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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL PROGRAMA DE


PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS
DISCIPLINA INVENTÁRIO FLORESTAL

LEVANTAMENO FITOSSOCIOLÓGICO E ÍNDICES


VEGETACIONAIS

Prof.: José Antônio Aleixo da Silva e

Isabelle Maria Jacqueline Meunier

Discentes: Juan Alberto Villaseñor Perez

Raianny Nayara de Souza

Recife – 2015
Sumário

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2. PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS ......................................................................................... 4
2.1. DENSIDADE ............................................................................................................................... 4
2.1.1. Densidade Absoluta (DA) ..................................................................................................... 5
2.1.2. Densidade Relativa (DR) ...................................................................................................... 5
2.2. DOMINÂNCIA ............................................................................................................................ 6
2.2.1. Dominância Absoluta (DoA)................................................................................................. 6
2.3.2. Dominância Relativa (DoR) .................................................................................................. 7
2.3. FREQUÊNCIA ............................................................................................................................ 7
2.3.1. Frequência Absoluta (FA) ..................................................................................................... 7
2.3.2. Frequência Relativa (FR) ...................................................................................................... 8
2.3.3. Diagrama de frequência ........................................................................................................ 8
2.4. VALOR DE IMPORTÂNCIA (VI) ............................................................................................. 9
2.5. VALOR DE COBERTURA (VC) ............................................................................................. 10
3. ÍNDICES VEGETACIONAIS .......................................................................................................... 10
3.1. ÍNDICES DE DIVERSIDADE .................................................................................................. 10
3.1.1. Índice de Shannon (H’) ....................................................................................................... 11
3.1.2. Índice de Simpson (D)......................................................................................................... 12
3.1.3. Índice de Margalef .............................................................................................................. 13
3.1.4. Equabilidade de Pielou (J’) ................................................................................................. 14
3.2. SIMILARIDADE ....................................................................................................................... 14
3.2.1. Coeficiente de Jaccard (Sj) .................................................................................................. 14
3.2.2. Coeficiente de Sorensen (Ss)............................................................................................... 15
3.3. ÍNDICE DE AGREGAÇÃO ...................................................................................................... 15
3.3.1. Índice de McGuinnes (IGA) ................................................................................................ 15
3.3.2. Índice de Morisita................................................................................................................ 16
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................ 18
5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 18
1. INTRODUÇÃO

A fitossociologia segundo Rodrigues e Gandolfi (1998) citados por Chaves et al.


(2013), é o ramo da ecologia vegetal que procura estudar, descrever e compreender a
associação existente entre as espécies vegetais na comunidade, que por sua vez caracterizam
as unidades fitogeográficas, como resultado das interações destas espécies entre si e com o
seu meio. Para Martins (1989), envolve o estudo das inter-relações de espécies vegetais dentro
da comunidade vegetal no espaço e no tempo, referindo-se ao estudo quantitativo da
composição, estrutura, funcionamento, dinâmica, história, distribuição e relações ambientais
da comunidade vegetal, sendo justamente esta ideia de quantificação que a distingue de um
estudo florístico.
A fitossociologia envolve o estudo de todos os fenômenos que se relacionam com a
vida das plantas dentro das unidades sociais.
A conservação da biodiversidade representa um dos maiores desafios, em função do
elevado nível de perturbações antrópicas dos ecossistemas naturais, existentes no Brasil e no
mundo. Nesse sentido, os estudos sobre a composição florística e a estrutura fitossociológica
das formações florestais são de fundamental importância, pois oferecem subsídios para a
compreensão da estrutura e da dinâmica destas formações, parâmetros imprescindíveis para o
manejo e regeneração das diferentes comunidades vegetais. Através dos levantamentos
fitossociológicos é possível estabelecer graus de hierarquização entre as espécies estudadas e
avaliar a necessidade de medidas voltadas para a preservação e conservações das unidades
florestais.
Um levantamento fitossociológico, em termos simples, é um grupo de métodos de
avaliação ecológica com o objetivo de fornecer uma visão compreensiva tanto da composição
como da distribuição de espécies vegetais em uma certa comunidade (CONCENÇO et al.,
2013).
Os levantamentos fitossociológicos, constituem-se na coleta e na análise de dados, que
permitem definir, para uma dada comunidade florestal, a sua estrutura horizontal (expressa
pela abundância ou densidade, frequência e dominância) e sua estrutura vertical (posição
sociológica e regeneração natural) e sua estrutura dendrométrica (relativa aos parâmetros
dendrométricos, como na distribuição diamétrica e distribuição de volume ou área basal por
classe diamétrica) (Chaves et al., 2013).

