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ÍNDICE

Introdução ...................................................................................................................... 4
Fundamentação teórica................................................................................................... 5
Conceito......................................................................................................................... 5
Células do sistema imune ........................................................................................... 5
Como funciona ........................................................................................................... 6
Resposta imune inata ou natural ............................................................................. 6
Resposta imune adaptativa ou adquirida ................................................................. 7
O que são antígenos e anticorpos ................................................................................ 8
Tipos de imunização................................................................................................... 8
Imunização ativa .................................................................................................... 8
Imunização passiva ................................................................................................ 9
Como fortalecer o sistema imunológico ...................................................................... 9
I. Funções do complemento ........................................................................................ 9
Vias de activação do complemento ....................................................................... 11
Produtos biologicamente ativos da ativação do complemento ....................................... 16
Conclusão .................................................................................................................... 18
Referencia Bibliográfica .............................................................................................. 19

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Introdução

No presente estudo abordaremos sobre o sistema de complemento. Às vezes a


interacção dos anticorpos com antígenos é eficiente por si só.

Mas, muitas vezes, a ligação de anticorpos a antigénios não produz função útil a
menos que ela possa activar um mecanismo efectivo, seja ele celular ou humoral. O
sistema complemento participa nestas funções efectoras.

Denomina-se complemento um complexo sistema multiprotéico com mais de 30


componentes, na sua maioria proteínas plasmáticas, cujas funções principais são a defesa
frente às infecções por microorganismos, a eliminação da circulação dos complexos
antigénio-anticorpo e alguns dos seus fragmentos actuam como mediadores inflamatórios.

O complemento é um dos mecanismos efectores mais importantes da resposta


imune inata. Quando um microorganismo penetra no organismo, normalmente provoca a
activação do complemento. Como resultado da sua activação e amplificação, alguns
componentes do complemento depositam-se sobre a superfície do patogénico responsável
pela activação, o que determina a sua destruição (lise) e/ou a sua eliminação por células
do sistema fagocítico.

Para que o sistema complemento expresse a sua atividade é necessária a sua


ativação prévia. As actividades mais importantes de defesa do hospedeiro são efectuadas
por C3 e C5, estruturalmente semelhantes. A clivagem de tais proteínas é feita por
proteases altamente específicas, as convertases. Existem três C3 convertases (C4b2b,
C3(H20)Bb, C3bBb) e duas C5 convertases (C4b2a3b, C3bBb3b), organizadas durante a
activação das três vias do complemento, denominadas vias clássica, da lectina e
alternativa.

Uma das funções do sistema complemento é a opsonisação, ou seja, a facilitação


para o processo de fagocitose. Enzimas do sistema complemento:

• C1-esterase;
• C3-convertase

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Fundamentação teórica

Conceito
O sistema imune, ou sistema imunológico, é um conjunto de órgãos, tecidos e
células responsáveis pelo combate a microrganismos invasores, impedindo, assim, o
desenvolvimento de doenças. Além disso, é responsável por promover o equilíbrio do
organismo a partir da resposta coordenada das células e moléculas produzidas em resposta
ao patógeno.

A melhor forma de fortalecer o sistema imune e fazê-lo responder bem frente a


microrganismos invasores é por meio da alimentação e prática de hábitos saudáveis. Além
disso, é importante que seja feita a vacinação, principalmente quando criança, para
estimular a produção de anticorpos e evitar que a criança desenvolva doenças que podem
interferir no seu desenvolvimento, como por exemplo a poliomielite, também chamada de
paralisia infantil, que pode ser prevenida por meio da vacina VIP.

Células do sistema imune

A resposta imunológica é mediada por células responsáveis pelo combate a


infecções, os leucócitos, que promovem a saúde do organismo e da pessoa. Os leucócitos
podem ser divididos em polimorfonucleares e mononucleares, possuindo cada grupo
alguns tipos de células de defesa do organismo que desempenham funções distintas e
complementares. As células pertencentes ao sistema imune são:

• Linfócitos, que são as células que normalmente estão mais alteradas durante
infecções, uma vez que garante especificidade à resposta imunológica. Há três
tipos de linfócitos, o B, T e o Natural Killer (NK), que desempenham funções
diferentes;
• Monócitos, que estão circulantes temporariamente no sangue e que podem ser
diferenciados em macrófagos, que são importantes para o combate ao agente
agressor do organismo;
• Neutrófilos, que circulam em maiores concentrações e são as primeiras a
identificar e atuar contra a infecção;

