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Imunologia

Sistema Imune

Quatro grandes categorias de microrganismos com as quais nosso sistema imune


precisa se preocupar: vírus, bactérias, fungos e parasitas.

A diferença entre organismos comensais e patógenos está na presença de dano.

Podemos adotar três estratégias para lidar com os patógenos: barrar a entrada,
eliminação e memória imune.
Barreiras anatômicas e químicas são as defesas iniciais contra os organismos
patogênicos. A pele e as superfícies mucosas representam um tipo de estratégia de
prevenção que impede a exposição dos tecidos internos. Temos mecanismos
moleculares que reforçam essas barreiras, como, por exemplo, superfícies mucosas
que produzem uma variedade de proteínas antimicrobianas que atuam como
antibióticos naturais para impedir que microrganismos entrem no corpo. Se essas
barreiras forem violadas ou evitadas, os componentes do sistema inato entram em
ação.

Sistema Complemento:
É uma das primeiras linhas de defesa imunológica inata e adaptativa e desempenha
importante papel na homeostase. Não só age em conjunto com anticorpos, mas
também pode promover a lise de organismos estranhos na ausência de anticorpos; há
evidências de que o complemento está presente nas mucosas e até mesmo no leite
materno.
O SC é muito disseminado, interagindo com células não imunes, de células epiteliais a
osteoclastos e diversas células imunes do organismo: macrófagos, células dendríticas,
neutrófilos, mastócitos, eosinófilos, basófilos, linfócitos T, B e NK. A maior parte da
síntese das proteínas do complemento é feita pelo fígado.
Estando tão disseminado pelos tecidos, é esperado que tenha várias funções. Além de
pró-inflamatório, estimulando a produção de citocinas, é capaz de levar à morte de
organismos invasores e também está relacionado à angiogênese, mobilização de
células tronco hematopoiéticas, metabolismo lipídico, via de coagulação, metabolismo
de cálcio, regeneração de órgãos e neuroproteção.
Células dendríticas – ponte entre as respostas imunes inata e adaptativa.

 Imunidade inata: células originadas da linhagem mieloide, formadas na medula


óssea. Resposta rápida, invariável, número limitado de especificidades,
constante durante a resposta.
Fagócitos
Granulócitos: neutrófilo, eosinófilo, basófilo, monócito.

 Imunidade adquirida: resposta lenta, variável, várias especificidades altamente


seletivas, melhora durante a resposta.
Célula B e célula T

Quando há lesão as células efetoras e proteínas percebem a presença das bactérias,


fazendo com que mensageiros solúveis – as citocinas – sejam encaminhados. Elas
reagem com outras células para desencadear a resposta imune inata (inflamação).
A imunização é a maneira mais eficiente de ter imunidade sem a necessidade de
contato com a doença.

Imunidade – Proteção naturalmente adquirida contra doenças.


Imunologia - É o estudo da defesa do corpo contra a infecção.
O sistema imune detecta características de um determinado elemento estranho ao
organismo (antígeno), determinando-o como distinto das células próprias. Essa
discriminação é essencial para permitir que o organismo elimine a ameaça sem
danificar seus próprios tecidos.
Marcadores de superfície – Um conjunto de características que as células expressam
em sua membrana e que as caracterizam.
Células-tronco mieloides – dão origem as diferentes formas de granulócitos,
desempenham funções imunes proeminentes incluem neutrófilos, monócitos,
macrófagos, eosinófilos, basófilos e mastócitos.

