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SEAD/CMM

Reedição

LIMA, Carla Oliveira de Lima


3° Edição, 2019/2020
Coordenação Geral
Alex Sandro Barboza Ribeiro
Marcus Paulo Nepomuceno Dutra dos Santos

Coordenação Pedagógica
Reinaldo de Oliveira Pantoja

Design Web
Erleson Pinheiro da Silva
Rodrigo Vianna Torres
Ranaylson Teles de Matos Silva

Design Educacional
Carlos Kleber Vieira Araujo

Design Gráfico
Rodrigo Vianna Torres
Ranaylson Teles de Matos Silva

Revisor Especialista
Ricardo Vieira de Araújo

Revisor Ortográfico
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Revisor Técnico
Carlos Kleber Vieira Araujo
Monique de Oliveira Paulo

COLÉGIO MILITAR DE MANAUS


SEÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Tel/Fax: + 55 (92) 3622-4976 - (92) 3633-3555
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Website: www.ead.cmm.eb.mil.br
Rua José Clemente, 157 - Centro - Manaus - AM
Cep: 69010-070
Brasil
Ser Educador .......
........não é apenas escolher uma profissão.
........ não é “dar aula”
....... não é ganhar dinheiro
....... não é “ter poder”
O que é ser Educador ?
Por mais que tentemos, talvez, jamais
consigamos responder e resumir a sua
grandeza, mas de uma coisa eu tenho
certeza ........
Para ser Educador é preciso acreditar na
vida, no amor, no futuro e, principalmente,
nas pessoas, procurando encontrar nelas o
que há de melhor .....
o que, lá no fundo, significa encontrar o
amor de Deus que está presente em cada
um de nós.
(Maj Robson Santos da Silva, 2003)

È com esse espírito de luta e amor que nos colocamos


à disposição de todos os nossos alunos. Sabemos que os
desafios são grandes, mas a recompensa está nas vitórias de
cada um integrante dessa nossa grande família militar.
No olhar de cada jovem nos fortalecemos e continuamos
firmes na crença de que o futuro poderá ser construído com
base no conhecimento, na ética e na justiça.

Obrigado !

Equipe da Seção de Ensino a Distância


do Colégio Militar de Manaus
HISTÓRIA 9
A Lei Seca.......................................................................69
O Outro Lado da Prosperidade.................................71
1 O Século XX A Quebra da Bolsa de Nova York e a Propagação
11
da Crise ..........................................................................72
A Reconstrução Econômica da década de
capítulo 1 1930..................................................................................73
Primeira Guerra Mundial 13 New Deal............................................................................73
O Mundo Inteiro em Guerra pela Primeira Vez (1ª Totalitarismo......................................................................74
Guerra Mundial)..........................................................17 Compreendendo o que você estudou...................79
Cronologia da Primeira Guerra Mundial...............21 Gabarito...............................................................................85
Compreendendo o que você estudou...................26
Gabarito...............................................................................30
capítulo 2 2 O Mundo em Transição 87
Revolução Russa 31 capítulo 1
Rússia Antes Da Revolução.......................................31 Era Vargas 89
O Pensamento Revolucionário no Século XIX...32 Recessão Econômica....................................................89
A Revolução de Outubro: Diferenças de Crise Política.....................................................................89
Calendário ....................................................................34
Aliança Liberal 91
Compreendendo o que você estudou...................37
Governo Provisório (1930 - 1934)............................93
Gabarito...............................................................................41
Levante Militar 93
capítulo 3 O Governo Constitucional (1934-1937).................96
Primeira República Brasileira 43 A Constituição de 1934 97
Introdução..........................................................................43 Estado Novo (1937 – 1945).........................................101
O Movimento Republicano.......................................43 Compreendendo o que você estudou...................103
A queda da Monarquia................................................44 Gabarito...............................................................................106
A República até 1930....................................................47
capítulo 2
Reforçando seus conhecimentos...........................57
Segunda Guerra Mundial 109
Gabarito...............................................................................66
As perdas nazistas e o fim da guerra....................114
capítulo 4 O Holocausto ...................................................................114
Período Entre-Guerras 67 O Brasil na guerra..........................................................114
A Crise atinge o Brasil................................................67 Consequências da guerra...........................................114
HISTÓRIA 9
Compreendendo o que você estudou...................117 Gabarito...............................................................................155
Gabarito...............................................................................119 capítulo 3
capítulo 3 Os governos militares no Brasil 157
Guerra Fria 121 Antecedentes...................................................................157
Doutrina Truman.............................................................122 O Governo de João Goulart .......................................157
Plano Marshall ................................................................122 A Igreja e as Forças Armadas...................................158
OTAN....................................................................................122 O auge da crise................................................................158
Pacto de Varsóvia..........................................................122 A Revolução......................................................................198
Bloqueio de Berlim.........................................................122 Marechal Castello Branco (1964-1967)................159
Alemanha: divisão e reunificação............................122 A Constituição de 1967................................................160
Compreendendo o que você estudou...................124 Plano de Ação Econômica do Governo
(PAEG)............................................................................161
Gabarito .............................................................................126
capítulo 4

