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HIV

HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Esse vírus é o causador da


aids, que é a sigla em inglês da síndrome da imunodeficiência adquirida, uma doença que
enfraquece o sistema imunológico humano. Essa diferenciação é importante, pois ter o
HIV não é a mesma coisa que ter aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem
apresentar sintomas e sem desenvolver a doença.
Independente de desenvolver ou não a aids, todos os pacientes soropositivos para o HIV
podem transmitir o vírus a outras pessoas pelas relações sexuais desprotegidas, pelo
compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a
amamentação, quando não tomam as devidas medidas de prevenção. Por isso, é sempre
importante fazer o teste e se proteger em todas as situações.
Epidemiologia de HIV
A transmissão do HIV se dá através do contato de fluidos corporais, por exemplo, sexo
sem proteção, seja oral anal, ou vaginal, compartilhamento de seringas e agulhas,
transfusão de sangue contaminado, via vertical ( transmissão da mãe para o filho durante
a gestação ou parto) ou instrumentos perfurocortantes não esterilizados.
A infecção pelo HIV e a aids fazem parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória de
doenças (Portaria de Consolidação MS/GM no 4, de 28 de setembro de 2017), sendo que
a aids é de notificação compulsória desde 1986 e a infecção pelo HIV é de notificação
compulsória desde 2014. De 2007 até junho de 2019, foram notificados no Sinan 300.496
casos de infecção pelo HIV no Brasil. Só no ano de 2018, foram notificados 43.941 casos
de infecção, com uma proporção de homens para mulheres de quase 3:1.
No que se refere às faixas etárias, observou-se que a maioria dos casos de infecção pelo
HIV encontra-se na faixa de 20 a 34 anos, com percentual de 52,7% dos casos.
Pacientes com infecção recente pelo HIV são altamente contagiosos para outras pessoas,
dadas as cargas virais transitoriamente altas típicas observadas no início da infecção pelo
HIV. A carga viral do HIV no sangue se correlaciona com o risco de transmissão do HIV.
Em homens com infecção aguda por HIV, a carga viral no sêmen parece seguir um
padrão semelhante ao observado no sangue, com os níveis mais altos ocorrendo em
aproximadamente 20 dias após a infecção ou seis dias após o início dos sintomas para
aqueles com síndrome retroviral aguda.
Fisiopatologia
O HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae. Esses vírus
compartilham algumas propriedades comuns: período de incubação prolongado antes do
surgimento dos sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema
nervoso e supressão do sistema imune. As células mais atingidas são os linfócitos T
CD4+. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se
multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.
O HIV geralmente entra no hospedeiro pela mucosa anogenital. A proteína do envelope
viral, a glicoproteína 120 (GP 120), liga-se à molécula CD4 nas células dendríticas.
As células dendríticas intersticiais são encontradas no epitélio cervicovaginal, bem como
no tecido tonsilar e adenoidal, que podem servir como células-alvo iniciais em infecções
transmitidas por sexo genital-oral.

A infecção por HIV recém-adquirida é mais comumente devido à transmissão de vírus