 Neutrófilos – produzem grandes quantidades de espécies reativas de oxigênio


que são citotóxicas para diversos microrganismos. Também produzem enzimas
que parecem participar na remodelação e no reparo dos tecidos após a lesão.
Se acumulam em grandes quantidades em locais de infecção bacteriana e lesão
tecidual. Desempenham um papel importante na depuração de patógenos
microbianos e no reparo de lesões teciduais. São a primeira linha de defesa do
hospedeiro contra uma ampla gama de patógenos, incluindo bactérias, fungos e
protozoários.
 Eosinófilos – são reconhecidos pelos grânulos citoplasmáticos proeminentes
que contém moléculas tóxicas e enzimas que são particularmente ativas contra
parasitas. Atua contra parasitas, infecções helmínticas e doenças alérgicas.
Além de tráfico para o trato gastrointestinal, sob condições de homeostase,
eosinófilos também estão presentes no timo, no tecido de glândulas mamárias
e útero.
 Mastócitos e Basófilos – indução da resposta imune alérgica. Respondem ao
pólen e a outros alérgenos na sua rinite alérgica. Pegam partes de organismos
invasores, processando-os por proteólise, reduzindo a peptídeos fragmentados
e apresentando-os através de MHC. Nessa mesma linhagem, temos células de
Langerhans na epiderme, células de Kupffer no fígado e células da microglia no
sistema nervoso central. Dentre as células apresentadoras de antígeno, a mais
impactante é a célula dendrítica, que está presente na maioria dos tecidos do
corpo e concentrada nos tecidos linfoides secundários (gânglios linfáticos).
Os linfócitos com receptores específicos para o antígeno-alvo são ativados em
condições normais de homeostase.
Memória Imunológica - significa que uma ou mais exposições a um determinado
antígeno provocam progressivamente respostas melhores. O número de células
respondentes permanecerá aumentado mesmo após o combate daquele antígeno e
seu desaparecimento do nosso sistema. Portanto, sempre que o organismo é exposto
novamente àquele antígeno em particular, há uma população de linfócitos específicos
prontamente disponíveis para ativação e, como consequência, o tempo necessário
para resposta será mais curto e a magnitude da resposta será maior.

Para serem capazes de envolver os elementos da imunidade específicas, os antígenos


devem ser processados e apresentados às células imunes. Isso ocorre através das
moléculas chamadas complexo principal de histocompatibilidade.

Linfócitos - são as principais células que podem reconhecer o antígeno e produzir um


anticorpo a fim de eliminar os alvos. Os linfócitos B são as únicas células do corpo
capazes de produzir anticorpos. Eles reconhecem os antígenos extracelulares e são
diferenciados em plasmócitos, produtores de anticorpos. Dessa forma, podemos traçar
um paralelo simplificado em que a célula apresentadora de antígeno mostra o alvo
para a célula B, e ela marca os alvos para serem eliminados, principalmente pelos
linfócitos T.
Células NK - grandes linfócitos granulares e são distintas pela ausência do receptor
específico de célula T. Eles reconhecem sua célula infectada por microrganismo ou
tumor-alvos usando uma coleção complexa de receptores ativadores e inibidores da
superfície celular.
O sistema imune também apresenta componentes solúveis, os quais podem ligar-se
aos microrganismos e ajudar na sua fagocitose, atrair mais células para combater uma
infecção ou ainda eliminar diretamente os patógenos.
Apresentam atividade citolítica espontânea contra células sob estresse, como células
tumorais e células infectadas por vírus.
Citocinas - são as proteínas secretadas por algumas células envolvidas nos processos
regenerativos ou inflamatórios e são os agentes de processos das imunidades inata e
adaptativa. Servem como mensageiras entre células, de modo que o equilíbrio entre
essas mensagens pró-inflamatórias ou anti-inflamatórias influencia o comportamento
das células naquele local. As interleucinas, abreviadas como IL-número, por exemplo IL-
10, são citocinas secretadas pelos linfócitos. É importante frisar que as citocinas são
transitórias e não são armazenadas por longos períodos no tecido. Uma vez
necessárias, as ILs são sintetizadas e secretadas buscando um efeito.
Em uma lesão, há um processo fisiológico que envolve um conjunto de células e
substâncias como citocinas e interleucinas tanto para combater bactérias quanto para
promover a regeneração da lesão.
Interleucinas e Quimiocinas - existe um equilíbrio na função das células naquele local e
o deslocamento desse equilíbrio leva aos processos de resolução do processo
inflamatório e ao retorno do tecido a sua homeostase; tomando novamente um
exemplo de contexto de uma lesão, inicialmente, temos um ambiente pró-inflamatório
ou com processo infeccioso, focado mais no combate de patógenos, enquanto já no
final migra-se para um equilíbrio que busca a resolução da lesão, diminuindo, mas não
cessando, a função combativa do sistema imune. Além disso, as citocinas podem ter ação
sistêmica, ou endócrina, parácrina ou autócrina.

Quimiotaxia: uma célula deve determinar a direção geral da fonte do sinal e se orientar para
ele. Isso é possível pois as células são muito sensíveis a pequenas diferenças nas concentrações
de quimiotáticos, elementos que exercem quimiotaxia.

