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TeseElizabeth FINAL B
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Industrial accident risk management with hazardous materials using Quantitative Risk Analysis integrated within land use planning View project
the crime of theft of oil products from pipelines: risk culture and the current situation in the Brazilian scenario View project
All content following this page was uploaded by Elizabeth Nunes Alves on 18 February 2021.
2020
ELIZABETH NUNES ALVES
São Bernardo
2020
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
Em memória aos meus maiores incentivadores: meus pais
AGRADECIMENTOS
Início agradecendo minha orientadora Profa. Katia Canil, que com a sua
competente visão das ciências socias me ajudou a enxergar o contexto do
planejamento territorial nas questões dos acidentes industriais. Seus valiosos
comentários me fizeram refletir e trilhar um novo caminho para discutir questões que
antes, como engenheira, só conhecia de forma pragmática e racional. Igualmente,
agradeço aos professores do PGT que contribuíram na construção do meu
conhecimento sobre teorias e práticas de planejamento territorial e de pesquisa.
Agradeço o suporte do Prof. Pedro Roberto Jacobi que tornou possível meu sonho de
conhecer especialistas dos Países Baixos, por meio do Programa Ciências Sem
Fronteiras da CAPES. Nessa ocasião pude conhecer os professores Jeroen Warner
e Robert Coates da Universidade de Wageningen, com os quais participei do artigo ‘O
Queijo Suíço no Brasil: cultura de desastres versus cultura de segurança’. Sem
dúvida, esse artigo fundamentou minha proposta de gestão de risco no âmbito do
PGT. Não posso deixar de agradecer os integrantes da banca, titulares e suplentes,
que contribuíram de diferentes formas para a concretização deste trabalho; seja com
informações, orientação e sugestões. Profunda gratidão a todos.
Agradeço aos integrantes das Prefeituras de Mauá, Santo André e São Paulo,
que gentilmente me receberam e mostraram a difícil realidade da gestão pública, que
se apresenta desafiadora aos bem intencionados. Precisamos mudar essa situação.
Acredito que compartilhar conhecimento seja a primeira etapa.
Quadro 1 - Buscas por artigos acadêmicos no Portal da CAPES que foram descartados ... 35
Quadro 2 - Instituições visitadas nos Países Baixos ............................................................ 38
Quadro 3 - Classificação dos desastres tecnológicos conforme banco de dados EM-DAT .. 62
Quadro 4 - Classificação dos desastres relacionados a produtos perigosos conforme
Codificação Brasileira dos Desastres - COBRADE .............................................................. 63
Quadro 5 - Principais acidentes industriais que marcaram a história desde 1970 ................ 65
Quadro 6 - Diferentes abordagens metodológicas para mapeamento de risco e aplicação no
PGT ..................................................................................................................................... 91
Quadro 7 - Principais usos e ocupação do solo encontradas nos arredores PPABC ......... 104
Quadro 8 – Informações sobre as indústrias encontradas na área do PPABC .................. 114
Quadro 9 - Descrição dos temas tratados pela Comissão Temática de SSMA do COFIP ABC
.......................................................................................................................................... 120
Quadro 10 – Histórico de atendimentos da CETESB nas proximidades do PPABC, no período
de maio de 1992 a fevereiro de 2019................................................................................. 129
Quadro 11 – Histórico de acionamentos do PAM Capuava de janeiro de 1989 a fevereiro de
2019 .................................................................................................................................. 131
Quadro 12 - Critério para definição dos recuos e medidas de proteção para acidentes
industriais .......................................................................................................................... 154
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 19
1.1 Hipótese ....................................................................................................................... 25
1.2 Objetivos ....................................................................................................................... 25
4 RESULTADOS................................................................................................................................ 92
4.1 Histórico da ocupação da região do PPABC ................................................................. 92
4.2 Situação atual de uso e ocupação do solo na área do PPABC ................................... 102
4.3 Informações sobre as indústrias localizadas no PPABC ............................................. 113
4.4 Ações e iniciativas das indústrias do PPABC .............................................................. 118
4.4.1 Comitê de Fomento Industrial do Polo Petroquímico do ABC ................................... 119
4.4.2 Plano de Auxílio Mútuo do PPABC ........................................................................... 121
4.4.3 Consórcio Intermunicipal do Grande ABC ................................................................ 123
4.5 A epidemiologia dos acidentes industriais no Grande ABC e no PPABC .................... 125
4.6 Resultado do questionário sobre a abordagem metodológica ..................................... 132
1 INTRODUÇÃO
1 As indústrias que produzem, armazenem ou processem os produtos químicos listados nos anexos
da norma P4.261 da CETESB (2014) devem apresentar a este órgão ambiental, um Estudo de
Análise de Risco (EAR) com os raios de alcance das consequências dos acidentes (mapas de
vulnerabilidade) e os indicadores de risco quantitativo denominados: Risco Individual e Risco Social.
Tais indicadores são utilizados para a tomada de decisão quanto a tolerabilidade dos riscos
extramuros da empresa. O EAR é conhecido na literatura da área das engenharias por Quantitative
Risk Analysis (RIVM, 2009) ou Safety Report (CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA, 1996). O
Apêndice Apêndice I apresenta a metodologia para elaboração de EAR e uma lista com os principais
produtos químicos perigosos.
2 O CRED (Centre for Research on the Epidemiology of Disasters); instituição localizada na Escola de
Saúde Pública da Universidade Católica de Louvian; promove pesquisa, treinamento e conhecimento
sobre emergências e epidemiologia de desastres. O CRED mantém o banco de dados EM-DAT
Emergency Events Database, com mais de 20 mil registros de desastres naturais e tecnológicos
ocorridos desde 1900. Os acidentes industriais foram classificados no relatório de 2007 do CRED,
como um subtipo do grupo denominado desastres tecnológicos (CRED, 2008) e considera
vazamentos químicos, colapso de estruturas, explosões, incêndios, vazamentos de gás,
envenenamentos, radiação e outros.
20
7 A Lei 12.608 de 2012 que trata da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, adota o termo ‘Plano
de Contingência’ para definir as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação
voltadas à proteção e defesa civil em desastres naturais, antropogênicos e mistos de maior
prevalência no país (BRASIL, 2012).
8 A abordagem holística dos desastres vem sendo sugerida por estudiosos como uma prática
abrangente para tratar de questões complexas, já que a mesma observa o fenômeno em sua
totalidade e globalidade, tal como proposto na Nova Agenda Urbana 2016 promovida pela ONU-
Habitat para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 (ONU-
HABITAT, 2016).
9 Os cenários acidentais industriais que resultem em incêndios, explosões e nuvens tóxicas com
produtos químicos perigosos são o foco deste estudo.
22
define Polo Petroquímico como “um conjunto de empresas, que, em uma mesma
localização geográfica, formam uma cadeia petroquímica. Basicamente, essas
indústrias usam petróleo, gás natural ou seus derivados como matéria-prima” (KLEIN,
2011, p. 11). A Figura 1 apresenta características que influenciaram a localização de
alguns dos polos petroquímicos brasileiros desde 1972.
11 O PPABC é formado por diversas indústrias químicas. Em 2018 obteve faturamento de 9,7 bilhões
de reais e gerou 2550 empregos formais diretos e 7350 indiretos (COFIP ABC, 2020).
12 O PPABC iniciou suas atividades em 1954 e desempenhou importante papel na história petroquímica
brasileira (KLEIN, 2011). Conforme Klein (2011) há 80 mil moradores nos arredores do PPABC.
13 Conforme informação cartográfica da Prefeitura de São Paulo, a área onde encontra-se a ZEIA é de
propriedade da PETROBRAS (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 1988).
24
1.1 Hipótese
1.2 Objetivos
2 MATERIAIS E MÉTODOS
14 Faz-se necessário esclarecer que a Indústria do Petróleo (que refina petróleo cru para a produção
de derivados, como o caso da Refinaria de Capuava do PPABC) não é considerada indústria
química, no entanto, a Indústria Petroquímica, por utilizar derivado do petróleo ou outra matéria-
prima de origem não fóssil, é considerada indústria química (ABIQUIM, 2020).
27
A busca por EARs das indústrias do PPABC foi realizada na Agência Ambiental
do ABC 1 da CETESB localizada na Rua dos Vianas, 625, São Bernardo do Campo,
complementada na Agência da CETESB localizada na Av. Prof. Frederico Hermann
Jr., 345, São Paulo. Dar vistas aos processos de licenciamento ambiental foi
fundamental para obter os resultados dos EARS e compreender se é possível traçar
distâncias de risco em mapas georreferenciados que possam ser utilizados no PGT.
A delimitação da área do PPABC foi realizada após análise crítica dos arquivos
digitais georreferenciados fornecidos pela equipe de Planejamento e Projetos Urbanos
do Departamento de Desenvolvimento e Projetos Urbanos da Unidade de
Planejamento e Assuntos Estratégicos da Prefeitura de Santo André, além dos mapas
temáticos disponíveis no site do Google Maps® (GOOGLE MAPS, 2019) e no site da
Prefeitura de Mauá (2020), a dizer: Regiões de Planejamento, Zonas Especiais de
Interesse Ambiental, Zonas Especiais de Interesse Social e Zoneamento.
15 Na literatura são encontrados diferentes termos para designar ‘Planejamento e Gestão do Território’
(land use planning), tais como: planejamento espacial (spacial planning), planejamento urbano
(urban planning) e planejamento territorial (territorial planning) (nota da autora).
31
Vale notar que este estudo não se limitou aos 45 artigos selecionados na
pesquisa exploratória na plataforma CAPES e Wiley, visto que outras literaturas foram
consultadas e encontram-se referenciadas na bibliografia deste documento.
32
Transportation Research,
Ciências ambientais e Engenharias A1 e B1 1
Part D
Total 45
Fonte: Plataforma Sucupira da CAPES (2019)
Nota: A Turquia e a Sérvia foram consideradas localizadas na Europa, visto que são
candidatas a pertencer a União Europeia (UNIÃO EUROPEIA, 2019).
16 O termo ‘epidemiologia dos desastres’ é utilizado na área da Saúde Pública para estudar taxas de
mortalidade e incidências de doenças desencadeadas por desastres naturais e tecnológicos, bem
como desenvolver conhecimento técnico-científico para gestão do risco, preparação e resposta a
emergências (SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2018; CARMO; PENNA; OLIVEIRA,
2008).
36
17 As classes de risco dos produtos químicos perigosos segundo a ONU são: (1) explosivo, (2) gases,
(3) líquidos inflamáveis, (4) sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas a combustão espontânea,
substâncias que em contato com água emitem gases inflamáveis, (5) substâncias oxidantes e
peróxidos orgânicos, (6) substâncias tóxicas e substâncias infectantes, (7) materiais radioativos, (8)
substâncias corrosivas, substâncias e artigos perigosos diversos.
37
2.5 Entrevistas
18 O Dinos Group é um grupo formado por veteranos brasileiros em emergência, criado após os
acidentes nas empresas Ultracargo em 2.015 e Localfrio em 2.016, ambas localizadas na baixada
santista, SP. O fundador do grupo, João Carlos Hermenegildo, percebeu que havia dificuldade dos
envolvidos nas respostas de emergência por falta de informação técnica e conhecimento prático. O
grupo reúne atualmente 96 profissionais com mais de 20 anos de experiência em diferentes áreas
da emergência, conta com regulamento e diretoria. Os novos membros devem ser indicados e
aprovados pela diretoria do grupo.
43
3 REFERENCIAL TEÓRICO
27,6% hab.
8,6% hab.
3,1% ind.
13,7% ind.
7,6% hab.
7,5% ind.
41,9% hab.
45,7% ind.
14,3% hab.
30,0% ind.
Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017) e Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (FIESP, 2019) (dados organizados pela autora)
O setor industrial tem buscado recursos no campo das ciências exatas para
aumentar sua produção com o menor custo possível. Na década de 70 do século XX
iniciou-se uma preocupação com a ameaça que estas atividades causavam às
pessoas e ao meio ambiente (LEES, 2005), porém até aquele momento sem muita
48
20 ‘Acidente grave’ é definido na Diretiva da União Europeia, conhecida por Seveso III (PARLAMENTO
EUROPEU E DO CONSELHO, 2012) “[...] como um acontecimento, tal como uma emissão, um
incêndio ou uma explosão de graves proporções resultantes do desenvolvimento não controlado
durante o funcionamento de um estabelecimento abrangido pela presente diretiva, e que provoque
um perigo grave, imediato ou retardado, para a saúde humana ou para o meio ambiente, no interior
ou exterior de um estabelecimento, e que envolva uma ou mais substâncias perigosas”. A Diretiva
Seveso II apresenta uma lista de substâncias perigosas que definem a aplicação da mesma.
