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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO MÉDIO TÉCNICO DE SAÚDE MARIA AUGUSTO

MATERIAL DE

APOIO

MICROBILOGIA II

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UNIDADE I: MECANISMO DE DEFESA DO HOSPEDEIRO

Sumário: Imunidade Inata e Adaptativa

O que tem a ver nossa pele, pelos do nosso corpo, lágrimas, saliva, muco, batimento dos
cílios, tosse, espirro, fluxo urinário, enfim, o que todos esses elementos tão fisiológicos têm a
ver com a nossa imunidade? Pois bem, esses elementos têm tudo a ver com a nossa
imunidade, pois são eles, juntamente com células e proteínas, que constituirão a nossa
primeira linha de defesa:

aquela que já nasce com a gente, aquela que nos protege no dia a dia e que impede que
adoeçamos constantemente, mesmo estando rodeados de microorganismos patogênicos no ar,
na água, nos alimentos etc. E é sobre esses componentes da chamada imunidade inata que nós
vamos discorrer neste capítulo.

A esses elementos, muitas vezes, só damos a devida importância quando nos faltam ou estão
funcionando mal: uma pele lesada por um corte ou uma queimadura é a porta de entrada
aberta para uma infecção e inflamação nesse local; a secura dos olhos por entupimento do
canal lacrimal é uma conjuntivite se instalando.

Nessas horas veremos que a imunidade inata é mesmo o nosso escudo principal de defesa. E a
inflamação, a febre que se instala quando a inflamação está ocorrendo, têm essas coisas
relação com a nossa defesa? Sobre esse tema também estudaremos neste capítulo.

1. Inata ou natural

 Não é específica para o Antigeno


 Não requer exposição prévia ao organismo; presente desde o nascimento – Intensidade
não varia c/ o numero de exposições;
 Usa componentes celulares e humoriais
 Pele
 Membranas mucosas
 Cilios
 Barreiras de pH
 Lisosima
 Fagocitose
 Complemento
 Está ativamente envolvida na resposta adaptativa

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A imunidade inata é conferida por aqueles elementos com os quais o indivíduo nasce e que
estão sempre presentes e disponíveis no intuito de protegê-lo de invasores externos. Assim, a
imunidade presente ao nascer é denominada INATA (uma exceção a ser discutida mais tarde
é o conjunto de anticorpos protetores que os bebês adquirem de suas mães).

Chamamos essa imunidade de primeira linha de defesa contra micro-organismos invasores.


Os elementos da imunidade inata incluem componentes internos e externos, como a pele, as
membranas mucosas, os cabelos e pelos do corpo e os reflexos da tosse, o espirro, o fluxo
urinário etc., que constituem barreiras físicas efetivas aos agentes do meio ambiente.
Influências químicas como pH e ácidos graxos secretados também constituem barreiras
efetivas contra a invasão por vários microorganismos.

A falta de especificidade levou ao uso do termo imunidade não específica (Figura 2.1). Para
melhor organizar o estudo da imunidade inata, podemos dizer que dessa imunidade participam
três componentes fundamentais: físico-químicos, humoral e celular.

Componentes físico-químicos

São as barreiras físicas como a pele e as mucosas, as secreções que continuamente lavam e
limpam as superfícies mucosas e os cílios que ajudam na remoção de resíduos e matéria
estranha. Você já pensou na importância da pele na sua proteção? A pele é um envoltório
semipermeável que reveste todas as superfícies externas do corpo e serve como um escudo
protetor do nosso organismo.

A maioria dos organismos e das substâncias estranhas não pode penetrar na pele intacta, mas
pode entrar no corpo se a pele apresentar alguma lesão.

Quando as pessoas sofrem acidentes (queimaduras extensas, por exemplo) e perdem parte
desse escudo protetor, está aberta uma porta para a entrada de milhões de bactérias e fungos
patogênicos que podem causar infecções graves e comprometer a vida do acidentado.

Alguns micro-organismos também podem entrar através das glândulas sebáceas e dos
folículos pilosos. Da mesma maneira, pessoas em tratamento de tumores que perdem os
cabelos e os pelos do corpo durante o tratamento (até mesmo os cílios caem) ficam muito
susceptíveis a infecções oculares e respiratórias, já que todo o trato respiratório é revestido
por cílios.

O consumo de álcool, o fumo de cigarros e os narcóticos também podem suprimir por


completo esse sistema de defesa. Outro componente envolvido na proteção em diferentes
áreas do corpo, dentre os quais os tratos respiratório e gastrointestinal, está relacionado com o
simples fato de que as superfícies dessas áreas estão cobertas por muco. Nessas áreas, a
barreira das membranas mucosas serve como armadilha para os micro-organismos, os quais
são arrastados por células epiteliais ciliadas em direção às aberturas externas.

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2. Adaptativa ou adquirida

 Desenvolve-se durante a vida do indivíduo


 Principio da aprendizagem por experiência
 Confere imunidade específica
 Tem memória
 Pouco eficaz sem a resposta inata
 Usa componentes celulares e humoriais
 Imunidade ativa – Imunidade passiva (transferência de anticorpos entre pessoas)
 Os anticorpos circulantes refletem as infecções a que um determinado indivíduoesteve
sujeitopossibilidade de diagnóstico da infecção

As principais características dessa resposta imune que não está presente na imunidade inata
são:

 especificidade: é a capacidade de distinguir cada um dos componentes de um agente


estranho (que chamamos de antígenos) e de montar uma resposta específica para cada
um deles (cada um dos componentes antigênicos de um antígeno é denominado
“epítopo antigênico”)

 memória: é a capacidade de se “lembrar” de um contacto prévio com um determinado


antígeno, de maneira que uma exposição subsequente leve a uma resposta imune mais
potente e mais rápida; e

 discriminação entre o próprio e o não próprio: é a capacidade de responder àqueles


antígenos que são “não próprios” (estranhos) e de evitar respostas (ficar tolerante)
àqueles outros antígenos que fazem parte do “próprio”. Claro que esses mecanismos às
vezes falham e por isso alguns indivíduos podem desenvolver doenças autoimunes por
reconhecerem elementos .

Imunidade Humoral

Imunidade humoral é uma subdivisão da imunidade adquirida onde a resposta imunológica


é realizada por moléculas existentes no sangue, denominadas de anticorpos, produzidos pelos
linfócitos B, diferente da imunidade celular, que são realizadas pelos linfócitos T

Tipos de Imunidade humoral:

• Ativa natural:adquirida através de doença clínica ou sub-clínica.

• Ativa artificial: adquirida por meio de vacinas.

• Passiva natural: passagem de IgG por meio da placenta (congenita)

• Passiva artificial: passagem de anticorpos prontos (Ex. soro antitetanico)

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Imunização

 Imunização ativa (vacina ou infecção)


 Imunização passiva (anticorpos ou linfócitos)

Imunização passiva
A imunização passiva ocorre através da transferência de anticorpos provenientes de um
indivíduo (ou de animal de outras espécies) que foi previamente imunizado para um indivíduo
receptor. Uma característica muito importante da imunização passiva é que ela confere
proteção imediata, ou seja, logo após a administração dos anticorpos.
Além disso, a imunização passiva não ativa células do sistema imune, não gerando, portanto,
células de memória, sendo, então, esse tipo de imunidade transiente, ou seja, de curta duração.
A imunização passiva pode ser dividida em natural e artificial. A imunização passiva
natural é quando ocorre a transferência de anticorpos da mãe para o bebê, seja através da
placenta (IgG), seja através do leite e do colostro (IgA).

A imunização passiva natural é quando ocorre a transferência de anticorpos da mãe para o


bebê, seja através da placenta (IgG), seja através do leite e do colostro (IgA). Esse tipo de
imunização é muito importante, pois, à época do nascimento, o sistema imunológico dos
bebês ainda não está totalmente formado e, portanto, está suscetível a infecções.
A transferência de todo o repertório de IgGs maternas contra os mais diversos patógenos
ocorre através da placenta durante a gestação e, dessa forma, confere proteção ao bebê contra
todas as infecções a que a mãe tem imunidade.

Por isso é muito importante que a mãe esteja imunizada contra as mais diversas doenças
(tétano, sarampo, pólio, difteria etc.), pois assim pode prover proteção para a criança nos
primeiros meses de vida.
Outra forma muito importante de transferência de anticorpos da mãe para a criança é através
da amamentação. Principalmente anticorpos do tipo IgA (e também IgG e IgM, porém em
quantidades bem menores) são encontrados no leite materno, sendo sua maior concentração
encontrada no colostro (primeiro leite), imediatamente após o parto.
Esses anticorpos se aderem a toda superfície do trato digestório e conferem proteção
principalmente contra patógenos entéricos, como bactérias dos gêneros Escherichia,
Salmonella e Shigella, bem como contra vírus da pólio e rotavírus, dentre outros.
A imunização passiva artificial, também chamada de soroterapia, é a administração de
anticorpos na forma de soros, bastante utilizados contra venenos de animais peçonhentos e
toxinas bacterianas. O uso de soros é muito importante, pois rapidamente neutraliza venenos e
toxinas.
Os anticorpos geralmente são obtidos de outros animais, geralmente cavalos e coelhos, que
são imunizados com os patógenos contra os quais se deseja produzir o soro.
Embora a utilização de soros seja de fundamental importância para prevenir diversas
doenças, deve-se lembrar que os anticorpos provenientes de outros animais podem ser
reconhecidos pelo sistema imunológico humano como uma molécula estranha, levando a uma
resposta imunológica que conduz à rápida eliminação da circulação dos anticorpos

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provenientes do soro, impedindo a neutralização do veneno ou de toxinas, além de poder
gerar processos inflamatórios, como a chamada doença do soro, e reações alérgicas.

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UNIDADE I: MECANISMO DE DEFESA DO HOSPEDEIRO

Sumário: Patologia relacionados

 Patologia relacionados

 Rinite alérgico
 Asma brônquica

Doenças autoimunes

Primeiramente precisamos ter clareza sobre o conceito de doença autoimune e de


autoimunidade. É importante entender o significado desses termos e saber distingui-los.
Certo número de doenças são consideradas autoimunes pela sua natureza. Isso significa dizer
que os mecanismos imunológicos observados nessas patologias são resultantes de uma
“falha” na tolerância aos constituintes próprios do organismo.

