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Un i v er si d ad e do E st ado do Ri o de Jan e i r o

Geologia

Prof. Luiz Carlos Bertolino


2005
Geologia..................................................................................................... 2

CAPÍTULO I. ESTUDO DA TERRA ...................................................................................................... 4


I.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA TERRA ...................................................................................................... 6
I.2 CONSTITUIÇÃO INTERNA DA TERRA ................................................................................................ 7
I.3. METEORITO ................................................................................................................................... 9
I.4. DISTRIBUIÇÃO DOS ELEMENTOS NA CROSTA TERRESTRE .............................................................. 11
I.5 CLASSIFICAÇÃO GEOQUÍMICA DOS ELEMENTOS .............................................................................. 12
CAPÍTULO II. DINÂMICA INTERNA ............................................................................................. 13
II.1. VULCANISMO ............................................................................................................................. 13
II.2. TERREMOTOS ............................................................................................................................. 15
II.4. TSUNAMIS ................................................................................................................................. 19
II.3. VULCANISMO E TERREMOTO NO BRASIL .................................................................................... 19
CAPÍTULO III. TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS ............................................................. 22
III.1. ORIGEM DAS PLACAS E DOS SEUS MOVIMENTOS ...................................................................... 23
III.2 FALHAS E DOBRAS .................................................................................................................... 27
III.3. ORIGEM DAS MONTANHAS ........................................................................................................ 29
CAPÍTULO V. MINERALOGIA........................................................................................................... 31
V.1 CICLO GEOQUÍMICO ...................................................................................................................... 32
V.2 TÉCNICAS DE ANÁLISE MINERALÓGICA E PETROGRÁFICA............................................................... 33
V.3 PROPRIEDADES DOS MINERAIS ...................................................................................................... 36
V.4. CRISTALOGRAFIA ESTRUTURAL E MORFOLOGIA DOS CRISTAIS ..................................................... 37
V.4.1 Sistemas Cristalinos............................................................................................... 38
V.5. CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA DOS MINERAIS ................................................................................... 39
V.6. PROPRIEDADES FÍSICAS ............................................................................................................. 41
V.7. PROPRIEDADES ÓPTICAS ............................................................................................................. 44
V.8. PROPRIEDADES QUÍMICAS ........................................................................................................... 44
V.9. ESQUEMA DE IDENTIFICAÇÃO MACROSCÓPICA.............................................................................. 44
CAPÍTULO VI. PETROGRAFIA......................................................................................................... 47
VI.1 ROCHAS SEDIMENTARES ............................................................................................................... 47
VI.2 ROCHAS ÍGNEAS .......................................................................................................................... 49
VI.3 ROCHAS METAMÓRFICAS ............................................................................................................... 51
CAPÍTULO VII. DINÂMICA EXTERNA......................................................................................... 53
VII.1 PROCESSOS ............................................................................................................................... 54
VII.2 INTEMPERISMO.......................................................................................................................... 54
VII.3 EROSÃO..................................................................................................................................... 57
VII.4 TRANSPORTE ............................................................................................................................. 58
VII.5 DEPOSIÇÃO ............................................................................................................................... 59
VII.6 AMBIENTES DE SEDIMENTAÇÃO .................................................................................................. 59
CAPÍTULO VIII. PEDOLOGIA ...................................................................................................... 63
VIII.1. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO ...................................................................................... 64
VIII.2. CONSTITUIÇÃO DO SOLO ...................................................................................................... 64
VIII.3. FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS ..................................................................................... 65
VIII.3.1 Material Parental............................................................................................... 65
VIII.3.2. Estrutura dos Minerais ................................................................................. 66
VIII.3.3. Composição Química e Mineralógica dos Materiais Parentais.. 66
VIII.3.4. Clima........................................................................................................................ 67
VIII.3.5. Organismos ............................................................................................................ 69
Geologia..................................................................................................... 3

VIII.3.6. Relevo (Topografia)........................................................................................ 70


VIII.3.7. Tempo........................................................................................................................ 71
VIII.4. HORIZONTES DO SOLO .......................................................................................................... 71
VIII.5. POLUIÇÃO DO SOLO ............................................................................................................. 72
CAPÍTULO IV. TEMPO GEOLÓGICO ............................................................................................... 77
IV.1. MAGNITUDE DO TEMPO GEOLÓGICO............................................................................................ 80
IV.2. DATAÇÃO RADIOMÉTRICA (ABSOLUTA) ..................................................................................... 81
IV.3. MÉTODO RADIOCARBÔNICO ......................................................................................................... 83
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 85
Geologia..................................................................................................... 4

Capítulo I. ESTUDO DA TERRA


A curiosidade natural do homem em desvendar os
mistérios da natureza levou-o ao estudo da Terra.
Perguntas tais como: de onde vem as lavas dos vulcões; o
que causa os terremotos; como se formam as montanhas; de
que modo se formaram os planetas e as estrelas, e muitas
outras, sempre foram enigmas que o homem vem tentando
decifrar. O principal fator que impulsiona o homem a
melhor conhecer a Terra é o fato de ter que usar
materiais extraídos do subsolo para atender as suas
necessidades básicas.
Na idade Média, acreditava-se que a Terra era o
centro do Universo e que todos os outros astros, como o
Sol, a Lua, os planetas e as estrelas giravam em torno
dela. Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia,
o homem pôde comprovar que a Terra pertence ao um
conjunto de planetas e outros astros, que giram em torno
do Sol, formando o sistema solar. Descobriu-se também
que a própria Terra se modifica através dos tempos. Por
exemplo, áreas que hoje estão cobertas pelo mar, há 15
mil anos eram planícies costeiras, semelhante à baixada
de Jacarepaguá; regiões que estavam submersas há milhões
de anos, formam agora montanhas elevadas como os Alpes e
os Andes. Lugares onde existiam exuberantes florestas
estão hoje recobertas pelo gelo da Antártica ou
transformaram-se em desertos, como o Saara. O material
que atualmente constitui montanhas, como o Pão de Açúcar
e o Corcovado, formou-se a centenas ou milhares de
metros abaixo da superfície terrestre, há muito milhões
de anos (SBG, 1987).
Estas transformações são causadas por gigantescos
movimentos que ocorrem continuamente no interior e na
superfície da Terra. Por serem transformações muito
lentas, o homem não pode acompanhá-las diretamente, pois
ele só apareceu há cerca de dois milhões de anos. Isso
quer dizer que, se toda a evolução da terra fosse feita
em um ano, o homem só teria aparecido quando faltassem
dois minutos para a meia-noite do último dia do ano.
Além disso, o homem só tem acesso à camada mais
superficial do nosso planeta. A distância da superfície
até o centro da Terra mede 6.378 km - dois mil
quilômetros a mais que a distância entre o Oiapoque e o
Chuí, pontos localizados nos extremos norte e sul do
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Brasil - e a maior perfuração já feita só alcançou 10 km


de profundidade.
Então, como se pode saber o que existe dentro da
Terra em tão grandes profundidades e como descobrir a
idade de cada período da história da Terra? Isto é
possível através do estudo das rochas, dos terremotos,
dos vulcões, dos restos dos organismos preservados nas
rochas e das propriedades físicas terrestres, tais como
o magnetismo e a gravidade.
As rochas são formadas por minerais, que por sua vez
são constituídos por substâncias químicas que se
cristalizam em condições especiais. O estudo dos
minerais contidos em uma determinada rocha pode indicar
onde e como ela se formou.
Para medir o tempo geológico, utiliza-se elementos
radioativos contidos em certos minerais (datação
absoluta). Esses elementos são os relógios da Terra.
Eles sofrem um tipo especial de transformação que se
processa em ritmo uniforme, século após século, sem
nunca se acelerar ou retardar. Por este processo chamado
RADIOATIVIDADE, algumas substâncias se desintegram,
transformando-se em outras. Medindo-se a quantidade
dessas substâncias em uma rocha, pode-se saber a sua
idade (Capítulo IV).
A Terra atrai os corpos pelas forças magnética e
gravitacional. Estas forças variam de local para local,
devido as diferenças superficiais e profundas dos
materiais que constituem a Terra. A análise dessas
diferenças é outra forma de interpretar o que existe no
subsolo terrestre (Tabela I.1).
Todos esses estudos fazem parte da GEOLOGIA, a
ciência que busca o conhecimento da origem, composição e
evolução da Terra. Outras ciências da Terra como a
GEOGRAFIA, a OCEANOGRAFIA e a METEOROLOGIA, ocupam-se de
outros aspectos do nosso planeta (SBG, 1987).
Tabela I.1. Dados numéricos da Terra.
Raio equatorial 6.378 km
Raio polar 6.356 km
Diferença (RE - RP) 22 km
Perímetro no Equador 40.075 km
Área superficial da terra 510 milhões de km2
Volume 1,083 x 109 km3
Massa 5,976 x 1027 g
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Densidade média 5,517 g/cm3


Densidade média na 2,7 - 3,0 g/cm3
superfície
Densidade no núcleo 13 g/cm3
Gravidade no Equador 978,032 cm/s2
Elevação média dos 623 m
continentes
Profundidade média dos 3,8 km
oceanos

I.1 Origem e Evolução da Terra


Estima-se que a formação do Sistema Solar teve
início há seis bilhões de anos, quando uma enorme nuvem
de gás que vagava pelo Universo começou a contrair. A
poeira e os gases dessa nuvem se aglutinaram pela força
da gravidade e, há 4,5 bilhões de anos, formaram várias
esferas que giravam em torno de uma esfera maior, de gás
incandescente, que deu origem ao Sol. As esferas menores
formaram os planetas, dentre os quais a Terra. Devido à
força da gravidade, os elementos químicos mais pesados
como o ferro e o níquel, concentraram-se no seu centro
enquanto os mais leves, como o silício, o alumínio e os
gases, permaneceram na superfície. Estes gases foram, em
seguida, varridos da superfície do planeta por ventos
solares.
Assim, foram separando-se camadas com propriedades
químicas e físicas distintas no interior do Globo
Terrestre. Há cerca de 4,4 a 4,0 bilhões de anos,
formou-se o NÚCLEO - constituído principalmente por
ferro e níquel no estado sólido, com raio de 3.700 km.
Em torno do núcleo, formou-se uma camada - o MANTO - que
possui 2.900 km de espessura, constituída de material em
estado pastoso, com composição predominante de silício e
magnésio (Figura I.1).
Em torno de 4 bilhões de anos atrás, gases do manto
separam-se, formando uma camada de ar ao redor da Terra
- a ATMOSFERA. Finalmente, há aproximadamente 3,7
bilhões de anos, solidificou-se uma fina camada de
rochas - a CROSTA. A crosta não é igual em todos os
lugares. Debaixo dos oceanos, ela tem mais ou menos 7 km
de espessura e é constituída por rochas de composição
semelhante à do manto. Nos continentes, a espessura da
crosta aumenta para 30-50 km, sendo composto por rochas
formadas principalmente por silício e alumínio e, por
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isso, mais leves que as do fundo dos oceanos (SBG,


1987).

I.2 Constituição Interna da Terra


As informações das camadas internas da Terra são
obtidas a partir de informações diretas e indiretas. As
observações da densidade e da gravidade do globo
terrestre mostram que o interior e a crosta devem
possuir uma constituição diferente. Observações
sismológicas (comportamento das ondas sísmicas) e
deduções baseadas em estudos de meteoritos indicam que a
Terra é constituída de várias camadas.

Figura I.1. Estrutura interna da Terra (Kearey e Vine,


1990).

Medições geoquímicas elementares da massa, volume e


momento de inércia da Terra indicam que a densidade de
seus materiais cresce de fora para dentro, alcançando um
valor da ordem de 13 g/cm3 perto do centro (Tabela I.1).
As velocidades das ondas sísmicas dão-nos uma idéia
detalhada quanto à distribuição dos materiais no
interior. Assim haveria uma crosta com uma espessura
média de 35 km sob os continentes e 7 km sob os oceanos;
um manto que se estende à metade da distância até o
centro; um núcleo líquido ocupando cerca de dois terços
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da distância restante e um núcleo interno sólido (Figura


I.1).
Tabela I.2. Tipos de ondas sísmicas e suas
características.
Ondas Características
P - primária Rápidas, ondas longitudinais com pequena
amplitude, semelhantes às ondas sonoras. Propagam-
se com maior velocidade nas camadas de maior
densidade. Velocidade média 5,5 - 13,8 km/s
S - Pouco veloz, ondas transversais, semelhantes à
secundária vibração da luz. Só se propagam através de
sólidos. Velocidade média 3,2 - 7,3 km/s
L - longa Menor velocidade, propagam próximo à superfície,
apresentam grande comprimento de onda. Velocidade
média 4 - 4,4 km/s

A natureza dos materiais


de cada uma dessas
regiões foram
determinadas por medições
de ondas sísmicas (Tabela
I.2 e Figura I.2), devido
as variações da densidade
e das constantes
elásticas. Devido às
diferentes velocidades e
percursos, os três tipos
de ondas chegam a um
sismógrafo em tempos
diversos, os registros
dessas ondas fornecem a
localização do foco do
terremoto e informações
das camadas inferiores.

Figura I.2. Propagação


das ondas sísmicas
(Selbey, 1985).

Para restringir nossas suposições quanto a química


do interior, precisamos de dados de outras fontes. Uma
possível indicação provém do estudo dos meteoritos.
Esses objetos que caem sobre a Terra a partir de órbitas
solares são interpretados como fragmentos de um planeta
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desaparecido, ou possivelmente, resíduos de material que


compôs originariamente a Terra. A composição média dos
meteoritos deve se assemelhar à composição média de toda
a Terra.

I.3. Meteorito
Os meteoritos são objetos que se movem no espaço e
que atravessam a atmosfera e chegam a superfície da
Terra sem serem totalmente vaporizados. Provavelmente,
pertencem ao sistema solar e tem origem no cinturão de
asteróides localizados entre as órbitas dos planetas
Júpiter e Marte. O fenômeno causado pela queda de
meteorito é popularmente conhecido como estrela cadente.
A composição dos meteoritos é variável, num extremo
estão os que são compostos predominantemente de ferro
metálico com alguma porcentagem de níquel. Em outro
estão os que consistem principalmente de silicatos e
assemelhando-se em composição às rochas ultramáficas.
Inclui na composição dos meteoritos, tanto silicatos
como metal nativo e algumas a fases sulfetadas (troilita
FeS).
Entre os meteoritos distinguem-se 3 grupos:
Sideritos: compostos de ferro metálico com + 8% de Ni;
Assideritos ou aerólitos: compostos principalmente por
silicatos e baixo teor de ferro;
Litossideritos: composição intermediária.

