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d e va n e i o s e i m p r e s s õ e s
g
David Vega
Reflexões sociológicas,
d e va n e i o s e i m p r e s s õ e s
a
1 Edição
S umário
a
1 tiragem – mês e ano – 1.000
Editor Responsável
J. R. Ribeiro Jr. Introdução........................................................................................... 7
Revisão: 1 - O Estado pai.................................................................................. 9
Caminho as Letras Revisões
Diagramação: 2 - O Direito Comum e o Iberismo................................................11
XXXXXXXXX 3 - Lanternas Vermelhas................................................................. 13
Capa:
Fontenele Publicações 4 - Sobre a Verdade: correlações..................................................... 15
5 - 1º de maio.....................................................................................17
6 - 1932............................................................................................... 19
ISBN – 978-85-92790-XX-X 7 - A fundição, o povo amálgama...................................................21
8 - Integralismo................................................................................ 22
CIP – (Cataloguing-in-Publication) – Brasil – Catalogação na Publicação
9 - O Homem Cordial...................................................................... 26
Ficha Catalográfica feita na editora
___________________________________________________ 10 - 8 de março................................................................................. 28
Vega, David Vega
11 - Apontamentos Humanos.........................................................31
Reflexões sociológicas, devaneios e impressões / David Vega . 1 ed. São 12 - Nova Roupagem, Velhos Inimigos......................................... 33
Paulo Fontenele Publicações , 2016.
13 - Altruísmo................................................................................... 37
136 p. ; 21 cm (broch.) ;
ISBN 978-85-92790-XX-X
14 - A Indução e a Dedução............................................................ 38
CDD B869.35 15 - Constantinopla Ameaçada...................................................... 40
CDU 82-31
___________________________________________________ 16 - Ensaios sobre a Intolerância.................................................... 42
Índice para catálogo sistemático 17 - A Banalidade do Mal............................................................... 49
1. Literatura. 2. Literatura Brasileira. I. Título
18 - Etapismo, prepotência e a derrubada do Humanismo.........51
19 - Estado de Natureza.................................................................. 54
20 - A Neurose é a mentira esquecida
em que ainda se acredita........................................................ 57
21 - Desmistificando o islamismo e
o conflito no Oriente Médio.................................................. 63
Fontenele Publicações
22 - Interseccionalidade.................................................................. 65
Av. Prestes Maia, 241, conj. 1.115, Centro, São Paulo-SP, CEP 01031-001 23 - Macunaíma, sou!...................................................................... 66
WhatsApp: 11 9-8635-8887
São Paulo: 11 4113-1346
24 - O Desencantamento do Mundo............................................. 67
contato@fontenelepublicacoes.com.br 25 - Patrimônio Histórico............................................................... 69
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26 - Desabafo 1................................................................................. 71 g
27 - A Revolução Gloriosa................................................................74
28 - Desabafo 2................................................................................. 77
29 - Liberalismo naturalista X Socialismo materialista.............. 78
30 - Por um naturalismo humanista............................................. 80 I n t ro dução
31 - Sobre a Identidade Cultural.................................................... 83
32 - Sobre o FGTS............................................................................ 88
O presente documento é a resultante de expressões verbais e
33 - Sobre a Utopia........................................................................... 90
escritas, pronunciadas ao longo de entrevistas, transcritas e com-
34 - O Distanciamento da Natureza.............................................. 92 piladas em forma de crônicas, realizadas no período de 2013-2016.
35 - Motiva Ação............................................................................ 100
Acompanhando as novas tendências da linguagem, voltada
36 - Natureza Humana...................................................................101 às redes sociais, reuni comentários e postagens minhas em blogs
37 - Presidencialismo de Coalizão............................................... 102 referentes ao cenário político-filosófico desta primeira metade
38 - Solidariedade Mecânica......................................................... 103 da segunda década dos anos 2000. São temas inflamados que ora
39 - Cores......................................................................................... 104 explicitam meu posicionamento, ora avaliam, pela metodologia
40 - O Comunal e o Societal no Ingaí......................................... 106 sociológica, algum acontecimento de destaque ao redor do globo.
41 - Os 80 anos da Guerra Civil Espanhola.................................112 Assim como na Grécia pré-Socrática, a escrita pós-moderna
42 - Embate entre a Civis e a Barbárie e recupera a importância do fragmento, dos curtos parágrafos que
sua projeção na disputa abstrata..........................................115 sintetizam o espírito de uma época, tricotados feito uma colcha de
43 - 14 de juillet.............................................................................. 121 retalhos, fundidos com a investigação jornalística de um colunista
44 - O Movimento de 1930 e que vez ou outra contribui para diversos canais da imprensa (con-
a Centralização da República.............................................. 123 vencional ou independente).