3 Virada do Século XX
Brasil de 1985 aos dias atuais 163
127
Campanhas Diretas Já ...............................................163
capítulo 1
Compreendendo o que você estudou...................171
América Latina no Pós-Guerra 129
Gabarito...............................................................................173
Da boa vizinhança à repressão ...............................129
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................174
Cuba e a Revolução ....................................................136
Compreendendo o que você estudou...................138
Gabarito...............................................................................141
capítulo 2
Brasil de 1945 a 1964 143
Realizações do governo de Dutra (1946 –
1950)................................................................................144
Realizações do governo de Getúlio Vargas (outra
vez no poder) 1950 – 1954 ....................................145
Realizações do Governo de JK (1956 – 1961)....146
Rápido Governo de Jânio Quadros – 1961..........147
Governo de João Goulart ...........................................148
Compreendendo o que você estudou...................152
UNIDADE 1
O Século XX

História
INTRODUÇÃO

No início do século XX, vimos o deflagrar da Primeira Gran-


de Guerra Mundial. Poucos anos depois, devido a aspectos mal
resolvidos dessa guerra, o mundo enfrentou a Segunda Grande
Guerra Mundial. Esses foram acontecimentos marcantes da Idade
Contemporânea, pois, depois deles, a história da humanidade não
seria mais a mesma.
Reações
Nucleares
Primeira Guerra Mundial
Capítulo
Capítulo111
Primeira Guerra Mundial
Após duas décadas de depressão em fins do século XIX, a pro-
dução industrial começou a se expandir novamente. Os banqueiros
recuperaram a autoconfiança. A interdependência entre as nações
aumentava, graças ao comércio e à revolução nas comunicações.
Poucos acreditavam em um conflito generalizado.
A historiografia da chamada “Grande Guerra” não chegou até
hoje a uma conclusão definida sobre as causas dos conflitos. Os
especialistas concordam em um ponto: a deflagração da Primeira
Guerra Mundial não pode ser reduzida a uma única causa.
Podemos tentar enumerar diversos motivos que contribuíram,
em maior ou menor escala, para o início do conflito. Eis alguns:
Competição econômica entre a Alemanha e a Inglaterra;
Sentimento autonomista de diversas nacionalidades submeti-
das a velhos impérios;
Revanchismo francês – a França pretendia recuperar a Alsá-
cia-Lorena, perdida em 1870;
Interesse das grandes potências em partilhar os despojos do
decadente Império Turco;
Ambições russas e sonhos anexionistas da Sérvia; na Penínsu-
la Balcânica;
Transformação do Japão e dos Estados Unidos em “potências
regionais”;
Disputas por colônias e áreas de influência entre as principais
potências;
Fim do equilíbrio europeu.
Vamos embarcar nessa viagem e conhecer melhor sobre essa
guerra?
Desde o Congresso de Viena (1815) até 1914, as grandes po-
tências europeias não se envolveram em grandes conflitos milita-
res. Na maioria das vezes, eram disputas localizadas e, preferen-
cialmente, fora do continente europeu.
Mas, apesar da paz que reinava entre as nações europeias,
elas procuravam ampliar cada vez mais seus arsenais bélicos. Era
uma verdadeira corrida armamentista, em que as nações se desen-
volviam militarmente na intenção de assegurar posições estratégi-
cas e, consequentemente, aumentar seu poder econômico.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 11


