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SUMÁRIO
1 Introdução ......................................................................................................................................................1
2 Flagelos – Catástrofes & Desastres Coletivos – Definições e Conceitos....................................................3
2.1 Flagelos – Tipos ......................................................................................................................................3
2.1.1 Naturais............................................................................................................................................ 3
2.1.2 Humanos .......................................................................................................................................... 4
2.2 Flagelos – Objetivos ................................................................................................................................5
2.2.1 Acelerar o Progresso Material/Moral – Lei de Destruição .............................................................. 5
2.2.2 Higienização da Psicosfera Psíquica/Espiritual ............................................................................... 7
2.2.3 Provas & Resgates Morais/Espirituais – Lei de causa e Efeito ....................................................... 7
2.3 Flagelos – Processo .................................................................................................................................9
2.3.1 Planejamento Coletivo/Planetário – dimensões dos Resgastes/Reajustes ....................................... 9
2.3.2 Planejamento Reencarnatório – individual/familiar ...................................................................... 11
2.3.3 Tempo de Amadurecimento Espiritual – méritos/aprendizados .................................................... 11
2.4 Flagelos Humanos – Porque / Quem está sujeito ..................................................................................12
2.5 Flagelos – Amparo Espiritual ................................................................................................................15
2.5.1 Antevisão das tragédias – preparativos/pressentimentos ............................................................... 15
2.5.2 Equipes especializadas de socorro – requisitos ............................................................................. 16
2.5.3 Assimilação do amparo – morte # libertação espiritual ................................................................. 17
2.6 Flagelos – O Que Você pode Fazer .......................................................................................................19
2.6.1 Atitudes Corretivas/suporte ........................................................................................................... 19
2.6.1.1 Manter a calma – desenvolver um entendimento abrangente .................................................... 19
2.6.1.2 Prece Intercessória ..................................................................................................................... 21
2.6.1.3 Caridade Fraternal ..................................................................................................................... 21
2.6.1.4 Atendimento Espiritual a distância ............................................................................................ 21
2.6.2 Atitudes Preventivas ...................................................................................................................... 22
2.6.2.1 Educar-se espiritualmente.......................................................................................................... 22
2.6.2.2 Agir de forma positiva no Bem próprio e da coletividade ......................................................... 22
2.7 Flagelos - Íntimos ..................................................................................................................................23
2.7.1 Tipos e alcance .............................................................................................................................. 23
2.8 Flagelos e Desastres Coletivos – no Brasil – marcantes nos últimos 100 anos – 1918/2018 ................24
2.8.1 Inundações ..................................................................................................................................... 24
2.8.1.1 1967 – Inundação e deslizamento de terra em Caraguatatuba ................................................... 24
2.8.1.2 2011 – Deslizamento de terra/Região Serrana do Rio de Janeiro.............................................. 24
2.8.1.3 2015 – Rompimento da Barragem de Mariana/Minas Gerais ................................................... 24
2.8.2 Incêndios........................................................................................................................................ 25
2.8.2.1 1961 – Incêndio do Circo Americano /Niterói .......................................................................... 25
2.8.2.2 1972 – Incêndio do Edifício Andraus/São Paulo ....................................................................... 25
2.8.2.3 1974 – Incêndio do Edifício Joelma/São Paulo ......................................................................... 25
i
2.8.2.4 1984 – Incêndio da Vila Socó/São Paulo .................................................................................. 25
2.8.2.5 2013 – Incêndio da Boate Kiss/Santa Maria.............................................................................. 26
2.8.2.6 1987 – Contaminação por Césio/Goiânia .................................................................................. 26
2.8.3 Desastres Aéreos............................................................................................................................ 27
2.8.3.1 1928 – Queda do Hidroavião Santos Dumont ........................................................................... 27
2.8.3.2 1973 – Acidente do avião da VARIG/Paris............................................................................... 27
2.8.3.3 1982 – Acidente do avião da VASP/Ceará ................................................................................ 27
2.8.3.4 1996 – Acidente do avião Fokker 100 – TAM/São Paulo ......................................................... 27
2.8.3.5 2006 – Acidente do avião GOL/Legacy/Amazônia................................................................... 27
2.8.3.6 2007 – Acidente do avião TAM/São Paulo ............................................................................... 27
2.8.3.7 2009 – Acidente do avião AIRFRANCE/Oceano Atlântico ..................................................... 28
2.8.3.8 2016 – Acidente do avião LaMia/Colômbia/Equipe da Chapecoense ...................................... 28
2.8.4 Desastres Rodoviários ................................................................................................................... 29
2.8.4.1 1960 – Acidente do Rio Turvo .................................................................................................. 29
2.8.4.2 1998 – Acidente dos ônibus dos Romeiros................................................................................ 29
2.8.5 Desastres Náuticos......................................................................................................................... 29
2.8.5.1 1927 – Naufrágio do navio Princesa Mafalda ........................................................................... 29
2.8.5.2 1988 – Naufrágio do Bateau Mouche ........................................................................................ 29
2.8.5.3 1988 – Naufrágio do Correio do Arari ...................................................................................... 30
2.8.6 Desastres Ferroviários ................................................................................................................... 30
2.8.6.1 1946 – Acidente de Trem em Aracaju ....................................................................................... 30
2.8.6.2 1983 – Acidente de Trem na Bahia ........................................................................................... 30
2.9 Flagelos – Casos com Esclarecimentos Espirituais ...............................................................................31
2.9.1 1938 – Queda do Avião Australiano – André Luiz ....................................................................... 31
2.9.2 1938 – Choque de Trens – Minas Gerais – Kleber Halfeld ........................................................... 32
2.9.3 1960 – Incêndio do Circo Americano – Niterói – Humberto de Campos ..................................... 34
2.9.4 1973 – Queda do Avião Turco – Paris – Silva Ramos .................................................................. 35
2.9.5 1974 – Incêndio do Edifício Joelma – São Paulo – Cornélio Pires / Cyro Costa .......................... 36
2.9.6 2004 – Tsunami Asiático – Indonésia – Manoel Philomeno de Miranda ...................................... 37
3 Catástrofes & Desastres Coletivos – Mensagens & Artigos Completos .................................................38
3.1 Conceitos e Considerações Gerais .........................................................................................................38
3.1.1 Flagelos Destruidores – Allan Kardec ........................................................................................... 38
3.1.2 As Expiações Coletivas – Allan Kardec/ Clélia Duplantier .......................................................... 40
3.1.3 Emigrações e imigrações dos espíritos e os flagelos destruidores - Allan Kardec ........................ 43
3.1.4 Flagelos - Demeure ........................................................................................................................ 44
3.1.5 Flagelos e Males – Manoel Philomeno de Miranda ...................................................................... 45
3.1.6 Calamidades – Joanna de Angelis – Incêndio do Joelma .............................................................. 48
3.1.7 Perante os Fatos Momentosos – André Luiz ................................................................................. 51
3.1.8 Supercultura e Calamidades Morais - Emmanuel ......................................................................... 52
3.1.9 Flagelos Íntimos – Emmanuel ....................................................................................................... 53
ii
3.1.10 Catástrofes – Francisco Cândido Xavier ....................................................................................... 54
3.1.11 Desencarnações Coletivas – Emmanuel ........................................................................................ 55
3.1.12 Expiações Coletivas – Rodolfo Calligaris ..................................................................................... 57
3.1.13 Provação Coletiva – Emmanuel .................................................................................................... 59
3.1.14 O Apocalipse – Francisco Cândido Xavier ................................................................................... 60
3.1.15 Os Instrumentos do Grande Cirurgião - Kleber Halfeld ................................................................ 61
3.1.16 Para os montes – Emmanuel .......................................................................................................... 65
3.1.17 Catástrofes – Raul Teixeira ........................................................................................................... 66
3.1.18 Mortes Coletivas – Divaldo Franco ............................................................................................... 67
3.1.19 Terremoto Espiritual - Leopoldo Machado ................................................................................... 68
3.2 Esclarecimentos Espirituais sobres Catástrofes/Tragédias ....................................................................71
3.2.1 Incêndio do Circo Americano........................................................................................................ 71
3.2.1.1 A Tragédia do Circo – Humberto de Campos ........................................................................... 71
3.2.2 Queda do Avião Australiano ......................................................................................................... 74
3.2.2.1 Resgates Coletivos – André Luiz .............................................................................................. 74
3.2.3 Incêndio do Joelma ........................................................................................................................ 78
3.2.3.1 Calamidades Salvadoras – Editorial – Revista Reformador ...................................................... 78
3.2.3.2 Incêndio do Edifício Joelma – Francisco Cândido Xavier ........................................................ 80
3.2.3.3 Senhor Jesus! – Emmanuel ........................................................................................................ 81
3.2.3.4 O Enigma Insolúvel – Herculano Pires ..................................................................................... 82
3.2.3.5 O Ponto Central – Francisco Cândido Xavier ........................................................................... 83
3.2.3.6 Luz nas chamas – Cyro Costa.................................................................................................... 84
3.2.3.7 Resgates a Longo Prazo – Herculano Pires ............................................................................... 85
3.2.3.8 Os Poetas e o Incêndio – Francisco Cândido Xavier ................................................................. 87
3.2.3.9 Incêndio em São Paulo – Cornélio Pires ................................................................................... 87
3.2.3.10 Almas Libertas – Herculano Pires ............................................................................................. 88
3.2.3.11 O incêndio do Joelma - Caio Ramacciotti ................................................................................. 89
3.2.3.12 Mãezinha, estou bem - Volquimar Carvalho dos Santos ........................................................... 91
3.2.3.13 Renasci das Chamas - Wilson William Garcia .......................................................................... 96
3.2.4 Queda do Avião Turco ................................................................................................................ 101
3.2.4.1 Revelação de Poeta – Francisco Cândido Xavier .................................................................... 101
3.2.4.2 Culpas – Silva Ramos .............................................................................................................. 102
3.2.4.3 A Escolha do Espírito – Herculano Pires ................................................................................ 103
3.2.5 A Queda do Avião da VARIG ..................................................................................................... 104
3.2.5.1 O Boeing 707 – Voo Varig 820 – Editorial – Revista Reformador ........................................ 104
3.2.6 Choque de Trens em Minas Gerais.............................................................................................. 106
3.2.7 Tsunami Asiático – Indonésia ..................................................................................................... 108
3.2.7.1 A Transição Planetária – Manoel Philomeno de Miranda ....................................................... 108
4 Referências .................................................................................................................................................114
iii
As Catástrofes e os Desastres Coletivos
1 Introdução
Mas entre os males que afligem a Humanidade, há os que são de natureza geral e
pertencem aos desígnios da Providência.
Desses, cada indivíduo recebe, em menor ou maior proporção, a parte que lhe cabe, não
lhe sendo possível opor nada mais que a resignação à vontade de Deus. Mas ainda esses males
são geralmente agravados pela indolência do homem.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 741
Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?
Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade
para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na
escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser
apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais
de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são
frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de
coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 737
1
Esses flagelos destruidores têm utilidade do ponto de vista físico; malgrado os
males que ocasionam?
Sim, eles modificam algumas vezes o estado de uma região; mas o bem que deles resulta
só é geralmente sentido pelas gerações futuras.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 739
Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o homem, por porem-no a
braços com as mais aflitivas necessidades?
Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de
demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de
manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não
domina o egoísmo.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 740
2
2 Flagelos – Catástrofes & Desastres Coletivos – Definições e Conceitos
2.1 Flagelos – Tipos
2.1.1 Naturais
3
2.1.2 Humanos
Apesar disso, há os flagelos que o homem busca através dos vícios que se permite,
sobrepondo as paixões torpes aos sentimentos de elevação, vindo a padecer males que poderiam
ser evitados com um mínimo de esforço.
Manoel Philomeno de Miranda – Temas da Vida e da Morte – Cap. 10 – Flagelos e
Males
Algumas outras calamidades como as pestes, os incêndios, os desastres de alto porte são
resultantes do atraso moral e intelectual dos habitantes do planeta, que, no entanto, lhes
constituem desafios, que de futuro podem remover ou deles precatar-se.
(...)
Há, também, aqueles resultantes da imprevidência, da invigilância, por meio das quais
o homem irresponsável se autopune, mediante os rigores dos sofrimentos decorrentes das
desencarnações precipitadas, através de violentos sinistros e funestas ocorrências...
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 1 - Calamidades
4
2.2 Flagelos – Objetivos
2.2.1 Acelerar o Progresso Material/Moral – Lei de Destruição
Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?
Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade
para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na
escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser
apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais
de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são
frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de
coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 737
5
Tais desesperadores eventos impõem ao homem invigilante a necessidade da meditação
e da submissão à vontade divina, do que resultam transformações morais que o incitam à
elevação.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 1 - Calamidades
6
2.2.2 Higienização da Psicosfera Psíquica/Espiritual
Olhados sob o ponto de vista espiritual esses flagelos destruidores têm objetivos
saneadores que removem as pesadas cargas psíquicas existentes na atmosfera, que o homem
elimina e aspira, em contínua intoxicação.
Indubitavelmente trazem muitas aflições pelos danos que se demoram após a extinção
de vidas, arrebatadas coletivamente.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 1 - Calamidades
Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o homem, por porem-no a
braços com as mais aflitivas necessidades?
Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de
demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de
manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não
domina o egoísmo.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 740
Não constituem castigos as catástrofes que chocam uns e arrebatam outros, antes
significam justiça integral que se realiza.
Enquanto o egoísmo governe os grupos humanos e espalhe suas torpes sementes, em
forma de presunção, de ódio, de orgulho, de indiferença à aflição do próximo, a Humanidade
provará a ardência dos desesperos coletivos e das coletivas lágrimas, em chamamentos severos
à identificação com o bem e o amor, à caridade e ao sacrifício.
Como há podido pela técnica superar e remover vários fatores de calamidades, pelas
conquistas morais conseguirá, a pouco e pouco, suplantar as exigências transitórias de tais
injunções redentoras.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 1 - Calamidades
7
Dentro da Doutrina Espírita, como se explicam as mortes, assim aos milhares, em
guerras, enchentes, em toda espécie de catástrofe?
– São essas provações, que coletivamente adquirimos do ponto de vista de débitos
cármicos.
As vezes empreendemos determinados movimentos destrutivos, em desfavor da
comunidade ou do indivíduo, às vezes operamos em grupo, às vezes, em vastíssimos grupos e,
no tempo devido, os princípios cármicos amadurecem, e nós resgatamos as nossas dívidas,
reunindo-nos uns com os outros, quando estamos acumpliciados nas mesmas culpas, porque
a Lei de Deus é a Lei de Deus, formada de justiça e de misericórdia.
Francisco Cândido Xavier – Chico Xavier – Dos Hippies aos problemas do mundo –
Cap. 18 - Catástrofes
Há quem se revolte à ideia de que uma criatura querida tenha praticado crimes em vida
anterior. Mas a verdade é que somos todos, sem distinção, espíritos endividados com a nossa
própria consciência.
Nada devemos a Deus, que nada nos cobra, mas tudo devemos a nós mesmos. A
natureza divina do espírito se revela nas leis de justiça da consciência. E é por esse tribunal
secreto, instalado em nós mesmos, que nos condenamos a suplícios redentores.
A tragédia passageira resulta em benefícios espirituais na vida sem limites que nos
aguarda além-túmulo.
J. Herculano Pires – Diálogo dos Vivos – Cap. 25 – O Enigma Insolúvel
8
2.3 Flagelos – Processo
2.3.1 Planejamento Coletivo/Planetário – dimensões dos Resgastes/Reajustes
Podem aplicar-se, sem medo de errar, as leis que regem o indivíduo à família, à nação,
às raças, ao conjunto dos habitantes dos mundos, os quais formam individualidades coletivas.
Há as faltas do indivíduo, as da família, as da nação; e cada uma, qualquer que seja o
seu caráter, se expia em virtude da mesma lei.
O algoz, relativamente à sua vítima, quer indo a encontrar-se em sua presença no espaço,
quer vivendo em contato com ela numa ou em muitas existências sucessivas, até à reparação do
mal praticado.
O mesmo sucede quando se trata de crimes cometidos solidariamente por um certo
número de pessoas. As expiações também são solidárias, o que não suprime a expiação
simultânea das faltas individuais.
Três caracteres há em todo homem: o do indivíduo, do ser em si mesmo; o de membro
da família e, finalmente, o de cidadão.
Sob cada uma dessas três faces pode ele ser criminoso e virtuoso, isto é, pode ser
virtuoso como pai de família, ao mesmo tempo que criminoso como cidadão e reciprocamente.
Daí as situações especiais que para si cria nas suas sucessivas existências.
Salvo alguma exceção, pode-se admitir como regra geral que todos aqueles que numa
existência vêm a estar reunidos por uma tarefa comum já viveram juntos para trabalhar com o
mesmo objetivo e ainda reunidos se acharão no futuro, até que hajam atingido a meta, isto é,
expiado o passado, ou desempenhado a missão que aceitaram.
(...)
Graças ao Espiritismo, compreendeis agora a justiça das provações que não decorrem
dos atos da vida presente, porque reconheceis que elas são o resgate das dívidas do passado.
Por que não haveria de ser assim com relação às provas coletivas?
Dizeis que os infortúnios de ordem geral alcançam assim o inocente, como o culpado;
mas, não sabeis que o inocente de hoje pode ser o culpado de ontem?
Quer ele seja atingido individualmente, quer coletivamente, é que o mereceu. Depois,
como já o dissemos, há as faltas do indivíduo e as do cidadão; a expiação de umas não isenta
da expiação das outras, pois que toda dívida tem que ser paga até à última moeda.
9
(...)
As virtudes da vida privada diferem das da vida pública. Um, que é excelente cidadão,
pode ser péssimo pai de família; outro, que é bom pai de família, probo e honesto em seus
negócios, pode ser mau cidadão, ter soprado o fogo da discórdia, oprimido o fraco, manchado
as mãos em crimes de lesa-sociedade.
Essas faltas coletivas é que são expiadas coletivamente pelos indivíduos que para elas
concorreram, os quais se encontram de novo reunidos, para sofrerem juntos a pena de talião,
ou para terem ensejo de reparar o mal que praticaram, demonstrando devotamento à causa
pública, socorrendo e assistindo aqueles a quem outrora maltrataram.