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• Eosinófilos, que normalmente estão circulantes em menores quantidades no
sangue, mas têm sua concentração aumentada durante reações alérgicas ou em
caso de infecções parasitárias, bacterianas ou por fungos;
• Basófilos, que também circulam em menores concentrações, porém podem
aumentar devido a alergias ou inflamações prolongadas.
• A partir do momento que há entrada de algum corpo estranho e/ou agente
infeccioso no corpo, as células do sistema imune são ativadas e atuam de forma
coordenada com o objetivo de combater o agente agressor. Conheça mais sobre os
leucócitos.

Como funciona

O sistema imune é responsável por proteger o organismo contra qualquer tipo de


infecção. Dessa forma, quando um microrganismo invade o organismo, o sistema
imunológico é capaz de identificar esse patógeno e ativar mecanismos de defesa com o
objetivo de combater a infecção.

O sistema imunológico é composto por dois tipos de resposta principais: a resposta


imune inata, que é a primeira linha de defesa do organismo, e a resposta imune adaptativa,
que é mais específica e é ativada quando a primeira resposta não funciona ou não é
suficiente.

Resposta imune inata ou natural

A resposta imune natural ou inata é a primeira linha de defesa do organismo, já


estando presente na pessoa desde o seu nascimento. Assim que o microrganismo invade o
organismo, essa linha de defesa é estimulada, sendo caracterizada pela sua rapidez e pouca
especificidade.

Esse tipo de imunidade é constituído por:

• Barreiras físicas, que são a pele, pêlos e muco, sendo responsáveis por
impedir ou retardar a entrada de corpos estranhos no organismo;
• Barreiras fisiológicas, como por exemplo a acidez do estômago, temperatura
do corpo e citocinas, que impedem o microrganismo invasor se desenvolver no
corpo, além de promover a sua eliminação;

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• Barreiras celulares, que é constituída pelas células consideradas como
primeira linha de defesa, que são os neutrófilos, macrófagos e linfócitos NK,
responsáveis por englobar o patógeno e promover sua destruição.
• Devido à eficiência do sistema imune inato, as infecções não ocorrem a todo
tempo, sendo os microrganismos rapidamente eliminados. No entanto, quando
a imunidade natural não é suficiente para combater o patógeno, a imunidade
adaptativa é estimulada

Resposta imune adaptativa ou adquirida

A imunidade adquirida ou adaptativa, apesar de ser a segunda linha de defesa do


organismo, possui grande importância, já que é por meio dela que são geradas as células
de memória, evitando que infecções pelo mesmo microrganismo ocorram ou, caso
ocorram, sejam mais brandas.

Além de dar origem a células de memória, a resposta imune adaptativa, apesar de


demorar mais para ser estabelecida, é mais específica, já que consegue identificar
características específicas de cada microrganismo e, assim, conduzir a resposta imune.

Esse tipo de imunidade é activada pelo contato com os agentes infecciosos e possui dois
tipos:

• Imunidade humoral, que é uma resposta mediada pelos anticorpos produzidos


pelos linfócitos do tipo B;
• Imunidade celular, que é a resposta imune mediada pelos linfócitos do tipo T,
que promovem a destruição do microrganismo ou a morte das células infectadas,
já que esse tipo de imunidade é desenvolvido quando o patógeno sobrevive à
imunidade inata e humoral, ficando inacessível aos anticorpos. Saiba mais sobre
os linfócitos.
• Além da imunidade humoral e celular, a resposta imune adaptativa também pode
ser classificada em ativa, quando adquirida por meio da vacinação, por exemplo,
ou passiva, quando provêm de outra pessoa, como por exemplo por meio do
aleitamento, em que anticorpos podem ser transmitidos da mãe para o bebê.

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O que são antígenos e anticorpos

Para que haja uma resposta do sistema imunológico, são necessários antígenos e
anticorpos. Os antígenos são substâncias capazes de desencadear uma resposta
imunológica, sendo específico para cada microrganismo, e que se liga diretamente ao
linfócito ou a um anticorpo para gerar a resposta imune, que normalmente resulta na
destruição do microrganismo e, assim, fim da infecção.

