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Abstract: O método de armadilhamento fotográfico é tradicionalmente utilizado em pesquisas com

mamíferos de médio e grande porte, utilizado pela primeira vez na coleta de dados científicos em
um estudo sobre tigres, na Índia. O método possui um custo elevado e necessita de manutenção
periódica, por isso há necessidade de aumentar o aproveitamento dos dados coletados. Neste
trabalho, foram comparados os dados coletados de mamíferos (grupo alvo dos armadilhamentos)
com dados coletados fortuitamente de aves, e avaliado seu potencial. Foram utilizados dados
coletados de janeiro até julho de 2016 no Parque Estadual de Carlos Botelho (PECB). A área está
inserida no Continuum Ecológico de Paranapiacaba, uma das maiores áreas contínuas de Mata
Atlântica preservada do país. A grade de amostragem foi composta por 60 estações amostrais com
espaçamento de 1 km. Em cada estação amostral foram instaladas duas armadilhas fotográficas. Ao
longo do período amostrado foi obtido um esforço de 4.392 armadilhas-dia. A quantidade de
espécies encontradas foi comparada a listas de espécies já publicadas para a área de estudo. Foram
obtidos 461 registros de mamíferos de médio e grande porte, totalizando 19 espécies (56% das 34
espécies de médio e grande porte já registradas na área), sendo Cuniculus paca a espécie com maior
quantidade de registros. Sobre as aves, o total foi de 886 registros, compreendendo 16 espécies (5%
das 331 espécies registradas previamente no local), sendo Tinamus solitarius mais frequentemente
detectada.A porcentagem de mamíferos capturada pelo método foi alta, apesar da menor
quantidade de registros, confirmando a eficácia do método para obter informações sobre esse
grupo. As aves, por outro lado, possuem muita variação em relação aos estratos de forrageio,
dificultando a captação da riqueza de um local pelo armadilhamento fotográfico, isso pode explicar a
baixa porcentagem encontrada (5%). Porém, os dados obtidos possibilitaram a construção de
padrões de atividades de espécies que forrageiam no sub-bosque e que tiveram uma alta
quantidade de registros, como Odontophorus capueira e Geotrygon montana, mostrando que esses
dados oportunísticos podem ser importantes no estudo de características ecológicas ou de grupos
difíceis de serem detectados por outros métodos. Os armadilhamentos fotográficos geram uma
quantidade de dados muito além do que é objetivado, especialmente se tratando de táxons que não
são o alvo da pesquisa. Esses táxons podem não ser a especialidade do pesquisador que organizou a
coleta, mas, em conjunto com outros projetos de pesquisa, é possível ter um aproveitamento maior
dos dados tendo em vista o alto custo do método e a dificuldade em conseguir subsídios.
https://repositorio.usp.br/item/003087841

Ramos, B. A., Landis, M. B., Paolino, R. M., Bovo, A. A. A., Alexandrino, E. R., & Ferraz, K. M. P. M. de
B. (2019). Dois táxons em uma câmera só: o que um levantamento de mastofauna pode nos dizer
sobre outros grupos? In . Águas de Lindóia, SP: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,
Universidade de São Paulo. Recuperado de https://sbmz.org/anais/
Introdução: No Rio Grande do Sul, os biomas Pampa e Mata Atlântica abrigam mais de 90
espécies de mamíferos terrestres. Embora ambos sustentem grande diversidade, levantamentos
mastofaunísticos nos ecótonos são limitados e pouco se conhece sobre sua ecologia. Esta falta
de informações somada à intensa alteração antrópica que esses biomas enfrentam há décadas,
abre lacunas importantes na busca pela conservação da biodiversidade desses locais. Objetivo:
Realizar um levantamento preliminar de mamíferos terrestres de médio e grande porte em São
João das Missões/São Miguel das Missões, RS, Brasil. Materiais e Métodos: Em uma área rural
de 155 ha, composta de campo nativo, lavoura cultivada e fragmentos de mata, aplicou-se três
métodos de coleta: procura visual ativa, em busca de observações diretas e vestígios de
mamíferos; captura viva em armadilhas Tomahawk e coleta de depoimentos de moradores
locais. Um esforço amostral de 32 horas foi atingido em oito campanhas de campo, entre agosto
e novembro de 2020. Resultados: Obteve-se o registro de 18 espécies de mamíferos
distribuídas em sete ordens, quatorze famílias e dezessete gêneros, representando
aproximadamente 18,4% das espécies terrestres listadas atualmente para o RS. A ordem mais
diversa foi Carnivora (4 famílias; 6 espécies), seguido de Rodentia (4 famílias; 5 espécies).
Foram amostradas seis espécies ameaçadas de extinção: Cuniculus paca, Leopardus guttulus,
Leopardus pardalis, Mazama gouazoubira, Nasua nasua e Tamandua tetradactyla; duas
espécies exóticas, Sus scrofa e Lepus sp., além de Cavia aperea; Coendou spinosus;
Conepatus chinga; Dasypus novemcinctus; Didelphis albiventris; Euphractus sexcinctus;
Hydrochoerus hydrochaeris; Lycalopex gymnocercus; Myocastor coypus e Procyon cancrivorus.
H. hydrochaeris (LC), M. gouazoubira (VU) e N. nasua (VU) estiveram presentes em todas as
campanhas. Conclusão: Os resultados demonstraram uma considerável riqueza de mamíferos,
dado o curto período de amostragem. Grupos generalistas e de médio porte predominaram,
incluindo espécies ameaçadas e de importância ecológica. Os carnívoros representaram um
terço dos registros, reforçando a relevância do monitoramento e conservação ambiental local, já
que são exigentes quanto à qualidade do habitat. Pesquisas adicionais com métodos de coleta
aprimorados e em um período anual podem melhorar o perfil da riqueza e diversidade da
mastofauna loco-regional.