Allan Kardec/Clélia Duplantier – Obras Póstumas – 1º Parte – Questões e Problemas
– As Expiações Coletivas
10
2.3.2 Planejamento Reencarnatório – individual/familiar
Mesmo entre os espíritas, alguns poderão perguntar por que motivo dívidas tão remotas
só agora foram pagas.
As Cruzadas se verificaram entre princípios do Século XI e final do Século XIII. É que
a Lógica Divina é superior à lógica humana. Débitos pesados esmagariam o espírito endividado,
sob cobrança imediata.
Convém dar tempo ao tempo para que os resgates se façam de maneira proveitosa.
Os Espíritos devem evoluir o suficiente para que suas próprias consciências os levem a
aceitar o resgate e a pedi-lo, reconhecendo a medida como necessária para continuidade de sua
evolução.
Entrementes, nas encarnações sucessivas, partes do débito vão sendo pagas, aliviando o
devedor.
J. Herculano Pires – Diálogo dos Vivos – Cap. 26 – Resgates a Longo Prazo
11
2.4 Flagelos Humanos – Porque / Quem está sujeito
O egoísmo, que não cede lugar às aspirações altruístas, comanda a sua ambição
desmedida, levando-o a excessos que o comprometem.
(...)
O abuso das paixões, e não o uso correto que leva aos ideais do amor e ao arrebatamento
pelas causas nobres, é o agente dos flagelos e males que se voltam contra o próprio homem e o
infelicitam.
Manoel Philomeno de Miranda – Temas da Vida e da Morte – Cap. 10 – Flagelos e
Males
12
Mentes vinculadas entre si por estranhas amarras de ódio, ciúme e inveja que
incendeiam paixões, são reunidos novamente em vidas futuras, atravessando os portais da
Imortalidade, através de resgates coletivos, como coletivamente espoliaram, destruíram,
escarneceram, aniquilaram, venceram os que encontravam à frente e consideravam
impedimentos à sua ferocidade e barbaria, vandalismo e estroinice, a fim de que se reajustem,
no concerto cósmico da Vida, servindo, também, de escarmento para os demais, que, não
obstante se comovem ante as desgraças que os surpreendem, cobrando-lhes as graves dívidas,
prosseguem, atônitos e desregrados, em atitudes infelizes sem que lhes hajam constituído lições
valiosas, capazes de converter-se em motivo de transformação interior.
Construtores gananciosos que se fazem para cobranças negativas;
Maquinistas e condutores de veículos displicentes, que favorecem tragédias volumosas,
Homens que vendem a honradez e sabem que determinadas calamidades têm origem
nas suas mentes e mãos, embora ignorados pela Justiça humana, não se furtarão à Consciência
Divina neles mesmos insculpida, que lhes exigirá retorno ao proscênio em que se fizeram
criminosos ignorados para tornar-se heróis, salvando outros e perecendo, como necessidade
purificadora de que se alçarão, depois, à paz.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 1 - Calamidades
13
– Imaginemos que fossem analisar as origens da provação a que se acolheram os
acidentados de hoje.... Surpreenderiam, decerto,
Delinquentes que, em outras épocas, atiraram irmãos indefesos do cimo de torres
altíssimas, para que seus corpos se espatifassem no chão;
Companheiros que, em outro tempo, cometeram hediondos crimes sobre o dorso do mar,
pondo a pique existências preciosas;
Suicidas que se despenharam de arrojados edifícios ou de picos agrestes, em supremo
atestado de rebeldia, perante a Lei, os quais, por enquanto, somente encontraram recurso em
tão angustioso episódio para transformarem a própria situação.
André Luiz – Ação e Reação – Cap. 18 – Resgastes Coletivos
14
2.5 Flagelos – Amparo Espiritual
2.5.1 Antevisão das tragédias – preparativos/pressentimentos
15
2.5.2 Equipes especializadas de socorro – requisitos
16
2.5.3 Assimilação do amparo – morte # libertação espiritual
17
(...)
Os irmãos hospitalizados, os que se refazem dos choques, os que se reconhecem
desfigurados por falta de preparação íntima na reconstituição da própria forma e os que se
acusam doentes, são ainda muitos.
(...)
Não me recorde desfigurada ou em situação difícil na qual você é induzido a lembrar-
me. Querido irmão, atravessamos aquela sombra.
Volquimar Carvalho dos Santos – Somos Seis – Cap. 3 (13 julho 1974)
(...)
Passaram. O nosso admirável Joelma para nós agora funcionou como um templo em que
nos transformamos para as Leis de Deus. Não creiam que o sofrimento para mim fosse muito.
A princípio, o tumulto, o desejo natural de escapar à provação, a luta pela sobrevivência
sem agressões (5) à frente dos companheiros e colegas que experimentavam como nós o
desequilíbrio nos conflitos inesperados...
Depois, foi a tosse, o cérebro toldado, como se houvesse sorvido uma bebida forte
e, em seguida, um sono com pesadelos (6)...
Os pesadelos das telas em derredor que vocês podem imaginar como tenham sido...
Posso dizer a você, Mamãe, que pensávamos em helicópteros que nos retirassem das
partes altas do edifício e com espanto, quando acordei ainda estremunhado, fui transportado
para um aparelho semelhante, junto de outros amigos.
Era assim tão perfeita a situação do salvamento que fui alojado num hospital, como se
estivéssemos num hospital da cidade para recuperação, antes do regresso à nossa casa.
Mantive essa expectativa até que meu avô Ângelo me fizesse recordar os tempos de
criança e, logo que me vi novamente menino na memória, compreendi que ele era o meu avô
na Vida Espiritual e que estávamos juntos. O hospital não era mais daqueles que conhecemos
no mundo.
Wilson William Garcia – Somos Seis – Cap. 8 (20 dezembro 1975)
18
2.6 Flagelos – O Que Você pode Fazer
Tocados pelas dores gerais, partícipes das angústias que se abatem sobre os lares
vitimados pela fúria da catástrofe, ajudemo-nos e oremos, formando a corrente da fraternidade
santificante, e, desde logo, estaremos construindo a coletividade harmônica que atravessará o
túmulo em paz e esperança, com os júbilos do viajor retornando ditoso à Pátria da ventura.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap.1 – Calamidades
19
Dá-lhes a saber, em qualquer recanto de fé ou pensamento a que se acolham, que é
preciso nos levantemos de nossas próprias inquietações e perplexidades, a cada dia, para
continuar e recomeçar, sustentar e valorizar as lutas de nossa evolução e aperfeiçoamento, no
uso da Vida Maior que a todos nos aguarda, nos planos da União Sem Adeus.
Emmanuel – Diálogo dos Vivos – Cap. 25 – Senhor Jesus!
20
2.6.1.2 Prece Intercessória
Entretanto, não desconhecemos que nós, consciências endividadas, podemos melhorar
nossos créditos, todos os dias. Quantos romeiros terrenos, em cujos mapas de viagem constam
surpresas terríveis, são amparados devidamente para que a morte forçada não lhes assalte o
corpo, em razão dos atos louváveis a que se afeiçoam! ...
Quantas intercessões da prece ardente conquistam moratórias oportunas para pessoas
cujo passo já resvala no cairel do sepulcro?!... Quantos deveres sacrificiais granjeiam, para a
alma que os aceita de boamente, preciosas vantagens na Vida Superior, onde providências se
improvisam para que se lhes amenizem os rigores da provação necessária?!
André Luiz – Ação e Reação – Cap. 18 – Desencarnações Coletivas
21
2.6.2 Atitudes Preventivas
2.6.2.1 Educar-se espiritualmente
Bem sabemos que, se uma onda sonora encontra outra, de tal modo que as “cristas” de
uma ocorram nos mesmos pontos dos “vales” da outra, esse meio, em consequência aí não
vibra, tendo-se como resultado o silêncio.
Assim é que, gerando novas causas com o bem, praticado hoje, podemos interferir nas
causas do mal, praticado ontem, neutralizando-as e reconquistando, com isso, o nosso
equilíbrio.
Desse modo, creio mais justo incentivarmos o serviço do bem, através de todos os
recursos ao nosso alcance. A caridade e o estudo nobre, a fé e o bom ânimo, o otimismo e o
trabalho, a arte e a meditação construtiva constituem temas renovadores, cujo mérito não será
lícito esquecer, na reabilitação de nossas ideias e, consequentemente, de nossos destinos.
André Luiz – Ação e Reação – Cap. 18 – Catástrofes Coletivas
22
2.7 Flagelos - Íntimos
2.7.1 Tipos e alcance
No entanto, entre os povos mais adiantados do planeta, avançam duas calamidades
morais do materialismo, corrompendo-lhes as forças: o suicídio e a loucura, ou, mais
propriamente, a angústia e a obsessão.
É que o homem não se aprovisiona de reservas espirituais à custa de máquinas.
Emmanuel - Entre irmãos de outras Terras - Cap. 12 - Supercultura e Calamidades
Morais
23
2.8 Flagelos e Desastres Coletivos – no Brasil – marcantes nos últimos 100 anos –
1918/2018
2.8.1 Inundações
2.8.1.1 1967 – Inundação e deslizamento de terra em Caraguatatuba
• De acordo com o posto da Fazenda dos Ingleses, o índice pluviométrico foi de
851 mm, 420 mm somente no dia 18, não tendo sido registrado índice maior
devido à saturação do pluviômetro. Na manhã do dia 18 começaram os
deslizamentos, a maior parte deles ocorrendo à tarde. Às 13:00 horas ocorreu
uma avalanche de pedras, árvores e lama dos morros Cruzeiro, Jaraguá e
Jaraguazinho, próximos à cidade. Por volta das 15:30 horas toda a serra desabou,
e a cidade ficou isolada.
• Mortes: 436
24
2.8.2 Incêndios
25
2.8.2.5 2013 – Incêndio da Boate Kiss/Santa Maria
• A tragédia ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, e foi provocada
pela imprudência e pelas más condições de segurança no local. O acidente foi
considerado a segunda maior tragédia no Brasil em número de vítimas em um
incêndio, sendo superado apenas pela tragédia do Gran Circus Norte-
Americano, ocorrida em 1961, em Niterói, que vitimou 503 pessoas.
• Mortes: 242.
26
2.8.3 Desastres Aéreos
28
2.8.4 Desastres Rodoviários
2.8.4.1 1960 – Acidente do Rio Turvo
• Acidente do Rio Turvo: o acidente aconteceu em 24 de agosto de 1960, quando
um ônibus levando 64 estudantes de São José do Rio Preto para Barretos caiu de
uma ponte no rio Turvo, município de Guapiaçu. Até hoje, é o maior acidente
rodoviário em número de vítimas fatais ocorrido no estado de São Paulo.
• Mortes: 59
2.8.4.2 1998 – Acidente dos ônibus dos Romeiros
• O acidente ocorreu na Rodovia Anhanguera, no quilômetro 179 do sentido norte,
na altura da cidade de Araras, envolvendo 5 veículos, sendo destes 2 ônibus com
romeiros, a maioria deles da cidade de Anápolis. A maioria das pessoas morreu
carbonizadas após uma colisão entre o primeiro ônibus com um caminhão
carregado de combustível que veio a explodir. Os demais veículos, devido à
espessa fumaça, adentraram as chamas, elevando ainda mais o número de
vítimas. Hoje em Anápolis existe a Praça dos Romeiros, em homenagem às
vítimas desta tragédia.
• Mortes: 53
29
2.8.5.3 1988 – Naufrágio do Correio do Arari
• A embarcação pertencente à prefeitura do município naufragou em 15 de julho
de 1988, na área conhecida como “Cemitério dos navios”, próxima à Ilha das
Onças, na Baía do Guajará. A embarcação tinha capacidade para transportar 60
pessoas, mas saiu da Feira do Açaí, em Belém, com 120 pessoas, além de um
grande volume de carga considerada imprópria para um barco de passageiros.
Testemunhas ouvidas durante a instrução processual afirmaram que o
comandante do “Correio do Arari” foi avisado do perigo através de sinais
luminosos por barcos que navegavam na região da Ilha das Onças, mas
continuou até bater em carcaças de navios fundeados no local, naufragando em
dez minutos.
• Mortes: 59
30
2.9 Flagelos – Casos com Esclarecimentos Espirituais
2.9.1 1938 – Queda do Avião Australiano – André Luiz
31
2.9.2 1938 – Choque de Trens – Minas Gerais – Kleber Halfeld
O noturno (N-2) que descia da Capital mineira para o Rio chocara-se com um cargueiro
(C-65) que subia a Mantiqueira. O desastre verificara-se no quilômetro 355, entre as Estações
de João Aires e Sítio.
Naquela data, 19 de dezembro de 1938, o "Diário Mercantil" estampava em suas páginas
uma grande manchete: "O maior desastre ferroviário no Brasil, nos últimos tempos",
noticiando, logo depois, que 53 pessoas haviam morrido, enquanto que 60 estavam gravemente
feridas, a maior parte internada em hospitais de Barbacena.
(...) E a Irmã de caridade? Já localizaram o corpo?
32
O cambista continua a explicar, agora com voz a tremer: Durante muitas horas eu e
outras pessoas tentamos localiza-la. Não a encontramos.
Comentei o fato com os passageiros que estavam no mesmo carro. Todos eles afirmaram
com absoluta certeza: Não havia nenhuma irmã de caridade no vagão!...
Kleber Halfeld –- Reformador - 1987 – Abril - Retalhos do Cotidiano
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2.9.3 1960 – Incêndio do Circo Americano – Niterói – Humberto de Campos
Com três mil pessoas na plateia, faltavam 20 minutos para o espetáculo acabar, quando
uma trapezista notou o incêndio. Em pouco mais de cinco minutos, o circo foi completamente
devorado pelas chamas.
372 pessoas morreram na hora e, aos poucos, vários feridos morriam, chegando a
mais de 500 mortes, das quais 70 % eram crianças.
Cada um de nós traga um.... Essas pragas jazem escondidas por toda a parte... Caça-las
e exterminá-las é o serviço da hora...
Durante a noite inteira, mais de mil pessoas, ávidas de crueldade, vasculharam
residências humildes e, no dia subsequente, ao Sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e
criancinhas, em gritos e lágrimas, no fim de soberbo espetáculo, encontraram a morte,
queimadas nas chamas alteadas ao sopro do vento, ou despedaçadas pelos cavalos em
correria.
......
Quase dezoito séculos passaram sobre o tenebroso acontecimento....
Entretanto, a justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou todos os
responsáveis, que, em diversas posições de idade física, se reuniram de novo para dolorosa
expiação, a 17 de Dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói, em comovedora tragédia
num circo.
Humberto de Campos – Cartas e Crônicas – Cap. 6 – Revista Reformador – 1962 –
Março
34
2.9.4 1973 – Queda do Avião Turco – Paris – Silva Ramos
Conhecido como desastre aéreo de Ermenonville era uma linha aérea da empresa turca
Turkish Airlines que ligava o Aeroporto Internacional Atatürk, na Turquia ao Aeroporto de
Londres-Heathrow, na Inglaterra.
Durante um voo ocorrido no dia 3 de março de 1974, um McDonnell Douglas DC-10,
matrícula TCJAV, que realizava essa rota caiu numa floresta nos arredores de Paris, matando
todos os seus 335 passageiros e 11 tripulantes.
35
2.9.5 1974 – Incêndio do Edifício Joelma – São Paulo – Cornélio Pires / Cyro Costa
36
2.9.6 2004 – Tsunami Asiático – Indonésia – Manoel Philomeno de Miranda
37
3 Catástrofes & Desastres Coletivos – Mensagens & Artigos Completos
3.1 Conceitos e Considerações Gerais
3.1.1 Flagelos Destruidores – Allan Kardec
Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?
Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade
para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na
escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser
apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais
de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são
frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de
coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 737
Para conseguir a melhora da Humanidade, não podia Deus empregar outros
meios que não os flagelos destruidores?
Pode e os emprega todos os dias, pois que deu a cada um os meios de progredir pelo
conhecimento do bem e do mal. O homem, porém, não se aproveita desses meios. Necessário,
portanto, se torna que seja castigado no seu orgulho e que se lhe faça sentir a sua fraqueza.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 738
Esses flagelos destruidores têm utilidade do ponto de vista físico; malgrado os
males que ocasionam?
Sim, eles modificam algumas vezes o estado de uma região; mas o bem que deles resulta
só é geralmente sentido pelas gerações futuras.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 739
Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o homem, por porem-no a
braços com as mais aflitivas necessidades?
Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de
demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de
manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não
domina o egoísmo.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 740
38
É dado ao homem conjurar os flagelos que o afligem?
Sim, em parte, mas não como geralmente se pensa. Muitos flagelos são a consequência
de sua própria imprevidência.
À medida que ele adquire conhecimentos e experiências pode conjurá-los, quer dizer,
preveni-los, se souber pesquisar-lhes as causas.
Mas entre os males que afligem a Humanidade, há os que são de natureza geral e
pertencem aos desígnios da Providência.
Desses, cada indivíduo recebe, em menor ou maior proporção, a parte que lhe cabe, não
lhe sendo possível opor nada mais que a resignação à vontade de Deus. Mas ainda esses males
são geralmente agravados pela indolência do homem.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 741
Entre os flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocados
em primeira linha a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais à produção da terra.
Mas o homem não achou na Ciência, nos trabalhos de arte, no aperfeiçoamento da
agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições higiênicas os meios de
neutralizar ou pelo menos de atenuar tantos desastres?
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Comentários a Perg. 741
39
3.1.2 As Expiações Coletivas – Allan Kardec/ Clélia Duplantier
Todas as leis que regem o Universo, sejam físicas ou morais, materiais ou intelectuais,
foram descobertas, estudadas, compreendidas, partindo-se do estudo da individualidade e do da
família para o de todo o conjunto, generalizando-as gradualmente e comprovando-se-lhes a
universalidade dos resultados.
Outro tanto se verifica hoje com relação às leis que o estudo do Espiritismo dá a
conhecer.
Podem aplicar-se, sem medo de errar, as leis que regem o indivíduo à família, à nação,
às raças, ao conjunto dos habitantes dos mundos, os quais formam individualidades coletivas.