A Terra é constituída por uma série de camadas


concêntricas de constituição química diferentes e, em
estado físico distinto ao redor do núcleo, cada uma
dessas camadas tem uma condutividade diferente. Como as
velocidades das ondas sísmicas dependem das propriedades
e das densidades dos materiais através dos quais passam
as ondas, as mudanças de velocidade a diferentes
profundidades são atribuídas a diferentes composições e
densidades e, talvez, a diferentes estados, sobretudo no
núcleo (Figura I.2).
Os geofísicos reconheceram duas descontinuidades
dividindo a Terra em três partes:
Crosta: desde a superfície em direção ao centro, até a
primeira descontinuidade (Mohorovicic, 30 -50 km).
A crosta é dividida em crosta continental (mais
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espessa e menos densa) e crosta oceânica (menos


espessa e mais densa);
Manto: desde a base da crosta até a segunda
descontinuidade (Wiechert-Gutemberg, 2.900 km);
Núcleo: desde a descontinuidade do manto até o centro da
Terra.
A crosta continental é de composição granítica ou
granodiorítica e a crosta oceânica é de composição
basáltica, correspondendo ao SIAL (material rico em Si e
Al) e ao SIMA (rico em Si e Mg), respectivamente (Tabela
I.3).
O manto é formado por material silicatado de olivina
e piroxênio ou seus equivalentes de pressão e
temperaturas altas. O núcleo ou siderosfera é
constituído por ligas de ferro-níquel, possivelmente a
parte exterior é líquida e a parte inferior é sólida.
Para completar, deve-se adicionar a crosta, manto e
núcleo, mais três zonas: a atmosfera, hidrosfera e
biosfera. A atmosfera é o envoltório gasoso. A
hidrosfera a camada descontínua de água, salgada ou doce
(oceanos, lagos e rios). A biosfera é a totalidade da
matéria orgânica distribuída através da hidrosfera,
atmosfera e superfície da crosta.
Embora importantes do ponto de vista geoquímico, a
hidrosfera, biosfera e atmosfera contribuem com menos de
0,03% da massa total da Terra, a crosta 0,4%, o manto
67% e o núcleo 32%.
Tabela I.3. Características da estrutura interna da
Terra.
Profundidad Denominação Constituição Densidade Temperatura
e litológica g/cm3 (oC)
km
Litosfera
15 a 25 crosta sedimentos 2,7 600
superior SiAl granito
30 a 50 crosta
inferior SiMa basalto 2,9 1.200
1.200 Manto peridotito 3,3 3.400
superior
(astenosfera)
silicatos,
2.900 Manto sulfetos e 4,7 4.000
inferior óxidos
6.370 Núcleo ferro 12,2 4.000
NiFe metálico e
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níquel

I.4. Distribuição dos elementos na crosta


terrestre
A geoquímica mostra a importância dos elementos que
constituem os minerais, cujos objetivos essenciais são:
• a determinação da abundância dos elementos na
Terra;
• a repartição dos elementos nos minerais e nas
rochas;
• estabelecimento dos princípios que regem a
abundância e distribuição dos elementos químicos.
A crosta é composta de silicatos de alumínio, sódio,
potássio, cálcio, magnésio e ferro. Em função do número
de átomos o oxigênio ultrapassa 60% e forma mais de 90%
do volume total ocupado pelos elementos. A Tabela I.4
mostra a repartição dos constituintes da crosta
terrestre em porcentagem em peso de óxidos, em íons e
nos minerais.

Tabela I.4. Distribuição dos elementos na crosta


terrestre.
Óxidos Peso Íons Peso Volume Minerais Peso
% % % %
SiO2 59,12 O 46,6 92,0 Feldspato 31,0
alcalino
Al2O3 15,34 Si 27,72 0,8 Plagioclásio 29,2
Fe2O3 + 6,88 Al 8,13 0,8 Quartzo 12,4
FeO
MgO 3,49 Fe 5,0 0,7 Piroxênio 12,0
CaO 5,08 Ca 3,63 1,4 Minerais 4,1
opacos
Na2O 3,84 Na 2,83 1,6 Biotita 3,8
K2O 3,13 K 2,59 2,1 Olivina 2,6
TiO2 1,05 Mg 2,09 0,6 Hornblenda 1,7
Total 97,93 98,59 100,0 Muscovita 1,4
Clorita 0,6
Apatita 0,6
Nefelina 0,3
Titanita 0,3
100,0
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I.5 Classificação Geoquímica dos Elementos


As diretrizes da geoquímica moderna tratam de
mostrar onde se podem encontrar os elementos e em que
condições. Ex.: Lantânio e potássio encontram-se juntos;
telúrio e tântalo “fogem” um do outro. Alguns, embora
presentes, estão dispersos como o rubídio no potássio e
gálio no alumínio. Háfnio e selênio não são formadores
de acumulações e às vezes, se acham tão dispersos na
natureza que seu percentual na composição das rochas é
ínfimo. Outros elementos como chumbo e ferro durante seu
processo de deslocamento experimentam uma parada e
formam combinações capazes de acumularem-se com
facilidade (Antonello, 1995).
A geoquímica estuda as leis da distribuição e
migração dos elementos em condições geológicas definidas
marcando seu percurso e exploração das jazidas minerais.
Goldschmidt foi o primeiro a acentuar a importância
da diferenciação geoquímica primária dos elementos,
classificando-os da seguinte maneira:
Siderófilos: com afinidade pelo ferro metálico; ex.:
Cr, V, Co, Ni.
Calcófilos ou sulfófilos: com afinidade pelo
sulfeto, ex.: Pb, Zn, Cu, Ag, Hg, Bi, Sb, Se,
Fe, S, As.
Litófilos: com afinidade pelo silicato, ex.: O, Si,
Al, Na, K, Ca, Mg.
Atmófilos: com afinidade pela atmosfera, ex.: O, C,
gases nobres, N.
Alguns elementos mostram afinidade por mais de um
grupo, pois a distribuição de qualquer elemento depende,
em certo grau, da temperatura, pressão e ambiente
químico, como um todo.
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Capítulo II. DINÂMICA INTERNA

II.1. Vulcanismo
Os vulcões são crateras ou fissuras na crosta
terrestre através da qual o magma (rocha fundida que se
origina em profundidade, abaixo da crosta), sobe até a
superfície em forma de lava. Localizam-se geralmente ao
longo dos limites das placas crustais; a maioria faz
parte de um cinturão chamado “círculo de fogo”, que se
estende ao longo das costas do oceano Pacífico.
Os vulcões podem ser classificados de acordo com a
freqüência e violência de suas erupções. As erupções não
explosivas, geralmente ocorrem onde as placas crustais
se separam, ou seja, nas bordas de placas divergentes
(ex. Cordilheira Mesoceânica). Estas erupções produzem
lava basáltica (básica) móvel, que se espalha
rapidamente por longas distâncias e forma cones
relativamente achatados. As erupções mais violentas
acontecem onde as placas colidem, bordas convergentes
(ex. Andes). Essas erupções expelem lava riolítica
(ácidas) viscosa e explosões repentinas de gases, cinzas
e piroclastos (fragmentos de lava solidificada). A lava
é pouco móvel, percorre distâncias curtas e dá origem a
cones de vertentes íngremes. Alguns vulcões apresentam
erupções de lava e cinza, que formam os cones
compósitos.
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Os vulcões com erupções


freqüentes são descritos
como ativos; os vulcões
dormentes são os que
raramente entram em
erupção, e os que
aparentemente cessam as
erupções são considerados
extintos.
Além dos vulcões, outros
aspectos associados às
zonas vulcânicas são os
gêiseres, fontes minerais
quentes, fumarolas e poços
de lama borbulhante.
Figura II.1. Esquema de um
vulcão.

Plutonismo é o conjunto de processos magmáticos que


ocorrem no interior do planeta e que geram intrusões de
magma. Plúton é o corpo de rocha magmática consolidada
no interior da crosta terrestre, a partir de uma câmara
magmática. Designa-se de rocha encaixante a rocha
invadida por um plúton. Os plútons podem ser de dois
tipos: concordantes (“sill”, lacólito e facólito) e
discordantes (“neck”, dique, batólito e "stock").
Material vulcânico:
• piroclastos: bomba, tufos, lapilli, cinza etc.
• gases: vapor d'água, CO2, H2S, HCl, SO2 etc.

• lavas: almofadadas, "aa" e cordadas.


A viscosidade do magma é variável, dependendo
essencialmente da sua temperatura e da composição
química. Magma ácido, isto é, rico em sílica, é mais
viscoso do que um magma básico, pouca sílica (Leinz e
Amaral, 1987).
Magma ácido Î rico em sílica Î mais viscoso
Magma básico Î pobre em sílica Î mais fluido
Tipos de vulcanismo: havaiano, peleano,
estromboliano e pliniano
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O calor interno da Terra é associado ao calor


remanescente da sua formação (Big Bang) e da
desintegração de isótopos radiogênicos; p.ex., K40,
Th232 e U238. O grau geotérmico refere-se a
profundidade, em metros, para elevar-se a temperatura em
1°C. O valor médio é de 30 m, podendo existir grandes
variações, dependendo da localização geográfica.

II.2. Terremotos
O terremoto, ou sismo é qualquer vibração na crosta
e que tem origem no seu interior. Quando a vibração é
relativamente intensa, o tremor de terra se torna
perceptível aos nossos sentidos.
Quando muito fraca, seu
registro se faz por meio
de aparelhos especiais,
denominados sismógrafos
(Figura II.2). Tal
vibração é denominada de
microssismo.

Figura II.2. Sismógrafo


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Figura II.3. a) linha de propagação das ondas sísmicas;


b c) sismógrafos; d) propagação das ondas; e)
sismograma; f) gráfico mostrado a diferença no tempo
de chegada dos três tipos de ondas em locais
diferentes (Selbey, 1985).
Em um ano registram-se na superfície terrestre cerca
de 100 mil terremotos. Destes, 90 mil possuem
intensidade muito fraca, sendo quase imperceptíveis aos
sentidos das pessoas; 9.000 são de intensidade fraca e
os 1.000 restantes de intensidade média. Apenas 100 se
revelam fortes, e só 10, aproximadamente, são
catastróficos.
Os terremotos não se distribuem uniformemente em
toda a superfície da Terra, existem regiões onde o
fenômeno é praticamente desconhecido, são as chamadas
regiões assísmicas, como as áreas centrais do Canadá e
dos Estados Unidos, a África (exceto a orla
mediterrânea), a Arábia, a Ásia Central e a Austrália.
As regiões mais intensamente atingidas por
atividades sísmicas são aquelas localizadas nas bordas
das placas tectônicas. Na Figura II.2 estão
representados os epicentros dos terremotos mais intensos
ao longo de um período de 6 anos. Observa-se que o
território brasileiro está praticamente fora das regiões
com maiores incidências de terremotos, isto é, devido a
sua posição no interior da placa sul-americana.
As principais causas dos terremotos são: desabamento
interno, vulcanismo, acomodamento de rocha e tectonismo.
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Os terremotos por desabamento podem ser provocados por


dissolução (cavernas) ou deslizamento de massas rochosas
em virtude da ação da força da gravidade. Esses
terremotos são em geral fracos e de pouco poder
destrutivo, pelo menos em comparação com os de origem
vulcânica e tectônica.
Em regiões sujeitas a ocorrências vulcânicas, os
terremotos produzidos por explosões internas decorrem,
em geral, do escape violento de gases acumulados sob
forte tensão e do magma.
Os mais terríveis terremotos estão associados a
causas tectônicas, que se desencadeiam quando uma porção
dos materiais do interior da Terra, distendido ou
comprimido e deformados por tensões acumuladas, atinge o
ponto de ruptura, procurando um novo estado de
equilíbrio.
A intensidade dos terremotos é medida pela escala
Richter, criada em 1935 pelo cientista americano Charles
Francis Richter. O terremoto de maior intensidade já
registrado marcou 8,6, mas, teoricamente não há limites.
Lugares geométricos na crosta associados aos sismos:
• hipocentro - ponto no interior da crosta onde teve
a origem do terremoto;
• epicentro - ponto na superfície da crosta,
projeção do hipocentro ortogonal à superfície.
Efeitos dos abalos sísmicos: maremotos, tsunamis e
terremotos.

Figura II.4. Localização do hipocentro.


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Figura II.5. Localização dos epicentros dos terremotos


mais intensos (Kearey e Vine, 1990).
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II.4. Tsunamis

Figura II.5. Formação dos tsunamis.

II.3. Vulcanismo e Terremoto no Brasil


Nas bordas de placas, o vulcanismo é um processo
contínuo, pois, ao longo das cordilheiras submarinas que
se estendem longitudinalmente no meio dos grandes
oceanos, as chamadas dorsais médio-oceânicas, o magma
emerge das profundezas da Terra, controlado pela fusão
de material na parte superior do manto.
Há dois tipos de crosta: continental, situada nos
continentes e oceânica que constitui o assoalho dos
mares. As placas tectônicas são formadas por crosta -
continental e oceânica - e pela parte superior do manto.
Nas zonas de colisão entre continentes, como no
Himalaia, ou entre uma placa oceânica e outra
Geologia..................................................................................................... 20

continental, como nos Andes, a mais densa delas é


empurrada sob a outra, rumo a parte profunda do manto -
onde, em conseqüência das altas pressões e do calor,
sofre fusão. Em sua ascensão, a massa fundida forma
vulcões e grandes corpos de rochas ígneas abaixo da
superfície. Nas áreas afastadas das bordas de placas, em
contrapartida, o vulcanismo é fenômeno menos comum,
embora não possa ser considerado inexistente.
O território brasileiro situa-se no interior da
grande placa tectônica conhecida como placa sul-
americana. Na extremidade sul do continente, há ainda a
plataforma patagônica. A região ativa da placa, com
terremotos e vulcões, é a cadeia andina, situada a oeste
dessas duas plataformas (Figura II.2).
Há evidências da presença de vulcões no nosso
território, que nem sempre teria sido, portanto, tão
“estável”. E não foi uma presença discreta: os indícios
de atividade vulcânicas no Brasil são incontáveis, seja
num passado relativamente próximo, como na ilha de
Trindade e em Fernando de Noronha, num passado remoto,
caso de Poços de Caldas, entre muitos outros, ou ainda
em tempos muito mais longínquos, caso de Crixás em Goiás
(Carneiro e Almeida, 1990).
Durante o Mesozóico tiveram várias atividades
vulcânicas no território brasileiro, principalmente de
composição alcalina. As principais ocorrências de
derrames localizam-se em Nova Iguaçu (RJ), Tanguá (RJ),
Jacupiranga (SP), Anitápolis (SC), Serra Negra (SP),
Itatiaia (RJ), Cabo Frio (RJ), entre outros.
Vulcanismo de fissura de lava básica, toleíticas,
ocorreu na bacia do Paraná, no fim do Jurássico e
principalmente no período Cretáceo (120 - 130 milhões de
anos). Esses derrames atingiram cerca de 1.200.000 km2
(Popp, 1995). A alteração da rocha basáltica deu origem
ao solo denominado de terra-roxa que recobre grande
parte da bacia do Paraná.
Recentemente tem sido registrados vários abalos
sísmicos de baixa intensidade no território brasileiro.
No dia 12 de maio de 2000 vários estados brasileiras
(Goiás, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso)
foram atingidas por terremoto de baixa intensidade, o
sismo teve o seu epicentro localizado na região de Jujuy
na Argentina (Figura II.6).
Geologia..................................................................................................... 21

Figura II.6. Área atingida pelo sismo que teve o


epicentro na região de JuJuy – Argentina.
Geologia..................................................................................................... 22