História | Ensino Médio | 9ª ano
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Como exemplo disso, podemos citar nações como a França e a Inglaterra: ambas conseguiram
construir um vasto império colonial lutando contra asiáticos e africanos, ao mesmo tempo em que
mostravam ao mundo seu poderio bélico.
Entretanto, não foi apenas essa corrida armamentista que levou os países europeus a entrarem
em guerra, existiam ainda divergências políticas ligadas ao imperialismo, característica marcante des-
sa época.

Vamos conhecer as principais divergências políticas entre as


nações europeias

Dentre as principais divergências de caráter imperialista, podemos destacar a:

 nglo-germânica: No final do século XIX, para obter áreas coloniais, a Alemanha empreendeu
A
uma corrida naval, colocando em risco a hegemonia inglesa.
Franco-germânica: O conflito entre essas duas nações (França e Alemanha) vinha desde o final
da Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), quando os franceses perderam a Alsácia e a Lorena para a
Alemanha, agravou-se em 1905, quando os alemães, ao apoiarem o movimento nacionalista marroqui-
no, tentaram impedir o avanço imperialista francês sobre o continente africano.
Austro-russa: Após serem derrotados pelos japoneses na guerra de 1904-1905, os russos, na
busca de uma saída para o mar, voltaram-se para a Península Balcânica, que estava sob o domínio
austríaco.
Russo-germânica: Para conseguir uma saída para o mar, a Rússia precisava controlar o Estreito
de Dardanelos. Isso colocava em risco o avanço germânico em direção ao Oriente Médio, causando
desentendimento entre os dois países.
Austro-sérvia: A dominação austríaca dos Bálcãs provocou o surgimento de movimentos na-
cionalistas locais, como o dos sérvios, que contavam com o apoio da Rússia, que desejava uma saída
para o mar.

É verdade que os países se aliaram, com a intenção de se fortale-


cer militarmente?

É verdade. Essas disputas levaram à chamada política das alianças, cuja finalidade era garantir a
hegemonia continental. Foi com esse intuito que, em 1879, a Alemanha e o Império da Áustria-Hungria
se aliaram. A Itália se uniu a eles em 1882, formando a famosa Tríplice Aliança. Em 1890, rompendo o
isolamento diplomático imposto pelos alemães, os franceses se aliaram aos russos.
No ano de 1904, temendo o avanço naval alemão, a Inglaterra fez um acordo de cavalheiros com a
França, a Entente Cordiale. Esse acordo garantia aos franceses apoio inglês na sua luta contra a Ale-
manha pelo controle de Marrocos. Três anos depois, a Rússia se une à França e à Inglaterra, formando

12 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 1
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a Tríplice Entente.

Observe o mapa abaixo:

Em que eram baseadas essas ?

Essas divisões territoriais e alianças eram baseadas em justificativas nacionalistas, como:


Pangermanismo: A Alemanha, ao empreender conquistas territoriais no continente europeu e
fora dele, o fazia obedecendo ao imperativo da superioridade de sua nação. Além disso, ela desejava
anexar terras habitadas por populações germânicas que estavam sob domínio de Estados não germâ-
nicos.
Revanchismo francês: Os franceses, desde a guerra de 1870-1871, alimentavam o desejo de se
vingar da Alemanha.
Pan-eslavismo: Em sua política expansionista sobre os Bálcãs, habitados por povos de origem
eslava, a Rússia se intitulava protetora dos territórios eslavos.