Esses mecanismos imunológicos podem envolver a participação de linfócitos T e de


moléculas de anticorpos e afetar (danificar) vários órgãos e/ou tecidos do organismo.

Nessas doenças, um ou mais de um tipo de reações de hipersensibilidade podem ser


observados.
Autoimunidade, diferentemente da doença autoimune, pode ser entendida como uma
resposta do organismo que nem sempre é prejudicial e pode ser observada durante o
desenvolvimento de uma resposta imune. Como exemplo citamos o reconhecimento dos
idiotipos próprios por anticorpos anti-idiotipos, essenciais para a diversificação e a regulação
das respostas imunes.

Doenças autoimunes

 Doença de Adison (adrenal)


 Diabete mellitus dependente de insulina
 Artrite reumatoide
 Anemia hemolítica auto-imune
 Menopausa pré-matura (poucos casos)
 Gastrite atrófica auto-imune
 Leucopenia idiopática
 Cirrose biliar primária

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UNIDADE II: Espiroquetas

treponema pallidum

▸ Filo Spirochaetes;

▸ Subespécies morfologicamente indistinguíveis:

▸ T. pallidum pallidum

▸ T. pallidum endemicum

▸ T. pallidum pertenue

▸ Principais doenças (Treponematoses Sífilis, Bejel e Bouba

▸ Único hospedeiro: Seres humanos.

Morfologia e características

▸ Formato helicoidal;

▸ Tamanho padrão variando entre 5-20 μm de comprimento e 0,1 a 0,2 μm de diâmetro;

▸ Filamento axial (endoflagelo), responsável pelo movimento tipo saca-rolha;

▸ Envoltório similar ao de bactérias Gram negativas, com periplasma fino, e baixa


densidade de peptideoglicanos;

▸ Anaeróbias facultativas;

▸ Não podem ser cultivadas artificialmente.

Fatores de virulência

▸ Aderência no tecido conjuntivo por meio de adesinas na parede do T. pallidum;

▸ Devido a baixa quantidade de proteínas detectáveis em sua parede, não aciona o sistema
imune eficientemente;

▸ Produção de LPS em baixa quantidade.

Mecanismos de patogenicidade

▸ Mecanismo patogênico específico ainda não conhecido;

▸ Entrada na circulação devido a aderência da bactéria ao epitélio do hospedeiro.

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Sífilis

▸ Agente etiológico: Treponema pallidum pallidum

▸ Desenvolvimento em 3 fases distintas:

▸ Primária: 3 a 90 dias após exposição;

▸ Secundária: 4 a 10 semanas após infecção inicial;

▸ Terciária: 3 a 15 anos após infecção inicial.

Sífilis - Manifestações clínicas (primária)

▸ Formação de feridas indolores (cancro) contendo grande quantidade de treponemas;

▸ Possível formação de ínguas na virilha;

▸ Essas feridas podem desaparecer espontaneamente.

Sífilis - Transmissão

▸ Principal forma de transmissão: Via relação sexual;

▸ Contato com sangue e secreções contaminados;

▸ Via placenta: Sífilis congênita

▸ Transmissão da bactéria ao feto através da placenta;

▸ Pode causar aborto espontâneo, natimorto, prematuridade e baixo peso no nascimento;

▸ Sífilis congênita precoce: lesões cutâneas, ósseas e oculares;

▸ Sífilis congênita tardia (>2 anos): úlceras gomosas, alterações ósseas e dificuldade no
aprendizado.

Sífilis – Diagnóstico

▸ Microscopia de campo escuro: é possível ver apenas a luz refletida na amostra com
treponemas, uma vez que o microorganismo não é facilmente corado;

▸ Testes reagínicos: Uso de antígenos lipídicos para detectar anticorpos humanos que se
ligam a lipídios.

▸ Testes treponêmicos: detectam anticorpos antisífilis.

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UNIDADE: Cocospiogénicos

INTRODUÇÃO

Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é considerado um patógeno comensal da mucosa


da nasofaringe, restrito aos humanos. A colonização é mais comum do que a doença e admite-
se que a maioria dos indivíduos adquire este agente em algum momento da vida, sem
manifestação clínica.

Em uma minoria de pessoas portadoras, as bactérias podem translocar e causar infecção em


outros sítios . Seu principal fator de virulência é a cápsula polissacarídica com antigenicidade
distinta que possibilita sua classificação em 98 sorotipos e constitui a base das vacinas
pneumocócicas atualmente disponíveis.

Fisiologia e estrutura

O pneumococo foi descoberto quase que simultaneamente por dois pesquisadores: George M.
Sternberg, em setembro de 1880 nos Estados Unidos e Louis Pasteur, em dezembro do
mesmo ano, na França, através do isolamento do micro-organismo em ratos inoculados com
saliva humana.

Primariamente foi nomeado de “Micrococcus Pasteuri, Sternberg”. Anos depois, foi


renomeado de Streptococcus pneumoniae, devido a semelhança da sua coloração Gram
comparada a outros estreptococos e também por ser considerado agente etiológico da
pneumonia, após Carl Friedländer em 1882 examinar cortes histológicos de pulmões
infectados. Na sequência, outros pesquisadores relacionaram esse patógeno a outras
patologias como meningite, artrite, bacteremia e sinusite.

Streptococcus pneumoniae é uma espécie constituída por cocos Gram-positivos


encapsulados com um diâmetro de 0,5-1,25 mm, que se dispõem aos pares ou em cadeias
curtas. Quando se apresentam aos pares, as bordas adjacentes são achatadas e as externas
lanceoladas, em formato de chama de vela.

Como as demais espécies do gênero Streptococcus, os pneumococos são anaeróbios


facultativos, catalase negativo, crescem bem em ágar-sangue com produção de uma hemólise
parcial, denominada de a–hemólise.

A estrutura dos pneumococos é caracterizada por uma membrana celular com dupla camada
lipídica coberta por uma parede bacteriana típica de Gram-positivos constituída por cadeias
oligopeptídicas unidas às subunidades alternadas de N-acetilglicosamina e Nacetilmurâmico
ligadas de forma cruzada por pontes de pentaglicina.

Compondo essa parede, temos também o ácido teicóico que, quando incrustado na parede,
recebe o nome de polissacarídeo C, uma estrutura espécie-específica. Esta estrutura é
responsável por precipitar uma porção da globulina sérica, também conhecida como proteína
C reativa (PCR), que quando elevada, indica processo inflamatório.

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Patogenia e imunogenicidade

A patogenicidade da bactéria é causada principalmente pela resposta do hospedeiro do que


apenas pela toxicidade do micro-organismo . O fator essencial de virulência do S.pneumoniae
é sua cápsula polissacarídica, responsável pela adesão, invasão e estimulação da resposta do
hospedeiro. Tais etapas são dependentes das proteínas de superfície pneumocócicas que são
expressas para responder a condições específicas.

Epidemiologia da colonização pneumocócica

Pneumococos residem como comensais na mucosa do trato respiratório superior de indivíduos


saudáveis, sendo a orofaringe e nasofaringe de crianças e idosos os principais sítios de
colonização. Este estado é denominado de fase de “transporte” e se caracteriza pela ausência
de manifestações sintomáticas.

A partir dos seis meses de idade as crianças já estão susceptíveis à colonização por um ou
mais sorotipos. Entretanto, no decorrer do tempo, esse estado de portador se limita
principalmente pelo desenvolvimento da imunidade sorotipo-específica .

A transmissão deste agente ocorre através do contato direto com as secreções ou dispersão de
aerossóis por pessoas infectadas. Na maioria dos casos, uma vez adquirido o patógeno, o
contágio leva à colonização nasofaríngea que pode durar de semanas a meses . A taxa de
colonização pneumocócica varia de acordo com as diferentes populações.

Estima-se que esses valores sejam predominantemente maiores em crianças, variando de 20–
40% até 45-60% naquelas menores que cinco anos de idade . No Brasil, os resultados de
estudos entre crianças que frequentam creches diferem nas regiões geográficas, variando de
49% na região sudeste, 55% na região Nordeste e 36% na região centro-oeste.

Meningite

S. pneumoniae é a principal causa de meningite bacteriana em adultos e associa-se a


mortalidade de 18-30% dos pacientes, perda auditiva e deficiências cognitivas em até 50% e
bacteremia em até 80% dos casos.

A disseminação do pneumococo para o sistema nervoso central pode se dar após bacteremia,
infecções no ouvido ou nos seios paranasais ou trauma de cabeça que propicie a comunicação
do espaço subaracnóide com a nasofaringe.

Pneumonia

O pneumococo é o principal patógeno envolvido na pneumonia adquirida na comunidade


(PAC), que se desenvolve a partir da aspiração do micro-organismo da nasofaringe com
posterior multiplicação nos espaços alveolares ricos em fluidos nutritivos.Crianças, idosos e
imunossuprimidos são os principais alvos e podem apresentar febre, calafrios, tosse produtiva
e dor pleurítica. Geralmente, a maioria das infecções é precedida por quadro viral e 25-30%
dos casos podem evoluir para bacteremia . A taxa de mortalidade varia de acordo com o
sorotipo, idade e doenças de base do paciente, podendo variar entre 18% nos adultos com
idade < 65 anos e 23% para os idosos.
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Otite Média

O pneumococo é o principal agente etiológico da otite média em crianças e pode ser isolado
em 30–40% das culturas. Essa doença caracteriza-se pela presença de dor de ouvido, febre,
congestão nasal, sensação de plenitude no ouvido e audição abafada após ascensão da bactéria
da nasofaringe para a trompa de Eustáquio e ouvido médio. Essa infecção pode ser precedida
por uma infecção viral prévia ou pode precipitá-la.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Streptococcus pneumoniae é um importante patógeno que afeta indivíduos de todas as idades,


especialmente crianças e idosos. As doenças pneumocócicas invasivas ocorrem em todo o
mundo e em muitos países é responsável por elevada morbimortalidade.