Capítulo III. TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS

Em 1620 o inglês Sir Francis Bacon registrava a


similaridade entre o contorno litorâneo da África
ocidental e do leste da América do Sul. Em meados do
século XIX surgia a tese de que os dois continentes
possuíam um passado comum. O alemão Alfred Wegener
formulou, em 1912, a Teoria da Deriva Continental,
baseando-se em algumas evidências fósseis e semelhança
entre as estruturas de relevo. Ele postulou a unidade
das massas continentais no passado (Pangéia), que teriam
depois se fragmentado e afastado umas das outras,
conformando os continentes e bacias oceânicas atuais.
A genialidade da intuição de Wegener decorre da
ausência de meios científicos, na sua época, para a
validação da idéia da deriva dos continentes.
Entretanto, justamente esse fato transformou-o, por
muito tempo, num incompreendido. A ausência de um
mecanismo aceitável para justificar o movimento de
massas continentais “sufocando” assoalhos oceânicos
condenou a nova teoria à marginalidade.
O arcabouço científico para a Teoria da Deriva
Continental só iria se desenvolver muito mais tarde. O
estudo detalhado do fundo dos oceanos, iniciando com o
uso do sonar na Segunda Guerra Mundial e intensamente
desenvolvido nas últimas décadas, finalmente forneceu
uma explicação plausível para a “migração” das massas
continentais (Magnoli e Araújo, 1997).
A Terra está dividida em placas relativamente finas
(podendo ou não conter continentes), cada qual
comportando-se como uma unidade mais ou menos rígida,
que movimenta-se uma em relação à outra.
Sabe-se hoje em dia que os continentes se movem.
Acredita-se que há muitos milhões de anos, todos estavam
unidos em um único e gigantesco continente chamado
PANGÉIA. Este teria se dividido em fragmentos, que são
os continentes atuais. Foi o curioso encaixe de quebra-
cabeça entre a costa leste do Brasil e a costa oeste da
África que deu origem a esta teoria, chamada de DERIVA
CONTINENTAL.
Ao estudar o fundo do Oceano Atlântico descobriu-se
uma enorme cadeia de montanhas submarinas, formada pela
saída de magma do manto. Este material entra em contato
Geologia..................................................................................................... 23

com a água, solidifica-se e dá origem a um novo fundo


submarino, à medida que os continentes africano e sul-
americano se afastam. Este fenômeno é conhecido como
EXPANSÃO DO FUNDO OCEÂNICO.
Com a continuidade dos estudos, as teorias da Deriva
Continental e da Expansão do Fundo Oceânico foram
agrupadas em uma nova teoria, chamada TECTÔNICA DE
PLACAS. Imagine os continentes sendo carregados sobre a
crosta oceânica, como se fossem objetos em uma esteira
rolante. É como se a superfície da Terra fosse dividida
em placas que se movimentam em diversas direções,
podendo chocar-se umas com as outras. Quando as placas
se chocam, as rochas de bordas enrugam-se e rompem-se,
originando terremotos, dobramentos e falhamentos.
Embora a movimentação das placas seja muita lenta -
da ordem de poucos centímetros por ano - essas dobras e
falhas dão origem a grandes cadeias de montanhas como os
Andes, os Alpes e os Himalaias.
Outro fenômeno causado pelo movimento de placas é o
vulcanismo, que pode originar-se pela saída de rochas
fundidas - MAGMA - em regiões onde as placas se chocam
ou se afastam. Quando o magma que atinge a superfície se
acumula em redor do ponto de saída, formam-se os
VULCÕES. Os terremotos no Brasil felizmente são muitos
raros e de pequena intensidade e somente são encontrados
restos de vulcões extintos. Isto ocorre devido ao fato
do nosso país situar-se distante de zona de choque e de
afastamento de placas.

III.1. Origem das placas e dos seus


movimentos
A convecção do magma na Astenosfera (envoltório
plástico localizado no Manto Superior) produz plumas
ascendentes quentes que, atingindo a parte superficial
da Crosta, criam nova crosta oceânica (basalto). Para
manter a área (e volume) da Terra constantes, é preciso
que, em algum lugar, a crosta oceânica seja destruída
(consumida); isto ocorre em zonas de subducção, onde a
crosta oceânica afunda, por ser a mais densa, fechando a
pluma descendente (mais fria) da célula de convecção da
Astenosfera. Assim, os continentes (menos densos)
migram, empurrados (e puxados) pela crosta oceânica
(mais densa) (Figura III.1).
Geologia..................................................................................................... 24

Figura III.1. Esquema da Dorsal do Atlântico e a da


placa sul-americana e seus limites (Salgado-
Labouriau, 1994).

Os movimentos
entre as placas
podem ser de três
tipos: convergente
(compressivo),
divergente
(distensivo) e
transcorrente
(Figuras III.2
III.3 e Tabela
III.1).
Figura III.2. Tipos de limites de
placas tectônicas.
Geologia..................................................................................................... 25

Figura III.3. Mapa tectônico indicando os limites das


placas, as setas indicam a direção movimentos e a
velocidade (cm/ano) (Wilson, 1989).
Tabela III.1. Tipos de limites de placas tectônicas e suas principais características.
Tipos de Tipos de Placas Topografia Eventos Geológicos Exemplos
Bordas Envolvidas Modernos
Cadeia de Espalhamento do fundo Cordilheira
Oceânica - montanha oceânico, terremotos mesoceânica
Oceânica mesoceânica (foco raso) e
Divergentes vulcanismo
Continental - “Rift Terremotos e “Rift” do leste
Continental Valley” vulcanismo africano

Arcos de Subducção, terremotos Pacífico (Norte)


Oceânica – ilhas, (foco profundo),
Oceânica fossas vulcanismo, deformação
oceânicas das rochas
Convergentes Montanhas e Subducção, terremotos
Oceânica – fossas (foco profundo), Andes
Continental oceânicas vulcanismo e
deformação das rochas
Cadeias de Terremotos (foco
Continental - montanhas profundo) e deformação Himalaias
Continental das rochas
Oceânica - Terremotos Pacífico (Leste e
Transcorrent Oceânica Sul)
es
Continental - Deformações Terremotos e Califórnia
Continental ao longo das deformação das rochas
falhas
Evidências da Teoria da Deriva Continental
• semelhança entre a
fauna e flora fósseis
encontrada em
continentes separados;
• conformação dos
continentes sul-
americano e africano
(Figura III.4);
• dados paleoclimáticos
em desacordo com o
Recente, registrados
em rochas sedimentares
em diversos
continentes;
• continuidade de
cadeias de montanhas
entre dois
continentes;
• semelhanças entre
litologias
• recifes de corais Figura III.4. Reconstituição do
fossilizados na Gondwana (Kearey & Vine, 1990).
Groenlândia e Canadá

Evidências da Teoria de Expansão do Fundo Oceânico


• sedimentos jovens e pouco espessos recobrindo a
crosta oceânica;
• crosta oceânica mais velha é Triássica;
• simetria de idades da crosta oceânica a partir da
cordilheira Mesoceânica;
• idade das ilhas vulcânicas do Pacífico.
Os estudos do paleomagnetismo nas rochas basálticas
que constituem a crosta oceânica, indicam que o polo
magnético da Terra tem mudado de posição em relação aos
continentes durante a história geológica.

III.2 Falhas e Dobras


O movimento contínuo das placas da crosta terrestre
pode comprimir, esticar ou quebrar os estratos rochosos,
deformado-os e produzindo falhas e dobras. Uma falha é
uma fratura numa rocha, ao longo da qual ocorre
Geologia..................................................................................................... 28

deslocamento de um lado em relação ao outro. O movimento


pode ser vertical, horizontal ou oblíquo (vertical e
horizontal). Estas evidências de tectonismo podem ser
claramente observadas nas rochas metamórficas que
constituem grande parte do estado do Rio de Janeiro.
As falhas ocorrem quando as rochas duras e rígidas,
que tendem a quebrar-se e não a dobrar-se. As menores
falhas ocorrem em cristais minerais individuais e são de
tamanho microscópico, enquanto a maior delas - o Great
Rift Valley (a Grande Fossa), na África - tem mais de 9
mil km de comprimento. O movimento ao longo das falhas
geralmente causa terremotos, o exemplo típico deste
movimento é a falha de Santo André, Califórnia - EUA.
Dobra é a curvatura de uma
camada rochosa causada por
compressão, podem variar em
tamanho, de uns poucos
milímetros de comprimento
às cadeias montanhosas
dobradas com centenas de
quilômetros de extensão.
Além de falhas e dobras,
outros aspectos associados
com deformações das rochas
são os boudins, os mullions
e fraturas escalonadas (en
échelon).

Figura III. Dobras.

As dobras ocorrem
nas rochas
elásticas, que
tendem a dobrar-se
mais do que
quebrar-se. Os dois
tipos principais de
dobras são as
anticlinais (os
flancos convergem
para cima) e as Figura III. Sinclinais e
Geologia..................................................................................................... 29

sinclinais (os anticlinais.


flancos convergem
para baixo) (Figura
III. ).

III.3. Origem das Montanhas


Os processos envolvidos na formação das montanhas -
a orogênese - ocorrem como resultado do movimento das
placas crustais. Há três tipos principais de montanhas:
as de origem vulcânica, as montanhas de dobramento e as
montanhas por falhamento ou de blocos. A maioria das
montanhas vulcânicas forma-se ao longo dos limites das
placas, onde estas aproximam ou se separam, e a lava e
os detritos são ejetados em direção à superfície
terrestre. A acumulação de lava e material piroclástico
pode formar uma montanha em torno da chaminé de um
vulcão.
As montanhas por dobramento se formam onde as placas
se encontram e provocam o dobramento e o soerguimento
das rochas. Onde a crosta oceânica se encontra com a
crosta continental menos densa, a crosta oceânica é
empurrada sob a crosta continental. A crosta continental
é então dobrada pelo impacto e se formam montanhas de
dobramento, como os Apalaches na América do Norte. As
cadeias dobradas formam-se também quando encontram-se
duas áreas de crosta continental. O Himalaia, por
exemplo, começou a formar-se quando a Índia colidiu com
a Ásia, dobrando os sedimentos e parte da crosta
oceânica entre as duas placas.
As montanhas por falhamento de blocos formam-se
quando um bloco de rocha é soerguido entre duas falhas
como resultado de compressão ou tensão na crosta
terrestre. Com freqüência, o movimento ao longo das
falhas ocorre gradualmente durante milhões de anos.
Contudo, duas placas podem deslizar bruscamente ao longo
de uma linha de falha - a falha de Santo André, por
exemplo, provocando terremotos.
O tectonismo abrange dois tipos diferentes de
movimentos: orogênese e epirogênese.
Orogêneses são os processos de formação de grandes
cadeias de montanhas, em áreas compressivas (choque de
Geologia..................................................................................................... 30

placas) entre crosta continental/crosta continental ou


crosta continental/crosta oceânica. Trata-se de
deformações relativamente rápidas da crosta terrestre,
geradas pela acomodação de placas tectônicas. São
associadas a essas áreas: dobras, falhas inversas,
vulcanismos, plutonismos, sismos etc.
Epirogênese são processos de grande amplitude que
afetam por igual extensas áreas continentais, podendo
formar grandes arqueamentos, provocando elevações de
certas áreas e depressões de outras. Os movimentos são
lentos e predominantemente na vertical.
"Rift" é processo de rompimento de antigos
continentes, instalando novas áreas oceânicas:
cordilheira Mesoceânica (crosta oceânica) e áreas
distensivas (divergência de placas) dentro de crosta
continental ou de crosta oceânica.
Pangea - Antigo supercontinente, reunido no final do
Carbonífero, composto pelo Gondwana e de outras massas
continentais, que se desmembrou a partir do final do
Triássico. Da massa oceânica circundante (Pantalassa)
originaram-se os atuais oceanos Pacífico e Ártico, por
contração, e o Atlântico Norte, pela separação entre a
América do Norte, Gondwana e Eurásia, a partir do
Jurássico. Uma menor massa marinha, o mar de Tétis,
dispunha-se, semicerrado, a Leste do Pangea (a partir do
qual originou-se, por compressão, o mar Mediterrâneo).
Gondwana - Antigo continente, reunido no final do
Proterozóico, composto pelas atuais América do Sul,
África, Índia, Madagascar, Austrália e Antártica, que se
desmembrou a partir do Cretáceo, originado os atuais
continentes e os oceanos Índico, Antártico e Atlântico
Sul (Figura III.4).
Geologia..................................................................................................... 31

Capítulo V. MINERALOGIA
A mineralogia estuda os minerais cientificamente
envolvendo o conhecimento da estrutura interna,
composição, propriedades físicas e químicas, modo de
formação, ocorrência, associações e classificação.
Atualmente existem cerca de 3.500 nomes de minerais.
Novos minerais tem sido acrescentados a esta lista cada
ano. São minerais que foram descobertos através de
técnicas analíticas novas, tais como microanálise e
microssonda eletrônica. Muitos minerais têm sido
retirados das listas de minerais existentes pois métodos
modernos de estudos mostraram que as substâncias
consideradas como minerais individuais são associações
ou misturas de minerais (Antonello, 1995).
Mais ou menos 20 minerais mais comuns são
responsáveis por mais de 95% de todos os minerais na
crosta continental e oceânica. Eles estão contidos em
quase todas rochas. Os silicatos são os mais abundantes
.
As características principais de qualquer mineral
são sua estrutura cristalina e sua composição química,
levando em consideração o conteúdo químico permitido
pela substituição de átomos de um elemento pelos de
outro numa dada estrutura. Por exemplo, o valor de
muitos minerais, origina-se do fato de conterem um metal
que é um constituinte acessório e não essencial. Ex.:
tório na monazita, prata na tetraedrita. Nestes casos,
um conhecimento do mecanismo pelos quais os
constituintes chegaram a estar presentes, pode ser de
grande significação econômica.
Usamos uma vasta quantidade de minerais e produtos
de minerais na nossa sociedade. Embora a maioria das
pessoas não se dê conta, a mineração ou mais
especificamente os produtos que ela gera, está presente
em praticamente todas as etapas do seu cotidiano, do
momento em que elas se levantam ao instante em que se
deitam. Virtualmente tudo que usamos tem conexão forte
com os minerais.
Por vezes ele é usado em sua forma natural por ter
propriedades valiosas. Ex.: diamante por sua beleza e
pela sua extrema dureza. Em outras ocasiões, os minerais
possuem componentes químicos de grande valor. Ex.:
Geologia..................................................................................................... 32

calcopirita (CuFeS2) consiste em 34% de cobre e o


mineral é coletado para se recuperar este metal valioso
(Antonello, 1995).
Os minerais não são considerados meramente como
objetos de beleza ou como fonte de material econômico.
Eles podem ser “chaves” para o entendimento das
condições nas quais eles e as rochas foram formadas. O
estudo dos minerais pode indicar importantes informações
sobre as condições físico-químicas de regiões da Terra
que não são acessíveis a observação e mensuração direta
(manto e núcleo).

V.1 Ciclo Geoquímico


A parte acessível ao exame direto do ciclo
geoquímico é a superfície da Terra, onde os elementos
migram. O ciclo geoquímico não é fechado nem material
nem energeticamente.
A partir do magma, o material original, que é uma
mistura complexa de silicatos, óxidos e compostos
voláteis, podendo ocupar espaços definidos e
individualizados (câmara magmática), poderá haver a
cristalização magmática, que é a separação dos minerais
durante a sua formação e, a cristalização originando as
rochas magmáticas.
Através do intemperismo dos minerais primários e
formação dos minerais secundários forma-se os
sedimentos, que, através da diagênese formam as rochas
sedimentares.
As rochas sedimentares por ação da pressão e
temperaturas variáveis darão origem a rochas
metamórficas, que por transformação ultrametamórfica
darão origem a rochas ígneas.
Conceitos
Mineral: é um elemento ou composto químico, resultantes
de processos inorgânicos, de composição química e
estrutural definida, encontrados naturalmente na
crosta da Terra. Ex. diamante, quartzo e feldspato.
Rocha: é um agregado natural formado de um ou mais
minerais característicos. As rochas são
classificadas segunda a sua origem em três tipos:
Geologia..................................................................................................... 33

ígnea ou magmática, metamórfica e sedimentar. Ex.


granito, gnaisse, basalto e arenito.
Minério: agregado de um ou mais minerais de interesse
econômico, normalmente associado à ganga (sem valor
econômico). A partir de um minério pode-se extrair,
com proveito econômico, um ou mais metais ou
substâncias úteis. Ex. itabirito (hematita e
quartzo) obtém-se o ferro.
Gema: nome empregado para todos os minerais ornamentais.
Corpo geológico: são massas individualizadas de minerais
agregados.
Jazidas minerais: são corpos geológicos economicamente
aproveitáveis de qualquer bem mineral.
Mineralogia: estuda os minerais desde sua ocorrência até
sua análise.
Petrografia: estuda as rochas, sua constituição e
classificação.
Petrologia: estuda a gênese ou origem das rochas.
Geoquímica: abrange o conhecimento da abundância dos
elementos químicos na Terra, como sua distribuição
e as leis que governam.