Há as faltas do indivíduo, as da família, as da nação; e cada uma, qualquer que seja o
seu caráter, se expia em virtude da mesma lei.
O algoz, relativamente à sua vítima, quer indo a encontrar-se em sua presença no espaço,
quer vivendo em contato com ela numa ou em muitas existências sucessivas, até à reparação do
mal praticado.
O mesmo sucede quando se trata de crimes cometidos solidariamente por um certo
número de pessoas. As expiações também são solidárias, o que não suprime a expiação
simultânea das faltas individuais.
Três caracteres há em todo homem: o do indivíduo, do ser em si mesmo; o de membro
da família e, finalmente, o de cidadão.
Sob cada uma dessas três faces pode ele ser criminoso e virtuoso, isto é, pode ser
virtuoso como pai de família, ao mesmo tempo que criminoso como cidadão e reciprocamente.
Daí as situações especiais que para si cria nas suas sucessivas existências.
Salvo alguma exceção, pode-se admitir como regra geral que todos aqueles que numa
existência vêm a estar reunidos por uma tarefa comum já viveram juntos para trabalhar com o
mesmo objetivo e ainda reunidos se acharão no futuro, até que hajam atingido a meta, isto é,
expiado o passado, ou desempenhado a missão que aceitaram.
40
Graças ao Espiritismo, compreendeis agora a justiça das provações que não decorrem
dos atos da vida presente, porque reconheceis que elas são o resgate das dívidas do passado.
Por que não haveria de ser assim com relação às provas coletivas?
Dizeis que os infortúnios de ordem geral alcançam assim o inocente, como o culpado;
mas, não sabeis que o inocente de hoje pode ser o culpado de ontem?
Quer ele seja atingido individualmente, quer coletivamente, é que o mereceu. Depois,
como já o dissemos, há as faltas do indivíduo e as do cidadão; a expiação de umas não isenta
da expiação das outras, pois que toda dívida tem que ser paga até à última moeda.
As virtudes da vida privada diferem das da vida pública. Um, que é excelente cidadão,
pode ser péssimo pai de família; outro, que é bom pai de família, probo e honesto em seus
negócios, pode ser mau cidadão, ter soprado o fogo da discórdia, oprimido o fraco, manchado
as mãos em crimes de lesa-sociedade.
Essas faltas coletivas é que são expiadas coletivamente pelos indivíduos que para elas
concorreram, os quais se encontram de novo reunidos, para sofrerem juntos a pena de talião,
ou para terem ensejo de reparar o mal que praticaram, demonstrando devotamento à causa
pública, socorrendo e assistindo aqueles a quem outrora maltrataram.
Assim, o que é incompreensível, inconciliável com a justiça de Deus, se torna claro e
lógico mediante o conhecimento dessa lei.
A solidariedade, portanto, que é o verdadeiro laço social, não o é apenas para o presente;
estende-se ao passado e ao futuro, pois que as mesmas individualidades se reuniram, reúnem e
reunirão, para subir juntas a escala do progresso, auxiliando-se mutuamente.
Eis aí o que o Espiritismo faz compreensível, por meio da equitativa lei da reencarnação
e da continuidade das relações entre os mesmos seres.
Allan Kardec/Clélia Duplantier – Obras Póstumas – 1º Parte – Questões e Problemas
– As Expiações Coletivas
NOTA — Conquanto se subordine aos conhecidos princípios de responsabilidade pelo
passado e da continuidade das relações entre os Espíritos, esta comunicação encerra uma idéia
de certo modo nova e de grande importância.
A distinção que estabelece entre a responsabilidade decorrente das faltas individuais ou
coletivas, das da vida privada e da vida pública, explica certos fatos ainda mal conhecidos e
mostra de maneira mais precisa a solidariedade existente entre os seres e entre as gerações.
(...)
Não se pode duvidar de que haja famílias, cidades, nações, raças culpadas, porque,
dominadas por instintos de orgulho, de egoísmo, de ambição, de cupidez, enveredam por mau
caminho e fazem coletivamente o que um indivíduo faz insuladamente.
41
Uma família se enriquece à custa de outra; um povo subjuga outro povo, levando-lhe a
desolação e a ruína; uma raça se esforça por aniquilar outra raça. Essa a razão por que há
famílias, povos e raças sobre os quais desce a pena de talião.
42
3.1.3 Emigrações e imigrações dos espíritos e os flagelos destruidores - Allan Kardec
43
3.1.4 Flagelos - Demeure
Nota:
Entre 1866 e 1869 dois fatos deixaram a Maurícia completamente arrasada: em 1866,
1867 e 1868 uma epidemia de malária afastou os navios de Port Luis (a capital), isolando por
completo a ilha; em 1869, a abertura do Canal de Suez fez desviar muitas das rotas mercantes
que passavam pela Maurícia.
44
3.1.5 Flagelos e Males – Manoel Philomeno de Miranda
45
Rebelando-se contra a ordem, afasta o bem, e, quando este se encontra ausente,
enxameia o mal. Assim age, por pretender privilégios e prerrogativas que lhe exaltam o orgulho,
fazendo-o posicionar-se acima do seu próximo, a quem passa a explorar e ferir, distante de
qualquer respeito e dignidade pela vida e pelas demais criaturas.
Na raiz desse comportamento extravagante e insensato encontra-se o atavismo ancestral,
cujas imposições materiais têm primazia, dominando completamente a paisagem emocional.
O abuso das paixões, e não o uso correto que leva aos ideais do amor e ao arrebatamento
pelas causas nobres, é o agente dos flagelos e males que se voltam contra o próprio homem e o
infelicitam.
É, porém, através da dor-aguilhão que o propele para a frente que ele aprende a valorizar
as oportunidades da sua existência corporal e desperta para o bem, a que se entrega, após a
exaustão que o sofrimento lhe impõe.
Não sendo o mal uma realidade, senão um efeito transitório, que pode ser alterado a
partir do momento que se lhe modifique a causa, ele se transforma num futuro bem, porque
vacina a vítima, que a partir daí melhor compreende a finalidade da vida na Terra, empenhando-
se por alcançá-la no mais breve prazo.
Não importa em que classe social ou posição cultural estagie, porquanto a ·característica
nele prevalecente é a de ordem moral, responsável pelo tipo de aspiração a que se entrega e da
conduta que mantém.
Lord Byron, por exemplo, cuja poesia romântica influenciou toda uma época e criou um
mito, poderia ter-se utilizado dos recursos de que dispunha para enobrecer-se e felicitar as vidas.
Considerado belo e de corpo perfeito, culto e inteligente, assumiu comportamento excêntrico e
individualista, sensual e vulgar, com uma genialidade asselvajada que ora pertencia às suas
personagens e noutros momentos parecia refletir-lhe o próprio ser.
Carlos Steinmetz, por sua vez, com algumas deformidades físicas, mas belo nos ideais
de solidariedade humana, refugiando-se na América para salvar-se das perseguições de
ideologia político-social, contribuiu de maneira extraordinária para o progresso das ciências
elétricas, chegando a patentear duzentas invenções e escrever diversos trabalhos científicos e
alguns livros que promoveram o progresso tecnológico da Humanidade.
Na direção que o homem encaminha os passos, surgem os comportamentos que lhe
assinalam a marcha. Isto, porém, é decorrência do seu mundo mental, característica do seu
estágio evolutivo. Gerando hábitos, a eles se submete, porquanto ninguém há que viva sem
esses condicionamentos. Quem não os tem bons, não fica deles isento, passando a tê-los maus.
46
Ideal será, então, iniciar-se nas experiências da vida por urna forma de neutralidade, isto
é, não praticar o mal, o que não é suficiente, porquanto, em certas ocasiões, não propiciar o bem
torna-se uma forma de desenvolver o mal.
Primeiro passo, faculta outros mais audaciosos, até que a atração do bem passa a
envolver o indivíduo, levando-o ao comprometimento com as ações superiores.
Desse modo, evitar o mal, que nele mesmo reside, e, mediante o livre-arbítrio, firmado
no conhecimento e obediência às divinas leis, conquistar espaço para as ações meritórias,
empenhando-se por vivenciá-las a partir de então - eis o caminho a trilhar.
Sentindo-se impelido ao mal, em razão dos remanescentes do primitivismo que nele jaz,
deve e pode evitar praticá-lo, educando a vontade e canalizando as forças morais para o bem
que nele igualmente se encontra em gérmen, graças à sua origem divina. Procedente do mundo
espiritual para ali retornará, fadado ao bem vitorioso que conseguirá ao fim das pelejas travadas.
Manoel Philomeno de Miranda – Temas da Vida e da Morte – Cap. 10 – Flagelos e
Males
47
3.1.6 Calamidades – Joanna de Angelis – Incêndio do Joelma
Com frequência regular a Terra se faz visitada por catástrofes diversas que deixam
rastros de sangue, luto e dor, em veemente convite à meditação dos homens.
Consequência natural da lei de destruição que enseja a renovação das formas e faculta
a evolução dos seres, sempre conseguem produzir impactos, graças à força devastadora de que
se revestem.
Cataclismos sísmicos e revoluções geológicas que irrompem voluptuosos em forma de
terremotos, maremotos, erupções vulcânicas obedecem ao impositivo das adaptações,
acomodações e estruturação das diversas camadas da Terra, no seu trânsito de ‘mundo
expiatório’ para ‘regenerador’.
Tais desesperadores eventos impõem ao homem invigilante a necessidade da meditação
e da submissão à vontade divina, do que resultam transformações morais que o incitam à
elevação.
Olhados sob o ponto de vista espiritual esses flagelos destruidores têm objetivos
saneadores que removem as pesadas cargas psíquicas existentes na atmosfera, que o homem
elimina e aspira, em contínua intoxicação.
Indubitavelmente trazem muitas aflições pelos danos que se demoram após a extinção
de vidas, arrebatadas coletivamente, deixando marcas de difícil remoção, que se insculpem no
caráter, na mente e nos corpos das criaturas.
Algumas outras calamidades como as pestes, os incêndios, os desastres de alto porte
são resultantes do atraso moral e intelectual dos habitantes do planeta, que, no entanto, lhes
constituem desafios, que de futuro podem remover ou deles precatar-se. (*)
As endemias e epidemias que varriam o planeta, no passado, continuamente, com danos
incalculáveis, em grande parte são, hoje, capítulo superado, graças às admiráveis conquistas
decorrentes da ‘revolução tecnológica’ e da abnegação de inúmeros cientistas que se
sacrificaram para a salvação das coletividades. Muitas outras que ainda constituem verdadeiras
catástrofes, caminham para oportunas vitórias do engenho e da perseverança humana.
Há, também, aqueles resultantes da imprevidência, da invigilância, por meio das quais
o homem irresponsável se autopune, mediante os rigores dos sofrimentos decorrentes das
desencarnações precipitadas, através de violentos sinistros e funestas ocorrências...
Pareceriam desnecessárias as aflições coletivas que arrebatam justos e injustos, bons e
maus, se olhados os saldos precipitadamente.
48
Conveniente, todavia, refletir quanto à justeza das leis divinas que recorrem a métodos
purificadores e liberativos, de que os infratores e defraudadores das Leis e da Ordem não se
podem furtar ou evitar.
Comparsas de hediondas chacinas;
Grupos de vândalos que se aliciam na desordem e usurpação;
Maltas de inveterados agressores que se identificam em matanças e destruições;
Corsários e marinhagens desvairados em acumpliciamentos para pilhagens criminosas;
Soldadesca mercenária, impiedosa e avassaladora, que se refestela, brutal, na inocência
imolada selvagemente;
Incendiários contumazes de lares e celeiros, em hordas nefastas e contínuas; bandos
bárbaros de exterminadores, que tudo assolam por onde passam; cúmplices e seviciadores de
vítimas inermes que lhe padecem as constrições danosas;
Pesquisadores e cientistas impenitentes, empedernidos pelas incessantes experiências
macabras de que se nutrem em agrupamentos frios;
Legisladores sádicos e injustos que se desforçam nas gerações débeis que esmagam;
Conquistadores arbitrários, carniceiros, que subjugam cidades nobres, tornando seus
vítimas cadáveres insepultos, enquanto se banqueteiam em sangue e estupor;
Mentes vinculadas entre si por estranhas amarras de ódio, ciúme e inveja que
incendeiam paixões, são reunidos novamente em vidas futuras, atravessando os portais da
Imortalidade, através de resgates coletivos, como coletivamente espoliaram, destruíram,
escarneceram, aniquilaram, venceram os que encontravam à frente e consideravam
impedimentos à sua ferocidade e barbaria, vandalismo e estroinice, a fim de que se reajustem,
no concerto cósmico da Vida, servindo, também, de escarmento para os demais, que, não
obstante se comovem ante as desgraças que os surpreendem, cobrando-lhes as graves dívidas,
prosseguem, atônitos e desregrados, em atitudes infelizes sem que lhes hajam constituído lições
valiosas, capazes de converter-se em motivo de transformação interior.
Construtores gananciosos que se fazem para cobranças negativas;
Maquinistas e condutores de veículos displicentes, que favorecem tragédias volumosas,
Homens que vendem a honradez e sabem que determinadas calamidades têm origem
nas suas mentes e mãos, embora ignorados pela Justiça humana, não se furtarão à Consciência
Divina neles mesmos insculpida, que lhes exigirá retorno ao proscênio em que se fizeram
criminosos ignorados para tornar-se heróis, salvando outros e perecendo, como necessidade
purificadora de que se alçarão, depois, à paz. (*)
Não constituem castigos as catástrofes que chocam uns e arrebatam outros, antes
significam justiça integral que se realiza.
49
Enquanto o egoísmo governe os grupos humanos e espalhe suas torpes sementes, em
forma de presunção, de ódio, de orgulho, de indiferença à aflição do próximo, a Humanidade
provará a ardência dos desesperos coletivos e das coletivas lágrimas, em chamamentos severos
à identificação com o bem e o amor, à caridade e ao sacrifício.
Como há podido pela técnica superar e remover vários fatores de calamidades, pelas
conquistas morais conseguirá, a pouco e pouco, suplantar as exigências transitórias de tais
injunções redentoras.
Não bastassem as legítimas concessões do ajustamento espiritual, as calamidades
fazem que os homens recordem o poder indômito de forças superiores que os levam a ajustar-
se à sua pequenez e emular-se para o crescimento que lhes acena.
Tocados pelas dores gerais, partícipes das angústias que se abatem sobre os lares
vitimados pela fúria da catástrofe, ajudemo-nos e oremos, formando a corrente da fraternidade
santificante, e, desde logo, estaremos construindo a coletividade harmônica que atravessará o
túmulo em paz e esperança, com os júbilos do viajor retornando ditoso à Pátria da ventura.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap.1 – Calamidades - Reformador –
1974 - Abril (Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão pública
da noite de 2-2-1974, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)
(*) à véspera havia irrompido, em São Paulo, o incêndio do Edifício Joelma, que
arrebatou mais de 170 e revelou alguns heróis. (Nota da Autora Espiritual.)
50
3.1.7 Perante os Fatos Momentosos – André Luiz
51
3.1.8 Supercultura e Calamidades Morais - Emmanuel
“Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado
para quem será? ”. — Jesus. (Lucas, 12:20.)
52
3.1.9 Flagelos Íntimos – Emmanuel
53
3.1.10 Catástrofes – Francisco Cândido Xavier
54
3.1.11 Desencarnações Coletivas – Emmanuel
“Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas
enclausuradas e indefesas, como nos casos dos grandes incêndios? ”
(Pergunta endereçada a Emmanuel por algumas dezenas de pessoas em reunião pública,
na noite de 28-02-1972, em Uberaba, Minas Gerais.)
Resposta
Realmente reconhecemos em Deus o Perfeito Amor aliado a Justiça Perfeita. E o
homem, filho de Deus, crescendo em amor, traz consigo a justiça imanente, convertendo-se,
em razão disso, em qualquer situação, no mais severo julgador de si próprio.
Quando retornamos da Terra para o mundo espiritual, conscientizados nas
responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados e
rogamos os meios precisos a fim de resgata-los devidamente.
E assim que, muitas vezes, renascemos no Planeta em grupos compromissados para a
redenção múltipla.
***
Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos coletividades na volúpia
do saque, tornamos a Terra com encargos diferentes, mas em regime de encontro marcado para
a desencarnação conjunta em acidentes públicos.
Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito pessoal,
pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de epidemias arrasadoras.
Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela megalomania do ouro
e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração, pleiteamos o plano físico a fim de
sofrermos a morte de partilha, aparentemente imerecida, em acontecimentos de sangue e
lagrimas.
Corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidades na conquista de presas fáceis,
em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno a Terra para a
desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a reencarnação.
***
Criamos a culpa e nos mesmos engenhamos os processos destinados a extinguir-lhe
as consequências.
E a Sabedoria Divina se vale dos nossos esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de
induzir-nos a estudos e progressos sempre mais amplos no que diga respeito a nossa
própria segurança.
55
E por esse motivo que, de todas as calamidades terrestres, o homem se retira com mais
experiência e mais luz no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar a vida.
***
Lamentemos sem desespero quantos se fizeram vítimas de desastres que nos
confrangem a alma. A dor de todos eles e a nossa dor. Os problemas com que se defrontaram
são igualmente nossos.
Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença da Misericórdia
Divina junto as ocorrências da Divina Justiça, que o sofrimento e invariavelmente
reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para o bem de todos e que
Deus nos concede sempre o melhor.
Emmanuel – Chico Pede Licença – Cap. 19 – Desencarnações Coletivas
56
3.1.12 Expiações Coletivas – Rodolfo Calligaris
57
Napoleão, Mussolini e Hitler revivem os feitos de conquistadores do pretérito,
ocupando à força nações inermes; não tardam, porém, a conhecer o travo das transgressões às
leis superiores, e seus países com eles.
Segundo os relatos do Velho Testamento, os judeus, intitulando-se o ‘povo
eleito’, também destruíram cidades e mais cidades de prósperos reinados ‘passando pelo fio da
espada todos os que nelas encontravam, homens, mulheres, crianças, velhos, e até animais,
como pacíficas ovelhas, bois e jumentos’.