https://www.researchgate.net/publication/
351292645_LEVANTAMENTO_PRELIMINAR_DA_MASTOFAUNA_TERRESTRE_EM_AREA_DE_ECOTON
O_PAMPAMATA_ATLANTICA_NA_REGIAO_DAS_MISSOES_RS_BRASIL
Cálculo dos Índices de Diversidade
Os índices de diversidade são ferramentas matemáticas utilizadas para quantificar a variedade
de espécies em um ambiente. Eles fornecem informações sobre a riqueza de espécies (número
de espécies presentes) e a uniformidade (equitabilidade) das espécies (abundância relativa das
espécies).

1. Índice de Riqueza:
O índice de riqueza mais simples é o número de espécies (S) presente na área de estudo. No
entanto, este índice não leva em consideração a abundância relativa das espécies.

2. Índice de Simpson:
O índice de Simpson (D) mede a dominância das espécies na comunidade. Ele varia de 0
(uma única espécie dominante) a 1 (todas as espécies com a mesma abundância):

D = 1 - Σ pi^2

Onde:

 pi é a proporção de indivíduos da espécie i na comunidade.


3. Índice de Shannon-Weaver:
O índice de Shannon-Weaver (H') é outro índice popular que mede a diversidade, levando em
consideração tanto a riqueza quanto a uniformidade das espécies. Ele varia de 0 (uma única
espécie dominante) a log(S), onde S é o número de espécies:

H' = - Σ pi * ln(pi)

Onde:

 pi é a proporção de indivíduos da espécie i na comunidade.

 ln(pi) é o logaritmo natural da proporção pi.


4. Índice de Evenness de Pielou:
O índice de Evenness de Pielou (J') mede a equitabilidade das espécies na comunidade. Ele
varia de 0 (uma única espécie dominante) a 1 (todas as espécies com a mesma abundância):

J' = H' / log(S)

Onde:

 H' é o índice de Shannon-Weaver.


 S é o número de espécies.
Exemplos de Cálculo:
Exemplo 1: Suponha que você tenha encontrado 100 indivíduos de mamíferos em uma área
de estudo, compostos por 5 espécies:

 Espécie 1: 30 indivíduos (pi = 0.3)

 Espécie 2: 20 indivíduos (pi = 0.2)

 Espécie 3: 20 indivíduos (pi = 0.2)

 Espécie 4: 15 indivíduos (pi = 0.15)

 Espécie 5: 15 indivíduos (pi = 0.15)


Cálculo do Índice de Simpson:
D = 1 - (0.3^2 + 0.2^2 + 0.2^2 + 0.15^2 + 0.15^2) = 1 - 0.23 = 0.77

Cálculo do Índice de Shannon-Weaver:


H' = - (0.3 * ln(0.3) + 0.2 * ln(0.2) + 0.2 * ln(0.2) + 0.15 * ln(0.15) + 0.15 * ln(0.15)) = 1.84

Cálculo do Índice de Evenness de Pielou:


J' = 1.84 / log(5) = 0.92

Interpretação dos Resultados:


 Índice de Simpson: Um valor de 0.77 indica que a comunidade é dominada por algumas
espécies, enquanto um valor próximo a 1 indicaria que todas as espécies têm abundâncias
semelhantes.

 Índice de Shannon-Weaver: Um valor de 1.84 indica uma alta diversidade de espécies


na comunidade, enquanto um valor próximo a 0 indicaria uma baixa diversidade.

 Índice de Evenness de Pielou: Um valor de 0.92 indica que as espécies na comunidade


estão relativamente bem distribuídas em termos de abundância, enquanto um valor próximo a
0 indicaria que uma ou poucas espécies são muito mais abundantes do que as outras.

Considerações Importantes:

 A escolha do índice de diversidade mais adequado depende do objetivo do estudo e


das características da comunidade.

 Os índices de diversidade devem ser interpretados com cautela, levando em


consideração outros fatores como o tamanho da amostra, o esforço de amostragem e as
características do ambiente.
 É importante comparar os valores dos índices de diversidade com outros estudos
realizados em ambientes semelhantes.

Recursos Adicionais:

 https://es.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_Shannon

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