Vejamos

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 13


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E a paz acabo: o mundo em conflito

188 milhões de mortos

O Século que inventou o bombardeio criou uma maneira rápida de liquidar a vida humana.

A guerra é tão antiga quanto as sociedades humanas, mas no século 20 ela ganhou um
poder de destruição que a humanidade até então não conhecia. As batalhas viraram carnificina.
Conforme estimativas de baixas em combate, no decorrer dos últimos 1000 anos teriam morrido
230 milhões de pessoas, das quais 188 milhões neste século. Nunca o mundo havia registrado tan-
tas baixas – e em tão pouco tempo. A I Guerra Mundial, marco inicial da barbárie na escala posta
em prática no século 20, dizimou gerações em diversos países. Os franceses perderam mais de
20% de seus homens em idade militar. Os ingleses encerraram o conflito com uma lista trágica de
meio milhão de vidas perdidas, entre os homens com menos de 30 anos. Um quarto dos alunos das
universidades de Oxford e Cambridge não voltou para casa. O pior, no entanto, ainda estava por
vir. Apenas nos seis anos de duração da II Grande Guerra, auge da destruição global, mais de 50
milhões de pessoas nascidas em cinco continentes foram mortas. O sacrifício de vidas humanas nos
combates foi tão grande neste século que é de se perguntar se a humanidade não foi acometida de
um surto violentíssimo de loucura coletiva.

O homem continuou o mesmo. As circunstâncias é que mudaram. Até o final do século 19, os
combates se davam basicamente entre tropas de infantaria que marchavam a pé e se escondiam
em trincheiras. Muitos dos soldados morriam espetados pela baionetas. As armas mais poderosas,
os canhões, eram transportadas em carroças puxadas a cavalo. Embora o cavalo e a baioneta não
tenham sido abandonados na I Guerra Mundial, ela incorporou o avião, e com ele surgiram os bom-
bardeiros. Os soldados deixaram de mirar exclusivamente nos alvos militares e passaram a fazer
chover bombas nas cidades. Em vez de matar a tropa inimiga, a estratégia passou a ser eliminar a
vida das partes civis. O saldo dessa conduta imoral é assombroso: metade de todos os mortos nos
conflitos ocorridos no século não usava farda. [...]

WEINBERG, Mônica. 188 milhões de mortos. Disponível em: http://veja.abril.com.br/especiais/seculo20/guer-


ra.html. Acesso: 22 de out. 2010

14 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


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As mulheres e a guerra

“Durante 1914 – 1918, as mulheres, pela primeira vez na história da guerra, usaram uniformes
e foram às fileiras. Em 1917, a Grã-Bretanha criou o Corpo Auxiliar de Mulheres no Exército (sigla
em inglês WAAC) e o Serviço Real Naval de Mulheres (sigla em inglês WRNS) com o objetivo de
prover substitutos para homens em funções como cozinheira, sinalizadoras, escriturária e moto-
ristas de transportes. Na Grã-Bretanha, as mulheres já haviam começado a substituir em larga
escala homens recrutados para a guerra, em março de 1915. Em agosto de 1916, 750 mil mulheres
britânicas atuavam em trabalho de homens e outras 530 mil estavam em empregos citados pela
economia da guerra. A criação do Exército de Terra atraiu 240 mil mulheres para a agricultura em
1918.

A contribuição das mulheres ao esforço de guerra britânico deu novo ímpeto ao forte mo-
vimento político de emancipação e conduziu, em janeiro de 1918, ao direito de voto nas elei-
ções parlamentares para mulheres acima de 30 anos. Nos Estados Unidos, todas as mulheres
tornaram-se elegíveis para votar em 1920, em parte como resultado do seu trabalho na guerra
em 1917-1918. Em outros lugares, a guerra pouco contribuiu para melhorar a vida das mulheres
e muito fez para piorá-la, deixando não apenas milhões de viúva, mas também milhões de mães
em luto. “A Primeira Guerra Mundial foi uma tragédia para as mulheres.”