49
acidentes industriais. Basta21 (2009), por exemplo, relata em seu livro sobre ‘Risco,
Território e Sociedade’, que as contribuições na literatura dos estudiosos do PGT para
a questão dos acidentes industriais são menos representativas em comparação com
as fornecidas por analistas e especialistas em risco22, embora [...] as ‘incertezas’ dos
engenheiros químicos não são as mesmas ‘incertezas’ dos planejadores
urbanos [...] (BASTA, 2011, p. ix, grifo nosso). A afirmação de Basta revela as
diferentes perspectivas e interpretações da problemática da GRAI no âmbito do PGT,
envolvendo duas especialidades que normalmente atuam de forma independente.
Como observado por Canil, Lampis e Santos, a chegada das ciências sociais
no campo da gestão dos desastres gerou encontros e desencontros com as ciências
exatas, principalmente com relação ao tema da vulnerabilidade, demonstrando a
“dificuldade de trabalhar com os conceitos para se alcançar uma abordagem integrada
sobre o risco, desastre e vulnerabilidade” (CANIL et al., 2020, p. 403).
Ciências exatas
Acervo técnico
Indústrias, órgãos ambientais, centros
de pesquisa, associações de classe
Ciências sociais
Acervo teórico
Governo, acadêmicos, gestores públicos,
planos e políticas públicas
21 Claudia Basta foi uma das especialistas entrevistadas nos Países Baixos durante a estadia na
Universidade de Wageningen (nota da autora).
22 Basta refere-se aos especialistas que elaboram os estudos quantitativos de risco (nota da autora).
50
[...] existe hoje uma lacuna a ser preenchida dentro do conhecimento técnico-
científico nacional para que se possam articular os avanços ocorridos nas
últimas duas décadas nos campos dos conceitos, da previsão, alerta,
prevenção e mitigação de acidentes [...]. Neste setor, a prática institucional
nos diferentes níveis de governo é quase sempre aleatória e despida de
fundamentos consistentes (NOGUEIRA, 2002, p. 13).
Como observado por Naime (2010), as discussões que ocorrem nos processos
de licenciamento ambiental no Brasil giram em torno dos detalhes técnicos de
execução dos EARs, enquanto que pouca atenção é dada para compreender as
interações com o meio social. Naime (2010, p. 155) questiona: “se invasões de faixas
de dutos são eventos possíveis, por que os estudos quantitativos de risco não são
capazes de evitar o aumento da exposição ao risco ?” Simplesmente porque esses
estudos não são apropriados para a tomada de decisão, ele conclui.
24 Atualmente mais da metade da população global vive em áreas urbanas e até 2050 essa proporção
deverá chegar a quase 70% (WATSON, 2016).
52
25 A Agenda 2030 é um acordo entre chefes de Estado e de Governos que traz 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) para serem alcançados globalmente até o ano de 2030 (ONU,
2015).
53
Basta et al. (2007) discutiram sobre os avanços nas práticas de GRAI no âmbito
do PGT nos Países Baixos e Reino Unido e reconheceram que o uso de SIG é
funcional na elaboração de mapas de risco, pois conecta urbanistas e especialistas
em segurança nos processos de tomada de decisão sobre o uso e ocupação do solo,
bem como facilita a comunicação de risco para o público, dado que as informações se
tornam mais transparentes e acessíveis. Estes mesmos autores concluíram também
que, apesar dos diferentes contextos políticos, culturais e jurídicos encontrados nos
dois países cotejados na pesquisa, os mapas de risco georreferenciados alcançaram
uma boa conexão entre os especialistas de segurança e os gestores do
planejamento territorial (BASTA et al., 2007). Há, no entanto, uma diferença no
55
processo de divulgação dos riscos entre os dois países, enquanto nos Países Baixos
os mapas de risco são públicos e acessíveis pela internet à toda a população
interessada26, no Reino Unido os mapas só podem ser visualizados pelo público após
solicitação específica. A conduta do Reino Unido pode ser explicada pelo Princípio da
Precaução (PP)27, devido à confidencialidade das informações industriais e à proteção
da população contra ameaças de terrorismo naquele país (BASTA et al., 2007).
construção social. Para ele, a sociedade moderna está cada vez mais ocupada em
debater, prevenir e gerenciar os riscos que a própria sociedade produz, indicando uma
“ ...histeria e o uso da política do medo, que é instigada e agravada pelos meios de
comunicação de massa”, já que os desastres são antecipados (BECK, 2009, p. 495).
Ele distingue ‘risco’ de ‘catástrofe’28, sendo o risco ameaçador, irreal e uma
antecipação da catástrofe. Quando uma catástrofe acontece, o risco deixa de existir e
se move para um novo estado de antecipação, desta forma, Beck (2009, p. 495, grifo
nosso) entende que o “...risco não é nada”. A sociedade de risco “...esconde uma
ironia - a ironia da promessa de segurança feita por cientistas, empresas e governos,
que de forma ‘maravilhosa’ contribuem para o aumento dos riscos”. Devido às falhas
sistemáticas destes atores na gestão dos riscos, Beck pressupõe que os mesmos não
sejam vistos pela sociedade moderna como ‘curadores do risco’, mas como fontes e
‘suspeitos de gerar risco’, o que acaba por desencadear um comportamento
individualista na sociedade, onde cada um desconfia das instituições. Para Beck, a
sociedade, a ciência, os políticos, as leis e a mídia, até mesmo os militares, não estão
na posição de definir ou controlar os riscos racionalmente. Como colocado por Beck,
a radicalização da sociedade produz a ironia fundamental do risco, onde “... a
ciência, o estado e os militares estão se tornando parte do problema que deveriam
resolver” (BECK, 2009, p. 499).
28 Beck parece adotar tanto a palavra “catástrofe”, quanto “desastre” para um evento real e de grandes
proporções (nota da autora).
29 Basta não desconsidera as consequências irreversíveis de morte e perdas ambientais dos acidentes
não-nucleares, porém ela leva em conta o raio dos impactos geográficos dos acidentes não-
nucleares e compara com os nucleares (2009).
57
33 Conforme Glossário da SRA (2018) o termo “perigo” refere-se a uma fonte de risco em que as
consequências estão relacionadas a danos. “Os riscos podem estar associados à energia (por
exemplo, explosão, incêndio), material (tóxico ou ecotóxico), biota (patógenos) e informações
(comunicação de pânico) [...]” (SRA, 2018, p. 6).
59
sistêmicos” (REASON, 2000, p. 1/6, tradução nossa). Assim, segundo Reason (2000,
p. 2, tradução nossa), “quando ocorre um evento adverso, a questão importante não
é quem errou, mas como e por que as defesas falharam”.
Risco
Desastre
Falhas do sistema de
gestão
Plano de resposta à
emergência com
comunidades (externo)
Plano de emergência
(interno)
Mitigação
Prevenção
Projeto
Inerentemente
Seguro
Na maioria dos casos, uma única falha de uma salvaguarda não resulta em
impacto adverso. Quando ocorrem consequências adversas, geralmente é o
resultado de um cenário complexo que envolve falhas simultâneas de várias
camadas de proteção (LEES, 2005, p. 31/4, tradução nossa).
35 A abordagem LOPA tem por objetivo principal determinar quantas camadas de proteção são
necessárias para reduzir o risco a níveis toleráveis, baseando-se na definição determinística de que
risco é o produto da probabilidade de um evento indesejável e na severidade de suas consequências.
A severidade é “avaliada em termos de impacto ao ser humano; lesões pessoais e fatalidades; ao
meio ambiente [...] ou perdas financeiras, tais como, perda de produção ou danos à equipamentos”
(LEES, 2005, p. 34/7).
36 A IEC é uma organização internacional de padronização de normas, guias, especificações técnicas,
entre outros documentos para o avanço dos campos elétricos e eletrônicos. A IEC faz parcerias com
organizações internacionais, governamentais e não-governamentais para a preparação de seus
documentos (IEC 61.511, 2016).
62
reflexão territorial, pois afetam os destinos do uso e ocupação do solo nos arredores”
das plantas industriais perigosas.
Tipo do
Tecnológico (2)
desastre
Subtipo (0)
COBRADE 2.2.1.1.0
Fonte: Anexo V da Instrução Normativa No 2 de 22 de dezembro de 2016 (MINISTÉRIO DA
INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2016)
Nota: a numeração entre parênteses compõe o código COBRADE com produtos perigosos
Não obstante ao teor trágico e por mais paradoxal que pareça ser, os acidentes
industriais segundo Passos (2002), despertam a atenção dos órgãos públicos, do
setor privado e da sociedade para a necessidade de programas de prevenção de
acidentes mais eficientes e de sistemas mais rígidos de gerenciamento de riscos,
voltados para a segurança das pessoas e para melhor qualidade ambiental. Alguns
acidentes, sobretudo, deixaram marcas históricas, mostrando que, apesar de todo o
conhecimento técnico para o controle dos processos produtivos por parte das
indústrias, ainda se trilha o caminho de ‘deixar acontecer para depois ver o que fazer’.
Entretanto, conforme Centemeri (2010) a questão que mais suscitou controvérsia foi
sem dúvida a decisão das autoridades regionais em permitir abortos terapêuticos às
mulheres grávidas que residiam nas áreas contaminadas, temendo os presumíveis
efeitos teratogênicos da dioxina. A Itália vivia naquele momento um debate sobre a
despenalização do aborto e Seveso estava localizado em um território de tradição
cultural e política católica, o que explica os conflitos gerados na população pelas
autoridades com a permissão dos abortos. “Deste modo, questões cuja natureza era
inextrincavelmente política, científica e social foram reduzidas a problemas técnicos”
(CONTI, 1977, apud CENTEMERI, 2010, p. 67). O acidente de Seveso foi chamado
por Van Eijndohoven (1994, apud CENTEMERI, 2010) de o ‘desastre da informação’.
A zona afetada pelo acidente foi transformada em 1996 num parque urbano, o Bosque
dos Carvalhos, e em 2004 foi inaugurado o ‘Percurso da Memória’ com painéis que
contam a história do desastre (BOSCO DELLE QUERCE, 2020). Este desastre
‘batizou’ as principais diretrizes da União Europeia que tratam dos riscos de acidentes
graves nas atividades industriais.
40 O metil-isocianato é um gás irritante e pode causar edema pulmonar. Ele se decompõe no corpo
humano e forma o cianeto, que por sua vez causa asfixia celular (LEES, 2005).
41 O número exato de fatalidades é incerto, já que o governo indiano informou 1754 mortes em 1986,
3150 em 1989 e 4000 em 1994 (LEES, 2005). Em 2006, apesar de a petição inicial indicar 15248
fatalidades, a suprema corte da Índia chegou à conclusão de que somente 5207 casos tinham
realmente nexo com a exposição ao gás, e ordenou uma indenização de 470 milhões de dólares às
vítimas (SUPREME COURT OF INDIA CIVIL APPELATE JURISDICTION, 2006).
68
Segundo Patel42 (2015), o desastre de Bhopal foi marcado por duas tragédias:
a primeira foi o evento catastrófico em si e a segunda foi o aumento progressivo do
número de mortes para mais de 20 mil nos últimos 30 anos. Ele responsabiliza o
crescente número de vítimas ao longo do tempo à falta de remediação do local
contaminado, o que ilustra o fracasso do papel do Estado na estipulação de
regulamentações apropriadas, tanto para a operação da planta química, quanto para
a preparação e resposta ao desastre. Conforme Patel, o Estado Indiano não
representou de maneira justa as vítimas do desastre de Bhopal e usou em vários
momentos o seu poder ‘coercitivo’ (2015). Dentre muitas das ações autoritárias e
coercitivas narradas por Patel, destacam-se que o governo indiano segurou a
indenização recebida da Union Carbide durante muito tempo (até hoje as vítimas não
receberam os valores estabelecidos), não promoveu a participação de ativistas,
blindou a Union Carbide de qualquer responsabilidade e não exigiu a remediação do
local contaminado. Além disso, o governo da Índia suspendeu a investigação científica
sobre a causa do acidente e se recusou a divulgar publicamente qualquer informação
(PATEL, 2015).