Davi, um de seus reis, cuja insensibilidade foi de estarrecer, em cada cidade que tomava
dos amonitas, mandava arrebanhar todos os seus moradores, ordenando friamente ‘que
passassem por cima deles carroças ferradas, que fossem serrados, esquartejados a cutelo, ou
torrados em forno de cozer tijolos’.
O resultado dessa selvajaria, os judeus o colheram em longo período de provações, cujo
remate foram os fuzilamentos, os flagícios em campos de concentração e o horror dos fornos
crematórios, sob o guante de Eichmann, a besta-fera nazista!
Poderosa organização religiosa, apoiada pelo braço secular, torturou e assassinou
barbaramente, enquanto pode, todos quantos ousavam descrer de seus dogmas, revelavam
possuir ideias mais avançadas, ou lhe verberavam a simonia; já começou, porém, a ser destruída
aqui, ali e acolá, sofrendo, na própria carne, as violências de que fez uso e abuso.
***
Impossível prever até quando a Humanidade permanecerá assim, oprimindo-se
e dilacerando-se reciprocamente, no regime do ‘olho por olho e dente por dente. ’
Acreditamos, entretanto, que, trabalhada pela Dor, cansada de sofrer, há de
aprender um dia, ainda que remoto, a lei sublime da ‘não resistência’, pregada e exemplificada
pelo Cristo, conquistando então uma paz duradoura, e com ela a felicidade, que é o destino final
da Criação!
Rodolfo Calligaris - Reformador – 1962 – Outubro – Expiações Coletivas
58
3.1.13 Provação Coletiva – Emmanuel
59
3.1.14 O Apocalipse – Francisco Cândido Xavier
60
3.1.15 Os Instrumentos do Grande Cirurgião - Kleber Halfeld
Elas fazem parte da história da Humanidade, pois sua ocorrência data dos primórdios
do Planeta.
Países subdesenvolvidos tanto quanto aqueles que alcançaram alto índice tecnológico
tem experimentado seus efeitos: ora, pequenos grupos atingidos por suas garras destruidoras;
ora, enormes coletividades a sofrerem o impacto de suas investidas.
Refiro-me às catástrofes, aos flagelos em seus mais diversificados aspectos, que
regularmente abatem sobre os seres dessa grande escola: a Terra.
*
Em francês o termo catastrophe está documentado em Rabelais [1] -1546 -, assim
como, em inglês, com a mesma grafia, é encontrado em Spenser [2] - 1579.
Atentos à Geologia, a expressão catástrofe inicialmente designava apenas a ação dos
terremotos; com o passar dos anos teve seu sentido ampliado, compreendendo inúmeras outras
transformações súbitas que ocorrem na Terra, sem mencionar aquelas que surgiram com o
advento da tecnologia.
A teoria das catástrofes, ou catastrofismo, atribuída a Cuvier [3] e que predominou
durante o século XVIII, ‘seria uma tentativa para explicar as formas do relevo terrestre pela
sucessão de violentos cataclismos provocados por forças da Natureza, na época pouco
conhecidas’.
No caso particular do presente estudo, não ficarei preso a semelhante teoria: debaixo da
rubrica catástrofe, identificarei, igualmente, o conjunto de ocorrências designadas como
calamidades naturais, bem como episódios revestidos de forte impacto e decorrentes de
circunstâncias criadas pela visa moderna.
Adentrando, pois, nesse campo, fazendo citações sem considerações extensas e ainda
deixando de lado as convulsões pelas quais passou nosso Planeta nos anos iniciais de sua
formação, podemos imaginar que dentro da era cristã uma das mais conhecidas – e violentas =
catástrofes naturais de que temos conhecimento foi a erupção em 79 d.C. do Vesúvio, quando
foram destruídas as cidades romanas de Herculanum e Pompéia. Aliás, em algumas obra
espíritas, particularmente em romances, há referências a esse acontecimento. De momento,
recordo duas grandes obras de grande aceitação por parte do público: ‘Há 2000 anos...’ de
Emmanuel, através das psicografia de Francisco Cândido Xavier, e ‘Herculanum’, de J. W.
Rochester, por intermédio de Wera Krijanowsky.
61
Ainda na época do vulcanismo me vem à mente a erupção de 1883, ocorrida na ilha de
Krakatoa, entre Sumatra e Java, que causou a morte de 36.000 pessoas, sem se mencionar o
desaparecimento de dois terços da ilha!
E, em 1902, a erupção do Monte Pelée, na Martinica, que destruiu totalmente a cidade
de Saint-Pierre, matando seus 28.000 habitantes.
Fazendo-se alusão a terremotos, quem nunca ouviu referências ao abalo sísmico que,
acompanhado de um maremoto, vitimou, em 1923, cerca de 140.000 pessoas em Tóquio e
Yokohama.
Inundações também são responsáveis por desencarnações coletivas, sempre dentro –
sabemos os espíritas – de uma planificação divina, a escapar, não raro, da compreensão de
quantos apenas encaram a vida presente... De momento, recordo as enchentes do rio Mabadani,
na Índia, as quais mataram em 1955 mataram 300.000 pessoas!
Mas, outros fenômenos concorrem para tal modalidade de desencarnação, ou seja, a
coletiva.
Entre outros, citemos os deslizamentos de solo, comuns em áreas montanhosas, como
os Alpes, Andes, Himalaia; os furacões (recordem-se aqueles de grande frequência no mar das
Caraíbas, litoral oriental dos Estados Unidos e no Sudeste da Ásia)
Em 1970, o Paquistão Oriental – hoje Bangladesh – foi tragicamente atingido, quando
morreram centenas de milhares de pessoas!
Citemos, ainda, as secas, porquanto anos a fio de aridez excepcional podem apresentar
para as populações graves consequências. Caso o homem não se encontre munido dos
indispensáveis elementos de defesa. Como impressionante exemplo ocorrido em nosso País,
pode ser citada a seca que destruiu partes do sertão do Nordeste nos anos de 1877-1878.
*
Kardec não se descuidou do estudo das catástrofes. Exatamente por perceber que
oportunos comentários poderiam advir para os leitores da Revista Espírita. À sua
atenção juntou-se aquela do plano espiritual, conforme podemos observar em algumas páginas
desse órgão de imprensa. Também em 'O Livro dos Espíritos’ o assunto é tratado de forma
ampla.
Vejamos, aqui, o caso de uma catástrofe – traduzida por uma epidemia numa ilha.
Datada de 8 de maio de 1867, uma correspondência era portadora de triste notícia: uma
epidemia na ilha Maurícia. [4] O mais curioso é que Kardec dela já tinha conhecimento através
de um médium sonâmbulo que normalmente frequentava a Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas. Aliás, o remetente da carta era sócio correspondente da mencionada ‘Sociedade’.
62
Da mesma forma alguns moradores da ilha haviam sido avisados dessa epidemia, que
‘surgira como flagelo destruidor’. O que, realmente ocorreu, porquanto Kardec em novembro
de 1868 voltava a comentar esse fato, já 60.000 pessoas haviam desencarnado vítimas da
doença, que consoante expressões do missivista começava com:
“(...) uma febre sem nome, que reveste todas as formas, começa suavemente,
hipocritamente, depois aumenta e derruba todos os que ela atinge (...) São terríveis acessos
que quebram, torturam durante, pelo menos, doze horas, atacando cada um por sua vez, cada
órgão importante. Depois o mal cessa durante um ou dois dias, deixando o doente abatido até
o próximo acesso, e se vai assim, mais ou menos rapidamente, para o termo fatal.”
É sugestivo observar que o autor da carta, componente de um grupo de estudiosos do
Espiritismo na ilha Maurícia, tinha perfeita compreensão quanto à finalidade da epidemia que
à época devastava a região, uma vez que em determinado ponto de sua carta confessava que via
no acontecimento...
“(...) um desses flagelos anunciados, que devem retirar do mundo uma parte da geração
presente, e destinados a operar uma renovação tornado necessária.”
O término do seu relato contém, da mesma forma, depoimento assaz curioso. Esclarece
que o grupo de espíritas a que pertencia estava disperso havia três meses e eu embora todos os
membros houvessem sido atingidos pela doença, nenhum deles havia morrido. Ele próprio fora
atingido e estava na quarta recaída.
Sentindo Kardec a imperiosa necessidade de uma resposta confortadora para o grupo
espírita da ilha Maurícia, em carta dirigida aos seus componentes, juntou ele a mensagem que
o Espírito Demeure havia deixado na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Dessa
mensagem – de profundo conteúdo moral – permito-me transcrever pequeno trecho que nos
explica a função das catástrofes, sobre os habitantes da Terra, em todos os tempos de sua
história.
Mensagem que, afinal, continua perfeitamente atualizada, malgrado os anos decorridos.
“(...). Cada dia mais entramos no período transitório, que deve trazer a transformação
orgânica da Terra e a regeneração de seus habitantes.
Os flagelos são instrumentos de que se serve o grande cirurgião do Universo para
extirpar do mundo, destinado a marchar para a frente, os elementos gangrenados que nele
provocam desordens incompatíveis com o seu novo estado. Cada órgão ou, para melhor dizer,
cada região será, passo a passo, batida por flagelos de naturezas diversas.
63
Aqui, a epidemia sob todas as suas formas; ali, a guerra, a fome. Cada um deve, pois,
preparar-se para suportar a prova nas melhores condições possíveis, melhorando-se e se
instruindo, a fim de não ser surpreendido de improviso. Já algumas regiões foram provadas,
mas seus habitantes estariam em completo erro se se fiassem na era da calma, que vai ceder á
tempestade, para recair nos seus antigos erros. Há um período, que lhes é concedido, para
entrarem num caminho melhor. Se não o aproveitarem, o instrumento de morte os
experimentará até os trazer ao arrependimento”. [5]
Apenas por uma questão de curiosidade, informo que, além desses ensinamentos de tão
profundo conteúdo moral, o Espírito comunicante teceu comentários sobre um medicamento –
o Croton tiglium -, ou seja, o óleo de cróton. Segundo nos explica a Homeopatia, esse
medicamento tem larga ação sobre a diarreia, dores lancinantes e ardentes que ocorrem no lado
esquerdo do peito, atingindo as espáduas. Tem ainda influência sobre os pruridos intensos que
se estendem sobre todo o corpo.
(Possivelmente, sintomas que também poderiam ser encontrados nos habitantes da ilha
Maurícia quando foi assolada pela epidemia que dizimou mais de 60.000 pessoas!).
Kleber Halfeld - Reformador - 1992 - Agosto
64
3.1.16 Para os montes – Emmanuel
65
3.1.17 Catástrofes – Raul Teixeira
Este século assistiu a duas guerras mundiais e a mudanças vertiginosas na vida social.
O que ainda nos espera? Haverá catástrofes, como muitos predizem?
Os• Espíritos do Senhor, que nos trouxeram a Codificação Espírita, não são alarmistas.
Não anunciam catástrofes que o nosso livre-arbítrio não possa conjurar, uma vez que o ensino
do Cristo garante que "a cada um será dado conforme suas obras" 1.
Esclarece-nos O Livro dos Espíritos que a predominância da natureza animal sobre a
espiritual, junto à satisfação das paixões, é o que motiva a guerra 2.
Então, podemos admitir que o que nos leva à guerra é a ação sempre nefasta do egoísmo.
Quanto mais trabalharmos no sentido de transformar esse vício, fazendo desenvolver-se em nós
o altruísmo, como oposição natural, mais iremos nos situando em níveis morais de tal ordem
que não estaremos sujeitos a perecer apanhados nas malhas dos fenômenos planetários, que
costumam tornar se flagelos destruidores.
Muitíssimo válida é a reflexão da comunidade espírita em torno do fato de que estamos
reencarnados num planeta em fase de tal estabilização cósmica, com seus movimentos sísmicos,
climáticos etc., que ficamos sujeitos aos seus variados movimentos naturais, ao mesmo tempo
que esses mesmos fenômenos, quando nos alcançam, permitem-nos resgates de diversa monta
e acertos com as leis reequilibradoras da vida sideral.
Por suas características próprias, a Terra não nos pode oferecer a felicidade perfeita,
exatamente pelo fato de que ainda não conquistamos o devido mérito 3.
Quanto às chamadas catástrofes, essas sempre existiram e continuarão a existir,
podendo, em dada ocasião, levar em sua voragem incontáveis criaturas que estejam na faixa
das necessidades expiatórias, via sofrimento.
Raul Teixeira – Ante o Vigor do Espiritismo – Cap. 1 – Catástrofes
1 Mt.16:27.
2 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Perg. 742.
3 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Perg. 920.
66
3.1.18 Mortes Coletivas – Divaldo Franco
67
3.1.19 Terremoto Espiritual - Leopoldo Machado
A avançada tecnologia conseguiu construir sismógrafos ultrassensíveis que detectam os
mais leves movimentos de adaptação das placas terrestres, que podem ser medidos pela escala
Richter, estabelecendo a sua intensidade. Não obstante esse extraordinário logro, não é possível
à inteligência humana prever onde acontecerá o fenômeno perturbador, ou mesmo impedir a
sua manifestação.
Tentando evitar tão desastrosa ocorrência, geólogos hábeis, utilizando-se de satélites
especialmente equipados para o mapeamento da intimidade do planeta, recorrendo a raios
infravermelhos e outros que podem alcançar as estruturas mais profundas, conseguiram
identificar as falhas mais perigosas, como outras de menor monta, acompanhando com
cuidadosa argúcia as alterações que ocorrem com o tempo, em tentativas de minimizar-lhes a
ameaça de destruição. Todavia, periodicamente, sem qualquer prevenção, erupções vulcânicas
produzem ressonâncias em várias regiões e terremotos devastadores assolam diferentes áreas,
reduzindo tudo a pó e destroços.
A inteligência humana, urbanizando lugares inóspitos, altera-lhes a topografia e erguem
cidades de expressiva beleza, lançando pontes grandiosas que atravessam lagos, pântanos e
mares, facilitando a comunicação entre diferentes pontos terrestres.
Engenheiros civis e de cálculo constroem edifícios incomparáveis, alcançando as nuvens, e
tomam providências para serem evitados desastres sísmicos, utilizando material e tecnologia
invulgar.
Recentemente, as torres gêmeas Petronas, de Kuala Lumpur, na Malásia, atingiram a
invejável altura de 452 metros, tornando-se o edifício mais alto do mundo...
O empenho humano para vencer as condições adversas que produzem os terremotos, como
outros flagelos, é credor do maior respeito e consideração. Apesar disso, a agressão do próprio
homem ao ecossistema estarrece, contribuindo para a morte, antes lenta e agora acelerada do
planeta que habita, caso providências urgentes não o tornem consciente de sua responsabilidade.
Enquanto o ingente esforço de cientistas e tecnólogos, de estudiosos e trabalhadores
cuida da beleza e comodidade externa da Terra, as paixões dissolventes oxidam os sentimentos,
como ferrugem corrosiva emperrando equipamentos importantes.
A vulgaridade e o despudor alcançam índices jamais igualados e uma nuvem de
miasmas morais intoxica as criaturas, enlouquecendo-as, atirando-as em abismos de dor e de
sombra.
O materialismo e o utilitarismo dão-se as mãos e desgovernam as mentes e os corações,
que perdem as diretrizes do comportamento, tombando em exaustão nas suas masmorras sem
grades, porém, cruéis, de onde não há meio possível de fácil evasão...
68
Numa análise perfunctória, parece que o caos moral cresce ao lado das conquistas da
comodidade e do poder, face à truculência, à bestialidade e ao horror que se desenvolvem e
expandem, quase a passe de mágica.
É claro que não se podem ignorar, nesse, báratro, as realizações nobilitantes, as
conquistas salvadoras e os passos gigantescos para o encontro com a vida fora da Terra...
São consideráveis os sacrifícios dos idealistas, de todos aqueles que promovem o
progresso. No entanto, as hórridas ameaças morais vicejam ao lado, contrabalançando
negativamente as elevadas realizações.
Numa revisão histórica, verificamos que, das maravilhas do mundo antigo, somente as
pirâmides do Egito permaneceram até então.
O Colosso de Rodes, por exemplo, desapareceu nas águas do mar, após terremoto... e
dos Jardins de Samíramis e dos Muros da Babilônia, do Farol de Alexandria, de 400 pés de
altura, também varrido do solo, do Túmulo de Mausolo, do Templo de Artêmis em Éfeso, da
Estátua de Zeus Olímpico, de Fídias, somente ficaram pedras calcinadas pelo tempo,
demonstrando a fragilidade das construções humanas...
Na atualidade podem ser contempladas as suntuosas catedrais que foram erguidas no
passado, os palácios e museus formidandos, assim como os edifícios modernos de incomparável
beleza e luxo, os cassinos inigualáveis, os monumentos e obras de arte não superados, os
engenhos da eletrônica e da cibernética, exaltando a glória da mente que voa no rumo do
Infinito...
Concomitantemente, o despautério, a miséria, a hediondez dos vícios das drogas, do
sexo, do medo e do pânico, da loucura e da insatisfação, aparecem com predominância, porque,
esse ser humano, ainda não se identificou com o Herói Crucificado, o Construtor da Terra, que
veio, mas não foi ouvido sequer, nem recebido.
Em Jerusalém, no passado, ante a exclamação dos discípulos emocionados pela
grandeza do Templo da Salomão, suas pedras colossais, sua porta extraordinária, suas colunas
majestosas seus átrios luminosos, Ele respondeu com tristeza na voz:
— Em verdade vos digo que não ficará pedra sobre pedra, que não seja derrubada.
E o vaticínio aconteceu, permanecendo a área vazia da antiga e opulenta construção, de
alguma coberta com novos edifícios sagrados.
Foram as guerras que se responsabilizaram por fazê-lo, como em muitos outros lugares,
qual sucedeu com a Acrópole - ainda teimosamente em pé -, o Areópago, totalmente destruído,
e outros...
69
Sobre essa paisagem trabalhada pelo homem, no entanto, pairam profecias sobre
acontecimentos desastrosos, cuja concretização poderá ser evitada, se forem alteradas as
condutas mental, moral e comportamental - a força que contribuirá para o equilíbrio do planeta
e movimento sem choques das suas placas -, diluindo o anúncio das terríveis tragédias que
poderão ocorrer.
