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Correntes Diadinâmicas de

Bernard (CDB)
Pedro H. Donini
Histórico
• As correntes diadinâmicas foram desenvolvias
por Pierre Bernard, no início da década de
1950 na França
• Segundo Pierre Bernard, estas correntes
apresentam um amplo efeito analgésico em
lesões de tecidos moles e em desordens
sistêmicas
• Retificações da corrente de rede (AC = 50 Hz)
Definições
• As CDB são correntes polarizadas alternadas
senoidais de baixa frequência (50 a 100 Hz)
com retificações monofásicas interrompidas
• São correntes que devem ser utilizadas em
lesões superficiais, não podendo ser muito
profunda para o tratamento
• São divididas em  difásica fixa (DF);
monofásica fixa (MF); longos períodos (LP);
ritmo sincopado (RS)
Características das Correntes
Diadinâmicas
Monofásica fixa (MF)  corrente alternada de
50 Hz em semi-ondas retificadas
Difásica fixa (DF)  corrente alternada de 100
Hz em ondas completas retificadas
Curtos períodos (CP)  forma de corrente MF e
DF de conexão alternada
Características das Correntes
Diadinâmicas
Longos períodos (LP)  forma de corrente MF
mesclada com uma segunda forma de corrente
MF, cuja fase está desenvolvida em semi-onda,
variando sua amplitude entre zero e o valor
máximo
Ritmo sincopado (RS)  forma de corrente MF
com pausas
Difásica Fixa (DF)
• Caraterizada por apresentar frequência de 100Hz
com retificação com onda completa
• Cada pulso tem a duração de 10 ms, não
havendo intervalo entre eles
• Está indicada para tratamento inicial antes da
aplicação de outra corrente (corrente
preparatória)
• Durante a aplicação o paciente sente fibrilação e
um formigamento que vão desaparecendo
gradativamente (acomodação)
Difásica Fixa (DF)
• Terá os mesmos efeitos polares da corrente galvânica
• Se elevar muito a intensidade da corrente pode gerar
contração muscular = efeito não desejado
Principais efeitos:
• Vasomotor (vasodilatação)
• Analgesia temporária (corrente preparatória)
Sensação:
• Fibrilação e formigamento
• Sem contração muscular
Indicação:
• Tratamento de transtornos circulatórios funcionais periféricos
Difásica Fixa (DF)
Monofásica Fixa
• Corrente alternada de 50 Hz, semi-ondas
retificadas
• Diferencia-se da DF apenas por apresentar
retificação em semi-onda com frequência de
50Hz
• Cada pulso da corrente tem duração de 10 ms
e intervalo entre os pulsos de 10 ms
Monofásica Fixa
• Utilizada no tratamento de dores que não
tenham origem espasmódica, com prévia
aplicação da DF
• Produz contrações musculares com doses
menores que a corrente DF (efeito não
desejado )

Ao aumentar lentamente a intensidade:


1° Fasciculação muscular
2° Tetanização
Monofásica Física
Principais efeitos:
• Acelera o metabolismo do tecido conjuntivo
• Promove analgesia
• Efeito circulatório
Sensação:
• Forte vibração como se a corrente fosse penetrante e
resistente (persiste por + tempo que a DF)
• Pode provocar contração muscular
Indicações:
• Estimulação do tecido conjuntivo (lesões tendíneas e ligg =
entorse de tornozelo, lesão ligamentar do joelho)
• Espasmo muscular após a DF
• Estrias, celulites e flacidez
Monofásica Fixa (MF)
Curtos Períodos (CP)
• Corrente MF e DF de conexão alternada sem
intervalos (1 seg de MF e 1 seg de DF)
• Evita acomodação sensitiva, possuindo
frequência variando entre 50 e 100 Hz
• Muito utilizada para o tratamento de dores de
diferentes origens, estados pós-traumáticos e
alterações tróficas
Curtos Períodos (CP)
O paciente percebe claramente a troca entre os
períodos monofásicos e difásicos
• No período difásico o enfermo sente um ligeiro
tremor que diminui rapidamente com aplicação
de uma intensidade constante
• No período monofásico sente um forte vibração
que é constante
• Ao ultrapassar o limiar de excitação motora,
produz-se contração muscular rítmica
Curtos Períodos (CP)
Principais efeitos:
• Analgesia
• Efeito circulatório mais potente (melhor corrente
para a drenagem de edemas = DF + CP)
Sensação:
• Distinção dos períodos MF e DF
• Contração muscular rítmica com intensidade alta
Indicações:
• Neurites, neuralgias, mialgias, radiculopatias
• Pós-traumatismo osteoarticular e tecidos moles
• Transtornos tróficos
Curtos Períodos (CP)
Longos Períodos
• É formada pela composição da corrente
monofásica com duração de 10 seg e por uma
segunda forma de monofásica de amplitude
variável entre zero e o seu valor máximo, com
uma duração de 5 seg
• Caracteriza-se por um efeito analgésico favorável
e persistente
Longos Períodos
Principais efeitos:
• Analgésico mais duradouro
• Efeito espasmolítico, relaxando a musculatura
Sensação:
• Não há sensação brusca de alternância
Indicações:
• Utilizada no tratamento de diferentes formas
de mialgias e neuralgias
Longos Períodos
Ritmo Sincopado (RS)
• Corrente MF com trem de pulsos de 1 seg e
pausas de 1 seg
• Sua frequência é de 50 Hz (MF) e 0 Hz (pausa)
• Era usada para contração muscular  Não é
mais utilizada, pois não se usa mais corrente
de forma polarizada para a contração
muscular
Ritmo Sincopado (RS)
Principais efeitos:
• Aumenta o tônus e o trofismo
• Fortalece a musculatura
Sensação:
• Contração muscular isotônica
Indicação:
• Indicada para EENM
Ritmo Sincopado (RS)
Efeitos Fisiológicos e Terapêuticos
1. Elevação do limiar de dor:
• Analgesia
• Atua na teoria das comportas (“efeito de
mascaramento”)
• Melhores correntes  DF e LP
2. Liberação de Substância de Eficácia Vasomotora:
• Após a aplicação da corrente ocorrerá liberação de
histamina  ocasionando uma vasodilatação e
consequentemente uma hiperemia  auxiliando na
cicatrização (o polo negativo é mais vasodilatador)
Efeitos Fisiológicos e Terapêuticos
3. Influência direta sobre o músculo:
• As correntes CP e LP produzem contrações
musculares quando se eleva a intensidade a
limites contráteis
• Destonização da musculatura hipertônica 
melhor irrigação sanguínea  efeito analgésico
4. Efeito psicológico/placebo:
• O SNC é “enganado”, liberando endorfina
Direção do Fluxo da Corrente
• Eletrodo negativo posicionado distalmente e o
positivo proximalmente ao local da lesão