Os anticorpos são proteínas em forma de Y responsáveis por proteger o


organismo contra infecções, sendo produzidos em resposta a um microrganismo invasor.
Os anticorpos, também chamados de imunoglobulinas, podem ser adquiridos por meio da
amamentação, que é o caso do IgA, ainda durante a gestação, no caso do IgG, ou serem
produzidos como resposta a uma reação alérgica, no caso do IgE. Conheça mais sobre os
anticorpos.
Na resposta às infecções, o IgM é o anticorpo primeiramente produzido. À
medida que a infecção se estabelece, o organismo passa a produzir IgG que, além de
combater a infecção, permanece na circulação, sendo considerado um anticorpo de
memória. Saiba mais sobre o IgG e o IgM.

Tipos de imunização

A imunização corresponde ao mecanismo do organismo de promover proteção


contra determinados microrganismos, podendo ser adquirida de forma natural ou artificial,
como no caso das vacinas, por exemplo.

Imunização ativa

A imunização ativa é aquela adquirida por meio da vacinação ou devido ao contato


com o agente de determinada doença, estimulando o sistema imune e levando-o a produzir
anticorpos.

A imunização ativa é capaz de gerar memória, ou seja, quando o corpo entra em


contato novamente com o agente causador de determinada doença, o corpo reconhece e
combate o agente invasor, impedindo que a pessoa desenvolva a doença ou a tenha de
forma mais grave. Dessa forma, esse tipo de resposta é duradoura, no entanto demora para
que seja estabelecida, ou seja, logo após a exposição ao agente nocivo, não há formação
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de resposta imunológica adequada de forma imediata. O sistema imune leva um tempo
para processar e assimilar essa informação.

A exposição natural ao patógeno é uma forma de se obter a imunização ativa.


Além disso, é importante obter a imunização ativa de forma artificial, que é por meio da
vacinação, assim, previne-se infecções futuras. Na vacinação, é administrado na pessoa o
microrganismo morto ou com sua atividade diminuída com o objetivo de estimular o
sistema imune a reconhecer o patógeno e criar imunidade contra ele. Veja quais são
as principais vacinas e quando devem ser tomadas.

Imunização passiva

A imunização passiva acontece quando a pessoa adquire anticorpos produzidos


por outra pessoa ou animal. Esse tipo de imunização é normalmente obtido de forma
natural através da passagem de imunoglobulinas, principalmente do tipo IgG (anticorpo),
pela placenta, ou seja, por meio da transferência direta da mãe para o bebê.

A imunização passiva também pode ser adquirida de forma artificial, por meio a
injeção de anticorpos de outras pessoas ou de animais, como acontece na picada de cobra,
por exemplo, em que é extraído o soro do veneno da cobra e depois administrado
diretamente na pessoa. Saiba mais sobre os primeiros socorros para picada de cobra.
Esse tipo de imunização gera uma resposta imune mais rápida, porém não é
duradoura como é o caso da imunização ativa.

Como fortalecer o sistema imunológico

Para melhorar o sistema imune é importante adotar hábitos de vida saudáveis,


como a prática de exercícios regularmente e uma alimentação balanceada, com alimentos
ricos em vitamina C, selênio e zinco. Veja quais são os alimentos que podem fortalecer o
sistema imunológico.

I. Funções do complemento

Historicamente, o termo complemento (C) era usado para se referir a um


componente termo lábil do soro que era capaz de lizar bactéria (atividade destruída

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(inativada) pelo aquecimento do soro a 56 graus C por 30 minutos). Entretanto, o
complemento é hoje conhecido por contribuir para as defesas do hospedeiro também de
outras maneiras. O complemento pode opsonizar bactéria para uma melhor fagocitose;
pode recrutar e ativar várias células incluindo células polimorfonucleares (PMNs) e
macrófagos; pode participar na regulação de respostas de anticorpos e pode auxiliar na
eliminação de complexos imunológicos e células apoptóticas. Complemento também tem
efeitos detrimentais para o hospedeiro; contribui para inflamação e danos tissulares e pode
disparar anafilaxia.

