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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DISCIPLINA PCF 515 - ECOLOGIA DE FLORESTAS TROPICAIS

FRAGMENTAÇÃO FLORESTAL

Jimy Edwin Pavón Rodriguez


Tainá Mamede Cirne Silva
DOCENTE: Prof. Dr. Marco Aurélio Leite Fontes

Lavras - MG
Julho - 2014
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................4
2. OBJETIVOS................................................................................................6
3. CAUSAS NATURAIS DA FRAGMENTAÇÃO.......................................6
3.1 Flutuações climáticas...............................................................................7
3.2 Heterogeneidade de solos e Topografia...................................................8
3.3 Processos de sedimentação e hidrodinâmica em rios e no mar...............9
3.4 Processos hidrogeológicos.....................................................................10
3.4.1 A perturbação da hidrologia e sua relação com a fragmentação
florestal........................................................................................................................ 11
4. FRAGMENTAÇÃO E SEUS EFEITOS...................................................12
5.1 Efeitos na Mata Atlântica......................................................................15
6. EFEITO DE BORDA................................................................................17
6.1 Efeitos abióticos.....................................................................................18
6.2 Efeitos bióticos......................................................................................19
6.2.1 Diretos....................................................................................................19
6.2.2 Indiretos..............................................................................................20
7. VARIABILIDADE GENÉTICA...............................................................21
8. ECOLOGIA DA PAISAGEM..................................................................22
8.1 Estrutura da paisagem............................................................................23
8.2 Área e isolamento dos fragmentos.........................................................24
8.2.1 Isolamento dos fragmentos................................................................24
8.3 A matriz na fragmentação florestal........................................................25
8.4 A conectividade entre os habitats..........................................................25
8.4.1 Movimentos da fauna nos fragmentos florestais................................26
9. A TEORIA DA BIOGEOGRAFIA DAS ILHAS.....................................27
10. METAPOPULAÇÕES..............................................................................29
11. CORREDORES ECOLÓGICOS..............................................................30
11.1 Projeto de Corredores Ecológicos no Brasil......................................30
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................33

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Distribuição das florestas no mundo. Fonte: FAO (2010)......................... 4


Figura 2. Distribuição dos 25 hotspots mundiais. Fonte: Myers et al. (2002)........... 5
Figura 3. Distribuição geográfica grupos genéticos. Fonte: Alarcón et al.,(2013).... 8
Figura 4. Esquema que retrata a dinâmica da circulação atmosférica entre áreas de
clareiras e florestas intactas. Fonte: Laurance (2011).................................................
11
Figura 5: Diagrama: retrata os processos e respostas após a criação da borda dos
fragmentos. Fonte: Harper et al,(2005)....................................................................... 12
Figura 6. Diagrama esquemático da percepção dos produtores rurais e os cenários
possíveis dos efeitos derivados da fragmentação florestal......................................... 15
Figura 7. Representação de algumas respostas potenciais de una variável dada ao
longo do gradiente de dois hábitats adjacentes A e B. Fonte: Lopez-Barrera,
(2004)..........................................................................................................................
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Figura 8. Comparação da média da riqueza de espécies/ árvore S (a), com a
diversidade (b). SMF: pequenas florestas manejadas; LMF: florestas grande
gerenciados; LNF: grandes florestas naturais. Letras diferentes indicam diferença
estatisticamente significativa...................................................................................... 20
Figura 9. Possíveis respostas do sistema de acasalamento de árvores a perturbação
do habitat, incluindo (a) insuficiência de pólen / polinizadores; (b) aumento da
autofecundação; (c) aumento cruzamentos endogâmicos; (d) diminuição da
diversidade do pólen. Árvores geneticamente semelhantes são representadas pelas
mesmas cores. A polinização é indicada: linhas que mostram a polinização falhou
(linhas pontilhadas coloridas seguindo por uma cruz vermelha); reduzido
polinização (linhas tracejadas); polinização normal (linha cheia); um aumento
relativo da polinização por linhas coloridas com um plus verde (+). Respostas (b,
aumento da autofecundação), (c, aumentou cruzamentos endogâmicos) e (d,
diminuição da diversidade de pólen) não são mutuamente exclusivas para espécies
hermafroditas e auto-compatível. Fonte: Breed et al., (2013).................................... 22

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1. INTRODUÇÃO
Devido ao desmatamento ter se orientado pelas atividades socioeconômicas, de
forma que a velocidade e a intensidade ocorreram em consonância com o nível de
ocupação e estrutura estabelecida pelas vilas ou conglomerados populacionais, há
elevação do nível de perturbações antrópicas dos ecossistemas naturais (PIROVANI,
2010).
Estima-se que, no período de 1981 a 1990, foram suprimidos 154 milhões de
hectares, o equivalente a 7,3% do total das florestas tropicais mundiais (VIANA, 1990;
WILSON, 1997). Esse dado corrobora com a FAO (2010) que relata a perda, a cada
ano, de que cerca de 13 x 106ha de florestas no mundo.
De acordo ainda com a FAO (2010), a área total de floresta no mundo é de
apenas 4000 milhões de hectares, os cinco países mais ricos em florestas (Rússia, Brasil,
Canadá, EUA e China) encontram-se ainda com cerca de 50% da sua área original de
floresta, enquanto dez países ou áreas não possuem florestas e outras 54 têm
aproximadamente de 10% do que era a sua área total de floresta (Figura 1).

Figura 1. Distribuição das florestas no mundo. Fonte: FAO (2010)

Apesar da taxa de desmatamento no Brasil ter diminuído, caindo de 2,9 milhões


de hectares nos anos 90 para 2,6 milhões de hectares na última década (FAO, 2010), a
rápida conversão das áreas de floresta para outros usos já afetou cerca de 11% da
Amazônia e 92% da Mata Atlântica, mesmo assim o Brasil abriga quase 1/3 das

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florestas tropicais remanescentes no mundo (Mata Atlântica e Amazônia), e é
reconhecidamente um dos mais importantes repositórios da diversidade biológica
mundial.
A fragmentação florestal segundo Korman (2003) é a separação ou
desligamentos não naturais de áreas amplas em fragmentos espacialmente segregados,
promovendo a redução dos tipos de habitat e a divisão dos remanescentes em unidades
menores e isoladas, o que afeta a biodiversidade e a qualidade ambiental.
Esse processo introduz uma série de novos fatores na história evolutiva de
populações naturais de plantas e animais (VIANA E PINHEIRO, 1998), afetando de
forma diferenciada os parâmetros de mortalidade e natalidade de diferentes espécies, e
consequentemente a estrutura e dinâmica de ecossistemas (OLIVEIRA, 2011). No caso
das comunidades vegetais, as respostas de cada espécie à fragmentação variam de
acordo com diversos fatores, como histórico da fragmentação, seu tamanho e forma,
impactos das ações humanas atuais, grau de isolamento e a sensibilidade da comunidade
e dos indivíduos de cada espécie a estes processos (COLLI, 2003 apud CANTINHO,
2010).
Dentro desse contexto Myers et al, (2002) relata a existência de 25 hotspots em
apenas 1,4% da superfície terrestre do planeta (Figura 2), que abriga cerca de 44% de
todas as espécies de plantas vasculares e 35% de todas as espécies e quatro grupos de
vertebrados que estão confinados nessas áreas de especial atenção.