42 Nehal A. Patel defende o envolvimento de pesquisadores com as teorias de Gandhi nos estudos
acadêmicos sobre desastres, a dizer: Teoria do Estado, Crítica da Industrialização e Teoria da Tutela
(PATEL, 2015).
69
43 O acidente no Golfo do México em 2010 foi o responsável por 20 milhões de dólares do total das
perdas materiais no período de 2005 a 2019 (EM-DAT, 2019).
44 O CRED informou em agosto de 2019, após consulta por email, que não há estudo que pudesse
explicar a queda nos registros de acidentes industriais após 2005.
70
acidentes industriais aparecem com 17 casos reportados até julho de 2019, que
correspondem ao mesmo valor do ano de 1985.
80 81 casos em 2004
Número de casos de desastres/ ano
70
60
50
40
30
20 17 casos em 2019
10
49%
Distribuição do número de casos
50%
40%
30%
20%
15%
11%
10% 6% 7% 8%
4%
0,4% 1%
0%
O estudo elaborado por Spadoni, Egidi e Contini (2000) para a região Emília-
Romagna na Itália, revelou que, apesar do alto número de casos de acidentes no
transporte rodoviário, estes poderiam ser reduzidos se houvesse regulamentação
específica e construção de novas estradas na Itália. O estudo mostrou também que o
transporte de produtos perigosos por dutos mostrava-se mais seguro, se comparado
com outros modais logísticos, como o rodoviário e o ferroviário (SPADONI; EGIDI;
CONTINI, 2000).
Dentre as lições assimiladas pelo setor industrial, Lees (2005) aponta algumas
que são comuns aos vários desastres47 e que estão relacionadas com o PGT, quais
sejam:
46 A investigação de acidentes é parte integrante do PGR exigido das indústrias nos processos de
licenciamento ambiental (CETESB, 2014) As lições aprendidas com os acidentes devem ser
divulgadas e compartilhas internamente e externamente à empresa, além disso, não há desculpa
para não há desculpa para ignorar as ‘lições aprendidas’ com os incidentes (LEES, 2005, p. 1/9).
47 Lees (2005) apresenta as lições aprendidas com casos históricos ocorridos entre 1974 e 1986. Dentre
os casos mais conhecidos está a Usina Nuclear de Chernobyl, a explosão da plataforma de petróleo
Piper Alpha, o vazamento de Bhopal, a explosão no Terminal de GLP na Cidade do México, o
vazamento de Seveso e a explosão do caminhão-tanque com propileno em São Carlos de La Rapita.
75
carbeto de cálcio, que é notório por reagir violentamente com água gerando
gás acetileno, altamente explosivo e muito mais perigoso que o carbeto de
cálcio. A falta de comunicação dos riscos para a população e a falta de
informações sobre os cenários acidentais no relatório de segurança, também
foram identificadas no acidente de Toulouse como elementos agravantes do
desastre (TAVEAU, 2010). Isto motivou a criação de um comitê local em
Toulouse envolvendo as partes interessadas, com o objetivo de melhorar o
compartilhamento das informações sobre os riscos, porém esforços mais
amplos deveriam ser iniciados na França para erradicar a ‘cultura do segredo
de risco’ entre funcionários e público (DECHY et al., 2004). Spósito e Poffo
(2016) reforçam sobre as graves consequências da postura de resistência por
parte das indústrias em divulgar seus riscos, visto que muitos desastres
acontecem por falta de compartilhamento de informações com as partes
interessadas.
• Planos de emergência: muitos dos acidentes evidenciaram a falta de preparo
e de resposta rápida das empresas e autoridades durante e após os desastres,
devido principalmente, a falta de um plano de emergência estruturado e
integrado com as instituições externas à indústria (LEES, 2005). Segundo
Basta (2009), as pessoas atingidas no desastre de Bhopal não sabiam como
agir quando os alarmes tocaram e os hospitais não estavam preparados para
atender os casos de intoxicados. No caso da Cidade do México houve caos no
trânsito quando os moradores tentavam fugir da área e os serviços de
emergência tentavam entrar (LEES, 2005). Já no caso de Toulouse, o sistema
de alerta não funcionou e os planos de emergência interno e externo não
estavam preparados para atender o cenário catastrófico que ocorreu, além
disso, os 1570 bombeiros e 950 policiais que atuaram no desastre não estavam
protegidos adequadamente e não utilizaram aparelhos para detectar a
presença de gases tóxicos (DECHY et al., 2004). Spósito e Poffo (2016)
realizaram estudo comparativo de experiências com Planos de Resposta à
Emergência48 na Argentina, Brasil e Colômbia e perceberam que a população
48 Spósito e Poffo (2016) avaliaram a implantação e operação do programa APELL (Awareness and
Preparedness for Emergencies at Local Level) da UNEP (United Nations Environment Programme)
em diversos países da América Latina. O Programa APELL teve início em 1988 após uma série de
acidentes com produtos químicos perigosos que resultaram em fatalidades, danos ambientais e
77
vulnerável está melhor informada sobre os riscos e mais preparada para agir
nas situações de emergenciais quando se tem um Plano de Resposta à
Emergência Externo a indústria. Outras deficiências nos planos de emergência
evidenciadas nos desastres são: falta de definição de rotas de fuga, clareza no
significado dos sinais sonoros do sistema de alerta e informações sobre os
efeitos dos produtos químicos nos seres humanos (LEES, 2005).
• Descontaminação das áreas impactadas49: os desastres de Seveso e de
Bhopal ilustraram como a descontaminação do local é fundamental para que
os efeitos danosos dos vazamentos não se prolonguem indefinidamente e
continuem fazendo vítimas e impactando o meio ambiente (LEES, 2005).
acidentais de pior caso, isto é, aqueles de maior magnitude, pois apresentavam baixa
probabilidade de ocorrência (PALTRINIERI et al., 2012). Paltrinieri et al.
desenvolveram um estudo sobre as lições aprendidas com os desastres de Toulouse
ocorrido na França em 2001 e de Bucenfield no Reino Unido em 2005 e chegaram à
conclusão de que os “[...] acidentes são fenômenos complexos, que não podem ser
totalmente explicados, mesmo após investigações [...]” e que são facilitados pela
combinação de fatores técnicos, humanos, organizacionais e sociais, que muitas
vezes não são identificados em estudos de análise de risco (PALTRINIERI et al., 2012,
p. 1411).
Concentra-se no
licenciamento
ambiental
Ausência de Informações de
políticas públicas risco não são
para a GRAI no compartilhadas
âmbito do PGT entre setores
publicos
Setor público
Tendência em
impor condução Sistema
coercitiva burocrático
Ações pouco
estruturadas no
pós-desastre
A Diretiva Seveso III em 2012 reforçou as ações para elevar o nível de proteção
às comunidades e ao meio ambiente. Os relatórios de segurança deveriam fornecer
informações suficientemente claras, para que as autoridades competentes pudessem
tomar suas decisões sobre o ordenamento do território, bem como apresentar
planos de emergência internos às indústrias e elementos para a elaboração dos
planos externos articulados com as instituições públicas. As informações
prestadas ao público deveriam ser claras, compreensíveis e ativas, isto é, sem que o
público tivesse de solicitá-las, devendo ser permanentes e atualizadas
eletronicamente, sem, no entanto, excluir outras formas de divulgação.
81
50 De acordo com Santos (2018), o Estatuto da Metrópole é um diploma normativo inovador para
fomentar o desenvolvimento regional que apresenta quatro objetivos: (1) estabelecer diretrizes para
o planejamento, gestão e execução das funções públicas de interesse comum em regiões
metropolitanas e em aglomerações urbanas, (2) definir normas para a elaboração do Plano de
Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI), (3) definir normas para a elaboração dos instrumentos
de governança interfederativa, e (4) estabelecer critérios para o apoio da União a ações de
governança interfederativa.
82
52 O PDUI/RMSP está organizado nos eixos: (1) Desenvolvimento Econômico, Social e Territorial; (2)
Habitação e Vulnerabilidade Social; (3) Meio Ambiente, Saneamento e Recursos Hídricos e (4)
Mobilidade, Transporte e Logística. Ele contempla diretrizes para: Funções Públicas de Interesse
Comum; parcelamento, uso e ocupação do solo previstas no Ordenamento Territorial;
macrozoneamento; delimitação das áreas sujeitas a desastres naturais e sistema de
acompanhamento e controle em consonância com a governança metropolitana (CONSELHO DE
DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO, 2020).
86
Por outro lado, os recentes desastres naturais ocorridos no Litoral Paulista, Rio
de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais entre fevereiro e março de 2020
demonstraram que a gestão de risco de desastres no Brasil é ineficiente. A Associação
Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE, 2020)53 aponta que a Lei
No 12.608/2012 não está regulamentada, há ineficiência na fiscalização, falta
interlocução entre a gestão pública e a sociedade, bem como, faltam protocolos de
comunicação de risco. Além disso, os mapeamentos das áreas de risco realizados por
institutos de pesquisa, universidades e empresas não foram incorporados aos planos
diretores e de contingência. De acordo com a ABGE (2020, p. 2) é necessário
“constituir uma governança para a gestão de riscos por meio de um processo mais
participativo, com a integração das políticas setoriais municipais e apoio dos níveis do
governo estadual e federal”. Portanto, faltam ações preventivas no âmbito do
planejamento urbano e regional para que os terrenos sejam ocupados com segurança,
além de medidas mitigadoras para a recuperação de áreas e a remoção de pessoas
em casos extremos (ABGE, 2020). Tais críticas revelam deficiências nos processos
de gestão de risco de desastres naturais que podem ser aplicadas à GRAI.
Para Lopes, a GRAI no âmbito do PGT é uma temática nova e complexa, pois
envolve a integração horizontal entre diversos setores e vertical entre diferentes níveis
de governo (LOPES, 2017). Não há integração de políticas públicas no Brasil que
efetivamente integre os EARs no PGT, o que resulta na inviabilidade de um
empreendimento industrial devido a ocupações indiscriminadas de áreas vizinhas
(LOPES, 2017). Além disso:
53 A ABGE é uma instituição de classe composta por especialistas em gestão de risco de desastres
relacionados com movimentos de massa (corridas e deslizamentos) e inundações (nota da autora).
87
54 Acidente maior ou acidentes grave é definido nas Diretivas de Seveso como um evento tal
envolvendo uma ou mais substâncias perigosas que resulte em vazamento, incêndio ou explosão
que provoque um perigo imediato ou retardado ao ser humano e/ou meio ambiente, tanto no interior,
como no exterior do estabelecimento industrial (CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS,
1982; CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA, 1996; PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO,
2012).
88
[...]” tais substâncias não são cobertas pela norma da CETESB (CETESB, 2011, p.
4/140).
Não é à toa que os EARs são considerados ferramentas valiosas para estimar
o risco de atividades industriais que utilizam substâncias químicas perigosas, porém
no Brasil tais estudos são utilizados somente nos processos de licenciamento
ambiental para concessão de licenças e seus resultados não são levados em conta
pelas autoridades do planejamento urbano (LOPES, 2017).
55 As instalações perigosas na U.E. que armazenam ou processam produtos químicos perigosos são
chamadas de Instalações SEVESO (nota da autora).
90
4 RESULTADOS
A ocupação da região onde PPABC está localizado teve início entre 1553 e
1560, quando João Ramalho se instalou e deu início ao povoamento da Vila de Santo
André da Borda do Campo (SEADE, 2019). A vila se localizava entre São Paulo de
Piratininga e a Serra do Mar, em uma região cortada pelo caminho primitivo dos
indígenas e estratégica para se chegar ao litoral (SEADE, 2019). Conforme Gouveia,
o rio Tamanduateí desempenhou um importante papel para os povos indígenas que
aqui habitavam e para os colonizadores europeus, pois constituía-se em uma via de
conexão entre o litoral e o interior paulista. Há registro da trilha utilizada pelo povo
indígena Tupiniquim no mapa da Capitania de São Vicente (Figura 17), retratado entre
1553 e 1597 (GOUVEIA, 2016).
