enzimática é utilizada principalmente em laboratórios de
pesquisa.
Nesta técnica, os antígenos alvo são separados por peso molecular
pela eletroforese: adiciona-se a mesma carga elétrica às moléculas, de modo
que as com maior peso molecular atravessam o gel com maior dificuldade, e as
com menor peso molecular atravessam-no com menor dificuldade.
362
Imuno-histoquímica
Esta técnica visa a detecção de antígenos presentes no tecido.
Realiza-se uma biópsia do tecido a ser analisado e é feita uma lâmina a partir
desta biópsia. Utiliza-se primeiramente um anticorpo primário (que reconhece a
substância a ser detectada (ex.: anti-HER2)). Em seguida, adiciona-se à lâmina
um anticorpo secundário (que reconhece o anticorpo primário), o qual é possui
uma enzima acoplada a sua estrutura. Normalmente esta enzima é o complexo
avidina-biotina-peroxidase. Em seguida, acrescenta-se o substrato a esta
amostra, o qual é clivado e dá origem a uma coloração castanha.
Alguns dos antígenos que podem ser pesquisados por meio da imuno-
histoquímica são citocinas (como IL-1beta, IFN-gama, TNF-alfa, etc) e
receptores celulares (como HER-2).
363
IMUNOPROFILAXIA
Medusa - 86
VACINAS
A vacina é utilizada para combater um microrganismo ou produtos dele.
O produto biológico que compõe as vacinas é também chamado de
insumo farmacêutico ativo.
Os produtos biológicos que podem estar na composição de vacinas
são:
• Microrganismos atenuados
• Microrganismos mortos
• Toxoides (não se administra a toxina ativa, mas sim a toxina modificada
= toxoide)
• RNAm ou DNA
• Polissacarídeos (isolados de bactérias. São conjugados a proteínas para
que a vacina seja efetiva)
• Proteínas do microrganismo (ex.: proteínas do vírus da hepatite B).
As vacinas feitas com os microrganismos inteiros (estejam eles atenuados
ou mortos) podem ser chamadas de “vacinas integrais”. Ao se comparar a
eficácia destes dois tipos de vacina (a partir de microrganismos atenuados e a
partir de microrganismos mortos), observa-se que as vacinas de microrganismos
atenuados são mais eficazes. Todavia, as vacinas feitas a partir de
microrganismos atenuados podem causar sintomas em indivíduos
imunocomprometidos.
As vacinas só são administradas se houver circulação do microrganismo
entre a população (ex.: como não há grande circulação da Salmonella typhi entre
os brasileiros, nós não recebemos a vacina da Febre Tifóide). Desta forma, os
indivíduos só são vacinados contra estes microrganismos menos frequentes se
eles forem profissionais que trabalham frente a situações que aumentam a sua
chance de contaminação por este microrganismo (ex.: os indivíduos não são
normalmente vacinados contra o vírus que causa a Raiva. Todavia, os
veterinários são – visto que possuem maior contato com cães e assim possuem
365
• Tétano
• Difteria
366
• Vantagens
o Reproduzem a infecção natural
o Possuem bom nível de proteção, principalmente se forem
administradas na via natural de contágio
o São administradas em apenas uma dose
o Pode ocorrer transmissão do microrganismo atenuado entre os
indivíduos (aumentando a imunidade da população – pode levar ao
desenvolvimento de imunidade de rebanho)
• Desvantagens:
o Pode haver reversão para virulência
o O prazo de validade das vacinas dentro dos frascos é menor e há
necessidades de refrigeração
o Podem causar efeitos adversos a constituintes da cultura ou tecido
▪ Ex.: as pessoas com alergia à proteína do ovo não podem
tomar vacinas virais atenuadas, visto que estas vacinas são
obtidas a partir de culturas seriadas em ovos embrionados.
Coloca-se um pouco de vírus em um ovo de galinha
embrionado, deixando-o lá por alguns dias. Em seguida, é
aspirado um pouco do conteúdo deste ovo, sendo passado
para um outro ovo embrionado. Após se repetir este
processo diversas vezes (20-30 passagens), é obtida uma
quantidade de vírus adequada que não é capaz de causar a
doença (não é mais virulento), mas que é capaz de ativar o
sistema imune do indivíduo e gerar memória imunológica.
o Não são indicadas para pessoas com imunodeficiência de células
T, nem para gestantes (visto que podem ser provocados processos
infecciosos no feto).
