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NEUROINFLAMAÇÃO E Neuroinflamação e
DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS
Doenças neurodegenerativas
Introdução
Nesta aula veremos sobre 3 patologias: Alzheimer, doença de
Parkinson e o ELA (Esclerose lateral amiotrófica). Elas têm em comum
algumas características:
- Não tem cura;
- Fator de risco: envelhecimento – maior acometimento em
pessoas idosas;
- Morte celular predominante nos 3 é a morte celular
programada (apoptose); Frente à sinalização, a microglia entra em uma ativação no
- Envolve fatores genéticos e epigenéticos (doenças estágio 1, começando a diminuir os níveis transcricionais do Cx3cr1,
multifatoriais – além de fatores genéticos, há o envolvimento de fatores P2ry12, dentre outros. Em contra partida, aumenta a transcrição de
ambientais); outros genes, listados na imagem.
- Mal dobramento de proteínas, leva ao seu mal Já no segundo estágio, através de uma sinalização via TREM2,
funcionamento (disfuncional); ela começa a aumentar a transcrição de genes antes não estavam sendo
- Mediados por mecanismos intracelulares. transcritos (listado na figura).
microglia: a universal immune sensor of neurodegeneration. Cell, v. Lembrando que quem vai ativar essa microglia são as NAMPs
1.1 Genome-wide association studies (GWASs) humor, dificuldade de realizar atividades diárias, dificuldade de
Um avanço nos estudos que buscam a correlação da comunicação, problemas de julgamento e problemas visuoespaciais.
neuroinflamação com as microglias são as GWASs (genome-wide Sendo a principal estrutura acometida o hipocampo.
aumentam o risco para determinada doença neurodegenerativa, (período bem relativo). Paciente se torna totalmente dependente, não
enquanto outros genes funcionam como fatores protetores (down- consegue se alimentar sem auxílio (uso de sonda gástrica), geralmente
regulated), ou seja, sua expressão está sendo inibida, causando uma não consegue falar, incapaz de falar, perda de controle sobre funções do
neuro-proteção (aqueles que não possuem a expressão desses genes, não corpo (engolir, controlar bexiga), e episódios de agressão são comuns.
2.4 Via patológica pelos emaranhados neurofibrilares da proteína tau, também funcionando
como NAMPs. Além disso, esses emaranhados também funcionam
A figura abaixo mostra a via da patologia, não é o foco da
aula, mas é importante saber o básico da neuroinflamação. como fatores de ativação direta da microglia (NAMPs).
Temos a proteína tau associada a microtúbulo, que quando E então temos toda a história que já falamos inúmeras vezes.
hiperfosforilada, se desprende do microtúbulo, formando emaranhados Temos um desbalanço das citocinas liberadas, dos fatores pró-
neurofibrilares (Neurofibrilary tangles NFTs). Na imagem também inflamatórios sendo liberados em peso; isso associado com a ativação do
temos a representação de PHFs (paired helical filaments), que são astrócito (prost-talk entre microglia e astrócito), faz com que ele seja
filamentos helicoidais emaranhados e que inibem a função energética ativado, liberando ainda mais citocinas pró-inflamatórias, fazendo com
da mitocôndria, levando à falência mitocondrial e, consequentemente, a que haja um aumento da BHE (no esquema representado por BBB
Além disso, temos a placa beta amiloide representada. Ela contribuindo para o clico da neuroinflamação, que acaba exacerbando
ativa a via do GSK3, que leva à hiperfosforilação da TAU. Mostrando de uma forma a gerar uma morte neuronal massiva. Que por sua vez,
como elas estão correlacionadas. também funciona como estímulo para ativar a microglia. Então temos
um quadro que funciona em loop.
2.4.1 Beta amiloide e inflamassomo 2.4.2 Resumo
E a história pode piorar. O esquema abaixo é um resumo do que falamos até o
Falamos aula passada na formação do inflamassomo, que momento. Em A, temos as condições fisiológicas da microglia em
levaria à produção de mais citocina inflamatória. Na verdade, esse repouso: promovendo a sobrevivência, a vigilância constante, fagocitose
complexo leva à maturação de duas citocinas pro-inflamatórias: a pro- de debris e manutenção da plasticidade neuronal. Temos então uma
IL-1β e a pro-IL-18. conversa da microglia com o neurônio liberando fatores tróficos e
Então no esquema abaixo temos as placas β-amiloides mantendo a homeostase sináptica. Ao mesmo tempo, temos o astrócito
funcionando como NAMPs, que estimulam receptores específicos da mantendo a integridade da barreira hematoencefálica, regulando o fluxo
microglia. sanguíneo, também fazendo a conversa com o neurônio.