Ainda que o acesso às vacinas pneumocócicas polissacarídicas e conjugadas tenha sido


ampliado, destacamos a importância do monitoramento do status da colonização da
nasofaringe, pois esta precede o desenvolvimento de infecções e as crianças são o principal
reservatório deste patógeno na comunidade.

Além da epidemiologia dos casos, ressalta-se a necessidade do monitoramento da distribuição


de sorotipos circulantes, bem como do perfil de resistência antimicrobiana no ambiente
nosocomial e na comunidade. Esta é atualmente uma das maiores preocupações em saúde
pública, uma vez que antimicrobianos muito usados estão se tornando ineficazes, restringindo
as opções terapêuticas. O enfrentamento dessa problemática requer uma ação articulada entre
os profissionais de saúde, segmentos do governo e sociedade.

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UNIDADE III: IDENTIFICAÇÃO CULTURAL

Sumário: Nutrição, Metabolismo e Reprodução Microbiana

 Nutrição, Metabolismo e Reprodução Microbiana


 Curva de crescimento bacteriano.

Nutrientes

São as substâncias encontradas no ambiente, que participam do metabolismo celular


(anabolismo e catabolismo), podendo ser divididos em dois grandes grupos: macronutrientes,
que são necessários em grandes quantidades e micronutrientes, necessários em pequenas
quantidades .

• Principais macronutrientes – Carbono, Nitrogênio, Hidrogênio, Fósforo, Enxofre,


Potássio, Magnésio, Cálcio, Sódio e Ferro.

• Principais micronutrientes – Cobalto, Zinco, Molibdênio, Cobre, Manganês e Níquel.

Microorganismos

 Mesmas necessidades nutritivas que todos seres vivos .


 O crescimento bacteriano exige a presença de nutrientes essenciais em concentrações
ideais para as cells e ambiente propício.

Crescimento das bactérias

É um somatório dos processos metabólicos progressivos, que normalmente conduz à divisão


(reprodução – divisão binária ou brotamento) com produção de duas células-filhas a partir de
uma bactéria. Dessa forma, o crescimento é exponencial (crescimento logarítmico). Em
microbiologia, o termo crescimento refere-se a um aumento do número de células e não ao
aumento das dimensões celulares.

Condições fisicas do crescimento bacteriano

Bactérias necessitam de uma série de exigências de natureza física, inorgânica e orgânica


para seu crescimento, dos quais são:

Temperatura:

Psicrófilas: 0 a 18⁰ C (algumas spp até abaixo de 0⁰ C) – temp. ótima (15 a 18⁰ C);

Mesófilas: 25 a 40⁰ C (bactérias da microbiota normal e patogênicas) – temp. ótima (37⁰ C);

Termófilas: 45 a 80⁰ C temp. ótima (75⁰ C) Algumas bactérias podem se desenvolver acima
de 90⁰ C;

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pH

Micro-organismos necessitam de pH ótimo para crescimento em determinados meios de


cultura;

 pH 7,0 (neutro) – microrganismos da microbiota normal humana e patogênicos;


 pH 3,0 (ácido) – ex: Lactobacillus
 pH 8,5-9,5 (alcalino) – ex: Vibrio Cholerae

O2
Utilização de O2 como aceptor de H pelas bactérias é variável:
 Aeróbios obrigatório
 Microaerófilos
 Anaeróbios facultativos
 Anaeróbios
- aerotolerantes: podem crescer em ambiente contendo ar ou em incubadores de CO2
- moderados: crescem na presença de 2 a 8% de O2 livre
- estritos: na presença de O2 podem morrer em poucos minutos

CO2
 Necessário para todas bactérias em determinadas concentrações

Íons Inorgânicos

 Fornecidos pela água ou por constituintes dos meios de cultura;


 Bactérias necessitam de: ferro, potássio, magnésio, enxofre, zinco, cobre, fosfatos,
carbonatos, etc.

COMPOSTOS ORGÂNICOS

•Fontes de Carbono
Carbono - essencial para que as bactérias sintetizem os componentes celulares deve ser
fornecido na forma de compostos orgânicos (ex: glicose) ou inorgânico na forma de CO2.

Várias fontes de carbono podem ser utilizadas pelas bactérias:


 Carboidratos
 Aminoácidos
 Celulose

•Fontes de Nitrogênio
 Aminoácidos
 Peptonas e Peptídeos
 Extrato de tecidos (carne, cérebro, outros)
 Sangue e/ou soro
 Extratos de leveduras (contém peptonas e vitaminas)

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 Outros.

Ciclo de crescimento microbiano Populacional

• Curva de crescimento de uma cultura em batelada (cultura em um sistema fechado) – estes


conceitos de fase só se aplicam a populações de células e não a células individuais.

1. Fase lag – Fase de adaptação

• Tempo pode ser curto ou longo depende:

– Da origem do inóculo (as células tem “memória”).

– As condições do meio de cultura atual – Exemplo:

• Inóculo na fase exponencial não tem fase lag

• Inóculo na fase estacionária tem fase lag

2. Fase exponencial e estacionária

• Fase exponencial

– Condições mais saudáveis

– Neste estágio que se faz ensaios enzimáticos, expressão gênica e etc.

• Fase estacionária

– Taxa de crescimento é zero

– Limitações dos nutrientes

– Acumulo de produtos excretados pelos microrganismos

– inibe o crescimento

– Pode ocorrer divisão celular quando uma célula morre – Crescimento criptico.

– Metabolismo e processos biossinté5cos podem estar a5vo

• Fase de Morte

– Morte celular

– Lise celular

– Segue uma curva exponencial mais lentam que a e crescimento.

Crescimento microbiano – tempo de geração Durante a fase exponencial, cada


microrganismo divide-se em intervalos constantes. Assim, a população duplicará num
intervalo específico de tempo chamado tempo de geração (g), é o tempo necessário para uma
população microbiana duplicar em massa ou em número. Varia conforme o tipo de
microrganismo, a idade, a espécie, as condições do meio, dentre outros fatores.
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Expressões matemáticas para a determinação

dos parâmetros de crescimento microbiano 7.4.2.1 Cálculo do tempo de geração (g) Se um


tubo de cultura for inoculado com uma célula que se divide com um tempo de geração de 20
minutos, a população será de 2 células ao fim de 20 minutos, 4 células ao fim de 40 minutos,
etc. Como a população duplica em cada geração, o aumento populacional é dado por 2n, onde
n é o número de gerações.

O tempo de geração pode ser calculado quando uma cultura encontra-se em fase exponencial.
Tratando-se de bactérias e leveduras que se multiplicam por divisão binária, temos:

Nt= N0. 2n

Onde:

Nt = número de microrganismos ao final no tempo t;

N0 = número inicial de células;

n = número de gerações no tempo t.

Formula geral:

n= (logNt – logN0)/0.301

A partir dessa equação, é possível calcular o número de gerações (n) que ocorreram em uma
cultura se o número inicial de células for conhecido.

Exemplo Calcular o número de geração de uma cultura cuja população celular passa de 103
para 108 após 5 horas de cultivo.

n = (log Nt - log N0) / 0,301

n = (8 - 3) / 0,301, então n = 16,6 gerações

O número de gerações é 16,6 gerações

Metabolismo Bacteriano

Metabolismo – do grego metabole: mudança, transformação.

São dois tipos gerais de reações:

Aquelas envolvidas na utilização de energia – anabolismo.

Aquelas que envolvem liberação de energia – catabolismo.

O metabolismo é a manutenção das atividades vitais de uma célula; a síntese de compostos


orgânicos, componentes estruturais e funcionais, e a degradação de compostos orgânicos para
a síntese de ATP.

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1. Anabolismo

É o conjunto de todas as reações de síntese de compostos orgânicos estruturais (proteínas da


membrana plasmática, glicoproteínas) e funcionais (enzimas, hormônios) de uma célula; é a
síntese de moléculas complexas a partir de moléculas simples; há consumo de ATP, que foi
liberado pelo catabolismo e que não foi usado; são reações endoenergéticas (absorve energia);
exemplos disso é a fotossíntese e a quimiossíntese. Essas reações são importantes para o
crescimento, a construção e o reparo de estruturas celulares.

Fotossíntese – é a sintese de carboidratos a partir de água (H2O) e dióxido de carbono (CO2),


utilizando energia luninosa, que é absorvida pela clorofila e transformada em energia química
(ATP).

A equação acima mostra o processo de síntese de compostos orgânicos a partir de substâncias


inorgânicas (água, que é absorvido pelas raízes, e dióxido de carbono, retirado do ar
atmosférico pelas folhas). A energia luminosa é transformada em energia química, com
auxílio da clorofila.

Quimiossíntese – é um processo de síntese de substâncias orgânicas que utiliza o dióxido de


carbono (CO2) como fonte de carbono, mas em vez de utilizar a energia luminosa, usa a
energia proveniente da oxidação de substâncias inorgânicas, como a amônia, o enxofre, os
nitritos e o ferro.

2. Catabolismo

É o conjunto de todas as reações de degradação dos compostos orgânicos complexos em


compostos orgânicos mais simples, com liberação de ATP. Fornece energia requerida para os
processos vitais, incluindo movimento, transporte e síntese de moléculas complexas;
exemplos disso são a respiração celular (aeróbica) e a fermentação.

Respiração aeróbica – quebra de moléculas orgânicas, geralmente a glicose, em presença de


O2 com liberação de energia, dióxido de carbono e água. A energia liberada é armazenada em
moléculas de ATP. É mais eficiente na obtenção de energia do que a fermentação.

A respiração aeróbica se desenvolve em três etapas:

• Glicólise – ocorre no hialoplasma da célula, é o conjunto de reações iniciais da degradação


(quebra) da glicose. Tem início com a ativação da glicose, que recebe dois grupos fosfato,
fornecidos pelo ATP, que se transforma em ADP.

• Ciclo de Krebs – ocorre na matriz mitocondrial. Basicamente, nesta segunda fase, opera-se
a cisão (oxidação) da molécula de triose (açúcar de três carbonos) em três moléculas de
dióxido de carbono, com liberação de elétrons e prótrons, que são temporariamente
capturados por transportadores específicos: os NAD e os FAD.

