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CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

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DECISÃO

1. Chegou ao conhecimento da Corregedoria Nacional de Justiça,


nesta data, que por decisão oriunda da 7ª Vara Criminal de Brasília os processos
referentes à operação “caixa de pandora”, amplamente noticiada desde 2009 como
atinente ao “mensalão do DEM”, foi reconhecida a extinção da punibilidade em virtude
da prescrição.
O caso gerou ampla comoção na sociedade, por meio de vídeos que
demonstravam o recebimento de notas de dinheiro em vultuosa monta por
funcionários do governo da época.
O tempo decorrido no processo e o resultado consequente
ganharam notoriedade, por meio da Revista Veja ( Corregedoria do CNJ vai apurar
prescrição de mensalão do DF | VEJA (abril.com.br)), em notícia datada de 26 de março
de 2023, sob os seguintes termos:
“Considerado um marco na crônica político-policial de Brasília por ter
exposto, em 2009, as entranhas de um esquema de corrupção que levou à
prisão do então governador José Roberto Arruda, à época filiado ao antigo
DEM, e de parte da cúpula da Câmara Legislativa, o caso desbaratado pela
Operação Caixa de Pandora se arrastava por diferentes instâncias judiciais
em manobras que questionavam qual tribunal deveria ser considerado apto
para analisar as acusações e se os investigados deveriam ser julgados em
conjunto ou separadamente. O vai e vem de recursos dava indicativos de
que o objetivo das defesas não era exatamente enfrentar as provas
elencadas pelo Ministério Público, mas ganhar tempo até que os acusados
não pudessem mais ser penalizados”.

DECIDO.
2. Observa-se que os fatos veiculados autorizam a atuação desta
Corregedoria Nacional de Justiça.
Como será melhor detalhado ao longo desse procedimento, há
necessidade de se perquirir, na esfera administrativa, se a condução dos processos
correlatos pode revelar atuação a macular o previsto na Constituição Federal, na
LOMAN e no regramento traçado por este Conselho.
A decisão que reconheceu a prescrição de um dos crimes
imputados aos réus, mais do que referenciar entendimento de natureza jurisdicional,
revela possível demora injustificada e desídia na condução dos casos, capazes de
impedir a sua escorreita conclusão, inobstante a tramitação dos processos por longo
tempo.
3. Nestes termos, necessária a abertura de Reclamação Disciplinar,
servindo a presente decisão como inicial, tendo como Reclamante a Corregedoria
Nacional de Justiça e como reclamado o magistrado Fernando Brandini Barbagalo,
titular da referida unidade.

Decisão 1522903 SEI 03031/2023 / pg. 1


Autue-se como Reclamação Disciplinar com cadastro no PJe.
4. Após, expeça-se ofícios para a Corregedoria Geral de Justiça do
TJ/DF e Territórios a fim de que preste informações, no prazo de 15 dias, sobre os
pedidos de providências e processos administrativos envolvendo o magistrado
Fernando Brandini Barbagalo , titular da 7ª Vara Criminal do TJ/DF e Territórios,
que tenham como fundamento os fatos aqui narrados, bem como para prestar
informações acerca dos magistrados que atuaram na referida unidade judiciária, com
a indicação do tempo de atuação de cada um, ao longo da tramitação dos processos
que envolveram a “Operação Caixa de Pandora” e seus réus, a exemplo do processo
0004905-42.2011.8.07.0018
5. Requisitem-se informações da parte reclamada (art. 67, §3º do
RICNJ) , prazo de quinze dias.
Cumpra-se.

Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO


Corregedor Nacional de Justiça

J6

Documento assinado eletronicamente por LUIS FELIPE SALOMÃO, MINISTRO


CORREGEDOR NACIONAL DE JUSTIÇA, em 28/03/2023, às 12:39, conforme art.
1º, §2º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

A autenticidade do documento pode ser conferida no portal do CNJ informando o


código verificador 1522903 e o código CRC 1F1013EF.

03031/2023 1522903v4

Decisão 1522903 SEI 03031/2023 / pg. 2

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