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PÓS-GRADUAÇÃO EM
ECONOMIA E MEIO AMBIENTE
Curitiba
2013
SUMÁRIO
Estes dados demonstram que a forma pela qual o ser humano está se
apropriando dos recursos ultrapassou o chamado limiar da sustentabilidade.
Estamos vivendo a quarta extinção massiva, mas pela primeira vez os
organismos responsáveis por este fenômeno, o próprio homem, tem consciência
das consequências de suas atitudes. Temos um enorme desafio de democratizar
esta informação, para formar o embasamento político necessário as grandes
mudanças que precisamos imprimir no modelo de desenvolvimento.
A natureza está dando um grande número de avisos, como o aumento do
CO2 atmosférico, o aumento paulatino da temperatura planetária, a grande perda
da biodiversidade, a aceleração do derretimento das geleiras e das calotas
polares, a redução da camada de ozônio, o aprofundamento do nível dos lençóis
freáticos, a poluição dos rios, que demonstram a gravidade da situação atual e
que exige ações urgentes e profundas para alterar o atual rumo, que está nos
levando a destruição das condições de vida da própria espécie humana.
O mais grave é que todo este dano resultante da excessiva exploração da
biosfera, não trouxe benefícios de forma equitativa para a humanidade, mas ao
contrário, os indicadores sociais demonstram que estes desastres ambientais
trazem benefícios a poucos.
Em 1969 um holandês chamado Jan Tinbergen foi laureado com o prêmio
Nobel de economia, quando comprovou que o principal fator da degradação
ambiental é a concentração de riquezas. Na época, 1/4 da população mundial
apresentava elevado nível de riqueza enquanto que os outros 3/4 eram pobres,
contudo o consumo da parcela rica era 14 vezes maior do que os pobres. Após a
chamada globalização, a distribuição de riquezas apresenta uma distorção ainda
maior. Dos 6 bilhões de habitantes, apenas 1 bilhão apresentam um elevado nível
de consumo enquanto que 2,4 bilhões de habitantes vivem com menos de 2
U$/dia, 1/5 da humanidade com menos de 1 U$/dia. Até mesmo o alimento é
negado a 1,1 bilhão de seres humanos, que se encontra em estado de
subnutrição.
Os EUA, com menos de 5% da população mundial, consomem cerca de
30% da energia planetária e são responsáveis por 25% das emissões de carbono,
o que tem trazido problemas a todo o mundo. Se o modelo de consumo
americano fosse seguido em todo o mundo, seria necessário que a energia
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mundial fosse multiplicada por 5, o que seria impossível, pois não há recursos
naturais para tanto e mesmo que houvesse o impacto planetário seria muito mais
grave.
Os problemas ambientais são resultados do inadequado nível de consumo
de uma pequena parcela da humanidade, contudo as suas consequências afetam
a todos indistintamente.
Os reflexos ambientais provenientes da nossa forma de apropriação da
natureza, talvez seja o grande freio natural que vai estabelecer o limite às ações
humanas. Nas últimas décadas acumularam-se evidências de que o
desenvolvimento econômico alcançado por alguns e perseguido por muitos
países está causando efeitos trágicos sobre o ambiente. A intensificação das
atividades econômicas associado ao explosivo crescimento populacional,
notadamente após a II Guerra Mundial, tem colocado em xeque o modelo de
desenvolvimento vigente. Nunca a pressão sobre os recursos naturais foi tão
intensa em toda a história planetária. Segundo relatório do Fundo Mundial da
Natureza (WWF) (2006), a humanidade excedeu a biocapacidade1 global em
quase metade de um hectare por pessoa. Esse excedente, que teve início na
década de 80, ainda continua a crescer. Persistindo tal situação, a capacidade do
planeta de se regenerar poderá sofrer uma redução permanente.
1
É a quantidade de área biologicamente produtiva (cultivo, pasto, floresta e pesca) disponível para as
necessidades da humanidade (WWF, 2006).
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2.1 INTRODUÇÃO
seja pela falta de controle, seja pela falta de investimentos em coleta, tratamento
e disposição final de esgotos e na disposição inadequada dos resíduos sólidos.