V.2 Técnicas de análise mineralógica e


petrográfica
Alguns minerais e rochas podem ser identificados sem
equipamento complicados, consistindo em observações
diretas e testes simples. Porém, na maioria das vezes é
necessário recorrer a técnicas analíticas especiais para
identificar os minerais e as rochas. As principais
técnicas analíticas utilizadas na identificação e
classificação dos minerais e das rochas são as
seguintes:
• difratometria de raios-X (DRX)
Geologia..................................................................................................... 34

luz

Raios-X microonda

raios gama UV infravermelh ondas de rádio

Comprimento de onda (nm)

Figura V.1. Comprimento de onda.

Colimado Colimado

Deteto
Fonte de
raios-X
monocromátic

Amostra
policristalina
(pó)

Figura V.2. Representação esquemática do


funcionamento do difratometro de raios-X.
• microscopia ótica (luz transmitida e refletida)
• microscópio eletrônico de varredura - MEV (Figura
V.2)
• análise química por via úmida
• ensaio de chama
• análise macroscópica (auxílio de lupas de mão com
aumento de 10X a 20X).
Geologia..................................................................................................... 35

Figura V.3. Microscópio petrográfico

5000

4000

3000
Intensidade

2000

1000

20 40 60 80 100

2 theta

Figura V.4. Difratograma de raios-X de uma caulinita.


Geologia..................................................................................................... 36

Figura V.5. Fotografia obtida através do microscópio


eletrônico de varredura (MEV).

V.3 Propriedades dos Minerais


As propriedades dos minerais são controladas pela
sua composição e estrutura cristalina. A composição pode
ser definida através de métodos de análises químicas.
Uma vez que a composição foi definida, a fórmula química
pode ser calculada pelo balanceamento do número de
cátions e ânions.
A determinação da estrutura do cristal é feita
através de métodos de observação indireta,
principalmente através da difratometria de raios-X
(DRX). A DRX é uma das técnicas mais importantes na
identificação dos minerais (Figura V.1), qualquer
mineral pode ser identificado através desta técnica.
Por causa, de propriedades facilmente determinadas,
tais como, dureza e cor, são controladas pela composição
e estrutura do cristal, em muitos casos é possível usar
uma combinação de propriedades simples para identificar
um mineral.
As características mais usadas na identificação dos
minerais são: cor, brilho, hábito (formato dos
cristais), dureza, clivagem, fratura, densidade,
magnetismo.
Geologia..................................................................................................... 37

V.4. Cristalografia estrutural e morfologia


dos cristais
Os cristais são corpos homogêneos, anisotrópicos
(possui propriedades físicas e químicas diferentes em
direções diferentes). Um corpo isotrópico, ao contrário,
tem as mesmas propriedades em direções diferentes, por
ex.: vidro. Quase todas as substâncias sólidas, não
somente os minerais são cristalinos. Os corpos
homogêneos podem ser isótropos ou anisotrópicos.

As unidades da estrutura
dos cristais são os
átomos, os íons ou as
moléculas que apresentam
no espaço um arranjo
tridimensional exato. Os
intervalos entre estas
unidades estruturais são
de ordem de 1 angstrom .

Figura V.3. Célula


unitária.

Um cristal é um arranjo tridimensional, periódico,


de átomos, de íons ou de moléculas e pode ser definido
como sólidos poliédricos limitado por faces planas que
exprimem um arranjo interno. O arranjo das partículas
representa-se por um retículo cristalino ou retículo
espacial. Os planos situados em diferentes direções
através dos pontos do retículo denominam-se planos
reticulares (faces do cristal).
A estrutura ordenada dos retículos dos cristais, nem
sempre é refletida pela presença no cristal de uma forma
cristalina distinta. São relativamente raros os cristais
típicos, reconhecíveis exteriormente, pois a substância
cristalina apresenta externamente sua estrutura interna.
Pela forma externa os sólidos podem ser:
Idiomórficos: possuem faces bem desenvolvidas e
perfeitas;
Subédricos ou hipidiomórficos: desenvolvimento
parcial das fases;
Geologia..................................................................................................... 38

Anédricos ou xenorfícos: sem faces definidas;


Substância amorfa: sem arranjo interno.
O retículo espacial e consequentemente o cristal é
formado pela repetição de unidades tridimensionais muito
pequenas, as células unitárias, que por definição são as
menores porções geométricas que se repete
tridimensionalmente segundo direções preferencias de
crescimento e desenvolvimento, dando origem ao cristal.
São possíveis 14 tipos diferentes de células unitárias;
são os retículos de Bravais, que são retículos de
translação cuja unidade de translação de um ponto a
outro é a distância.

V.4.1 Sistemas Cristalinos


Refere-se à forma na qual os átomos dos elementos
químicos estão agrupados. Cada sistema cristalino é
caracterizado por certo número de elementos de simetria
(Figura V.3).
Sistema cúbico: formado por um cubo. Os três eixos
cristalográficos são iguais e perpendiculares entre
si, de comprimentos iguais.
Sistema hexagonal: formado por um prisma reto de base
hexagonal regular. Os eixos cristalográficos são
quatro: 3 horizontais iguais cortando-se em ângulos
de 120o, e um quarto de comprimento diferente e
perpendicular ao plano dos outros três.
Sistema tetragonal: prisma reto de base quadrada. Os
eixos cristalográficos são mutuamente
perpendiculares; os dois horizontais são de
comprimento igual, mas o eixo vertical é mais curto
ou mais longo do que os outros dois.
Sistema ortorrômbico: prisma reto de base retangular ou
losangular. Os eixos cristalográficos são
perpendiculares entre si e de comprimento
diferente.
Sistema monoclínico: prisma oblíquo de base retangular
ou losangular. Os eixos cristalográficos são 3
desiguais, dois dos quais estão inclinados entre si
formando um ângulo oblíquo, sendo o terceiro
perpendicular ao plano dos outros dois.
Geologia..................................................................................................... 39

Sistema triclínico: prisma oblíquo de base


paralelogrâmica. Três eixos cristalográficos
desiguais, formando ângulos oblíquos.

Figura V.3. Sistemas cristalinos.

V.5. Classificação Química dos Minerais


Na natureza, os minerais cristalizam-se a partir de
soluções de composição complexa, sendo oferecidas, por
conseguinte, amplas oportunidades para a substituição de
um íon por outro. Resulta disto, que, praticamente,
todos os minerais apresentam variação na sua composição
química, conforme a localidade de procedência e entre
uma e outra espécie.
A composição química é a base para a classificação
moderna dos minerais. De acordo com este esquema,
dividem-se os minerais em classes dependendo do ânion ou
grupo aniônico. A composição pode ser definida através
de métodos de análises químicas.
Elementos nativos: encontram-se como minerais sob forma
não combinada no estado nativo. Ex. Au, Ag, Pt, Hg.
Geologia..................................................................................................... 40

Sulfetos: consistem em combinações de vários metais com


o S-2. Ex.: Galena, PbS.
Pirita - FeS2, cúbico, D=5,0 (Densidade), d=6
(dureza), cor dourada e traço preto.
Sulfossais: os minerais compostos de Pb, Cu ou Ag em
combinação com S, Sb, As ou Bi. Ex. Cu3AsS4.
Óxidos: contém um metal em combinação com o O-2. Ex.:
hematita Fe2O3;
Quartzo - SiO2, hexagonal, D=2,65, d=7, cores
variadas e fratura conchoidal.
Hematita - Fe2O3, hexagonal, D=5,26, d=6, traço
vermelho.
Ilmenita - FeTiO3, hexagonal, D=4,7, d=5,5, traço
cinza.
Pirolusita - MnO2, tetragonal, D=4,75, d=2, traço
preto.
Hidróxidos: óxidos minerais contendo água ou hidroxila
(OH-) como radical importante. Ex.: brucita Mg(OH)2.
Haletos: cloretos, fluoretos, brometos e iodetos
naturais. Ex.: fluorita CaF2, halita NaCl.
Carbonatos: incluem os minerais com o radical (CO3)-2.
Ex.: calcita CaCO3.
Calcita - CaCO3, hexagonal, D=2,71, d=3, três
clivagens perfeitas.
Aragonita - CaCO3, ortorrômbico, D=2,95, d=3,5, duas
clivagens perfeitas.
Dolomita - (Ca,Mg)(CO3)2, hexagonal, D=2,85, d=3,5,
três clivagens perfeitas.
Nitratos: contém o radical NO3-1. Ex.: KNO3.
Boratos: contém o radical BO3. Ex.: bórax Na2B4O7.10H2O.
Fosfatos: contém o radical (PO4)-3. Ex.: apatita
Ca5(F,Cl)(PO4)3, hexagonal, D=3,2, d=5, clivagem
fraca.
Sulfatos: contém o radical (SO4)-2. Ex.: barita BaSO4;
Gipsita - CaSO4 2H2O, monoclínico, D=2,32, d=2,
fratura fibrosa.
Anidrita - CaSO4, ortorrômbico, D=2,98, d=3, três
clivagens perfeitas.
Geologia..................................................................................................... 41

Tungstato: contém o radical WO4. Ex.: sheelita CaWO4.


Silicatos: radical (SiO4)-4, formam a classe química
máxima entre os minerais, contém vários elementos,
dos quais os mais comuns são o Na, K, Ca, Mg, Al e
Fe em combinação com Si e O formando estruturas
químicas complexas.
Ortoclásio - KAlSi3O8, monoclínico, D=2,27, d=6, "K-
feldspato").
Anortita - CaAl2Si2O8, triclínico, D=2,76, d=6, "Ca-
feldspato" ou plagioclásio)
Micas - muscovita - KAl2(AlSi3O10)(OH)2, monoclínico,
D=2,88, d=2,5, mica branca; Biotita -
K(Mg,Fe)2(AlSi3O10)(OH)2, monoclínico, D=3,2, d=2,5, mica
preta.
Piroxênios - aegirina (NaFeSi2O6, monoclínico, D=3,5,
d=6,5, piroxênio verde/castanho).
Anfibólios - tremolita (Ca2Mg5Si8O22(OH)2,
monoclínico, D=3,2, d=6, anfibólio verde claro).
Argilo-minerais - Caulinita (Al2Si2O5(OH)4,
triclínico, D=2,6, d=2).

V.6. Propriedades Físicas


As propriedades físicas dos minerais são
determinadas pela composição química e estrutura
cristalográfica.
Geologia..................................................................................................... 42

Hábito - é a
forma externa
do mineral.
Os planos de
um cristal
são
expressões
externas
exatas da
organização
interna dos
átomos. Tipos
de hábito:
acicular,
laminar,
colunar,
fibroso,
botroidal,
tabular,
micáceo etc

Clivagem - é a
tendência de um
mineral se quebrar
ao longo de planos
preferenciais.
Clivagem perfeita
ou boa (2 ou 3
direções),
moderada, irregular
etc. Tais planos
são controlados
pela estrutura
cristalina e pelas
ligações químicas.
Ex. micas uma
direção e K-
Geologia..................................................................................................... 43

feldspato duas
direções.

Fratura - é a forma como um mineral quebra. Os


principais tipos de fraturas: conchoidal (quartzo),
plana e irregular.
Dureza - resistência (relativa) que um mineral oferece
ao ser riscado com outro mineral ou com um objeto
qualquer. Esta associada à estrutura cristalina e ao
arranjo dos átomos (ligações). A dureza de um
mineral é uma propriedade importante e pode ser
avaliada de acordo com a Escala de Dureza de Mohs
(relativa) (Tabela V.1).
Tabela V.1. Escala de dureza de Mohs.
Durez Grau de Minerais Observações
a dureza

Baixa 1 talco são riscáveis pela unha (D =


2,5)
2 gipso
3 calcita riscam a unha e são riscáveis
Média 4 fluorita pelo vidro (D=5,5) e pela
5 apatita lâmina do canivete (D=5,5)
6 ortoclásio
7 quartzo riscam o vidro e a lâmina do
Alta 8 topázio canivete
9 coríndon
10 diamante

Tenacidade resistência que o mineral oferece à


deformação. Termos utilizados para descrever a
tenacidade dos minerais: quebradiço, maleável,
dúctil, flexível etc.
Magnetismo é a propriedade de alguns minerais de serem
atraídos pelo imã. Ex. magnetita e pirrotita.
Densidade ou peso específico é o peso de um mineral
comparado com o peso do mesmo volume de água
(adimensional). Minerais com átomos agrupados
densamente apresentam densidades mais elevadas.
Quartzo D = 2,65, calcita D =2,75, magnetita D =
5,2.
Geologia..................................................................................................... 44

V.7. Propriedades Ópticas


Cor é o comprimento de onda luminosa refletida ou
transmitida; opaco, transparente e translúcido;
idiocromático, alocromático, pleocroísmo, dicroísmo;
iridescência, opalescência etc.; hialino, vermelho,
laranja, amarelo, verde, azul, violeta etc.
Traço é a cor do traço deixado pelo mineral após riscar
a superfície de uma placa de porcelana. Ex. hematita
(vermelho), pirita (preto) e quartzo (branco).
Brilho é a intensidade da reflexão da luz. O brilho do
mineral pode ser vítreo, resinoso, sedoso,
adamantino, metálico etc.

V.8. Propriedades Químicas


Polimorfismo - diferentes minerais com a mesma fórmula
química, porém formas cristalinas diferentes.
Calcita (CaCO3, hexagonal) e Aragonita (CaCO3,
ortorrômbico).
Isomorfismo - minerais de composição química diferente,
porém análogas, com a mesma estrutura cristalina.
Plagioclásios (Ca,Na-feldspatos, triclínicos).