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A caracterização fitossociológica das florestas pode ser feita mediante a observância
de vários parâmetros fitossociológicos. Para o presente trabalho será feita uma revisão da
importância e utilidade dos principais parâmetros fitossociológicos e índices vegetacionais
utilizados nos estudos das florestas tropicais.

2. PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS

A abordagem quantitativa sobre vegetações arbóreas, usualmente tenta descrever a sua


estrutura fisionômica por meio de descritores quantitativos, referentes a cada espécie presente
na comunidade tais como, densidade, área basal, frequência. Essas informações detectam o
estágio em que a floresta se encontra em espécies, quando consideradas isoladamente, e
interações relativas aos indivíduos que compõem a comunidade florestal (SCOLFORO,
1998).
Estudos fitossociológicos, florísticos e estruturais de remanescentes florestais são
extremamente importantes, sendo o ponto inicial para a adoção de critérios e metodologias,
visando ao manejo, conservação e recuperação dos mesmos (SILVA e SCARIOT, 2003).
O levantamento fitossociológico é auxiliado pela avaliação de diversos parâmetros
fitossociológicos que expressam a estrutura horizontal de uma floresta. Este levantamento
além de possibilitar a obtenção de informações qualitativas, como a composição florística da
comunidade, também permite obter os parâmetros quantitativos, que assumem uma posição
importante no estudo de um ecossistema florestal.
Dentre os parâmetros fitossociológicos da estrutura horizontal, podem ser estimados
os seguintes:

2.1. DENSIDADE

A densidade mede a participação das diferentes espécies na floresta, de acordo com


Martins (1991), a densidade está relacionada ao número de indivíduos pertencentes a uma

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determinada espécie que ocorre em uma associação de plantas, sendo o número expresso em
relação a uma determinada superfície de área.

2.1.1. Densidade Absoluta (DA)

É a relação entre o número de indivíduos de uma dada espécie i pelo tamanho da área
amostral, expresso em hectare.

𝑛𝑖
𝐷𝐴𝑖 =
𝐴

Onde:
ni = número de indivíduos da espécie i.
A = tamanho da área amostral, expressa em hectares.

2.1.2. Densidade Relativa (DR)

É definida como a porcentagem do número de indivíduos de uma determinada espécie


em relação ao total de indivíduos amostrados.

𝑛
𝐷𝑅𝑖 = ( 𝑁𝑖 ) ∗ 100

𝐷𝐴𝑖
𝐷𝑅𝑖 = ( 𝑛 ) ∗ 100
∑𝑖=1 𝐷𝐴𝑖

Onde:
ni = número de indivíduos da espécie i.
N = número total de indivíduos.
DAi = Densidade absoluta.
∑𝑛𝑖=1 𝐷𝐴𝑖 = Somatório das densidades absolutas de todas as espécies i.
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2.2. DOMINÂNCIA

É definida como a taxa de ocupação do ambiente pelos indivíduos de uma espécie.


Para comunidades florestais, a dominância geralmente é obtida através da área basal que
expressa quantos metros quadrados a espécie ocupa numa unidade de área. Os valores
individuais de área basal (A) podem ser calculados a partir do perímetro ou do diâmetro:

𝐷𝐴𝑃2
𝐴𝑏𝑖 = 𝜋 ∗ ( )
4

Onde:

π = constante com valor aproximado de 3,1416...


DAP = Diâmetro mensurado a 1,30 m do solo.
Abi = área basimétrica do indivíduo.

2.2.1. Dominância Absoluta (DoA)

É calculada a partir da somatória da área basal dos indivíduos de cada espécie.

∑𝑛𝑖=1 𝐴𝑏𝑖
𝐷𝑜𝐴𝑖 =
𝐴

Onde:
∑𝑛𝑖=1 𝐴𝑏𝑖 = Somatório da área basimétrica de todos os indivíduos da espécie i.
A = tamanho da área amostral, expressa em hectares.

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2.3.2. Dominância Relativa (DoR)

Representa a relação entre a área basal total de uma espécie e a área basal total de
todas as espécies amostradas.

𝐷𝑜𝐴𝑖
𝐷𝑜𝑅𝑖 = 𝑛
∑𝑖=1 𝐷𝑜𝐴𝑖

Onde:
DoAi = dominância absoluta da espécie i.
∑𝑛𝑖=1 𝐷𝑜𝐴𝑖 = somatório da dominância absoluta de todas as espécies i.