45 - Clãs Mairuns........................................................................... 126 Obcecado pela questão dos diferentes tipos de totalitarismo, o
46 - Costume X Leis....................................................................... 130 viés humanista e liberal adquirido ao longo de minha formação não
47 - Monofonia e Polifonia do Mal...............................................131 deixa dúvidas quanto à visão empirista que questiona as ideologias
e formas de se fazer ciência, dogmáticas, presentes na academia,
48 - Horizontalidade Comunal.................................................... 133
embora o campo abstrato pese muito no imaginário de quem vos
49 - Sobre a Venezuela................................................................... 134
escreve, com “um pé dentro” e outro “fora”, traço a linha tênue do
50 - Heterônimos........................................................................... 135 quixotismo e a tão prometida ilha de Sancho Pança, alternando
entre utopia e pragmatismo.
A janela da alma que transparece sob o véu da “coerência”,
a busca da uniformidade, faz destes escritos a decepção gritante
da controvérsia. A questão ensaística de nossos tempos pode ser
relacionada aos famosos “textões” e desabafos nas redes sociais,
espaço este, destinado aos novos formadores de opinião. A realidade
virtual paralela dinamiza o processo, feito um vai e vem - ao mesmo
tempo que somos alterados pelas postagens, também alteramos o
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cenário político, desaguando nas grandes manifestações, como as 1
Jornadas de Junho de 2013 ou nas diversas Primaveras mundo à fora.
Manter-se informado passou a ser uma instância horizontal,
os receptores ampliam sua base conceitual em salas de chats, fóruns O E stado pai
ou com memes satíricos, não dependendo mais da via transcendental
da relação “professor-aluno” em uma faculdade ou do comentarista
do jornal da noite televisivo. O sebastianismo, movimento ou ideologia que excedeu os
A decisão de publicar meus devaneios sociológicos em livro limites do necessário no Estado moderno português, foi herdado
impresso foi pensada cautelosamente, metaforizando entre “tradi- por nós brasileiros, aqui translado sem precedentes. Dom Sebastião
ção” e “modernidade” – o calhamaço de papel que amarela com o desapareceu no norte da África quando combatia os mouros, e desde
passar do tempo, desbotando aquilo que se pensou ser o correto de então, nossos irmãos de além-mar acreditavam que ele retornaria
uma época, jamais se sobrepondo ao conteúdo, que escancara uma e assumiria com mãos de ferro a nação, livrando-a de seus inimi-
nova era da comunicação social. gos externos e internos, em um estado de justiça e igualdade. Essa
mítica é presente na Espanha com El Cid, na França com Carlos
Martel e em várias nações que atribuem aos mártires sua renovação
ou ascensão.
Tendemos acreditar sempre na ação do governo, dele tudo
esperar. É como se o homem brasileiro tivesse uma estagnada falta
de espírito fundada em uma fé incontestável na autoridade, porém
E não necessariamente disciplinado para o cumprimento das normas e
leis, como o alemão ou japonês, mas sim na representação do poder
que exerce àqueles que o torna súdito. Sempre que possivelmente
vem a crise, nos avolumamos na esperança da vinda do salvador:
foi assim com Getúlio Vargas, é assim com o neopopulismo. Os
direitos nos são concedidos, jamais adquiridos, em uma sociedade
carente de participação civil em qualquer esfera (e mesmo quando
assim tenta-se fazer, logo é cooptada pelo estatismo e torna-se ver-
ticalizada, perdendo sua essência). Esse homem que viria de um
horizonte, capaz de sanar todos os problemas nossos tanto na esfera
micro, como a macro, possuidor de uma varinha mágica fundida
no imaginário paternalista de cada família, por vezes é forjado
como uma política de Estado, forçando na construção do tipo
ideal que precisa se encaixar nesse molde. Foi assim, por exemplo,
com Lula, em ressaltar a ascensão do operário e a personificação
do homem que se funde com o partido e o Estado, é como Cristo e
sua tríade do “Pai, filho e espírito santo” em um só, confundindo
o público e o privado. E esse é o desespero atual no país, pois por
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64 Reflexões sociológicas, devaneios e impressões David Vega 65
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Ao mesmo tempo que São Paulo é a devoradora de caipiras, Após a Segunda Guerra Mundial, houve um movimento
como aponta Antônio Cândido, marginalizando-os, ela é modernizada encabeçado pelos frankfurtianos em tentar identificar ao longo da