Graças ao Espiritismo, vem acontecendo um terremoto que os sismógrafos não
conseguiram detectar, mas que o psiquismo vem captando e dando-lhe curso - o de natureza
espiritual.
Suave, a princípio, depois irrompendo de forma expressiva, irá derrubar os castelos de
sonhos e de pesadelos do materialismo, do utilitarismo perverso, que cederão lugar à
fraternidade verdadeira, à solidariedade legítima e ao amor sem fronteiras.
Tremem os alicerces dessas antigas construções que albergam o existencialismo e a
negação de Deus, da alma e da Divina Justiça, estimulando ao gozo e à anarquia dos valores
éticos.
Sopra já uma brisa de esperança sobre os escombros da mentalidade desvairada, que se
desconecta ante as alterações provocadas pelo terremoto espiritual, encarregado de mudar as
estruturas do pensamento anterior e ainda vigente, que tem retardado o crescimento moral da
sociedade.
Esse está sendo o mais notável acontecimento da humanidade, nos tempos hodiernos,
que assinalará época, porque renovará por completo as bases sociais e humanas do
comportamento, abrindo espaço para um mundo novo e feliz.
Esse terremoto espiritual, que decorre da vivência digna da mediunidade, pode ser
considerado como ajustador das placas colossais, que se movem e se chocam nas camadas
profundas do inconsciente do ser, que se libertará dos vulcões do desespero, permitindo que
surjam em toda parte as planícies da paz imorredoura, sob o canto sublime das vozes dos
imortais.
Enquanto o ingente esforço de cientistas e tecnólogos, de estudiosos e trabalhadores
cuida da beleza e comodidade externa da Terra, as paixões dissolventes oxidam os sentimentos,
como ferrugem corrosiva emperrando equipamentos importantes.
Leopoldo Machado – Luzes do Alvorecer – Cap. 23 – Terremoto Espiritual
Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 01/06/1998 no Centro Espírita
Caminho da Redenção, em Salvador - BA. (Jornal Mundo Espírita de Agosto de 1998).
70
3.2 Esclarecimentos Espirituais sobres Catástrofes/Tragédias
***
Marco Aurélio reinava, piedoso, e, embora não houvesse lavrado qualquer escrito em
prejuízo maior dos cristãos, permitira se aplicassem na cidade, com o máximo rigor, todas as
leis existentes contra eles.
A matança, por isso, perdurava, terrível.
Ninguém examinava necessidade ou condições. Mulheres e crianças, velhos e doentes,
tanto quanto homens válidos e personalidades prestigiosas, que se declarassem fiéis
ao Nazareno, eram detidos, torturados e eliminados sumariamente.
Através do espesso casario, a montante da confluência do Ródano e do Saône,
multiplicavam-se prisões, e no sopé da encosta, mais tarde conhecida por colina de Fourvière,
improvisara-se grande circo, levantando-se altas paliçadas em torno de enorme arena.
As pessoas representativas do mundo lionês eram sacrificadas no lar ou barbaramente
espancadas no campo, enviando-se os desfavorecidos da fortuna, inclusive grande massa de
escravos, ao regozijo público.
As feras pareciam entorpecidas, após massacrarem milhares de vítimas, nas
mandíbulas sanguissedentas. Em razão disso, inventavam-se tormentos novos.
Verdugos inconscientes ideavam estranhos suplícios.
Senhoras cultas e meninas ingênuas eram desrespeitadas antes que lhes decepassem a
cabeça, anciães indefesos viam-se chicoteados até a morte. Meninos apartados do reduto
familiar eram vendidos a mercadores em trânsito, para servirem de alimárias domésticas em
províncias distantes, e nobres senhores tombavam assassinados nas próprias vinhas.
Mais de vinte mil pessoas já haviam sido mortas.
***
71
Naquela noite, a que acima nos referimos, anunciou-se para o dia seguinte a chegada
de Lúcio Galo, famoso cabo de guerra, que desfrutava atenções especiais do Imperador por se
haver distinguido contra a usurpação do general Avídio Cássio, e que se inclinava agora a
merecido repouso.
Imaginaram-se, para logo, comemorações a caráter.
Por esse motivo, enquanto lá fora se acotovelavam gladiadores e jograis, o
patrício Álcio Plancus, que se dizia descendente do fundador da cidade, presidia a reunião, a
pedido do Propretor, programando os festejos.
- Além das saudações, diante dos carros que chegarão de Viena - dizia, algo tocado pelo
vinho abundante -, é preciso que o circo nos dê alguma cena de exceção... O
lutador Setímio poderia arregimentar os melhores homens; contudo, não bastaria renovar o
quadro de atletas...
- A equipe de dançarinas nunca esteve melhor - aventou Caio Marcelino, antigo
legionário da Bretanha que se enriquecera no saque.
- Sim, sim... - concordou Ácio - instruiremos Musônia para que os bailados
permaneçam à altura...
- Providenciaremos um encontro de Auroques - lembrou Pérsio Níger.
- Auroques! Auroques! ... - Clamou a turba em aprovação.
- Excelente lembrança! - Falou Plancus em voz mais alta - mas, em consideração ao
visitante, é imperioso acrescentar alguma novidade que Roma não conheça...
Um grito horrível nasceu da assembleia:
- Cristãos às feras! Cristãos às feras!
Asserenado o vozerio, tornou o chefe do conselho:
- Isso não constitui novidade! E há circunstâncias desfavoráveis. Os leões recém-
chegados da África estão preguiçosos...
Sorriu com malícia e chasqueou:
- Claro que surpreenderam, nos últimos dias, tentações e viandas que o próprio
Lúculo jamais encontrou no conforto de sua casa...
Depois das gargalhadas gerais, Álcio continuou, irônico:
- Ouvi, porém, alguns companheiros, ainda hoje, e apresentaremos um plano que espero
resulte certo. Poderíamos reunir, nesta noite, aproximadamente mil crianças e mulheres cristãs,
guardando-as nos cárceres...
E, amanhã, coroando as homenagens, ajuntá-las-emos na arena, molhada de resinas e
devidamente cercada de farpas embebidas em óleo, deixando apenas passagem estreita para a
liberação das mais fortes.
72
Depois de mostradas festivamente em público, incendiaremos toda a área, deitando
sobre elas os velhos cavalos que já não sirvam aos nossos jogos.... Realmente, as chamas e as
patas dos animais formarão muitos lances inéditos...
- Muito bem! Muito bem! - rugiu a multidão, de ponta a ponta do átrio.
- Urge o tempo - gritou Plancus - e precisamos do concurso de todos.... Não possuímos
guardas suficientes...
E erguendo ainda mais o tom de voz:
- Levante a mão direita quem esteja disposto a cooperar.
Centenas de circunstantes, incluindo mulheres robustas, mostraram destra ao alto,
aplaudindo em delírio.
Encorajado pelo entusiasmo geral, e desejando distribuir a tarefa com todos os
voluntários, o dirigente da noite enunciou, sarcástico e inflexível:
- Cada um de nós traga um.... Essas pragas jazem escondidas por toda a parte... Caça-
las e exterminá-las é o serviço da hora...
Durante a noite inteira, mais de mil pessoas, ávidas de crueldade, vasculharam
residências humildes e, no dia subsequente, ao Sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e
criancinhas, em gritos e lágrimas, no fim de soberbo espetáculo, encontraram a morte,
queimadas nas chamas alteadas ao sopro do vento, ou despedaçadas pelos cavalos em correria.
***
73
3.2.2 Queda do Avião Australiano
3.2.2.1 Resgates Coletivos – André Luiz
(...)
Entendíamo-nos com Silas, acerca de variados problemas, quando expressivo
chamamento de Druso nos reuniu ao diretor da casa, em seu gabinete particular de serviço.
O chefe da Mansão foi breve e claro. Apelo urgente da Terra pedia auxílio para as
vítimas de um desastre aviatório.
Sem alongar-se em minúcias, informou que a solicitação se repetiria, dentro de alguns
instantes, e conviria esperar a fim de examinarmos o assunto com a eficiência precisa.
Com efeito, mal terminara o apontamento e sinais algo semelhantes aos do telégrafo de
Morse se fizeram notados em curioso aparelho. Druso ligou tomada próxima e vimos um
pequeno televisor em ação, sob vigorosa lente, projetando imagens movimentadas em tela
próxima, cuidadosamente encaixada na parede, a pequena distância.
Qual se acompanhássemos curta notícia em cinema sonoro, contemplamos,
surpreendidos, a paisagem terrestre.
Sob a crista de serra alcantilada e selvagem, destroços de grande aeronave guardavam
consigo as vítimas do acidente.
Adivinhava-se que o piloto, certamente enganado pelo traiçoeiro oceano de espessa
bruma, não pudera evitar o choque com os picos graníticos que se salientavam na montanha,
silenciosos e implacáveis, à maneira de medonhos torreões de fortaleza agressiva.
Em pleno quadro inquietante, um ancião desencarnado, de semblante nobre e digno,
formulava requerimento comovedor, rogando à Mansão a remessa de equipe adestrada para a
remoção de seis das catorze entidades desencarnadas no doloroso sinistro.
Enquanto Druso e Silas combinavam medidas para a tarefa assistencial, Hilário e eu
olhávamos, espantados, o espetáculo inédito para nós ambos.
A cena aflitiva parecia desenrolar-se ali mesmo. Oito dos desencarnados no acidente
jaziam em posição de chague, algemados aos corpos, mutilados ou não; quatro gemiam,
jungidos aos próprios restos, e dois deles, não obstante ainda enfaixados às formas rígidas,
gritavam desesperados, em crises de inconsciência.
Contudo, amigos espirituais, abnegados e valorosos, velavam ali, calmos e atentos.
Figurando-se cascata de luz vertendo do Céu, o auxílio do Alto vinha, solícito, em
abençoada torrente de amor.
74
O quadro patético era tão real à nossa observação, que podíamos ouvir os gemidos
daqueles que despertavam desfalecentes, as preces dos socorristas e as conversações dos
enfermeiros que concertavam providências à pressa...
De alma confrangida, vimos desaparecer a notícia televisada, enquanto Silas cumpria as
ordens do comandante da instituição com admirável eficiência.
Em poucos instantes, diversos operários da casa puseram-se em marcha, na direção do
local minuciosamente descrito.
Voltando ao gabinete em que lhe aguardávamos o retorno, Silas ainda se entendeu com
o orientador, por alguns minutos, com respeito ao serviço em foco.
Foi então que Hilário e eu indagamos se não nos seria possível a participação na obra
assistencial que se processava, no que Druso, paternalmente, não concordou, explicando que o
trabalho era de natureza especialíssima, requisitando colaboradores rigorosamente treinados.
Cientes de que o generoso mentor poderia dispensar-nos mais tempo, aproveitamos o
ensejo para versar a questão das provas coletivas.
Hilário abriu campo livre ao debate, perguntando, respeitoso, por que motivo era rogado
o auxílio para a remoção de seis dos desencarnados, quando as vítimas eram catorze.
Druso, no entanto, replicou em tom sereno e firme:
– O socorro no avião sinistrado é distribuído indistintamente, contudo, não podemos
esquecer que se o desastre é o mesmo para todos os que tombaram, a morte é diferente para
cada um.
No momento serão retirados da carne tão-somente aqueles cuja vida interior lhes
outorga a imediata liberação. Quanto aos outros, cuja situação presente não lhes favorece o
afastamento rápido da armadura física, permanecerão ligados, por mais tempo, aos despojos
que lhes dizem respeito.
– Quantos dias? – Clamou meu colega, incapaz de conter a emoção de que se via
possuído.
– Depende do grau de animalização dos fluidos que lhes retêm o Espírito à atividade
corpórea – respondeu-nos o mentor. –
Alguns serão detidos por algumas horas, outros, talvez, por longos dias.... Quem sabe?
Corpo inerte nem sempre significa libertação da alma.
O gênero de vida que alimentamos no estágio físico dita as verdadeiras condições de
nossa morte.
75
Quanto mais chafurdamos o ser nas correntes de baixas ilusões, mais tempo gastamos
para esgotar as energias vitais que nos aprisionam à matéria pesada e primitiva de que se nos
constitui a instrumentação fisiológica, demorando-nos nas criações mentais inferiores a que nos
ajustamos, nelas encontrando combustível para dilatados enganos nas sombras do campo
carnal, propriamente considerado.
E quanto mais nos submetamos às disciplinas do espírito, que nos aconselham equilíbrio
e sublimação, mais amplas facilidades conquistaremos para a exoneração da carne em quaisquer
emergências de que não possamos fugir por força dos débitos contraídos perante a Lei.
Assim é que “morte física” não é o mesmo que “emancipação espiritual”.
– Isso, no entanto – considerei –, não quer dizer que os demais companheiros
acidentados estarão sem assistência, embora coagidos a temporária detenção nos próprios
restos.
– De modo algum – ajuntou o amigo generoso –, ninguém vive desamparado. O amor
infinito de Deus abrange o Universo.
Os irmãos que se demoram enredados em mais baixo teor de experiência física
compreenderão, gradativamente, o socorro que se mostram capazes de receber.
– Todavia – reparou Hilário –, não serão atraídos por criaturas desencarnadas, de
inteligência perversa, já que não podem ser resguardados de imediato?
Druso estampou significativa expressão facial e ponderou:
– Sim, na hipótese de serem surdos ao bem, é possível se rendam às sugestões do mal,
a fim de que, pelos tormentos do mal, se voltem para o bem. No assunto, entretanto, é preciso
considerar que a tentação é sempre uma sombra a atormentar-nos a vida, de dentro para fora. A
junção de nossas almas com os poderes infernais verifica-se em relação com o inferno que já
trazemos dentro de nós.
(...)
– Imaginemos que fossem analisar as origens da provação a que se acolheram os
acidentados de hoje.... Surpreenderiam, decerto,
Delinquentes que, em outras épocas, atiraram irmãos indefesos do cimo de torres
altíssimas, para que seus corpos se espatifassem no chão;
Companheiros que, em outro tempo, cometeram hediondos crimes sobre o dorso do mar,
pondo a pique existências preciosas;
Suicidas que se despenharam de arrojados edifícios ou de picos agrestes, em supremo
atestado de rebeldia, perante a Lei, os quais, por enquanto, somente encontraram recurso em
tão angustioso episódio para transformarem a própria situação.
76
Quantos milhares de irmãos encarnados possuímos nós, em cujas contas com os
Tribunais Divinos figuram débitos desse jaca?
Entretanto, não desconhecemos que nós, consciências endividadas, podemos melhorar
nossos créditos, todos os dias. Quantos romeiros terrenos, em cujos mapas de viagem constam
surpresas terríveis, são amparados devidamente para que a morte forçada não lhes assalte o
corpo, em razão dos atos louváveis a que se afeiçoam! ...
Quantas intercessões da prece ardente conquistam moratórias oportunas para pessoas
cujo passo já resvala no cairel do sepulcro?!... Quantos deveres sacrificiais granjeiam, para a
alma que os aceita de boamente, preciosas vantagens na Vida Superior, onde providências se
improvisam para que se lhes amenizem os rigores da provação necessária?!
Bem sabemos que, se uma onda sonora encontra outra, de tal modo que as “cristas” de
uma ocorram nos mesmos pontos dos “vales” da outra, esse meio, em consequência aí não
vibra, tendo-se como resultado o silêncio.
Assim é que, gerando novas causas com o bem, praticado hoje, podemos interferir nas
causas do mal, praticado ontem, neutralizando-as e reconquistando, com isso, o nosso
equilíbrio.
Desse modo, creio mais justo incentivarmos o serviço do bem, através de todos os
recursos ao nosso alcance. A caridade e o estudo nobre, a fé e o bom ânimo, o otimismo e o
trabalho, a arte e a meditação construtiva constituem temas renovadores, cujo mérito não será
lícito esquecer, na reabilitação de nossas ideias e, consequentemente, de nossos destinos.
André Luiz – Ação e Reação – Cap. 18 – Resgates Coletivos
77
3.2.3 Incêndio do Joelma
3.2.3.1 Calamidades Salvadoras – Editorial – Revista Reformador
78
Porque mil vezes mais sinistras são aquelas ocasionadas pela cegueira e pela inópia
moral dos homens, como as guerras desencadeadas pelo egoísmo e pelas paixões coletivas, pelo
patriotismo inumano que conduz nações inteiras a se digladiarem e exterminarem, e que ainda
faz que os patriotas estufem o peito de orgulho, por dizimarem o inimigo, arrasando suas
cidades, ou por morrerem heroicamente...
Deplorável, neste particular, o espetáculo que ainda oferece o mundo nos dias
presentes. Ignorante ou alienada das coisas do espírito, da realidade de si mesma, a humanidade
continua a movimentar o carrossel do círculo vicioso e carreando, para si mesma, os ônus das
dores repetitivas, inteiramente desatenta, para sua própria infelicidade, à profunda advertência
do Mestre Divino, quando disse: “O escândalo é necessário, mas ai daquele por quem vier o
escândalo! ”
Há, contudo, que se refazer dos golpes dolorosos. Os desígnios do Pai Celestial são
sempre magnânimos e impregnados de misericórdia, que começa por balsamizar as angústias
daqueles que são atingidos pela severidade da lei.
Misericórdia que impele a todos, igualmente, nas linhas da evolução infinita, à conquista
das galas da intelectualidade iluminada e do sentimento sublimado, quando então, sabendo
senhorear todas as forças da Natureza e sendo os manobreiros dos próprios destinos, estarão
livres das inferioridades e liberados, em definitivo, de suas funestas consequências.
Editorial do Reformador - 1974 – Março – Calamidades Salvadoras
79
3.2.3.2 Incêndio do Edifício Joelma – Francisco Cândido Xavier
Tão logo nos chegou pelo rádio a notícia do incêndio do Edifício Joelma, em São
Paulo, reunimo-nos em prece, quatro amigos, solicitando auxílio dos Benfeitores Espirituais
para as vítimas do aflitivo acidente.
O nosso Emmanuel atendeu-nos e escreveu a prece que lhe envio. É uma oração sem
título, simplesmente oração.
Tenho a certeza de que, se houvesse título, ele seria escrito com as nossas próprias
lágrimas.