Além disso, novos mananciais, necessários para suprir essas demandas,
encontram-se cada vez mais distantes dos centros consumidores.
Relatório do final de 2001 da Agência Nacional de Águas (ANA) diz que a
poluição está “fora de controle” nos rios de oito Estados, do Rio Grande do Sul à
Bahia – 70% dos cursos examinados apresentavam “alto índice de
contaminação”. A cobrança pelo uso da água já em vigor, talvez possa abrir um
novo caminho na difícil batalha que terá de ser travada nesse setor. A experiência
do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, que
cobrará R$ 0,02 por m³ de água, poderá ser decisiva, se de fato proporcionar os
R$ 20 milhões anuais esperados, para aplicar em projetos de despoluição na
bacia.
E não há por que ter dúvidas: quem tiver controle sobre a quantidade e
qualidade desse produto terá em suas mãos trunfos que permitirão obter
vantagens inimagináveis.
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Quantidade de calor necessária para alterar a temperatura da substância.
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o líquido. Isto significa que a água libera calor para se congelar. Por esta razão,
as plantas podem ser protegidas contra a geada, através da aspersão de água
pela irrigação.
Quando congelada3, ao invés de se retrair, como acontece com a maioria
das substâncias, a água se expande e, assim, flutua sobre a parte líquida, por ter
se tornado menos densa. Por esta razão o gelo boia e as plantas morrem nas
geadas, pois a água se dilata estourando os seus vasos.
3 o o
A água apresenta comportamento irregular de 0 C a 4 C.
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3
TABELA 3 - DISPONIBILIDADE DE ÁGUA POR REGIÃO (x 1.000 m )
REGIÃO 1950 1960 1970 1980 2000
África 20,6 16,5 12,7 9,4 5,1
Ásia 9,6 7,9 6,1 5,1 3,3
Europa 5,9 5,4 4,9 4,4 4,1
América do Norte 37,2 30,2 25,2 21,3 17,5
América Latina 105,0 80,2 61,7 48,8 28,3
Total 178,3 140,2 110,6 89,0 58,3
localizada na região Amazônica, que detém a bacia fluvial com maior volume
d'água do globo, e os 30% restantes se distribuem desigualmente pelo país, para
atender a 95% da população e desta forma multiplicam-se os pontos de conflitos
de uso dos recursos hídricos em várias regiões.
O Brasil tem 25% de toda a área agricultável do planeta (de um total de 1,4
bilhão de hectares4, temos 360 milhões) e a maior rede de biodiversidade do
mundo (15%). O problema é a distribuição da água.
Não é difícil ver onde o problema da água é mais grave: o Nordeste tem
apenas 3% da água brasileira e mesmo assim, 67% destas águas estão no Rio
São Francisco. São 12 milhões de habitantes espalhados em toda a região que
sofrem com o problema do acesso à água. O estado brasileiro que tem os
maiores problemas com água é Pernambuco. Mesmo aí tem 1.270
m3/água/pessoa/ano, muito acima da média da ONU para ser considerado pobre
em água que é de 500 m3/pessoa/ano.
Porém, nossos rios e lagos vêm sendo comprometidos pela queda de
qualidade da água disponível para uso em decorrência da poluição e da
degradação ambiental. Problemas como o garimpo clandestino e a falta de
tratamento dos despejos domésticos e industriais nas grandes cidades afetam a
qualidade da água. As atividades agrícolas mal planejadas, também causam
intenso processo erosivo, que é um importante fator da degradação da qualidade
das águas.
4 2
O hectare (ha), sistema usual de área, corresponde a 10.000 m .
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A água é o principal constituinte dos seres vivos. Esse líquido precioso está
nas células, nos vasos sanguíneos e nos tecidos de sustentação. Nossas funções
orgânicas necessitam da água para o seu bom funcionamento. Em média, um
homem tem aproximadamente 47 litros de água em seu corpo. Diariamente, ele
deve repor cerca de 2 litros e meio. Todo o nosso corpo depende da água, por
isso, é preciso haver equilíbrio entre a água que perdemos e a água que
repomos. Quando o corpo perde líquido, aumenta a concentração de sais, que se
encontram dissolvido na água. Ao perceber esse aumento, o cérebro coordena a
produção de hormônios que provocam a sede. Se não beber água, o ser humano
entra em processo de desidratação e pode morrer de sede em cerca de dois dias.