O complemento compreende mais de 20 proteínas séricas diferentes (ver Tabela


1) que são produzidas por uma variedade de células incluindo, hepatócitos, macrófagos e
células epiteliais do intestino. Algumas proteínas do complemento ligam-se a
imunoglobulinas ou a componentes de membrana das células. Outras são proenzimas que,
quando ativadas, clivam uma ou mais outras proteínas do complemento. Com a clivagem
algumas das proteínas do complemento liberam fragmentos que ativam células, aumentam
a permeabilidade vascular ou opsonizam bactéria.

Proteínas do sistema Complemento


Via Clássica Via da Lectina Via Alternativa Via Lítica

Proteínas de Proteína de ligação C3, Fatores B &


ativação: à manana (MBP), D*, C5, C6, C7,
C1qrs, C2, protease Properdina (P) C8, C9
C3, C4 mananaassociada a
serina (MASP, Fatores I* & H, Proteína S
Proteínas de MASP2) fator acelerador
Controle: de decaimento
C1-INH, C4- (DAF), Receptor
BP de complemento
1(CR1), etc.

Componentes sublinhados adquirem atividade enzimática quando ativados.


Componentes marcados com um asterisco têm atividade enzimática na sua
forma inativa.

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Vias de activação do complemento

A activação do complemento pode ser dividida em quatro vias (figura 1): a via
clássica, a via da lectina, a via alternativa e a via do ataque à membrana (ou via lítica).
Ambas as vias clássica e alternativa levam à ativação da C5 convertase e resulta na
produção de C5b que é essencial para a ativação da via do ataque à membrana.

Via clássica

Activação de C1

C1, uma proteína multi-subunitária contendo três proteínas diferentes (C1q, C1r e
C1s), liga à região Fc das moléculas de anticorpo IgG e IgM que interagiram com
antígeno. A ligação de C1 não ocorre a anticorpos que não se complexaram com antígeno
e a ligação requer íons cálcio e magnésio. (N.B. Em alguns casos C1 pode ligar a
imunoglobulinas agregadas [ex. agregados de IgG] ou a certas superfícies em patógenos
na ausência de anticorpo). A ligação de C1 a anticorpo é via C1q e esta proteína deve
realizar ligação cruzada com pelo menos duas moléculas de anticorpo para ser firmemente
fixada. A ligação de C1q leva à ativação de C1r que por sua vez ativa C1s. O resultado
é a formação de uma “C1qrs” ativada, que é uma enzima que cliva C4 em dois fragmentos
C4a e C4b.

Ativação de C4 e C2 (geração de C3 convertase)

O fragmento C4b liga-se à membrana e o fragmento C4a é liberado no


microambiente. “C1qrs” ativada também cliva C2 em C2a e C2b. C2a liga-se à membrana
em associação com C4b, e C2b é liberada no microambiente. O complexo resultante
C4bC2a é uma C3 convertase, que cliva C3 em C3a e C3b.

Ativação de C3 (geração de C5 convertase)

C3b liga-se à membrana em associação com C4b e C2a, e C3a é liberada no


microambiente. O C4bC2aC3b resultante é uma C5 convertase. A geração de C5
convertase é o fim da via clássica.

Alguns dos produtos da via clássica têm atividades biológicas potentes que
contribuem para as defesas do hospedeiro. Alguns desses produtos também têm efeitos

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detrimentais se produzidos de maneira não regulada. Tabela 2 sumariza as atividades
biológicas dos componentes da via clássica.

Atividade Biológica dos produtos da via clássica


Componente Atividade Biológica
Procinina; clivada pela plasmina para
C2b
liberar cinina, que resulta em edema
Anafilotoxina; pode ativar basófilos e
mastócitos induzindo sua degranulação
C3a resultando no aumento da permeabilidade
vascular e contração das células da
musculatura lisa, levando à anafilaxia
Opsonina; promove fagocitose pela ligação
C3b a receptores do complemento
Ativação de células fagocitárias

C4a Anafilotoxina (mais fraca que C3a)

Opsonina; promove fagocitose pela ligação


C4b
a receptores do complemento

Se a via clássica não for regulada poderá haver produção contínua de C2b, C3a e
C4a. Desse forma, deve haver uma maneira de regular a atividade da via clássica. Tabela
3 sumariza as maneiras pelas quais a via clássica é regulada.

