Você está na página 1de 17

Hospital Distrital de Espungabeira

Tema: HIV em crianças

Curso: Técnico de medicina geral (TMG)

Nomes:

 Ana Tomás
 Eguinesse Paulo

Data: Março de 2024


Índice

Capítulo I.................................................................................................................................1

1. Introdução...........................................................................................................................1

CAPÍTULO II.........................................................................................................................2

2. Conceitos gerais..................................................................................................................2

2.1. Diagnóstico da infecção pelo HIV em crianças...............................................................2

2.2. Sintomas da infecção por HIV em crianças.....................................................................4

2.3. Revelação do Diagnóstico e Confidencialidade...............................................................4

2.4. Classificação da infecção pelo HIV em crianças.............................................................5

2.5. Manejo de HIV em crianças.............................................................................................5

2.6. Terapia Anti-retroviral Inicial em Crianças......................................................................6

2.7. Falha Terapêutica.............................................................................................................7

2.8. Tratamento da criança HIV+ no Serviço Nacional de Saúde...........................................8

2.9. Aconselhamento e testagem do HIV..............................................................................10

2.10. Desnutrição da criança com HIV.................................................................................12

2.11. Estadiamento da para Crianças....................................................................................12

Capítulo III............................................................................................................................14

3. Conclusão..........................................................................................................................14

4. Referência bibliográfica....................................................................................................15
Capítulo I

1. Introdução

A partir da segunda metade da década de 1990, importantes avanços no cuidado de crianças


infectadas pelo HIV levaram a mudanças na progressão clínica da doença, resultando em
menor morbidade e mortalidade. A melhor compreensão sobre a dinâmica viral e celular na
infecção pelo HIV e o desenvolvimento de novas classes de medicamentos propiciaram a
reformulação na terapêutica anti-retroviral (ARV), resultando no advento do tratamento
combinado com duas ou mais drogas. Essa reformulação foi também baseada em estudos
internacionais que evidenciaram ser tal estratégia mais eficaz na redução da replicação
viral.

Apesar dos benefícios da terapêutica anti-retroviral, ela deve ser usada criteriosamente. Do
contrário, pode-se incorrer no risco da indução de resistência e, consequentemente, no
esgotamento precoce do arsenal anti-retroviral disponível. Além disso, efeitos adversos
importantes e frequentes já estão bem caracterizados.

1
CAPÍTULO II

2. Conceitos gerais

A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é uma infecção viral que
destrói progressivamente certos glóbulos brancos do sangue e torna a pessoa mais
vulnerável a outras infecções e alguns Cáceres e pode causar a síndrome da
imunodeficiência adquirida (AIDS).

 A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é causada pelo vírus HIV
que pode ser transmitido através do contacto sexual, transfusão de sangue e, em
crianças pequenas, é normalmente adquirida da mãe no momento do nascimento.

 Os sinais da infecção em crianças incluem crescimento lento, aumento dos


linfonodos em diversas áreas do corpo, atraso no desenvolvimento, infecções
bacterianas recorrentes e inflamação dos pulmões.

 O diagnóstico é baseado em exames de sangue para infecção pelo HIV.

 Os medicamentos anti-HIV (chamados terapia anti-retroviral ou TAR) podem


controlar os efeitos da infecção por HIV e permitir que as crianças vivam sem
complicações.

 As crianças são tratadas com os mesmos medicamentos usados para os adultos.

 Gestantes com infecção pelo HIV podem prevenir a infecção de seus recém-
nascidos usando a terapia anti-retroviral, alimentando seus filhos com leite de
fórmula ao invés de leite materno e, para algumas mulheres, fazendo parto
cesariano.

2.1. Diagnóstico da infecção pelo HIV em crianças


O diagnóstico da infecção por HIV em crianças começa com a identificação da infecção por
HIV em mulheres grávidas graças aos exames de sangue pré-natais de rotina. As mulheres
devem ser testadas para infecção por HIV no início da gravidez e novamente no terceiro
trimestre para detectar infecção por HIV recém-adquirida.