Figura 2. Distribuição dos 25 hotspots mundiais. Fonte: Myers et al. (2002)

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O referido autor citado a cima aponta que alguns hotspots são muito mais ricos
do que outros em termos de número de espécies endêmicas. Os Andes Tropicais,
Sundaland, Madagascar, Mata Atlântica do Brasil e o Caribe contém plantas endémicas
e vertebrados correspondentes a pelo menos 2% do total de espécies no planeta, juntos,
compõem entre 20% e 16% todas as plantas e vertebrados respectivamente.
Faz-se possível então, observar que a conservação da biodiversidade representa
um dos maiores desafios da atualidade (VIANA E PINHEIRO, 1998), e para que seja
possível aplicar estratégias que possam reduzir os efeitos prejudiciais da fragmentação,
o estudo da ecologia dos fragmentos florestais é fundamental (PIÑA-RODRIGUES et
al., 2007). Dessa forma, deve-se realizar a análise dos fragmentos numa escala de
paisagem, identificando a dinâmica das várias interações presentes nas áreas
fragmentadas (COSTA & SCARIOT, 2003), sendo potencialmente muito útil em
políticas de manejo e conservação (BUENO, 2008).

2. OBJETIVOS
Entender efeitos e teorias relevantes sobre a fragmentação florestal, a partir de
uma pesquisa bibliográfica que contará com apoio de diversos artigos científicos e
livros sobre este tema.

3. CAUSAS NATURAIS DA FRAGMENTAÇÃO


Áreas fragmentadas podem ser oriundas de diversos fatores, mesmo assim, é
possível dividi-los em duas classes conforme a causa da sua origem: natural ou
antrópica. Essa categorização se faz crucial, pois os fragmentos procedentes de causas
naturais já se encontram com suas relações ecossistêmicas estabilizadas (extinções e
alterações genéticas) devido ao longo período de isolamento. Isso faz com que as
mesmas possam ser empregadas como modelos para estudos das fragmentações
antrópicas e por consequência são consideradas áreas prioritárias para a conservação.
Os fatores e processos que produzem fragmentos naturais são (MMA, 2003):
 Flutuações climáticas: que podem causar expansão ou retração de determinados
tipos de vegetação;
 Heterogeneidade de solos: com certos tipos de vegetação restritos a tipos
específicos de solos;

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 Topografia: que pode formar ilhas de tipos específicos de vegetação em locais
elevados;
 Processos de sedimentação e hidrodinâmica em rios e no mar;
 Processos hidrogeológicos: que produzem áreas temporariamente ou
permanentemente alagadas, onde ocorrem tipos particulares de vegetação.
Assim, pode-se afirma que a fragmentação natural tem grande relevância na
geração da diversidade biológica, podendo ser proveniente tanto da ação conjunta dos
fatores quanto da ação isolada, sendo um processo dinâmico que ocorre em um longo
intervalo de tempo.

3.1 Flutuações climáticas


As mudanças ambientais que afetam a distribuição geográfica das espécies
podem acontecer em distintas escalas espaciais (local, regional e global) e temporais
(evolutiva e ecológica) (CERQUEIRA, MARROIG, e PINDER, 1998).
Segundo Lara e Patton (2001) as flutuações do nível do mar e as alterações
climáticas que ocorreram nos períodos Terciário e Quaternário acarretaram em uma
descontinuidade dos habitats, que teve por consequência a fragmentação florestal e a
separação de tipos de vegetação. Assim, promoveram arquétipos distintos de habitat a
cada momento desses intervalos temporais e até hoje há habitats que persistem
separados.
Esses episódios tiveram por resposta o estabelecimento dos padrões de
distribuição geográfica das espécies e os processos de especiação, sendo considerados
como um dos mais importantes eventos para especiação alopátrica. Entretanto a
separação dos habitats pode acarretar não somente nesse processo como também em
extinção de inúmeras espécies (GRELLE, et al. 1999), e isso dependerá de diversos
aspectos como tempo de isolamento, tamanho do fragmento e do grupo taxonômico
considerado (CERQUEIRA, 1982).
O êxito da fragmentação natural que aconteceu no período quaternário se deve
basicamente pelo tamanho dos fragmentos que permitiram a subsistência das espécies
atuando diversas vezes como refúgio. Em estudo realizado por Alarcón et. al (2013),
verifica-se essa funcionalidade dos fragmentos para duas espécies irmãs: Campanula
jacobaea (endêmica para Cabo Verde) e Campanula. balfourii (endêmica Socotra),
revelando, assim, que os arquipélagos da Macaronésia e Socotra provavelmente atuaram
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como refúgios para a segunda espécie da região norte-Africana, levando à diversificação
através do isolamento (Figura 3). Franscio-Ortega et al.(1999) também comprova em
outro trabalho os efeitos das variações climáticas e geológicas que ocorreram no período
Mioceno Médio tendo por consequência a existência de três linhagens principais para o
gênero Brassicaceae.

Figura 3. Distribuição geográfica grupos genéticos. Fonte: Alarcón et al.,(2013)

3.2 Heterogeneidade de solos e Topografia


As fisionomias vegetais são categorizadas em distintas proporções e de acordo
com a abordagem que se faz encontra-se um aspecto diferente de influência sobre elas
(VELOSO, 1992). Em uma esfera mais ampla encontra-se o domínio do clima
(temperatura, quantidade e frequência das chuvas) e da altitude na distribuição da
vegetação (OLIVEIRA-FILHO; FONTES, 2000; RIBEIRO; WALTER, 1998),
enquanto que em menor âmbito os fatores mais relevantes são a composição química do
solo, a fertilidade, o pH e o relevo (RIBEIRO; WALTER 1998; DUTRA 2009;
MARIMON et al., 2001).
Nos trabalhos desenvolvidos em escala local com mudanças de tipos
fisionômicos no Brasil, o fator que foi considerado como mais influente para a
separação da formação da vegetação foi o solo (MARIMON et. al., 2001; PINHEIRO
et. al 2009; KILCA et. al. 2009). Isso pode ser averiguado nos estudos de Logman e
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Jenik (1992), que consideram o solo como fator limitante, sendo o mesmo influenciado
pela sua rocha matriz e o tipo de relevo, para as áreas de ocorrência do ecótono floresta-
savana. Autores como Rodrigues et al. (2007), afirmam também a alta relevância do
fator topográfico, o que vem de encontro com o mencionado anteriormente por Logman
e Jenik (1992), devido a topografia afetar as propriedades do solo e em específico ao
regime da água e da fertilidade.
Assim, observa-se que esses dois fatores em geral atuam de maneira integrada
no processo de fragmentação natural, porém a ação isolada não pode ser
desconsiderada, em um estudo realizado por Chen et al. (2012), verificou-se que a
topografia criou divergência entre linhagens da espécie Incarvillea sinensis devido ao
soerguimento do Planalto Qinghai-Tibet. Felfili et. al (2007) descreve o processo de
especiação que ocorreu nas áreas de matas calcárias, devido a seleção das espécies de
acordo com sua tolerância a seca, implicando na presença de uma flora altamente
adaptada às condições de estresse hídrico.