e depende da sabedoria deles. Não há nada mais encantador para os História, principalmente no estágio em que alcançamos agora, do
seres da natureza do que a tecnologia e a modernidade. Lembrem- domínio da técnica e de uma racionalização intensa, tentando apontar
se de Macunaíma! A mente acelerada dos homens da natureza, como que o triunfo da razão desaguou na chamada modernidade
ao mesmo tempo que depende dessa conexão para sobreviver, é ou contemporaneidade, na qual se faz valer a burocracia. Para tanto,
a própria que altera o lócus natural violentamente, sem controle. eles trazem essa questão nos clássicos de Max Weber, aquilo que
Essa é a dor e a delícia que a racionalidade imbricada com nossos iria compor o domínio em uma sociedade racional legal, típico de
impulsos internos faz. Precisamos de controle pelas leis, mas nada lócus urbano-industriais, que teriam superado as características
que se exceda e procure extirpar essas mentes inquietas. Não se de sociedades sem Estado ou mesmo as pré-capitalistas. Adorno e
escolhe ser assim. Podemos ter consciência disso e sempre buscar o Max Horkheimer apontam, e em particular, modestamente, ouso
autocontrole, mas jamais sermos segregados e vistos como bárbaros! discordar em partes, que existiria uma separação entre Natureza
e Cultura, como se a primeira fosse imutável e estivesse única e
exclusivamente sofrendo influência pela última, que permearia
por meio de mutações, quando sabemos que é um movimento de
“vai e vem”, uma reciprocidade, o homem altera o seu meio, e este
o altera, principalmente na pós-modernidade, não faz mais sentido
aquela ideia cartesiana em separar “corpo” e “mente”.
E Então, para eles, da mesma forma que o iluminismo teria
universalizado os saberes, ele traria um desencantamento do mundo
por meio de uma espécie de amadurecimento no estágio de pro-
gressão humana ou das sociedades. Este movimento teria surgido
com a intenção de acabar com o mito e seria herdeiro das tentativas
de diversos filósofos na antiguidade que tinham a mesma missão,
Platão e sua linha que “verticalizou” a Filosofia, que influenciou a
Idade Média, teria trazido uma noção de superioridade do tempo
e o chamado “ideal”, minando a pluralidade dos pré-socráticos. O
mito então jamais seria imparcial, por meio dele é possível identi-
ficar as estruturas e a funcionalidade das pessoas e suas categorias
dentro de uma sociedade. Essa nova lógica de desencanto por meio
das luzes fez com que o homem se tornasse um ser descritivo, per-
Somos movidos pelas nossas paixões, embora os federalistas O conceito de Natureza Humana é a base do Humanismo.
afirmaram que os interesses pessoais poderiam ser danosos aos Somos social e culturalmente diferentes, mas existe uma condição
comunitários, é bem verdade que a Constituição que foi resultante que não se altera. Quando em nome de um construtivismo social,
de suas aspirações, assegurava a liberdade individual acima de uma engenharia social que visa moldar essa condição para criar
qualquer coletivismo imperante que aniquilasse a subjetividade “o novo homem”, um ser pautado em questões políticas apenas,
da personalidade única que temos. O julgamento coletivo não pisoteamos uma condição humana e somos levados à barbárie. Os
difere do linchamento, quando a vigilância saiu da verticalidade e defensores da Natureza Humana acreditam que prejudicar outro
passou a ser horizontal, realizada por qualquer membro, mesmo semelhante não é um mal apenas para o que sofre com alguma
sem poder para isso para manter uma ordem ou status quo, como moléstia, ao que é assassinado ou escravizado, mas para aquele que
afirma Foucault, algo de muito terrível disfarçado de cumprimento pratica também. Em nome de projetos políticos que desprezaram
da norma ou das leis ocorre. esse conceito, vimos as maiores barbáries ocorridas na História. Por
O princípio básico de liberdade é a propriedade, não esta muito tempo ataca-se esse conceito no meio acadêmico, pois isso
sendo apenas um imóvel ou a posse da terra, é muito limitante ver seria um empecilho aos projetos ideológicos que compõem a maior
apenas por essa ótica, mas o direito à individualidade e o prota- parte das linhas de pensamento nos ambientes intelectuais. Não se
gonismo de sua vida! Um coletivo não pode ficar decidindo sobre esqueçam de que o próprio Marx disse algo em relação à Natureza
a privacidade de seja quem for, uma vida não pode ser assistida e Humana, em que o trabalhador alienado com funções repetitivas
aberta para estas observações participantes do coletivo. Quem faz na fábrica se distanciava de sua condição. Hegel propôs a dialética
isso, seja o Estado ou as instituições (ou pessoas), compactuam (o homem é aquilo que ele é, mas também aquilo que ele não é).