KEEGAN, John. História ilustrada da Primeira Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003. p. 168

O MUNDO INTEIRO EM GUERRA PELA PRIMEIRA VEZ (1ª GUERRA MUNDIAL)


Em 1914, um conflito armado entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia estendeu-se as demais
potências imperialistas européias e envolveu dezenas de países mundo afora, transformando-se em
um conflito generalizado. A guerra se prolongou por quatro anos, e deixou aproximadamente 14 mi-
lhões de mortos e transformou a geopolítica internacional.

Figura 1. Gavrilo Princip, um estudante bósnio-sérvio, foi preso imediatamente depois que ele assassinou
o arquiduque Francisco Ferdinando da Áustria. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/World_War_I

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 15


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A rápida ascensão alemã preocupava britânicos, e acima de tudo a França que alimentava um
revanchismo com os alemães desde a derrota na Guerra Franco-Prussiana ( 1870). A Rússia tinha
divergências com os países vizinhos também. Com a ideia do pan-eslavismo ( união de todos os povos
eslavos), o país queria ampliar seu poderio anexando território dos impérios Austro-Húngaro e Turco-
Otomano.

Figura 2. Soldados franceses em batalha nas trincheiras. Disponível em: http://www.historia.uff.br/nec/


pesquisas/apresentacao-1

Mapa dos participantes da 1ª Guerra Mundial: Forças Aliadas em verde, Potências Centrais em laranja, e
os países neutros em cinza. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/World_War_I

Mapa das alianças militares da Europa em 1914. Disponível em: http://fr.wikipedia.org/wiki/


Premi%25C3%25A8re_Guerre_mondiale

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Conflito armado ocorrido no início do século XX, no território europeu. Envolveu grande parte dos
países do mundo e marcou o início de um período de avanços tecnológicos.
• Possíveis causas para o conflito - disputas de mercados internacionais; atrito entre as
grandes potências por causa de questões coloniais; a França queria revanche contra a Alemanha por
ter perdido o território da Alsácia-Lorena.
• A Inglaterra, naquela época, dominava o mercado mundial. Os ingleses eram os maiores
fornecedores de produtos maquinofaturados do mundo e fariam tudo ao seu alcance para evitar que
essa hegemonia fosse ameaçada.
• A Alemanha estava entre as nações que mais lhe incomodavam, pois, em menos de três
décadas após sua unificação, já despontava como a segunda maior indústria do mundo.
• Na França, desde a perda da região da Alsácia-Lorena para a Alemanha gerou um sentimen-
to revanchista. Os franceses não aceitavam a perda desse território, especialmente por ser uma região
rica em alguns recursos naturais importantes para o crescimento do setor industrial.
• Outra fonte de atrito entre as potências imperiais era o interesse russo sobre os Bálcãs. Vi-
sando a obter mais influência sobre a região balcânica, os russos passarem a incentivar e apoiar os
movimentos de resistências balcânicos.
• Nesse contexto, ocorreu o episódio que foi considerado o estopim da Primeira Guerra Mun-
dial, o assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro, Francisco Ferdinando.
• ESTOPIM - Assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa, Sofia, no dia 28
de junho de 1914. O autor do crime foi Gavrilo Princip, participante do grupo nacionalista Mão Negra.
Esse fato foi, apenas, a “gota d’água”para o início do conflito.
• Os países estavam armados e preparados para guerrear. As potências reuniram-se em blocos.
Era a preparação para um grande conflito. O mundo esperava uma guerra rápida, mas esta durou 4
anos e arruinou a Europa.
• Tríplice Entente: Império Britânico, França, Império Russo (até 1917) e Estados Unidos (a
partir de 1917).