• Cadeia respiratória – ocorre no interior das cristas mitocondriais, o hidrogênio liberado nas
várias etapas combina-se com o oxigênio e forma água. Tal reação libera uma grande
quantidade de energia, que é armazenada sob forma de moléculas de ATP.

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Fermentação – conjunto de reações químicas (na ausência de oxigênio) controladas por
enzimas. A fermentação conduz, geralmente, à cisão parcial da molécula de glicose,
resultando em disponibilidade energética inferior se comparada à respiração aeróbia. Esse
processo tem grande importância econômica, sendo utilizado na fabricação de álcool
combústivel, de bebidas alcoólicas, pães e outros alimentos.

Na fermentação uma molécula de glicose gera 2 ATP.

A fermentação depende do tipo de microrganismo presente. Veja alguns exemplos:

• Fermentação alcoólica – é produzido, como produto final, o etanol e o dióxido de carbono,


produtos utilizados pelo homem na produção de álcool combustível, vinho, cerveja e outras
bebidas alcoólicas, e também na produção dos pães.

• Fermentação láctica – é produzido, como produto final, geralmente a partir da lactose do


leite. O acúmulo de ácido láctico abaixa o pH e causa a coagulação das proteínas, formando
coalho, usado na fabricação de queijos e iogurtes.

• Fermentação acética – o produto final é o ácido acético que causa o azedar do vinho e dos
sucos de frutas, transformando-os em vinagre.

A presença de leveduras contaminantes (selvagem) tem trazido sérios problemas para a


fermentação, tanto na produção de vinhos como na fabricação de cerveja. Os problemas
referem-se ao processo fermentativo e, principalmente à deterioração do produto final,
provocando o aparecimento de sabores e aromas que descaracterizam a bebida. Na produção
de álcool, a partir do melaço e/ou do caldo-de-cana, a presença de leveduras contaminantes
tem sido pouco ou raramente mencionada.

Aplicações dos processos fermentativos – os processos fermentativos são utilizados


industrialmente na produção de etanol, vinagres, ácidos orgânicos, bebidas alcoólicas, tais
como vinho, cerveja, sidra, aguardente, e também alimentos fermentados.

Reprodução bacteriana

As bactérias geralmente reproduzem-se assexuadamente por fissão binária ou cissiparidade.


Nesse processo reprodutivo ocorre à replicação do cromossomo e uma única célula divide-se
em duas; em seguida ocorre a divisão do cromossomo bacteriano replicado e o
desenvolvimento de uma parede celular transversal . A fissão binária não é o único método
reprodutivo assexuado entre as bactérias. Também pode ocorrer esporulação e brotamento.

Embora não ocorra reprodução sexuada, pode ocorrer troca de material genético entre as
bactérias. Tal recombinação genética pode ocorrer por transformação, conjugação ou
transdução.

a) Transformação – incorporação de fragmentos de DNA perdidos por outra bactéria que se


rompeu. Esse mecanismo demonstra formalmente que o DNA é a base química da
hereditariedade.

18
b) Conjugação – duas células bacterianas geneticamente diferentes trocam DNA através de
pêlo sexual.

c) Transdução – moléculas de DNA são transferidas de uma bactéria para outra usando os
vírus como vetores (bacteriófagos). Quando o bacteriófago entra numa célula bacteriana, o
DNA do vírus mistura-se com uma parte do DNA bacteriano, de modo que o vírus passa a
carregar essa parte do DNA. Se o vírus infecta uma segunda bactéria, o DNA da primeira
pode misturar-se com o DNA da segunda. Essa nova informação genética é então replicada a
cada nova divisão.

d) Tempo de geração – é o tempo necessário para que uma célula bacteriana se divida ou
para que a população duplique. Esse tempo pode variar de 15 a 20 minutos ou até algumas
horas. O tempo de geração depende da espécie bacteriana e das condições ambientais, ou seja,
as bactérias são capazes de crescer numa ampla faixa de condições físicas, podendo utilizar
alimentos muito diferentes. Contudo, seu crescimento requer condições específicas para uma
dada espécie.

e) Endósporos (esporos) – formas dormentes de células bacterianas são produzidas por certas
espécies de bactérias em situações de escassez de nutrientes . Os esporos representam uma
fase latente (repouso) da célula: são extremamente resistentes aos agentes físicos e químicos
adversos, demonstrando uma estratégia de sobrevivência.

O endósporo resiste até que as condições melhorem e muitos resistem até mesmo à água
fervente. A indústria de alimentos preocupa-se em tomar providências para que os endósporos
não estejam presentes durante o processo de acondicionamento dos alimentos. Todas as
bactérias dos gêneros Bacillus e Clostridium produzem endósporos.

19
UNIDADE IV: CULTURA EM MICROBIOLOGIA

Sumário: Meios de cultura

 Cultivo

Conceitos

Meios de Cultura

Conjunto de substâncias, formuladas de maneira adequada, capazes de promover o cresc.


bacteriano, em condições de laboratório.

Definição: Formulações químicas (associação qualitativa e quantitativa)

 Nutrientes necessários
 Multiplicação (desenvolvimento, cultivo).
 Cultivo e isolamento (estudo e análise)

Sobrevivência e o crescimento dos microrganismos depende do suprimento de nutrientes e de


ambiente físico favorável.

Critérios Para O Crescimento De Microrganismos Em Meios De Cultura:


 Componentes nutricionais corretos, em quantidades e proporções
 Condições adequadas de incubação
 pH ajustado
 Estéril
CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O ESTADO FÍSICO:
1. Líquidos ou caldos:

 não há formação de colônias
 para aumentar o número de microrganismos e para provas bioquímica
2. Sólidos:
 adição de uma substância solidificante em determinada quantidade (1 a 2%)

 para distinção da morfologia, isolamento de colônias, conservação de cepas

3. Semi sólidos:
 adição de uma substância solidificante em menor quantidade (0,5 a 0,8%)
 estudos da mobilidade, testes bioquímicos
CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O ESTADO FÍSICO:
Agentes solidificantes
 Ágar: polissacarídeo complexo de galactose, extraído de algas marinhas
 Gelatina: polissacarídeo extraído de cartilagem de mamíferos
 Sílica-gel: substância inorgânica inerte e inatacável por enzimas microbianas

20
CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A PROCEDÊNCIA DOS CONSTITUINTES:
1. Naturais (ou Complexos):
sem composição química definida, geralmente extratos vegetais, animais ou de outros
microrganismosusados para microrganismos menos exigentes na nutrição.
Ex.: Meio de Löwenstein Jensen (Mycobacterium tuberculosis) contém sais, ovos e pedaços
de batata.

2. Artificiais (ou Quimicamente definidos):


composição química definida usados para microrganismos mais específicos e exigentes
Ex.: Caldo Tetrationato (Samonella) contém apenas iodo, KI e água.

CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A COMPOSIÇÃO QUÍMICA:


1. Simples (ou básicos):
permitem o crescimento bacteriano sem satisfazer exigência em especial Ex.: Caldo e Ágar
simples.
2. Especiais (ou complexos):
substâncias como meio de infusão de cérebro e coração, soro bovino, fragmento de fígado
Ex.: Meios Shahidi Ferguson Perfringens (SFP) e Triptose Sulfito Ciclosserina (TSC)
(Clostridium perfringens).

CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O OBJETIVO FUNCIONAL:


 Meios de contagem -
Parker
 Meios de estocagem ou manutenção:
 Meios de triagem
 Meios de identificação:
citrato, Caldo nitrato.
 Meios de Enriquecimento:
proporcionam nutrientes ao crescimento de microrganismos inibir também a presença de
microrganismos competidores.
Ex. Caldo Tetrationato e Selenito-
perfringens.
 Meios Diferenciais:
permite estabelecer diferenças entre microrganismos parecidos facilita a identificação da
bactéria quando existem outras bactérias crescendo no mesmo meio.
Ex.: Ágar Sangue, que contém células vermelhas do sangue, é muito utilizado pelos
microbiologistas para identificação de espécies bacterianas capazes de destruir células
sanguíneas.
 Meios Seletivos:
possuem substâncias que inibem o desenvolvimento de um determinado grupo de
microorganismos favorecendo o crescimento de outras espécies.
Ex.: Meios com sais biliares e verde brilhante para isolamento seletivo de microrganismos
como a Salmonella.

21
Sumário: Preparação De Meios De Cultura
 Preparação De Meios De Cultura

1. INTRODUÇÃO
Para o cultivo e identificação de microrganismos, usam-se soluções e substâncias nutritivas
chamadas meios de cultura, que devem atender às exigências nutricionais das espécies a
serem cultivadas.
2. OBJETIVO
Preparar diferentes meios de cultura a serem utilizados para o cultivo de microrganismos.

3. MATERIAL
Meio de cultura desidratado; Béqueres; Balões Volumétricos; Água Destilada; Balança;
Placas de Petri.

4. MÉTODO
Pesar o pó, seguindo o protocolo indicado, e adicionar separadamente à água destilada,
tomando-se o cuidado de homogeneizar a cada componente adicionado. Os meios de cultura
mais utilizados em laboratórios de microbiologia estão disponíveis comercialmente, já na
forma desidratada. Nestes casos, pesar a quantidade de mistura especificada na embalagem do
produto e acrescentar à água destilada.

Ágar MacConkey (INTERLAB)

Indicação:

Ágar MacConkey é um meio de cultura destinado ao crescimento de bactérias Gram negativas


e indicar a fermentação de lactose. Cor natural do meio é um amarelo. Resultado: Rosa
(lactose +) Bactérias: Klebsiela, Enterobacter Amarelo (lactose -) Bactérias: Salmonella,
Pseudomas e Shigella

Materiais:

Ágar MacConkey ----------- 50g


H2O destilada ------------- 1000ml

Método:

 -ondas ou
placa aquecida agitando sempre para dissolver na água por 1.