2.3. FREQUÊNCIA

Indica a uniformidade de distribuição das espécies no terreno por ela ocupado,


caracterizando estatisticamente sua ocorrência dentro das unidades amostrais.

2.3.1. Frequência Absoluta (FA)

É a porcentagem de unidades de amostragem com ocorrência da espécie, em relação


ao número total de unidades de amostragem.

𝑃𝑖
𝐹𝐴𝑖 = ( ) ∗ 100
𝑃

Onde:
Pi = número de unidades amostrais com ocorrência de espécie i.
P = número total de unidades amostrais.

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2.3.2. Frequência Relativa (FR)

É obtida da relação entre a frequência absoluta de cada espécie e a soma das


frequências absolutas de todas as espécies amostradas.

𝐹𝐴𝑖
𝐹𝑅𝑖 = ( 𝑛 ) ∗ 100
∑𝑖=1 𝐹𝐴𝑖

Onde:
FAi = frequência absoluta da espécie i
∑𝑛𝑖=1 𝐹𝐴𝑖 = somatório das frequências absolutas de todas as espécies i.

2.3.3. Diagrama de frequência

De acordo com Cain et al. (1959) citado por Caraiola (1997) partir dos valores obtidos
de Frequência Absoluta, pode-se obter um diagrama de frequências em forma de histograma
simples, que fornecem informações preliminares sobre a heterogeneidade florística da área
estudada. Para tal, os dados de frequência absoluta são divididos em 5 classes (tabela 01):

Tabela 1: Classes de frequência absoluta


Classe Frequência Absoluta (%)
A=I 1 - 20
B =II 21 - 40
C = III 41 - 60
D = IV 61 - 80
E=V 81 - 100

Povoamentos com forte representatividade nas classes de frequência mais altas (IV ou
V, frequência absoluta acima de 60%) indicam um alto grau de homogeneidade florística. De

8
modo análogo, povoamentos mais representados pelas classes I e II (até 40% de FA) podem
ser considerados bastante heterogêneos.
Através do número de espécies por classe de frequência é possível determinar o grau
de homogeneidade (H) da floresta, segundo a fórmula de Labouriau (1948) citado por
Caraiola (1997):

(∑ 𝑋 − ∑ 𝑌) ∗ 𝑛
𝐻=
∑𝑁

Onde:
H = grau de homogeneidade
Σx = número de espécies com FA (frequência absoluta) de 80 - 100
Σy = número de espécies com FA (frequência absoluta) de 0 - 20
ΣN = número total de espécies
n = número de classes de frequência.
Quanto mais próximo de 1 maior a homogeneidade da floresta.

2.4. VALOR DE IMPORTÂNCIA (VI)

Representa em que grau a espécie se encontra bem estabelecida na comunidade e


resulta em valores relativos já calculados para a densidade, frequência e dominância,
atingindo, portanto, valor máximo de 300.

𝑉𝐼𝑖 = 𝐷𝑅𝑖 + 𝐹𝑅𝑖 + 𝐷𝑜𝑅𝑖

𝑉𝐼𝑖
𝑉𝐼𝑖 % =
3

Onde:
DRi = densidade relativa da espécie i, expresso em porcentagem (%);
FRi = freqüência relativa da espécie i, expresso em porcentagem (%);
DoRi = dominância relativa da espécie i, expresso em porcentagem (%);
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2.5. VALOR DE COBERTURA (VC)

É a soma dos valores relativos e dominância de cada espécie, atingindo, portanto,


valor máximo de 200.
𝑉𝐶𝑖 = 𝐷𝑅𝑖 + 𝐷𝑜𝑅𝑖
Onde:
DRi = densidade relativa da espécie i, expresso em porcentagem (%);
DoRi = dominância relativa da espécie i, expresso em porcentagem (%);

3. ÍNDICES VEGETACIONAIS

Índices vegetacionais são utilizados como uma medida comparativa que pode ser
organizada em um rol de valores em gradação (ranking) a partir de combinação e ponderação
(peso) de diferentes variáveis.