V.9. Esquema de Identificação Macroscópica


Os minerais mais comuns podem ser identificados a
partir da determinação das suas propriedades e posterior
consulta a um manual de mineralogia.
1. Cristalização: sistema cristalino em que se
enquadra a amostra.
2. Forma dos cristais: cubo, tetraedro, prisma
hexagonal com terminação em pirâmide, octaedros,
dodecaedro, etc., acrescentando se é euédrico,
subédrico ou anédrico.
3. Hábito: cúbico (eqüidimensional), prismático,
acicular, fibroso, micáceo, botroidal, etc.
4. Cor: examinar uma superfície recente em luz
refletida.
5. Pleocroísmo: mudança de cor de acordo com a
direção
6. Brilho: metálico, não metálico: vítreo, resinoso,
sedoso, gorduroso, nacarado, adamantino e terroso..
Geologia..................................................................................................... 45

7. Cor do traço: sempre sobre uma placa de porcelana


não brilhante.
8. Clivagem: boa, nítida, fácil, regular ou ruim.
Quantos planos de clivagem.
9. Fratura: existente ou não.
10. Dureza relativa: usar a escala de Mohs.
11. Diafaneidade (transparência do mineral):
transparente, translúcido opaco.
12. Densidade relativa.
13. Magnetismo: atração por um imã de mão.
14. Presença de inclusões.
15. Alteração
16. Diagnóstico
Tabela V.2 Guia para identificação mineralógica.
Características do Amostras
mineral
1. Hábito:
2. Brilho:
3. Cor:
4. Diafaneidade:
5. Pleocroismo:
6. Cor do Traço:
7. Clivagem:
8. Fratura:
9. Dureza:
10.Densidade
11.Alteração
superficial:
12.Ensaios de
confirmação:
13. Nome do Mineral
14.Fórmula:
15.Sistema
cristalino:
16.Ocorrência:
Observação:
Geologia..................................................................................................... 46
Geologia..................................................................................................... 47

Capítulo VI. PETROGRAFIA


As rochas são agregados naturais formados de um ou
mais minerais, que podem ser de um tipo (rocha
monominerálica) ou de vários tipos (poliminerálica). A
crosta terrestre é constituída essencialmente de rochas.
São elas, juntamente com os fósseis, os elementos que os
geólogos usam para decifrar os fenômenos geológicos
atuais e do passado.
A Petrografia ou petrologia é o ramo da ciência
geológica dedicado ao estudo da constituição, textura,
origem e classificação das rochas.
Técnicas de reconhecimento petrográficas:
• análise macroscópica
• microscopia óptica e eletrônica
• análise geoquímica
Quanto à origem (gênese), as rochas são distinguidas
em ígneas ou magmáticas, rochas metamórficas e rochas
sedimentares; dentro desses grupos, de forma geral, a
textura e a composição mineral são os critérios para a
identificação do tipo litológico.
•Clásticas ou mecânicas
Rochas Sedimentares •Químicas
•Organoquímicas
•Vulcanoclásitcas

Rochas Metamórficas •Ortometamórficas


(magmáticas)
•Parametamórficas
(sedimentares)

Rochas Magmáticas ou •Intrusivas


Ígneas •Extrusivas ou efusivas

VI.1 Rochas sedimentares


São rochas formadas a partir do material resultante
da ação do intemperismo e da erosão de uma rocha
qualquer que posteriormente será transportado e
depositado em outro ambiente.
As rochas sedimentares são importantes por estarem
associadas à depósitos de carvão, petróleo, gás natural,
Geologia..................................................................................................... 48

alumínio, minério de ferro, matéria prima para a


construção civil.
A diagênese é o conjunto de processos físicos e
químicos sofridos pelos sedimentos após sua deposição, e
que resultam em litificação, como, p.ex., compactação,
recristalização, dissolução, precipitação de minerais
etc.

Processos geradores das rochas sedimentares


1. Intemperismo da rocha geradora:
Físico,
Químico e
Biológico
2. Transporte: água, vento e gelo
Suspensão
Tração Î saltação e rolamento
3. Deposição ambientes
Continental: fluvial, lacustre, desértico e
glacial
Transicional: praia, delta, estuarino,
lagunar...
Marinho: plataforma, recife, talude
continental, fundo oceânico.
4. Litificação e diagênese
Compactação e cimentação
Ambientes deposicionais
O estudo dos ambientes modernos, seus sedimentos e
processos contribui muito para o entendimento dos
ambientes deposicionais antigos.
Ambiente marinho: distribuição mais extensa e mais
contínua, deposição de sedimentos químicos e clásticos
Ambiente continental: depósitos mais restritos,
predomínio de sedimentos clásticos
Rochas carbonáticas
As rochas carbonáticas formam aproximadamente 10% do
registro sedimentar exposto, tendo uma grande
distribuição ao longo do tempo geológico. São formadas
predominantemente por calcita, aragonita e dolomita,
Geologia..................................................................................................... 49

além de fósseis e siliciclásticos. produto


principalmente de precipitação orgânica de carbonato de
cálcio. As rochas carbonáticas são formadas
principalmente em ambiente marinho de águas claras,
quentes e rasas.
Minerais comuns em rochas sedimentares
Quartzo, muscovita, biotita, caulinita, ilita,
montmorilonita, aragonita, calcita, dolomita, siderita,
gipso, pirita, hematita, magnetita...
Classificação
I. Siliciclásticas
Formadas por fragmentos de rochas preexistentes
(clastos).
Conglomerado, arenito, siltito, argilito,
folhelho, diamictito, tilito, etc.
II. Biogênicas ou bioquímicas
Origem orgânica
Diatomito, radiolarito, coquina, etc.
III. Químicas
Evaporação e precipitação,
Calcário, gipsita, anidrita, halita, etc.
IV. Vulcanoclátsicas
fragmentos de atividades vulcânicas

VI.2 Rochas ígneas


São formadas a partir da consolidação do magma em
profundidade (rocha ígnea plutônica) ou em superfície
(rocha ígnea vulcânica). Através da textura e da
composição mineralógica de uma rocha magmática pode
interpretar as condições em que a rocha se formou
As rochas magmáticas intrusivas ou plutônicas se
formam quando o magma resfria lentamente, usualmente em
profundidades de dezenas de quilômetros, os cristais
separam-se do líquido fundido, formando rochas de
granulação grossa (rochas faneríticas equigranular).
As rochas magmáticas extrusivas são formadas quando
o magma resfria rapidamente, normalmente próximo a
superfície da terra, os cristais são extremamente
Geologia..................................................................................................... 50

pequenos e resulta uma rocha de granulação fina ou


textura vítrea (rochas afaníticas).
O magma é uma fusão silicatada, contendo gases e
elementos voláteis, gerada em altas temperaturas no
interior da Terra.
Características das rochas ígneas
• cor: melanocrática, mesocrática e leucocrática.
• textura: fanerítica, afanítica, porfirítica e
vítrea.
• composição: félsica ou máfica, ácida,
intermediária (alcalinas), básicas, ultrabásicas.
Tipos de rochas ígneas ou magmáticas:
Granito: quartzo, K-feldspato, Ca-feldspato, micas
(biotita e muscovita), granada etc. Apresenta
textura fanerítica.
Riolito: correspondente extrusivo do granito. Textura
porfirítica com abundantes fenocristais de quartzo.
Sienito: K-feldspato, anfibólio, pouca sílica.
Predominantemente leucocrática com feldspato de cor
cinza claro.
Gabro: Ca-Na-feldspato (labradorita), piroxênio (augita
ou diopsídio) e magnetita.
Basalto: piroxênio, plagioclásio e calcita (baixa).
Coloração escura e textura finamente cristalizados.
Classificação química das rochas ígneas:
rochas ácidas > 65% de SiO2
intermediárias 65 - 55% SiO2
básicas 55 - 45% de SiO2
ultrabásicas < 45% SiO2
Tabela VI.1. Classificação das rochas ígneas.
Rochas Ácidas Intermediárias Básicas

Plutônica Granito Sienito Gabro


Hipoabissais Granito Diorito Diabásio
porfirítico porfirítico
Vulcânicas Riolito Andesito Basalto
Modos de ocorrências das rochas ígneas
Geologia..................................................................................................... 51

Batólitos - são grandes corpos de rochas plutônicas


que se formam em profundidade, podendo se ter mais 100
km2.
Lacólito - são intrusões de rochas ígneas
lentiformes, geralmente circulares ou subcirculares,
concordantes as rochas encaixantes.
Dique - intrusão de forma tabular discordante,
preenchendo uma fenda aberta em outra rocha. Quando o
dique é concordante com as rochas encaixantes chama-se
sill.

VI.3 Rochas Metamórficas


As rochas metamórficas podem ser formadas a partir
de rochas ígneas, sedimentares ou mesmo metamórficas,
preexistentes, submetidas a novas condições de pressão e
temperatura. Quando as rochas através de processos
geológicos são submetidas a condições diferentes
(temperatura e pressão) das quais foram formadas,
ocorrem modificações denominadas de metamorfismo.
Durante o metamorfismo ocorrem modificações nas
composições químicas e/ou a estrutura cristalina dos
minerais, sem haver fusão ou alteração na constituição
química total da rocha (processo de equilíbrio físico-
químico no estado sólido, isoquímico). Podem ocorre
tanto a recristalização dos minerais preexistentes como
também a formação de novos minerais.
Fatores de metamorfismo
• Calor
• Pressão
• Percolação de fluidos
Características das rochas metamórficas: textura
xistosidade/foliação, clivagem ardosiana. É função da
composição da rocha original e da intensidade e tipo do
metamorfismo.

Principais tipos de rochas metamórficas


Gnaisse - caracteriza-se pela alternância de bandas de
cores claras (quartzo e feldspato) e escuras
(biotita, anfibólio ou granada). É o tipo litológico
predominante no estado do Rio de Janeiro, formando
grande parte da do maciço da Serra do Mar.
Geologia..................................................................................................... 52

Xisto - ausência de bandamento e presença de finas


lâminas ao longo da qual a rocha pode ser quebrada
mais facilmente.
Filito - textura intermediária entre o xisto e a ardósia
e tende a partir-se em lâminas.
Ardósia - rocha de granulação extremamente fina com boa
clivagem, normalmente utilizada na construção civil.
Mármore - calcário metamórfico.
Quartzito - derivada do metamorfismo do arenito.
Na classificação das rochas metamórficas utiliza-se
o nome do tipo textural precedido da assembléia de
minerais constituintes em ordem crescente de
importância. Ex. estaurolita-granada-quartzo-xisto.
Grau de Metamorfismo
O metamorfismo pode ocorre com maior ou menor
intensidade em função das temperaturas e pressões a que
a rocha é submetida, o que, até certo ponto, é função
também das profundidades em que o fenômeno ocorre.
Metamorfismo regional ou de contato.
Geologia..................................................................................................... 53

Capítulo VII. DINÂMICA EXTERNA


A dinâmica externa retrata todos os processos
geológicos que, atuando sobre a parte mais superficial
da Crosta, promovem o seu modelamento. A ação da água,
dos ventos, do calor e do frio sobre as rochas provoca o
seu desgaste e decomposição, causando o que se denomina
de INTEMPERISMO. O intemperismo implica sempre na
desintegração das rochas, que pode ser de vários modos,
pelos agentes químicos, físicos e biológicos. Esta
desintegração gera areias, lamas e seixos, também
denominados SEDIMENTOS.
O deslocamento desses sedimentos da rocha
desintegrada é chamado de EROSÃO. O transporte desse
material para as depressões da crosta, (oceanos, mares e
lagos) pode ser realizado pela água (enxurradas, rios e
geleiras) ou pelo vento, formando depósitos como as
areias de praias e de rios, as dunas de desertos e as
lamas de pântanos.
Todo PROCESSO (ação) natural obtém-se, como PRODUTO
(resultado da ação) uma modificação na paisagem
superficial do planeta. Por exemplo, após uma intensa
chuva (PROCESSO) muitas encostas de morros serão
sulcadas por erosão (PRODUTO 1) e o material (solo ou
rocha) removido será depositado em vales ou no sopé
destes morros (PRODUTO 2) ou levado por rios. Em fim,
processaram-se modificações na paisagem superficial.
Este processo ocorre sem a interferência do homem, cuja
ação pode acelera-lo. O homem influência no processo de
denudação, principalmente devido ao desmatamento. Na
Figura VII.1 é representada uma visão simplificada das
fontes de energia dos processos externos que atuam na
superfície da Terra
Geologia..................................................................................................... 54

Figura VII.1. Fontes de energia dos processos que atuam


na superfície da Terra.

VII.1 Processos
Processos físicos: tensões (variação de temperatura,
gravidade, etc.) e cinética (resultante da variação de
velocidade de um corpo).
Processos químicos: reações (hidrólise, redox,
combinações, etc.), soluções/precipitações etc.
Processos biológicos: atividade dos organismos gera
relações de fenômenos Físicos e Químicos com o meio
ambiente. A pressão do crescimento das raízes vegetais
pode provocar a desagregação da rocha. O vento ao
balançar a árvore contribui para afrouxar as rochas
fendilhadas. Ação de animais como: minhocas, formigas,
cupins, roedores, etc.
Os processos geológicos responsáveis pela formação
das rochas sedimentares podem ser reunidos em três
grandes grupos: intemperismo, erosão, transporte e
deposição.

VII.2 Intemperismo
Conjunto de processos físicos, químicos e
biológicos, operantes na superfície terrestre que
ocasionam a alteração dos minerais das rochas, graças a
ação de agentes atmosféricos e biológicos. Processo
Geologia..................................................................................................... 55

espontâneo controlado pelas forças (energias) envolvidas


nas ligações dos íons que fornam os cristais.
O intemperismo é um dos processos mais importante
para o desenvolvimento da vida sobre a Terra. Os
nutrientes inorgânicos disponíveis no solo ou nas águas
superficiais são obtidos a partir do intemperismo das
rochas e dos minerais.
Por quê ocorre intemperismo?
É a resposta natural dos minerais das rochas à
superfície do planeta, em virtude de mudanças nas
condições físicas e químicas em que estes se formaram
(altas pressões e temperaturas no interior da Terra).
Processo espontâneo controlado pelas forças (energia)
envolvidas nas ligações dos íons que formam os cristais.
Ex.: a olivina (Mg2SiO4) se altera mais facilmente do
que o quartzo (SiO2).
Reação de hidrólise da olivina:
- -
Mg2SiO4 + 4H+ + 4 OH → 2Mg++ + 4 OH + H4SiO4
olivina água ionizada íons em solução
ácido silícico
Processos químicos
A dissolução, além de ser um processo intempérico,
também pode se constituir em um eficaz processo erosivo,
quando envolve a remoção de apreciáveis massas rochosas.
O exemplo mais evidente é a carstificação, que trata da
dissolução de rochas carbonáticas formando cavernas,
grutas, dolinas etc.
Fatores condicionantes do tipo e intensidade do
intemperismo
• clima (temperatura, precipitação)
• relevo (inclinação do terreno)
• constituição dos minerais (composição química)
• estrutura das rochas (porosidade, xistosidade,
fraturas)
• tamanho das partículas.
• Temperatura
A temperatura intervém na velocidade da decomposição
química. Esta é mais rápida em climas quentes do que em
climas temperados e frios. A pluviosidade elevada,
associada a temperatura médias altas e cobertura vegetal
exuberante, tem papel muito eficaz na decomposição das
Geologia..................................................................................................... 56

rochas, pelo aumento do teor em ácidos húmicos e gás


carbônico.
Intemperismo físico: fragmentação ou desagregação do
material rochoso em partículas cada vez menores. Não há
mudança mineralógica ou química.
Dilatação X compressão (variação na taxa de
aquecimento e resfriamento)
Congelamento d'água no interior das rochas (aumento
do volume, 9%)
Cristalização de sais no interior das fendas
(cloreto de sódio, gipsita)
Deslocamento de massas rochosas, líquidas (água) e
gasosas (ar).

