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ANÁLISE ECOLÓGICA DE FRAGMENTOS FLORÍSTICOS NO MUNICÍPIO

DE CHAPADINHA, MA, BRASIL

Bárbara Rodrigues dos Santos¹, Geolane Barbosa Araujo¹, Myrla Ribeiro de Araújo1, Nara Rúbia Santos
de Oliveira1, Raysse Emilly do Nascimento Silva¹, Simone Cardoso Silva1, Regis Catarino da Hora2.

1
Estudante de licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Maranhão (CCAA/UFMA/
Chapadinha/ Maranhão/ Brasil). 2Docente de graduação do curso de Biologia da Universidade Federal do
Maranhão (CCAA/UFMA/ Chapadinha/ Maranhão/ Brasil). barbara.rodrigues_@outlook.com,
geolane.araujo@hotmail.com, mirllaribeiro15@hotmail.com, nararubia98@gmail.com,
rayemilly27@outlook.com, simone_ea2016@hotmail.com, regis.hora@ufma.br.

RESUMO – Este estudo teve por objetivo realizar o levantamento florístico e avaliar
algumas características ecológicas de duas amostras de vegetação de Cerrado, do
Município de Chapadinha, Maranhão, Brasil. As coletas de dados em campo foram
realizadas em um dia. Foram inventariadas 17 e 13 espécies, nas áreas 1 e 2,
respectivamente. A abundância foi de 183 indivíduos no total. Uma mesma espécie
apresentou-se mais dominante em ambas as áreas. Os valores de diversidade e
equitabilidade foram relativamente altos, enquanto que os de similaridade entre as duas
amostras foram baixos. Poucas espécies tiveram uma alta frequência de indivíduos. O
restante apresentou uma abundância semelhante. O presente trabalho mostrou que, apesar
do baixo esforço amostral, as duas áreas apresentaram uma grande diversidade de
espécies, valores que poderão ser maiores se aumentada a quantidade de amostras.
Palavras-chave: Diversidade, Cerrado, Flora

ABSTRACT – The objective of this study was to carry out the floristic survey and to
evaluate some ecological characteristics of two samples of Cerrado vegetation, from the
Municipality of Chapadinha, Maranhão, Brazil. Field data collection was performed in
one day. 17 and 13 species were inventoried, in areas 1 and 2, respectively. The
abundance was 183 individuals in total. The same species was more dominant in both
areas. The values of diversity and equitability were relatively high, while those of
similarity between the two samples were low. Few species had a high frequency of
individuals. The remainder presented similar abundance. The present work showed that,
despite the low sampling effort, the two areas presented a great diversity of species, values
that could be higher if the amount of samples was increased.
Keywords: Diversity, Cerrado, Flora
1. INTRODUÇÃO

A comunidade refere-se tanto ao um conjunto de populações de espécies de


animais ou plantas vivendo associadas em um determinado local (ODUM, 1983).
Conhecer uma comunidade é saber sua abundância e diversidade em uma determinada
área (CORREIA & OLIVEIRA, 2000).

Segundo ODUM (1988), por abundância entende a qualquer medida de tamanho


das espécies, como biomassa ou densidade. Ao medir a abundância deve levar em conta
que fornece um resultado parcial da presença dos organismos nas comunidades.

Uma forma de descrever uma comunidade é contar o seu número de espécies. A


riqueza de espécies, ou seja, o número de espécies presente em uma determinada área ou
habitat é um dos indicadores de uma comunidade. Este número varia de acordo com as
condições e os recursos disponíveis, bem como o grau de conservação dos ambientes. A
abundância destas espécies também será diferente dentro das comunidades. Existem
algumas espécies que são muito numerosas, constituindo-se como espécies comuns, ao
contrário de outras que são pouco numerosas, ou seja, raras. Portanto, em uma
comunidade, a representatividade das espécies também não é a mesma.