Anteriormente, tínhamos que o toll-like 4 levava à
translocação do NF-kB para o núcleo e a produção/secreção de citocinas
pró-inflamatórias que vão aumentar o dano neuronal, ajudar na ativação
do astrócito e vão super regular a BACE (enzima que propicia a
produção de mais placa β-amiloide), piorando a condição por
desencadeamento da própria placa β-amiloide.
Mas para piorar, agora sabemos que quando temos a
translocação do NF-kB para o núcleo, também temos a ativação da via
do inflamassomo. Esse complexo se dá pela junção do NLRP3, do ASC
e da caspase 1 ativada. Esse complexo sofre uma exocitose e, fora da
microglia, funciona como um centro agregador das placas β-amiloides.
Ou seja, atua na formação das placas, além dele propiciar na maturação
de duas interleucinas (pro-IL-1β e pro-IL-18), que são interleucinas
Depois em B, temos a situação frente à um desafio patológico,
que pioram o quadro de inflamação.
onde a microglia se torna ativada. Temos a produção de espécies
reativas de oxigênio, uma poda sináptica excessiva e a redução da
liberação de fatores tróficos. Isso por si só causa uma disfunção que
pode levar à apoptose neuronal e à perda sináptica. Em conjunto a isso
temos a liberação de citocinas pró-inflamatórias (pro-IL-1β e pro-IL-
18) que também irão promover o aumento da disfunção, apoptose. perda
sináptica do neurônio, e lesão axonal. Além disso temos a resposta
astrocitária frente à liberação das citocinas pro-inflamatórias microglias,
causando a perda da sua função homeostática e liberação de glutamato,
que quando em excesso, causa a morte do neurônio por toxicidade.
Por fim, o esquema mostra a microglia ramificada (repouso),
até sua ativação para o lado anti-inflamatório, que promove fagocitose,
remodelamento da rede neuronal e auxilia no suporte trófico. E na
direita, sua forma pró-inflamatória, promovendo excitotoxicidade, pode
sináptica e desmielinização. Além disso, ressalta a importância de termos
um balanço entre esses dois estágios de ativação microgliais para tentar
resolver essa neuroinflamação. Que é o que não ocorre no caso da MCI: mild cognitive impairment
ocorrer quando a microglia está ‘menos sensível’. Além disso, enquanto - Levodopa;
as primeiras infecções periféricas fazem com que a microglia libere - Estimulação cerebral.
4.2.3 Excitotoxicidade
Transportadores gliais de glutamato EAAT2 (ou GLT1) Artigo 7: CARATA, Elisabetta et al. Looking to the Future of the Role
retiram o excedente da fenda sináptica. Na ELA, o glutamato encontra- of Macrophages and Extracellular Vesicles in Neuroinflammation in
se aumentado devido a diminuição ou inativação deste transportador. ALS. International Journal of Molecular Sciences, v. 24, n. 14, p. 11251,
Subunidade GluR2: AMPARs são tetrâmeros com, pelo 2023.
menos, 1 subunidade GluR2 com baixa permeabilidade ao Ca2+. Na Esse artigo fala da participação de vesículas extracelulares na
ELA, os níveis de RNAm de GluR2 encontram-se reduzidos, acelerando neuroinflamação que ocorre na ELA.
Temos a microglia sendo ativada frente à liberação de Escolha uma opção:
citocinas pró-inflamatórias, além delas mesmo liberando citocinas pró- a) Verdadeiro
inflamatórias. O recrutamento de células do sistema imune periférico, b) Falso
liberam mais citocinas pró-inflamatórias.
Como fator desencadeante teríamos os agregados de α- 2- Na doença de Parkinson, as alterações genotípicas refletem achados
sinucleína aumentada (mutated protein aggregates), que vão gerar uma relacionados ao fenótipo das DAMs.
alteração neuronal, fazendo com que ele tenha tanto a degeneração da Escolha uma opção:
mielina, quanto alterações que vão levar à morte do corpo celular, a) Verdadeiro
desencadeando a ativação das microglias. b) Falso
Falando do neurônio 2 (neurônio motor inferior), que inerva
o músculo, se temos a distorção do axônio, teremos uma atrofia, ou seja, 3- Na doença de Parkinson, as placas beta amiloide e os emaranhados
deixaremos de ter a contração muscular. Essa atrofia também libera neurofibrilares não ativam (sim, pois funcionam como DAMPs)
fatores que podem gerar uma inflamação sistêmica, piorando o quadro diretamente a microglia, somente os neurônios em degeneração.
tanto do SNC quanto do SNP. Escolha uma opção:
a) Verdadeiro
b) Falso
1- As DAMs (disease-associated microglia) conseguem responder aos b) Falso (existe, ela só não é a protagonista)