Imunidade Natural e Imunidade Adquirida


A proteção do organismo contra agentes infecciosos são subdivididos em não
específicos e específicos.
Imunidade inata ou natural: Defesas inespecíficas são capazes de uma resposta rápida,
de modo que os indivíduos saudáveis nascem com ela e a manifestam como primeira linha
de resposta de defesa. Elas incluem: barreiras mecânicas, como a integridade da
epiderme e das membranas mucosas; barreiras físico-químicas, como a acidez do
fluido estomacal; presença de substâncias antimicrobianas, como, por exemplo, a
lisozima presente em secreções externas, muito importante na proteção dos olhos e
algumas defensinas, substância antimicrobiana que protege os epitélios contra
patógenos invasores; presença de células com capacidade fagocitária, células
dendríticas e as NK; presença das proteínas citocinas que orientam as células da
imunidade inata; presença de proteínas mediadoras da inflamação, entre elas, as que
compõem o sistema complemento.
Imunidade adquirida ou adaptativa: essa resposta é induzida durante a vida do
indivíduo como parte da complexa sequência de eventos envolvendo reconhecimento
e apresentação de antígeno. As APC liberam moléculas sinalizadoras que
desencadeiam uma resposta inflamatória e começam a reunir as forças do sistema
imune adaptativo. Células infectadas com vírus produzem interferons, que induzem
uma série de respostas celulares para inibir a replicação viral e ativar as atividades de
morte exercidas pelas células NK e dos linfócitos T citotóxicos.
O sistema imunológico é composto de órgãos que controlam a produção e a maturação
de células de defesa; dessa forma, podemos produzir mais células quando há demanda
e ao mesmo tempo em que mantemos o número suficiente para a vigilância.
A medula óssea e o timo são os chamados órgãos linfoides primários.
Os secundários principais incluem os gânglios linfáticos, o baço, as amígdalas. Nos
órgãos linfoides secundários, as células de defesa mantêm contato constante com o
mundo externo e possíveis patógenos e organismos invasores.

Timo: tem como característica a sua degradação ao longo do tempo, sendo bem
desenvolvido em tamanho e celularidade em crianças e reduzindo suas funções ao
longo dos anos.
Esse órgão fica localizado na parte superior da cavidade torácica, acima do coração. Os
linfócitos T são diferenciados e selecionados no timo e passam a reconhecer quais
estruturas presentes nas superfícies celulares são próprias e quais não são próprias. Ao
entrar em contato com um corpo não próprio, as células T se transformam em células T
efetoras.
A população de linfócitos T inclui: células T citotóxicas (CD8), que podem destruir
células infectadas por patógenos, e células T auxiliares (CD4), outro tipo de linfócitos T
que dão suporte e comando a outras células do sistema imunes.
Timosina e timopoietina: regulam a maturação das células de defesa nos gânglios
linfáticos.

Os linfonodos (gânglios linfáticos): são órgãos linfoides secundários importantes para


a homeostase de líquidos nos tecidos e das respostas imunológicas. Funcionam como
se fosse um sistema de cisternas no corpo, filtram e limpam o fluido linfático (linfa) a
caminho dos vasos linfáticos maiores, mantendo vigilância sobre tudo o que passa. Eles
contêm diferentes células de defesa, que interceptam os patógenos e testam os
antígenos solúveis e aqueles associados a células dendríticas, e, com isso, possibilitam
sua apresentação à imunidade adaptativa.

Baço: órgão linfoide secundário, está situado no abdome superior esquerdo, abaixo do
diafragma. Ele armazena grande quantidade de macrófagos que também podem ser
liberados no sangue para atender a quimiotaxia presente nos tecidos. O baço também
possui linfócitos T e B residentes para responder a possíveis infecções nas células
atacadas pelos macrófagos, que são grandes apresentadoras de antígeno.
A diferenciação das células que compõem o sistema imunológico inicia a partir da
célula-tronco hematopoiética, presente na medula óssea, amadurecem e são
transformadas em células progenitoras mieloides e progenitoras linfoides.

Megacariócitos: também originados dos progenitores mieloides, originam as


plaquetas, mediadores imunologicamente significativos que expandem seu repertório
para além de seu papel na hemostasia.