2
Os testes rápidos para HIV podem ser feitos usando sangue ou saliva em mulheres em
trabalho de parto e na sala de parto no hospital. Esses exames podem disponibilizar os
resultados em minutos ou até horas
No contexto de saúde em Moçambique considera-se criança aos indivíduos com idade entre
os 0 - 14 anos.
O diagnóstico de HIV nesta faixa etária e feito usando os testes serológicos. O rastreio da
elegibilidade para oferta do teste e feito com base no seguinte algoritmo:
Toda a criança dos 0 – 14 anos com seroestado desconhecido para HIV, que procura a US
ou que e encontrada na comunidade deve ser rastreada seguindo este algoritmo.
Considera-se infectada a criança que apresentar resultado positivo em duas amostras
testadas pelos seguintes métodos:
 Cultivo de vírus;
 Quantificação de RNA viral plasmático (ver fluxograma da Figura 1);
 Detecção do DNA pró-viral ou
 Antigenemia p24 após dissociação ácida de imunocomplexos.

Em crianças com idade igual ou maior que 18 meses, o diagnóstico será confirmado por
meio de dois resultados reagentes em duas amostras de sangue colectadas em momentos
diferentes, para realização de testes serológicos de triagem para detecção de HIV-1 e HIV-2

o
e pelo menos um teste confirmatório, de acordo com a Portaria n. 59/03, do Ministério da
Saúde.

O diagnóstico do HIV em crianças expostas é parte essencial de qualquer estratégia


nacional de controlo e tratamento do HIV. Esta política do aconselhamento e testagem para
crianças é um compromisso para aumentar o número de crianças com acesso ao tratamento
anti-retroviral.

Todos os lactentes com estado serológico desconhecido têm que ter confirmação da
exposição ao HIV no primeiro contacto com a unidade sanitária, na altura em que a mãe
recebe o cartão de saúde da criança na maternidade ou na primeira consulta pós parto nos
casos de parto fora da maternidade.

3
Trata-se de um desafio que representa uma oportunidade para o acesso a cuidados e
tratamento a crianças infectadas. Portanto, esta oportunidade não deve descurar os aspectos
éticos da prática clínica.

O diagnóstico do HIV deve ser feito para as crianças de forma a permitir-lhes receber
cuidados e tratamento adequados e atempados sempre que possível; por isso, devem ser
aconselhadas e testadas crianças que apresentam sinais ou sintomas sugestivos para
doenças relacionadas ao HIV.

2.2. Sintomas da infecção por HIV em crianças


As crianças que nascem com infecção por HIV raramente apresentam sintomas nos
primeiros meses, mesmo que não tenham recebido a terapia anti-retroviral (TAR). Se as
crianças permanecerem sem tratamento, os sintomas geralmente se desenvolvem por volta
dos três anos de idade, mas algumas crianças podem permanecer sem sintomas até os cinco
anos de idade.

Às vezes, as crianças que não estão recebendo tratamento apresentam episódios repetidos
de infecções bacterianas, tais como infecção do ouvido médio (otite média), sinusite,
bactérias no sangue (bacteremia) ou pneumonia. Cerca de um terço das crianças com
infecção não tratada por HIV desenvolve inflamação pulmonar (pneumonias intersticial
linfoide) com tosse e dificuldade para respirar. Uma variedade de outros sintomas e
complicações pode surgir à medida que o sistema imunológico da criança se deteriora.

2.3. Revelação do Diagnóstico e Confidencialidade


A revelação do diagnóstico é um aspecto fundamental da assistência à criança com infecção
pelo HIV, devendo ser tratado como processo gradual e progressivo. Considerando-se que a
abordagem deve ser individualizada, o momento apropriado, o nível de informação e a
periodização dos assuntos dependerão do contexto psicossocial e familiar em que a criança
estiver inserida.

O processo da revelação deve ser discutido e planejado com os pais ou responsáveis,


podendo requerer várias visitas/consultas para se avaliar o nível de esclarecimento da
criança e sua capacidade de enfrentá-lo. De preferência, a revelação deve ser conduzida em
situação controlada na presença dos pais e profissionais de saúde capacitados.

4
A confidencialidade da condição de infectado pelo HIV deve ser assegurada em todas as
esferas de convivência da criança. Dessa forma, a revelação do diagnóstico no contexto da
escola deve se dar apenas quando houver benefício para a criança. A adopção universal das
normas-padrão de biossegurança garante a protecção dos contactastes.

2.4. Classificação da infecção pelo HIV em crianças


A classificação da infecção pelo HIV utiliza sistema alfanumérico, baseando-se em
parâmetros clínicos e imunológicos, respectivamente, propostos pelo Centers for Disease
Control and Prevention (CDC), em 1994, conforme os quadros abaixo.