com a pior das ditaduras. A liberdade de pensamento é condição A Natureza Humana não é um conceito engessado e pura-
sine qua non para a subjetividade do ser, a progressão e a vida em mente aristotélico, não é metafísico apenas, os que o veem atrelado
sociedade, um coletivo composto por várias liberdades individuais única e exclusivamente a isso tem uma ideia superficial. Hannah
e não devorador das mesmas. Arendt cunhou o termo “Condição Humana”, que a meu ver é um
Qualquer unanimidade é burra, é cômodo se perder na massa, complemento à Natureza Humana, não precisamos ser forçados a
reproduzir discursos sem antes fazer um julgamento, sempre foi escolher entre um ou outro, ao mesmo tempo que somos diferentes,
mais fácil marchar em compasso sem pensar, a rítmica hipnotizante também existe algo que nos une.
dos tambores e das botas a priori pode ser o mais cômodo, mas Chega de difamação dos que adoram reproduzir o termo “de-
para cada cem pisoteadores sincronizados, há um indivíduo livre terminismo”, atribuindo caricaturas pejorativas ao que consideram
que, não importa o que aconteça, sempre estará acima do rebanho. esse conceito, a artificialidade pode imperar por um tempo, mas não
podemos deixar de lado as questões que envolvem a natureza. Por
que não temos matérias de Sociobiologia nos cursos de Humanas?
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100 Reflexões sociológicas, devaneios e impressões David Vega 101
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Estava dando uma lida sobre o sistema presidencialista, Existe um tipo de solidariedade típica do comunal, aquela
somado uma entrevista com o ex-presidente FHC (falando como presente entre os que exercitam uma verdadeira conexão com seu
sociólogo) e me vieram algumas questões em mente, que desde já companheiro, que eu reconheço que tendem sempre a existir apenas
afirmo serem apartidárias, somado ao fato de que entraremos nesse nos que se reconhecem semelhantes... É uma pena. O imperativo
assunto nas aulas de política. categórico de Kant talvez seja idealizado nessa universalidade
Passamos de um presidencialismo de coalizão, ou seja, quando cooperativa. É possível exercitar isso! A verticalização pode não
os partidos se juntam em função de uma agenda para um presiden- necessariamente eliminar o apoio mútuo presente nas sociedades
cialismo de cooptação, com os partidos se juntando para manter o pré-civilizacionais. Como professor eu tenho exercitado muito essa
poder. Nesse sistema você é forçado a fazer isso, o presidente é eleito empatia, que consiste em não segregar o que é diferente de você,
com 50% mais um, mas o seu partido não, no máximo consegue como muitos falsos igualitários fazem. A questão é: como manter
20% do congresso, isso força necessariamente um acordo. Enquanto a solidariedade comunal e preservar a impessoalidade também?
esse tal acordo pode se organizar em torno de um programa, até Muitas culturas conseguem fazer isso, vamos aprender em vez de
que tudo bem, mas quando ele é única e exclusivamente “manter continuar com “aos meus camaradas tudo, aos demais o inferno”.
o governo”, o poder pelo poder, fortalece o clientelismo e se troca É preferível a indiferença à avalanche de opressão da engenharia
um projeto de nação por um de poder. O sistema está viciado e humana.
insustentável.
A França passou por uma situação parecida, estava ingovernável
(com rachas de regiões como Vichy durante a Segunda Guerra e a
beira da fragmentação), veio Charles de Gaulle e colocou ordem na
casa, mas são outros tempos, apostar em um general ou qualquer via
autoritária não é o caminho. Fica a pergunta: como vamos colocar
em ordem o congresso e as próprias instituições que o compõem E
fazendo o jogo democrático sem perder as importantes conquistas?
A meu ver só com uma via horizontal que não (ou ao menos não
tão fácil e dócil) seja cooptada e atrelada ao Estado. Seria a vez do
parlamentarismo? Enfim, continuamos a ver o teatro melodramático
que é esse cenário, de pedalas em pedalas, operações e CPIs que
compõem esse espetáculo assustador.
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102 Reflexões sociológicas, devaneios e impressões David Vega 103
39 liberalismo levam estas cores em seus pendões nacionais, tanto os
EUA quanto a França, acrescido do branco, modestamente resistente
entre essas duas cores vivas, dando uma conotação de paz.
C ores Que o azul e o vermelho se entendam e resolvam questões
nacionais que deveriam estar acima de seus simbolismos.