22
UNIDADE VI: Antibióticos e Antibiograma

Antibióticos

Compostos de baixo peso molecular que matam ou inibem o crescimento de bactérias

-Produzido por microrganismos:

-Penicilina (1928) - Penicillium notatum

-Estreptomicina (1944)- Streptomyces griseus

-Cloranfenicol (1947) -Streptomyces venezuelae

-Polimixina (1947) -Bacillus polymyxa

Antibacterianos Comercializados

35 Penicilinas

50 Cefalosporinas

3 Carbapenems

1 Monobactâmico

1 Monobactâmico

10 Fluoroquinolonas

8 Aminoglicosídeos

12 Tetraciclinas

10 Macrolídeos / Lincosamidas

9 Sulfonamidas

Classificação dos Antimicrobianos

1.Espectro de Atividade

• Espectro dirigido

• Amplio espectro

2. Estrutura Química

3. Ação
• Bacteriostático
• Bactericida

23
Estrutura Química

B-lactâmicos
Alvo: Transpeptidase (Protein binding penicillin)
Ação: Inibem síntese da parede (Bactericida)
Espectro: Gram-positivos e/ou Gram-negativos

B-lactâmicos
 Penicilina Naturais
 Penicilina G Amino
 Penicilinas
 Ampicilina
 Amoxicilina
 Penicilinas
 B-lactâmicos
 Anti-estafilocócica
 Cloxacilina,
 Meticilina,
 Oxacilina
 Anti-Pseudomonas
 Carbenicilina
 Ticarcilina
 Piperacilina

Cefalosporinas
 1° geração Cefalotina (Keflin) Cefazolina
 2° geração Cefaclor Cefuroxima
 3° geração Cefotaxime (Claforan) Ceftriaxone (Rocephin) Ceftazidima (Fortaz) Ceftiofur
(veterinário)
 4° geração Cefepime (Maxipime

Carbapenems
 Imipenem
 Meropenem
 Carbapenems
 Ertapenem
 Doripenem
Amplio Espectro, última alternatva terapêutica
Atividade contra bactéria produtoras de beta-lactamases de amplo espectro (ESBLs)

24
Glicopeptídeos
Alvo: subunidades N-ácido acetilmuramico e Nacetilglucosamina
Ação: Inibem síntese da parede (Bactericida)
Espectro: Gram positivos
 Vancomicina
 Teicoplanina

Quinolonas
Estrutura Química
Alvo: DNA girase
Ação: Inibição da transcrição de DNA
Espectro: Gram positivos e Gram negativos
 Ácido nalidixicina
 Norfloxacina
 Ofloxacina
 Quinolonas
 Ofloxacina
 Ciprofloxacin
 Levofloxacina
 Enrofloxacina
 Gatifloxacina

Aminoglicosídeos

Alvo: Subunidade 30S do ribossoma


Ação: Inibição da síntese de proteínas
Espectro: Gram positivos e Gram negtivos
 Gentamicina
 Tobramicina
 Amicacina

Macrolídeos

 Eritromicina
 Azitromicina
 Claritromicina

25
Ação:
Bacteriostático
Bactericida

Bacteriostático vs Bactericida
Bacteriostático
 Tetraciclinas
 Eritromicina
 Sulfonamidas

Bactericida

Cefalosporinas
Vancomicina
Aminoglicosídeos
Polipeptídeos
Quinolonas

Mecanismos de Ação
 Inibição da síntese de parede
 Alteração da integridade da membrana
 Inibição da síntese protéica
 Inibição da síntese de ácidos nucléicos

26
Sumário: Estudo Da Susceptibilidade Antibacteriana “In Vitro”

Antibiograma

Objetivo:

“Predizer in vitro o que acontecerá in vivo”

O antibiograma é uma tarefa executada pelo sector de microbiologia clínica, que possibilita avaliar o
padrão de resposta de bactérias (padrão de sensibilidade) perante concentrações pré-estabelecidas de
antimicrobianos3.

Mecanismos de acção dos antimicrobianos: O modo como actuam os antimicrobianos baseia-se na


inibição de processos essenciais à multiplicação da célula e, em última instância, à sua sobrevivência.
São divididos de acordo com a estrutura alvo na célula bacteriana.

Preparação e armazenamento de meios Müeller Hinton

Preparar o ágar Müeller Hinton (MH) de acordo com as instruções do fabricante, com
suplementação para microrganismos fastidiosos como indicado.

O meio deve ter uma espessura de 4,0 ± 0,5 mm (aproximadamente 25 mL em uma placa circular de
90 mm de diâmetro; 31 mL em uma placa circular de 100 mm de diâmetro; 71 mL em uma placa
circular de 150 mm de diâmetro; 40 mL em uma placa quadrada de 100 mm).

A superfície do ágar deve estar seca antes do uso. Nenhuma gota de água deve estar visível na
superfície do ágar ou no interior da tampa . Se necessário, seque as placas a 20-25°C overnight, ou a
35 °C, com a tampa removida por 15 minutos. Não secar as placas excessivamente.

Armazenar as placas preparadas no laboratório a -8°C.

Para placas preparadas no laboratório a secagem, condições de estocagem e estabilidade devem ser
determinadas como parte do programa de garantia da qualidade do laboratório.

Placas preparadas comercialmente devem ser estocadas de acordo com o recomendado pelo
fabricante e utilizadas dentro do prazo de validade. Para placas (preparadas no laboratório ou
comercialmente), estocadas em sacos plásticos ou em recipientes selados, pode ser necessária a
secagem antes do uso (ver seção 2.

Isto é necessário para impedir o excesso de umidade que pode resultar em halos com bordas
distorcidas e/ou névoa no interior dos halos.Inoculação das placas de ágar. Garantir que as placas
estejam em temperatura ambiente previamente à inoculação. Preferencialmente utilizar a suspensão
ajustada do inóculo em até 15 minutos após a preparação.

A suspensão deve ser obrigatoriamente utilizada em até 60 minutos após a preparação. Mergulhar
um swab de algodão estéril na suspensão.Para evitar a inoculação excessiva das placas de
microrganismos gram-negativos, remova o excesso de líquido pressionando e girando o swab contra
a parte interna do tubo acima do nível da suspensão. 4.3.2 Para bactérias gram-positivas, não
pressione o swab contra a parte interna do tubo.

27
Quando inocular várias placas com a mesma suspensão do inóculo, repita o procedimento do item
para cada placa de ágar.

As placas podem ser inoculadas tanto espalhando o inóculo uniformemente em três direções como
por um inoculador automatizado. Espalhar o inóculo uniformemente sobre toda a superfície
assegurando que não haja falhas. Para bactérias gram-positivas, tenha atenção especial a fim de
garantir que não exista diferença na semeadura.

Aplicar os discos em até 15 min após a inoculação da placa. Se as placas inoculadas forem deixadas
em temperatura ambiente por períodos prolongados de tempo antes da aplicação dos discos, os
microrganismos podem começar a crescer, resultando em redução errônea do tamanho dos halos de
inibição.

Aplicação dos discos de antimicrobianos

Aplicar os discos firmemente na superfície da placa de ágar dentro de 15 minutos da inoculação. O


contato dos discos com a superfície do ágar deve ser completo. Os discos não podem ser removidos
após a aplicação nas placas, uma vez que a difusão dos agentes antimicrobianos dos discos é muito
rápida.

O número de discos nas placas deve ser limitado para impedir sobreposição dos halos e a
interferência entre os antimicrobianos. É importante que os diâmetros dos halos sejam medidos
corretamente. O número máximo de discos varia de acordo com o microrganismo e a seleção dos
discos. Normalmente, 6 e 12 discos são os números máximos possíveis, respectivamente, em placas
circulares de 90 e 150 mm.

Aferição e interpretação dos diâmetros dos halos de inibição

Para todos os antimicrobianos (exceto para aqueles citados na seção , as bordas dos halos devem
ser lidas no ponto de completa inibição do crescimento, visto a olho nu, com a placa posicionada a
cerca de 30 cm dos olhos.

Ler as placas de ágar Müeller-Hinton não suplementadas pelo seu fundo, com luz refletida contra um
fundo escuro. Ler as placas de ágar Müeller-Hinton suplementadas com a tampa removida,
observando a superfície contendo os discos, sob luz refletida.

Não utilizar luz transmitida (placas observadas contra a luz) ou lupa, exceto quando indicado (veja
seção 8.9). Aferir os diâmetros dos halos de inibição em milímetros com uma régua calibrada ou
paquímetro.

Deste modo, as bactérias podem ser consideradas em três categorias: Resistente (R), Intermédio (I),
ou Sensível (S) ao agente antimicrobiano.

28
Mecanismos de Resistência aos antimicrobianos:

Os principais mecanismos de resistência que uma bactéria pode apresentar à acção dos
antimicrobianos baseiam-se em:

a) Inativação Enzimática: Inactivação do antibiótico através da produção de enzimas que


neutralizam os antibióticos. Estas enzimas podem ser: constitutivas, se forem produzidas
independentemente da presença do antimicrobiano; ou induzidas, se o antimicrobiano, quando em
contacto com a bactéria, desencadeia ou estímula a produção enzimática que protegerá a bactéria dos
efeitos dos antibióticos.

b) Alteração da permeabilidade da membrana: A alteração nos canais de porina impedem a


passagem e consequentemente, a acção dos antimicrobianos.

c) Efluxo activo de antibióticos: Capacidade de expulsar activamente os antibióticos para fora da


célula através de bombas de efluxo, contribuindo para uma concentração insuficiente à realização do
seu efeito.

d) Alteração do alvo do antimicrobiano: Os antimicrobianos ligam-se a alvos específicos na


parede celular da bactéria. Se este for alterado o antimicrobiano não se consegue ligar e torna-se
ineficaz contra a bactéria. No contexto da resistência aos antimicrobianos, os organismos
procarióticos podem apresentar fundamentalmente os seguintes fenótipos: resistência intrínseca e
resistência adquirida.

A resistência intrínseca é uma característica natural apresentada por todos os exemplares de uma
determinada bactéria, podendo ser útil na identificação.