com tropismo para macrófagos do que com tropismo para células T CD4 +.
As células infectadas pelo HIV se fundem com as células T CD4 +, levando à
disseminação do vírus. O HIV é detectável em linfonodos regionais dentro de dois
dias da exposição da mucosa e no plasma dentro de outros três dias. Assim que o
vírus entra no sangue, ocorre uma disseminação generalizada para órgãos como o
cérebro, o baço e os gânglios linfáticos.
Quadro clínico de HIV
A infecção aguda, também chamada de síndrome da infecção retroviral aguda ou infecção
primária, ocorre em cerca de 50% a 90% dos pacientes. Seu diagnóstico é pouco
realizado, em razão do baixo índice de suspeição, sendo, em sua maioria, retrospectivo.
As manifestações clínicas podem variar desde quadro gripal até uma síndrome,
que se assemelha à mononucleose.
Na fase seguinte (infecção assintomática) o estado clínico básico é mínimo ou inexistente.
Alguns pacientes podem apresentar uma linfoadenopatia generalizada persistente,
“flutuante” e indolor.
Na fase sintomática inicial (ou precoce) o portador de HIV pode apresentar sinais e
sintomas inespecíficos de intensidade variável, como sudorese noturna, fadiga,
emagrecimento e trombocitopenia, além de processos oportunistas de menor gravidade,
principalmente na pele e nas mucosas, como candidíase oral e, nas mulheres, vaginal.
O aparecimento de infecções oportunistas (tuberculose, neurotoxoplasmose,
neurocriptococose) e algumas neoplasias (linfomas não Hodgkin e sarcoma de Kaposi)
define a aids em sua forma mais avançada.
Diagnóstico de HIV
Os testes para detecção da infecção pelo HIV podem ser divididos, basicamente, em
quatro grupos:
• testes de detecção de anticorpos;
• testes de detecção de antígenos;
• testes de amplificação do genoma do vírus;
• técnicas de cultura viral.
As técnicas rotineiramente utilizadas para o diagnóstico da infecção pelo HIV são as
baseadas na detecção de anticorpos contra o vírus, os chamados testes anti-HIV. Essas
técnicas apresentam excelentes resultados. Além de serem menos dispendiosas, são de
escolha para toda e qualquer triagem inicial. Detectam a resposta do hospedeiro contra o
vírus (os anticorpos) e não o próprio vírus.
Testes de detecção de anticorpo:
• ELISA (ensaio imunoenzimático): essa técnica vem sendo amplamente utilizada
na triagem de anticorpos contra o vírus, pela sua facilidade de automação, custo
relativamente baixo e elevada sensibilidade e especificidade.
• Imunofluorescência indireta: é um teste utilizado na etapa de confirmação
sorológica.
• Western-blot: esse teste é considerado “padrão ouro” para confirmação do
resultado reagente na etapa de triagem. Tem alta especificidade e sensibilidade,
mas, comparado aos demais testes sorológicos, têm um elevado custo.
• Testes rápidos: dispensam em geral a utilização de equipamentos para a sua
realização, sendo de fácil execução e leitura visual. Sua aplicação é voltada para
situações emergenciais que requerem o uso profilático com antirretrovirais, ou seja,
em centros obstétricos, e no paciente-fonte após acidente ocupacional. Esse teste
tem aplicação, ainda, em locais onde a avaliação de custo-benefício justifica seu
uso e para triagem geral da população de risco. Os testes rápidos são executados
em tempo inferior a 30 minutos
As outras técnicas de biologia molecular detectam diretamente o vírus, ou suas partículas,
e são utilizadas em situações específicas, tais como: esclarecimento de exames
sorológicos indeterminados, acompanhamento laboratorial de pacientes e mensuração da
carga viral para controle de tratamento.
Os anticorpos contra o HIV aparecem, principalmente, no soro ou plasma de
indivíduos infectados, numa média de 6 a 12 semanas após a infecção. Em crianças
menores de 2 anos, o resultado dos testes sorológicos é de difícil interpretação, em
virtude da presença de anticorpos maternos transferidos passivamente através da
placenta. Nesses casos, em virtude dos testes imunológicos anti-HIV não permitirem a
caracterização da infecção, recomenda-se que a avaliação inicial de diagnóstico seja
realizada por testes de biologia molecular para detecção direta do vírus.
Tratamento de HIV
A indicação de uso de terapia anti-retroviral (TARV) é um tema complexo, sujeito a
constantes mudanças e incorporação de novos conhecimentos, e por isso definida e
revisada anualmente por um grupo técnico assessor de experts, nomeado em portaria do
Ministério da Saúde.
Por essa razão, a terapia anti-retroviral para o HIV deve ser prescrita por infectologista, ou
outro médico capacitado, que definirá, baseado nas recomendações do consenso vigente,
o momento de início e qual a melhor combinação a ser instituída.
Temos três classes de drogas liberadas para o tratamento anti-HIV, os Inibidores da
Transcriptase Reversa, os Inibidores da Protease e o inibidor de fusão (o T20).
Temos a seguir breves informações sobre os anti-retrovirais de maior uso:
• Inibidores da Transcriptase Reversa – são drogas que inibem a replicação do
HIV, bloqueando a ação da enzima transcriptase reversa, que age convertendo o
RNA viral em DNA. Atualmente temos disponíveis substâncias Nucleosídeas (AZT,
3TC, d4T, ddI e Abacavir) e Não-Nucleosídeas (Nevirapina, Delavirdina e
Efavirenz).
• Inibidores da Protease – essas drogas agem no último estágio da formação do
HIV, impedindo a ação da enzima protease. Essa enzima é fundamental para a
clivagem das cadeias protéicas, produzidas pela célula infectada, em proteínas
virais estruturais e enzimas que formarão cada partícula do HIV. Atualmente temos
à disposição: Indinavir; Nelfinavir , Ritonavir; Saquinavir; Amprenavir, Lopinavir/
Ritonavir.
As recomendações de TARV no Brasil têm por base evidências científicas de que a
associação de drogas, promove a redução da replicação viral e a redução na emergência
de cepas multirresistentes.
A terapia combinada é o tratamento anti-retroviral com associação de pelo menos
três drogas da mesma classe farmacológica (p ex., três inibidores da transcriptase
reversa), ou de classes diferentes (p ex., dois inibidores da transcriptase reversa e
um inibidor de protease).
Define-se falha terapêutica em pacientes fazendo uso de terapia anti-retroviral,
analisando-se três parâmetros:
• Clínico: surgimento de sintomas relacionados com aids ou manifestações
oportunistas
• Imunológico: queda > 25% da contagem de linfócitos T-CD4+
• Virológico: elevação da carga viral
Além da terapia anti-HIV, para alguns pacientes, o serviço especializado poderá
prescrever quimioprofilaxia e imunização para certos processos oportunistas mais
prevalentes, cuja relação custo-benefício tem se mostrado amplamente favorável.
Prevenção do HIV
Para evitar a transmissão da aids, recomenda-se o uso de preservativo durante as
relações sexuais, a utilização de seringas e agulhas descartáveis e o uso de luvas para
manipular feridas e líquidos corporais, bem como testar previamente sangue e
hemoderivados para transfusão. Além disso, as mães infectadas pelo vírus (HIV-positivas)
devem usar antirretrovirais durante a gestação para prevenir a transmissão vertical e
evitar amamentar seus filhos.

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