A vila de Santo André foi extinta por Mem de Sá, governador-geral do Brasil,
devido aos conflitos existentes na época entre João Ramalho, os fundadores de
Piratininga, e os padres jesuítas. Seus habitantes foram transferidos para São Paulo
dos Campos de Piratininga, fundada em 1554 (SEADE, 2019). A antiga vila
permaneceu abandonada até que Antônio Pires Santiago construiu a capela Nossa
Senhora da Conceição da Boa Viagem, criando um novo núcleo populacional em
1735, que depois viria a ser São Bernardo do Campo (SEADE, 2019).
Mauá por sua vez surgiu em torno da capela de Nossa Senhora do Pilar
construída em 1714 (NUNES, 2017). As primeiras construções na região foram um
engenho de açúcar, um armazém e um comércio de madeira (SEADE, 2019). Em abril
de 1883, a inauguração da Estação de Pilar da ferrovia Santos-Jundiaí, hoje Estação
Mauá, marca o início do processo de industrialização da região com indústrias de
cerâmica e porcelana, seguindo basicamente o modelo de desenvolvimento
‘povoados-estação’ do sistema ferroviário (NUNES, 2017). Posteriormente, as
indústrias de porcelana e químicas iriam induzir e acelerar o desenvolvimento do
munícipio (NUNES, 2017).
56 A construção da Refinaria inicia-se no mesmo ano em que Mauá é elevado à condição de município
(PREFEITURA DE SANTO ANDRÉ, 2016)
96
Tizio (2009) em sua pesquisa sobre os nomes dos bairros de Santo André,
relata que em 1957 a região era deserta e que o Grupo União havia comprado muitas
terras ao redor de sua refinaria, de forma a impedir a abertura de loteamentos. Vale
destacar que o atual bairro Parque Capuava, em Santo André, levou o nome da
refinaria e foi pavimentado por iniciativa do Grupo União (TIZIO, 2009).
Figura 21 - Vista do PPABC em 1972*. À direita a Av. Pres. Arthur da Costa e Silva
[...] a distribuição da produção da PQU era quase que inteiramente feita por
dutos, que cobriam um raio de 20 quilômetros. Havia apenas duas exceções:
o butadieno que era transportado por caminhões-tanque para a fábrica de
borracha sintética da Petrobras em Caxias, RJ; e parte do etileno, que era
distribuído por etilenoduto para a Cia. Brasileira de Estireno e para a Union
Carbide, ambas em Cubatão, SP [...] (KLEIN, 2011, p. 24)
99
Tabela 6 - Dados demográficos de Mauá distribuído por décadas, de 1940 até 2010
Crescimento
Densidade
populacional em População População População
Ano demográfica
relação à década urbana rural total
(hab./km2)
anterior
1940 - - - 4.973 80,33
1950 90% - - 9.472 153,00
1960 205% 14.128 14.796 28.924 467,20
1970 253% 102.031 157 102.188 1.650,62
1980 101% 205.736 0 205.736 3.324,51
1991 43% 294.631 0 294.631 4.759,10
2000 23% 363.392 0 363.392 5.869,78
2010 15% 417.064 0 417.064 6.736,73
Fonte: Nunes (2017)
Fontes: Nunes (2017); Prefeitura de Santo André (2016); Galvez (2011) (elaborado pela autora).
102
Nunes (2017, p. 12), que estudou decretos e plantas dos loteamentos de Mauá,
relata que, apesar de haver relatos de “ocupação desordenada aparentemente sem
planejamento prévio e de modo irregular”, a ocupação em Mauá se deu em
loteamentos regulares e aprovados na prefeitura. Entretanto, continua Nunes (2017,
p. 12), os lotes passaram por processos de revenda na década de 1980 (ou mesmo
antes), “desta vez com desmembramentos que iriam contribuir para essa imagem de
desordenamento”. Já o assentamento Conjunto Habitacional Avenida dos Estados57,
localizado no loteamento Jardim Alzira Franco em Santo André, foi instalado em 1963.
57 O Conjunto Habitacional Avenida dos Estados encontra-se identificado como bairro ’Tamanduateí 8’
e ‘Favela Estados’ na Sinopse por Setores do IBGE (IBGE, 2010), mas também é conhecida por
‘Favela Capuava’, ‘Favela Capuava Unida’ e ‘Núcleo Jardim Capuava’.
103
Santo André
Santo André
Notas:
(1) O marcador amarelo é um ponto comum entres as Figuras 25 e 26 (localização aproximada).
(2) A data da Figura 25 é aproximada (estimada em função da época de construção da
Petroquímica União em 1972).
104
Atividades Industrial
econômicas Residencial/ Comercial
Linha turquesa da CPTM (Estação Capuava e Estação Mauá),
Av. Pres. Costa e Silva, Av. dos Estados, Av. Alberto Soares
Acessibilidade/ Sampaio, SPA 086/21 (Rodoanel Mário Covas trecho sul,
Mobilidade Interligação com a Av. Papa João XXIII), Av. Ayrton Senna da
Silva, R. Oscarito, Rua Oratório, Av. Adélia Chohfi, Av. das
Indústrias, Estrada da servidão
Principais Rio Tamanduateí, Córrego do Oratório (divisa entre Mauá e São
corpos d’água Paulo), Córrego Itrapuã (divisa entre Santo André e Mauá)
Nota:
1) A ZEIS Jardim Oratório e a ZEIA do PPABC encontram-se delimitadas nos Anexos III e IV
respectivamente da Lei No 5.167/2016 e descritas na Lei No 4.968/2014 do município de Mauá
(PREFEITURA DE MAUÁ, 2014).
2) A ZEIS Cjto Habitacional dos Estados encontra-se delimitada e descrita no Anexo VIII da Lei No
9.924/2016 do município de Santo André (PREFEITURA DE SANTO ANDRÉ, 2016).
58 Estima-se que a maior distância de risco esteja em torno de 900 metros dos limites do PPABC, valor
obtido no Anexo D da norma P4.261 da CETESB (2014) considerando 500 toneladas armazenadas
de óxido de etileno.
59 As ZEIS) foram instituídas em 2001 como instrumento de política urbana e devem ser demarcadas
nos planos diretores (BRASIL, 2001).
105
Figura 30 – Loteamento irregular localizado nos bairros Parque São Rafael e Jardim
São Francisco em São Paulo
São Paulo
Santo
André
Loteamento irregular
PPABC
Mauá
MAUÁ
Fonte: Anexo II do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Mauá estabelecido na Lei No 5.167
de 1º julho de 2016 (PREFEITURA DE MAUÁ, 2016).
109
SÃO PAULO
Zona de
Qualificação Zona
Urbana Exclusivamente
Industrial
SANTO ANDRÉ
MAUÁ
Zona de
Reestruturação
Urbana
Fonte: Anexo do Plano Diretor de Santo André estabelecido na Lei Nº 9.924/2016 (PREFEITURA DE
SANTO ANDRÉ, 2016).
Vale salientar que a Lei 3.272/2000, que dispõe sobre o uso e ocupação do
solo de Mauá, considera na categoria de uso ‘não residencial’ as atividades perigosas
que apresentem risco ao meio ambiente e danos à saúde em caso de acidente, por
comercializarem, utilizarem ou estocarem materiais perigosos, compreendendo:
explosivos, GLP, inflamáveis e tóxicos, conforme normas técnicas que tratam do
assunto (PREFEITURA DE MAUÁ, 2000). As medidas mitigadoras previstas para as
empresas que desempenham tais atividades perigosas consistem em apresentar à
Prefeitura, diretrizes quanto à:
Como pode ser observado na Tabela 9, a maior parte da área do PPABC (87,7%
da área total do Polo) está localizada no município de Mauá.
Área do Distribuição da
Município Zoneamento PPABC área do PPABC/
(km2) município (%)
Macrozona adensável, Zonas de
Desenvolvimento Econômico 1 e 2
Mauá, SP 6,327 87,7
(ZDE 1-B e ZDE 2) e Zona Especial
de Interesse Ambiental (ZEIA)
Nota: a área do PPABC em cada município foi medida na imagem da Figura 27.
No que diz respeito à ZEIA observa-se que, apesar dos seus limites terem sido
mantidos ao longo dos anos, houve desmatamento de uma faixa de 40 metros de
largura por 1.130 metros de extensão, totalizando 45,2 mil m2. Trata-se de uma faixa
de dutos, que se supõe ser da Petrobras, construída entre maio e julho de 2018
(Figura 33) e que passava pelo território do Parque São Rafael, no município de São
Paulo.
111
Fontes: Google Earth (2020), Anexo XV da Lei No 4698/2014 (PREFEITURA DE MAUÁ, 2014)
Com relação aos bairros que fazem divisa com o PPABC, identifica-se (Figura 36):
4) Mauá: Jardim Sônia Maria, Jardim Silvia Maria, Jardim Paranavaí, Jardim
Ipê, Jardim Oratório (ZEIS), Vila Santa Cecília, Vila João Ramalho e
Capuava.
5) Santo André: Várzea do Tamanduateí, Jardim Alzira Franco, Jardim Rina,
Parque Capuava, Jardim Itapoan e Jardim Ana Maria
6) São Paulo: Parque São Rafael e Jardim São Francisco.
4.3 Informações sobre as indústrias localizadas no PPABC
Q u a d r o 8 – I nf o r m a ç õ e s s o b r e a s i n d ú s tri a s e n c o n t r a d a s n a á r e a d o P P A B C
Não Não
1 B a n d eira nt e Q uí mi c a Lt d a/ B r a z m o Si m Si m Si m Não P e t r o q u í m i c o s / I nfl a m á v e i s INFLA Não
localizado localizado
B r a s k e m Q 3 A B C I n t e r m e d i á ri o s ( a n ti g a Pr o d uto s P etro q uí mic o s
2 Si m Não Não Si m INFLA - - Si m
U NIP A R/ Q U A TT O R) (c u m e n o)
B r a s k e m Q 3 C K A B C ( a ntig a O l efi n a s, ar o m á ti c o s,
3 Si m Não Não Si m INFLA - - Si m
P etro q uí mic a U niã o) s olv e nt e s, c o m b u stív eis
B r a s k e m U N P E 7 A B C ( a n ti g a
4 Si m Não Não Si m P o li etil e n o INFLA - - Não
P o li etil e n o s S . A . )
B r a s k e m U N P P 4 A B C ( a n ti g a S u z a n o Não Não
5 Si m Si m Si m Si m P oli pr o pil e n o INFLA Si m
P e t r o q u í m i c a / P o li b r a sil) localizado localizado
B R K A m bi e nt al ( A q u a p ol o - E st a ç ã o d e Á g u a d e re u s o (pro v e nie nte d a
6 Si m Não Não Não Sem inf. - - Não
Tr ata m e nt o d e M a u á) ETE do ABC)
C A B O T B r a sil I n d . e C o m . L t d a ( a n ti g a N egro de Fu m o (gás INFLA e
7 Si m Si m Si m Si m
TOX
NÃO GER. Não
C a p u ava Carbonos) n a t u r al/ a m ô ni a )
A d i ti v o s p a r a c o m b u s tí v ei s e
8 C h e v r o n O r o n it e B r a sil Lt d a Si m Não Não Si m INFLA - - Si m
l u b r i fi c a n t e s
não
11 C o p a g a z D i stri b ui d o r a d e G á s S . A . Não Si m Si m Não GLP INFLA NÃO calculado Não
O x i t e n o S . A. - U ni d a d e Q u í m i c a ( a n ti g a
18 Si m Si m Si m Si m T e n s o a tiv o s INFLA - - Si m
A tl a s)
P E T R O B R Á S - R e fi n a ri a d e C a p u a v a Não INFLA e
19
Nota 3
Si m Si m Não D e riv a d o s d e P etr óle o
TOX
NÃO GER. Si m
RECAP
115
31 B r a s k e m (t err e n o d a a n ti g a F o sf a nil) Si m - - - - - - - Si m
32 P h ili p s d o B r a sil ( d e s a ti v a d a ) - - - - - - - Si m
F o n t e s : ( 1 ) sit e C O F I P A B C ( 2 0 2 0 ); ( 2 ) R e l at ó ri o d e Á r e a s C o n t a m i n a d a s n o E s t a d o d e S ã o P a u l o ( C E T E S B , 2 0 1 9 ) , ( 3 ) sit e A B I Q U I M ( d a d o s o r g a n i z a d o s p e l a
a ut or a ).