• Visa reproduzir o padrão do fluxo elétrico que


ocorre naturalmente no corpo

• A direção da corrente pode também influenciar


a mudança do conteúdo de água nos tecidos
Indicações
• Lesão musculoesquelética (acelera a
cicatrização, diminui o edema e a dor)
• Transtorno circulatório (drena o edema)
• Transtornos funcionais vegetativos de órgãos
• Afecções dos n. periféricos (diminui a
inflamação dos nervos periféricos = síndrome
do túnel do carpo; lombociatalgia;
cervicobraquialgia; paralisia facial)
Contraindicações
• Marcapasso (não aplicar na região do tronco)
• Endoprotese de metal
• Cravos ou grampos medulares
• Alteração de sensibilidade (pode causar
queimaduras)
• Tumores malignos
Eletrodos
1. Tipo de eletrodo:
• Metálicos (de preferência alumínio) ou de carbono-
silicone (ideal)  sempre utilizar esponjas úmidas
abaixo dos eletrodos
2. Dimensão dos eletrodos:
• Pode ser utilizado a técnica bipolar (os 2 eletrodos
do mesmo tamanho) ou monopolar (um eletrodo
menor que o outro - de preferência o polo negativo)
• O eletrodo de menor dimensão proporcionará
maior concentração da corrente
Polaridade da Corrente Diadinâmica
1. Polo positivo (ânodo): 2. Polo negativo (cátodo):
• Coagulação • Aumento dos líquidos
• Diminuição da extracelulares (linfa e
permeabilidade das sangue)
membranas • Aumento da
• Diminuição da permeabilidade das
excitabilidade tecidual membranas (maiores trocas
(diminuindo a taxa entre os meios intra e
metabólica do tecido) extracelulares, aumento da
• Redução da dor (elevação fuga leucocitária, melhora
do limiar) da oxigenação a nível
tecidual)
• Aumento da excitabilidade
tecidual (aumento do
metabolismo)
Polaridade Respeitando a Fase
Fisiopatológica