A diversidade refere-se tanto ao número de espécies de uma mesma categoria


(riquezas) quanto à distribuição de indivíduos de uma mesma espécie (equitabilidade).
Estas definições estão expressas nos índices de diversidade, que conjugam estas variáveis
(ODUM, 1983).

Os índices de diversidade são ferramentas criadas com o objetivo de descrever as


comunidades biológicas em termos de riqueza e uniformidade (representatividade de cada
espécie).

Equitabilidade se refere à distribuição dos indivíduos entre as espécies, sendo


proporcional à diversidade e inversamente proporcional a dominância. A medida de
Equitabilidade ou Equidade, compara a diversidade de Shanon-Wiener com a distribuição
das espécies observadas que maximiza a diversidade.

As comunidades biológicas não são representadas pelo mesmo número de


indivíduos de todas as espécies. Existem diferenças no que chamamos de dominância.
Uma espécie pode ser considerada dominante quando o número de indivíduos existentes
supera o número de indivíduos de outras espécies.

Para expressar dominância utilizamos o índice de dominância relativa, que


consiste na seguinte fórmula:

D=ni/N

onde ni representa o número de vezes que a espécie i aparece na comunidade, e N


representa a quantidade total de indivíduos encontrados.

O Índice de diversidade é utilizado para quantificar a diversidade de uma área,


leva em conta o número de espécies presentes e a abundância relativa. Para medir a
diversidade, podem ser utilizados diversos índices, dentre eles o índice proposto por
Shannon Wiener. Esse índice foi proposto por SHANON em 1948 e possui uma vantagem
em relação aos índices de Margalef, Gleason e Menhinick, pois é apropriado para
amostras aleatórias de espécies de uma comunidade ou sub-comunidade ou sub-
comunidade de interesse.

Em geral, a riqueza e a uniformidade das comunidades biológicas são duas


medidas úteis que auxiliam em processos de tomada de decisão à cerca de investimentos
na área ambiental, tais como a criação de áreas de preservação. Além disto, podem
auxiliar na detecção de padrões das comunidades biológicas, principalmente no que se
refere ao seu estado de conservação.

Já para medir a similaridade entre comunidades, são usadas medidas de


similaridade, que são grandezas numéricas que quantificam o grau de associação ou
semelhança entre pares de localidades ou entre momentos diferentes. Essas medidas
recebem o nome de índices de similaridade e são independentes do tamanho amostral e
do número de espécies, aumentando desde um número mínimo fixo (zero, nenhuma
similaridade) até um máximo (um ou cem, similaridade total), que representa que as duas
comunidades são iguais.

Dessa forma, objetiva-se com esse trabalho realizar a comparação de


diversidade, equitabilidade e índices de dominância relativa entre duas áreas amostrais,
escolhidas aleatoriamente, dentro do campus CCAA-UFMA, no município de
Chapadinha, bem como medir a similaridade entre as duas áreas.
2. MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

A área de estudo fica no estado do Maranhão, município de Chapadinha no


campus de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Federal do Maranhão (Figura
1). Localizado aproximadamente a 5 km do centro urbano de Chapadinha – MA, na
Mesorregião Leste Maranhense (COSTA, 2010). Com temperaturas variando de 25 a
33ºC, estando inserida dentro do ecossistema cerrado que se caracteriza pela presença de
árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificações irregulares e retorcidas, bem
como arbustos e subarbustos espalhados, desta forma podendo ser classificada como
Cerrado Stricto Sensu (REIS 2016).

Figura 1 – Mapa da área para coleta das espécies.


Org.: Antônio Marcos Pereira.
Adaptação: Raysse Emilly do N. Silva.