3.3 Processos de sedimentação e hidrodinâmica em rios e no mar


Em áreas costeiras a fragmentação natural para os organismos ali existentes
muitas vezes se dá pelo processo de sedimentação, podendo esse ser um aspecto
favorável ou não ao estabelecimento de espécies.
A praia passa por alterações constantes em decorrência das condições
oceanográficas ali atuantes, que são de origem natural e que estão relacionadas com a
hidrodinâmica local. Dessa forma, as circunstâncias energéticas locais influenciam na
variação do tipo de sedimento, que por sua vez influenciam diretamente na abundância e
distribuição das espécies bentônicas.
Segundo Giuliatti e Carvalho (2009) os principais fatores que influenciam a
distribuição da comunidade de macroinvertebrados bentônicos são a velocidade da
água, temperatura, substrato e tipo de sedimentação, substâncias dissolvidas, alimento,
luminosidade, competição, predação e outras interações bióticas. Abílio (2007) relata
ainda que no período de cheia ocorre o aumento da turbidez pela entrada de matéria
orgânica e nutriente de origem alóctone e os organismos são afetados negativamente
causando a mortalidade pelo efeito direto do aumento do volume de água e
indiretamente pela diminuição de recursos ou aumento da competição e predação
(SILVA-FILHO, 2004). Por outro lado, Extence (1981) afirma que a seca pode levar ao

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aumento nas populações de invertebrados devido o aumento da oferta de alimento na
forma de detritos, redução na profundidade (que favorece algumas espécies de larvas de
insetos) e a formação de poças, que diminuem a área de colonização, aumentando a
densidade dos organismos.
No meio estuário a relevância do processo de sedimentação é indiscutível,
espécies ali presentes podem ser extintas localmente devido ao acúmulo de areia sobre o
sedimento da praia. Observa-se ainda como isso afeta a distribuição espacial da
avifauna local, visto que a mesma sofre influência dos recursos alimentares que estão
vinculados ao tipo de sedimento.

3.4 Processos hidrogeológicos


As alterações dos cursos de rios e seus afluentes podem ser oriundos dos
processos erosivos, deposição de sedimentos constituindo lagoas marginais,
soerguimento da crosta terrestre, falhas tectônicas, caimento de barreiras, movimentação
eólica e formação de diminutas represas oriundas da ação de empilhamento de troncos
de árvores por castores. Sendo essas algumas das principais causas naturais de
fragmentação da holocenose lótica.
Cerca de 6% do território brasileiro é recoberto por área alagável, no qual as
lagoas marginais atuam como áreas de reprodução e alimentação de inúmeras espécies
contribuindo para biodiversidade da água doce. A ligação dessas com os rios ocorrem
de forma direta ou indireta, devido à distância e amplitude do pulso de inundação que
gera um fluxo d’água, nutrientes e organismos vivos. No período de estiagem, a perda
de conectividade com o rio ou em casos de lagos permanentemente associados com o
curso de água, gera a retração nas suas dimensões (área, volume e profundidade).
Estas lagoas marginais de sistemas de rio-planície de inundação são amplamente
reconhecidas pela sua importância na manutenção e integridade da biodiversidade
regional, seja como criadouros naturais das espécies de importância comercial, na sua
maioria migradores de longa distância (AGOSTINHO et al., 2000), ou como habitat
preferencial das espécies sedentárias e de pequeno porte. A diversidade ictiofaunística e
o tamanho dos estoques das espécies migradoras dependem, em grande parte, da
conservação e integridade das lagoas marginais (PETRY et al., 2002).

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3.4.1 A perturbação da hidrologia e sua relação com a fragmentação
florestal
Sabe-se que são inúmeros os benefícios ambientais de se manter a cobertura
florestal e entre eles, Pattanayak (2004), destaca: o controle da erosão, a melhoria na
qualidade do solo, o aumento na produção de água, a estabilização na distribuição da
água e controle de sedimentos na calha dos rios como sendo os principais benefícios.
A estreita relação existente entre a cobertura florestal e o ciclo hidrológico de
uma bacia hidrográfica pode ser observada no esquema abaixo (Figura 4), no qual se
tem a interferência no movimento da água em vários níveis do sistema, inclusive nas
saídas para a atmosfera (FRANCISCO et al., 2003). Assim, pode-se afirmar que os
regimes hidrológicos de paisagens fragmentadas diferem muito dos das florestas
intactas (KAPOS, 1989).

Figura 4. Esquema que retrata a dinâmica da circulação atmosférica entre áreas de


clareiras e florestas intactas. Fonte: Laurance (2011).

Os fluxos d’água em paisagens fragmentadas possuem uma maior variação


temporal do que os fluxos em florestas, esse processo pode ser observado nas clareiras
em torno dos fragmentos que têm menos evapotranspiração e interceptação da chuva
pela vegetação, promovendo localizadas inundações na estação chuvosa e insuficiência
de fluxo na estação seca, com impactos potencialmente importantes em invertebrados
aquáticos e outros organismos (NESSIMIAN et al., 2008).
Considerando esses aspectos, a água, por não ser o único elemento natural do
ambiente, não deve ser visto isoladamente (LANNA, 1995). Assim, a presença ou
ausência de cobertura florestal em uma bacia hidrográfica influência na qualidade e na
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quantidade da água, e é por isso que a conservação integrada dos recursos hídricos e
florestais em uma bacia hidrográfica é de fundamental importância e pode estar
relacionada a diversos objetivos como: a preservação e recuperação natural de florestas
nativas que protejam mananciais hídricos de superfície ou subterrâneos; o
reflorestamento de áreas de cabeceiras de drenagem e de nascentes; o reflorestamento
de áreas de mata ciliar, ao longo dos cursos d’água e no entorno de reservatórios; e o
manejo e práticas de conservação de solos em micro bacias hidrográficas.

4. FRAGMENTAÇÃO E SEUS EFEITOS


Os principais efeitos que afetam as áreas em que houve o processo de
fragmentação florestal incluem os de área, de borda, de distância (ou isolamento) e do
tipo de matriz. Esses em conjunto, podem alterar o tamanho e a dinâmica das
populações, a composição e a dinâmica das comunidades, as interações tróficas e os
processos ecossistêmicos (FAHRIG, 2003).
De acordo com Soulé (1987), o impacto primário da fragmentação é a perda da
continuidade, ruptura que repercute nas populações que dependem de um corpo
vegetacional intacto como é amostrado abaixo (Figua5).

Figura 5: Diagrama: retrata os processos e respostas após a criação da borda dos


fragmentos. Fonte: Harper et al,(2005).

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Segundo Laurance et al. (1997), as espécies que têm necessidade de grandes
áreas, que possuem populações instáveis ou variáveis, que ocorrem em baixas
densidades, com capacidade de dispersão limitada, baixa fecundidade, que evitam ou
raramente utilizam a matriz e são intolerantes as mudanças de habitat dentro do
fragmento são as mais vulneráveis à esse processo. A riqueza de espécies de muitos
organismos é comprometida devido ao declínio da área do habitat original, sendo
evidente em briófitas (ZARTMAN, 2003), mudas de árvores (BENÍTEZ-MALVIDO et
al., 2003), palmeiras (SCARIOT, 1999), aves insetívoras de sub-bosque (STRATFORD
e STOUFFER, 1999; FERRAZ et al., 2007), primatas (GILBERT e SETZ, 2001;
BOYLE e SMITH, 2010) e grandes mamíferos herbívoros, entre outros. A
fragmentação florestal resulta ainda na redução da variabilidade genética que aumenta
os efeitos da deriva gênica, endogamia e perda de alelos (TERBORGH, 1992).
Em relação às comunidades, as espécies exercem determinada função ecológica
dentro do grupo, podendo ser substituídas por outras que exerçam as mesmas atividades
ou similar, isso dependerá muitas vezes da capacidade de transitar entre as áreas
remanescentes, o que pode comprometer o número original de espécies que compunha a
comunidade assim como a sua diversidade e função no ecossistema. Estudos sobre
fragmentação de florestas tropicais têm demostrado que a eliminação de algumas
espécies, como os predadores de topo, pode acarretar em um processo de extinção em
cadeia (SOULÉ e TERBORGH, 1999).
Tratando-se da diversidade, a mesma está definitivamente associada ao
funcionamento dos ecossistemas e aos serviços ecológicos prestados por eles à espécie
humana (NEPSTAD et al., 1995). Há perda de espécies não só pela redução de habitats,
como pelo comprometimento da cadeia trófica existente e das relações que ocorrem em
cada comunidade e entre elas. Assim, o desaparecimento das espécies pode ser citado
como a principal consequência da fragmentação de hábitats (DIAMOND, 1992).