3.1. ÍNDICES DE DIVERSIDADE

A variação de espécies existentes entre comunidades pode ser representada e


quantificada de diversas maneiras: a mais comum delas é por meio dos índices de diversidade.
De acordo com Magurran (1988) existem três tipos básicos de índices de diversidade:
índices que se baseiam na variabilidade de espécies, índices que se baseiam na abundância
relativa dos indivíduos e índices que combinam ambos os fatores.
Para de avaliar um bom índice de diversidade algumas características devem ser
levadas em consideração, como:
 Influência do tamanho da amostra: os valores obtidos estabilizam a partir de um tamanho
relativamente pequeno de amostra.
 Sensibilidade a adição de espécies: comunidades com mais espécies apresenta valores maiores
(mantidos os valores de número de indivíduos (N) e equabilidade).

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 Sensibilidade à presença de espécies raras: capaz de distinguir comunidades com maior
número de espécies raras.
Os índices mais citados nas bibliográficas especializadas são:

3.1.1. Índice de Shannon (H’)

O índice de Shannon, também chamado de índice de Shannon-Weaver ou índice de


Shannon-Wiener, é um dos vários índices de diversidade usados para medir a diversidade em
dados categóricos. Trata-se da informação entrópica da distribuição, tratando espécies como
símbolos e o tamanho da respectiva população como uma probabilidade (SANTOS, 2009).
Este índice provém teoria da informação e fornece a ideia do grau de incerteza em
prever, qual seria a espécie pertencente a um indivíduo da população se retirado
aleatoriamente. Quanto maior o valor de H’, maior a diversidade florística da área em estudo.
Ele é calculado conforme o que se segue:

𝐻 ′ = − ∑ 𝑝𝑖 ∗ log(𝑝𝑖 )
𝑖=1

Onde:
pi = abundância relativa (proporção) da espécie i na amostra ( pi = ni/N )
ni = número de indivíduos da espécie i
N= Número de indivíduos total da amostra.

O índice de Shannon tem como vantagens: Índice mais utilizado na literatura –


tradição de uso e de estudos; Geralmente assume valores entre 1,5 e 3,5 (raramente acima de
5,0); É sensível a espécies raras (% maior de raras, menor valor); É sensível a variações nas
abundâncias; Leva em consideração o número das espécies e sua equabilidade.
E tem como desvantagens: Problema da Base Logarítmica, que pode variar; Difícil
Interpretação; Quando uma espécie for amostrada, o valor do índice é “0”.

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3.1.2. Índice de Simpson (D)

É derivado da teoria das probabilidades e utilizado em análises quantitativas de


comunidades biológicas. Este índice fornece a ideia da probabilidade de se coletar
aleatoriamente 2 indivíduos da comunidade, e obrigatoriamente pertencerem a espécies
diferentes (GORENSTEIN, 2002).
𝑠
𝑛𝑖 ∗ (𝑛𝑖 − 1)
𝐷=∑
𝑁 ∗ (𝑁 − 1)
𝑖=1

Ou
𝑠

𝐷 = ∑ 𝑝𝑖 ²
𝑖=1

Onde:
ni = número de indivíduos amostrados para a i-ésima espécie;
N = número total de indivíduos amostrados.
pi = abundância relativa (proporção) da espécie i na amostra.
pi = ni/N

Nessa fórmula, o valor calculado de D ocorre na escala de 0 a 1, sendo que os valores


próximos de 1 indicam menor diversidade.
O índice de Simpson comumente é representado por 1-D, para gerar um número
crescente com o aumento da diversidade. Este índice é fortemente influenciado pela
abundância das principais espécies, sendo pouco influenciado pelo número de espécies.

𝑠
𝑛𝑖 ∗ (𝑛𝑖 − 1)
𝐷 = 1−∑
𝑁 ∗ (𝑁 − 1)
𝑖=1

Ou
𝑠

𝐷 = 1 − ∑ 𝑝𝑖 ²
𝑖=1

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Onde:
ni = número de indivíduos amostrados para a i-ésima espécie;
N = número total de indivíduos amostrados.
pi = abundância relativa (proporção) da espécie i na amostra.
pi = ni/N

Já para esta fórmula, o valor calculado de D ocorre na escala de 0 a 1, sendo que os


valores próximos de 1 indicam maior diversidade.
O índice de Simpson tem como vantagens: É considerado um índice robusto e
significativo; Captura bem a variação das distribuições de abundância; Estabiliza com
menores tamanhos de amostras. No entanto tem como desvantagem a rápida estabilização
porque ele não dá muito peso para as espécies raras.