Trabalho em campo

Realizou-se a marcação das duas áreas para a coleta das amostras de folhas, ambas
de 7x10 metros, com uma distância de 15 metros de uma para outra. A área 1 estava
localizada à 20m da borda da mata, enquanto a área 2 localizava-se à 35m da borda.
Utilizou-se o barbante para separar as áreas que seriam estudadas. A trena (fita métrica)
foi usada para medir o local separado. Posteriormente, foi realizado o processo de coleta
das amostras, no dia 19 de junho de 2017, das 14h às 17h.

Análise dos dados

Para avaliação quantitativa, foi contado o número de indivíduos ocorrentes em


cada uma das espécies registradas nas duas áreas. Para a análise dos dados foram
calculados, em cada uma das áreas selecionadas, os seguintes parâmetros:

a) riqueza de espécies = total de espécies em cada área;

b) abundância de espécies = número de indivíduos de cada espécie;

c) índice de diversidade de Shannon-Wiener: H´ = ∑ (pi) (log pi), em que pi =


abundância da espécie na área;

d) equitabilidade ou equidade (Índice de Pielou): J’ = H´/Hmax´, em que Hmax´


= Log s, em que s = número de espécies amostradas;

e) índice de Similaridade de Jaccard (Sj): Sj = c/a + b +c, em que c = número de


espécies comuns em A e B, a = número de espécies especificas no ponto A e b = número
de espécies especificas no ponto B.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi encontrado nas duas áreas inventariadas um total de 23 espécies, sendo que a
área 1 possuía 17 espécies e a área 2, 13 espécies. Portanto, a área 1 apresentou maior
riqueza. O número total de plantas registradas nas áreas foi de 183 indivíduos (Tabela 1).
A maior abundância observada foi na área 1, com 99 indivíduos, e a menor na área 2, com
84 exemplares.

A abundância e riqueza maiores observadas na área 1 podem ser atribuídas ao fato


de que a área 2 provavelmente sofreu alguma perturbação, pois a mesma apresentava
maior espaço sem vegetação e o solo encontrava-se visivelmente degradado. Dessa
forma, a área poderia estar em um estágio sucessional inferior ao da área 1, e sua
vegetação ainda não se encontrava totalmente estabelecida. De acordo com Almeida et
al. (2009), áreas com esse estágio sucessional podem ainda estar sendo influenciadas pela
área de vegetação natural próxima, ou seja, ainda estão em processo de colonização.

As três espécies com maior dominância eram responsáveis por 47,47% do total de
plantas ocorrentes na área 1, sendo os demais 52,53% distribuídos em outras 14 espécies.
Na área 2, as três espécies que apresentaram maior dominância foram responsáveis por
69,05% do total de plantas ocorrentes. O restante (30,95%) estava distribuído nas outras
10 espécies. Dessa forma, em ambos os locais, são poucas as espécies com elevada
dominância, sendo a maioria com poucos representantes, comparando-se com a espécie
17, que apresentou uma dominância relativa maior em ambas as áreas amostradas (Figura
2).

A constituição florística encontrada nas áreas 1 e 2 apresentou pouca similaridade


(0.3043), que mostra que a composição de espécies nas duas áreas possui uma alta
diferenciação, apesar de estarem próximas. Segundo Kramer e Krupek (2012), a
proximidade espacial de duas áreas estudadas não tem influência sobre a similaridade de
espécies ocorrentes, o que pode justificar tal diferenciação presente entre os locais aqui
estudados. Em seu trabalho com praças públicas, os autores constataram que baixos
valores de similaridade observados entre as diferentes praças mostram que a riqueza e
diversidade de espécies são altas e bastante variadas.

As espécies da área 1 apresentaram maior diversidade em relação as da área 2,


comparando-se os valores obtidos para o índice Shannon. Os valores variaram de 2,4486
na área 1, e 1,8388 na área 2. Os valores, portanto, podem ser considerados altos, segundo
Kramer e Krupek (2012), que obtiveram valores que variaram de 1,94 a 3,32. A
diversidade também se reflete nos valores do índice de Pielou. A equitabilidade foi alta
para ambas as áreas, mas também continua maior para a área 1 (Tabela 2).
Tabela 1. Distribuição de todas as espécies vegetais encontradas nas duas áreas
amostradas no Centro de Ciências Agrárias e Ambientais.