N otas:
1 ) O ti p o d e p r o d u t o p e ri g o s o f oi i nf e ri d o p el a a u t o r a c o m b a s e n a s i nf o r m a ç õ e s d o s it e d a e m p r e s a , c o n s ul t a a o E A R e à fi c h a d e s e g u r a n ç a d o p r o d u t o q u í m i c o
( C E T E S B, 2 0 2 0).
2 ) A e m p r e s a A k z o N o b e l, a p e s a r d e s e r s ó ci a d o C O F I P A B C , e s t á l o c ali z a d a f o r a d o s li m it e s d o P P A B C .
3 ) A R e fi n a ri a R E C A P d a P E T R O B R A S , a p e s a r d e n ã o s e r s ó c i a d o C O F I P A B C , p a rti ci p a d o P A M / N U P D E C d e C a p u a v a .
Legenda:
ABIQUIM = Associação Brasileira da Indústria Química NEG. = Região Negligenciável do Risco Social
COFIP ABC= Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC PGR = Programa de Gerenciamento de Risco
COMB. = Produto combustível, sujeito somente a cenários de incêndio. RI = Risco Individual
EAR = Estudo de Análise de Risco RS = Risco Social
GLP = Gás Liquefeito do Petróleo TOX.= Produto que forma nuvem tóxica. Letal se inalado em condições específicas de concentração e
GER. = Região Gerenciável do Risco Social tempo de exposição
INFLA = Produto inflamável, sujeito a cenários acidentais de incêndio e explosão
116
Como pode ser observado no Quadro 8, a grande maioria das indústrias produz
ou armazena produtos inflamáveis, portanto, é possível a ocorrência de incêndios e
explosões. Há também indústrias que manuseiam produtos químicos tóxicos que
podem formar nuvens com concentrações nocivas ao ser humano, sob condições
meteorológicas e tempo de exposição específicos.
✓ Criação em 1973 do Plano de Auxílio Mútuo (PAM) para atuar nas emergências
(plano pioneiro no País nessa modalidade).
60 Acredita-se que Klein (2011) usou o termo “derrubada da lei” para referir-se ao Artigo 15 da Lei
1.817/1978 que proibia a alteração do processo produtivo e ampliação de indústrias do petróleo e
petroquímicas, por serem consideradas “incompatíveis” com o interesse metropolitano (SÃO PAULO
(ESTADO), 1978). No entanto, em 2002, o Artigo 15 da Lei 1.817 foi revogado na Lei 11.243/2002 e
passou a aceitar alterações e ampliações, desde que fossem adotados sistemas de controle de
poluição baseados na melhor tecnologia disponível, de modo a garantir o gerenciamento ambiental
(SÃO PAULO (ESTADO), 2002).
119
61 Em 2019 uma nova pesquisa envolveu 882 pessoas com a pergunta: “o que vem à mente quando o
assunto é o Polo Petroquímico?”. As repostas foram: “economia local”, “geração de empregos” e
“renda para as cidades”, porém “poluição” ainda é um assunto que gera dúvidas aos entrevistados
(COFIP ABC, 2019; CONCAWE, 2018)
62 O Grupo de Sinergia, criado em 1996, foi um projeto que envolvia ações de cooperação entre as
empresas do Polo com o objetivo de minimizar custos e explorar oportunidades de ganhos em escala.
Este projeto serviu de modelo para outros conglomerados industriais, como o Polo Automotivo do
Paraná e o Polo Petroquímico de Camaçari (KLEIN, 2011).
120
Tema Descrição
Por meio desse plano uma empresa pode recorrer ao apoio das demais em
PAM situações de emergência. Isto envolve recursos humanos e equipamentos, a
exemplo de profissionais da área médica e de segurança, brigadistas,
ambulâncias e viaturas de combate a incêndio.
Estabelece normas e procedimentos coletivos de segurança para a evasão de
pessoas do interior das fábricas, em situações de emergência. Para atender ao
PCP PCP, as empresas realizam treinamentos periódicos em seus sites e participam,
pelo menos uma vez por ano, de um exercício simulado conjunto que envolve
toda as pessoas do Polo63.
Estabelece normas e procedimentos para controle de situações de emergência
nas comunidades vizinhas ao Polo. Periodicamente são realizados exercícios
PEC simulados envolvendo a comunidade64, as empresas do Polo, agentes dos
municípios vizinhos, integrantes do Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa
Civil (NUPDEC), Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Militar, dentre outros
parceiros.
Fonte: COFIP ABC (2020).
63 O primeiro simulado do PCP organizado pelo COFIP ABC foi realizado em 12 de dezembro de 2017
e envolveu 2 mil profissionais das empresas do PPABC, defesa civil de Santo André, Mauá e São
Paulo, Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, CETESB, Guarda civil Metropolitana, 8º
grupamento do corpo de bombeiros, Polícia Militar, SAMU, Prefeituras de Mauá e de Santo André
(COFIP ABC, 2020).
64 O primeiro simulado do PAM com evasão da comunidade organizado pelo COFIP ABC foi realizado
em 7 de dezembro de 2019 e contou com a participação dos moradores das ruas Patagônia e
Paquistão, situadas no Parque Capuava, Santo André (COFIP ABC, 2019). A autora participou como
observadora desse simulado e pode constatar o envolvimento das instituições e participação da
comunidade.
121
Vale a pena notar que um dos princípios éticos do COFIP ABC é a redução do
risco das atividades de suas associadas mediante o relacionamento aberto e
respeitoso com a comunidade do entorno do Polo. Embora o COFIP siga esse
princípio, Luís Antônio Pazin; atual presidente do COFIP ABC biênio 2019-2020 e
diretor industrial das Unidades de Químicos da Braskem da região Sudeste; relata que
o grande desafio da instituição é manter uma relação de sustentabilidade com a
comunidade do entorno do Polo, “é o que chamamos de licença social de operação”65
diz ele, pois no entendimento de Pazin não há políticas públicas de urbanização para
tratar dessa questão (RD REPÓRTER DIÁRIO, 2019, p. 1).
65 Conforme Rocha a “licença social para operar não é prevista em lei, não está escrita em um papel e
não prevê penalidades legais”, diferentemente das licenças ambientais regulamentadas (INSTITUTO
ETHOS, 2016). A Licença Social para Operar (LSO) é uma anuência da comunidade para a operação
da atividade industrial por um longo prazo, baseada em laços de confiança entre a empresa e a
comunidade. De acordo com Rigout, sociólogo e avaliador de projetos sociais, há casos de sucesso
na implementação da LSO em mineradoras no Peru, Austrália e Canadá. No Brasil, a LSO foi
implementada por uma mineradora que envolveu a comunidade num projeto de agroecologia, que
transformou 50 famílias em empreendedores com influência sobre a economia local (RIGOUT, 2020).
122
Conti relata que não está sendo uma tarefa fácil construir um mapa que
represente o risco do Polo em sua integralidade. No julgamento do grupo do PAM
Capuava, um mapa de risco único para o PPABC facilitaria o trabalho de
esclarecimento das áreas de risco para a comunidade. Inicialmente, continua Conti,
“houve dificuldade em reunir os EARs das indústrias” (informação verbal), devido ao
revés dos processos burocráticos das empresas para autorizar a entrega dos estudos.
Além disso, houve dificuldades para compreender e definir as zonas de risco que
deveriam ser traçadas no mapa, pois em geral, os EARs contêm vários mapas com
diferentes resultados, o que torna a escolha da tipologia acidental um trabalho
complexo. Conforme Conti, o COFIP ABC pretende inicialmente fazer um contorno
somente com o alcance dos cenários acidentais mais significativos de explosão e
incêndio de cada indústria do PPABC.
68 Representantes da defesa civil de Mauá e Santo André confirmaram que não dispõem de mapas de
risco com a indicação de zonas de resposta para os acidentes industriais, assim como é feito para
as áreas de risco de inundação e deslizamentos de massa.
124
8) 2014: Plano Regional de Apoio Mútuo das /Defesas Civis do Grande ABC,
criação do Grupo Temático Impacto de Obras para investigar riscos
tecnológicos ocasionados por edificações.
Mas foi a partir de 2015 que as ações do CIGABC se voltaram para a integração
dos diversos riscos urbanos, quando o Consórcio inicia sua participação na Câmara
Temática Metropolitana de Gestão de Riscos Ambientais Urbanos; instituída pelo
Conselho de Desenvolvimento Metropolitano da Região Metropolitana de São Paulo.
Em 2016 forma-se a Subcomissão Regional de Prevenção, Preparação e Resposta
Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos do Grande ABC
(P2R2/ABC). A Subcomissão P2R2/ABC tem por objetivo principal analisar os
potenciais problemas envolvendo produtos químicos perigosos e criar um
procedimento coordenado de ações de resposta a emergências (CONSÓRCIO
INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2018).
No Estado de São Paulo, a base de dados mantida pela CETESB por meio do
Sistema de Informações sobre Emergências Químicas (SIEQ) fornece dados dos
casos atendidos pelo Setor de Emergências dessa instituição. A Tabela 10 apresenta
os números de casos para os sete municípios que compõem o Grande ABC no
período de janeiro de 1978 a dezembro 2019, enquanto que a Tabela 11 apresenta o
número de vítimas no mesmo período. Os totais e a distribuição de registros
encontrados para o Grande ABC podem ser comparados com os totais do Estado de
São Paulo no mesmo período. Deve-se levar em conta que nem todos os casos de
incêndios, explosões e vazamentos se convertem em chamadas de emergência para
a CETESB, portanto o número real de casos deve ser maior do que aqueles
registrados no banco de dados do SIEQ.
126
Ribeirão Pires
município da Região do
São Caetano
Grande ABC
Santo André
ABC Diadema
Paulo
Mauá
Total
Armazenamento 2 1 0 0 1 3 0 7 1,4% 315 3,6%
Indústria 18 7 3 1 4 17 4 54 10,4% 807 9,1%
Transporte por dutos 4 4 1 0 5 22 4 40 7,7% 278 3,1%
Postos de combustíveis 13 3 4 0 22 18 2 62 12,0% 738 8,3%
Transporte rodoviário 20 11 22 1 18 158 8 238 46,0% 5140 57,7%
Descarte 6 4 3 0 4 14 0 31 6,0% 493 5,5%
Outros 11 3 6 1 23 28 13 85 16,5% 1.134 12,7%
Total 74 33 39 3 77 260 31 517 100% 8.905 100%
Fontes: CETESB (2020) e Guerra (2017) (atualizado pela autora)
Nota: no total do Estado de São Paulo foram subtraídos os casos do Grande ABC
Número de
Ribeirão Pires
vítimas/evacuados x
São Caetano
Grande ABC
Santo André
tipo de emergência
Diadema
Paulo
Mauá
Total
Nota: no total do estado de São Paulo foram subtraídos os casos do Grande ABC
127
São Caetano
Santo André
Diadema
Mauá
Total
Imigrantes 5 0 0 0 0 31 0 36
Anchieta 2 0 0 0 0 28 0 30
Rodoanel Mário Covas 0 1 4 0 1 10 0 16
Ruas e Avenidas/ Estradas vicinais 4 6 2 0 4 4 3 23
Índio Tibiriçá 0 0 5 0 0 3 0 8
Caminho do Mar 0 0 0 0 0 2 0 2
Interligação Imigrantes - Anchieta 0 0 0 0 0 2 0 2
SP 133 0 0 0 0 1 0 0 1
Não identificada 9 3 11 1 12 76 4 116
Total 20 10 22 1 18 156 7 234
Fonte: CETESB – Emergência Química (2020).