• Inflamação aguda  coloca-se sempre o polo


positivo sobre essa região
• Quando os sinais inflamatórios não estão
mais evidentes  coloca-se o polo negativo
Técnicas de Aplicação
1. Técnica troncular:
• Aplica-se um eletrodo na emergência da raiz
nervosa e outro no trajeto do nervo
• Polo positivo  colocado no local da compressão
da raiz nervosa
• Polo negativo  na irradiação da dor ao longo do
nervo
Exemplos:
• Lombociatalgia
• Cervicobraquialgia
Técnicas de Aplicação
1. Técnica troncular:
Técnicas de Aplicação
2. Aplicação no ponto doloroso:
• Eletrodo no local onde o paciente está sentindo
a dor
• Polo positivo  sobre o ponto da dor
• Polo negativo  é colocado distalmente nas
proximidades do polo positivo
• Técnica bipolar  eletrodos do mesmo tamanho
• Técnica monopolar  eletrodos de tamanhos
diferentes (o positivo menor que o negativo)
Técnicas de Aplicação
2. Aplicação no ponto doloroso:
Técnicas de Aplicação
3. Aplicação transregional ou transarticular:
• Os eletrodos do mesmo tamanho são
posicionados a cada lado da articulação
• Não importa onde estará os polos positivo e
negativo
Exemplo:
• Osteoartrite de joelho
Técnicas de Aplicação
3. Aplicação transregional ou transarticular:
Técnicas de Aplicação
4. Técnica mioenergética:
• Os eletrodos são posicionados nas duas
extremidades do ventre muscular
• A corrente atravessará o músculo em toda sua
extensão
Exemplo:
• Lesão muscular do m. bíceps braquial
Técnicas de Aplicação
4. Técnica mioenergética:
Técnicas de Aplicação
5. Técnica vasotrópica:
• O eletrodo é aplicado seguindo o trajeto de
um vaso sanguíneo, com o objetivo de
melhorar a irrigação sanguínea de um
segmento
Objetivo:
• Aumentar a irrigação sanguínea de um MI de
um diabético
Técnicas de Aplicação
5. Técnica vasotrópica:
Técnicas de Aplicação
6. Técnica gângliotrópica:
• Eletrodos pequenos a uma curta distância de
separação (2 – 5 cm), com o polo negativo
sobre o gânglio vegetativo
• É utilizado para distrofia simpática reflexa
Técnicas de Aplicação
6. Técnica gângliotrópica:
Técnicas de Aplicação
7. Aplicação paravertebral:
• Eletrodos colocados bilateralmente ao longo
da coluna vertebral
Intensidade da Corrente
• Variação de paciente para paciente 
dosimetria individual = sensação clara e
confortável da corrente
• Dependerá da técnica e do tamanho dos
eletrodos  técnicas monopolar e bipolar;
eletrodos menores (maior intensidade);
eletrodos maiores (menor intensidade)
Tempo de Aplicação
Deve-se limitar a poucos minutos:
• Habituação
• Efeito eletrolítico tecidual
• Evita risco de queimaduras
Máximo  10 a 12 minutos, com uso de até 3
correntes distintas
Exemplos:
• 2 correntes (DF = 6 min; CP = 6 min)
• 3 correntes (DF = 4 min; MF = 4 min; CP = 4 min)
Número de Sessões
• Na maioria dos casos uma sessão não é
suficiente para se obter um efeito terapêutico
persistente, sendo necessário no mínimo 3
sessões para efeito terapêutico persistente
• A partir da 3ª sessão, os sintomas deverão ter
desaparecidos ou minimizados, no entanto
deve-se continuar com mais 3 ou 4 sessões
para estabilizar os efeitos terapêuticos
• Não ultrapassar 48 horas entre as sessões
Número de Sessões
• Em casos agudos, as sessões serão diárias,
sendo as primeiras sessões realizadas nas
primeiras 24 horas
• Casos que necessitem mais do que 7 sessões
contínuas, recomenda-se uma pausa de pelo
menos 7 dias
Inversão de Polaridade
• É a troca dos polos ao longo da terapia
Lesão aguda  polo positivo em cima da lesão
Lesão subaguda  alternância dos polos sobre a
lesão, sendo iniciada pelo polo negativo
Lesão crônica  polo negativo em cima da lesão
Exemplos:
• DF (6 min) e CP (6 min)  3 min o polo negativo e 3
min o polo positivo para cada corrente
• DF (4 min), MF (4 min) e CP (4 min)  2 min o polo
negativo e 2 min o polo positivo para cada corrente
Protocolos de Tratamento
• Entorses articulares  DF e CP
• Lesões ligamentares DF, MF e CP
• Contusão muscular  DF, CP ou LP
• Distensão muscular  DF, MF e LP
• Sinovite traumática (subluxação)  DF e CP
• Tendinites  DF, MF e LP
• Mialgias  DF, CP (intercostais) e DF, MF, CP
(lombar, fadiga)
• Lombociatalgia e cervicobraquialgia  DF, CP ou
LP
Técnicas de Aplicação x Afecções
1. Lombociatalgia:
• Técnica troncular
• Polo positivo  no local do processo
inflamatório
• Polo negativo  no local onde irradia a dor
(trajeto do nervo)
• Correntes  DF, MF e LP (4 min cada uma)
Obs: sempre quando for mudar a corrente,
diminuir a intensidade
Técnicas de Aplicação x Afecções
2. Cervicobraquialgia:
• Técnica  troncular
• Polo positivo  no local da inflamação (região
cervical)
• Polo negativo  no local da irradiação da dor (MS)
• Correntes  DF e MF (6 min cada uma)
3. Lombalgia:
• Técnica  paravertebral
• Não importa onde serão colocados os polos
negativo e positivo
• Correntes  DF e MF ou DF, MF e LP
Técnicas de Aplicação x Afecções
4. Tendinopatias:
• Técnica  ponto doloroso
• Polo positivo  em cima da dor
• Polo negativo  distalmente
• Correntes  DF e MF
5. Paralisia facial:
• Polo positivo  sobre o nervo inflamado
• Polo negativo  no local da paralisia
• Os eletrodos deverão ser menores
• Após ensinar o paciente a realizar estímulos no
local com gelo, texturas diferentes...

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