5. FRAGMENTAÇÃO ANTRÓPICA
Desde os tempos imemoriáveis, as populações sempre tiveram a necessidade da
terra para a produção de seus alimentos, desenvolvimento das atividades econômicas e
assentamentos humanos, hoje em dia, a situação não é diferente. Porém iniciam-se no
século XXI questionamentos a respeito do modo de vida contemporâneo, no qual o
desenvolvimento tecnológico e econômico é acompanhado da degradação ambiental e

13
do aumento de problemas da saúde física, mental e social dos indivíduos (NUCCI,
2007).
A deterioração ambiental em conjunto com: o efeito estufa, a mudança dos
padrões de chuva e o crescimento populacional desordenado das cidades, têm acarretado
a fragmentação dos ecossistemas e por consequência levado a iminência de uma crise
dos recursos filogenéticos. Segundo Cerqueira et al. (2003) muitos habitats naturais
contínuos foram fragmentados pelo homem, tornando-se mosaicos compostos por
manchas isoladas do habitat original em meio de plantações, pastos e área urbanas.
Assim, a fragmentação florestal é considerada uma das principais causas que ameaçam
as espécies de extinção (MMA, 2009).
No entanto, é possível observar algumas iniciativas em pro da conservação
ambiental, instituições nacionais e internacionais de pesquisa têm fornecido apoio para
o desenvolvimento de tecnologias voltadas ao manejo sustentável (VIANA, 1995), há
também, o emprego de estratégias como a restauração e recuperação para a proteção
ambiental e para produção e até mesmo o abandono das áreas. Porém a questão crucial
está relacionada a forma de uso da terra que deve ser baseada na percepção ambiental,
econômica, tecnológica, institucional, cultural e seu contexto social (Figura 6).

14
A
B

Figura 6. Diagrama esquemático da percepção dos produtores rurais e os cenários


possíveis dos efeitos derivados da fragmentação florestal. Fonte: FELFILI, (2003).

5.1 Efeitos na Mata Atlântica


A fragmentação florestal é um fenômeno amplamente distribuído e associado à
expansão das fronteiras do desenvolvimento humano (VIANA et al., 1997). Ela reduz a
área total coberta por floresta, o que pode acarretar na extinção de algumas espécies

15
(MURCIA, 1995). De acordo com Brooks et al., (1999), a fragmentação originária da
ocupação antrópica é um fenômeno global que tem colocado em risco a riqueza e a
diversidade da flora e da fauna (FISCHER, 2007).
A Mata Atlântica é o bioma brasileiro que mais sofreu e sofre com os intensos e
persistentes processos de degradação e fragmentação florestal, sendo os mesmos
oriundos de cinco séculos de acentuada ocupação humana, que resultou em uma
paisagem na qual se encontra pequenas, perturbadas e isoladas manchas florestais
(DEAN, 1996).
Sendo considerado mundialmente como um hotspot - áreas de maior índice de
diversidade, com altas taxas de endemismo e ao mesmo tempo com elevada pressão
antrópica (MITTERMEIER et al., 1999; WEBB et al., 2005). Autores como Myers et
al., (2000) alertam para a constante ameaça a essa biodiversidade visto que, em um
hectare desse bioma é possível encontrar cerca de 300 espécies de árvores (ROLIM e
CHIARELLO 2004).
De acordo com estudos recentes a situação do bioma Mata Atlântica é delicada,
Ribeiro et al., (2009) e Magnago et al., (2014) relatam que mais de 80% das suas
manchas possuem uma área inferior a 50 hectares, que em quase metade dos
remanescentes florestais a distância entre o interior e a borda é menor que 100 m e que a
distância média entre fragmentos florestais é de 1440 metros.
Diante desse cenário assume-se que os remanescentes florestais da Mata
Atlântica são refúgios de biodiversidade adaptados as suas próprias condições
biofísicas. Assim, a configuração territorial, se dá pelo conjunto formado pelos
ecossistemas naturais existentes e pelos acréscimos que as populações sobrepuseram no
seu sistema natural. A conformação territorial não se restringe ao espaço físico, e sim a
sua realidade cheia de materialidade e vida que o anima; tendo uma existência material
própria, oriunda das relações sociais (SANTOS e SILVEIRA, 2004).
É preciso que haja uma forte articulação entre o governo e a sociedade civil
organizada junto com o engajamento das comunidades locais, considerando o espaço
geográfico dentro de um espaço social, para que se consiga concretizar as medidas
mitigatórias a fim de diminuir as pressões antrópicas e eliminar o isolamento dos
fragmentos (SILVEIRA, 2010).

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6. EFEITO DE BORDA
No ano de 1905, Clements tinha proposto o conceito ecótono para designar a
transição entre dois ecossistemas, ele acreditava que a sucessão conduzia a um único
estágio climáxico, enquanto o autor Gleason, sustentava que a sucessão se desenvolvia
em múltiplos estágios climáxicos definidos pela história do ecossistema (GLEASON e
CRONQUIST, 1964). Outros autores discutiram a utilização dos termos ecótono, borda,
fronteira e zona de transição, a fim de estabelecer uma diferença semântica entre os
mesmos. Segundo Odum (1971), as fronteiras antrópicas poderiam ser consideradas
ecótonos, levando a uma larga definição de ecótono, no entanto Lovejoy et al., (1986) e
Murcia (1995), propõem que os limites naturais de ecossistemas sejam chamados de
ecótonos; e limites de origem antrópica denominados bordas.
De acordo com Murcia (1995), o efeito de borda pode ser definido como o
resultado da interação de dois ecossistemas adjacentes ou qualquer alteração na
distribuição de uma dada variável, em que ocorra a transição entre habitats (LIDICKER,
1999; LIDICKER e PETERSON, 1999).
O efeito de borda pode ser dividido em duas categorias: abióticos ou físicos e os
biológicos diretos e indiretos (MURCIA, 1995). Os efeitos abióticos envolvem
mudanças nos fatores climáticos ambientais, onde a zona de influência das bordas
apresenta maior exposição aos ventos, altas temperaturas, baixa umidade e alta radiação
solar (DAVIES-COLLEY et al. 2000; REDDING et al. 2003). Os efeitos bióticos
diretos envolvem mudanças na abundância e na distribuição de espécies provocada
pelos fatores abióticos nas proximidades das bordas, como por exemplo, o aumento da
densidade de indivíduos devido à maior produtividade primária causada pelos altos
níveis de radiação solar (MACDOUGALL e KELLMAN 1992; DIDHAN e LAWTON
1999). Os indiretos envolvem mudanças na interação entre as espécies, como predação,
parasitismo, herbivoría, competição, dispersão de sementes e polinização (GALETTI et
al., 2003; KOLLMANN e BUSCHOR, 2003).
De acordo com Lidicker (1999), existem dois tipos gerais de efeitos na
fragmentação: o efeito da matriz e o efeito de ecótono. Esta classificação se baseia em
reconhecer se a borda não tem propriedades emergentes, ou seja, se a borda se comporta
como um habitat diferente e adjacente. O efeito da matriz (KINGSTON e MORRIS,
2000), se refere a uma mudança brusca na distribuição de uma variável, que ocorre na

17
zona de borda (Figura 7). Este tipo de câmbio é devido unicamente aos habitats
adjacentes serem diferentes e não gerarem nenhum efeito de borda.