Rocha = minerais com diferentes coeficientes de


dilatação térmica

As rochas no interior da crosta são submetidas a


alta pressão, quando expostas às condições de
superfície, há um alívio de pressão e consequentemente,
expansão da parte rochosa atingida. O alívio de pressão
leva ao desenvolvimento de diáclases, juntas e planos de
fraturas na rocha.
O intemperismo químico forma, predominantemente,
argilo-minerais e hidróxidos de Fe e Al. Há mudança
mineralógica.
Reação química entre a rocha e soluções aquosas
diversas.
Oxidação X redução
Dissolução X precipitação
Hidrólise
Combinação
Hidrólise é a reação entre os íons H+ e OH- da água e
os elementos (ou íons) do mineral. É importante lembrar
que apesar do que se imagina a água não é um líquido de
pH neutro. Oxidação é um processo de decomposição
química que envolve perda de elétrons. Ex. a pirita
(FeS2) se oxida em óxido de ferro hidratado.
O intemperismo físico favorece o intemperismo
químico criando condições de penetração de soluções
Geologia..................................................................................................... 57

através das fraturas e aumentando a superfície


específica do material.
O intemperismo biológico compõe-se de uma série de
ações físicas e químicas dos organismos sobre o meio
ambiente para a adaptação do meio à sua sobrevivência.
Está relacionado com as reações químicas da matéria viva
e com o comportamento dos organismos.
Produtos do Intemperismo
Regolito (ou manto de intemperismo) cobertura de
material mineral inconsolidado na superfície da Crosta
que repousa diretamente sobre rocha inalterada. Muitos
autores restringem a abrangência do termo para os
materiais que não sofreram transporte.
Solo é a superfície inconsolidada que recobre as
rochas e mantém a vida animal e vegetal da Terra. É
constituído de camadas que diferem pela natureza física,
química mineralógica e biológica que se desenvolvem com
o tempo sob a influência do clima e da atividade
biológica.
Sedimento: regolito ou outro produto do intemperismo
(íons em solução) que foi transportado por qualquer
processo da dinâmica externa.

VII.3 Erosão
A erosão engloba um grupo complexo de processos
geológicos pelo qual o produto final do intemperismo é
removido por ação de um agente natural.
A configuração morfológica de uma paisagem pode ser
devido a uma atividade construtiva (dunas, restingas,
relevo vulcânico, deltas) ou destrutiva (mar, gelo,
vento e rios).
Se não fosse a instabilidade tectônica da crosta
(dinâmica interna), há muito tempo já teriam
desaparecidos todos os continentes. Em 25 milhões de
anos (taxa atual de denudação) todos os continentes
seriam arrasados ao nível do mar. O relevo terrestre é
resultante dos processos englobado na dinâmica interna
(vulcanismo, terremoto e movimentação das placas
tectônicas) e os processos da dinâmica externa
(intemperismo, erosão, transporte e deposição).
Processos erosivos
Geologia..................................................................................................... 58

Processos gravitacionais: processos que envolvem


deslocamento de massas (rocha, solo, regolito ou
sedimento) sob ação da gravidade, buscando uma posição
de menor energia potencial.
Processos hidrodinâmicos
ação das ondas (abrasão marinha)
ação de correntes (fluvial)
ação de ventos (deflação)
Agentes erosivos: chuva, rio, mar, vento, geleira e
gravidade
INTEMPERISMO + EROSÃO = DENUDAÇÃO

Produtos da erosão: sedimentos


Tipos de sedimentos Ö Clástico, químico e
organo-químico
Clásticos: resultam da fragmentação de material
rochoso e é transportado por um agente externo. Exemplo:
areia, silte, argila, etc (Tabela VII.1).
Tabela VII.1 Escala granulométrica em mm.
Classe Diâmetro mm
Matacão >256
Calhau 64 - 256
Seixos 4 - 64
Grânulo 2 - 4
Areia 0,062 - 2
Silte 0,004 -
0,062
Argila <0,004

VII.4 Transporte
O transporte e a deposição dos sedimentos são
comandados pelas leis da hidrodinâmica. Três são os
processos de transporte de partículas sedimentares em
meio fluido: tração (arrasto, rolamento e saltação),
suspensão e solução. O regime de transporte do sedimento
depende, basicamente, do tamanho da partícula.
tração e rolamento: areias, seixos, blocos e
matacões
suspensão: silte e argila - fluxo turbulento
solução: íons - carga dissolvida
Geologia..................................................................................................... 59

VII.5 Deposição
Acúmulo de sedimentos por processos físicos,
químicos e organo-químicos (processos de sedimentação)
Sedimentos químicos: resultam da precipitação de
minerais de soluções concentradas. Características: cor,
mineralogia e estruturas. Exemplos: calcário calcítico/
dolomítico, chert, gipso, itabirito, etc.
Sedimentos organo-químicos: resultam do acúmulo de
restos de organismos, os quais podem ter sido
transportados. Características: cor e composição.
Exemplos: coquinas, vazas (globigerina, radiolários,
pterópodes e diatomáceas), recifes, espongólitos,
estromatólitos, etc.
Bacias sedimentares
São áreas deprimidas da crosta, capazes de acumular
consideráveis espessuras de sedimentos e preservá-las
por um bom tempo. As bacias sedimentares estão
associadas a movimentos crustais que geram subsidência
na crosta. Os movimento são controlados por eustasia,
subsidência (tectônica) e aporte sedimentar (clima).
As bacias sedimentares são preenchidas por
sedimentos clásticos químicos e biogênicos. Ambientes de
sedimentação rios, lagos, desertos, praias, mares etc.
Tipos de deposição
• física: por perda da energia do agente
transportador
• química: por saturação de soluções (precipitação)
• organo-química (biológica): acúmulo de restos de
organismos (fósseis)

VII.6 Ambientes de sedimentação


Compartimento da superfície da Terra onde dominam
uma série de processos físicos, químicos e biológicos
deposicionais, que distinguem-no dos adjacentes. Há
diversas classificações, que variam de autor para autor,
em função dos critérios adotados (geomorfologia,
processos físicos etc.).
• ambientes continentais: fluvial, lacustre, deserto
e glacial
• ambientes transicionais: deltaico, estuarino,
lagunar, planície de maré e praia
Geologia..................................................................................................... 60

• ambientes marinhos: plataforma continental,


recife, talude continental, sopé continental e
assoalho oceânico.
Ambiente Continental
Fluvial: compreende os sopés das montanhas, os vales
e baixadas fluviais. Subambientes: canal, dique
marginal, planície de inundação e terraços fluviais.
Lacustre: siltes e argilas; carbonatos e sulfatos;
cores vermelhas e pretas.
Desértico: tração (vento) e, subordinadamente,
suspensão e precipitação. Depósitos: areias (muito bem
selecionadas e arredondadas), cascalhos (pavimento de
deflação, ventifactos), siltes e evaporitos.
Glacial: tração (arrasto, preferencialmente) e
"suspensão". Depósitos: tilitos, diamictitos, areias,
siltes e argilas, seixos pingados e facetados/estriados,
etc. Controles: climático (altitude/latitude),
astronômico (glaciações do Quaternário) e tectônico
(glaciações permo-carboníferas do Gondwana).
Na Figura VII.2 observa-se um perfil de um rio sem
uniformidade de gradiente. Na zona AB, onde a
profundidade é maior a velocidade é diminuída graças à
menor declividade. Na zona BC da corredeira a
profundidade diminui devido o aumento da velocidade e
após C ocorre grande turbulência, depositando maior
quantidade de seixos. A variação granulométrica do
sedimento ao longo do perfil vai ser variar em função da
declividade e energia do meio.

Figura VII.2. Perfil de um rio sem uniformidade de


gradiente.
Geologia..................................................................................................... 61

Ambientes Transicional e Marinhos


Deltaico - o ambiente deltaico refere-se à
acumulação sedimentar em parte subaérea e em parte
subaquosa, na foz de um rio que desemboca em um lago ou
mar, que se dá pela perda da competência de transporte
do rio quando atinge estes corpos d'água, com menor
energia. Subambientes: canal fluvial, planície de
inundação interdistributária, baía interdistributária,
frente deltaica e prodelta. Controles: tectônica
(subsidência), variação do nível do mar (ou do lago),
aporte sedimentar e o retrabalhamento dos depósitos por
ondas e marés.
Laguna e ilha de barreira
Corpo d'água costeiro, alongado, isolado do ambiente
marinho por um sistema de cordões litorâneos arenosos
(ilha de barreira). Subambientes: planície de maré (com
canais de maré), laguna e delta lagunar.
Ambiente marinho: litorânea: zona atingida pela
variação da maré; nerítica: delimitada pela profundidade
de cerca de 200 m; recebe influência do continente;
pelágica; batial e abissal (Figura VII.3). Compreende a
margem continental (plataforma, talude e sopé
continental), plataforma continental - interna e externa
(largura: 70 km, declividade: 1 a 4 m/km), talude
continental/canhão submarino (declividade: 50 m/km),
sopé continental (leque submarino), planície abissal,
cordilheiras mesoceânicas, ilhas vulcânicas e fossas
submarinas.
Geologia..................................................................................................... 62

Figura VII.3 Imagem de satélite da baía de Guanabara.


Geologia..................................................................................................... 63

Capítulo VIII. PEDOLOGIA


As rochas situadas junto à superfície estão sujeitas
à ação de processos físicos, químicos e biológicos
(processos de intemperismo), produzindo os chamados
mantos de alteração. Num sentido mais amplo o conceito
de solo, engloba os materiais do manto de alteração, os
quais podem estar in situ (solos residuais ou elúvios)
ou já podem ter sido transportados de uma área a
montante por mecanismos diversos (solos transportados ou
depósitos de encosta ou fluvial).
Por definição, solo é a superfície inconsolidada que
recobre as rochas e mantém a vida animal e vegetal. É
constituído de camadas que diferem pela natureza física,
química, mineralógica e biológica que se desenvolvem com
o tempo sob a influência do clima e da atividade
biológica.
Os solos são constituídos por milhões de partículas
de diferentes composições mineralógicas e diversos
tamanhos, entre cascalhos, areias, siltes ou argilas,
parte dos quais podem estar como grãos simples ou
agregados por matéria orgânica ou argila.
Os espaços vazios
entre as partículas são
chamados de poros e podem
estar parcial ou
totalmente preenchidos com
água. No interior das
partículas agregadas
também ocorrem poros bem
pequenos. Os poros com
diâmetro inferior a 0,2 mm Figura VIII.1. Variações da
são denominados de porosidade segundo a
microporos; os de diâmetro disposição espacial dos
superior são chamados de componentes esféricos. A-
macroporos. A razão entre Porosidade máx. 47,6%. B -
o volume de vazios e o Porosidade mín. 25,9%
volume total do solo
corresponde à porosidade
do solo e, geralmente, é
expressa em percentual.
Geologia..................................................................................................... 64

VIII.1. Processos de formação do solo


Na formação dos solos ocorrem reações físicas,
químicas e biológicas que determinam os diferentes
horizontes com suas características peculiares.
Normalmente se expressa o desenvolvimento do solo em
termo de quatro processos (Tabela VIII.1).

Tabela VIII.1. Tipos de processos de formação do solo


(modificado de Resende et al. , 1995).
Processo Exemplos

Transformaç Ruptura da rede cristalina dos minerais


ão primários. Gênese dos argilo minerais .
Decomposição da matéria orgânica.
Remoção Lixiviação de elementos para o lençol freático.
Erosão.

Translocaçã Eluviação de matéria orgânica, argilo minerais e


o óxidos do horizonte A para o B. Movimentação de
material dentro do perfil em outras direções.
Adição Incorporação de matéria orgânica ao solo.

VIII.2. Constituição do Solo


O solo é constituído de matéria orgânica, matéria
mineral sólida, água (soluções dissolvidas) e ar (Tabela
VIII.2). A fração mineral pode ser constituída de
partículas de tamanhos variáveis, desde argila
(partículas menores que 2 micra) até matacões de
fragmentos de rocha, minerais primários e minerais
secundários Tabela VIII.3).
Tabela VIII.2. Principais elementos que compõem os
solos.
Principais Secundários
(>90%) (< 10%)
oxigênio magnésio
silício sódio
alumínio potássio
ferro titânio
fósforo
manganês
enxofre
Geologia..................................................................................................... 65

Tabela VIII.3. Granulometria das partículas que


constituem o solo.
Granulometria Diâmetro Número de Área
mm partículas por superficial
grama g/cm2
Areia muito 2,00 - 1,00 90 11
grossa
Areia grossa 1,00 - 0,50 720 23
Areia média 0,50 - 0,25 5.700 45
Areia fina 0,25 - 0,10 46.000 91
Areia muito 0,10 - 0,50 722.000 227
fina
Silte 0,05 - 0,002 5.776.000 454
Argila < 0,002 90.260.853.000 8.000.000

VIII.3. Fatores de Formação dos Solos


CLIMA

FLORA FAUNA

SOLO
ROCHA ALTERADA

Esses fatores são influenciados pelo Tempo e Relevo.


Em 1883 Dokuchaiev sugeriu 5 fatores formadores do
solo: Material parental, Clima, Tempo, Organismos
(plantas e animais) e o Relevo (topografia). Os fatores
de formação são relacionados funcionalmente na forma de
uma equação:
S = fç (Cl, O, R, MP, T)

VIII.3.1 Material Parental


O estado inicial do sistema solo não é
necessariamente uma rocha consolidada.
Principais grupos de Materiais Parentais:
1. rochas e M.A. "in situ",
2. sedimentos inconsolidados, ex.: fluvial, eólico,
marinho ou deltaico,
3. material transportado - produto de alteração
remanejado - colúvio,
4. produtos de pedogênese anterior.
Principais características das rochas Î Solo
Geologia..................................................................................................... 66

VIII.3.2. Estrutura dos Minerais


A composição mineralógica do material parental vai
influenciar muito nas características do solo,
principalmente na fertilidade. Os minerais não-
silicáticos possuem estruturas relativamente simples,
mas variam amplamente nas suas solubilidades e
resistência à decomposição. Os silicatos geralmente
possuem estruturas muito complexas na qual a unidade
fundamental é o tetraedro de Si-O.
A estabilidade das rochas depende da composição e da
estrutura dos seus minerais.

VIII.3.3. Composição Química e Mineralógica dos


Materiais Parentais
A constituição mineralógica, a composição química e
arranjo estrutural dos minerais influenciam diretamente
nos processos de intemperismo. A Tabela VIII.4 são
apresentados os principais cátions removidos durante o
processo de intemperismo químico.

Reação de alteração do K-feldspato e formação da


caulinita:
4KAlSi3O8 + 4H+ + 2H2O Æ 4K+ + Al4Si4O10(OH)8 +
8SiO2
K-feldspato
caulinita sílica

Tabela VIII.4. Intemperismo químico de dois grandes


grupos de rochas ígneas.
Rocha Constituintes Produtos do Intemperismo
primários
Minerais Cátions Colóides Minerais Minerais Cátions
secundários presentes removidos
Feldspato K+ Na+ sílica argilo-
alumínio minerais
Quartzo Quartzo Na+
Micas K+, sílica argilo- algumas K+
Fe2+, alumínio minerais micas
Mg2+
GRANITO Mg2+
Minerais ferro- Mg2+ , sílica argilo-
Geologia..................................................................................................... 67

magnesianos Fe2+ alumínio minerais


óxidos de hematita e
ferro goethita
Feldspato K+ Na+ sílica argilo- Na+
alumínio minerais
BASALTO Ferromagnesianos Mg2+ sílica argilo- Ca2+
Fe2+ alumínio minerais
Magnetita Fe2+ óxidos de hematita e Mg2+
ferro goethita

Área de Superfície dos Materiais Parentais


A área de superfície das partículas regula a maior
ou menor interação com o "ambiente" (água). Variações na
área de superfície e na distribuição do tamanho das
partículas interferem na VELOCIDADE de formação do solo.
A área de superfície específica é maior quanto menor
for o tamanho das partículas. Ex.: área de superfície
das rochas consolidadas < areias aluvionares < argila
(Tabela VIII.3).
Permeabilidade (K) dos Materiais Parentais
• aumenta a velocidade do movimento de umidade,
• acelera o movimento dos materiais em solução ou
suspensão,
• influencia a velocidade de formação do solo.