• Desvantagens:
o Possui eficácia menor do que as vacinas feitas a partir de
microrganismos vivos atenuados
o São necessárias mais do que uma dose
o Não induz imunidade de rebanho na população
ADJUVANTES
São substâncias associadas às vacinas que visam potencializar a
produção de linfócitos Tc ou alterar o equilíbrio entre linfócitos Th1-Th2.
Os adjuvantes fazem com que a vacina fique retida mais tempo no local da
aplicação, o que causa um aumento do processo inflamatório, recrutando mais
células do sistema imune para a área (e ocorrendo, assim, a ativação de mais
linfócitos, como descrito acima).
Os principais adjuvantes são:
• Alumen: intensifica a produção de anticorpos por meio do aumento da
quantidade de células Th2. Ainda está em fase experimental
• Adjuvantes oleosos: causam uma maior ativação de resposta do perfil Th1
(mediada por células)
368
Exemplo da Varicela:
Entre 2007-2012 começou a ocorrer um aumento no número de óbitos
devido à varicela (principalmente em crianças menores do que 1 ano) e no
número de internações devido à varicela (principalmente em crianças entre 1-4
anos). Devido a estes dados, crianças menores do que 1 ano deveriam ser as
imunizadas com a vacina da varicela – mas isso não ocorre, visto que esta vacina
é feita a partir de um vírus atenuado, e estas crianças menores do que 1 ano não
podem recebe-lo. Devido a isso, esta vacina foi incluída no PNI e começou a ser
administrada a crianças com 15 meses de idade (idade que foi possível se
administrar a vacina e não notar muitos efeitos adversos).
CALENDÁRIOS DE IMUNIZAÇÃO
O PNI possui diferentes calendários de imunização, que variam de acordo
com a idade do indivíduo. Cada calendário traz informações como quais vacinas
devem ser administradas em cada faixa etária, o número de doses necessárias,
se há necessidade de reforço, quando tomar cada uma das doses, etc.
Calendário da criança
O que leva à necessidade de mais do que 1 dose da vacina é o produto
biológico que está em sua composição. Algumas das vacinas aplicadas às
crianças que demandam mais do que uma dose (sem contar com reforços) são:
• Polio: 3 doses
• Pneumocócica 10 valente 2 doses
Algumas das vacinas de dose única são:
• BCG
• Febre amarela
Pentavalente
Durante muito tempo, as crianças eram vacinadas apenas com a tríplice
bacteriana (composta pelo toxóide diftérico + toxóide tetânico + células mortas
de Bordetella pertussis – prevenia contra difteria, tétano e coqueluche, sendo
chamada também de DTP). Todavia, atualmente as crianças são vacinadas com
a pentavalente (que consiste na associação da DTP + polissacarídeo da
Haemophilus influenzae + vírus morto/atenuado (?) da hepatite B). Era tríplice
bacteriana, depois virou tetravalente bacteriana (quando apenas o H. influenzae
havia sido adicionado), e atualmente é pentavalente (não é bacteriana pois temo
vírus da hepatite B também).
A razão para se associar mais produtos biológicos em uma mesma
vacina é aumentar a cobertura vacinal e se diminuir os custos.
Algumas crianças podem apresentar convulsões nas primeiras 72h após
receber a vacina pentavalente (e também apresentavam ao receber a tetra e a
tríplice). Esta reação ocorre nas vacinas formuladas com a célula inteira de B.
pertussis (em vacinas chamadas de DTP celular). Há uma formulação da tríplice
bacteriana que é capaz de não causar estes efeitos colaterais: a DTP acelular
(que não é feita com toda a célula de B. pertussis, mas sim com frações dela).
Não existem formulações da penta ou da tetra que sejam acelulares.
Se a criança apresentar este quadro de convulsão após a aplicação da
vacina, ela deve receber em seguida, de maneira separada, a DTP acelular, a
vacina para H. influenzae e a vacina para hepatite B. Esta convulsão pode
ocorrer frente à 1ª ou à 2ª dose. São eventos raros.
