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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

UNIDADE CARANGOLA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

MAPEAMENTO GEOGRÁFICO E DELIMITAÇÃO DE


FALHAS AMOSTRAIS NA FAMILIA HYLODIDAE
(AMPHIBIA:ANURA)

Discente: Liliane Maria da Silva


Orientador: Emanuel Teixeira da Silva
Introdução
• A família Hylodidae Günther, 1858 é composta por 48 espécies de anfíbios anuros:

Phantasmarana
Crossodactylus (8 espécies)
Hylodes Megaelosia
(13 espécies)
(26 espécies) (1 espécie - M. goeldii)
Introdução
•As espécies de Hylodidae estão
distribuídas no leste do Brasil, do sul
de Alagoas ao Rio Grande do Sul, e na
região adjacente ao norte da Argentina
(Machado et al., 2016).

•Diurnos, habitam fortes córregos


rochosos da Mata Atlântica;

•Os hilodideos estão restritos a


pequenas porções de floresta com
riachos, portanto mudanças na estrutura
da floresta representam um grande
risco para a sua sobrevivência (Laia e
Rocha 2012; Machado et al. 2016); Figura 1. Distribuição espacial dos registros de Hylodidae.
Introdução
• Fator de ameaça para os hilodideos é a quitridiomicose,
uma doença causada pelo fungo Batrochochytrium
dentrobatidis;

•Toledo et al. (2006) que relatam infecção na espécie


Hylodes magalhaesi, e Silva et al. (2018) no girino da
espécie Megaelosia goeldii.
Figura 2. Hylodes magalhaesi (Toledo et al., 2006)
•Atualmente o conhecimento que temos sobre as
populações e distribuições de espécies de Hylodidae ainda
são escassos (LAIA; ROCHA, 2012);

Figura 3. Girino de Megaelosia goeldii (Silva et al., 2018)


Introdução

•Pimenta et al. (2014) ressaltam que as coleções de museus estão repletas de espécimes não
identificados e/ou identificados incorretamente, devido à falta de dados sobre a variação morfológica e
distribuição geográfica das espécies do gênero Crossodactylus;

•De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (IUCN) foram classificadas até o
momento 41 espécies de hilodideos.

•Portanto, a proposta desse trabalho é reunir informações detalhadas da distribuição geográfica de


cada espécie de Hylodidae em um banco de dados, e a partir do qual confeccionar mapas de
distribuição geográfica.
Classificação IUCN

LC NT
27% 2%

DD
71%
DD LC NT
Objetivos
•Produzir um banco de dados contendo informações detalhadas sobre os registros de ocorrência
geográfica de cada espécie da família Hylodidae;

•Confeccionar mapas com a densidade de registros para família Hylodidae e para cada um de seus
gêneros individualmente;

•Indicar áreas que representem lacunas de conhecimento sobre Hylodidae, possuindo potencial
para realização de futuras amostragens do grupo.
Materiais e Métodos
•A tabulação de dados começou em abril de 2021, e os registros das localidades e coordenadas
geográficas foram coletados por meio da literatura publicada;

•Os artigos foram encontrados em repositórios de periódicos científicos virtuais, como o Google
Acadêmico, Periódicos CAPES, Scielo e Biodiversity Heritage Library

•Foram consultados também os bancos de dados de Leite (2012), Montesinos (2017) e Silva et al.
(2018). Os dados coletados foram compilados em uma planilha em formato MS Excel.