Alteração N = Ausência de A = Sinais e/ou B = Sinais e/ou C = Sinais e/ou


imunológica sinais e/ou sintomas clínicos sintomas clínicos sintomas clínicos
sintomas clínicos leves Moderados graves
Ausente (1) N1 A1 B1 C1
Moderado (2) N2 A2 B2 C2
Grave (3) N3 A3 B3 C3

2.5. Manejo de HIV em crianças


Todas as crianças e adolescentes com TB/HIV devem iniciar o TARV;
• O TARV deve ser iniciado o mais precoce possível independente do estádio clínico e
imunológico, dentro das 2 semanas que seguem ao inicio do TAT.
• Todas crianças com peso inferior a 4 kg, que tenham diagnóstico de TB, HIV ou co-
infecao com TB/HIV, devem ser referidas para o tratamento em regime de internamento.
Criança <4kg deve iniciar tratamento no internamento.
Da solução de 10mL, dar apenas o volume indicado para crianças <4kg

1. Manter o acompanhamento clínico nas crianças consideradas como provavelmente não


infectadas, de acordo com as recomendações estabelecidas, e fazer sorologia anti-HIV entre

o
18 e 24 meses de idade, conforme Portaria n. 59/03/MS. Caso a criança tenha sido
amamentada, o presente algoritmo deve ser iniciado 2 meses após a suspensão do
aleitamento materno, visando minimizar a ocorrência de resultados falsos-negativos.
2. Este fluxograma foi elaborado para o uso de testes de detecção quantitativa de RNA e o
resultado do exame deve expressar o valor de carga viral encontrado na amostra. Valores

5
até 10.000 cópias/mL sugerem resultados falso-positivos e devem ser cuidadosamente
analisados dentro do contexto clínico, demandando nova determinação em um intervalo de
4 semanas.
3. Avaliar a necessidade de tratamento, considerando os parâmetros clínicos e laboratoriais,
de acordo com as recomendações estabelecidas em secção específica do texto.

2.6. Terapia Anti-retroviral Inicial em Crianças

(a) Nas crianças menores de 1 ano de idade, classificadas como B2, deve-se considerar com
cuidado a escolha do regime terapêutico, na medida em que nesta faixa etária, esta
categoria configura gravidade na evolução, justificando a opção pela terapia tríplice.
Crianças maiores, com 4 a 5 anos de idade, classificadas como A1, A2 ou B1 e,
evolutivamente, apresentam-se como B2, entende-se que é progressão lenta e a conduta é
terapia dupla.

(b) Quanto aos esquemas alternativos para terapia dupla, deve-se considerar que precisam
ser poupadas drogas que terão utilidade na composição da terapia tríplice quando esta for
necessária, especialmente a lamivudina (3TC), em virtude de características de seu perfil,
ou seja, indução rápida de resistência quando associado ao AZT.

(c) O uso do abacavir para compor o esquema duplo baseia-se em suas características de
boa penetração em sistema nervoso central, potência anti-viral, menor indução de
resistência, administração em duas tomadas diárias e disponibilidade de solução oral.
Apesar da escassez de dados da literatura, comum a muitas das drogas citadas e indicadas
neste consenso, os resultados do estudo PENTA V demonstram a eficácia desta droga
associada a outro inibidor de transcriptase reversa análogo de nucleosídeo (AZT ou 3TC).

(d) A opção preferencial pelos esquemas 3 ITRN (AZT+3TC+ABC) ou 2 ITRN + 1 ITRNN


está baseada em uma melhor adesão e em uma menor toxicidade, reservando-se para uma
fase posterior o esquema com 2 ITRN + 1 IP.

(e) Dados sobre efavirenz em crianças são limitados e informações sobre


biodisponibilidade e dose em menores de 3 anos de idade não estão disponíveis.

6
(f) O LPV/r está indicado como componente da terapia tríplice inicial em crianças menores
de 2 anos de idade com progressão rápida da doença.

4. Para garantir a qualidade dos procedimentos e considerando a possibilidade de


contaminação e/ou troca de amostra, bem como a necessidade de confirmação do resultado
obtido, recomenda-se a colecta de nova amostra e a priorização da repetição do teste no
menor espaço de tempo possível.

2.7. Falha Terapêutica

A falha terapêutica está relacionada frequentemente à dificuldade de adesão ao tratamento.