A B
Efeito da matriz A BORDA B
Borda abrupta

Efeito de Ecótono

Efeito de Ecótono

Efeito mutuo/Ecótono
Borda macia

Efeito de Ecótono

Sem efeito de
borda

Figura 7. Representação de algumas respostas potenciais de una variável dada ao longo


do gradiente de dois hábitats adjacentes A e B. Fonte: Lopez-Barrera, (2004).
Muitos fatores controlam a magnitude e a distância da influência de borda em
um determinado ecossistema, assim, as respostas da vegetação para criação de bordas
são necessariamente específicas (HARPER et al., 2005).

6.1 Efeitos abióticos


Os efeitos abióticos podem se manifestar de diferentes formas, uma delas é
através da radiação solar que tende a aumentar significativamente nas bordas dos
fragmentos, este aumento de luminosidade influencia diretamente em alguns processos
biológicos, tais como: germinação, sobrevivência e morte das árvores. Outro fator
importante é a quantidade de água que é afetada pela elevação da temperatura do ar e do
solo, com um consequente aumento da evaporação. A natureza do entorno também
influi, sendo na maioria das vezes as áreas agrícolas ou de lavoura, pastagens ou zonas
de pousio.

18
6.2 Efeitos bióticos

6.2.1 Diretos
Os efeitos bióticos diretos podem ser descritos como mudanças na composição,
estrutura e abundancia das espécies em função das alterações físicas ocorridas na borda
do fragmento. Essas modificações são refletidas na diversidade de plantas e animais,
como aves, mamíferos e insetos, que apresentam valores mais baixos quando
comparados ao interior do fragmento.
O aumento da luminosidade próximo às bordas estimula tanto o crescimento das
plantas quanto as taxas de reprodução. Geralmente, a abundância de lianas,
principalmente aquelas de diâmetros menores, é aumentada como resposta a este fator
(LAURENCE, 1997). A intensidade da luz nas bordas estimula também a germinação
de sementes fotossensíveis, presentes no banco de sementes do solo, alterando os
padrões de recrutamento de plântulas, sendo dessa forma, todo o piso florestal afetado.
Há também um hiperdinamismo visível nas bordas que é definido como um
aumento na frequência e/ ou amplitude da população, comunidade e dinâmica da
paisagem em habitats fragmentados. Exemplos de parâmetros que podem ser alterados
em fragmentos de habitat incluem: regimes de perturbação, taxas de mortalidade e
recrutamento, flutuação populacional de espécies individuais, taxas de extinção e de
turnover de espécies, o ritmo do ciclo biogeoquímico (LAURENCE, 2002).
No entanto, nem todos os processos ambientais irão acelerar, alguns podem
permanecer estáveis ou mesmo declinar, mas na maioria dos processos ecológicos em
paisagens fragmentadas ocorrerá o hiperdinâmismo (LAURENCE, 2002).
Aparentemente, se morrem mais árvores nas bordas do que no interior, seria esperado
então, que as bordas tivessem menos árvores. Porém isso não ocorre, devido as altas
taxas de recrutamento, que acarreta na elevação da densidade, sustentadas pela alta
regeneração das espécies de borda. Esses processos levam a uma modificação na
composição das espécies, havendo substituição de espécies tolerantes à sombra por
espécies pioneiras (DISLICH et al., 2002).
Um exemplo desse fenômeno é o trabalho realizado por Hundera et al. (2013),
no qual verifica-se a utilização do café como uma cultura adjacente a um fragmento
florestal pode ser empregada de forma amigável e que o uso do cultivo junto à floresta
como um sistema agroflorestal desempenha um papel importante na conservação em

19
uma paisagem dominada pelo homem (BHAGWAT et al., 2008). Porém a conservação
de vestígios florestais inalterados é essencial (ANAND et al, 2010; TSCHARNTKE et
al, 2011) para a manutenção da biodiversidade. As respostas obtidas com esse estudo
podem se aplicar não somente a orquídeas epífitas, mas também a samambaias que
necessitam de uma área com pouca ou nenhuma modificação das espécies arbóreas e
arbustivas da sua composição e estrutura das suas populações (Figura 8).

Figura 8. Comparação da média da riqueza de espécies/ árvore S (a), com a diversidade


(b). SMF: pequenas florestas manejadas; LMF: florestas grande gerenciados; LNF:
grandes florestas naturais. Letras diferentes indicam diferença estatisticamente
significativa.

6.2.2 Indiretos
Os efeitos bióticos indiretos são visíveis nas alterações das interações entre duas
ou mais espécies, tais como herbivoría, predação, polinização, dispersão e competição.

20
Sendo que a polinização e a dispersão podem ou não ser dependentes de vetores animais
(mamíferos aves ou insetos).
Nos casos das florestas tropicais úmidas, a maioria das plantas características de
estádios sucessionais mais avançados, são dispersas e polinizadas por animais, muitas
vezes em relações especificas. Se o fluxo entre os fragmentos apresentar algum
empecilho, em razão da grande distância ou mesmo uma matriz desfavorável à
movimentação, os processos de polinização e dispersão poderão ser afetados,
comprometendo a germinação dessas espécies. Atualmente, muitas espécies de árvores
neotropicais estão ameaçadas por uma combinação dessas causas (TABARELLI et al.,
2004).

7. VARIABILIDADE GENÉTICA
De acordo com Primack e Rodriguez (2003), a variabilidade genética é
importante na medida em que permite que as populações se adaptem a um ambiente em
transformação.
A fragmentação florestal dificulta o movimento entre populações o que provoca
a diminuição do número de indivíduos, favorecendo a perda de variação genética. A
população remanescente passa a ter um tamanho menor que o mínimo adequado. Nessa
população pequena pode ocorrer, a curto prazo, deriva genética, o que significa ter as
frequências de seus genes afastadas daquelas da população original, inclusive chegando
a perder alelos; a longo prazo, ainda pode haver um aumento da endogamia, decorrente
da maior probabilidade de autofecundação e acasalamento entre indivíduos aparentados
(KAGEYAMA, BERTIN e INGLEZ DE SOUZA, 1998).
Em um estudo proposto por Breed et al., (2013) a espécie de importância
comercial ( Swietenya macrophylla – Meliaceae) tem a redução da diversidade de pólen
recebido na copa das árvores acarretando em um processo de depressão endogamia
devido a fragmentação das florestas da América Central (Figura 9). Outro efeito similar
é relatado no estudo de Conson et al., (2013) na Mata Atlântica com a espécie Luehea
divaricata (Malvaceae) no qual demonstra que a fragmentação do habitat é uma das
causas de perda da qualidade genéticas dos indivíduos e produz efeitos no recrutamento
da espécie (ISMAIL et al., 2014).

21
Figura 9. Possíveis respostas do sistema de acasalamento de árvores a perturbação do
habitat, incluindo (a) insuficiência de pólen / polinizadores; (b) aumento da
autofecundação; (c) aumento cruzamentos endogâmicos; (d) diminuição da diversidade
do pólen. Árvores geneticamente semelhantes são representadas pelas mesmas cores. A
polinização é indicada: linhas que mostram a polinização falhou (linhas pontilhadas
coloridas seguindo por uma cruz vermelha); reduzido polinização (linhas tracejadas);
polinização normal (linha cheia); um aumento relativo da polinização por linhas
coloridas com um plus verde (+). Respostas (b, aumento da autofecundação), (c,
aumentou cruzamentos endogâmicos) e (d, diminuição da diversidade de pólen) não são
mutuamente exclusivas para espécies hermafroditas e auto-compatível. Fonte: Breed et
al., (2013).