Até hoje, sob a forte impressão do incêndio do Edifício Andraus que acompanhamos
pessoalmente em fevereiro de 1972, o triste acontecimento nos dói profundamente no
coração. Por isso, na ideia de que a prece do nosso benfeitor Emmanuel (1) possa confortar
algum coração amigo, mais diretamente atingido pela dolorosa provação coletiva que a todos
nos fere, enviamo-la à sua atenção. Deus nos fortaleça e abençoe a todos.
Francisco Cândido Xavier – Diálogo dos Vivos – Cap. 25
(1) Recebida em reunião íntima realizada no dia 1° de fevereiro de 1974, data em que
ocorreu o incêndio no Edifício Joelma. (N.E.)
80
3.2.3.3 Senhor Jesus! – Emmanuel
Auxilia-nos, perante os companheiros impelidos à desencarnação violenta, por força
das provas redentoras.
Sabemos que nós mesmos, antes do berço terrestre, suplicamos das Leis Divinas as
medidas que nos atendam às exigências do refazimento espiritual. Entretanto, Senhor, tão
encharcados de lágrimas se nos revelam, por vezes, os caminhos do mundo, que nada mais
conseguimos realizar, nesses instantes, senão pedir-te socorro para atravessá-los de ânimo
firme.
Resguarda em tua assistência compassiva todos os nossos irmãos surpreendidos pela
morte em plena floração de trabalho e de esperança e acende-lhes nos corações, aturdidos de
espanto e retalhados de sofrimento, a luz divina da imortalidade oculta neles próprios, a fim
de que a mente se lhes distancie do quadro de agonia ou desespero, transferindo-se para a
visão da vida imperecível.
Não ignoramos que colocas o lenitivo da misericórdia sobre todos os processos da
justiça, mas tocados pela dor dos corações que ficam na Terra – tantos deles tateando a lousa
ou investigando o silêncio, entre o pranto e o vazio –, aqui estamos a rogar-te alívio e proteção
para cada um! …
Dá-lhes a saber, em qualquer recanto de fé ou pensamento a que se acolham, que é
preciso nos levantemos de nossas próprias inquietações e perplexidades, a cada dia, para
continuar e recomeçar, sustentar e valorizar as lutas de nossa evolução e aperfeiçoamento, no
uso da Vida Maior que a todos nos aguarda, nos planos da União Sem Adeus.
E, enquanto o buril da provação esculpe na pedra de nossas dificuldades, conquanto
as nossas lágrimas, novas formas de equilíbrio e rearmonização, embelezamento e progresso,
engrandece em teu amor aqueles que entrelaçam providências no amparo aos companheiros
ilhados na angústia.
Agradecemos ainda a compreensão e a bondade que nos concedes em todos os irmãos
nossos que estendem os braços, cooperando na extinção das chamas da morte; que oferecem
o próprio sangue aos que desfalecem de exaustão; que umedecem com o bálsamo do leite e
da água pura os lábios e as gargantas ressequidas que emergem de tumulto de cinza e sombra;
que socorrem os feridos e mutilados para que se restaurem; e os que pronunciam palavras de
entendimento e paz, amor e esperança, extinguindo a violência no nascedouro!…
Senhor Jesus! …
Confiamos em ti e, ao entregarmo-nos em Tuas mãos, ensina-nos a reconhecer que
fazes o melhor ou permites se faça constantemente o melhor em nós e por nós, hoje e sempre.
Emmanuel – Diálogo dos Vivos – Cap. 25 – Senhor Jesus!
81
3.2.3.4 O Enigma Insolúvel – Herculano Pires
82
3.2.3.5 O Ponto Central – Francisco Cândido Xavier
83
3.2.3.6 Luz nas chamas – Cyro Costa
84
3.2.3.7 Resgates a Longo Prazo – Herculano Pires
Para as pessoas que ainda não aceitam o princípio da reencarnação, a revelação parece
absurda, simplesmente imaginária. Mas quem conhece realmente o problema não terá dúvidas
a respeito. O poeta Cyro Costa, autor do livro Terra Prometida (José Olímpio Editora, 1938)
foi um dos homens exponenciais de São Paulo nos idos de 30. Foi ele, já desencarnado, quem
encerrou o primeiro “Pinga Fogo” de Chico Xavier, no Canal 4, a 28 de julho de 1971, com
o soneto intitulado “Segundo Milênio”.
Por que razão Cyro Costa teria revelado a causa longínqua da morte das vítimas do
incêndio? Certamente para consolar os familiares aflitos que não viam motivo para esse fim
cruel. Muitos desses familiares são espíritas ou aceitam os princípios doutrinários, como
vemos pela presença de alguns na reunião de Chico Xavier. Além desse motivo caridoso há
o interesse de confirmar o princípio da reencarnação diante de uma ocorrência que sem ele
não seria explicável.
Em termos de consolação para os que ficaram, o final do soneto é de suma importância,
pois informa que as vítimas da Terra foram recebidas no Além como vitoriosas.
A convicção espírita, firmada em fatos reais e nas intuições profundas da alma, recebe
com alegria informações espirituais dessa natureza, quando dadas por espíritos plenamente
identificados e de comprovada elevação.
Mesmo entre os espíritas, alguns poderão perguntar por que motivo dívidas tão
remotas só agora foram pagas. As Cruzadas se verificaram entre princípios do Século XI e
final do Século XIII. É que a Lógica Divina é superior à lógica humana. Débitos pesados
esmagariam o espírito endividado, sob cobrança imediata. Convém dar tempo ao tempo para
que os resgates se façam de maneira proveitosa. Os Espíritos devem evoluir o suficiente para
que suas próprias consciências os levem a aceitar o resgate e a pedi-lo, reconhecendo a medida
como necessária para continuidade de sua evolução. Entrementes, nas encarnações
sucessivas, partes do débito vão sendo pagas, aliviando o devedor. Por isso Cyro Costa alude
a “resquícios de culpa” e não à culpabilidade total.
Também por isso as vítimas foram recebidas de maneira gloriosa, pois agora
comparecem na Espiritualidade como heróis da evolução, espíritos que se propuseram a
passar na Terra pelo que infligiram a outros no passado. Não foram submetidos
compulsoriamente ao sacrifício, mas entregaram-se a ele de maneira espontânea, no exercício
voluntário do seu livre arbítrio. Essa a sua glória. E o consolo para os que ficaram é evidente.
85
Seus entes queridos não foram vítimas ocasionais de um golpe nefando do destino ou
da fatalidade. Nada disso. Sacrificaram-se num momento terrível, mas passageiro, para
assegurar-se a felicidade no mundo espiritual e reencarnações felizes no futuro.
Sem as provas positivas que o Espiritismo oferece aos que o estudam e praticam, é
difícil ao homem compreender o problema. Mas há mais de um século a revelação espírita
vem beneficiando milhares de criaturas, hoje perfeitamente aptas a compreender esse
processo.
Quanto às Cruzadas, convém lembrar que suas guerras foram das mais desumanas,
marcadas por massacres e incêndios. Historiadores de insuspeita autoridade, como Brentano,
Langlois, Michaud, relatam cenas de canibalismo, massacres de crianças, horrores de toda
espécie praticados em nome da fé cristã.
Na queda de Jerusalém, segundo Brentano, em 1099, os judeus da cidade foram
reunidos na sinagoga e queimados vivos. Correndo a notícia de que os mouros haviam
engolido objetos de ouro, para escondê-los, milhares deles tiveram o ventre aberto e suas
vísceras remexidas pelos cruzados, ainda quentes.
O fogo era largamente usado. Mouros e judeus eram levados aos edifícios mais altos
e obrigados a saltar para se espatifarem no solo. Encurralavam-se prisioneiros em prédios
altos, que eram incendiados para que eles morressem nas chamas. Como vemos, crimes tão
hediondos só poderiam provocar resgates a longo prazo.
J. Herculano Pires – Diálogo dos Vivos – Cap. 26 – Resgates a Longo Prazo
86
3.2.3.8 Os Poetas e o Incêndio – Francisco Cândido Xavier
Os poetas Cyro Costa e Cornélio Pires manifestaram-se pela psicografia, como já
dissemos anteriormente, oferecendo-nos visão nova do terrível acidente.
Ambos os poetas trouxeram-nos grande conforto. Nossa troca de impressões sobre o
acontecimento doloroso, antes da manifestação dos poetas, revelava o grande abalo que todos
sofrêramos.
Concordamos todos em colocar os sonetos em suas mãos, na ideia de que possam
consolar outros irmãos, cujos sentimentos estejam mais diretamente ligados à provação que
nos atingiu a todos.
***
NOTA – O soneto de Cyro Costa, que revela os motivos cármicos de tantas mortes no
incêndio, está publicado no capítulo anterior.
Neste capítulo reproduzimos o de Cornélio Pires, o poeta de Tietê, de saudosa
memória, que nos dá uma dupla visão da dolorosa ocorrência.
Francisco Cândido Xavier – Diálogo dos Vivos – Cap. 27
3.2.3.9 Incêndio em São Paulo – Cornélio Pires
87
3.2.3.10 Almas Libertas – Herculano Pires
88
3.2.3.11 O incêndio do Joelma - Caio Ramacciotti
89
Sem possibilidades de descer, muitos subiram até o topo do Edifício, na idéia de que se
repetiria o mesmo processo de salvamento do Andrauss em que dezenas de pessoas foram salvas
pelos helicópteros.
Não sabiam, e não adiantava saber, que o Joelma não tinha heliporto. Na cobertura, os
muitos que lá chegaram, começaram a correr, como um bando desorientado, fugindo para cá e
para lá das lâminas de chamas aterradoras e dos rolos de fumaça que a todos intoxicava.
O oxigênio, rarefeito pela combustão, atraído pelo sorvedouro do fogo, como que
acabava, toda vez que as chamas mais ousadas varriam os cimos do Joelma, retornando
escassamente quando as chamas recuavam, para com parcimônia ser sorvido a longos haustos
pela multidão em desespero.
No interior do prédio o panorama não era mais alentador, posto que a fumaça penetrava
onde não chegava o fogo, asfixiando a muitos. As laterais do Edifício foram as mais poupadas,
ali concentrando-se a maior parte das pessoas que foram recolhidas com vida.
No desespero de salvar-se, na confusão generalizada corpos eram pisados ou, quais
tochas vivas, impiedosamente carbonizados: alguns não poucos, no paroxismo da dor e do
desespero, pularam para estatelar-se perto do povo que assustado, acompanhava a tragédia,
entre atônito e inerme.
O heroísmo estava presente: mais uma vez páginas de coragem indômita foram escritas:
a generosidade irmanou muitos naquelas poucas horas e espíritos valorosos deixaram seus
corpos para alçar vôos maiores, já sem os helicópteros que os não puderam salvar, mas, com o
apoio, talvez, de aparelhos outros, invisíveis para nós, que levavam as vítimas fatais para
regiões diferentes...
Caio Ramacciotti – Somos Seis – Introdução
90
3.2.3.12 Mãezinha, estou bem - Volquimar Carvalho dos Santos
Querida mãezinha, meu querido Álvaro (1). Primeiro a bênção que peço a Deus em
nosso auxílio e a bênção que rogo à querida mamãe para que as forças não faltem, agora que
tomo o lápis com o auxílio de meu avô (2) para escrever.
Não sei explicar a emoção que me controla todos os pensamentos. É como se voltasse
todo o quadro de meses antes à memória.
Tudo me sensibiliza em excesso, tudo me faz recuar para rever o que devo contemplar
em mim própria com serenidade. E parece um sonho, mamãe, estarmos juntas, através das letras
no entendimento desejado.
Não mais o cartão do alfabeto (3) em que os movimentos vagarosos demais nos
impedem a idéia de correr como desejamos.
Aqui, é alma para alma nas palavras que anseio impregnar de amor sem conseguir. Peço-
lhe não chorem mais o que ficou para trás no tempo, por expressão das Leis Divinas em forma
de sofrimento.
Embora isto, sei que a senhora e os nossos pedem notícias.
Como foi o inesperado? Muito difícil a revisão. Tudo aconteceu de repente, como se
devêssemos todos naquela manhã obedecer, de um modo só, a ordem que vinha do mais Alto,
a fim de que a gente trocasse de vida e corpo.
Quando recebi o impacto da notícia do fogo, o tumulto fora da sala não era pequeno. O
propósito de fazer com que o trabalho rendesse, habitualmente, nos isolava dos ruídos
exteriores. E o tempo de preservação possível havia passado.
Atendi automaticamente ao impulso que nascia nos outros companheiros – descer à
pressa. E fizemos isso.
Elevadores não mais podiam aguardar-nos. A força elétrica sofrera a queda
compreensível.
Esforcei-me por atingir algum meio para a descida, mas isso se fazia impraticável. Com
alguns poucos que me podiam ouvir, subimos apressadamente para os cimos do prédio.
A esperança nos helicópteros estava em nossa cabeça, mas era muito difícil abraçar
tantos para o regresso à rua com recursos tão poucos.
Entendi tudo e orei. Orei como nunca, lembrando toda a vida num momento só, porque
os minutos de expectativa eram para nós um prolongado instante de expectativa sempre menor.
Tudo atravessei com a prece no coração. E posso dizer a você, mãezinha querida, que
um brando torpor me invadiu, pouco a pouco...
91
O calor era demasiado para que fosse sentido por nós, especialmente por mim com
minudências de registro.
Compreendi que não estávamos à beira de uma libertação para o mundo e sim na
margem da Vida Espiritual que devíamos aceitar com fé em Deus. E aceitei.
Os Amigos Espirituais, destacando-se meu avô Álvaro, comigo durante todo o tempo,
não me deixaram assinalar quaisquer violências, naturais numa ocasião como aquela, da parte
daqueles que nos removiam do caminho em que se acreditavam no rumo da volta que não mais
se verificaria.
Lembrando nossas preces e nossas conversações em casa, procurei esquecer as frases
de desespero que se pronunciavam em torno de mim. Essa atitude de prece e de aceitação me
auxiliou e me colocou em posição de ser socorrida.
Mais tarde com algumas horas de liberação do corpo, é que despertei ao seu lado (4).
Aquele amigo certo que hoje sei nele o meu avô e benfeitor de todos os dias, estava a postos,
reconfortando-me..
Estava em meu próprio leito, refazendo energias, e por ele fui informada de que a ilusão
de estar no corpo, precisava ser esquecida; que o nosso querido Álvaro, auxiliado por ele, me
encontrara a forma física na instituição a que fôramos recolhidos, depois da luta enorme e que
não me cabia agora, senão estar calma e forte para fortalecê-la.
Mas que pode se gabar de ser mais forte que os outros numa ocasião qual naquela em
que nos vimos todos agoniados e alterados sem qualquer possibilidade de opção?
Chorei muito, mas Deus não nos abandona.
Por alguns poucos dias estive quase que constantemente ao seu lado, até dar-lhe a
certeza de que devíamos estar em paz.
Meu avô e outros amigos me ajudaram e prossigo na recuperação necessária.
Os irmãos hospitalizados, os que se refazem dos choques, os que se reconhecem
desfigurados por falta de preparação íntima na reconstituição da própria forma e os que se
acusam doentes, são ainda muitos.
De minha parte, estou melhorando. Agradeço as suas preces e as orações de Volnéia e
de Volnelita, do Álvaro (5) e dos nossos todos, sem esquecer a nossa querida Célia (6) e outras
amigas. Todos os pensamentos de paz que me enviam são preciosos agentes de auxílio em meu
favor.
Quanto posso, querida mamãe, e auxiliada por enquanto e sempre por amigos queridos
daqui, volto ao nosso ambiente familiar. Nossas irmãs e os cunhados José e Wilson sempre
amigos, nosso Álvaro, nossos queridos Flávio e Cristiano (7), com a sua imagem materna em
meu coração, prosseguem comigo, como não podia deixar de ser.
92
Estou satisfeita por haver adquirido um apartamento mais compatível com as nossas
necessidades (8).
Fui eu mesma, com auxílio de meu avô e de outros benfeitores, quem lhe forneceu a
idéia de aproveitarmos a ocasião para a compra.
A senhora, querida mamãe, não precisava hesitar quanto ao assunto (9); você sabia que
o nosso ideal era sempre o de conseguir o dinheiro para uma entrada que aliviasse o futuro.
E não diga mamãe que isso teria implicado na prova que atravessamos. De qualquer
modo a sua filha terminara o tempo aí e, na essência, nós ambas sempre tivemos a certeza de
que a minha existência seria curta na terra desta vez, em que aí estive (10).
O fato de grifar as palavras “desta vez” me consola, pois isso dá a vocês a certeza de
que estou em dia com a bênção da reencarnação, na lembrança do que aprendi.
Meu avô e nossos amigos Augusto e José Roberto estão aqui conosco.
Agradeço as nossas queridas amigas Yolanda e Helena, Acácia e outras irmãs, pelo
incentivo à confiança em Deus que estamos recebendo.
O amor é um milagre permanente. Por ele as afeições se multiplicam e os nossos
corações sempre se escoram em novas esperanças para a vitória na vida.
Querido Álvaro, lembre-me como em nossos retratos felizes.
Não me recorde desfigurada ou em situação difícil na qual você é induzido a lembrar-
me. Querido irmão, atravessamos aquela sombra. Agora, tudo é luz e bênção; seja para a nossa
querida mamãe, o que você sempre foi, um companheiro e uma bênção.
Comemoramos os aniversários de meu avô e meu que vocês marcaram com as nossas
preces (11).
Quero prosseguir escrevendo, mas não consigo.
Mamãe, continue forte e calma na fé. A morte não existe; o que existe é a mudança que,
por vezes, quando imprevista, como foi o nosso caso, não é fácil de suportar.
Abraços aos meus pequenos filhos do coração. Não posso esquecer os sobrinhozinhos.
Nossos amigos Augusto e José Roberto (12), já treinados com o intercâmbio na escrita,
estão me amparando.
Queridas irmãs Yolanda, Helena e Acácia (13), agradeço muito. Querida mamãe, meu
querido Álvaro, irmãos e irmãs do coração, Deus os recompense.