•Foram consultados os repositórios virtuais de dados de coleções científicas brasileiras e


estrangeiras: Species Link, Portal da Biodiversidade, SiBBr e o GBIF.
Materiais e Métodos
•As coordenadas geográficas obtidas através dessas pesquisas foram verificadas no software
Google Earth, geoLoc tools” da Rede Species Link, no Google Maps e no portal Wikimapia;

•Os dados obtidos foram compilados na planilha em colunas separadas: as principais informações
coletadas foram sobre: Genero, id_level (cf,aff,gr,or,sp) Epiteto especifico, Localidade, Longitude,
Latitude, Tipo de coordenada (local, aproximada, centroide), Municipio, Estado, Fonte de origem;

•Para indicar as áreas que representam lacunas de conhecimento para Hylodidae, foi utilizado a
densidade de pontos georreferenciados. Para mapear essa varial foi realizado uma análise de estimativa
de densidade de Kernel;

•Os mapas foram construídos utilizando o software livre QGIS 3.28.2.


Resultados
•Foram revisados 112 artigos científicos (31
descrições de espécies, 24 descrições de girinos, 10
descrições de vocalizações, 14 notas de distribuição
geográfica e 32 trabalhos de história natural e ecologia)
uma tese de doutorado (CANEDO, 2008) e uma
dissertação de mestrado (BELTRAMIN, 2014);
Registro de cada gênero

•Foram compilados 1447 registros de localidades de


Hylodidae; Megaelosia
Phantasmarana
4%
2%
•Somente 6 registros que não foram
georreferenciados, sendo C. gaudichaudii (n=1), H. nasus
Crossodactylus
(n=3) e H. perplicatus (n=2). 32%
Hylodes
62%
Resultados

Espécies de cada gênero com mais registro


140

119
120

100
91

80

60

40

20 18
15

0
C. trachystomus H. phyllodes P. apuana M. goeldii
Resultados

Estados com maior numero de registro


600

523
500

400
333

300
265

200

97
100 83
61
43

0
SP MG RJ SC ES PR RS
Resultados
• Tivemos um total de 287 registros que
foram identificados até o gênero (id
level: aff, cf, gr e sp), sendo 59 de
Crossodactylus, 212 de Hylodes, 6 de
Megaelosia e 10 de Phantasmarana;

• Mapa dos registros “id_level”;

• Áreas em vermelho indica maiores


concentrações de registro.

Figura 3. Distribuição espacial e densidade de registros id_level.


Resultados
• Mapa dos registros de
Crossodactylus;

• Áreas em vermelho indicam


maiores concentrações de
registros.

Figura 3. Distribuição espacial e densidade de registros Crossodactylus.


Resultados
• Mapa dos registros de
Hylodes;

• Áreas em vermelho indicam


maiores concentrações de
registros.

• Ponto em “triangulo” possível


erro de rotulagem.

Figura 3. Distribuição espacial e densidade de registros Hylodes.


Resultados
• Mapa dos registros de
Megaelosia;

• Áreas em vermelho indicam


maiores concentrações de
registros;

• Pontos em “triangulo”
possível erro de rotulagem.

Figura 3. Distribuição espacial e densidade de registros Megaelosia.


Resultados
• Mapa dos registros de
Phantasmarana;

• Áreas em vermelho indicam


maiores concentrações de
registros.

Figura 3. Distribuição espacial e densidade de registros Phantasmarana.


Discussão
•Este trabalho apresenta o primeiro levantamento de dados que reúne todas as informações
detalhadas sobre a distribuição geográfica para todas as espécies da família Hylodidae já
descritas na literatura e disponíveis em coleções científicas;

•Informações sobre distribuição geográfica e história natural são importantes em quase


todas as abordagens da biologia da conservação, desde a avaliação do risco de extinção de
espécies até ações de conservação (Martins et al. 2021);

•Este trabalho ira contribuir para com as avaliações das espécies de Hylodidae e avaliar as
espécies que ainda não fora avaliadas pela IUCN.
Discussão
•Na analise de dados encontramos algumas inconsistências: falta de informações
detalhadas, erros de rotulagem e coordenadas imprecisas;

•Encontramos um registro de Hylodes asper depositado no SpeciesLink que indicava uma


localidade no Uruguai;