Áreas
Espécies 1 2

1 5 6
2 2 19
3 1 2
4 8 -
5 2 -
6 3 -
7 4 -
8 5 3
9 6 -
10 3 -
11 3 -
12 4 -
13 9 6
14 9 2
15 5 -
16 1 -
17 29 32
18 - 1
19 - 1
20 - 1
21 - 7
22 - 2
23 - 2

Tabela 2. Índices de Shannon (H’) e de Pielou (J’) e riqueza de grupo (RG) da vegetação
das áreas 1 e 2 (A1 e A2), pertencentes ao campus do Centro de Ciências Agrárias e
Ambientais.

Shannon (H’) Pielou (J’) Riqueza (RG)

A1 A2 A1 A2 A1 A2

2,4486 1,8388 0,864 0,716 17 13


40%

35%
Porcentagem de dominância
30%

25%
Área 1
20%
Área 2
15%

10%

5%

0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Espécies

Figura 2: Dominância relativa das espécies das áreas 1 e 2.

4. CONCLUSÃO

Considerando o tamanho e a quantidade, as áreas avaliadas, em geral,


apresentaram uma grande variedade de espécies, embora a similaridade entre as duas
áreas seja baixa. Tal levantamento é um indicador do grande potencial florístico do
Cerrado e de seu grau de conservação da vegetação.
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. V. R.; OLIVEIRA, T. S.; BEZERRA, A. M. E. Biodiversidade em


sistemas agroecológicos no município de Choró, CE, Brasil. Ciência Rural, v.39, n.4,
jul, 2009.

CORREIA, M. E. F.; OLIVEIRA, L. C. M. Fauna do solo: Aspectos Gerais e


Metodológicos. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, 2000. 46p.

COSTA, R. N. M. 2010. Cobertura vegetal e evolução do uso do solo da região de


Chapadinha-MA. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Centro de Ciências Agrárias.
Universidade Federal da Paraíba, Areia.

KRAMER, J. A.; KRUPEK, R. A. Caracterização florística e ecológica da arborização


depraças públicas do município de Guarapuava, PR. Revista Árvore, Viçosa-MG,
v.36, n.4, p.647-658, 2012.
ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1983.
ODUM, E. P. Ecologia. Tradução de Christopher J. Tribe. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan S. A., 1988.

REIS, H. J. D. A.; HORA, R.C. Proposta para implantação de uma trilha educacional
ecológica no município de Chapadinha, Maranhão. 2016, (Apresentação de
Trabalho/Congresso).
ANEXOS

Figura 3 – Marcação da área 1, 7x10m.

Figura 4 – marcação da área 1, 7x10m.

Figura 5 – coleta de folhas para análise das espécies presentes da área 1.


Figura 6 – coleta de folhas para análise das espécies presentes da área 1.

Figura 7 – coleta de folhas para análise das espécies presentes da área 1.

Figura 8 – vegetação da área 1.


Figura 9 – vegetação da área 1.

Figura 10 – vegetação da área 1.

Figura 11 – percurso para a área 2, 15


metros de distância entre as duas áreas.
Figura 12 – Marcação da área 2, 7x10m.

Figura 13 – Marcação da área 2, 7x10m.

Figura 14 – Marcação da área 2,


7x10m.
Figura 15 – coleta de folhas para análise das espécies presentes da área 2.

Figura 16 – coleta de folhas para análise das espécies presentes da área 2.

Figura 17 – coleta de folhas para análise das espécies presentes da área 2.


Figura 18 – vegetação da área 2.

Figura 19 – vegetação da área 2.

Figura 20 – vegetação da área 2.


Figura 21 – coleta das espécies da área 1.
Figura 22 – coleta das espécies da área 2.

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