3.1.3. Índice de Margalef

O Índice de Margalef determina a riqueza de espécies, dividindo o número de espécies


registradas pelo número total de indivíduos encontrados.
Uma das vantagens de índices que expressam a riqueza como Margalef é a
simplicidade da expressão, pois fazem apenas uma relação entre o número de espécies e o
número de indivíduos registrados, contudo tendem a ser bastante influenciados pelo tamanho
da amostra (MELO, 2008).

𝑆−1
𝐷𝑚𝑔 =
ln(𝑁)
Onde:
S = Nº de espécies amostradas
N = Nº de indivíduos amostrados.

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3.1.4. Equabilidade de Pielou (J’)

É derivado do índice de diversidade de Shannon e permite representar a uniformidade


da distribuição dos indivíduos entre as espécies existentes (Pielou, 1966). Seu valor apresenta
uma amplitude de 0 (uniformidade mínima) a 1 (uniformidade máxima), a expressão que a
representa é:

𝐻′
𝐽′ =
𝐻𝑚𝑎𝑥
Sendo: 𝐻𝑚𝑎𝑥 = ln(𝑆)
Onde:
S = número total de espécies amostradas;
H’ = índice de diversidade de Shannon.

3.2. SIMILARIDADE

A maneira mais simples de medir a variação de diversidade entre pares de locais é


pelo uso dos coeficientes ou índices de similaridade. Estes comparam comunidades de forma
qualitativa ou quantitativa. Os índices qualitativos, ou coeficientes binários, mais utilizados
são o índice de Jaccard (Sj) e o índice de Sorensen (Ss).

3.2.1. Coeficiente de Jaccard (Sj)

Uma expressão matemática simples para expressar a similaridade entre as


comunidades foi proposta pelo coeficiente de Jaccard. O índice expressa a semelhança entre
ambientes, baseando-se no número de espécies comuns.

𝑐
𝑆𝑗 =
(𝑎 + 𝑏 − 𝑐)
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Onde:
a = número de espécies no local B, mas não em A.
b = número de espécies no local A, mas não em B.
c = número de espécies encontradas em ambos os locais, A e B.

O valor dos coeficientes de similaridade varia de 0 (nenhuma similaridade) a 1 (total


similaridade). A desvantagem destes índices é que eles não levam em conta as abundâncias
das espécies.

3.2.2. Coeficiente de Sorensen (Ss)

Segue a mesma lógica do Coeficiente de Jaccard, expressa pela seguinte equação:

2𝑐
𝑆𝑠 =
(𝑎 + 𝑏)

Onde:
a = número de espécies no local B, mas não em A.
b = número de espécies no local A, mas não em B.
c = número de espécies encontradas em ambos os locais, A e B.

3.3. ÍNDICE DE AGREGAÇÃO

3.3.1. Índice de McGuinnes (IGA)

O valor deste índice é obtido pela relação entre densidade observada/densidade


esperada, ou seja:

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𝐷𝑖
𝐼𝐺𝐴 =
𝑑𝑖

Sendo:
𝑛
𝐷𝑖 = 𝑢 𝑖
𝑇

𝑑𝑖 = −ln(1 − 𝑓𝑖 )
𝑢
𝑓𝑖 = 𝑢 𝑖
𝑇

Onde:
IGAi = “Índice de MacGuinnes” para a i-ésima espécie;
Di = densidade observada da i-ésima espécie;
di = densidade esperada da i-ésima espécie;
fi = frequência absoluta da i-ésima espécie;
ln = logaritmo neperiano;
ni = número de indivíduos da i-ésima espécie;
ui = número de unidades amostrais em que a i-ésima espécie ocorre;
uT = número total de unidades amostrais.

Interpretação: O valor do IGA maior que 1 indica uma tendência ao agrupamento;


quando o valor é maior que 2,0 significa que a espécie apresenta um padrão de distribuição
contagiosa ou agrupada; quando o valor é igual a 1,0, significa que a espécie tem uma
distribuição aleatória, e quando o valor é menor que 1,0, indica que a espécie tem uma
distribuição tendendo a uniforme.
Significância: Quando o valor é próximo de 1, pode-se aplicar um teste de
significância (Qui-quadrado) ou teste F, para determinar se o valor é estatisticamente diferente
de 1 e em que tipo de dispersão a espécie se encontra.