Essa possibilidade sempre deve ser investigada.
Os critérios de falha terapêutica são os seguintes:

Critérios clínicos
• Deterioração neurológica;

• Falha no crescimento e/ou desenvolvimento neuropsicomotor;

• Mudança de categoria clínica.

Observação: a mudança de categoria clínica com estabilidade imunológica e viral nem


sempre implica necessidade de mudança de terapia.

Critérios imunológicos
• Mudança de categoria imunológica;

+
• Para criança na categoria imunológica 3 (LT-CD4 <15%), decréscimo persistente igual
ou maior que 5% (por exemplo: de 15% para 10%, ou de 10% para 5%);

+
• Redução de> 20% na contagem absoluta ou percentual de LT-CD4 , em pelo menos duas
determinações seriadas.

Critérios virológicos
• A variabilidade deve ser considerada na interpretação da carga viral. Desse modo,
somente alterações maiores de 5 vezes (0,7 log) em crianças menores de 2 anos, e de

7
pelo menos 3 vezes (0,5 log) nas maiores de 2 anos de idade, depois de testes
confirmados em 2ª determinação, reflectirão alteração com relevância clínica e
biológica.

• Resposta virológica inferior à minimamente aceitável depois de 8 a 12 semanas de


tratamento:

a) Crianças em uso de 2 ITRN + 1 IP, 2 ITRN + 1 ITRNN ou 3 ITRN: redução <1,0 log em
relação ao nível inicial;

b) Crianças em uso de 2 ITRN: redução <0,7 log em relação ao nível inicial;

c) Aumento persistente da carga viral depois do início do tratamento:> 0,7 log em crianças
menores de 2 anos, e> 0,5 log em crianças com 2 anos ou mais.

2.8. Tratamento da criança HIV+ no Serviço Nacional de Saúde


Todas as crianças com infecção por HIV devem receber terapia anti-retroviral (TAR)
assim que possível, de preferência dentro de 1 a 2 semanas do diagnóstico. As crianças
são tratadas com a maioria dos mesmos medicamentos anti-retrovirais que os adultos
(consulte Tratamento medicamentoso da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana
(HIV)). No entanto, nem todos os medicamentos usados para crianças mais velhas,
adolescentes e adultos estão disponíveis para crianças pequenas, em parte porque alguns
não estão disponíveis na forma líquida.
A TAR é feita sob medida para a criança, mas as combinações normalmente consistem
em:

 Dois inibidores da transcriptase reversa nucleosídeo-nucleotídeo (nucleoside


reverse transcriptase inhibitors, NRTIs)
 Um inibidor da integrase ou um inibidor da protease
Às vezes, um inibidor da transcriptase reversa não nucleosídeo é administrado juntamente
com dois NRTIs.

Normalmente as crianças desenvolvem os mesmos tipos de efeitos colaterais que os


adultos, mas em geral a uma taxa muito mais baixa. Contudo, os efeitos colaterais dos
medicamentos podem também limitar o tratamento.

8
1. Preparação/administração dos medicamentos

 Dissolver os comprimidos de 3DFC e 2DFC de acordo com o peso da criança e a


quantidade de água recomendada. Após a dissolução administre todo o
medicamento de imediato a criança. Se restar algum medicamento no fundo do copo
acrescente um pouco mais de água e administre;
 Os comprimidos de 3DFC e 2DF não devem ser engolidos inteiros;
 Os comprimidos de Etambutol devem ser esmagados e administrados com água em
separado do 3DFC. Para crianças que conseguem engolir, podem tomar inteiros.

2. Adesão
Adesão é tomar os medicamentos de acordo com as instruções. É extremamente
importante aderir aos horários de administração da TAR. Se as crianças tomarem
medicamentos da TAR em frequência menor do que a necessária, o HIV em seu sistema
pode ficar rapidamente resistente, de forma permanente, a um ou mais dos medicamentos.
Ainda assim, pode ser difícil para os pais e as crianças seguirem e aderirem a regimes
farmacológicos complicados, o que pode limitar a eficácia da terapia. Para simplificar os
regimes e melhorar a adesão, é possível administrar comprimidos contendo três ou mais
medicamentos. Esses comprimidos podem ter que ser tomados somente uma ou duas
vezes ao dia. Hoje em dia, as formas líquidas dos medicamentos têm melhor sabor, o que
melhora a adesão.

A decisão para que uma criança inicie o TARV cabe ao clínico capacitado neste domínio.

Os critérios para início do TARV têm carácter obrigatório e são de natureza clínica,
biológica e psicológica.