Exemplo: a resistência de S.aureus à polimixina B (ver resistências intrínsecas em apêndice 1). A


resistência adquirida resulta de mutações cromossómicas e/ou transferências de genes de resistência
por elementos genéticos móveis através de :

a) Conjugação, onde o contacto com outras bactérias possibilita a transferência de genes de


resistência a antibióticos.

b) Transformação, onde ocorre a captação de DNA livre no meio ambiente;

c) Transdução, onde vírus que infectam bactérias (bacteriófagos) transferem genes de virulência
para as mesmas .

29
UNIDADE VI: Estudo Das Bactérias Patologicas Para O Homem.
Sumário: Doenças causados por bacterias

Principais bactérias que causam doênças

1. Cocos Gram negativos

Família Neisseriaceae

1.Gênero Neisseria

-Neisseria gonorrhoea

-Neisseria meningitidis

2.Gênero Moraxella

3. Gênero Kingella

4. Gênero Acinetobacter

Características Gerais

-Cocos gram-negativos, em pares, imóveis

-Patogênicosparaohomemeencontradosno interiordePMN.

-Possuem cápsula polissacarídica -Possuem cápsula polissacarídica

-Gonococoscomplasmídios,meningococo raramente.

-Fermentamcarboidratosproduzindoácidosem gás,eproduzemoxidase.

Neisseria gonorrhoeae

(Gonorréia)

Oxidase-positivas

-Microaerófilos ou capnofílicos

-Sensíveis à penicilina

-Microaerófilos ou capnofílicos

-Nutriçãocomplexa,utilizamc arboidratose fermentam somente glicose

Neisseria gonorrhoeae

-Diplococo Gram-negativo microaerófilo

-Gonorréia: somente em humanos.

- Doença pélvica inflamatória, uretrite aguda e purulenta


30
-Propagação: ato sexual

-Fímbrias atuam como adesinas

-Produtoras de β ββ β-lactamases.

-Produzem proteases e resistentes ao soro

Patogenia, Patologia e Manifestações Clínicas

-Gonococos fimbriados mais virulentos

-Colônias opacas produzem Opa(II).Isolados de homens sintomáticos com uretrite.

-Afetam trato genito urinário,olhos,reto e garganta. Produz supuração aguda,invasão tecidual,


inflamação e fibrose.

-Homens:micção dolorosa com pus cremoso amarelado.

-Mulheres:infecção primária endocervical,com corrimento muco-purulento.

-Neonatos:oftalmia neonatal gonocócica,infecção Ocular do recém nascido.

-Produz conjuntivite até cegueira.

-Como prevenção usa-seinstilação de tetraciclina, Eritromicina ou nitrato de prata.

Diagnóstico Laboratorial

-Amostra:pus e secreção coletados da uretra,colo uterino,reto,conjuntiva,garganta ou líquido


sinovial.

-Bacterioscopia: coloração de Gram.

-Cultura: meioThayer-Martin(5%-CO2a37oC).

-Sorologia:anticorpos contra fímbrias e proteínas de Membrana externa detectados por


immunoblotting,radio-imunoensaio e ELISA.

2. FamíliaVeillonellaceae

Gênero Veillonella

Características Gerais

-Cocos anaeróbios gram-negativos

-Microbiota residente bucal, tratorespiratório superior,tratogastrointestnalevaginal

subdividido em oito espécies,sendo 4 de Origem humano(V.parvula,V.atypica,V.dispar,e

V.montpellierensis)

-Veillonella parvula associadacom processos infecciosos.

31
Características Gerais

-Colôniaspequenascircularesde0.5-1.0mm de diâmetro,e verde-cinza sem ágar sangue

-Diplococos ou formando pequenas cadeias.

-Não fermentam carboidrato se produzem ácido acético e propiônico

-Podem ou não produzir catalase

-Reduz nitrato para nitrito

-Identificação final:cromatografia gasosa ePCR(16SrDNA)

2. Cocos Gram-Positivo

Gênero Coprococcus

1. Gênero Staphylococcus

2. Gênero Sarcina

3. Gênero Streptococcus

4. Gênero Peptococcus

Sthaphylococcus aureus

O patógeno S. aureus faz parte da família Staphylococcaceae , esta é formada por 98 espécies
bacterinas relatadas pela literatura que são agrupadas em nove gêneros: Abyssicoccus ,
Aliicoccus , Auricoccus , Corticicoccus , Jeotgalicoccus , Macrococcus , Nosocomiicoccus ,
Salinicoccus e Staphylococcus .
Estes gêneros possuem características morfológicas semelhantes, sendo classificadas como
bactérias Gram-positivas, não formadoras de esporos, com forma esférica ou cocoide e
tamanhos entre 0,5 a 2,5 μm, não sendo móvel, pode se apresentar isolada, ou em pares ou
tétrades, estritamente aeróbio para facultativamente anaeróbico.

GÊNERO Sarcina
-1,8 - 3 µm Ø; grupos 3-8 células; imóveis;
- Catalase-negativos;
- Produção de esporos favorecida por N2 e pH alcalino.
- Habitat: Solo e alimentos; 30-37 oC, pH= 1,0 - 9,8;
- Fermenta carboidratos: butirato, acetato, etanol, CO2;
- S. ventriculi: Fezes humanas e animais;
- S. maxima: Casca cereais (trigo, arroz)

32
FFamília de Enterococcaceae
Os géneros pertencentes a esta família são: Enterococcus spp., Melissococcus spp.,
Tetragenococcus spp. e Vagococcus spp. Destes microrganismos, os mais encontrados em
infecções humanas são os Enterococcus spp., nomeadamente: E.faecalis e E.faecium, que são
aeróbios ou anaeróbios facultativos e catalase negativa (Forbes & Sahm, 2004) (Washington Jr.
et al, 2006) (de la Maza, Pezzlo, & Baron, 1999). Enterococcus spp. é muito associado à
infecção hospitalar e a ITU.

Família de Streptococcacea
Os microrganismos desta família dispõem-se normalmente aos pares (diplococos) ou em
cadeias lineares, quando vistos ao microscópio, após coloração de Gram. São aeróbios ou
anaeróbios facultativos e catalase negativa.
Os géneros que fazem parte desta família são Streptococcus spp. e Lactococcus spp.. Destes
microrganismos, os mais encontrados em infecções humanas são os Streptococcus spp.,
nomeadamente: S.pyogenes.

Pseudomonas aeroginosa é a espécie não pertencente à família das Enterobactereaceas


encontrada com mais frequência em amostras clínicas. Também a espécie Acinetobacter
baumanii é encontrada algumas vezes, enquanto que as restantes raramente se encontram
associadas a infecções no ser humano.

Conclusões finais

- Cocos anaeróbios são pouco importantes nos processos infecciosos

- Cocos anaeróbios Gram-positivos mais representativos.

- Co-participantes nos processos infecciosos humanos e animais

- Participação no equilíbrio da microbiota residente

33
UNIDADE VII: Bacilos Gram positivo vs Bacilos Gram negativo

Sumário: Bacilos Gram positivo vs Bacilos Gram negativo

1. Bastonetes Gram-negativos

Características gerais

• Sem esporos, imóveis.

• Alguns produzem colônias com pigmento marrom a negro, efluorescência.

• Exigentes em termos nutricionais e atmosféricos (hemina e menadiona).

• Pertencem à microbiota indígena bucal, intestinal e tratogenitourinário de humanos e


animais.

- Anaeróbios gram-negativos predominantes e clinicamente

são os mais relevantes - infecções do trato gastrintestinal;

- São altamente heterogêneos – reclassificação;

- Apresentam elevada diversidade genética.

Generos

- Gênero Porphyromonas (assacarolíticos)

- Gênero Prevotella (sacarolíticos)

- Gênero Fusobacterium

- Gêneros Bacteroides

- Gênero Mitsuokella: M. dentalis

- Outros gêneros: Selenomonas; Centipeda; Leptotrichia

Espécies de Porphyromonas

Patologias associadas

• Abscesso cerebral, infecções de cabeça e pescoço e endocardites.

• Infecções bucais:

– Gengivite

– Periodontites

– Infecções endodônticas

34
• Septicemia

• Carcinoma intestinal

Gênero Fusobacterium

Patologias associadas

Fusobacterium spp.

• Abscesso cerebral, meningites, infecções pélvicas, trato respiratório superior e intra-


abdominais.

• Infecções bucais:

– Gengivite

– Periodontite

– GUN (gengivite ulcero-necrosante)

• Infecções em animais: pododermatite

2. Bastonetes Gram positivo

Dos microrganismos que se apresentam sob a forma de bacilos Gram positivo, aqueles que
mais frequentemente são isolados em amostras clínicas são os pertencentes aos géneros:
Listeria e Corynebacterium. Contudo, durante este estágio apenas foi detectada a presença
de Corynebacterium spp.

Corynebacterium spp. pode ser aeróbio ou anaeróbio facultativo, fermentadoras de glicose e


outros carbohidratos e , na sua maioria são catalase positiva. Estas bactérias encontram-se
amplamente distribuídas na natureza (solo e água) e fazem parte da flora da pele e mucosas do
homem.

Os isolamentos em produtos biológicos de bactérias deste género, são geralmente


considerados contaminantes. No entanto, o seu repetido isolamento sugere a sua implicação
na etiologia do processo infeccioso.

Lactobacillusspp.

Espécies: 80 espécies reconhecidas. Bacilos gram-positivos, não móveis.

-Produção ácido lático como único produto ou juntamente a outros, como ácido acético,
etanol, dióxido carbono.

-Meio seletivo: Lactobacillus selective MRS ou Rogosa SL.

35
Eubacteriumspp.

Espécies: amplamente distribuídas na natureza; água, alimentos, intestino de roedores e


outros animais, rúmen de gado, humanos. 17 espécies

-Bacilos gram-positivos, não esporulados.

- Anaeróbios obrigatórios.

-Heterogeneidade entre espécies.

- Meio seletivo: Eubacterium selective agar (Columbia agarbase suplementado com glicose,
cisteína e ágar).