Regulação da Via Clássica


Componente Regulação

Todos C1-INH; dissocia C1r e C1s de C1q


CInativador C3a (C3a-INA;
C3a
Carboxipeptidase B); inactiva C3a
Fatores H e I; Fator H facilita a degradação
C3b
de C3b pelo Fator I
C4a C3-INA
Proteína ligadora de C4 (C4-BP) e Fator
I; C4-BP facilita a degradação de C4b pelo
C4b Fator I; C4-BP também previne a associação
de C2a com C4b bloqueando assim a
formação da C3 convertase

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A importância de C1-INH na regulação da via clássica é demonstrada pelo
resultado de uma deficiência neste inibidor. Deficiências de C1-INH estão associadas com
o desenvolvimento de angioedema hereditário.

Via da lectina

A via da lectina (figura 3) é muito similar à via clássica. Ela é iniciada pela ligação
da lectina ligadora a manose (MBL) a superfícies bacterianas com polissacarídeos
(mananas) contendo manose. A ligação de MBL a um patógeno resulta na associação de
duas proteases de serina, MASP-1 e MASP-2 (MBL-proteases associadas a serina).
MASP-1 e MASP-2 são similares a

C1r e C1s, respectivamente e MBL é similar a C1q. A formação do complexo tri-


molecular

MBL/MASP-1/MASP-2 resulta na ativação das MASPs e subseqüente clivagem


de C4 em C4a e C4b. O fragmento C4b liga à membrana e o fragmento C4a é liberado no
microambiente. MASPs ativadas também clivam C2 em C2a e C2b. C2a liga à membrana
em associação com C4b e C2b é liberada no microambiente. O complexo C4bC2a
resultante é a C3 convertase, que cliva C3 em C3a e C3b. C3b liga-se à membrana em
associação com C4b e C2a e C3a é liberada no microambiente. O C4bC2aC3b resultante
é a C5 convertase. A geração da C5 convertase é o fim da via da lectina.

As actividades biológicas e proteínas reguladoras da via da lectina são as mesmas


da via clássica.

Via alternativa

A via alternativa começa com a ativação de C3 e requer Fatores B e D e cátions


Mg++ , todos presentes no soro normal.

Circuito de amplificação da formação de C3b

No soro há um baixo nível de hidrólise espontânea de C3 para produzir C3i. O


fator B liga-se a C3i e se torna susceptível ao Fator D, que cliva o Fator B em Bb. O
complexo C3iBb age como uma C3 convertase e cliva C3 em C3a e C3b. Uma vez
formado C3b, o Fator B ligar-se-á a ele e tornar-se-á susceptível à clivagem pelo Fator D.

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O complexo C3bBb resultante é uma C3 convertase que continuará a gerar mais C3b,
amplificando assim a produção de C3b. Se este processo continuar sem parar, o resultado
seria o consumo de todo o C3 do soro. Dessa forma, a produção espontânea de C3b está
estreitamente controlada.

Controle do circuito de amplificação

Como C3b espontaneamente produzida liga-se a membranas hospedeiras


autólogas, este interage com DAF (fator de aceleração de decaimento), que bloqueia a
associação do Fator B com C3b prevenindo dessa maneira a formação de C3 convertase
adicional. Além disso, DAF acelera a dissociação de Bb de C3b na C3 convertase que foi
formada, parando dessa maneira a produção de C3b adicional. Algumas células possuem
o receptor de complemento 1 (CR1). A ligação de C3b a CR1 facilita a degradação
enzimática de C3b pelo Fator I. Além disso, a ligação da C3 convertase (C3bBb) a CR1
também dissocia Bb Fo complexo. Dessa maneira, em células possuidoras de receptores
do complemento, CR1 também exerce papel no controle do circuito de amplificação.
Finalmente, Fator H pode ligar a C3b ligado a uma célula ou na fase fluida e facilita a
degradação enzimática de C3b pelo Fator I. Dessa forma, o circuito de amplificação é
controlado pelo bloqueio da formação da C3 convertase, dissociação da C3 convertase, ou
pela digestão enzimática de C3b. A importância do controle desse circuito de amplificação
é ilustrada em pacientes com deficiências genéticas do Fator H ou I. Esses pacientes têm
uma deficiência de C3 e elevada susceptibilidade a certas infecções.

