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PAULA MICHELON TOLEDO

SÍNDROME MONO-LIKE
Vírus Epstein Barr (EBV) - família Herpesviridae
HHV – 4
Infecção de linfócitos B e disseminação sistêmica
§ O genoma viral é um DNA de dupla fita ;
Infecção celular:
Lítica: proteínas virais destroem as células e
§ Em seu envelope destaca-se a liberam virions
glicoproteína gp350 que se liga ao Não lítica ou latente:incorporação do genoma
receptor celular CD21 na superfície de viral ao genoma celular de forma definitiva
I
linfócitos B;

§ Têm capacidade de estabelecer latência Resposta do Hospedeiro


em linfócitos B como epissomo. Humoral: anticorpos neutralizantes contra
capsídeo viral (antiVCA) e contra antígenos
nucleares (EBNA)
Celular: linfócitos T citolíticos
Destruição dos linfócitos B infectados em 2 a 6 sem

Herpesvírus = latência
epidemiologia
• Idade de prevalência: adolescentes;
• 10 a 19 anos: 6 a 8 casos/1000 hab/ano;
• < 10 e > 19 anos: menos de 1 caso/1000 hab/ano.
• Transmissão: gotículas de saliva de pessoas com doença ativa ou latente;

• 15% dos adultos excretam EBV pela orofaringe na fase de latência;


• > 90% dos adultos já foram expostos
clínica
§ Período de incubação:
ú 30 a 45 dias
§ Apresentação variável entre assintomático e sintomático
§ Período prodômico:
ú inespecífico, antecede em 7 a 14 dias os sintomas clássicos
§ Período de estado da doença: “síndrome da mononucleose”
Odinofagia, com ou sem exsudato amigdaliano
Fadiga, mialgia, febre, cefaléia, artralgia
Linfoadenopatia cervical posterior, retroauricular ou até axilar e inguinal;
Petéquias no palato.
Esplenomegalia em 50% dos casos
Rash pós betalactâmico em 90% dos casos
amigdalite estreptocócica X mononucleose infecciosa
complicações
• Maioria dos casos tem evolução benigna

• Complicações :
• Hematológicas: até 3% dos casos, entre segunda e terceira semana: anemia hemolítica,trombocitopenia severa
e sangramentos, neutropenia severa (< 1000 cel/mm3 )

• Obstrução de vias aéreas superiores

• Neurológica : meningoencefalite, neurite optica, neurite periférica, paralisia de Bell, síndrome de Guillain-Barré

• Ruptura esplênica (0,2%): entre segunda e terceira semana, usualmente relacionado a traumas abdominais.

• Outras: pericardite, pneumonite, nefrite, hepatite

§ Potencial oncogênico: se proliferação exagerada dos linfócitos B


ú Linfoma de Burkitt-associação em até 90% dos casos
ú Linfoma de Hodking- associação casual- entre 40 a 65%
ú Ca de nasofaringe- tumor raro, maioria têm replicação viral ativa
diagnóstico

• Exames gerais (inespecíficos)


• Alterações hematológicas
• Linfocitose :
• > 50% do no de leucócitos totais
• Mais intenso na 2a e 3a semana, diferencial com reação leucemóide
• Linfócitos atípicos: comum, mas não patognomônico
• Neutropenia
• Trombocitopenia:
• plaquetas < 140.000 cel/mm3

• Alterações bioquímicas
• Aumento de transaminases: < 500UI
hemograma laudo referências
hemoglobina 14 g/dL 12-15 d/dL
hematócrito 42% 36-45%
Leucócitos totais 3.500/mm3 3.500-10.000/mm3
neutrófilos 30% (1050/mm3) 50-60%
bastonetes 10% (350/mm3) 0-10%
linfócitos 52% (1820/mm3) 20-40%
linfócitos atípicos 5% (1750/mm3) 0
eosinófilos 2% (70/mm3) 2-4%
basófilos 1% (35/mm3) 1-5%
plaquetas 113.000/mm3 150.000-450.000/mm3
diagnóstico
§ Pesquisa de anticorpos
§ Inespecíficos: Anticorpos heterófilos - Capacidade de reagir com antígenos filogeneticamente não relacionados.
§ Indivíduos normais: parcialmente absorvidos por hemáceas de boi e carneiro
§ Mononucleose: totalmente absorvidos por hemáceas de boi e carneiro
Monoteste, monospot, Paul-Bunnel-Davidson - Sensibilidade 70 a 95% e especificidade 82 a 99%

ú Específicos:
Anti VCA IgG , detecta-se a partir da fase aguda e persiste por toda a vida
Anti VCA IgM , detecta-se a partir da fase aguda e persiste por 1 a 2 meses – sensibilidade
95 a 99% e especificidade 89 a 99%

Anticorpo contra antígeno precoce (anti-EA): pouco uso na infecção primária.