370
Calendário do adolescente
Sempre que um adolescente chegar à unidade básica de saúde para
atualizar a sua carteira de vacinação, deve-se observar o seu histórico de
vacinas. Exemplo disso é que os adolescentes só devem ser vacinados contra
hepatite B se eles ainda não tiverem completado as 3 doses.
A vacina contra HPV é a única vacina em que os pais devem autorizar os
seus filhos a serem vacinados. Isto ocorre pois esta vacina deve ser dada antes
que o adolescente inicie sua vida sexual.
A meta da vacinação contra rubéola não tem sigo atingida. Esta doença
está relacionada a abortos e a má-formações fetais. A vacina contra rubéola está
dentro da tríplice viral.
ADMINISTRAÇÃO DE ANTICORPOS
A administração de anticorpos a um indivíduo consiste em um processo
de imunização passiva. Os anticorpos são administrados para que seja possível
se tratar o indivíduo frente a possíveis acidentes. Normalmente, estes
anticorpos são administrados visando se neutralizar uma toxina, evitando que
ela cause danos celulares. Os principais soros produzidos pelo instituto Butantan
são:
• Soro antitetânico
• Soro antirrábico
• Soro antibotrópico: utilizado para o tratamento de envenenamento
causado pela picada de algumas serpentes (jararaca, jararacuçu, urutu,
etc).
372
que ocorre frente a pacientes que podem ter sido expostos ao vírus
da hepatite B. Como a vacina anti-hepatite B passou a ser
licenciada apenas em 1975, pode ser qu e existam indivíduos não
imunizados até hoje. Desta forma, se o indivíduo tiver chance de
ter sido infectado pelo vírus da hepatite B, deve-se realizar a
imunização ativa-passiva combinada: administra-se
imediatamente anticorpos contra o vírus da hepatite B (soro) e
realiza-se a vacinação também. Sempre deve-se consultar o cartão
de vacinação do paciente antes de realizar este processo.
• Antibotrópico
• Antibrotrópico + anticrotálico: quando não se sabe se a cobra que picou
foi uma jararaca ou cascavel
• Antibotrópico + antilaquético: quando não se sabe se a cobra que picou
foi uma jararaca ou uma surucucu-pico-de-jaca
• Anticrotálico
• Antielapídico.
2. Escorpiões
A necessidade de se tratar um acidente por escorpiões com soro
antiescorpiônico depende do número de picadas que ocorreram e da massa
corporal do indivíduo. Ex.: frente a 2 picadas em um adulto, não se administra
anticorpos, mas frente a 2 picadas em uma criança, sempre se administra
anticorpos.
3. Aranhas
374
4. Lagartas
Os acidentes com lagartas ocorrem devido ao contato com as cerdas das
lagartas (taturanas). O nome científico destas lagartas capazes de queimar é
Lonomia oblíqua. Quando as cerdas da lagarta entram em contato com a pele,
liberam enzimas (monofibrase e hialuronidase), as quais trazem a sensação de
dor e ardência. A administração do soro depende da extensão do contato com
as lagartas. Normalmente este acidente é de menor gravidade, mas é bastante
dolorido.
Estes anticorpos contra venenos de animais são produzidos em cavalos
(os anticorpos contra toxinas também). Se o paciente tiver alergias (desenvolver
reações de hipersensibilidade) a proteínas de origem equina, deve-se
administrar junto do soro, anti-histamínicos. A administração de anticorpos
deve ser sempre assistida, sendo feita em uma unidade de saúde de maior
complexidade, de modo que seja possível se reverter os efeitos adversos. Pode
ocorrer choque anafilático (devido à hipersensibilidade do tipo 1) ou a deposição
de complexos imunes sobre órgãos (devido à hipersensibilidade do tipo 3).
Se o indivíduo precisar receber anticorpos contra vírus rábico e for
alérgico às proteínas de origem equina, pode-se administrar o soro de origem
humana (se disponível).
375
IMUNODEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS
Medusa - 86
receptor ao qual elas se ligam. Esta cadeia gama extra auxilia na sinalização,
que ocorre via JAK-3. A não expressão desta cadeia prejudica a sinalização
intracelular quando estas citocinas se ligam aos seus receptores. Desta forma,
ocorre um defeito muito grande na resposta imune por linfócitos T e por linfócitos
B: por falta de sinalização de IL-2 e IL-4, ocorre um defeito na expansão clonal
destes linfócitos, o que leva a uma incapacidade funcional destas células.