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 17


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Potências Centrais (Tríplice Aliança): Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império


Turco-Otomano.
A Primeira Guerra Mundial - Ocorreu de 28 de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918. O de-
senvolvimento do conflito é caracterizado em três fases:

Primeira fase: Guerra de Movimento (1914) - nos primeiros meses da Guerra, a estratégia era
movimentação de tropas. Foi amplamente utilizada para tomada de posição no front.
Segunda fase: Guerra De Trincheiras (1915-1917) - as trincheiras são, portanto, uma estratégia
defensiva, inicialmente adotada pelos exércitos alemães. Foi utilizada também pelos Aliados.
Terceira fase: Segunda Guerra de Movimento - Fase Final (1918). A paz foi assinada em 11
de novembro de 1918, pondo fim a 4 anos de sangrentos conflitos.
• Desenvolvimento do conflito – As batalhas desenvolveram-se principalmente em trinchei-
ras. Os soldados ficavam, muitas vezes, centenas de dias entrincheirados, lutando pela conquista de
pequenos pedaços de território. A fome e a doença também eram inimigas desses guerreiros.
• Tecnologia e participação das mulheres– Nos combates, também houve a utilização de
novas tecnologias bélicas como tanques de guerra e aviões. Enquanto os homens lutavam nas trin-
cheiras, as mulheres trabalhavam na indústria bélica, como empregadas.
• As trincheiras - Nas trincheiras, os soldados conviviam com ratos, parasitas, lama ou pó,
frio ou calor, conforme a estação do ano. Eram protegidas por grandes redes de arame farpado e por
muitos homens armados com metralhadoras.
• O avanço dos inimigos era retardado pelo uso do arame farpado. As infantarias eram armadas
com muitas metralhadoras. A partir de 1915, os alemães começaram a usar gás tóxico. A alimentação
era feita à base de carne, vegetais enlatados e biscoitos.
• Os E.U.A vendiam alimentos, combustível, produtos industriais e máquinas para França e In-
glaterra, tudo pelo sistema de crediário (“compre agora e pague depois da guerra”).
• Com o passar do tempo, a situação ficava pior (destruição, fome, miséria e matança) e os
E.U.A começaram a temer que França e Inglaterra não pagassem as mercadorias compradas (os dois
países deviam, aproximadamente, 2 bilhões de dólares aos americanos).
• Preocupados com um possível não pagamento da dívida, a população americana incentivava
a entrada do país na guerra. Em março de 1917, os alemães afundaram alguns navios americanos que
iam comercializar com a Inglaterra. Esse fato levou o Congresso americano, no dia 6 de abril, a declarar
guerra à Alemanha. A entrada dos Estados Unidos na guerra foi decisiva para a vitória da Entente.
• O ano de 1917 é essencial para o fim do conflito, pois a Rússia abandonou a guerra em razão
do início de sua Revolução e os E.U.A, que, até então, só participavam da guerra como fornecedor,
vendo seus investimentos em perigo, entram, militarmente, no conflito, mudando totalmente o destino
da guerra e garantindo a vitória da Tríplice Entente.
• O presidente dos E.U.A (Woodrow Wilson), em 1918, levou suas ideias ao Congresso no cha-
mado “Programa dos 14 Pontos”. A proposta previa o fim do conflito sem que se atribuísse o peso da
culpa e da responsabilidade da guerra a nenhuma nação específica. Seria uma “ paz sem vencedores”,
ou, “ paz sem perdedores”. Dessa forma nenhuma nação derrotada teria que arcar com os custos de
reconstrução do mundo pós-guerra. Os principais líderes aliados não aceitaram essa proposta de paz
estadunidense. A eles interessava um culpado, pois então haveria um ou mais responsáveis e sobre
estes recairiam os custos do conflito. A rejeição, especialmente da França e da Inglaterra, fez com que
vários outros tratados fossem elaborados.
• Resultado da I Guerra - Os perdedores tiveram que assinar o Tratado deVersalhes. A Alema-
nha teve seu exército reduzido e sua indústria bélica controlada. Teve que devolver à França a região

18 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


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da Alsácia-Lorena. Teve que pagar o prejuízo da guerra aos países vencedores.