8. ECOLOGIA DA PAISAGEM
É a ciência que estuda e procura melhorar o relacionamento entre os processos
ecológicos no ambiente e ecossistemas particulares. Isso é feito dentro de uma
variedade de escalas de paisagem, desenvolvimento de padrões espaciais e níveis
organizacionais de pesquisas e políticas. Está relacionado com o estudo da estrutura,
função e mudança de uma região heterogênea composta de ecossistemas em interação
(SOARES FILHO, 1998).

22
8.1 Estrutura da paisagem
A paisagem é uma unidade heterogênea, composta por um conjunto de
subunidades interativas (ecossistemas, unidades de vegetação ou de uso e ocupação do
solo), cuja estrutura pode ser definida pela área, forma e disposição espacial (FORMAN
e GODRON, 1986; BLANDIN e LAMOTTE, 1988; OPDAM, 1988; OPDAM et al.,
1993 apud METZGER, 1999).
Segundo Forman e Godron, (1986), a estrutura da paisagem esta composta por:
 Estrutura: é o produto do relacionamento espacial entre os distintos ecossistemas
ou elementos presentes. Mais especificamente, é como o arranjo ou padrão
espacial da paisagem (descrito por: tamanho, forma, número e tipos de
configurações dos ecossistemas) que governa a distribuição da energia, de
materiais e organismos;
 Função: são as interações entre os elementos espaciais, representadas pelos
fluxos de energia, materiais e espécies entre os ecossistemas presentes;
 Mudança: dada pela alteração na estrutura e na função do mosaico ecológico
através do tempo.
De acordo com Zonneveld (1972), a hierarquia da paisagem pode ser delineada
da seguinte forma:
 Ecótopo (sítio, tessela ou célula): consiste na menor unidade holística da
paisagem (land unit), caracterizada pela homogeneidade de pelo menos um
atributo da terra ou geoesfera, a saber: atmosfera, vegetação, solo, rocha, água,
etc - e com variação não excessiva nos outros atributos;
 Faceta terrestre (land facet), geofácies: corresponde a uma combinação de
ecótopos, formando um padrão de relacionamentos espaciais e sendo fortemente
vinculado às propriedades de pelo menos um atributo da terra.
 Sistema terrestre (land system), geossistema: equivale a uma combinação de
geofácies que formam uma unidade mapeável em uma escala de
reconhecimento.
 Paisagem principal (main landscape): consiste em uma combinação de sistemas
terrestres em uma região geográfica.

Assim, observando todos os elementos descritos anteriormente, pode-se afirmar


que a estrutura irá interferir na dinâmica das populações, podendo alterar as taxas de
extinção e as possibilidades de deslocamentos das mesmas. O processo de fragmentação
23
leva a ruptura da continuidade da paisagem modificando a estrutura e resultando em
mudanças na composição e na diversidade das comunidades (METZGER, 1996).

8.2 Área e isolamento dos fragmentos


De acordo com Metzger (1999), a fragmentação age fundamentalmente
reduzindo e isolando as áreas propícias à sobrevivência das espécies, dando origem
assim as extinções determinísticas e estocásticas, cujos riscos aumentam à medida que o
tamanho da população é reduzido.
O referido autor relata ainda várias hipóteses que associam a área à riqueza de
espécies, como: a riqueza diminui quando a área do fragmento fica menor do que as
áreas mínimas necessárias para sobrevivência das populações; a redução da
heterogeneidade interna do habitat contribui para a extinção que ocorre
simultaneamente à perda da área; à diminuição da área tem relação direta com a perda
de recursos acarretando em um aumento das competições intra e interespecífica, e
assim, o desaparecimento de certas espécies-chaves tem por consequência extinções
secundárias, que ocorrem em casos de mutualismos, comensalismos e em diversas
formas de interações entre plantas e animais.
Em relação às extinções estocásticas, são aquelas que ocorrem quando eventos
aleatórios não previsíveis atuam sobre populações fragilizadas, reduzindo o número de
seus indivíduos até níveis incompatíveis com sua sobrevivência, causando o
desaparecimento da espécie lentamente (CANTELLE, et al., 2010).

8.2.1 Isolamento dos fragmentos


O isolamento explica apenas uma pequena parte da variância da riqueza de
espécies, mas essa relação é tida como significativa para diversos autores (VAN DORP
e OPDAM, 1987; HOBBS, 1998; TANGNEY et al., 1990; VERBOOM e VAN
APELDOORN, 1990 apud METZGER, 1999). Segundo Metzger (1999) ela agirá de
maneira negativa na riqueza, pois diminui a taxa (ou potencial) de imigração (ou de
recolonização), fazendo com que as espécies que se mantiverem nessas áreas isoladas se
tornem dominantes tendo por consequência a diminuição da diversidade pela perda de
riqueza.

24
8.3 A matriz na fragmentação florestal
É a área que circunda um fragmento e é especificamente o seu tipo que é de
suma importância para a manutenção da viabilidade dos fragmentos. Os tipos mais
comuns de habitat matriz são: áreas agrícolas, pastagens, culturas de árvores exóticas
como o eucalipto, áreas urbanas, rodovias ou estradas, vilas, lixões, dentre outros.
A estrutura e a composição da matriz afetam o fragmento. Muitos autores fazem
a consideração que esse elemento é determinante sobre os tipos de efeitos de borda no
fragmento, e que o tipo de matriz afeta a capacidade de dispersão das espécies. Aves
insetívoras (STOUFFER e STRATFORD, 1999), aranhas (MESTRE e GASNIER,
2008), abelhas (BECKER et al., 1991), besouros (QUINTERO e ROSLIN, 2005) e
primatas (BOYLE e SMITH, 2010) recolonizaram fragmentos antes abandonados
quando a matriz foi substituída de pasto para floresta secundária. Efeito similar foi
observado influenciando o movimento de polinizadores e dispersores afetando a chuva
de semente.
Nesse contexto, Laurance et al., (2011) afirma que o fragmento é um espelho da
sua matriz circundante. Entretanto, áreas de matriz podem representar um risco para
muitas espécies causando o efeito barreira ou permitindo a dispersão de espécies
invasoras não florestais (GASCON et al., 1999; ZARTMAN e NASCIMENTO, 2006;
ZARTMAN e SHAW, 2006; FÁVERI et al., 2008; LAURANCE, 2009).
Dessa forma, um fragmento não é simplesmente uma amostra da floresta
original, pois sofre perturbações relacionadas com o desmatamento, restrição do
tamanho das populações, redução da imigração, efeitos de maior magnitude
(competição, predação, polinização, dispersão, ciclagem de nutrientes) e imigração de
espécies exóticas.

8.4 A conectividade entre os habitats


Segundo Metzger (1999), a conectividade pode ser definida como a capacidade
da paisagem em facilitar os fluxos biológicos dos organismos, das sementes e dos grãos
de pólen. Essa definição apresenta um duplo aspecto: o estrutural e o funcional.
A restauração da conectividade estrutural possibilita a conexão entre habitats
fragmentados, promovendo o movimento de organismos, auxiliando na preservação da
biodiversidade de ecossistemas e nas funções das comunidades (SOULÉ; GILPIN,
1991; CAMPOS, 2003; MYERS; BAZELY, 2003). Já o aumento da conectividade
funcional se refere especificamente à intensidade de movimentos inter-habitat dos
25
organismos (MERRIAM, 1984; 1991), os quais poderão ser avaliados pelos fluxos de
disseminação.
Aspectos como largura do corredor e características com relação à
permeabilidade da matriz podem influenciar fluxos de maneira distinta, dependendo das
particularidades das espécies. Assim, com relação à avaliação da eficiência da
implantação de corredores (conectividade funcional), a mesma só pode ser mensurada
em estudos de ecologia populacional e fluxo gênico entre fragmentos, dentre outros
métodos específicos que possam aferir de acordo com a sensibilidade de cada espécie
alvo.