Q u a d r o 1 0 – H i st ó ri c o d e at e n di m e n t o s d a C E T E S B n a s p r o xi m i d a d e s d o P P A B C , n o p e r í o d o d e m a i o d e 1 9 9 2 a f e v e r eir o d e 2 0 1 9
Classe do Informações
Data Local Munícipio Atividade Empresa Causa Produto produto complementares
09/05/1992 Polo do Grande ABC Mauá transporte por PETROBRAS Duto rompimento de óleo combustível INFLA nada consta
duto RECAP-UTINGA oleoduto
15/07/1992 Polo do Grande ABC Santo André indústria Petroquímica União não especificada nafta INFLA nada consta
16/07/1994 Av. Alberto Soares Sampaio Mauá transporte por PETROBRAS Duto furo em oleoduto óleo combustível INFLA nada consta
duto RECAP-UTINGA
05/11/1994 não especificado Santo André outras não pertinente não especificada gasolina INFLA nada consta
17/06/1996 Av. Alberto Soares Mauá indústria Cia Paulista de não especificada amônia anidra TOX nada consta
Sampaio, 2000 Fertilizantes
11/10/1997 não especificado Santo André outras não pertinente não especificada produto químico N.C. nada consta
diverso
09/07/1998 não especificado Santo André não identificada não pertinente outra óleo diesel INFLA 0 vítimas/ evacuados
22/08/1998 não especificado Mauá outras não pertinente não especificada éter etílico - 0 vítimas/ evacuados
Meio atingido: solo
22/08/1998 não especificado Mauá outras não pertinente não especificada gasolina INFLA 0 vítimas/ evacuados
Meio atingido: solo
10/02/1999 Av. Cap. Mário Toledo de Santo André transporte por duto de 14 ação de terceiros GLP INFLA 0 vítimas/ evacuados
Camargo, 5049 duto polegadas (tentativa de furto)
04/06/1999 Av. Industrial, 657 Santo André indústria Empresa Paulista de outra ácido clorídrico, CORR 0 vítimas/ evacuados
Reciclagem Ltda hidróxido de sódio,
ácido nítrico
Meio atingido: ar
20/04/2000 não especificado Mauá outras não pertinente falha operacional metano INFLA 0 vítimas/ evacuados
Meio atingido: ar e solo
23/12/2000 não especificado Santo André não identificada não pertinente tubulação GLP INFLA 0 vítimas/ evacuados
Meio atingido: ar, solo
05/05/2001 não especificado Santo André não identificada não pertinente outra gasolina INFLA 0 vítimas/ evacuados
Meio atingido: -
14/07/2001 não especificado Santo André não identificada não pertinente outra gasolina INFLA 0 vítimas/ evacuados
Meio atingido: água, fauna
14/08/2001 não especificado Santo André não identificada não pertinente outra gasolina INFLA 0 vítimas/ evacuados
Meio atingido: -
27/05/2002 não especificado Santo André outras não pertinente não identificada amônia anidra TOX 0 vítimas/ evacuados
Meio atingido: -
03/06/2002 não especificado Mauá não identificada não pertinente não identificada gasolina INFLA 0 vítimas/ evacuados
Meio atingido: -
07/02/2003 Av. dos Antúrios, 1145 Mauá indústria Ecoper Química incêndio produtos químicos INFLA 0 vítimas/ evacuados
Ltda. diversos Meio atingido: -
130
Classe do Informações
Data Local Munícipio Atividade Empresa Causa Produto produto complementares
11/02/2004 Av. Alberto Soares Mauá indústria Bandeirante Química incêndio de Thinner INFLA 0 vítimas/ evacuados
Sampaio, 1240 Ltda. caminhão Meio atingido: -
09/07/2004 Av. Alberto Soares Sampaio, Mauá transporte por duto PETROBRAS Duto furo no oleoduto resíduo oleoso INFLA 0 vítimas/ evacuados
2000/ Ferrovia RFFSA RECAP-UTINGA Meio atingido: solo
30/06/2008 R. Acarape, 599, Jardim Santo André indústria MARFRIG Frigoríficos e falha mecânica amônia anidra TOX 0 vítimas/ evacuados
Estela comércios Ltda Meio atingido: ar, solo
15/10/2012 não especificado Santo André outras não pertinente tubulação GLP INFLA 0 vítimas/ evacuados
Meio atingido: ar
27/09/2013 Av. Papa João XXIII, sobre Mauá transporte não especificado Colisão e ruptura Cola N.C. 0 vítimas/ evacuados
Av. João Ramalho rodoviário caminhão-tanque Meio atingido: -
04/10/2013 Av. Papa João XXIII com Mauá transporte não especificado Tombamento de Thinner INFLA 2 vítimas feridas
Av. Jacú Pêssego rodoviário caminhão-tanque Meio atingido: água, ar
04/07/2015 Av. das Indústrias com Av. Mauá transporte por duto não especificado não especificada resíduo aromático INFLA 8 vítimas/ evacuados
Ayrton Senna s/n de pirolise Meio atingido:água,ar,flora
26/11/2015 Av. Papa João XXIII, 3521, Mauá indústria Repanol Lavanderia tanque ácido clorídrico CORR 0 vítimas/ evacuados
Vila Assis Industrial Ltda Meio atingido: ar
03/04/2016 Polo do Grande ABC Santo André armazenamento Braskem vazamento de ácido acrílico CORR 4 vítimas/ evacuados
duto inibido Meio atingido: ar
17/04/2017 Av. Sapopemba, 370, Santo André transporte por duto não especificado ação de terceiros GLP INFLA 10 vítimas/ evacuados
Jardim Utinga (trepanação69) Meio atingido:água,ar,solo
10/05/2017 R. Taubaté, 1130, Utinga Santo André transporte por duto não especificado ação de terceiros nafta INFLA 0 vítimas/ evacuados
(tentativa de furto) Meio atingido: ar, solo
20/05/2017 R. João Nincão 202, Mauá indústria Durocromo Ind. e incêndio Inflamável INFLA 0 vítimas/ evacuados
Capuava Com. Ltda Meio atingido: ar
08/04/2017 Rua Jurassi Fernandes 69, Mauá transporte de Trans MRA Lima incêndio em Inflamável INFLA 0 vítimas/ evacuados
Capuava produtos químicos Ltda caminhão-tanque Meio atingido: ar
08/09/2017 Avenida Sapopemba, 1580, Santo André transporte por não especificado ação de terceiros nafta INFLA 0 vítimas/ evacuados
Jardim Utinga duto (tentativa de furto) Meio atingido: ar
23/10/2019 Av. João Ramalho 1000, Mauá transporte não especificado descarte de Decapante CORR 0 vítimas/ evacuados
acesso Av. Papa João XXIII produto (semelhante ác. Meio atingido: -
rodoviário clorídrico)
Legenda: INFLA: produto inflamável CORR.: produto corrosivo 24 vítimas/evacuados
TOX: produto tóxico N.C.: não classificado Total Meio atingido: ar, água,
solo e flora
F o n t e : S I E Q ( C E T E S B , 2 0 2 0 ) e A p li c a ti v o d e G e o r r e f e r e n ci a m e n t o d e E m e r g ê n ci a s Q u í m i c a s d a C E T E S B ( 2 0 2 0 ) .
N o t a: o pr o d ut o pr o d u zi d o foi i nf eri d o c o m b a s e n o c ó d i g o C N A E e p e s q ui s a n o site d a e m p r e s a.
69 T r e p a n a ç ã o é u m a t é c n i c a q u e c o n s i s t e n a i n s t a l a ç ã o d e u m a d e r i v a ç ã o c l a n d e s t i n a n o d u t o p e r f u r a d o ( S E N A D O F E D E R A L , 2 0 1 7 )
131
70 Arjan M. C. Boxman do RIVM foi um dos entrevistados nos Países Baixos (ver item 2.5.1).
133
71 A questão sobre os obstáculos para implantação da abordagem metodológica foi sugerida pela Dra.
Claudia Basta durante entrevista realizada na Agência de Avaliação Ambiental nos Países Baixos
(PBL – Netherlands Environmental Assessment Agency).
134
Petroquímica; 2;
14% Energia; 5; 36%
Petróleo; 3; 21%
Química; 4; 29%
Gestão
Operacional; 1; 7% Engenharia; 2;
14%
Consultoria em
Análise de Risco
Outros* 4
5
50%
Atendimento a Emergência
de Acidentes Industrias
1
10%
A maioria dos entrevistados (46%) respondeu que não havia tido contato com
um EAR elaborado conforme norma P4.261 da CETESB, enquanto que 32%
responderam que ‘Sim’ já haviam tido contato com EAR e 22% responderam que ‘Não
tenho certeza’ (Figura 42).
135
Não tenho
certeza; 11; 22% Sim; 16; 32%
Entre aqueles que ‘não’ tiveram contato com um EAR, aproximadamente 70%
eram do Setor Público, enquanto que aqueles que responderam ‘não tenho certeza’
eram Prestadores de Serviço e do Setor Industrial. Aqueles que responderam que já
haviam tido contato com um EAR eram do Setor Público (44%), do Setor Industrial
(38%) e Prestadores de Serviço (18%).
Figura 43 – Qual das opções (resultados de um EAR) você acredita ser mais
adequado para considerar no planejamento urbano e nos planos de contingência da
defesa civil? (50 entrevistados)
Opção 1 - Mapas de
Vulnerabilidade; 37;
74%
Opção 1 - Mapas de Vulnerabilidade: são mapas elaborados com o alcance das consequências de cada
tipologia acidental (incêndio, explosão e nuvem tóxica), definindo as zonas de risco em função da
probabilidade de fatalidade (100%, 50%, 1%).
Opção 2 - Curva do Risco Social: representa o risco quantitativo para um agrupamento de pessoas presentes
na vizinhança de uma instalação perigosa. A curva do RS é construída com pontos de frequência acumulada
da ocorrência dos cenários acidentais (F) versus o número de fatalidade (N), sendo desenhada no gráfico
com os limites de risco tolerável (linha verde) e intolerável (linha vermelha) definidos na norma P4.261.
Opção 3 - Curvas de Isorrisco: curvas calculadas considerando a frequência de ocorrência dos cenários
acidentais e a probabilidade de fatalidade para uma única pessoa (por isso se chama Risco Individual - RI).
As frequências são somadas em cada célula da área total de abrangência do tipologia acidental de maior
alcance (pontos x,y). As curvas são traçadas sobre imagens georreferenciadas contornando as células com
risco da mesma ordem de grandeza, por isso é conhecida por curva de isorrisco (mesmo valor de risco). O
valor de RI = 10-5/ano é considerado intolerável de acordo com a norma P4.261.
• “as curvas do tipo ‘iso’; a exemplo de outras aplicações, tais como: ‘iso-
oxigênio dissolvido’ e ‘iso-temperatura’ em reservatórios de água, ‘iso-ruído’
no entorno de instalações industriais e aeroportos; transmitem melhor as
condições de risco, embora sejam abstrações da realidade e subjetivas.
Juntar as curvas ‘iso’ (mix da Opção 1 e 3) pode ajudar a visualizar
espacialmente a abrangência do risco. A Opção 2 é abstrata para a
população de risco, embora fundamental para o gestor do risco”.
139
A teoria de Weber citada por LAUTERT e ARAÚJO (2007) sobre os fatores que
influenciam a localização das indústrias, também pode ser confirmada no histórico de
implantação do PPABC, visto que, houve tanto fatores regionais geográficos (o local
já era usado como trilha do povo indígena Tupiniquim, a Estrada de Ferro Santos-
Jundiaí construída em 1860 facilitou os acessos ao Porto de Santos e ao mercado
consumidor de São Paulo); quanto fatores locais, independentes da geografia,
associados aos aspectos da economia resultante da proximidade entre as indústrias,
quais sejam: disponibilidade de matérias-primas fornecidas pela refinaria de petróleo,
a otimização de recursos e a mobilização integrada das indústrias. Além desses
fatores locais, as indústrias receberam incentivo fiscal do município de Mauá
(evidenciado no Plano Diretor de Mauá de 1970). Há indícios de que a relação
integrada gerada pela aglomeração entre as indústrias do PPABC incitou a alteração
da Lei Estadual 1.817/1978 (SÃO PAULO (ESTADO), 1978), que proibia a ampliação
de indústrias de petróleo e petroquímicas, passando a ser permitida a partir de 2002
(SÃO PAULO (ESTADO), 2002).
Cecília em Mauá, assim como, Jardim Ana Maria, Jardim Itapoan, Parque Capuava e
Jardim Rina em Santo André (Figuras 25, 26 e 36). Faz-se notar no Plano Diretor de
Mauá de 1970 (PREFEITURA DE MAUÁ, 1970) a transferência de núcleos
residenciais existentes na zona industrial de Capuava, sugerindo que havia
residências na área do PPABC e que foram removidas.