• O Tratado de Versalhes repercutiu na Alemanha, sendo o principal fator do sentimento de re-
vanche que ocasionou a II guerra. O resultado foi, aproximadamente, 10 milhões de mortos e milhões
de feridos. Destruição da produção agrícola, industrial e muito prejuízo econômico.
• Assinatura do Tratado de Versalhes - Este fato impunha fortes restrições e punições aos
vencidos.
• Tratado de Saint Germaim: Imposto ao Império Austro-Húngaro, determinava a indepen-
dência de várias regiões até então submetidas ao poder austríaco.
• Tratado de Sèvres: Imposto ao Império Turco-Otomano. Várias regiões foram entregues a
outras nações, grandes extensões territoriais se tornaram protetoras britânicos ou franceses. Aos tur-
cos foi deixada apenas a Turquia, aproximadamente 1/7 da área do antigo Império Turco-Otomano.
• Tratado de Trianon: À Hungria, separada da Áustria, foi imposto o tratado que determinava
que a cessão de vários territórios às nações vizinhas, diminuindo consideravelmente sua área territo-
rial.
• Tratado de Neuilly: Imposto a Bulgária, responsável pela diminuição de grande parte do seu
território e pela restrição de suas forças militares.
• Após o conflito - Famílias destruídas e crianças órfãs. E.U.A tornou-se o país mais rico do
mundo.
• Império Austro - Húngaro fragmentou-se. Surgimento de alguns países (Iugoslávia) e desa-
parecimento de outros.
• O império turco, após 200 anos de decadência, dividiu-se em diversas novas nações do men-
so conglomerado de territórios e povos governados até então pelo sultão otomano.
Em 1919, foi criada a Liga das Nações (sediada na Suíça). Porém, pouco tempo depois, ela fra-
cassou. O desemprego aumentou na Europa. Quatro anos após a I Guerra, a Europa já não era mais a
mesma: os presidentes substituíram os príncipes; automóveis, submarinos e aviões eram uma reali-
dade; o cinema e o rádio expandiram-se pelo mundo; as mulheres lutam pelos seus direitos.
Fonte: http://patyhistoriarj.blogspot.com.br/2014/02/aula-1-bimestre-9-ano.html

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 19


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1) Dentre os fatores que conduziram à Primeira Guerra Mundial (1914-1918), destacamos o(a):
a) O Pan-eslavismo aliado à desagregação do Império Turco.
b) acordo militar anglo-germânico visando à partilha da África.
c) desequilíbrio internacional provocado pela aliança da Rússia com o Império Austro-Húngaro.
d) descontentamento da França frente à ocupação no Marrocos.
e) oposição do Imperador Francisco Ferdinando à admissão da Sérvia no Império Austro-Húngaro.
2)“A Grande Guerra de 1914 foi uma consequência da remobilização contemporânea dos anciens
regimes da Europa. Embora perdendo terreno para as forças do capitalismo industrial, as forças da
antiga ordem ainda estavam suficientemente dispostas e poderosas para resistir e retardar o curso da
história, se necessário recorrendo à violência. A Grande Guerra foi antes a expressão da decadência e
queda da antiga ordem, lutando para prolongar sua vida, que do explosivo crescimento do capitalismo
industrial, resolvido a impor a sua primazia. Por toda a Europa, a partir de 1917, as pressões de uma
guerra prolongada afinal abalaram e romperam os alicerces da velha ordem entrincheirada, que havia
sido sua incubadora. Mesmo assim, à exceção da Rússia, onde se desmoronou o antigo regime mais
obstinado e tradicional, após 1918 – 1919, as forças da permanência se recobraram o suficiente para
agravar a crise geral da Europa, promover o fascismo e contribuir para retomada da guerra total em
1939.”
(MAYER, A. A força da tradição: a persistência do Antigo Regime. São Paulo: Companhia das
Letras, 1987. p. 13-14.)
De acordo com o texto, é correto afirmar que a Primeira Guerra Mundial:
a) teria sido resultado dos conflitos entre as forças da antiga ordem feudal e as da nova ordem
socialista, especialmente depois do triunfo da Revolução Russa.
b) resultou do confronto entre as forças da permanência e as forças de mudança, isto é, do escra-
vismo decadente e do capitalismo em ascensão.
c) foi consequência do triunfo da indústria sobre a manufatura, o que provocou uma concorrência
em nível mundial, levando ao choque das potências capitalistas imperialistas.
d) foi produto de um momento histórico específico em que as mudanças se processavam mais
lentamente do que fazem crer os historiadores que tratam a guerra como resultado do imperialismo.
e) engendrou o nazi-fascismo, pois a burguesia europeia, tendo apoiado os comunistas russos,
criou o terreno propício ao surgimento e à expansão dos regimes totalitários do final do século.