Note-se que, em geral, o início do TARV não é uma urgência. Assim sendo, e, devido ao
facto de ser um tratamento para toda a vida, e ainda, por ter numerosos efeitos secundários,
é de primordial importância a preparação dos doentes e seus acompanhantes para garantir
uma boa adesão ao tratamento. Os critérios para o início do TARV em crianças por grupo
etário são apresentados no Capitulo V deste manual.

No Serviço Nacional de Saúde, o TARV é feito de acordo com o nível de atenção:

9
1. Nível primário: identificação dos casos suspeitos na consulta de CCR, de triagem
seguindo as normas AIDI.

2. Níveis secundários, terciários e quaternários: seguimento da criança e a administração


de TARV será feito pelo médico e pelo técnico na consulta de SIDA da criança ou na
consulta de Pediatria, conforme a disponibilidade.

Em seguida são descritas em detalhe as actividades realizadas por nível de atenção


atendendo aos recursos humanos disponíveis por nível de atenção:

3. Nível primário (Centros de Saúde, onde não há médico):

a. Rastreio da criança doente, de acordo com as normas de AIDI.

b. Seguimento do filho de mãe seropositiva, de acordo com as normas de PTV.

c. Distribuição de Cotrimoxazol, Mebendazol e Vitamina A, de acordo com as normas de


atenção a criança com HIV/SIDA (AIDI complementar).

d. Seguimento da criança pelo técnico de medicina se disponível, Iniciar 1ª Linha TARV de


acordo com as normas nacionais

e. Referência das crianças de casos graves e/ou suspeita de falência terapêutica para
consulta médica ou consulta de SIDA da Área de Saúde

2.9. Aconselhamento e testagem do HIV


As crianças infectadas ou afectadas pelo HIV, têm necessidades psicológicas próprias, que
são muitas vezes negligenciadas. Os adultos têm uma grande dificuldade em falar com as
crianças sobre questões sensíveis, tais como sexo, doenças e morte.

As necessidades, percepções, respostas e reacções das crianças são diferentes das dos
adultos. Assim, enquanto se é aberto e honesto durante o aconselhamento, os métodos, a
linguagem e a informação usada deve ser especificamente apropriados para a idade e nível
de desenvolvimento da criança em questão.

Estas directrizes complementam o Guião do Aconselhamento e Testagem Iniciado

10
Pelo Provedor (ATIP) no contexto clínico. São procedimentos e padrões do aconselhamento
e testagem do HIV para crianças.

A. O aconselhamento à criança

O aconselhamento de crianças inclui o estabelecimento de relações de ajuda às crianças


para contarem as suas histórias, a tomada de decisões informadas, o reconhecimento e o
aumento das suas capacidades e o desenvolvimento de atitudes positivas perante a vida.
Também inclui a escuta atenta e fornecer informações correctas e apropriadas à criança.

B. Objectivos do aconselhamento à criança

O aconselhamento tem como objectivos ajudar a criança a:

• Lidar com as emoções e desafios que enfrenta quando é directamente afectada pelo HIV
ou SIDA, ou indirectamente através de um membro da família.

• Optar por escolhas correctas e quando possível participar na tomada de decisões para o
prolongamento e melhoria da sua qualidade de vida.

C. Processo de aconselhamento

No aconselhamento, a comunicação é a base do relacionamento entre o conselheiro e a


criança. É importante encontrar formas práticas e eficazes para esta comunicação.

Durante o aconselhamento, nunca se deve forçar a criança a contar as suas histórias.

Existem razões que podem inibir as crianças a não comunicar sobre algo.

O conselheiro deve usar métodos adequados para ultrapassar as barreiras de comunicação.


O conselheiro deve ser capaz de se reunir com as crianças segundo o seu nível, usando
métodos criativos como por exemplo, desenho, contar histórias, drama ou peça teatral,
brincadeira, para explorar questões sensíveis e ajudar as crianças a expressarem os seus
sentimentos,

11
Assim o processo de aconselhamento deve privilegiar a reunião com as crianças, criando
boas relações com elas logo no início, ao cumprimenta-la de forma afável e introduzir
temas de fácil abordagem para elas, como a escola, as suas relações de amizade.

2.10. Desnutrição da criança com HIV

As crianças dos 0-5 anos idade a avaliação nutricional e feita de acordo com o sexo, peso,
idade, altura/comprimento e verificação do PB e do edema bilateral.