8.4.1 Movimentos da fauna nos fragmentos florestais


Em geral, fragmentos pequenos contêm não apenas uma menor riqueza de
espécies, mas também uma menor densidade (número de espécies por unidade de área)
quando comparados a fragmentos maiores ou florestas contínuas, e isso ocorre por
serem influenciados pelo efeito de amostragem. Porém, nem sempre essa premissa será
verdadeira, pois nos trópicos, muitos organismos têm distribuições agregadas e padrões
complexos de endemismos.
Na Amazônia, várias espécies de sapos tendem a ter distribuições agregadas,
pois as poças que habitam se distribuem da mesma forma (ZIMMERMAN &
BIERREGAARD, 1986). No caso das espécies arbóreas esse arranjo ocorre em forma
de mosaico (RANKIN-DE-MERONA et al. 1992, PITTMAN et al. 1999), esse padrão
pode ser observado também em diversos grupos de insetos como: cupins (SOUZA &
BROWN 1994), besouros (DIDHAM et al. 1998) e formigas (VASCONCELOS et al.
2001). Essa distribuição heterogênea implica na ausência de várias espécies em uma
determinada área simplesmente porque não ocorrem ali desde o início (LAURENCE e
VASCONCELOS, 2009).
Segundo Stotz et al., (1996) aves são consideradas os melhores indicadores
ecológicos para o ambiente terrestre, pois a análise das respostas dessas comunidades à
fragmentação de florestas proporciona uma forma de avaliar as condições do ambiente e
capacidade que o mesmo tem de manter a biodiversidade do local (GIMENES e
ANJOS, 2003).

26
9. A TEORIA DA BIOGEOGRAFIA DAS ILHAS
A Teoria da Biogeografia de Ilhas, desenvolvida em 1967 por Robert Macarthur
e Edward Wilson se propunha a explicar os fatores que determinavam a riqueza das
espécies em comunidades naturais, particularmente nas ilhas oceânicas, porém a mesma
teve sua aplicação estendida aos chamados Habitat-ilhas, que são ecossistemas
rodeados por uma área pouco favorável para suas populações; assim, o número de
espécies em uma ilha seria estabelecido por três fatores principais:
 O tamanho;
 A sua distância a partir da fonte de colonização; e
 O equilíbrio dinâmico entre a imigração e extinção de espécies.
Essa teoria possibilitou o desenvolvimento de métodos para analisar a extinção,
a dispersão e a distribuição aplicadas a padrões de biodiversidade em ilhas e, mais
recentemente, em fragmentos. Embora o seu emprego seja recente, seus princípios são
antigos, já formulados por importantes naturalistas como: Charles Darwin e Alfred
Wallace, sendo esse último, o responsável por boa parte dos fundamentos aplicados hoje
(BROWN e LOMOLINO, 2006), dentre eles estão:
 A competição, predação e outros fatores bióticos são importantes regras na
determinação da distribuição, dispersão e extinção de animais e plantas;
 As áreas descontínuas ou habitats fragmentados são importantes causas de
extinções;
 A especiação pode ocorrer com o isolamento geográfico de populações que
subsequentemente tornam-se adaptados ao clima local e ao habitat;
 Determinadas espécies podem colonizar ilhas distantes, superando com maior
eficiência barreiras que outras espécies não conseguem;
 A distribuição de organismos não adaptados a dispersões de longas distâncias
são boas evidências de conexões de ilhas no passado;
 Na ausência da predação e competição, organismos isolados podem sobreviver e
se diversificar;
 Quando duas grandes massas de terra são reunidas depois de um longo período
de separação, podem ocorrer extinções devido à possibilidade de se encontrar
novos competidores.
As ilhas se caracterizam por possuir sempre menos espécies que os continentes,
independentemente do grupo de animais ou de plantas. Essa escassez biológica é
27
aparentemente causada pelo isolamento, porém estudos de campo mostram que há uma
relação mais forte com o tamanho da ilha, assim, ilhas grandes, mesmo mais isoladas,
tendem a ter mais espécies que ilhas menores mais próximas ao continente.
O princípio da biogeografia de ilhas de Macarthur e Wilson (1967), afirma que:

 O número de espécies numa ilha resulta de um equilíbrio dinâmico (steady state)


entre o número de espécies que se extinguem na ilha e o número de espécies que
chegam à ilha, assim, o número de espécies permanece constante, enquanto sua
identidade varia ao longo do tempo;
 As ilhas maiores teriam taxas de extinção menores e também seriam mais
facilmente encontradas por colonizadores;
 O número de espécies nas ilhas deve estar inversamente relacionado ao seu
isolamento;
 A relação negativa com o isolamento é mais fraca que a relação positiva com a
área;
 As ilhas oceânicas possuem menos espécies que as ilhas continentais de
mesma área.
 As ilhas grandes e próximas do continente têm mais espécies que as
pequenas situadas à mesma distância do continente;
 O tamanho afeta a taxa de extinção, e a distância do continente a taxa de
imigração.
No conceito da Biogeografia, as ilhas não são precisamente uma porção de terra
rodeada de água, e sim, os lagos seriam ilhas de água em um mar de terra, os topos de
montanhas ilhas de altitude num oceano de planície e os oásis ilhas de vegetação em um
mar de desertos.
No entanto, é preciso entender por que espécies em ilhas são tão vulneráveis.
Isso se deve ao fato de que as espécies insulares muitas vezes evoluíram na ausência de
predadores e de certas doenças, ou seja, a vulnerabilidade das espécies se deve, em parte
ao seu isolamento e a pequenas populações.
Por outro lado, é importante considerar que os fragmentos possuem zonas de
transição que podem funcionar como barreiras para algumas espécies, porém, de modo
geral, a riqueza de espécies declina com o tamanho dos fragmentos (LAURANCE et al.,
2011), mesmo assim, padrões diferentes foram encontrados em áreas fragmentadas de
Mata Atlântica (ANJOS et al., 2011).
28
10. METAPOPULAÇÕES
Uma metapopulação é definida como um conjunto de populações conectadas,
esse conceito foi originalmente introduzido por Richard Levins (1969) através de um
modelo, no qual se assume um grande número de fragmentos propensos a extinção de
habitats, geralmente do mesmo tamanho e interligados através de um processo de
migração.
Esse arquétipo apresenta a ideia de que uma metapopulação local existe e afeta
as populações propensas à extinção, as quais persistem num equilíbrio entre a extinção
local e a recolonização de fragmentos vazios. O autor considera ainda que, uma
metapopulação é como uma população de populações que habitam uma rede de
fragmentos infinitamente grandes e assume que todas as entidades de base existentes
(ou populações locais), são idênticas e, portanto, apresentam o mesmo comportamento.
Também supõem-se que as dinâmicas locais são completamente assíncronas, ou seja, os
migrantes são espalhados através de fragmentos em toda a rede, encontrando e
colonizando fragmentos vazios.
Em um ecossistema, as populações são espacialmente estruturadas dentro de
assembleias de populações locais reprodutivamente ativas que têm qualquer efeito sobre
outras populações locais, incluindo a possibilidade de recuperação das que foram
extintas. Nesse contexto, uma população estruturada é baseada na extensão e natureza
da comunicação genética entre animais da mesma espécie e a seleção natural exercida
pelo ambiente (HANSKI, 1999).
As dinâmicas metapopulacionais e os processos dependentes da densidade local
são importantes na persistência de espécies a longo prazo (HANSKI, 1999). Três
processos são vitais para a ecologia de metapopulações: a migração e como essa afeta a
dinâmica local, a extinção da população e o estabelecimento de novas populações locais
ou colonização (HANSKI, 1999). No entanto, o tamanho da população é afetado por
cinco processos: a taxa de natalidade, o aumento da imigração, o tamanho da população,
mortalidade e a emigração que os reduzem. Essa teoria está mais focalizada na dinâmica
regional.