Estabilização da C convertase por superfícies ativadoras (protetoras)

Quando ligado ao ativador apropriado da via alternativa, C3b liga-se ao Fator B,


que é clivado enzimaticamente pelo Fator D para produzir C3 convertase (C3bBb).
Entretanto, C3b é resistente à degradação pelo Fator I e a C3 convertase não é rapidamente
degradada, uma vez que é estabilizada pela superfície ativadora. O complexo é
subseqüentemente estabilizado pela ligação da properdina a C3bBb. Ativadores da via
alternativa são componentes na superfície de patógenos e incluem: LPS de bactéria Gram-
negativa e as paredes celulares de algumas bactérias e leveduras. Dessa forma, quando
C3b liga-se a uma superfície ativadora, a C3 convertase formada torna-se estável e
continua a gerar mais C3a e C3b pela clivagem de C3.

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Geração da C5 convertase

Algumas das C3b geradas pela C3 convertase estabilizada na superfície ativadora


se associam com o complexo C3bBb para formar um complexo C3bBbC3b. Este é a C5
convertase da via alternativa. A geração de C5 convertase é o fim da via alternativa. A via
alternativa pode ser ativada por muitas bactérias Gram-negativas (sendo as mais
significativas a Neisseria meningitidis e N. gonorrhoea), algumas Gram-positivas e certos
vírus e parasitas, e resulta na lise desses organismos. Dessa forma, a via alternativa de
ativação do C proporciona outro meio de proteção contra certos patógenos antes da
montagem de uma resposta por anticorpo. A deficiência de C3 resulta em uma
susceptibilidade aumentada a esses organismos. A via alternativa deve ser uma via mais
primitiva e as vias clássica e da lectina provavelmente teriam se desenvolvido a partir da
via alternativa.

Lembrem-se de que a via alternativa proporciona um meio de resistência não


específica contra infecção sem a participação de anticorpos e, portanto, fornece a primeira
linha de defesa contra uma variedade de agentes infecciosos.

Muitas bactérias gram negativas e algumas gram positivas, certos vírus, parasitas,
células vermelhas heterólogas, agregados de imunoglobulinas (particularmente IgA) e
algumas outras proteínas (ex. proteases, produtos da via de coagulação) pode ativar a via
alternativa. Uma proteína, o fator do veneno da cobra (CVF), tem sido extensivamente
estudada pela sua habilidade de ativar esta via.

Via do ataque à membrana celular (via lítica)

A C5 convertase das vias clássica (C4b2a3b), da lectina (C4b2a3b) ou alternativa


(C3bBb3b) cliva C5 em C5a e C5b. C5a permanece na fase fluida e C5b se associa
rapidamente com C6 e C7 e se insere na membrana. Subsequentemente C8 liga-se, seguido
por algumas moléculas a C9. As moléculas C9 formam um poro na membrana através do
qual os conteúdos celulares vazam e ocorre a lise. A lise não é um processo enzimático;
acredita-se que seja devido ao dano físico à membrana. O complexo consistindo em
C5bC6C7C8C9 é referido como complexo de ataque à membrana (MAC).

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C5a gerado na via lítica tem várias e potentes atividades biológicas. É a mais
potente anafilotoxina. Além disso, é um fator quimiotáctico para neutrófilos e estimula a
queima respiratória neles e estimula a produção de citocina inflamatória pelos macrófagos.
Sua atividade é controlada pela inativação pela carboxipeptidase B (C3INA).

Alguns dos complexos C5b67 formados podem se dissociar da membrana e entrar


na fase fluida. Se for isso o que acontece então ele pode se ligar a outras células vizinhas
e provocar sua lise. A lesão a células das vizinhanças é impedida pela Proteína S
(vitronectina). Proteína S liga-se ao C5b67 solúvel e impede sua ligação a outras células.

Produtos biologicamente ativos da ativação do

complemento

Ativação do complemento resulta na produção de várias moléculas biologicamente


ativas que contribuem para a resistência, anafilaxia e inflamação.