Dos 5 aos 18 anos de idade avaliação nutricional e feita através do Peso/altura e idade

(IMC/Idade) e verificação do PB e do edema bilateral.

Nota importante:

 Todas as crianças diagnosticadas com desnutrição aguda grave e moderada sem


complicações médicas devem ser referidas para o programa de reabilitação
nutricional na CCR;
 Todas com desnutrição aguda grave e moderadas com complicações médicas devem
ser referidas para o internamento.

2.11. Estadiamento da para Crianças

Estádio I

Assintomático Linfadenopatia generalizada persistente (LGP)


Estádio II
Herpes Zoster Molusco contagioso extenso
Prurigo Ulcerações orais recorrentes (>2 episódios em
6 meses)
Infecções fúngicas do leito ungueal Aumento das parótidas sem outra causa
aparente
Queilite angular Hepatoesplenomegalia persistente inexplicada

Eritema gengival linear Infecções recorrentes das vias respiratórias


superiores

12
Estádio III

Malnutrição moderada inexplicada Pneumonia bacteriana grave de repetição (>2


episódios nos últimos 6 meses)
Diarréia persistente inexplicada Gengivite ou estomatite ulcerativa necrotizante
(>14 dias) aguda, ou periodontite ulcerativa necrotizante
aguda
Febre persistente inexplicada ( > 1 mês) Pneumonia intersticial Linfocítica (LIP)
Sintomática

Candidíase oral (após os primeiros 6 meses de Doença pulmonar crônica associada ao HIV
idade) (inclui bronquiectasias)
Leucoplasia oral Pilosa TB ganglionar e TB Pulmonar
Anemia ( <8g/dL) ou neutropenia (< 500/mm3) ou trombocitopenia crônica (<50000/mm3)
inexplicadas
Estádio IV
Malnutrição grave, ou perda de peso severa Infecções bacterianas graves recorrentes -
inexplicada empiema, piomiosite, infecção óssea ou
articular, meningite (>2 episodios nos últimos 6
meses)
Pneumonia por Pneumocistis Jirovecii (PPC) Encefalopatia por HIV
Toxoplasmose do Sistema nervosa central Infecção crónica por Herpes simples (oral ou
cutânea> 1 mês de duração ou visceral em
qualquer sítio)
Linfoma não-Hodgkin Candidíase esofágica (ou da traquéia, brônquios
ou pulmões)
Infecção por micobactérias não tuberculosa Criptococcose extrapulmonar
disseminada
TB extrapulmonar disseminada Criptosporidiose crónica (com diarreia)
Sarcoma de Kaposi Isosporiose crónica
Infecção por CMV Leucoencefalopatia multifocal progressive
(LMP)
Nefropatia sintomática associada ao HIV Micose disseminada (coccidiomicose,
histoplasmose, peniciliose)
Cardiomiopatia sintomática associada ao HIV

13
Capítulo III

3. Conclusão

Conclui que o tratamento de crianças infectadas pelo HIV desafia o pediatra frente à doença
até o momento incurável. Impõem-se com frequência decisões delicadas, como a
manutenção ou suspensão de um esquema de tratamento mal tolerado pelo paciente,
quando este demonstra não se beneficiar mais, por apresentar sinais clínicos, imunológicos
ou virológicos de irreversibilidade. Não há critérios precisos para caracterizar tal
irreversibilidade, sendo necessário o uso da experiência e de bom senso pelos membros da
equipe de saúde.

É importante ressaltar que a suspensão do tratamento específico e o uso exclusivo de


medicação paliativa, constituem-se reais, válidas e éticas modalidades terapêuticas. O
pediatra e sua equipe, atendendo sempre às recomendações de boa relação profissional-
paciente e mantendo o paciente, familiares e/ou cuidadores participantes do processo
decisório, devem estar preparados para sempre oferecer o melhor aos que procuram seus
cuidados.

14
4. Referência bibliográfica

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Coordenação Nacional de DST e AIDS. Actualização das


Recomendações para Tratamento da Co-infecção HIV-Tuberculose em Adultos e
Adolescentes. Documento electrónico:

Http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/hiv_tuberculose/hiv_tuberculose.htm, 2001.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria Executiva - Coordenação Nacional de DST e


AIDS. Recomendações para Terapia Anti-Retroviral em Adultos e Adolescentes Infectados
pelo HIV. Brasília, 2002/2003, 98 pp.

15

Você também pode gostar