72 Essa área refere-se ao bairro Capuava, que deu origem ao nome do Polo e que, conforme,
informação verbal recebida da equipe da Secretaria de Planejamento Urbano do Município de Mauá,
o bairro Capuava já existia antes da regulamentação que definiu o zoneamento.
143
que há indústrias com produtos químicos perigosos instaladas na Av. Alberto Soares
Sampaio, a dizer: Bandeirantes Química (inflamável), Compass (tóxico), Copagaz
(inflamável), Consigaz (inflamável), Liquigás (inflamável), SHV Gás (inflamável) e
Ultragaz (inflamável) indicadas na Figura 36. Desta forma, há potencial para a
ocorrência de incêndio, explosão e nuvem tóxica nessa região, portanto, não se
recomenda o uso residencial e adensamento nessa zona (ZDE 2).
notam-se edificações precárias na rua Santo André Avelino em São Paulo. Essas
áreas devem ser mantidas livres de edificações residenciais aproveitando o atual
desenho urbano. A gestão de áreas de risco de desastres no Brasil tem sido apontada
por vários estudiosos como ‘ineficiente’, tanto por falta de regulamentação, quanto por
falta de fiscalização (ABGE, 2020; LOPES, 2017; NOGUEIRA; OLIVEIRA; CANIL,
2014).
Figura 45 – Detalhe da ocupação na rua Santo André Avelino, Parque São Rafael
em São Paulo, SP, em 2020
Apesar dos EARs serem documentos públicos, não foi possível ‘dar vistas’ a
todos os estudos, pois os mesmos não foram localizados nas agências da CETESB e
nem com representantes das indústrias do Polo. Além disso, houve muita resistência
por parte das indústrias em fornecer informações detalhadas sobre os seus cenários
acidentais. Essas dificuldades podem ser entendidas como demonstração da ‘cultura
do segredo de risco’ mencionada por Taveau (2010) e Dechy et al. (2004).
Não foram localizados mapas com zonas de risco para o PPABC, com exceção
do mapa que está sendo elaborado pelo COFIP ABC para ser incluído no Estatuto do
PAM Capuava. A ausência de mapas com a identificação das áreas de risco
impossibilita definir com precisão a localização da população vulnerável, bem como,
as rotas de fuga para a evasão da comunidade.
A questão sobre qual o resultado do EAR seria mais adequado para considerar
no planejamento urbano e nos planos de contingência resultou na ‘Opção 1 – Mapas
de Vulnerabilidade’ com 74% dos entrevistados, enquanto que a ‘Opção 3 – Curva do
Risco Social’ obteve apenas 8% da preferência dos entrevistados. Os mapas de
vulnerabilidade foram considerados pelos entrevistados como mais apropriados “para
embasar legislação de ordenamento de uso, ocupação e parcelamento do solo”,
podendo ser interpretados mais intuitivamente, “o que pode facilitar o planejamento
urbano em municípios inexperientes com o assunto”, além do mais, eles reúnem
“informações úteis para os atores envolvidos, incluindo a população que pode ser
afetada”, pois definem “claramente as áreas de risco que devem ser priorizadas em
um plano de contingência da defesa civil”. Os mapas de vulnerabilidade (Opção 1 do
questionário) também foram considerados ‘mais confiáveis’ ou ‘menos ruim’, pois não
estão relacionados “com ‘critério de risco tolerável’, que é um entendimento
pragmático para algo com muitas variáveis”, no entanto, a probabilidade de fatalidades
148
utilizada nos cálculos da Opção 1 foi considerada “um guia inseguro para ações
corretivas”.
[...] os casos em que o risco social for considerado atendido, mas o risco
individual for maior que o risco máximo tolerável, a CETESB, após avaliação
específica, poderá considerar o empreendimento aprovado, uma vez que o
enfoque principal na avaliação do risco está voltado para agrupamentos de
pessoas possivelmente impactadas por acidentes maiores, sendo o risco
social o critério prioritário nesta avaliação. (CETESB, 2011, p. 36/140).
Desta forma, a tomada de decisão para a emissão das licenças ambientais está
baseada no Risco Social, que conforme RIVM dos Países Baixos, é considerado um
critério ‘não adequado’ para o PGT.
73 Hans Boot do TNO foi um dos entrevistados nos Países Baixos (ver item 2.5.1).
149
74O Plano Diretor de Mauá foi considerado incompleto, visto que o zoneamento da Av. Alberto Soares
Sampaio não está adequado para adensamento urbano, pois há potencial para incêndio, explosão e
nuvem tóxica nessa região.
153
Notas:
1) Os alcances para 100% de probabilidade de fatalidade de ‘incêndio em nuvem’ foram
descartados, visto depender de fatores probabilísticos de direção do vento, existência de
fontes de ignição, fatores de proteção e de exposição. O que torna o valor incerto para
efeito de definição de zoneamento e ações de emergência.
2) O Risco Social em gráfico não será utilizado para PGT, por ser considerado de difícil
interpretação por parte dos gestores do planejamento urbano, defesa civil e indústria.
3) Adotar a maior distância entre a curva de isorrisco e o alcance para 100% de
probabilidade de fatalidade.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
75 O Anexo A da norma P4.261 da CETESB (2014, p. 73/140) apresenta uma relação de produtos
químicos considerados tóxicos, no entanto, a Parte I da norma apresenta um método para classificar a
toxicidade de outros produtos químicos não relacionados no Anexo A.
160
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sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 4 ago. 2004.
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APÊNDICES
1) Introdução
76 O termo “empreendimento” é utilizado na norma P4.261 para designar indústrias, bases, terminais e
dutos (CETESB, 2014).
77 A norma P4.261 adota os termos “substância química”, “substância inflamável”, “substância tóxica”
para designar produtos químicos perigosos (nota da autora).
173
Referência (dr) refere-se ao alcance dos efeitos das hipóteses acidentais até 1% de
probabilidade de fatalidade, seja para incêndio e explosão, ou para nuvem tóxica (os
pressupostos dos cálculos realizados pela CETESB para determinar a dr em função
do volume armazenado encontram-se apresentados no Anexo C da norma P4.261).
Risco intolerável
Limite RI >1x10-5/ano
intolerável
Risco a ser reduzido
Limite
tolerável RI<1x10-6/ano
Risco Tolerável
Fonte: norma P4. 261 (CETESB, 2011, p. 32/140) (organizado pela autora)
Fonte: norma P4. 261 (CETESB, 2011, p. 35/140) (organizado pela autora)
Os seguintes artigos foram selecionados que tratam de análise de risco de acidentes industriais e planejamento territorial,
tendo sido publicados em periódicos acadêmicos entre 2000 a 2017.
Item Autor (es) Título do artigo Ano País do(s) Tema do artigo Periódico
autor(es)
1 Alileche, Nassim; Olivier, Analysis of domino effect in the 2017 França e Método para considerar o Safety science 97, 2017,
Damien; Estel, Lionel; process industry using event tree Itália efeito dominó nas AQR e PGT p. 10-19
Cozzani, Valerio method
2 Basta, Claudia Siting technological risks cultural 2011 Países Discute questões culturais das Journal of Risk
approaches and cross-cultural Baixos diferentes abordagens Research, v. 14, No. 7,
ethics metodologias para Aug. 2011, p.799–817
mapeamento de risco
3 Basta, Claudia; Neuvel, Risk-maps informing land- 2007 Países Estudo comparativo entre Journal of Hazardous
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Kingdom recent developments
4 Bonvicini S., Ganapini S., The description of population 2012 Itália Propor método para definir Risk Analysis, 2012;
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analysis usando análises quantitativas
de risco para apoiar PGT
5 Bonvicini, Sarah; A hazmat multi-commodity routing 2008 Itália Escolha de rota rodoviária com Journal of Loss
Spadoni, Gigliola model satisfying risk criteria: a case critérios de aceitabilidade de Prevention in the Process
study risco para apoiar PGT Industries, 2008, v.21(4),
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7 Cahen, Bruno Implementation of new legislative 2006 França Discute a evolução da Journal of Hazardous
measures on industrial risks legislação (remoção de Materials, 2006, v.130(3),
prevention and control in urban edificações da área de risco) p.293-299
areas
186
Item Autor (es) Título do artigo Ano País do(s) Tema do artigo Periódico
autor(es)
8 Christou, Michalis D.; Land-use planning in the vicinity of 2000 Itália Discute as abordagens Journal of Hazardous
Mattarelli, Marina chemical sites: risk-informed metodológicas para Materials, V. 78, 2000, p.
decision making at a local mapeamento de risco e 191-222
community level aplicação em PGT
9 Christou, Michalis; Risk assessment in support to land- 2011 Itália Discute estudo do European Journal of loss prevention
Gyenes, Zsuzsanna; use planning in Europe: towards Working Group e as in process industries,
Struckl, Michael more consistent decisions? influências nas diferentes v.24, 2011, p. 219-226
abordagens de mapeamento
de risco e PGT
10 Contini, Sergio; Bellezza, The use of geographic information 2000 Itália Discute ferramentas SIG para Journal of Hazardous
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11 Cozzani, Valerio; Bandini, Application of land-use planning 2006 Itália e Discute as abordagens Journal of Hazardous
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Coze, Jean-Christophe
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no PGT
14 Galderisi, Adriana; A method for na-tech risk 2008 Itália Propõe método para Natural Hazards, 2008,
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strategies
15 Gheorghe, Adrian; Decision support systems for risk 2004 Suíça Propõe abordagem para Journal of Hazardous
Vamanu, Dan mapping: viewing the risk from the facilitar a comunicação do Materials, v.111(1), p.45-
hazards perspective risco: mapear o risco 55
relacionando com as
consequências
187
Item Autor (es) Título do artigo Ano País do(s) Tema do artigo Periódico
autor(es)
16 Girgin, S.; Krausmann, E. RAPID-N: Rapid natech risk 2013 EUA Propõe metodologia para Journal of Loss
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18 Hauptmanns, Ulrich A risk-based approach to land-use 2005 Alemanha Propõe método para Journal of Hazardous
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baseada em risco
19 Khakzad, Nima; Reniers, Cost-effective allocation of safety 2017 Países Propõe metodologia Safety Science, special
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21 Kontić, Davor; Kontić, How powerful is ARAMIS 2006 Eslovênia Avalia a metodologia ARAMIS Journal of Hazardous
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22 Lari, S.; Frattini, Paolo; Integration of natural and 2009 Itália Propõe método para avaliar Natural Hazards and
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23 Lenoble, Clement; Introduction of frequency in France 2011 França Avaliar legislação francesa Journal of Loss
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188
Item Autor (es) Título do artigo Ano País do(s) Tema do artigo Periódico
autor(es)
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Shushen; Yu, Chen; Support Land-Use Planning Using metodológicas para aplicação Issue 8; Aug. 2015;
Zheng, Hongbo; Song, a Severity-Vulnerability no PGT p.1503–1519
Guobao; Semakula, Combination Method: A Case Study
Henry Musoke; Chai, in Dagushan Peninsula, China
Yingying
26 Marzo, E.; Busini, V.; Definition of a short-cut 2015 Itália Metodologia para avaliação de Reliability Engineering
Rota, R. methodology for assessing the risco Na-Tech and System Safety
vulnerability of a territory in natural– 134(2015), p.92–97
technological risk estimation
27 Nijenhuis, Rene; The use of the flash environment 2014 Suíça Discute abordagens para LUP Journal of Environmental
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environmental emergency Management, Sep 2014,
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response
28 Paltrinieri, Nicola; Dechy, Lessons Learned from Toulouse 2012 França, Discute lições aprendidas no Risk Analysis, v. 32, No.