Produção de Cinina

C2b gerada durante a via clássica da ativação do C é uma procinina que torna-se
biologicamente ativa após alteração enzimática pela plasmina. A produção excessiva de
C2b é impedida pela ativação limitada de C2 pelo inibidor C1 (C1-INH) também
conhecido como serpina que desacopla C1rs do complexo C1qrs (Figura 10). Uma
deficiência genética de C1-INH leva à superprodução de C2b e é a causa do edema
angioneurótico. Esta condição pode ser tratada com Danazol que promove a produção de
C1-INH ou com ácido -amino capróico que diminui a atividade da plasmina.

Anafilotoxinas

C4a, C3a e C5a (em ordem crescente de atividade) são todas as anafilotoxinas que
causam degranulação celular de basófilos/mastócitos e contração de células da
musculatura lisa. Efeitos indesejáveis desses peptídios são controlados pela
carboxipeptidase B (C3a-INA).

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Factores Quimiotácticos

C5a e MAC (C5b67) são ambos quimiotácticos. C5a é também um potente


ativador de neutrófilos, basófilos e macrófagos e causam indução de moléculas de adesão
nas células endoteliais vasculares.

Opsoninas

C3b e C4b na superfície de microrganismos se encaixam no receptor do C (CR1)


em células fagocitárias e promovem fagocitose.

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Conclusão

Já foram descritos casos déficits do complemento para quase todos os componentes


desse sistema. Normalmente esses indivíduos sofrem infecções freqüentes e/ou
enfermidades associadas a imunocomplexos. O déficit se transmite com caráter
autossômico recessivo. Os indivíduos heterozigóticos são fáceis de identificar porque seu
soro contém aproximadamente metade dos níveis normais do componente em questão. A
única exceção a este modelo é o déficit de C1-Inh, que é herdado por um modelo
autossômico dominante. Em geral, a situação clínica dos pacientes com déficits genéticos
do complemento reflete o papel biológico e a importância de seus distintos componentes
in vivo. Surpreendentemente, alguns indivíduos toleram os déficits de complemento muito
melhor que outros.

Concluímos que a via clássica é necessária para manter os imunocomplexos em


solução e facilitar sua eliminação. Disto, a manifestação mais comum nos déficits dos
componentes da via clássica é a presença de enfermidades associadas a imunocomplexos.
A importância da via alternativa como mecanismo de defesa inespecífico do organismo
contra a infecção por microorganismos reflete o caráter excepcional do déficit destes
componentes. Não existe nenhum indivíduo com déficit de fator B e só se conhece um
com déficit parcial de fator D (FARRERAS). O déficit de properdina é herdado de forma
recessiva ao cromossomo X, só ocorrendo em homens. Sua maior aplicação clínica
consiste nas infecções freqüentes.

O déficit na fase lítica provoca infecções recorrentes por Neisseria, seguramente


pela capacidade deste micro-organismo sobreviver ao sistema imune como parasita
intracelular em macrófagos.

O déficit dos componentes reguladores é raro e leva ao consumo dos componentes


do complemento. No déficit que determina o consumo de C3 os pacientes sofrem
infecções bacterianas repetidas por ausência de opsonização.

Existem duas situações patológicas, a glomerulonefrite mesangiocapilar e a


lipodistrofia parcial, nas quais existe uma grande estabilização das C3-convertases, devido
a produção de anticorpos frente aos componentes ativados dessas convertases. Tais
autoanticorpos ou fatores nefríticos só podem ser da classe IgG.

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Referencia Bibliográfica

• ABBAS, A. K. Imunologia celular e molecular. 5ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier,


2005.
• GOLDMAN, L. Cecil: Tratado de medicina interna. 22ª Edição. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2005.
• FARRERAS & ROZMAN. Medicina interna: Edición em CD-ROM. 13ª Edición.
• JANEWAY, C. A.; TRAVERS, P.; WALPORT, M.; SHLOMCHIK, M. J.
Imunobiologia: O sistema imune na saúde e na doença. 6ª Edição. Porto Alegre:
Artmed, 2007.
• The role of complement in the elimination of microorganisms. Disponível
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micro.msb.le.ac.uk/MBChB/Merralls/Merralls.html Acesso: 25/10/2005
• FORTE, WILMA CARVALHO NEVES: Imunologia do Básico ao Aplicado. 3ª
Edição. Atheneu, 2007.

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