Monócitos: papel importante na defesa imunológica, na inflamação e na homeostase,


sentindo seu ambiente local, eliminando patógenos e células mortas e dando início à
resposta adaptativa, bem como fornecendo um conjunto de progenitores que contribui
para células dendríticas inflamatórias e reabastecendo alguns macrófagos teciduais.
Também contribuem para o reparo tecidual.
O monócito distingue-se por origem e função. Classifica-se em monócito quando está
circulante no sangue; ao entrar no tecido, diferencia-se de acordo com o local em:
macrófagos alveolares (pulmões), macrófagos peritoneais, células de Kupffer no
fígado, macrófagos fixos da medula óssea (osteoclastos), células dendríticas no tecido
linfático.
Dependendo da sinalização, os macrófagos podem adotar vários fenótipos, tanto pró-
inflamação quanto com perfil que visa mais a resolução do processo inflamatório.
Macrófagos, neutrófilos e células dendríticas são importantes classes de sensores
células que detectam a infecção e iniciam respostas imunes, produzindo mediadores
infamatórios.

Células Dendríticas (CD): detectam patógenos invasores devido à sua expressão de


uma variedade de sensores para componentes derivados de patógenos. Eles agem para
comunicar a presença de patógenos ao sistema imune adaptativo, iniciando respostas
antígeno específica.

Macrófagos: são fagócitos profissionais envolvidos na reciclagem de eritrócitos,


remoção de células em apoptose e restos celulares, remodelação tecidual e resposta a
lesões e infecções. Eles são incrivelmente plásticos, mudando rapidamente sua
fisiologia em resposta ao microambiente circundante. Podem ser classificados em dois
fenótipos opostos: pró-inflamatórios M1 e anti-inflamatórios M2.

Receptores da Imunidade Inata

 Toll: o padrão de reconhecimento inato primordial que detecta DAMPs e


PAMPs. São definidos como uma família de glicoproteínas transmembrana tipo
I, tipicamente compostas de três domínios:
- um N-terminal, caracterizado pela presença de repetições rica em leucina, do
inglês leucina rich repeats (LRR), que ditam a especificidade ao ligante, seja por
interação direta ou através de moléculas acessórias;
- um domínio transmembrana hidrofóbico;
- um domínio C-terminal intracelular responsável pela sinalização intracelular.
Os receptores TLR1, TLR2 e TLR6 estão associados ao reconhecimento de lipoproteínas
e lipopeptídeos, sendo muito importantes no combate a fungos. TLR3 reconhece RNA
de cadeia dupla, importante para combater infecção viral; TLR4 está ligada ao
reconhecimento de lipopolissacarídeos, detectando bactérias gram-negativas; o TLR5
reconhece a proteína estrutural do flagelo bacteriano flagelina; e a subfamília
compreendendo TLR7-TLR9 reconhece ácidos nucleicos, agindo no combate a vírus.

 Lectina tipo C (CLR): podem promover a atividade antimicrobiana em células


inatas, aumentando, assim, a eliminação do patógeno. Contribuem para
respostas antifúngicas, incluindo dectina-1, dectina-2 e o receptor de manose.
A via da dectina-1 é essencial para o combate sistêmico a infecções fúngicas,
estando associada à diferenciação de subtipos de linfócitos T helper, incluindo
fagocitose, processo de emissão eliminação de patógenos e neutrófilos,
autofagia e produção de vários mediadores pró-inflamatórios.

 RIG-I: pequeno grupo de receptores citosólicos que atuam como sensores de


RNA viral. Eles detectam patógenos que ultrapassaram com sucesso a vigilância
extracelular ou endossomal e atingiram o citosol. Em contraste com os TLRs,
que são expressos principalmente em células do sistema imune, eles são
constitutivamente expressos também em células não imunes, incluindo células
epiteliais do sistema nervoso central.

 NOD: sensores essenciais de infecção e estresse nos compartimentos intracelulares,


capazes de orquestrar imunidade inata e inflamação em resposta a sinais dentro da
célula. Podem ser ativados por sinais de estresse ou perigo, incluindo a perda da
integridade da membrana celular induzida por certas toxinas bacterianas que formam
poros, sinais endógenos de dano, ATP extracelular, desequilíbrio de íons e espécies
reativas de oxigênio.

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