Gênero Clostridium

Grupo I: C. perfringens, C. septicum, C. novyi (tipo A), C. bifermentans, C. histolyticum, C.


sordellii, que causam mionecrose ou gangrena gasosa;

-Grupo II: C. tetani - tétano;

-Grupo III: C. botulinum - botulismo;

-Grupo IV: C. difficile, produz colite pseudomembranosa e diarréia associada a antibióticos;


e

-Grupo V: C. ramosum, C. bifermentans e outros, isolados de abscessos cerebrais, infecções


intra-abdominais e ginecológicas, pneumonias e bacteremias.

36
UNIDADE VII: FLORA NORMAL

Flora comensal

O nosso organismo é colonizado por milhares de microrganismos. Esta população de


microrganismos é numerosa e diversificada e coloniza a pele, mucosas, aparelho respiratório,
intestinal, reprodutor e urinário. A constituição desta flora ocorre no momento do nascimento
através da passagem pelo canal do parto e continua posteriormente, até que se estabeleça uma
microflora.

A microflora do organismo humano, embora de base estável, mantém ao longo da vida de um


indivíduo um contínuo fluxo determinado por uma variedade de factores (idade, dieta,
alterações hormonais, saúde e higiene pessoal), que contribuem para alterar quantitativa e
qualitativamente a microflora. Nas regiões do corpo que são estéreis qualquer isolamento de
microrganismo é de extrema importância, e deve ser alvo de estudo .

Várias são as funções desta flora microbiana, podendo destacar-se a sua interferência no
metabolismo do hospedeiro, e ainda a defesa contra potenciais microrganismos patogénicos .
Quando os membros da flora comensal são encontrados regularmente numa determinada área
corporal são designados como flora residente.

Quando os microrganismos apenas sobrevivem e não se multiplicam, permanecendo num


local por um curto período de tempo, recebem o nome de flora transitória. A maioria dos
microrganismos encontrados na flora comensal são bactérias. A relação que estes
microrganismos estabelecem com o hospedeiro é chamada de comensalismo, se for
mutuamente benéfica, ou se benificiarem da relação sem causar danos.

Existem também os patogénicos oportunistas, que causam infecções caso haja alterações da
flora residente, e os patogénicos obrigatórios, cuja presença origina sempre danos no
hospedeiro.

Em Ecologia, denomina-se microbiota o conjunto de microrganismos que habitam um


ecossistema, como bactérias, fungos e alguns protozoários, que geralmente têm funções
importantes na decomposição da matéria orgânica e, portanto, na reciclagem dos nutrientes. Já
em Medicina Humana e Medicina Veterinária pode-se considerar microbiota normal ou
residente uma população microbiana associada de forma estável com a pele e mucosas do
hospedeiro, que permanece residente ao longo de sua vida.

Logo após o nascimento, as partes do corpo expostas ao ambiente externo, como a pele e as
mucosas – que em condições fetais são estéreis – rapidamente sofrem colonização por
diversos microrganismos. Esses se distribuem quantitativa e qualitativamente, de maneira não
uniforme, compondo, assim, a microbiota normal, que permanece se desenvolvendo
sucessivamente no indivíduo até o fi m de sua vida. Assim, cada região habitada do
organismo possui uma microbiota com características próprias.

A natureza do ambiente local – como temperatura, pH e disponibilidade de oxigênio, água e


nutrientes – é o principal fator determinante dessa composição, enquanto, outros fatores –
como atividade peristáltica, saliva, secreção de lisozima e imunoglobulinas – controlam a

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composição da microbiota. Os órgãos internos e o sistema circulatório são estéreis, não
possuindo, portanto, microbiota. Os microrganismos que colonizam o hospedeiro durante
algumas horas ou semanas, mas não de forma permanente, são denominados microbiota
transitória.

PRINCIPAIS BENEFÍCIOS PRODUZIDOS PELA MICROBIOTA NORMAL


HUMANA
A microbiota é multifuncional, incluindo a capacidade de:
- auxiliar na digestão de polissacarídeos vegetais, na biotransformação de conjugados ácidos
da bile e na degradação de oxalatos; - sintetizar e excretar vitaminas, como ocorre com
bactérias entéricas, que produzem vitaminas K e B12, e bactérias do ácido láctico, que
produzem outras vitaminas do complexo B;

- impedir a colonização por patógenos, através da competição por sítios e nutrientes


essenciais; - antagonizar outras bactérias, por meio de síntese de substâncias inibidoras ou
letais contra espécies não pertencentes à microbiota normal; - promover o desenvolvimento de
tecidos, como o ceco e tecido linfático (Placa de Peyer) no trato gastrointestinal;
Microbiota normal Aula 4- estimular a produção de anticorpos “naturais”, em baixos níveis,
contra os componentes da microbiota normal, e que são capazes de reconhecer cruzadamente
patógenos relacionados, e
- ajudar o sistema imune na apresentação de antígenos, o que torna o organismo mais
tolerante a alguns determinantes imunológicos, reduzindo assim as respostas alérgicas a
comida e antígenos ambientais.

RELAÇÃO COM O ORGANISMO HOSPEDEIRO

As interações que existem entre bactéria e hospedeiro podem ser vistas em termos contínuos
entre simbiose, comensalismo e patogenicidade, sendo que simbiose e comensalismo estariam
incluídos em um mesmo grupo: mutualismo. O termo simbiose refere-se a relação entre duas
espécies diferentes, onde pelo menos uma das partes é benefi ciada sem causar qualquer tipo
de dano a outra.
metabólitos que permitem tanto uma ou ambas as partes aproveitarem os nutrientes. O termo
comensalismo vem do Latin commeansalis e signifi ca: “na mesma mesa” e se refere a
parceiros que coexistem sem dano a nenhuma das partes, mas sem benefícios óbvios.

Já uma relação patogênica ocasionaria danos para o hospedeiro. Simbiose e comensalismo


têm sido visto como uma corrida onde, caso o microrganismo saia na frente ou seja, expresse
os fatores de virulência, este causará algum tipo de dano ao hospedeiro vulnerável. Os
microrganismos membros da microbiota humana podem existir como
(1) mutualistas, quando protegem o hospedeiro competindo por micro-ambientes de forma
mais efi ciente que patógenos comuns (resistência à colonização), produzindo nutrientes
importantes e contribuindo para o desenvolvimento do sistema imunológico;
(2) comensais, quando mantêm associações aparentemente neutras sem benefícios ou
malefícios detectáveis e ;

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(3) oportunistas, quando causam doenças em indivíduos imunocomprometidos devido à
infecção pelo Vírus da Imunodefi ciência Humana, terapia imunossupressora de
transplantados, radioterapia, quimioterapia anticâncer, queimaduras extensas ou perfurações
das mucosas.

FUNÇÕES DA MICROBIOTA NORMAL

A microbiota humana desempenha funções importantes na saúde e na doença. Os


microrganismos cumprem um papel crítico na sobrevivência do homem, participando do
metabolismo de produtos alimentares, provendo fatores essenciais de crescimento, protegendo
contra infecções por microrganismos altamente virulentos e estimulando a resposta imune.

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UNIDADE IX: DIAGNÓSTICO LABORATORIAL EM MICROBIOLOGIA CLÍNICA
SUMÁRIO: Diagnóstico laboratorial em microbiologia clínica

Tipos de amostras

 Urina (Urocultura)

O aparelho urinário é formado pelos rins, ureteres, bexiga e uretra, sendo que esta última
estrutura possui uma microflora residente. Acima da uretra, todas as áreas do aparelho urinário
são estéreis num ser humano saudável, o que faz com que a urina seja habitualmente estéril .
Contudo, as bactérias podem invadir a bexiga e causar infecção por duas vias principais:
ascendente e descendente. Embora a via ascendente seja mais frequente, ela é favorecida por
introdução de corpos estranhos ao organismo (ex: cateter urinário).

Ao introduzir um cateter urinário, as bactérias podem ser introduzidas directamente na bexiga


ou, mover-se através deste instrumento da uretra até à bexiga, aumentando desta forma o risco de
infecção.
A disseminação por via descendente pode ser resultado de uma bacteriémia. Qualquer infecção
sistémica pode provocar infecção urinária mas certos microrganismos, como S. aureus ou
espécies de Salmonella, são particularmente invasivos. A via descendente é causadora de menos
de 5% das ITU.

Para o estudo das amostras de urina deve ser efectuada uma colheita adequada, tendo em conta a
idade e a situação clínica, de forma a minimizar os agentes contaminantes:

 Jacto médio: colheita para doentes com controlo de esfíncter.


 Cateter urinário: recolha através de punção do cateter (doentes algaliados).
 Punção supra-púbica: aspiração de urina directamente da bexiga. Este método assegura
uma amostra livre de contaminação (com excepção de microrganismos presentes na pele)
 Saco colector: recém-nascidos e crianças sem controlo de esfíncter.

 Para a validação da amostra é necessário ter em conta alguns critérios, entre eles encontra-
se a contagem directa de unidades formadoras de colónias por mililitro (ufc/ml). Para
obtenção do número de ufc/ml deve-se fazer contagem das colónias após incubação da
amostra de urina semeada com ansa calibrada e correlacionar com os seguintes dados:

 Número de ufc/ml > 105

 Infecção urinária;

 Número de ufc/ml < 104

 -105

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 Avaliação deve ser feita segundo critérios clínicos. Para as amostras de urina recolhidas
pelo método de punção supra-púbica, o método de quantificação anteriormente discrito
deve ser ignorado, e devem ser valorizados todos os microrganismos isolados, com
excepção de microrganismos comensais da pele.

Sangue (Hemocultura)

As hemoculturas são analisadas num sistema automatizado, como o Bact/Alert, que faz a
detecção do crescimento de microrganismos (bactérias e fungos) em amostras de sangue.Os
frascos de hemocultura fornecem um meio de cultura com os nutrientes e condições
ambientais recomendadas para os microrganismos normalmente encontrados nas infecções
sanguíneas.

Após semeados com sangue, os frascos são colocados no equipamento Bact/Alert onde é feita
incubação (35-37ᵒC) e agitação contínua. Bact/Alert utiliza um sensor colorimétrico e luz
reflectida para detectar a presença de CO2.