Mamãe, ouça-me dando notícias e recorde aqueles recados: Mãezinha, fique tranquila;
mãezinha, estou bem; mamãe, já cheguei do trabalho; mamãe, chegarei um pouco mais tarde.
E esteja certa, querida mãezinha, de que com o beijo de todos os dias e carinho de todos
os momentos, continua sendo sua, sempre sua, a filha que lhe entrega o próprio coração.
Hoje e sempre a sua
93
Volquimar Carvalho dos Santos – Somos Seis – Cap. 3 (13 julho 1974)
1 - Seu irmão.
2 - Refere-se ao seu avô materno. Álvaro de Carvalho. Suboficial da Marinha de Guerra,
desapareceu com o Cruzador Bahia, em 4 de julho de 1945, torpedeado nos Rochedos São Pedro
e São Paulo, quando retornava ao Brasil, ao fim da 2ª Guerra Mundial.
3 – Método de comunicação utilizado em comunicação anterior.
4 - É a confirmação de que a mãe realmente a viu em espírito, próximo ao Instituto
Médico Legal, de São Paulo.
5 - Irmãos de Volquimar.
6 - Célia Januário Ferreira, amiga de Volquimar, colega de cursinho e dos primeiros
empregos.
7 - Seus sobrinhos, Flávio Henrique dos Santos Foguel e Cristiano dos Santos Augusto,
filhos, respectivamente, das irmãs Volnelita e Volnéia.
8/9 - São daquelas informações pela psicografia do Chico que verdadeiramente nos
desnorteiam.
D. Walkyria havia utilizado o seguro de vida da filha como entrada para a aquisição de
um apartamento; consolando a mãe, pela conveniência da atitude, Vôlqui nos revela episódio
restrito ao ambiente familiar, em evidente prova da exuberância do processo mediúnico
autêntico. Sem ter qualquer idéia ou informação a respeito, como pôde, senão mediunicamente,
Chico Xavier transmitir com tanta riqueza de dados este episódio revelado pela Volquimar??
10 - Volquimar guardava secreta intuição de que seus dias na Terra estavam contados,
dando a entender à mãe, suas intuições, por diversas vezes.
11 - Referência ao seu aniversário de nascimento e à data de falecimento do avô, a 1° e
a 4 de julho, respectivamente. A comemoração de que fala Volquimar na mensagem diz respeito
à reunião familiar nesses dias em que a filha desencarnada se comunicou pelo cartão do
alfabeto.
12 - Augusto é coautor deste livro, assim como José Roberto Pereira da Silva, filho de
Nery Pereira da Silva e Lucy Ianez Silva, faleceu a 8 de junho de 1972, no acidente com o trem
que levava estudantes para Mogi das Cruzes. Contava, então, 18 anos.
13 - Yolanda mãe do Augusto. D. Helena Leal do Canto acompanhava a mãe de
Volquimar, quando da recepção desta mensagem.
94
Volquimar Carvalho dos Santos
Guaratinguetá - 1° de julho de 1952
São Paulo - 1° de fevereiro de 1974
Filha de Geraldo Avelino dos Santos e Walkyria Carvalho dos Santos
Irmãos:
- Volnelita dos Santos Foguel, casada com Wilson Foguel, residentes em Araras-SP
- Volnéia dos Santos Augusto, casada com José Augusto, residentes em São Paulo -
Capital
- Álvaro Avelino Carvalho dos Santos.
95
3.2.3.13 Renasci das Chamas - Wilson William Garcia
96
Por que o exclusivismo, não é Mamãe? Quando devemos entender as necessidades que
ficam na Terra?
Por que prender os corações amados, acorrentando-os a nós, quando o amor é a
felicidade que podemos distribuir em seu nome?
Amor é paz que se dá para receber, luz que se acende em alguém, para que a luz desse
alguém nos clareie os caminhos.
Deixei Maria Cristina por menina que precisa de proteção para reconstruir as próprias
tarefas.
Precisamos auxiliá-la a reencontrar-se, realizar-se. Diga para ela, Mãezinha, que foi bom
para nós não havermos encomendado o bebê com que sonhávamos...
A promoção que esperávamos em meu trabalho para isso era importante demais para
que marcássemos a existência com esse compromisso.
Não peço a ela para esquecer-me, porque isso eu também não posso fazer, mas que nossa
querida Cristina se lembre de que a compreensão mora conosco e, pela compreensão, devemos
contar com as renovações com que Deus, por Seus Mensageiros, nos queira favorecer. O que
ela escolher escolhi; o que ela desejar, também desejo para ela, desde que nisso ela se faça feliz.
Os caminhos dela serão os nossos, porque a leguei à nossa casa; ela é sua filha,
Mãezinha, filha de meu pai também e nós todos estaremos com ela em todas as circunstâncias.
Meu avô Ângelo (1) e meu amigo o tio Ernesto Arbulu (2) me informaram que ela
procurou viajar para refazer energias (3), a pedido deles mesmos, a fim de que melhorássemos,
mas sei que ela não se sente feliz fora de nossos horizontes.
Mamãe, rogue a ela e ao nosso caro Armandinho (4) para não se rebelarem e não
esmorecerem na fé.
A oração é um fio de intercâmbio entre nós, ante a Providência Divina.
Aqui, vejo que a religião é uma lâmpada que brilha em qualquer lugar. As interpretações
são apenas cores sobre o foco, imprimindo maneiras e reflexos diferentes da chama que é única.
Seja qual for a manifestação de fé em que os nossos procurem viver, essa fé será sempre
benéfica, embora deva considerar de minha parte que, neste mundo novo em que me vejo,
trazem grande bem ao coração os textos que nos ensinem a necessidade de bem e de
conhecimentos maiores, em nosso próprio auxílio. Mas, não tenho autoridade para tocar nisso;
apenas anseio ver a paz em nossos familiares queridos, a paz que surge da certeza de que a vida
não termina com a morte.
E por falar em morte, os quadros do incêndio já estão longe.
Passaram. O nosso admirável Joelma para nós agora funcionou como um templo em que
nos transformamos para as Leis de Deus. Não creiam que o sofrimento para mim fosse muito.
97
A princípio, o tumulto, o desejo natural de escapar à provação, a luta pela sobrevivência
sem agressões (5) à frente dos companheiros e colegas que experimentavam como nós o
desequilíbrio nos conflitos inesperados...
Depois, foi a tosse, o cérebro toldado, como se houvesse sorvido uma bebida forte
e, em seguida, um sono com pesadelos (6)...
Os pesadelos das telas em derredor que vocês podem imaginar como tenham sido...
Posso dizer a você, Mamãe, que pensávamos em helicópteros que nos retirassem das
partes altas do edifício e com espanto, quando acordei ainda estremunhado, fui transportado
para um aparelho semelhante, junto de outros amigos.
Era assim tão perfeita a situação do salvamento que fui alojado num hospital, como se
estivéssemos num hospital da cidade para recuperação, antes do regresso à nossa casa.
Mantive essa expectativa até que meu avô Ângelo me fizesse recordar os tempos de
criança e, logo que me vi novamente menino na memória, compreendi que ele era o meu avô
na Vida Espiritual e que estávamos juntos. O hospital não era mais daqueles que conhecemos
no mundo.
Meu avô e o meu tio, nosso irmão José Garcia (7), me apresentaram aos benfeitores que
nos acolhiam.
Tantas surpresas tive ao abraçar antigos mestres do São Bento (8) que chorei muito, sem
saber se eu estava alegre ou triste, renovado ou vencido, como se algum pesadelo ou sonho feliz
daquela hora fosse repentinamente materializado para meus olhos.
Um benfeitor dos meus benfeitores, preciso nomear – nosso amparo na Terra e aqui
mesmo: Dom Lourenço Zeller.
Os que acreditam aí no mundo que a morte seja uma cortina de sombra e esquecimento,
saibam que das cinzas do mundo surgem os nossos agradecimentos e os grandes benfeitores
delas renascem para ajudar aos que caminham em passos vacilantes para as verdades maiores.
Os que sofreram nos claustros, os que desapareceram em louvor da fé, os que
trabalharam para socorrer as criaturas que lutam na Terra, os que amaram um ideal superior,
em nome de Deus, são aqui mais vivos.
Todos vivemos, porque todos somos filhos de Deus e espíritos imortais; no entanto, os
que se doaram pelos outros, os que se trocaram pela felicidade e pela paz dos seus semelhantes,
aqui encontram mais vida, somando vida e amor a si mesmos, na medida do amor e da vida que
distribuíram com os outros.
Isso me vem à lembrança porque os amados professores do nosso colégio não estão
mortos.
98
Mãe, querida Mamãezinha, agora despede seu filho em paz, e lembre-me aos nossos. A
todos, muito carinho e muito amor.
Não posso escrever mais. À Maria Cristina e ao nosso Armandinho, o meu abraço de
imensa confiança.
Ao papai, a certeza de que prosseguimos juntos. Não tenham receio pelo amanhã. O
verdadeiro seguro - o seguro que nunca falha – é o trabalho que Deus nos concede. Trabalhando
no bem, tudo teremos de bom.
Querida Mãezinha, agradeço as orações e os pensamentos.
Não chore com aflição que isso dói muito em nós aqui.
Confiemos em Deus.
Receba todo amor e toda gratidão, com as saudades e as esperanças do filho que lhe traz
o espírito agradecido, sempre seu filho e companheiro, carinho de seu carinho e coração de seu
coração.
Wilson William Garcia – Somos Seis – Cap. 8 - 20 dezembro 1975
1 - Avô materno Ângelo Arbulu, muito ligado ao Wilson. Faleceu há 12 anos, em São
Paulo.
2 - Tio Ernesto Arbulu.
3 - Realmente confirmado pela esposa do Wilson que buscou, em viagem para os
Estados Unidos, no ano passado, o esquecimento da dor inseparável.
4 - Irmão do Wilson, assim chamado pelos familiares.
5 - Um companheiro de serviço contou que durante o incêndio o Wilson, tão logo teve
ciência do ocorrido, foi de sala em sala avisar os outros funcionários da secção em que
trabalhava.
6 - Confirma que a morte ocorreu presumivelmente por asfixia, pois que seu corpo
estava praticamente intacto, sem sinais de queimaduras importantes.
7 - Tio paterno, desencarnado há cerca de 30 anos. O Sr. Armando Garcia nos contou
que eram irmãos por parte de pai, sendo, José Garcia, filho do primeiro casamento. Sempre
viveram distantes um do outro, sem maiores aproximações afetivas, desconhecendo mesmo o
pai do Wilson, a data mais aproximada e o local de falecimento do irmão.
8 - Antigos mestres - Wilson cursou o primário no Colégio São Bento, tendo sido aluno
de D. Lourenço Zeller, conforme lembra na mensagem, além de falar genericamente em outros
mestres. O jovem reconhece em D. Lourenço Zeller o devotado benfeitor da Causa do Bem,
99
homenageando-o com formosos conceitos a respeito dos abnegados heróis que passam pela
Terra, distantes de nosso conhecimento maior, escondidos na própria humildade.
100
3.2.4 Queda do Avião Turco
101
3.2.4.2 Culpas – Silva Ramos
102
3.2.4.3 A Escolha do Espírito – Herculano Pires
A revelação do poeta Silva Ramos pode parecer absurda e até mesmo ofensiva para
muitas pessoas. Pereceram na explosão do avião turco, sobre Paris, 345 pessoas. Três brasileiros
estavam nesse número espantoso de vítimas.
Como considerar todas elas criminosas, envolvidas em atos de pirataria?
Convém lembrar que se trata de culpas remotas, de vidas anteriores. Quem pode, na
Terra, examinando suas próprias tendências atuais, considerar que há cinco séculos tenha sido
uma criatura virtuosa, incapaz de ações criminosas?
O Espiritismo ensina que os Espíritos escolhem e pedem as provas por que vêm passar
na Terra. Outra dúvida se levanta, mas já a vemos registrada na questão 266 de O Livro dos
Espíritos.
Kardec perguntou: “Não parece natural que os Espíritos escolham as provas menos
penosas? ” E os Espíritos Superiores responderam: “Para vós, sim, para o Espírito, não. ”
Nossas provas decorrem de nossa consciência. As leis de Deus, inscritas na consciência,
levam o culpado a pedir o seu próprio castigo.
Note-se a perfeição absoluta dessa justiça que não vem de fora, mas se processa de
dentro para fora. O culpado é o seu próprio juiz, o mais severo dos juízes.
Por isso mesmo as provas mais graves não são imediatas. O Espírito do culpado precisa
amadurecer moralmente para sentir o aguilhão da consciência e obedecê-lo. As provas coletivas
reúnem criaturas que nos parecem incapazes de haver cometido atrocidades.
Elas tiveram de atingir esse grau atual de evolução para terem a coragem heroica de
submeter-se às expiações necessárias.
Nessa perspectiva, como vemos, tudo se torna compreensível.
As vítimas de hoje são almas purificadas que se redimem por vontade própria. Não são
mais criminosas, são heroínas da evolução.
Silva Ramos usa o soneto para mostrar, numa síntese poética, o que podemos chamar
de mecânica da prova. As ações do passado dão começo à culpa; os séculos de luz e treva
desenvolvem os Espíritos nas experiências dolorosas; e, por fim, a culpa se apaga na prova
coletiva em que todos se reúnem. As lentas depurações individuais se conjugam, no final, para
o resgate coletivo em que a culpa é liquidada.
Herculano Pires – Diálogos dos Vivos – Cap. 29
103
3.2.5 A Queda do Avião da VARIG
3.2.5.1 O Boeing 707 – Voo Varig 820 – Editorial – Revista Reformador
Não é a popularidade ou o prestígio das pessoas desencarnadas em meio a tragédias
coletivas que deve dar a medida emocional da opinião pública. Entretanto, não se pode negar
que esses dois fatores mundanos emprestam, realmente, maior impacto aos acontecimentos,
tanto festivos quanto funestos.
O desastre, em Paris, com o Boeing 707, embora não represente caso isolado na história
da aviação comercial, atraiu maiores atenções, dada a presença de nomes conhecidos na
política, na música popular e nos círculos destacados da sociedade.
É natural que assim seja, ainda que a desencarnação devesse provocar sempre as mesmas
reações. Afinal, tanto significa, para a modesta e desconhecida família, a partida abrupta do seu
chefe, eventual vendedor anônimo, quanto a de prestigioso político ou a de fascinante
cancioneiro.
Há de se compreender, porém, essa diferenciação do comportamento humano, a qual
não será nem negativa nem condenável. Funções, presenças, popularidade, projetam mais
determinadas figuras e sua partida provoca maior impacto.
A preocupação do Espírita, todavia, deve se situar sempre na faixa ideal do
entendimento, amplo e sensato dos fatos, sem deixar necessariamente de senti-los, é claro, mas
encarando-os com serenidade e confiança. Não há de anestesiar-se dentro de um conformismo
frio e insano, posto quer os elementos imponderáveis e muito pessoas de amizade, admiração e
saudade são a fantasia do super-homem, visando a exibi-la na medida em que se jacta tolamente
do seu ‘espírito forte’, tudo arrostando com ensaiada fleuma e a ‘coragem’ que faltaria aos que
ainda sabem chorar...
A Doutrina Espírita não sobreviveria a essa colocação conformista e egoísta. Por isso,
ela alia aos sentimentos nobres da dor e da amargura sensações balsamizantes do consolo e da
fé.
Explicando o porquê de todos os fatos e indicando com precisão o papel dos que ficam
e o destino dos que partem, a tudo atribui um sentido lógico e racional, descortinando diante de
quem sofre os caminhos da consolação e da esperança.
É natural a intimidade do pranto. É até bom chorar, às vezes. Jesus também chorou.
Sentimos a ausência provisória dos que amamos, como a sentimos quando deles nos afastamos
ao ensejo de qualquer separação menos rotineira.
Inobstante, é preciso compreender que Deus tudo comanda, que nada acontece por
acaso, que cada um recebe de acordo com as suas obras, que a ‘morte’ trágica e violenta é
sempre um meio de resgatar equívocos pretéritos e libertar o Espírito à amplidão dos espaços.
104
A partida coletiva abala e comove; mas naquele avião estavam apenas -e
exclusivamente- criaturas comprometidas num mesmo processo, atraídas de diversos pontos e
aproximadas na precisão e justiça de leis que se sobrepõe às da aerodinâmica.
Todos os passageiros do Boeing 707 deixaram este mundo de lágrimas. O prestígio e a
popularidade de alguns acrescentou ao desastre carga maior de emotividade pública.
Talvez tenha ela contribuído para que o processo de desligamento daqueles Espíritos
haja sido facilitado, tal o feixe de vibrações amorosas lançadas pela perplexidade dos parentes,
amigos e desconhecidos. Importa, contudo, salientar a confiança que em horas tais a ninguém
deve faltar, configurada na certeza de que a ‘morte’ não é o fim e que todos os passageiros e
alguns tripulantes do Boeing 707 estarão à espera dos que ficaram.
Um dia - ainda sujeito ao critério da Lei -, estarão todos juntos novamente. Os que se
abeberaram da Doutrina Espírita, tanto entre os que partiram quanto entre os que ficaram, sabem
perfeitamente disso e disso vivem. Oremos pelos que não o sabem. Precisam de nossas preces.
Bem mais do que nossa amargura ou nosso desespero.
Editorial - Reformador - 1973 – Julho
O voo Varig 820 foi um voo da empresa aérea brasileira Varig que partiu do Aeroporto
Internacional de Galeão, no Rio de Janeiro, Brasil, em 11 de julho de 1973, com destino
a Londres, Inglaterra e uma escala no Aeroporto de Orly, em Paris, França.
O avião, um Boeing 707 prefixo PP-VJZ, realizou um pouso de emergência sobre uma
plantação de cebolas, a cerca de quatro quilômetros do aeroporto francês, devido à fumaça
existente dentro da cabine, provocada por um incêndio iniciado num dos banheiros do fundo
do avião. O incêndio, a fumaça e a aterrissagem forçada resultaram em 123 mortes, com apenas
onze sobreviventes (dez tripulantes e um passageiro).
Data: 11 de julho de 1973
Causa: Perda de controle em voo, causada por incêndio.