Ag precoce restrito (EA-R): presente em linfoma de Burkitt, marca reativação em imunodeprimidos, surgimento tardio
Ag nuclear do VEB (EBNA): usado se anti VCA indisponível, após 4 semanas.

§ Demonstração do vírus
ú PCR ( reação em cadeia de polimerase)
tratamento
§ Sintomáticos
ú Antitérmicos e repouso

§ Corticóide em casos de formas graves


ú Anemia hemolítica, obstrução de VVAA, trombocitopenia

§ Aciclovir não é indicado nos casos típicos


profilaxia
• Não há vacina

• Utiliza-se precaução padrão usual


Toxoplasmose
Toxoplasma gondii, protozoário intracelular
• Alta prevalência no Brasil;
• Hospedeiro definitivo: felinos;
• Hospedeiro intermediário: outros mamíferos e aves;

• Apresenta-se sob 3 formas:


• Taquizoítos: forma invasiva, de replicação rápida, em
quase todos os tecidos;
• Bradizoítos: forma latente, de replicação lenta nos cistos,
+ cérebro, retina, músculo, coração;
• Esporozoítos: no interior dos oocistos, forma encontrada
no trato intestinal de felinos.
• Formas de aquisição:
• Ingestão dos oocistos;
• Ingestão de cistos em carnes;
• Transplacentária.
patogênese
• :Destruição direta das células parasitadas pelos taquizoítos

• Necrose dos tecidos por ruptura dos cistos;

• Infartos necrosados devido ao comprometimento vascular;

• Vasculite em SNC.
clínica
• assintomático: infecção e não doença, maioria dos casos;

• doença febril aguda: Síndrome da mononucleose, cerca de 10%;


• Pode ocorrer exantema;
• Linfadenite mais frequente cervical posterior, podendo ser
generalizada;
• Pode permanecer por até um mês – causa de febre de origem
indeterminada;
• Linfocitose ao hemograma com presença de linfócitos
atípicos, em geral < 10%.
clínica
• Toxoplasmose congênita:
• Infecção aguda durante gestação:
• Na maioria assintomática;
• Importância da avaliação sorológica no pré-natal.
• Risco de transmissão:
• 10 trimestre: 5 -10%;
• 20 trimestre: 30 a 40%;
• 30 trimestre: > 70 a 80%.
• Prematuridade, baixo peso, coriorretinite, estrabismo, icterícia,
hepatomegalia, calcificações intracranianas.
• Tétrade de Sabin: microcefalia com hidrocefalia, coriorretinite, retardo mental
e calcificações intracranianas.
clínica
• Toxoplasmose ocular:
• Causa de até 60% das coriorretinites;
• Retinite aguda ou crônica.
clínica
• Toxoplasmose em imunodeprimidos:
• Recrudescimento dos cistos;
• Lesões focais: mais frequentes no SNC; retina, miocárdio e
pulmões;
• Doença citomegálica: em geral em transplantados; febre +
comprometimento medular;
• Neoplasias hematológicas/quimioterapia, HIV/aids, transplantes.
diagnóstico
• Linfocitose, linfócitos atípicos, aumento de transaminases;

• Testes sorológicos:
• Teste de Hemaglutinação;
• Teste de Imunofluorescência indireta (IFI);
• Teste imunoenzimático (ELISA):
• IgG
• IgM
• IgA
• Teste de avidez do IgG - avidez com que Ac IgG ligam-se aos seus AG; gestantes;

• PCR – pouco sensível nesse caso


Cinética de surgimento de anticorpos

IgA IgG < 30% avidez

IgG >60% avidez

IgM
• Perfil de fase aguda, técnica Elisa:
• IgG presente
• IgM presente
• Avidez do IgG < 30% = “baixa avidez”
• IgA presente
• Perfil de fase latente, técnica Elisa:
• IgG presente e de “alta avidez”
• IgM e IgA ausentes
• Cuidado :
• Testes mais sensíveis podem detectar IgM em baixos níveis
por vários anos
Gestantes
tratamento
• Quando Tratar?
• Forma ocular em atividade;
• Imunodeprimido com doença ativa;
• Infecção recente em gestante/congênita

• Com o que tratar? Adquirida/ ocular/ imunodeprimido:


• Sulfadiazina +Pirimetamina + Ácido folínico
• Sulfametoxazol + trimetoprim
• Tempo: 4 a 8 semanas
• Drogas de alto potencial de mielotoxicidade, monitorar
hemograma
profilaxia

• Não há vacina;
• Cuidados higiênicos com alimentos crus;
• Evitar ingestão de carne crua/mal passada;
• Lavar mãos após contato com animais
domésticos.
Citomegalovirus
• Forma de transmissão :
• Contato com secreções corporais -
Citomegalovírus - urina e secreção de orofaringe),
Família Herpesviridae - relação sexual;
DNA virus • Transfusão sanguínea e transplantes;
• Transplacentária e perinatal.