Amostras provenientes do aparelho reprodutor

A microflora vaginal constitui um dos mais importantes mecanismos de defesa da função


reprodutora, impedindo a proliferação de microrganismos potencialmente patogénicos,
nomeadamente devido ao seu ambiente ácido.

Este ambiente é mantido por alguns microrganismos presentes, com destaque para
Lactobacillus acidophilus (bacilo Gram positivo), que é o principal constituinte desta flora.
Para a detecção de infecções, são efectuadas colheitas de exsudados (ex: exsudado vaginal e
do endocolo). As colheitas são efectuadas com zaragatoa e enviadas para o laboratório em
meio de transporte adequado.

Fezes (Coproculturas)
As infecções do aparelho gastrointestinal têm uma alta incidência sobretudo em determinados
grupos etários (crianças e idosos). Para uma avaliação do possível agente infeccioso, deve ser
colhida uma amostra de fezes em recipiente adequado.

Amostras provenientes das Vias Respiratórias

O diagnóstico de infecções é frequentemente dificultado pela contaminação das amostras


pela flora comensal das vias respiratórias superiores durante a sua colheita. Deve-se ter em
conta, os microrganismos presentes nesta flora e observá-los como contaminantes das
amostras, e não como causadores de infecção. Podem ser efectuadas colheitas das seguintes
amostras:

 Expectoração
 Secrecções brônquicas
 Lavado brônquico ou Lavado bronco-alveolar
 Biópsia brônquica ou Biópsia pulmonaR

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 Aspirado transtraqueal ou Aspirado pulmonar

Exsudado Cutâneo, de ferida, escara ou auricular externo:

A pele representa uma barreira consideravelmente eficaz contra as infecções bacterianas. Apesar de
viverem sobre a pele muitas bactérias, normalmente são incapazes de provocar uma infecção.
Existem mais microrganismos nas zonas mais húmidas da pele (ex: axilas e virilhas).
Quando existe a suspeita de uma infecção, devem ser colhidos exsudados para análise
microbiológica, sendo também efectuados exsudados cutâneos para controlo de infecção Hospitalar.

Preparações a fresco e colorações

A observação microscópica é também um procedimento muito importante num laboratório clínico,


pois ajuda na validação da amostra. Existem dois métodos gerais (métodos directos) utilizados na
preparação de amostras microbiológicas:
o Exame a Fresco: baseia-se na observação directa da amostra ao microscópio, preservando a forma
natural dos microrganismos . o
Exame pós-coloração: possibilita a coloração e fixação de microrganismos, para posterior
observação microscópica.maioria das observações microscópicas é feita com coloração.
O material celular e os microrganismos são frequentemente transparentes e podem ser mais facilmente
distinguidos pelo uso de corantes . Neste Laboratório são utilizadas dois tipos de colorações:
coloração de Gram e coloração de ZiehlNeelsen.

Coloração de Gram

A coloração de Gram é um dos métodos de coloração mais importantes utilizados em laboratórios


de microbiologia, indispensável para o diagnóstico e identificação de diversos microrganismos. Esta
coloração classifica os microrganismos com base nas suas características morfológicas e tinturiais
(tamanho, forma e coloração).

A partir de um esfregao delgado, homogeneo, seco e fixado:


 Corar por 1 minuto, com solução cristal violeta fenicada (alguns autores sugerem violeta
genciana ou violeta de metila).
 Alguns autores sugerem, ainda, a lavagem da lamina com Agua, para melhorar a
visualização. Todavia, esta etapa Ø desnecessaria.
 Escorrer o corante e cobrir por 1 minuto o esfregao com solução de lugol (solução iodo-
iodetada).
 Alguns autores sugerem a lavagem com Agua, nesta etapa. Realmente, a retirada do excesso
de corante melhora a observação, contudo, esta etapa também não é obrigatório.
 Descorar com Alcool absoluto (– 30 segundos)*.
 Lavar com Agua (obrigatoriamente).
 Corar com safranina ou fucsina de Ziehl diluda a 1/10 (– 30 segundos) Alguns autores
sugerem que ao corar organismos anaerbios a opªo seja a carbol-fucsina, que permite melhor
penetração.
 Lavar com Agua (obrigatoriamente) e secar.
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 Observar em objetiva de imersão (100 X). * Em alguns livros, podemos encontrar modificações
utilizando Alcool-acetona, mas a técnica preconizada atualmente pelo Ministério da Saúde sugere
a utilização de Alcool 99,5oGL e, como corante de fundo, a safranina.

Coloração de Ziehl-Neelsen

Método de Ziehl-Neelsen Esfregao homogŒneo, delgado e fixado.

 Cobrir o esfregao com solução de fucsina de Ziehl, deixar agir por 5 a 10 minutos, aquecendo
com chama branda (evitar a fervura), até desprendimento de vapores (essa etapa pode ser
realizada em banho-maria, todavia, o tempo de aquecimento dobra para até 20 minutos).
 Lavar em Água corrente e descorar com solução de Alcool-Ácido clordrico a 1%.
 Cobrir o esfregaço com azul de metileno, por aproximadamente 30 segundos.
 Lavar e deixar secar.
 Observar em objetiva de imersão (100 X).

Testes de Identificação

Para a identificação do agente isolado além de se ter em conta as observações macroscópicas


(ex: características de colónias nos meios) e microscópicas (ex: características tinturiais e
morfológicas), também temos que ter em consideração alguns testes de identificação . Para
identificação do agente etiológico foram realizados os seguintes testes:
Oxidase
Determina a presença da enzima intracelular Citocromo C Oxidase em bactérias. Esta enzima
participa no transporte de electrões das vias metabólicas da maioria das Pseudomonas spp.,
permitindo a diferenciação dos bacilos Gram negativo.
Contudo, deve-se ter em conta algumas limitações deste teste, para que não sejam obtidos
resultados falsos:
 Não utilizar ansas de ferro,
 Não utilizar uma cultura mista.

Catalase

Detecta a presença de catalase em bactérias, servindo essencialmente para a distinção de


cocos Gram positivo. A catalase é uma enzima intracelular que decompõe o peróxido de
hidrogénio (H2O2) segundo a reacção química:

2H2O2 - 2 H2O + O2

Quando a catalase está presente verifica-se efervescência na realização da experiência, devido


à libertação de oxigénio resultante da hidrólise de H2O2. Para evitar resultados falsos, deve-
se: Evitar a utilização de meios que contêm sangue, pois os eritrócitos podem produzir uma
fraca reacção de catalase.

Coagulase

Verifica a capacidade de um microrganismo reagir com o plasma e formar um coágulo, por


acção da enzima coagulase. Um teste de coagulase positivo é um critério de diagnóstico

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presuntivo para identificar S.aureus. Desta forma é possível distinguir Staphylococcus
coagulase positiva de Staphylococcus coagulase negativa. As células de uma colónia recente
são adicionadas a plasma de coelho. Se o organismo possuir coagulase, a enzima age sobre o
fibrogénio no plasma e causa agregação da bactéria . Para que não sejam obtidos resultados de
falsos positivos ou falsos negativos deve-se utilizar um número suficiente de colónias na
realização do teste (uma a duas colónias).

Urease

Detecta a presença da enzima urease. Esta enzima catalisa a hidrólise de ureia em dióxido de
carbono e amónia:

(NH2)2CO + H2O - CO2 + 2 NH3

Se a urease estiver presente, hidrolisa a ureia e a amónia resultante aumenta o pH do meio


alcalinizando-o, pelo que a sua presença se detecta facilmente por meio de um indicador. A
prova é considerada positiva aquando da alteração da cor do meio, e negativa na ausência
dessa alteração.

Deste modo, este teste ajuda na identificação de certas espécies de Enterobactereaceas (ex:
Proteus spp.). Resultados de falsos positivos são considerados raros, mas podem ocorrer se o
teste for lido após 24 horas.

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UNIDADE VIII: DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS MICOSES

Sumário: Diagnóstico laboratorial das micoses

Diagnóstico micológico
1. Coleta do material
2. Exame direto
3. Cultura

Coleta de material clínico

1. Assepsia
- Pêlo/Cabelo – Pele
-Unha
-Pus
-Escarro

Exame microscópico direto

• Material clínico clarificado com KOH 10-20%


• Biópsia:
-Fragmento do tecido com KOH
-Histopatológico: Coloração: Gomori, PAS,HE

Cultura
- Técnica de complemento ao exame microscópico Crescimento:
- Filamentoso: 1 a 3 semanas
- Leveduriformes: 3 a 10 dias
Meio de cultura: Ágar Sabouraud +cloranfenicol+cicloheximida

Micoses Superficiais-Pitiriase versicolor


Exame direto

Micose Cutâneas – DERMATOFITOSE


Exame direto
Cultura

Micoses Sub-cutaneas: Cromoblastomicose


Exame direto
Cultura
Micoses Sub-cutaneas: esporotricose
Exame direto de biopsia Corado pela Prata
Cultura.

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Referências

Darlene Ana de Paula Vieira Nayara Cláudia de Assunção Queiroz Fernandes Microbiologia Geral,
2012.

Técnica de Coloraçao de Gram. Brasilia: Ministerio da Saúde, Programa Nacional de Doenças


Sexualmente Transmissíveis e AIDS, 1997.
Guzzo. C. Nutrição Bacteriana – Meios de Cultura, 2014.
AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia. 2ª série. V. 2. São Paulo: Moderna, 2004.
BIER, O. G.; MOTTA, W. D.; VAZ, N. M. Imunologia Básica e Aplicada. 2. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1977.
BIER, O. G. Microbiologia e Imunologia. 3. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1984.
BLACK, J. G. Microbiologia: fundamentos e perspectivas. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002.
Parussolo. L. Nutrição, Metabolismo e Reprodução Microbiana. InstitutoFederaldeSantaCatarina
Câmpus Florianópolis, 2014.
Ezembro.E , Azam. K, Cadir. N. Manual de Baciloscopia da Tuberculose. Maputo, 2012.
Lincopan. N. Antibacterianos, resistência bacteriana e antibiograma. Universidade de São Paulo,
Brasil.

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