Local: Próximo de Orly, França
Origem: Aeroporto Internacional do Galeão, Rio de Janeiro, Brasil
Escala: Aeroporto de Orly, Paris, França
Destino: Aeroporto de Heathrow, Londres, Reino Unido
Passageiros: 117
Tripulantes: 17
Mortos: 123
Feridos: 11
Sobreviventes: 11
105
3.2.6 Choque de Trens em Minas Gerais
O noturno (N-2) que descia da Capital mineira para o Rio chocara-se com um cargueiro
(C-65) que subia a Mantiqueira. O desastre verificara-se no quilômetro 355, entre as Estações
de João Aires e Sítio.
Naquela data, 19 de dezembro de 1938, o "Diário Mercantil" estampava em suas páginas
uma grande manchete: "O maior desastre ferroviário no Brasil, nos últimos tempos",
noticiando, logo depois, que 53 pessoas haviam morrido, enquanto que 60 estavam gravemente
feridas, a maior parte internada em hospitais de Barbacena.
(...) E a Irmã de caridade? Já localizaram o corpo?
106
O cambista continua a explicar, agora com voz a tremer: Durante muitas horas eu e
outras pessoas tentamos localiza-la. Não a encontramos.
Comentei o fato com os passageiros que estavam no mesmo carro. Todos eles afirmaram
com absoluta certeza: Não havia nenhuma irmã de caridade no vagão!...
Kleber Halfeld –- Reformador - 1987 – Abril - Retalhos do Cotidiano
107
3.2.7 Tsunami Asiático – Indonésia
3.2.7.1 A Transição Planetária – Manoel Philomeno de Miranda
O egrégio codificador do Espiritismo, assessorado pelas Vozes do Céu, deteve-se, mais
de uma vez, na análise dos trágicos acontecimentos que sacudiriam a Terra e os seus habitantes,
a fim de despertar os últimos para as responsabilidades para consigo mesmos e em relação à
primeira.
Em O Livro dos Espíritos, no capítulo dedicado à Lei de destruição, o insigne mestre de
Lyon estuda as causas e razões dos desequilíbrios que se dão no planeta com frequência,
ensejando as tragédias coletivas, bem como aquelas produzidas pelo ser humano, e constata que
é necessário que tudo se destrua, a fim de poder renovar-se. A destruição, portanto, é somente
produzida para a transformação molecular da matéria, nunca atingindo o Espírito, que é imortal.
Desse modo, as grandes calamidades de uma ou de outra procedência têm por finalidade
convidar a criatura humana à reflexão em torno da transitoriedade da jornada carnal em relação
à sua imortalidade.
As dores que defluem desses fenômenos denominados como flagelos destruidores,
objetivam fazer a "Humanidade progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma
necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um
degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados
possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os
qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são
frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de
coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos."1
Eis, portanto, o que vem ocorrendo nos dias atuais.
As dores atingem patamares quase insuportáveis e a loucura que toma conta dos arraiais
terrestres tem caráter pandêmico, ao lado dos transtornos depressivos, da drogadição, do sexo
desvairado, das fugas psicológicas espetaculares, dos crimes estarrecedores, do desrespeito às
leis e à ética, da desconsideração pelos direitos humanos, animais e da Natureza... Chega-se ao
máximo desequilíbrio, facultando a interferência divina, a fim de que se opere a grande
transformação de que todos temos necessidade urgente.
(...)
Procuramos sintetizar as operações de socorro aos desencarnados vitimados pelo
tsunami ocorrido no Oceano Índico, devastador e de consequências graves, que permanece
ainda gerando sofrimento e desconforto, especialmente porque sucedido de outros tantos que
prosseguem ocorrendo com frequência assustadora...
Manoel Philomeno de Miranda – Transição Planetária - Introdução
108
Havíamos silenciado por um pouco, depois das considerações que entretecêramos sobre
os últimos acontecimentos que sacudiram a sociedade terrena, apos o tsunami que resultara do
choque de placas tectônicas no abismo das águas do Oceano Indico...
O obituário estarrecedor chegara-nos ao conhecimento, enquanto estávamos reunidos
em oração pelas vitimas inermes da dolorosa tragédia sísmica.
A administração da nossa comunidade destacara duas centenas de especialistas em
libertação dos despojos carnais, a fim de cooperarem com os Guias da Humanidade, auxiliando
aqueles que foram atingidos pela fúria das ondas gigantescas e das suas consequências.
Dialogáramos a respeito dos sobreviventes, assinalados pelas dores superlativas
advindas, pelas epidemias que já se instalavam na região onde os cadáveres se decompunham,
pela miséria defluente das perdas materiais e pela saudade inominável dos seres queridos que
foram arrebatados pela morte...
A fase mais angustiante se apresentava naqueles dias, quando as sequelas cruéis do
infortúnio despedaçavam os sentimentos dos sobreviventes, desanimados e aturdidos...
Tivéramos ocasião de acompanhar em projeções muito fiéis em nosso auditório as cenas
terrificantes, comovendo-nos todos até as lagrimas...
Também nos sensibilizaram a movimentação e o interesse dos países civilizados
providenciando ajuda imediata ao povo desnorteado, todos contribuindo com valiosa
colaboração capaz de amenizar os flagelos que vergastavam as vítimas, hebetadas umas pelos
cheques violentos e outras quase alucinadas pelo desespero e pela desesperança.
Sabíamos que milhares de Espíritos nobres haviam acorrido em auxílio de todos,
empenhando-se em resgatá-los das Entidades infelizes e vampirizadoras, interessadas no fluido
vital dos recém-desencarnados.
Simultaneamente, tomávamos conhecimento das providencias que haviam sido
estabelecidas para diminuir os transtornos comportamentais que se iam alastrando naqueles que
ficaram na roupagem carnal. . .
Manoel Philomeno de Miranda – Transição Planetária – Cap. 1
109
Os sucessivos acontecimentos que estarreceram a sociedade, convidando-a à análise em
torno das convulsões que sacodem o mundo físico periodicamente, enquanto os atos hediondos
de terrorismo e de atrocidade repetiam-se de maneira aparvalhante, eram sinais inequívocos da
grande mudança que já estaria tendo lugar no orbe terrestre.
Passados, porém, os primeiros momentos explorados pela mídia insaciável de tragédias,
outros fatos se tornavam relevantes, substituindo aqueles que deveriam merecer mais estudos e
aprofundamento mental, de maneira a encontrar-se soluções para os terríveis efeitos da poluição
da atmosfera, do envenenamento das fontes de vida no planeta...
É verdade que alguns movimentos bradavam em convites à responsabilidade das nações
e dos governos perversos, responsáveis pela emissão dos gases venenosos, para logo tomarem
vulto os planos de divertimentos globais e de novas conquistas para o gozo e a alucinação.
Ainda o pranto das vítimas não secara nos olhos e os efeitos trágicos dos acontecimentos
nem sequer diminuíram, e as contribuições da solidariedade eram desviadas para fins ignóbeis,
enquanto os sofredores observavam a indiferença com que eram tratados, relegados à própria
sorte, após a tragédia que sofreram.
As praias de diversos países do Oceano Índico estavam juncadas de cadáveres, dezenas
de milhares jaziam sob os escombros das frágeis construções destruídas e a insensatez turística
já planejava novos pacotes para outros paraísos e lugares de lazer e perversão que não foram
danificados...
Felizmente, mulheres e homens nobres, organizações e entidades humanitárias
sensibilizaram-se com a dor do seu próximo e acorreram com generosidade, oferecendo alguns
recursos que podiam diminuir o desespero das vítimas, dos sobreviventes que tinham
necessidade de reconstruir os lares e continuar as experiências humanas.
O espetáculo espiritual nas regiões atingidas, no entanto, era muito grave.
De igual maneira, em razão da decomposição dos cadáveres humanos e de animais
outros e da ausência de água potável, era grande a ameaça do surgimento de epidemias, e os
Espíritos, abruptamente arrancados do domicílio orgânico, vagavam, perdidos e desesperados,
pelas áreas onde sucumbiram, transformadas em depósitos de lixo e de destroços, numa noite
sem término, pesada e ameaçadora. Os gritos de desespero, os apelos de socorro e os fenômenos
de imantação com outros desencarnados infelizes, constituíam a geografia extrafísica dos
dolorosos acontecimentos.
110
Acompanhávamos os tristes acontecimentos desde nossa comunidade, através de
recursos especiais que nos projetavam as imagens terríveis, recolhendo-nos às reflexões do que
seria possível contribuir para atenuar tanto desespero e cooperar pelo restabelecimento da
ordem.
O banditismo aproveitava-se da situação deplorável para estrangular as suas vítimas,
exploradores hábeis negociavam sobre os despejos dos perdidos e alienados, conspirações
hediondas forjavam hábeis manobras para a usurpação do máximo daqueles que nada quase
possuíam...
Era esse, de alguma forma, o espetáculo horrendo pós-tragédia do tsunami.
(...)
Engenheiros e arquitetos desencarnados movimentaram-se com rapidez e edificaram
uma comunidade de emergência, que a todos nos albergaria logo mais, recebendo também
aqueles aos quais socorrêssemos.
Curiosamente ampliou os esclarecimentos, informando que os ocidentais em férias que
se fizeram vítimas, mantinham profunda ligação emocional com aquele povo e foram atraídos
por forças magnéticas para resgatar, na ocasião, velhos compromissos que lhes pesavam na
economia moral...
- Nada acontece, sem os alicerces da causalidade! - concluiu.
Manoel Philomeno de Miranda – Transição Planetária – Cap. 4
111
A primeira onda avassaladora ceifara mais de 150.000 vidas, enquanto as sucessivas
carregadas de destroços de casas, barcos e construções de todo tipo, de árvores arrancadas e
pedras, semearam o horror, arrasando as comunidades litorâneas...
A psicosfera ambiental era densa, denotando todos os sinais inequívocos das tragédias
de grande porte.
Ouvíamos o clamor das multidões desvairadas, enlouquecidas pelo sofrimento
decorrente da morte dos seres queridos, assim como em relação aos desaparecidos, à perda de
tudo, vagando como ondas humanas sem destino.
De imediato, começaram a chegar as contribuições internacionais, porém, os instintos
agressivos dominavam grupos de exploradores, de vadios e criminosos que se aproveitavam da
oportunidade para ampliar a rapina e o terror.
Tempestades vibratórias descarregavam energias densas sobre o rescaldo humano e
geográfico, confrangendo-nos sobremaneira.
Logo após encontrarmos o lugar que nos deveria servir de suporte para as incursões ao
planeta, onde igualmente se alojavam outros grupos espirituais socorristas, o nosso gentil
condutor explicou-nos qual a tarefa que deveríamos desempenhar naqueles primeiros minutos
e, orientando-nos, mergulhamos na densa noite que se abatia sobre a região devastada.
Os corpos em decomposição amontoavam-se em toda parte, após ligeira identificação
de familiares e a remoção de alguns para outros lugares, chamando-nos a atenção as fortes
ligações espirituais mantidas pelos recém-desencarnados, que nem sequer se haviam dado conta
da ocorrência grave. Imantados aos despojos, estorcegavam, experimentando a angústia do
afogamento, as dores das pancadas produzidas pelos destroços, o desespero defluente da
ignorância...
De quando em quando escutavam-se preces e súplicas dirigidas a Allah, logo seguidas
de blasfêmias e imprecações tormentosas.
Manoel Philomeno de Miranda – Transição Planetária – Cap. 5
Não havia oportunidade para mais esclarecimento e divagações sobre o tema relevante,
porque agora chovia energia causticante, que fazia lembrar os raios durante as tempestades,
aumentando as dores das vítimas de si mesmas, arrebatadas do corpo pela desencarnação em
massa.
Curiosamente relampejava na sombra temerária, e essas claridades eram psíquicas, que
predominavam na região mesmo antes do acontecimento terrível.
112
Turistas de diversos países europeus, especialmente nórdicos e americanos, franceses e
alemães, escolhiam aquelas regiões para os prazeres do corpo sem qualquer compromisso com
a beleza das paisagens dos mares do sul, com a sua natureza ainda semi preservada...
Muitos viajavam para aqueles paraísos, quais a Tailândia, as ilhas Maldivas, as ilhas Phi
Phi e outras, para desfrutarem das facilidades morais, sexuais, de jovens adolescentes vendidos
pelos pais irresponsáveis ao comércio da licenciosidade...
Hábitos ancestrais ainda vigentes de total desrespeito pela mulher e pelo ser humano,
facultavam a larga prostituição de meninas e de meninos que serviam de mascotes aos
ocidentais que os podiam comprar a preço bastante acessível para eles.
Ao largo dos últimos anos, as mentes geraram essa psicosfera doentia nas regiões agora
afetadas pela calamidade que teve uma função purificadora para toda a região, alterando os
costumes e propondo novos comportamentos morais pela dor, advertindo a respeito da
fragilidade e temporalidade da vida orgânica, e que, infelizmente, ainda não apresentava
qualquer possibilidade de melhora. Pelo contrário, aconteciam a revolta, o suborno, o desvio
dos auxílios internacionais, a dominação dos mais fortes sobre os mais fracos, que ficariam à
mercê da própria sorte em relação ao futuro sombrio em cujo rumo avançavam
Manoel Philomeno de Miranda – Transição Planetária – Cap. 6
"Aqui estamos a convite dos reais governadores do país, portanto, dos respeitáveis
embaixadores de Deus, com o objetivo de desalgemar os irmãos infelizes dos seus despojos e
libertá-los dos vampiros do Além-túmulo, e tenha certeza de que não arredaremos pé dos nossos
compromissos, confessando-lhe que, de maneira alguma, temos medo das suas ameaças e da
farândola que o acompanha temente e assustada..."
(...)
A informação sobre a solicitação dos Guias da Indonésia, pedindo auxílio espiritual às
comunidades do Além, também soou-nos de forma agradável e iluminativa. Como realmente
não existe o acaso, todos os labores edificantes são pré-organizados, estudados com cuidado,
examinadas as possibilidades de êxito ou de fracasso, e quando começam, o plano avança com
segurança e metas bem definidas.
Realmente, recordava-me de quando soaram as cornetas em nossa Colônia, naquela
manhã de 6 de dezembro e todos nos recolhemos à oração, porque, de imediato, o nosso serviço
de comunicações informou-nos sobre a grande tragédia, facultando-nos acompanhar os
infaustos acontecimentos. Ignorava, porém, os cuidados estabelecidos pelos Mentores e a
solicitação de ajuda solidária no mundo espiritual.
Manoel Philomeno de Miranda – Transição Planetária – Cap. 7/8
113
4 Referências
# Referência
1 Allan Kardec – A Gênese – Cap. 11 – Item 36 – Emigrações e Imigrações dos
Espíritos
2 Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 737
3 Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 738
4 Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 739
5 Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 740
6 Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 741
7 Allan Kardec/Clélia Duplantier – Obras Póstumas – 1º Parte – Questões e
Problemas – As Expiações Coletivas
8 André Luiz – Ação e Reação – Cap. 18 – Resgastes Coletivos
9 André Luiz – Conduta Espírita – Cap. 39 - Perante os fatos momentosos
10 Caio Ramacciotti – Somos Seis – Introdução
11 Cornélio Pires – Diálogo dos Vivos – Cap. 27 – Incêndio em São Paulo
12 Cyro Costa – Diálogo dos Vivos – Cap. 26 – Luz nas Chamas
13 Demeure – Revista Espírita – 1868 – Novembro - Epidemia da ilha Maurice
14 Divaldo Franco - Mortes Coletivas - Divaldo Franco Responde I - Pag. 91
15 Editorial do Reformador – Revista Reformador - 1974 – Março – Calamidades
Salvadoras
16 Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Cap. 140 – Para os Montes
17 Emmanuel – Chico Pede Licença – Cap. 19 – Desencarnações Coletivas
18 Emmanuel – Diálogo dos Vivos – Cap. 25 – Senhor Jesus!
19 Emmanuel - Entre irmãos de outras Terras - Cap. 12 - Supercultura e Calamidades
Morais
20 Emmanuel – Fé, Paz e Amor – Cap. 14 - Flagelos
21 Emmanuel – O Consolador – Perg. 250 – Como se processa a Provação Coletiva
22 Francisco Cândido Xavier – Chico Xavier – Dos Hippies aos problemas do mundo –
Cap. 18 - Catástrofes
23 Francisco Cândido Xavier – Chico Xavier – Mandato de Amor – Cap. 14 (1980)
24 Francisco Cândido Xavier – Diálogo dos Vivos – Cap. 25
25 Francisco Cândido Xavier – Diálogo dos Vivos – Cap. 26
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26 Francisco Cândido Xavier – Diálogo dos Vivos – Cap. 27
27 Francisco Cândido Xavier – Diálogos dos Vivos – Cap. 29 – Revelação de Poeta
28 Herculano Pires – Diálogos dos Vivos – Cap. 29
29 Humberto de Campos – Cartas e Crônicas – Cap. 6 – Revista Reformador – 1962 –
Março
30 J. Herculano Pires – Diálogo dos Vivos – Cap. 25 – O Enigma Insolúvel
31 J. Herculano Pires – Diálogo dos Vivos – Cap. 26 – Resgates a Longo Prazo
32 J. Herculano Pires - Diálogo dos Vivos – Cap. 27 – Almas Libertas
33 Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 1 - Calamidades
34 Kleber Halfeld –- Reformador - 1987 – Abril - Retalhos do Cotidiano
35 Kleber Halfeld – Revista Reformador - 1992 - Agosto
36 Leopoldo Machado – Luzes do Alvorecer – Cap. 23 – Terremoto Espiritual
37 Manoel Philomeno de Miranda – Temas da Vida e da Morte – Cap. 10 – Flagelos e
Males
38 Manoel Philomeno de Miranda – Transição Planetária – Cap. 4
39 Raul Teixeira – Ante o Vigor do Espiritismo – Cap. 1 – Flagelos
40 Rodolfo Calligaris - Reformador – 1962 – Outubro – Expiações Coletivas
41 Silva Ramos – Diálogos dos Vivos – Cap. 29
42 Volquimar Carvalho dos Santos – Somos Seis – Cap. 3 (13 julho 1974)
43 Wilson William Garcia – Somos Seis – Cap. 8 - 20 dezembro 1975
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