A questão é: como harmonizar, ter algo no centro, entre o A melodia desprovida de qualquer acompanhamento, sendo
Direito Romano e o do costume? Precisamos de um equilíbrio entre ela de canto ou instrumental, tem a variante possível para a mono-
ambos, que sim, continuem na questão do privatismo sem precisar fonia, quando a mesma melodia é entoada em oitavas diferentes ou
de um movimento vindo da centralidade. A abstração da lei não quando é entoada em uníssono. Esse movimento também é possível
deve jamais passar o costume, mas para atender à complexidade com a junção de mais sons e ritmos, provocando uma polifonia es-
pós-moderna, aí está o Império da lei. Uma constituição mista pecífica que atinge diretamente nossos corpos por meio da vibração.
seria o caminho? Seja como for, eu fecho com Justiciano: primeiro Não apenas a literatura ou a propaganda cinematográfica era
os interesses civis, antes de qualquer outro! utilizada pelos Estados totalitários, mas a questão musical também
foi uma sacada de mestre entre os arquitetos sociais. Ela era capaz
de produzir nas massas um contagiante sentimento rítmico que
provocava um estado de transe capaz de mobilizar multidões.
A própria vibração das notas nos estágios mais elevados da
música clássica, comprovado cientificamente, é capaz de alterar
a água. Em tom mais agudo e sustenido, a água vibra, treme, sai
de uma constante harmoniosa para a caótica revolta, ora, nosso
corpo é composto por 70% de água, provocando o mesmo efeito
em nosso interior.
A frequência de 432 Hz — também conhecida como Lá de
E Verdi — seria uma afinação alternativa que, matematicamente,
é consistente com o tom puro da natureza. Por outro lado, a fre-
quência de 440 Hz seria um padrão antinatural de afinação, que
não pertence à simetria das vibrações e harmonias sagradas, tendo
o efeito maléfico sobre o subconsciente. O propagandista nazista
Dr. Goebbels teria descoberto que a frequência de 440 Hz tinha o
poder de fazer com que a população se sentisse e pensasse de uma
forma determinada, tornando-a cativa desta vibração. A mesma
estratégia foi utilizada nos cantos em coro, pronunciando a famosa
“Internacional Socialista” na extinta URSS
A 9ª Sinfonia de Beethoven, conhecida como Ode à Alegria,
sempre foi muito usada por regimes ditatoriais. Ela foi tocada nas
Quando o Estado de Direito é substituído pelo Estado poli- O maior problema em escrever na primeira pessoa, prin-
cial e a verticalidade se rui, encontrando uma horizontalidade em cipalmente em um tom romanceado, com uma progressão de
desordem, o fim das instituições que promovam o sistema de Check personagens, é que as pessoas obrigatoriamente relacionam estes
and Balances, inicia-se o caos. com o autor. Mesmo que sejam emprestadas certas coisas de nossa
Para uma sociedade funcionar é preciso da legalidade, as história, alguns aspectos de nossa identidade e o leitor que conhece
leis que assegurem o direito de diferentes óticas e orientações se o criador, o reconheça na façanha, saibam que não é uma “auto-
manifestarem. Quando o executivo controla os demais poderes, biografia”, podendo o personagem ser a fundição de várias pessoas
colocando principalmente no legislativo camaradas de partidos que fazem parte de nosso convívio ou até mesmo personalidades
aliados e as leis visam à legitimação de suas ações políticas, as forças inventadas para incrementar a obra. Lembrem-se dos heterônimos
de segurança atuando junto com pistoleiros e milícias que visam de Fernando Pessoa, da alteridade necessária na composição de um
à derrubada da ordem, na qual as organizações militares são leais personagem, exercício comum aos atores e dramaturgos, mas que não
ao partido no poder e não à constituição, controle da imprensa e poderia ser diferente no ensaio ficcional. O problema de vivermos
perseguição à oposição, não existe democracia! E se isso chamam em uma sociedade que não lê é que os poucos que ingressam nesta
de bolivarianismo, não importa, sempre será o velho populismo e prática, quase que como uma totalidade fazem estas correlações
a personificação do dirigente. equivocadas e com isso jamais deveríamos ficar acuados em fazer
uma arte depressiva ou até escatológica para agradar um público
politicamente correto. As obras na pós-modernidade dialogam
diretamente com o autor, o leitor não é capaz de fazer uma cisão e
perceber que existe um vão entre sua individualidade e o real. Daí
quando o tema é polêmico! Ah! Fica insuportável! Aprendam a
separar o joio do trigo!
E