•Outro exemplo é de um registro na Ilha Grande em Angra dos Reis para a espécie Hylodes
fredi, as coordenadas geográficas atribuídas para esse registro são imprecisas (23°09`S, 44°30`W,
Canedo e Pombal Jr 2007);

•No gênero Megaelosia também encontramos uma inconsistência na distribuição da sua


única espécie descrita M. goeldii relacionada ao estado de São Paulo.
Discussão
•Os registros de cada gênero são
concentrados em poucas regiões ao longo
da Mata Atlântica, sendo associados as
cadeias montanhosas da região: Serras do
Mar e da Mantiqueira e a Serra do
Espinhaço Meridional.
Conclusão
•O banco de dados foi produzido com 1447 registros de ocorrência geográfica com todas
as informaçoes detalhadas que foram possiveis obter atraves da literatura publicada e das
coleções cientificas disponiveis.

•Por meio dos mapas produzidos foi possível observar as localidades onde tem maior
concentração de registros de Hylodidae que são principalmente as serras e locais com menor
concentração de registro espalhados ao longo da Mata Atlântica.

•Observamos que tem regiões que tem pouco ou nenhum registro em áreas como no Norte
do estado do Rio de Janeiro, uma boa parte do Sul e Norte de Minas Gerais e na Zona da Mata
Mineira, no Interior do Paraná e no Interior de São Paulo.
Fonte: SOS Mata Atlântica (2021)
Conclusão
Referências
Canedo, C., & Pombal Jr, JP (2007) Duas novas espécies de rã-torrente do gênero Hylodes (Anura, Hylodidae) com
tubérculos nupciais do polegar. Herpetologica , 63 (2), 224-235.

Da Silva, DDN, da Rosa, FCB, & Carvalho-e-Silva, AMT (2018) Ontogenia e aspectos comportamentais dos girinos
de Megaelosia goeldii (Baumann, 1912) (Amphibia, Anura, Hylodidae). Herpetology Notes , 11 , 629-639

De Sá, FP, Condez, TH, Lyra, ML, Haddad, CF, & Malagoli, LR (2022). Revelando a diversidade de rãs gigantes
neotropicais da torrente (Hylodidae): relações filogenéticas, morfologia e descrição de duas novas
espécies. Sistemática e Biodiversidade , 20 (1), 1-31.

De Oliveira Machado, A., Winck, G., Dorigo, TA, & Rocha, CFD (2016) Dieta, padrão de atividade diária, uso do
habitat e esforço reprodutivo de Hylodes nasus (Anura: Hylodidae) em um dos maiores parques urbanos do mundo
(Parque Nacional da Tijuca), sudeste do Brasil. South American Journal of Herpetology , 11 (2), 127-135

IUCN - International Union for Conservation of Nature and Natural Resources. The IUCN Red List of Threatened
Species - version 2021.3. Disponível em: http://www.iucnredlist.org.
Referências
Laia, RC, & Rocha, CFD (2012) Adultos e girinos de espécies de Hylodidae (Anura): História e perspectivas
taxonómicas. Zoologia (Curitiba) , 29 , 89-94.

Toledo, LF, Haddad, CFB, Carnaval, ACOQ, & Britto, FB (2006) Um anuro brasileiro (Hylodes magalhaesi:
Leptodactylidae) infectado por Batrachochytrium dendrobatidis: uma preocupação de conservação. Conservação de
anfíbios e répteis , 4 (1), 17-21.

Pimenta, BVS, da Cruz, CAG, & Caramaschi, U. (2014) Revisão taxonômica do complexo de espécies de
Crossodactylus dispar A. Lutz, 1925 (Anura, Hylodidae). Arquivos de Zoologia , 45 (1), 1-33.

Martins, M., ALENCAR, L. R., PRADO, C. P., & ROSSA-FERES, D. (2021). A importância da história natural para a
herpetologia. Herpetologia Brasileira Contemporânea. Sociedade Brasileira de Herpetologia, São Paulo, Brazil, 177-
188.
Obrigada pela atenção

•.

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