29
11. CORREDORES ECOLÓGICOS
Os corredores ecológicos são porções dos ecossistemas naturais ou seminaturais,
que possibilitam o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de
espécies e a recolonização das áreas degradadas, bem como a manutenção das
populações que demandam para sua sobrevivência áreas com uma extensão maior do
que aquela das unidades individuais (BRASIL, 2000).
No caso das paisagens fragmentadas os corredores são geralmente formados pela
vegetação remanescente; sendo reconhecidos pelo controle do fluxo hídrico e biológico
na paisagem. Nesses casos, a taxa de mortalidade ou de predação no interior dos
corredores é mais baixa do que na matriz, permitindo assim o movimento através dos
mesmos. Ao facilitarem o fluxo entre os fragmentos, os corredores ecológicos permitem
reduzir os riscos de extinção local e favorecem as recolonizações, aumentando a
sobrevivência das metapopulações. Outra função dos corredores é de constituírem um
complemento de habitat na paisagem podendo servir de áreas de refúgio para a fauna
quando há perturbações.

11.1 Projeto de Corredores Ecológicos no Brasil


Os corredores ecológicos representam uma das estratégias mais promissoras para
o planejamento regional da conservação e da preservação da flora e da fauna.
Nesse contexto, no período de 1996 a 1997 o Brasil criou grandes projetos de
corredores ecológicos como o: Corredores Ecológicos das Florestas Tropicais
Brasileiras, o qual tem como intuito tornar as áreas protegidas menos isoladas e
restaurar os intercâmbios genéticos nos ecossistemas da Amazônia e Mata Atlântica,
nos quais a fragmentação e o manejo inadequado das Unidades de Conservação
existentes tem se constituído um dos problemas mais prementes que necessitam ser
enfrentados com determinação, e a curto prazo.
A implementação desses corredores teve como propósito avaliar as distintas
condições nesses dois biomas, e com base no que foi observado, articular e incentivar a
criação e implementação de demais corredores.
Os corredores ecológicos pretendem estender e reforçar o atual sistema de
Unidades de Conservação, sendo representados por extensos corredores ecológicos
protegendo a biodiversidade em florestas neotropicais da Amazônia e da Mata Atlântica
do Brasil (AYRES et al., 2005).

30
O projeto Corredores Ecológicos das Florestas Tropicais Brasileiras tem como
objetivos principais:
 Reduzir a fragmentação, mantendo ou restaurando a conectividade da paisagem
e facilitando o fluxo genético entre as populações;
 Planejar a paisagem, integrando unidades de conservação, buscando conectá-las
e, assim, promover a construção de corredores ecológicos na Mata Atlântica e a
conservação daqueles já existentes na Amazônia;
 Demonstrar a efetiva viabilidade dos corredores ecológicos como uma
ferramenta para a conservação da biodiversidade na Amazônia e Mata Atlântica.

Essa abordagem considera critérios fundamentais que ficaram ausentes nos


projetos que tratavam do estabelecimento da atual rede de áreas protegidas brasileiras,
como:
 A importância biológica, representando o montante de diversidade biológica a
ser conservada no sistema de unidades de conservação.
 O uso sustentável de recursos e participação de atores, atendendo às
necessidades da geração atual, sem comprometer as necessidades das gerações
futuras, e criando uma mentalidade pública neste sentido.
 A representatividade, relacionado ao montante das diferentes regiões biológicas
atualmente representadas no sistema brasileiro de áreas protegidas.
 O grau de conectividade, indicativo das reais possibilidades de manutenção dos
processos ecológicos e evolutivos, permitindo fluxos gênicos em diferentes
graus.
Assim, na Mata Atlântica dois corredores prioritário foram selecionados, os
mesmos possuem pelo menos ⅔ da biodiversidade original deste bioma, eles são:
1. O Corredor Central da Mata Atlântica, que inclui 11 das áreas de mais alta
prioridade e geograficamente mais extensas da região. Possui o índice mais alto
de diversidade de plantas vasculares no mundo e abriga um grande número de
animais endêmicos. É também a área onde existe a maior quantidade de
remanescentes da Mata Atlântica no nordeste, ainda com potencial para o
estabelecimento de unidades de conservação adicionais. Estas poderão fornecer
elementos de ligação entre vários fragmentos isolados. Existem ações
complementares planejadas pelo Projeto Corredores Ecológicos na área de
31
influência da Reserva Biológica de Sooretama e Reserva Natural da Vale do Rio
Doce (ES), assim como outras ações desenvolvidas por diversas organizações na
região da Reserva Biológica de Uma (BA).

2. O Corredor Sul da Mata Atlântica, ou Corredor da Serra do Mar, o qual possui


não somente áreas protegidas importantes e de considerável tamanho, mas
representa também a maior extensão contínua de Mata Atlântica nos estados do
Rio de Janeiro, São Paulo e norte do Paraná. As matas nesse corredor
constituem, ecologicamente, a região mais viável ao sul da Mata Atlântica,
ajudando a conservar a maioria das espécies endêmicas e ameaçadas da região.

Em relação às iniciativas do Corredor Central da Mata Atlântica estão


organizadas em três grandes componentes: a) ações em 13 unidades de conservação
prioritárias identificadas pela sua representatividade, importância biológica, estado de
conservação e estágio de desenvolvimento institucional; b) ações em áreas externas às
unidades de conservação, contemplando as seguintes atividades: i) Programa de
Estímulo à Criação de RPPNs; ii) Participação Comunitária no Corredor Central da
Mata Atlântica; e iii) Programa de Fiscalização e Monitoramento da Cobertura
Florestal; e Programa de Pesquisas Regionais; c) iniciativas de caráter estratégico para o
início da formação do corredor, tendo como alvo principal quatro sub-regiões nucleares
ou eixos prioritários (Cacaueira; Extremo Sul da Bahia; Norte do Espírito Santo; e
Serrana), a partir dos quais pretende-se que haja expansão dos esforços em nível
regional.
Assim, para garantir a efetividade dessa estrutura foram firmados Acordos de
Cooperação Técnica entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e os estados da
Bahia, Espírito Santo e Amazonas; entre o MMA, IBAMA e ICMBio; e entre MMA e
FUNAI, envolvendo a implementação do Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA)
e do Corredor Central da Amazônia (CCA) junto com a participação das populações
locais, tendo por objetivo final garantir a conectividade dentro dos elementos
fundamentais para a formação e manutenção dos corredores na Mata Atlântica e na
Amazônia (MMA, 2014).

32
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABÍLIO, F. J. P.; RUFFO, T. L. M.; SOUZA, A. H. F. F.; OLIVEIRA-JÚNIOR, E. T.


AGOSTINHO, A. A. et al. Biodiversity in the high Paraná River floodplain.
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ALDASORO, J. J. Phylogenetic and phylogeographic evidence for a Pleistocene
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