Deficiência de ADA
Também é uma doença autossômica que leva a uma imunodeficiência
grave. A enzima adenosina desaminase (ADA) é uma enzima importante no
metabolismo de purinas. A forma homozigota desta doença causa a falta total
desta enzima, o que leva a um acúmulo de metabólitos tóxico de purinas dentro
das células. Estes metabólitos levam à morte das células T e B durante o seu
processo de maturação na medula óssea.
IMUNODEFICIÊNCIAS HUMORAIS
379
Deficiências de C4 e C2
Estas proteínas do sistema complemento estão envolvidas apenas na via
clássica de ativação do sistema complemento. Também estão relacionados a
doenças causadas pela deposição de imunocomplexos.
As hemácias possuem receptores para C4b, o que ajuda na remoção de
imunocomplexos. Não havendo a presença de C4, não há a formação de C4b,
de modo que o complexo antígeno-anticorpo permanece na circulação (não
consegue ser reconhecido pela hemácia). Esta permanência do imunocomplexo
pode causar doenças por depósito, como vasculites ou glomerulonefrites.
Deficiência do C1 INH
O inibidor de C1 (C1 INH) é uma molécula regulatória que inibe o C1,
deslocando os fragmentos R e S do C1q. Com a deficiência do C1 INH, ocorre
uma ativação excessiva do sistema complemento pela via clássica, o que causa
inflamações excessivas. Pode também causar uma deficiência transitória geral
do sistema complemento, visto que a constante ativação do C1 consome as
demais proteínas do complemento, de modo que elas ficam com seus níveis
transitoriamente baixos.
O C1 INH também inibe a enzima conversora da calicreína. Desta
forma, ao estar deficiente, não há a inibição da calicreína. A calicreína muito
presente causa a formação de muita bradicina, que é um peptídeo vasoativo.
Desta forma, podem ocorrer também crises de edema (principalmente de partes
moles). Há risco de ocorrer edema de glote intenso que possa causar asfixia.
384
IMUNODEFICIENCIAS SECUNDÁRIAS
Medusa - 86
HIPOGAMAGLOBULINEMIA TRANSITÓRIA
Esta imunodeficiência é fisiológica, e aparece em todos os lactentes nos
primeiros meses de vida. Ocorre uma deficiência transitória de IgG. Como o
IgG é uma imunoglobulina muito envolvida no combate a patógenos
extracelulares, esta criança fica vulnerável a infecções por bactérias
extracelulares.
Esta deficiência de IgG ocorre devido à queda dos níveis de IgG
maternos recebidos durante a gestação (quando nasce, a criança possui os
mesmos níveis de IgG que a mãe, e estes níveis vão progressivamente decaindo
durante os primeiros meses de vida). Este decaimento dos níveis de IgG passa
a ser notado por volta do 4º-5º mês de via da criança.
No momento em que ocorre este decréscimo dos níveis de IgG, a criança
ainda não tem a plena produção de seus próprios anticorpos, de modo que
ocorre uma deficiência transitória da presença destes anticorpos:
• IgM: alcança os níveis séricos do adulto aos 12 meses;
• IgG: alcança os níveis séricos do adulto após 6-7 anos de idade;
• IgA: alcança os níveis séricos do adulto só na adolescência
386
HIV
O HIV é o agente causador da AIDS (síndrome da imunodeficiência
humana).
Histórico
Os primeiros casos da AIDS foram descritos em 1977-78 (nos EUA, Haiti
e África). Em 1980, a AIDS era considerada uma doença misteriosa que afetava
homossexuais. Em 1981, tornou-se uma preocupação das autoridades públicas,
havendo grandes investimentos para a identificação de seu agente causal e para
o desenvolvimento de medidas terapêuticas. O primeiro caso diagnosticado no
Brasil ocorreu em 1982.
Em 1984, o HIV foi identificado como agente causador da AIDS.
Atualmente, há cerca de 42 milhões de pessoas infectadas, e já ocorreram mais
de 35 milhões de mortes devido a esta doença.