Soroprevalência em países em
• Invade células epiteliais de orofaringe.
desenvolvimento = 80- 100%
• Disseminação hematogênica.
• Latência em linfócitos e neutrófilos com
reativação esporádica.
clínica
• Maioria dos casos são assintomáticos;
• Sintomático: febre prolongada, astenia, hepatoesplenomegalia (50%); beningna e auto-limitada;
• Odinofagia/exsudato e linfoadenomegalia mais comuns em crianças;
• Complicações: raras em imunocompetentes - Encefalite, polirradiculoneurite,miocardite, pneumonite,
pancreatite.

• Infecção em imunodeprimidos – REATIVAÇÃO

• Infecção congênita/perinatal: Risco de transmissão durante toda a gestação;


• apenas 10% são sintomáticos;
• Hepatoesplenomegalia, icterícia, petéquias;
• Sequelas: déficit auditivo/visual/intelectual.
diagnóstico
• Linfocitose, linfócitos atípicos, ­de transaminases

• Sorologia para CMV IgG e IgM;


• RN IgG pode ser materno;

• Isolamento em secreções (RN – urina);


• Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) – sensível e específico, quantitativo;

• SIDA e Transplantados:
• PCR;
• Antigenemia;
• Sorologia com perfil de latência pois em geral é uma reativação = IgG
tratamento

• Drogas :
• Ganciclovir ; valganciclovir

• Indicado:
• CMV em imunodeprimidos;
• Congênita e perinatal
profilaxia
• Não há vacina
• Usar precauções padrão com paciente em fase aguda, não há
indicação de precaução respiratória;
• Tratamento preemptivo em transplantados;
• Profilaxia com letermovir em TMO halogênico
• Profilaxia secundária em pacientes com aids;
• Precaução de contato na doença congênita – excreção urinária.
HIV AGUDO ou SÍNDROME RETROVIRAL AGUDA

• HIV é um retrovírus (vírus RNA com enzima transcriptase reversa que produz DNA)

• Transmissão sexual, vertical e parenteral

• Após fagocitose tecidual por macrófagos infecta linfócitos T CD4 e seus precursores de
forma permanente por integração no DNA
• Depleta a imunidade celular e ao longo dos anos promove imunodeficiência e doenças
oportunistas
• NA FASE AGUDA pode apresentar sintomas de Síndrome mono-like como febre,
linfadenopatia cervical posterior e generalizada, linfocitose atípica, odinofagia com
amigdalite, exantema e outros sintomas constitucionais e sistêmicos. Nessa fase existe
ALTA CARGA VIRAL e um período de JANELA IMUNOLÓGICA
HIV AGUDO ou SÍNDROME RETROVIRAL AGUDA
Sintomas de fase aguda
ocorrem 2-4 semanas após a
aquisição da infecção pelo HIV
diagnóstico
• Nesse período de 2-4 semanas após o contato com HIV, a sorologia
(anticorpos) pode estar negativa – janela imunológica
• O diagnóstico da infecção nessa fase pode ser feito através da detecção de:
• Antígeno p24
• Teste de genoma – pesquisa de RNA ou DNA viral

• Ou aguardar 4-6 semanas para repetir a sorologia inicial que estava negative
e agora positivou (SOROCONVERSÃO)
tratamento
• Terapia antirretroviral composta por combinação de 3 medicamentos que
atuam nas enzimas de replicação viral (transcriptase reversa) e integração
viral (integrase)
• Tenofovir – inibidor de transcriptase reversa

• Lamivudina – inibidor de transcriptase reversa

• Dolutegravir – inibidor de integrase


profilaxia
• Contato sexual protegido
• Tratamento das pessoas portadoras do vírus para que estas fiquem com a
CARGA VIRAL INDETECTÁVEL e não transmita o vírus
• Uso de PREP – profilaxia PRÉ exposição
• Uso contínuo de 2 antirretrovirais para evitar a infecção em caso de relação
desprotegida com pessoa vivendo com HIV/aids (PVHA) (tenofovir + entricitabina)
• Uso de PEP – profilaxia PÓS exposição
• Uso por 28 dias de 3 antirretrovirais até 72h após a ocorrência de relação sexual
desprotegida com pessoa vivendo com HIV/aids (PVHA) ou com suspeita de ser
PVHA (tenofovir + lamivudina + dolutegravir)

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