VIII.3.4. Clima
É um dos fatores mais importantes na formação dos
solos. Influencia:
• velocidade de formação e tipo de solo,
• distribuição da vegetação e dos organismos,
• tipos de processos geomorfológicos.
O Clima é um conceito composto, inclui: temperatura,
umidade, evapotranspiração, precipitação, duração da
insolação, ventos, etc.
Por simplicidade definiremos o clima em função de
valores médios da:
a) temperatura,
b) precipitação (umidade)
Estes são os fatores mais importantes para a
formação dos solos.
Geologia..................................................................................................... 68

a) Temperatura
Influencia a percentagem e distribuição dos
organismos (fauna e flora) no solo. Regiões
intertropicais tem a proteção da cobertura vegetal que
amortece os extremos de temperatura. Influencia na
velocidade de alteração dos minerais.
A amplitude das variações diárias e estacionais da
temperatura do solo diminui com a profundidade. Os
processos pedogenéticos mais dinâmicos ocorrem nas
camadas superficiais, onde as temperaturas sofrem
maiores variações.
Valores de radiação solar que chega à superfície do
solo é função: variações diurnas e sazonais, latitude,
altitude, ventos, cobertura vegetal e cor do solo. Solos
escuros absorvem 92% da radiação solar.
b) Umidade (Precipitação)
Inclui todas as formas de água que entram no solo é
derivada principalmente da PRECIPITAÇÃO. Para a
pedogênese o que importa é o EXCESSO DE ÁGUA:
lixiviação, eluviação Æ renova a água que circunda
os minerais. que estão sofrendo hidrólise.
A percolação da água no solo é função: porosidade,
estrutura do solo, formas de relevo, condições
climáticas e permeabilidade. Regiões com disponibilidade
de água excedente - maior energia pedogenética.
Função
a) Intensidade da precipitação
Em áreas sem vegetação as precipitações de
intensidade moderada são as mais efetivas:
chuvas fracas sofrem rapidamente a EVAPORAÇÃO,
chuvas fortes maior valores que a capacidade de
infiltração (CI): aumento do escoamento superficial e
problemas erosivos.
Regiões tropicais maior a taxa de lixiviação de
cátions alcalinos e básicos.
b) Cobertura Vegetal
A cobertura vegetal tem um papel importante na
interceptação da precipitação das através das folhas. A
quantidade de interceptação é relacionada com o tipo e
densidade da vegetação.
Geologia..................................................................................................... 69

c) Capacidade de Infiltração
solos com textura grossa - maior entrada de água,
solos com textura mais fina - menor entrada de água.
d) Permeabilidade e Inclinação da Superfície
A movimentação da água no interior do solo é muito
depende da permeabilidade. A presença de uma camada
impermeável gera saturação das camadas superiores
resultando em movimentos laterais.
e) Teor de Umidade Antecedente do Solo
influência direta na entrada da precipitação,
solo saturado - nenhuma umidade entrará no solo,
Ex.: base das encostas, depressões, interferência do
lençol freático maior escoamento superficial.
Movimento da Umidade
A diferença dos horizontes é fortemente determinada
pelo movimento da água no interior do solo. A taxa de
movimentação da água no solo é função: volume de água,
tamanho dos poros e permeabilidade.

VIII.3.5. Organismos
Os organismos compreendem: microflora, macroflora,
microfauna, macrofauna e homem. Pelas suas manifestações
de vida quer na superfície, quer dentro do solo, atuam
como agentes pedogenéticos.
Cobertura vegetal
A presença de raízes condiciona uma menor erosão do
solo, favorecendo a atuação do intemperismo físico e
químico.
O “litter” - contribuição de nutrientes - diminuição
da erosão. A presença de folhas reduzem o “splash”,
adição de matéria orgânica, evitam o excesso de
temperatura, filtram a radiação solar.
A cobertura vegetal tende a reduzir a agressividade
erosiva da chuva e a amplitude das variações térmicas e
hídricas, criando condições mais favoráveis às
atividades biológicas.
Fauna
Vertebrados - principalmente mamíferos - ratos,
topeiras, etc., os quais cavam buracos profundos no
Geologia..................................................................................................... 70

solo, causam uma mistura considerável geralmente


trazendo material do subsolo para a superfície. O
superpastoreio aumenta a compactação do solo, diminui a
permeabilidade e aumenta a escoamento superficial
(erosão).
A retirada da vegetação para a implantação da
atividade agricula aumenta a erosão do solo (vento e
água) levando a perda dos horizontes superiores (horiz.
O e A) e de micronutrientes.
Microfauna - bactérias (predominantes) e fungo -
atuam na decomposição da matéria orgânica e favorecem a
alteração de alguns minerais.
Mesofauna - são identificados a olho nu e ingerem a
matéria orgânica. Ex.: minhocas, aracnídeos, insetos,
termitas. A distribuição está vinculado ao suprimento de
alimentos assim concentram-se no topo do solo, 2 a 5 cm,
com exceção dos termitas e das minhocas que penetram
abaixo de 10 - 20 cm. Estes organismos requerem solo bem
aerado (necessitam de oxigênio) e não vivem em solos
saturados.
Homem - a atividade do homem altera
consideravelmente o desenvolvimento dos solos. A
principal atuação está ligada ao cultivo dos solos,
geralmente utilizando técnicas inadequadas, acarretando
empobrecimento e erosão dos solos. A utilização de
fertilizantes e pesticidas na agricultura modificam as
características dos solos, já a irrigação e a drenagem
alteram as relações hidrológicas. Além dessas atividades
as construções civis contribuem consideravelmente para a
modificação dos solos.

VIII.3.6. Relevo (Topografia)


A forma de relevo influência diretamente na dinâmica
de movimentação da água: fluxo vertical (infiltração) e
fluxo lateral (“run-off”), indiretamente na temperatura
do solo e na taxa de radiação.
Orientação das encostas afeta grandemente a
quantidade de aquecimento solar, diferentes solos são
formados nas encostas viradas para o sol e nas
sombreadas.
Geologia..................................................................................................... 71

VIII.3.7. Tempo
A formação do solo é um processo muito lento, requer
milhares e mesmo milhões de anos, durante este período
ocorrem mudanças periódicas do clima e da vegetação,
consequentemente altera a formação do solo. As
interpretações em relação as mudanças climáticas
baseiam-se em evidências geológicas, geomorfológicas e
palinológicas.
Os SOLOS JOVENS guardam muitas feições do material
parental. Ex.: cambissolo. Os SOLOS MADUROS estão em
equilíbrio com o ambiente

IDADE DO SOLO MATURIDADE DO SOLO


idade absoluta, é a medida grau de evolução sofrido
dos anos passados no mesmo período
Maior número de horizontes e espessura, maior
diferenciação, maior grau de maturidade. O solo alcança
sua maturidade quando se estabelece um equilíbrio entre
o tempo e a característica selecionada do solo.

VIII.4. Horizontes do Solo


Os solos possuem horizontes, ou camadas
relativamente homogêneas paralelas à superfície e são
produzidos pelos processos formadores do solo. Os
horizontes dispostos verticalmente são, em si mesmos,
ambientes distintos; o horizonte A, além de ser mais
influenciado pela atividade biológica, sofre maiores
flutuações de temperatura e de água; apesar de ser, em
geral, mais rico em nutrientes, com freqüência não tem
água para que esses nutrientes sejam absorvidos
efetivamente.
Os primeiros centímetros do horizonte A podem ser,
em algumas circunstâncias, a parte mais inóspita do solo
para as plantas. Acima do horizonte A podem acumular-se
detritos orgânicos, com diferentes graus de
decomposição, horizonte O para vários autores (Tabela
VIII.5).
Tabela VIII.5. Horizontes do perfil de solo.
Horizont Características
e
O horizonte orgânico superior, dominado por material
orgânico fresco ou parcialmente decomposto.
Geologia..................................................................................................... 72

A Coloração mais escura, presença de matéria


orgânica, , perda de argilo-minerais, concentração
de quartzo, sujeito a ação direta do clima.. Tende
a ser mais bem expresso nas áreas mais elevadas,
menos quentes, ou com deficiência de drenagem.

B Concentração de argilo-minerais, óxidos de ferro e


alumínio, pequena atividade biológica e poucas
raízes.

C Material inconsolidado com pouca influência de


organismo e das variações externas, conserva a
estrutura da rocha mãe.

D Rocha fresca, ainda não intemperizada. Impermeável


e tende a segurar o lençol freático.

Figura VIII.2. Horizontes de típico perfil de solo.

VIII.5. Poluição do Solo


Metais pesados
A maioria dos metais pesados ocorre naturalmente no
solo em baixas concentrações e em formas não prontamente
disponíveis para as plantas e organismos vivos. Estes
podem ser provenientes da própria rocha que deu origem
Geologia..................................................................................................... 73

ao solo. A tabela apresenta teores médios de alguns


destes elementos nas diferentes rochas e nos solos
(Tabela VIII.7).
Tabela VIII.7. Concentração média de alguns metais
pesados em rochas e solos (Resende et al. 1995).
Metal pesado Rochas Rochas Solos
máficas ácidas mg/kg
mg/kg mg/kg
As 1,5 1,5 1,10
Cd - - 0,1 - 7
Cu 150 10 2-50
Pb - - 12
Ni 200 - 1000 10 40
O cádmio tem tendência de se acumular em plantas e
animais, é mais móvel no solo e mais facilmente
absorvido pelas plantas do que outros metais pesados,
particularmente Pb e Cu; e tem maior potencial para
movimentar-se do solo para a planta e deste para o homem
(Resende et al. 1995).
As células vivas requerem alguns destes metais em
teores traços para o seu metabolismo normal, porém podem
ser sensíveis a concentração maiores. Rejeitos e
poluentes industriais, resíduos de esgotos,
fertilizantes, pesticidas e outros, têm adicionado
grandes quantidades de metais pesados ao ambiente. Assim
que esses elementos chegam ao solo, ocorrem várias
reações, as quais são basicamente dependentes do tipo e
teor do metal pesado e da classe do solo.
A toxidade relativa dos metais pesados pode ser
modificada pela textura, permeabilidade, capacidade de
armazenamento de água, profundidade do lençol freático,
posição do solo na paisagem, erodibilidade etc. (Resende
et al. 1995).
O uso de chumbo na gasolina também pode poluir os
solos com metais pesados. Um dos sérios problemas
resultantes da degradação dos solos devido aos metais
pesados é que eles permanecem nos solos, sendo quase
impossível a sua recuperação, uma vez contaminados. Daí
a necessidade de se verificar constantemente os
alimentos, para examinar se eles estão contaminados
pelos metais pesados (Guerra, 1994).
Pesticidas
Os pesticidas são predominantemente aplicados em
pulverizações foliar, na superfície do solo, ou são
Geologia..................................................................................................... 74

incorporados ao solo. Em qualquer dos casos, uma grande


proporção desses pesticidas, eventualmente, movimenta-se
no solo.
Uma vez aplicados no solo, os pesticidas (na sua
maioria muito pouco voláteis) podem ser adsorvidos,
submetidos a reações químicas, decompostos e
transportados pela água, seja pela erosão ou por
lixiviação. No último caso, a sorção dos pesticidas em
solo assume papel relevante. De fato, a maioria dos
inseticidas, nematicidas e fungicidas é eletricamente
neutra, e é retida principalmente pela matéria orgânica.
Estes pesticidas podem ser carreados até horizontes mais
profundos, ao lençol freático e daí aos poços e minas
d’água. Pela erosão, esses compostos podem ser
arrastados até córregos, riachos, represas e rios.
Resíduos Orgânicos
Entre os resíduos orgânicos agro-industriais
utilizados na agricultura, a vinhaça ocupa, no Brasil,
lugar de destaque. A vinhaça é um subproduto do
processamento do álcool. É um resíduo líquido de
substâncias orgânicas, com elevado teor de potássio. Seu
pH varia entre 4,0 e 5,0; é corrosivo, tem altos índices
de demanda biológica de oxigênio (DBO), e demanda
química de oxigênio (DQO). É portanto, um sério agente
poluidor. Quando aplicado como fertilizante, as
quantidades não devem ultrapassar a capacidade de
retenção de água do solo (Resende et al. 1995).
Salinização do Solo
Essa forma de poluição pode ocorrer em condições
naturais ou artificiais e consiste na contaminação do
solo por excesso de sais. A salinização pode ocorrer
devido à má qualidade (sais em demasia) da água de
irrigação, aos turnos de rega freqüentes e à quantidade
de água aplicada não condizente com a drenagem do solo.
A retirada de água dos rios para fins de irrigação pode
diminuir demais seu fluxo total e assim incrementar a
concentração salina em razão do acréscimo de sais
provenientes da drenagem das águas ribeirinhas
irrigadas. Os efluentes de indústrias e das áreas
densamente populosas adicionam sais aos cursos d’água.
Mesmo estações de tratamento de esgotos não removem os
sais solúveis inorgânicos, a não ser aqueles
excepcionalmente tóxicos.
Geologia..................................................................................................... 75

A acidificação é, também, outra causa da degradação


dos solos. Ela pode ser promovida pelo uso constante de
fertilizantes, em especial os que contêm sais de amônia
ou uréia, pela fixação biológica de nitrogênio, pela
remoção de nutrientes nas lavouras e pela deposição de
ácidos oriundos da atmosfera. A acidez dos solos é
problema mundial, e o custo para elevar o pH é alto, a
menos que existam jazidas de calcário nas áreas onde
ocorra a acidificação (Guerra, 1994).
Erosão
A erosão dos solos é um processo que ocorre em duas
fases: uma que constitui a remoção (“detchment”) de
partículas, e outra que é o transporte desse material,
efetuado pelos agentes erosivos (vento, água e gelo).
Quando não há energia suficiente para continuar o
ocorrendo o transporte, uma terceira fase acontece que é
a deposição desse material transportado.
Características Físicas dos Solos Relevantes à
Infiltração
As rochas situadas junto à superfície estão sujeitas
à ação de processos físicos, químicos e biológicos
(processos de intemperismo), produzindo os chamados
mantos de alteração ou solo.
O arranjo espacial dos materiais do solo (ou
estrutura) influencia no direcionamento e no tempo de
viagem dos fluxos de água. Os solos com estrutura
granular possuem grande número de poros que permitem o
movimento dos fluxos em todas as direções; as estruturas
em bloco também formam grande número de poros, porém de
menor tamanho, por meio dos quais os fluxos se movem em
todas as direções; as estruturas prismáticas, geralmente
associadas aos agregados maiores e com poros maiores e
bem definidos no sentido vertical, favorecem os fluxos
nesta direção, e, finalmente, nas estruturas em placas,
os fluxos se distribuem preferencialmente na direção
horizontal (Coelho Netto, 1994).
Em solos homogêneos, a porosidade total do solo
tende a decrescer com a profundidade, sendo acompanhada
por aumento relativo da densidade aparente.
Interceptação da Chuva pela Vegetação
Os fatores relacionados à cobertura vegetal podem
influenciar os processos erosivos de várias maneiras:
através do efeitos espaciais da cobertura vegetal, dos
Geologia..................................................................................................... 76

efeitos na energia cinética da chuva, e do papel da


vegetação na formação de húmus, que afeta a estabilidade
e teor de agregados.
A cobertura vegetal tem como uma das múltiplas
funções o papel de interceptar parte da precipitação
pelo armazenamento de água nas copas arbóreas e/ou
arbustiva, de onde é perdida para a atmosfera por
evapotranspiração durante e após as chuvas. Quando a
chuva excede a demanda da vegetação a água atinge o solo
por meio das copas e do escoamento pelos troncos. Uma
outra parte da chuva é armazenada na porção extrema
superior do solo que comporta os detritos orgânicos que
caem da vegetação (folhas, galhos, sementes e flores) e
é denominada de serapilheira.
A densidade da cobertura vegetal é fator importante
na remoção de sedimentos, no escoamento superficial e na
perda de solo. O tipo e percentagem de cobertura vegetal
pode reduzir os efeitos dos fatores erosivos naturais. A
cobertura vegetal pode, também, reduzir a quantidade de
energia que chega ao solo durante uma chuva e, dessa
forma, minimiza os impactos das gotas, reduzindo a
erosão.
Em área com alta densidade de cobertura, o “runoff”
e a erosão ocorrem em taxas baixas, especialmente se
houver uma cobertura de serapilheira (“litter”) no solo,
que intercepta as gotas de chuva que caem através dos
galhos e folhas. Em áreas parcialmente cobertas pela
vegetação, o “runoff” e a perda de solo podem aumentar
rapidamente. Este aumento está relacionado a solos com
menos de 70% de cobertura vegetal e ocorre geralmente em
área semi-árida, agrícolas e de superpastoreio.
Geologia..................................................................................................... 77