Estrutura
O HIV é um RNA vírus. Algumas proteínas do nucleocapsideo são
responsáveis pela multiplicação viral e pelo alinhamento das próprias moléculas
de RNA viral. O capsídeo viral é formado principalmente pela proteína p24.
Na superfície do HIV há uma bicamada lipídica (como a de uma célula
humana) e proteínas de ancoramento (proteínas spike: se projetam a partir da
membrana do vírus e são utilizadas para ancorá-lo na célula hospedeira). As
proteínas spike são formadas por duas proteínas: gp120 e gp41 (gp =
glicoproteínas. São proteínas altamente glicosiladas, o que auxilia nos
387
Características gerais
O HIV é um retrovírus (a partir do seu RNA, é feita uma tran scrição
reversa, sendo gerado um cDNA no interior da célula) da família Lentivirus. O
HIV apresenta também uma enzima que integra o cDNA ao genoma da célula
hospedeira, o que faz com que o HIV cause uma infecção latente.
O HIV infecta essencialmente linfócitos T CD4+ e macrófagos através
da sua ligação à molécula CD4 e a receptores de quimiocinas.
A transmissão do HIV se dá por via sexual e parenteral.
A infecção por HIV causa uma imunodeficiência muito grave, associada à
diminuição de linfócitos T CD4+, principalmente de Th1 (produtores de IFN-
gama e de TNF). Os Th1 são os tipos celulares mais sensíveis à infecção pelo
HIV.
Genoma do HIV
O genoma do HIV é relativamente pequeno, possuindo 9,2 kb de
comprimento. Apresenta genes gag, genes pol (responsáveis por codificar as
proteases, a transcriptase reversa e a integrase) e genes do envelope (onde
estão codificadas as informações para sintetizar a gp160)
Tipos de HIV
Existem 2 tipos de HIV. O HIV-1 é o predominante no mundo todo, e o
HIV-2 está mais presente na África Ocidental. A diferença genômica entre estes
dois tipos é a distância entre os genes vpr e vpu . Além disso, o HIV-2 é menos
produtor de partículas virais, realizando menos cópias do vírus – desta forma, o
vírus HIV-2 é transmitido com menor eficiência em relação ao HIV-1.
389
A diferença deste processo que ocorre nos linfócitos para o processo que
ocorre nos macrófagos é que a gp120 não se liga à CXCR-4, mas sim à CCR-
5 (que é o receptor de quimiocinas do macrófago). O macrófago e o monócito
também expressam um pouco de moléculas CD4, possibilitando a infecção.
Além disso, uma grande quantidade de DNA viral não funcional fora do
vírus poderia trazer efeitos tóxicos às células.
Os linfócitos Th produtores de IL-2 e IFN (linhagem Th1) são os mais
afetados pela infecção por HIV pois o mecanismo de apoptose é mais
394
Tratamento da AIDS
Algumas ferramentas utilizadas no tratamento da AIDS são:
• Inibidores de fusão: inibem a ligação da membrana do vírus à membrana
da célula do hospedeiro.
o T-20: é um polipeptídeo constituído por 36 aminácidos que interage
com a gp41, impedindo o dobramento da gp41 e a fusão do vírus
com a membrana da célula
o Bloqueadores dos co-receptores CCR5 e CXCR-4
▪ Maraviroc: ocupa pontos da molécula de CCR5 que são
importantes para a ligação da gp120 (já está sendo
utilizado)
▪ PRO 140 (Progenics): é um anticorpo monoclonal anti-
CCR5 (ainda está em teste)
▪ AMD3100: é um anticorpo monoclonar anti-CXCR-4
• Inibidores da transcriptase reversa: estes medicamentos combatem o
vírus já no interior das células
o AZT: é utilizado até hoje. Deve ser associado a outros fármacos
para ser efetivo: sozinho reduz níveis de RNA plasmático do HIV
durante anos, mas não impede a progressão da doença.
• Inibidores de proteases: as proteases são as enzimas que clivam a
gp160 em gp41 e gp120 (e estas duas últimas se associam e formam a
molécula do spike viral). Sem esta clivagem, o vírus não é formado ou não
possui capacidade de infecção (visto que a gp160 não é capaz de se ligar
ao CD4 ou ao receptor de quimiocinas)
Infecções oportunistas
Algumas das infecções oportunistas que podem ocorrer neste quadro são:
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