3.3.2. Índice de Morisita

É determinada através da expressão:

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𝑛 ∗ (∑𝑠𝑖=1 𝑋 2 − 𝑁)
𝐼𝑑 =
𝑁 ∗ (𝑁 − 1)
Em que:
Id = índice de Morisita;
n = número total de parcelas amostradas;
N = número total de indivíduos por espécie, contidos nas n parcelas;
X² = quadrado do número de indivíduos por parcela;

Interpretação: Se o índice de Morisita for igual a 1, a dispersão é aleatória; Se a


distribuição for menor que 1, a dispersão é uniforme; Se a distribuição for maior que 1, a
dispersão é agregada.
Para determinar se valores próximos a 1, são diferentes estatisticamente de 1, pode-se
usar o teste do Qui-quadrado:
𝑛 ∗ ∑𝑠𝑖=1 𝑋 2
𝑥² = −𝑁
𝑁
Onde:
n = número total de parcelas amostradas;
N = número total de indivíduos nas n parcelas;
s = número de espécies amostradas.

Interpretação:
 Valor calculado < Valor Tabelado,
Não difere significativamente de 1, distribuição aleatória

 Valor calculado > Valor Tabelado


Distribuição agregada se o Id > 1;
Distribuição Uniforme se o Id < 1;

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um estudo fitossociológico não é somente conhecer as espécies que compõem a flora,


mas também como elas estão arranjadas, sua interdependência, como funcionam, como
crescem e como se comportam no fenômeno de sucessão. Desta forma, o estudo da
composição florística é de fundamental importância para o conhecimento da estrutura da
vegetação, possibilitando informações qualitativas e quantitativas sobre a área em estudo e a
tomada de decisões para o melhor manejo de cada tipo de vegetação.
Ademais, os conhecimentos florístico e fitossociológico das florestas são condições
essenciais para sua conservação e que a obtenção e padronização dos atributos de diferentes
ambientes florísticos e fisionômicos, são atividades básicas para a conservação e preservação.

5. REFERÊNCIAS

CARAIOLA, M. Caracterização estrutural de uma floresta estacional semidecidual localizado no


município de Cássia – MG. Dissertação (Pós graduação em engenharia florestal). Setor de Ciências
Agrárias da Universidade Federal do Paraná. 216 p. Curitiba. 1997.

CHAVES A Del C. G.; SANTOS R. M. S.; SANTOS J. O.; FERNANDES A. A. e


MARACAJA P. B. A importância dos levantamentos florístico e fitossociológico para a
conservação e preservação das florestas. Universidade Federal de Campina Grande. Revista
ACSA Agropecuária Científica no Semiárido. V. 9, n. 2, p. 42-48, abr - jun, 2013.
CONCENÇO G., TOMAZI, M., CORREIA, I. V. T., SANTOS, S. A., e GALON, L.
Phytosociological surveys: tools for weed science?. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 31, n. 2,
p. 469-482, 2013.

GORENSTEIN, M. R. Métodos de amostragem no levantamento da comunidade arbórea


em floresta estacional semidecidual. Dissertação (Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz). 92 p. Piracicaba - SP. 2002.

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MAGURRAN, A. E. Ecological diversity and its measurement. London: Croom helm. 179
p. 1988.

MARTINS, F. R. Estrutura de Uma Floresta Mesófila. Campinas, SP: Editora da Unicamp,


246p. 1991.

MARTINS, F. R. Fitossociologia de florestas no Brasil: um histórico bibliográfico. Pesquisas


- série Botânica, São Leopoldo, n. 40, p. 103-164, 1989.

MELO, A. S. O que ganhamos ‘confundindo’ riqueza de espécies e equabilidade em um


índice de diversidade? Biota Neotropica. v.8, n.3, p. 21-27, 2008.

PIELOU, E. C. Species diversity and pattern diversity in the study of ecological succession.
Journal Theory Biology. v.10, p. 370-383, 1966. Disponível em: <http://ac.els-
cdn.com/0022519366901330/1-s2.0-0022519366901330-main.pdf?_tid=ec3dcf76-74da11e4-
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em: 08 de outubro de 2015.

SANTOS, V. K. Uma generalização da distribuição do índice de diversidade


generalizado por good com aplicação em ciências agrárias. Monografia (Especialização
em Biometria e Estatística Aplicada) – Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Departamento de Estatística e Informática. 57 p. Recife – PE. 2009.

SCOLFORO, J. R. S. Manejo florestal. Lavras: UFLA/FAEPE, 1998. 110 p

SILVA, A.; SCARIOT, A. Composição florística e estrutura da comunidade arbórea em uma


floresta estacional decidual em afloramento calcário (Fazenda São José, São Domingos, GO,
bacia do Rio Paraná). Acta Botânica Brasílica, São Carlos, 17, n. 2, p. 305-313, 2003.

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