Nicolas; Salzano, and Buncefield disasters: from risk Itália e pós-desastre 8, 2012, p. 1404-1419
Ernesto; Wardman, Mike; analysis failures to the identification Reino
Cozzani, Valerio of a typical scenarios through a Unido
better knowledge management
29 Pasman, Hans; Reniers, Past, present and future of 2014 Bélgica e Aplicação de AQR para PGT Journal of Loss
Genserik Quantitative Risk Assessment EUA Prevention in the Process
(QRA) and the incentive it obtained Industries 28 (2014), p.2-
from Land-Use Planning (LUP) 9
30 Porto, M.F. de S.; Freitas, Vulnerability and industrial hazards 2008 Brasil Discute as abordagens Futures vol. 35, p. 717-
C.M. de in industrializing countries: an integradas e a questão da 736
integrative approach vulnerabilidade nos acidentes
industriais
189
Item Autor (es) Título do artigo Ano País do(s) Tema do artigo Periódico
autor(es)
31 Ramírez-Camacho, J. Assessing the consequences of 2017 Espanha e Avalição das consequências Safety Science, special
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33 Salvi, Olivier; Merad, Toward an integrative approach of 2005 França Lições aprendidas (Pós- Journal of Loss
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35 Schweitzer, Lisa Accident frequencies in 2008 EUA Justiça ambiental e o PGT Journal of Hazardous
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36 Sebos, Ioannis; Progiou, Land-use planning in the vicinity of 2010 Grécia Avaliação de risco e Journal of Hazardous
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Ioannis
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Florent of technological risks by do risco considerando a v.79(3), p.1531-1548
combining hazard and the vulnerabilidade do território
vulnerability of assets
38 Spadoni, G.; Egidi, D.; Through ARIPAR-GIS the 2000 Itália Uso de AQR no PGT Journal of Hazardous
Contini, S. quantified area risk analysis Materials, Jan 7, 2000,
supports land-use planning v.71 (1-3), p.423-437
activities
190
Item Autor (es) Título do artigo Ano País do(s) Tema do artigo Periódico
autor(es)
39 Stojanović, Božidar; Chemical and radiological 2006 Sérvia Avaliação da vulnerabilidade a Spatium, 01 January
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191
Coordenada Coordenada
Item Razão Social Endereço UTM X (m) UTM Y (m) CNPJ(1) CNAE(1)
Oxiteno S.A. - Unidade Química 62.545.686/0002- 20.29-1-
18 Av. das Indústrias, 365, 09380-435, Mauá, SP 348855,480 7383264,760
34 00
(antiga Atlas)
Petrobrás - Refinaria Capuava Av. Alberto Soares Sampaio, 2122, 09380-000, Mauá, 33.000.167/0852- 19.21-7-
19 348886,692 7383038,575
63 00
RECAP SP
Av. Pres. Costa e Silva, 2119, 09270-000, Santo André, 57.550.766/0001- 22.22-6-
20 Plastifama Ind. e Com. Plásticos Ltda 348361,689 7385600,409
67 00
SP
PoliRubber Ind. e Com. Borracha 57.499.907/0001- 22.19-6-
21 Av. Alberto Soares Sampaio, 944, 09380-000, Mauá, SP 349659,231 7382615,572
64 00
Eireli
QuantiQ Distribuidora Ltda (antiga 62.227.509/0032- 46.84-2-
22 Av. Ayrton Senna da Silva, 2336, 09380-440, Mauá, SP 350470,591 7384512,504
25 99
Ipiranga)
SHV Gás Brasil Ltda (antiga Av. Alberto Soares Sampaio, 1300, 09380-000, Mauá, 19.791.896/0007- 46.82-6-
23 349393,946 7382843,089
98 00
SuperGasBras) SP
59.689.323/0001- 20.71-1-
24 Sulan Ind. e Com. de Tintas Ltda Av. João do Prado, 298, 09270-160, Santo André, SP 348650,355 7386117,482
87 00
Ultragaz S.A. - Terminal de 61.602.199/0003- 46.82-6-
25 Estrada da Servidão, 240, 09380-117, Mauá, SP 349297,74 7383133,647
84 00
Distribuição
61.602.199/0189- 46.82-6-
26 Ultragaz S.A. - Terminal Mauá Av. Alberto Soares Sampaio, 1098, 09380-000, Mauá, SP 349581,518 7382728,620
17 00
03.206.039/0001- 22.21-8-
27 Vitopel do Brasil Ltda Av. Ayrton Senna da Silva, 2037, 09380-440, Mauá, SP 350233,136 7384433,261
58 00
Av. Pres. Costa e Silva, 2629, 09270-000, Santo André, 35.820.448/0098- 20.14-2-
28 White Martins Gases Industriais Ltda 348563,518 7386334,944
69 00
SP
White Martins Gases Industriais Ltda 35.820.448/0166- 20.14-2-
29 Av. das Indústrias, 412, 09380-435, Mauá, SP 349779,859 7384561,888
44 00
- Unidade CO2
AkzoNobel (localizada fora dos 60.561.719/0001- 20.71-1-
30 Av. Papa João XXIII, 2100, 09370-800, Mauá, SP 349833,666 7379825,201
23 00
limites do PPABC)
Braskem (terreno vazio antiga Av. Alberto Soares Sampaio, 1550, 09380-000, Mauá,
31 349088,455 7383078,492 -
Fosfanil) SP
32 Philips do Brasil (Desativada) Av. Comendador Wolthers, 500, 09380-200, Mauá, SP 348130,210 7383422,700 - -
Fontes: Receita Federal (2018), site de cada empresa (2020)
Legenda:
CNAE = Código Nacional de Atividades Econômicas;
GLP = Gás Liquefeito do Petróleo;
UTM = Universal Transversa de Mercator, Zona 23S
193
CNAE Descrição da atividade conforme CNAE CNAE Descrição da atividade conforme CNAE
19.21-7-00 Fabricação de produtos do refino de petróleo 20.99-1-99 Fabricação de produtos químicos não especificados anteriormente
20.13-4-02 Fabricação de adubos e fertilizantes, exceto organo-minerais 22.19-6-00 Fabricação de artefatos de borracha não especificados anteriormente
20.14-2-00 Fabricação de gases industriais 22.21-8-00 Fabricação de laminados planos e tubulares de material plástico
20.21-5-00 Fabricação de Produtos Petroquímicos Básicos 22.22-6-00 Fabricação artefatos material plástico para outros usos não
20.29-1-00 Fabricação produtos químicos orgânicos não especificados especificados anteriormente
anteriormente 36.00-6-01 Captação, tratamento e distribuição de água
20.31-2-00 Fabricação de resinas termoplásticas 38.31-9-01 Recuperação de sucatas de alumínio
20.71-1-00 Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e lacas 46.82-6-00 Comércio atacadista de gás liquefeito de petróleo (GLP)
20.93-2-00 Fabricação de aditivos de uso industrial 46.84-2-99 Comércio atacadista outros produtos químicos e petroquímicos não
20.99-1-11 Fabricação de produtos químicos não especificados anteriormente especificados anteriormente
QUESTIONÁRIO ONLINE
Você está sendo convidado a participar da coleta de dados para o projeto de pesquisa GESTÃO DE RISCO DE
ACIDENTES INDUSTRIAIS INTEGRADO AO PLANEJAMENTO DO TERRITÓRIO: UM OLHAR PARA O POLO
PETROQUÍMICO DO ABC PAULISTA. A pesquisa aborda a Gestão do Risco de Acidente Industrial (GRAI)
integrada ao Planejamento e Gestão do Território (PGT), frente aos acidentes com produtos químicos perigosos
que possam resultar em incêndios, explosões e nuvens tóxicas, causando fatalidades e danos ao meio. Partindo
do pressuposto que não há uma gestão integrada entre o setor industrial e o setor público que efetivamente diminua
a vulnerabilidade da população e do meio ambiente exposto, propõe-se modelo utilizando informações existentes
nos Estudos de Análise de Risco (EAR); atualmente apresentados nos processos de licenciamento ambiental no
Brasil; para definir mapas com Zonas de Risco de fácil compreensão. Espera-se inovar com um canal de
comunicação entre o setor industrial e o setor público, além de contribuir com a GRAI no âmbito do PGT,
possibilitando a tomada de decisão quanto ao parcelamento, zoneamento, uso e ocupação do solo, além de definir
sistemas e equipamentos de proteção a serem instalados externamente as indústrias.
A sua contribuição consiste no preenchimento VOLUNTÁRIO de um questionário com 9 perguntas de múltiplas
escolhas, 1 justificativa discursiva e 1 questão discursiva. O tempo médio de preenchimento é de 10 minutos.
Algumas das questões tratam de Estudos de Análise de Riscos (EARs) elaborados conforme norma P4.261 da
CETESB, que apesar de serem documentos públicos, seus resultados podem causar desconforto e medo por
tratarem de cenários acidentais e de fatalidades. No entanto, tais documentos são estudos de prognósticos de
acidentes, que podem ou não vir a acontecer nas proporções indicadas.
As respostas discursivas serão analisadas pela PESQUISADORA e poderão ser incluídas no texto da tese. Para
evitar o risco de falhas de interpretação, somente as respostas que estiverem claras e compreensíveis serão
utilizadas (poderão ser utilizadas parte de uma resposta que façam sentido com a reposta de outro VOLUNTÁRIO).
Nenhuma das respostas discursivas será vinculada ao nome do VOLUNTÁRIO.
O VOLUNTÁRIO poderá manter-se ‘anônimo’, informando sua vontade ao final da pesquisa. Caso o VOLUNTÁRIO
queira contribuir com informações complementares, o mesmo poderá fazer contato diretamente com a
PESQUISADORA, por meio do contato informado ao final deste termo.
Os benefícios esperados deste estudo são para o bem comum, não havendo benefício direto para o VOLUNTÁRIO,
pois trata-se de estudo para testar a hipótese de que é possível utilizar os resultados dos EAR para a elaboração
de mapas de risco, de forma a subsidiar a estruturação de políticas e planos públicos.
Não há qualquer tipo de despesa pessoal ao responder o questionário. Também não há compensação financeira
relacionada à participação do VOLUNTÁRIO. Se existir qualquer despesa não prevista que seja imputada pelo
VOLUNTÁRIO, a mesma deverá ser informada antecipadamente a PESQUISADORA, que avaliará se poderá
absorver tal custo no orçamento da pesquisa.
Em caso de dano pessoal comprovadamente causado pelos procedimentos desta coleta de dados, o
VOLUNTÁRIO tem o direito de solicitar indenizações legalmente estabelecidas.
Ficaram claros para mim quais são os propósitos, os procedimentos a serem realizados, os desconfortos e riscos,
as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação
é voluntária e isenta de despesas e que poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante
a entrevista, até a publicação da tese, sem penalidades, prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter
adquirido, ou no atendimento que recebo desta instituição.
Tendo em vista a quarenta durante a pandemia do Coronavírus, a PESQUISADORA responsável e o Comitê de
Ética em Pesquisa da UFABC poderão ser contatados nos e-mails elizabeth.alves@ufabc.edu.br,
cep@ufabc.edu.br ou pelos telefones: (11) 3356-7673 ou (11) 3356-7632.
QUESTIONÁRIO
Qual o setor de sua atuação profissional?
Setor Industrial ( )
Setor público ( )
Prestação de serviços ( )
Empresa privada ( )
Não represento nenhuma instituição ( )
2) Qual tipo de prestação de serviço?
Atendimento a emergências à acidentes industriais ( )
Consultoria em análise de Risco ( )
Outro tipo ( )
3) Você já teve contato com um relatório de Estudo de Análise de Risco (EAR) que tenha
sido elaborado conforme a norma P4.261 da CETESB?
Sim ( )
Não ( )
Não tenho certeza ( )
4) Qual área do setor público?
Defesa civil ( )
Infraestrutura ( )
Planejamento urbano ( )
Secretaria de Meio Ambiente ( )
5) Qual a área do setor industrial?
Energia ( )
Química ( )
Petróleo ( )
Petroquímica ( )
Transformação ( )
Outra ( )
6) Qual o departamento da sua atuação profissional na indústria?
Engenharia ( )
Segurança, Meio Ambiente e Saúde ( )
Outra ( )
7) Você já teve contato com algum Estudo de Análise de Risco (EAR) que tenha sido
elaborado conforme a norma P4.261 da CETESB?
Sim ( )
Não ( )
Não tenho certeza ( )
196
9) Em uma escala de 1 a 5, sendo 1 a pior e 5 a melhor avaliação, qual dos resultados abaixo
de um EAR você acredita ser mais adequado para considerar no planejamento urbano e nos
planos de contingência da defesa civil?
197
ANEXO