Capítulo IV. TEMPO GEOLÓGICO


Entende-se por tempo geológico o tempo decorrido
desde o final da fase de formação da Terra até os nossos
dias. Antes da descoberta dos métodos de datação
absoluta (radiometria) o tempo geológico foi dividido em
intervalos diversos que, em ordem decrescente de
importância hierárquica, receberam a qualificação eras,
períodos, épocas e idades. Essas subdivisões ainda se
mantêm, só que agora se conhece a amplitude cronológica
absoluta das mesmas. Elas constituem unidades
geocronológicas, cada uma das quais recebe uma
designação particular (Tabela IV.1).
Em 1669 Nicolau Steno chegou a conclusão que as
rochas se superpunham em ordem cronológica (Lei da
Superposição) e que elas estavam originalmente em
camadas horizontais. Numa seqüência de camadas, a camada
de cima é mais jovem que a camada situada imediatamente
abaixo.
Em 1815 William Smith reconheceu que os fósseis são
instrumentos confiáveis para datar as rochas
(sedimentares) e distinguir um estrato do outro. Esta
descoberta possibilitou a correlação de rochas de mesma
idade e que se encontravam em localidades distantes,
além de servir como apoio para elaboração dos primeiros
mapas paleontológicos.
Com base nos fósseis e na extinção de uma espécie ou
de um conjunto de espécies, foi possível definir as
idades geológicas e colocá-las, pela Lei da
Superposição, em ordem cronológica (Salgado-Labouriau,
1994). Esta seqüência cronológica constitui a Escala de
Tempo Geológica (Tabela IV.1).
Tabela IV.1. Escala de tempo geológico.
ERA PERÍODO ÉPOCA DURAÇÃO IDADE
(milhões de (milhões de
anos) anos)
Quaternário Holoceno (0,01)
Pleistoceno 2,5 2,5
Plioceno 4,5 5,3
Cenozóico Mioceno 19 23
Terciário Oligoceno 12 36
Eoceno 16 53
Paleoceno 11 65
Cretáceo 71 135
Mesozóico Jurássico 54 205
Geologia..................................................................................................... 78

Triássico 35 250
Permiano 55 290
Paleozóico Carbonífero 65 355
Devoniano 50 410
Siluriano 35 438
Ordoviciano 70 510
Cambriano 70 570
Proterozóic 1.910 2.500
o
Arqueano 2.050 4.550
A definição de cada unidade estratigráfica e sua
cronologia surgiram aos poucos, com o estudo de muitos
geólogos, trabalhando independentemente desde o final do
século XVIII até meados do século XIX. Cada período
geológico foi caracterizado depois de muitas
observações, muito estudo, e foi colocado na escala
geológica após várias tentativas. As subdivisões dos
períodos ainda estão em estudos e são reexaminados cada
vez que se criam novos métodos de observação (Salgado-
Labouriau, 1994).
A escala geológica é sempre representada na
seqüência estratigráfica, a qual obedece à ordem da
superposição inicial dos estratos. Esta ordem implica
necessariamente numa medida de tempo - o tempo
necessário para a deposição daquele estrato.
Geologia..................................................................................................... 79

Tabela IV.2. Escala de tempo geológico.

Tempo
Eras Períodos Época Formas de Vida
decorrido

Vegetal Animal

Holoceno 11.000 Homem


Plantas como as
Quaternário
de hoje.
Pleistoceno 1 ma -

Plioceno 12 ma - -

Mioceno 23 ma Pinheiros -
Cenozóico
Ancestrais dos
Terciário Oligoceno 35 ma - Mamíferos
modernos.

Eoceno 55 ma - -

Mamíferos do tipo
Paleoceno 70 ma -
arcaico.

Aves do tipo
primitivo, pequenos
Angiospermas, mamíferos,
Cretáceo - 135 ma primeiras desenvolvimento
dicotiledoneas dos répteis, mar:
Amonóides e
Belemnites.

Dinossauros,
répteis voadores,
Pinheiros,
ictiossauros,
Mesozóica coníferas, junco,
Jurássico - 180 ma plesiossauro,
palmeiras
primeiras aves, no
cicadales.
mar: Amonites e
Belemnites.

Surgimento dos
Primeiras dinossauros e dos
gimnospermas répteis adaptados a
Triássico - 220 ma
(menos as vida marinha.
dicotiledôneas) Teriodontes,
cefalópodes.

Paleozóica Permiano - 270 ma Grandes florestas. -

Carbonífero - 350 ma Pteridospermae Surgem os répteis.

Devoniano - Desaparecem as Insetos mais


400 ma Psilophytales antigos surgem os
anfíbios.
Geologia..................................................................................................... 80

Siluriano - 430 ma
Plantas terrestres -
mais antigas.

Surgem os peixes
Ordoviciano - 490 ma -
de água doce.

Primeiros insetos,
invertebrados, mar:
Graptólitos,
Criptógamas, algas trilobites, moluscos,
Cambriano - 600 ma
marinhas. briozoários,
braquiópodes,
equinodermos e
corais.

Primeiros seres
Proterozóico Algonquiano Algas
vivos.
Pré-Cambriano 3.9 b.a.
Arqueozóico Arqueano Collenia, etc. Moldes de Medusa.

Mais ou
- Início da Terra - Nenhum sinal de vida.
menos 4,5

Em uma seqüência estratigráfica o estrato mais


antigo está na base da escala e é seguido pelos os
outros que se vão superpondo no espaço e no tempo até
chegar ao mais recente, o qual fica em cima de todos
(tempo relativo).
Todas as vezes em que as condições ambientais são
semelhantes, mesmo que ocorram em épocas diferentes da
escala geológica, elas produzem rochas sedimentares
semelhantes. Entretanto, os fósseis, contidos em rochas
semelhantes, mas de épocas distantes, são totalmente
diferentes por causa do processo de evolução dos
organismos. Para cada período, época ou outra unidade de
tempo, existe um conjunto de fósseis característico.
Conhecendo-se o conjunto de fósseis de uma formação
pode-se dizer a que intervalo de tempo da escala
geológica ela pertence e pode avaliar a extensão
territorial onde esta formação ocorre (datação
relativa).

IV.1. Magnitude do Tempo Geológico


Mesmo hoje a quantidade real de tempo geológico
decorrido, visto que é tremendamente grande, significa
pouco, sem qualquer base de comparação. Para este fim,
tem sido inventados numerosos esquemas nos quais,
Geologia..................................................................................................... 81

eventos geológicos chaves são localizados


proporcionalmente, em unidades de comprimento ou tempo
atuais, de modo a tornar o tempo geológico um tanto mais
compreensível.
Comprimam-se, por exemplo, todos 4,5 bilhões de anos
de tempo geológico em um só ano. Nesta escala, as rochas
mais antigas reconhecidas datam de março. Os seres vivos
apareceram inicialmente nos mares, em maio. As plantas e
animais terrestres surgiram no final de novembro e os
pântanos, amplamente espalhados que formaram os
depósitos de carvão pensilvanianos, floresceram durante
cerca de quatro dias no início de dezembro. Os
dinossauros dominaram nos meados de dezembro, mas
desapareceram no dia 26, mais ou menos na época que as
montanhas rochosas se elevaram inicialmente. Criaturas
humanóides apareceram em algum momento na noite de 31 de
dezembro, e as recentes capas de gelo continentais
começaram a regredir da área dos Grandes Lagos e do
norte da Europa a cerca de 1 minuto e 15 segundos antes
da meia noite do dia 31. Roma governou o mundo ocidental
por 5 segundos, das 11h.59m.45 seg. até 11h.59m.50seg..
Colombo descobriu a América 3 segundos antes da meia
noite, e a ciência da geologia nasceu com os escritos de
James Hutton exatamente há pouco mais que 1 segundo
antes do final de nosso movimento ano dos anos (Eicher,
1982).

IV.2. Datação Radiométrica (Absoluta)


Muitos tipos de átomos que ocorrem na natureza
possuem núcleos que se desintegram espontaneamente para
um estado de menor energia. Estes átomos são denominados
radioativos, e o processo de sua desintegração é chamado
radioatividade. Um tipo específico de átomo, que é
caracterizado por um número atômico particular e um
número de massa particular, é denominado nuclídeo. O
número atômico é o número de prótons do núcleo e este
número determina o elemento. O número de massa é a soma
dos prótons e neutrons do núcleo. Os nuclídeos,
possuindo o mesmo número atômico mas número de massa
diferente, são chamados isótopos de um dado elemento.
Na desintegração radioativa, o núcleo atômico emite
uma partícula alfa ou uma partícula beta, ou captura um
elétron. Ele pode simultaneamente emitir raios gama,
radiação eletromagnética mais energética do que raios-X.
Quando um átomo radioativo “pai” se desintegra, ele se
Geologia..................................................................................................... 82

transforma em outro tipo de átomo denominado “filho”. Na


desintegração alfa, o núcleo do átomo pai perde 2
prótons e 2 neutrons; o número de massa decresce de 4 e
o número atômico de 2. Na desintegração beta, o núcleo
emite um elétron de alta velocidade, um dos seus
neutrons se transforma em um próton e o número atômico
aumenta de um. Na captura de elétrons, um próton do
núcleo captura um elétron orbital e se transforma em um
neutron, e o número atômico decresce de um. A
desintegração beta e a captura de elétrons não mudam o
número de massa.
Visto que a desintegração radiativa envolve apenas o
núcleo de um átomo pai, a taxa é independente de todas
as condições físicas e químicas, tais como pressão,
temperatura, e forças químicas tampões. Os átomos de um
nuclídeo radioativo particular possuem cada um a mesma
probabilidade de preservação ou desintegração, qualquer
que seja a sua idade. O processo é estatisticamente
caótico. Pode-se estabelecer a probabilidade de
desintegração por meio de uma constante de
desintegração, λ, que indica a proporção de átomos
radioativos existentes que se desintegrarão em uma
unidade de tempo. O número total de átomos para
desintegrar-se será dado por λ N, onde N é o número
total de átomos radioativos pais, presentes no sistema.
Desde que N decresce constantemente através da
desintegração em uma dada amostra, o número real de
átomos a se desintegrar deve decrescer com cada
intervalo sucessivo de tempo na proporção de diminuição
do número de átomos radioativos pais sobreviventes. O
tempo de vida de um pai radioativo em um dado sistema
não pode ser especificado. Em teoria é infinito. É
simples, entretanto, especificar o tempo de
desintegração da metade dos átomos pais radioativos em
um sistema. Este tempo é chamado de meia-vida (Tabelas
IV.2 e IV.3). Cada nuclídeo radioativo possui uma meia-
vida única, T que relaciona à sua constante de
desintegração pela expressão:
T = 0,693/λ

Tabela IV.3. Meia vida dos isótopos mais usados em


datações radiométricas (Modificado de Salgado-
Labouriau, 1994).
Isótopos Produto final Meia vida Minerais datados
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radioativ estável (em anos)


o
Urânio - chumbo - 207 713 milhões zircão, uraninita,
235 pitchblenda
Urânio - chumbo - 206 4.510 zircão, uraninita,
238 milhões pitchblenda
Tório - chumbo - 208 14.000
232 milhões
Potássio argônio - 40 1.300 muscovita, biotita,
- 40 cálcio-40 milhões hornblenda
Rubídio - estrôncio - 86 47.000 muscovita, biotita,
87 milhões microclina
Samário - neodímio - 144 106.000
147 milhões
Carbono - nitrogênio - 14 5.730 +/- 40
14
Cálcio - cálcio - 40 100.000
41

IV.3. Método Radiocarbônico


O carbono - 14 (C-14) é um isótopo radiativo que
ocorre normalmente na atmosfera e nos seres vivos. A sua
meia-vida é de cerca de 5.730 anos (Tabela IV.2), o que
significa que este método só pode ser utilizado para o
Quaternário Tardio.
O carbono - 14 apresenta uma peculiaridade muito
especial. Ele está sendo criado continuamente na parte
alta da atmosfera, a cerca de 15 km acima da superfície
da Terra. Átomos de nitrogênio - 14 (N-14) são
bombardeados constantemente por raios cósmicos nesta
altitude, o que faz com que cada núcleo absorva um
neutron, emita um próton e se transforme em carbono -
14. Este carbono recém criado é imediatamente
incorporado ao gás carbônico (CO2) atmosférico e é
assimilado no ciclo de carbono dos seres vivos.
Eventualmente, o C-14 decai novamente a N-14.

Tabela IV.4. Série de decaimento do urânio (238U e 235


U).
Nuclídeo Meia-vida Nuclídeo Meia-vida
anos anos
urânio - 4,51 x 109 urânio - 235 7,13 x 108
238 Ð
Ð 2,5 x 105 protactínio - 3,24 x 104
urânio - 231
234 7,52 x 104 Ð 18,6 dias
Ð tório - 227
tório - 230 1,62 x 103 Ð 11,1 dias
Ð rádio - 223
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rádio - 226 3,83 dias Ð estável


Ð chumbo - 207
radônio - 22
222
Ð 138
chumbo -
210 estável
Ð
polônio -
210
Ð
chumbo -
206
Na década de 50 W. Libby criou o método de datação
por radiocarbono. Pelo processo de fotossíntese as
plantas removem o gás carbônico da atmosfera. Como C-12,
C-13 e C-14 estão em equilíbrio, a atmosfera, o mar, as
plantas e os animais vivos têm estes isótopos em
equilíbrio dinâmico. Quando um organismo morre, ele para
de absorver CO2 e lentamente a proporção de C-14 diminui
no corpo por decaimento radioativo. O método de datação
criado por Libby, não mede a quantidade de isótopo
estável produzido pelo decaimento radioativo, como as
técnicas com isótopos de longa-vida. O que se mede é a
quantidade de C-14 que restou na matéria orgânica morta
(Salgado-Labouriau, 1994).
Como o C-14 tem meia-vida muito curta, a datação
máxima possível fica geralmente entre 25 e 30 mil anos
A.P., dependendo do método empregado na detecção do C-14
residual e da quantidade da amostra. Somente em casos
especiais, quando é possível conseguir uma grande
quantidade de matéria orgânica para datar (pelo menos 1
kg de sedimento úmido), a datação pela radiação emitida
pode se estender até o limite do método (entre cerca de
70 - 75 mil anos).
Geologia..................................................................................................... 85

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