Os vegetais utilizam a água como a principal via de absorção dos sais
necessários para o seu desenvolvimento. A concentração destes sais é bastante
baixa na solução do solo. Assim a maior parte da água absorvida é emitida para a
atmosfera sob a forma de vapor, pela transpiração, através da superfície e de
pequenos orifícios das folhas, os estômatos, concentrando nas células vegetais
uma pequena quantidade destes sais. Um hectare de milho consome por dia de
28 a 40 mil l de água, sem considerar as perdas por percolação e evaporação. Se
a concentração de sais no solo for exagerada, a planta passa a perder água para
o solo sofrendo consequentemente a murcha. A transpiração das plantas e a
evaporação direta da água da superfície do globo constituem um dos mais
importantes fluxos da água para a atmosfera e são elementos regularizadores do
clima.
A água, apesar de abundante, está mal distribuída tanto no território
brasileiro, quanto entre seus usuários e consumidores. Apesar de o Código de
Águas prever a prioridade absoluta do uso da água para satisfazer as
necessidades humanas básicas (dessedentação e usos domésticos), o maior
consumo se dá na agricultura com 70% do volume total (FIGURA 6). Em seguida
estão os usos industriais com 20% e, por fim, os usos domésticos que não
ultrapassam 8%. Somando-se este aspecto ao desperdício de água, à poluição
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para a irrigação. Muitas vezes podemos ter uma quantidade adequada de água,
porém sua disponibilidade para determinado uso encontra-se comprometida pela
qualidade. Desta forma a conservação do ambiente é essencial para manter a
disponibilidade de água, pois o meio degradado faz com que a água existente não
seja apropriada para determinados usos.
2.9.1 A eutrofização
200 metros, para os cursos d’água que tenham de 200 a 600 metros de
largura; e
500 metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600
metros.
Além dos citados acima, as áreas no entorno das nascentes e dos olhos
d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50
metros.
30
3.2.1 Erosão
3.2.2 Poluição
4.1 INTRODUÇÃO
Na maioria das cidades brasileiras, tanto lixo como esgoto têm sido
lançados a céu aberto ou em praias, córregos e lagos, por falta de oferta de
serviços ou por não existir um planejamento e comprometimento dos órgãos
responsáveis, criando ambientes insalubres e colocando a população residente
em contato com várias doenças infectocontagiosas como verminoses, infecções
bacterianas e viróticas.
Para promoção do desenvolvimento ambientalmente saudável dos
assentamentos humanos é necessária a implementação de um conjunto de
medidas que devem envolver a coleta e o tratamento adequado de quaisquer
tipos de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, que possam afetar a qualidade
ambiental, bem como a saúde da população.
À medida que compreendermos que o problema dos resíduos não se
resolverá apenas com novas tecnologias, reconheceremos a importância de
trabalharmos por uma nova mentalidade, que produza atitudes diferentes, que
eduque e modifique hábitos, através de um trabalho processual, em que as
pessoas possam ir além da ação, transformando velhos paradigmas, criando uma
forma mais responsável de relacionar-se com o ambiente.
4.4.1 Lixões
4.4.4 Incineração
4.4.6 Reciclagem
5 ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
5.1 INTRODUÇÃO
nos últimos anos a produtividade tem tido um ritmo menor de crescimento. Para
quem imaginava a biotecnologia como saída para este problema e, em conjunto,
como alternativa para a redução do uso dos agrotóxicos e seus efeitos negativos
enganaram-se.
A biotecnologia não tem boas perspectivas de resposta ao aumento de
produtividade. Novas alternativas talvez estejam nos oceanos, se conseguirmos
explorá-los sustentavelmente, pois a produção pesqueira tem chegado ao limite
em muitas partes do mundo.
A redução das florestas foi significativa; chegou a mais de 50% nos países
em desenvolvimento, ou pela expansão agrícola e urbana ou simplesmente pela
exploração predatória. A área florestal por pessoa no mundo está projetada a cair
dos atuais 0,56 hectares/pessoa para 0,38 hectares/pessoa em 2050. As florestas
representam os ecossistemas mais ricos do planeta, além dos oceanos. A
redução dos ecossistemas reduz a biodiversidade; é uma relação direta.
Considerando os efeitos da poluição (dos solos, dos rios e dos mares), a
tendência mostra perdas ainda mais drásticas.
A extinção acelerada de espécies vegetais e animais é uma tendência
peculiar, talvez apenas remediável, e afetará as perspectivas futuras da
humanidade. Estima-se que 11% das 8.615 espécies de aves conhecidas, 25%
dos 4.355 mamíferos, 34% dos peixes e um inestimável número de outras
espécies conhecidas sejam extintos nos próximos 20 anos. As mudanças na
temperatura do globo, a poluição e, principalmente, a alteração e destruição dos
habitats são as causas diretas desta extinção em massa. Como essas alterações
estão diretamente ligadas ao crescimento populacional humano, há uma relação
previsível do crescimento demográfico com a extinção de espécies. E com a
extinção das espécies, os ecossistemas começam a entrar em colapso, já que
eles participam de diversos processos de funcionamento dos ciclos naturais,
como a reposição da água e oxigênio para a atmosfera pelos vegetais, a ciclagem
de nutrientes por todas as espécies. Essas são fontes de informação genética
para a produção de biomassa (energia), alimentos e medicamentos.
Para uma economia com menor consumo de energia e recursos naturais,
porque a população era menor, havia condições para o funcionamento adequado
do ecossistema global. Com o crescimento populacional e o aumento das
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6.1 INTRODUÇÃO
realizar audiência pública quando solicitado. Para projetos que não exigem
EIA/RIMA, não existe obrigação legal para a participação da sociedade no
processo, apesar de haver a obrigação de que o empreendedor publique em
jornal que solicitou ou que obteve licenciamento.
Na maioria dos sistemas estaduais, o processo de licenciamento passa por
um Conselho Estadual, o que aumenta a participação das partes interessadas e
da população no processo, entretanto, no licenciamento federal, executado pelo
IBAMA, não existe este mecanismo, o que faz com que o presidente do órgão se
torne soberano para tomar a decisão.
Quanto ao setor produtivo, que têm suas atividades licenciadas, verifica-se
que existe uma grande restrição para a internalização das questões ambientais no
processo produtivo, ou no cotidiano das empresas, sendo uma das falhas do
sistema de licenciamento não ter conseguido promover a internalização da gestão
ambiental em seus processos industriais, onde seriam adotadas medidas de
controle ambiental com maior responsabilidade pelas empresas, reduzindo,
inclusive, os custos do órgão ambiental para licenciamento e fiscalização.
As peculiaridades de cada estado, influenciadas por diferentes culturas e
posturas políticas e pelas diferenças no processo de industrialização e
desenvolvimento social, determinam uma grande diversidade de práticas
executadas para o licenciamento ambiental das atividades produtivas. Além disso,
a diversidade dos atributos ambientais determina a necessidade da definição de
diferentes formas de gestão.
Dessa forma, pode-se observar que o sistema de licenciamento ambiental
no Brasil apresenta uma base nacional, em forma de normas gerais, que são
regulamentadas e especificadas a nível local ou regional, fazendo com que exista
um verdadeiro mosaico de situações e condições para execução do sistema de
licenciamento.
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REFERÊNCIAS
UNITED NATIONS (UN) World urbanization prospects: the 2011 revision. Nova
Iorque: UN, 2012. 33 p.
DOCUMENTOS CONSULTADOS
BROW, L. R.; RENNER, M.; HALWEIL, B. Sinais vitais 2000: as tendências que
determinarão nosso futuro. Salvador: UMA Ed., 2000. 196 p.
SOLARES, C.; LEITÃO, M. D.; PACHECO, T. D. P. Nem tudo que é lixo é lixo:
noções de saneamento ambiental. Vitória, 2001.