3) Entre as principais causas da Primeira Guerra Mundial, destaca-se a “revanche” cujo principal
objetivo era:

a) a pretensão da Alemanha de participar da partilha das colônias da África;a tentativa da França


de recuperar territórios perdidos em guerra anterior;
c) a pretensão da Itália em relação à territórios austríacos habitados por italianos
d) a preocupação da Inglaterra com as indústrias alemãs;
e) a disputa entre Áustria e Rússia pelo domínio dos Balcãs

4) Identifique como V (verdadeiro) ou F (falsa) as afirmações a seguir, que melhor explicitam os


diversos motivos que contribuíram para eclosão da Primeira Guerra Mundial.

20 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 1
Colégio Militar de Manaus

( ) Competição entre a Suécia e a Inglaterra


( ) O revanchismo francês
( ) Disputas por colônias e áreas de influência entre as principais potências
( ) Disputas entre as principais potências europeias (Inglaterra, França e Alemanha) pelos direitos
de exploração sobre o Marrocos.
( ) Ausência de interesse Russo para anexar a Sérvia

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 21


História | Ensino Médio | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

Reforçando seus conhecimentos


1- Observe a foto destes soldados britânicos entrincheirados durante a Primeira Guerra
Mundial.

Com base nessas informações, responda:

a) Identifique as duas fases que marcam os conflitos da Primeira Guerra Mundial.


b) Descreva as dificuldades experimentadas pelos soldados que lutaram nas trincheiras da Pri-
meira Guerra.

2- Faça a leitura do seguinte texto:


“Impôs-se à Alemanha uma paz punitiva, justificada pelo argumento de que o Estado era o único
responsável pela guerra e todas as suas consequências (...)” HOBSBAWM, Eric J., Era dos extremos: o
breve século XX: 1914 – 1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

a) Aponte qual foi o principal tratado assinado após a Primeira Guerra Mundial.
b) Com base no texto e nos pontos do Tratado de Versalhes, explique por que o historiador britâ-
nico Eric J. Hobsbawm diz que os alemães foram alvo de uma “paz punitiva”.

3- Observe essa imagem:

A partir dessa imagem, estabeleça a relação presente entre o assassinato de Francisco Ferdinan-

22 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 1
Colégio Militar de Manaus

do e o começo da Primeira Guerra Mundial.

4- Explique por que alguns críticos dizem que a assinatura do Tratado de Versalhes de-
terminou a perda da chance que os países vencedores tinham para selar a paz.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 23


História | Ensino Médio | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

GABARITO – REFORÇANDO O
CONHECIMENTO
1. a)
2. d)
3. d)
4. F, V,V,V,F.

Gabarito:
1-
a) Para responder essa questão, basta identificar os dois momentos distintos da Primeira Guerra
Mundial. Entre 1914 – 1915, a Guerra de Movimento esteve marcada pelos violentos ataques dos
exércitos alemães. Já entre 1915 e 1917, a guerra de posições demonstra o maior equilíbrio de forças
entre os inimigos que lutavam na guerra.

b) As trincheiras impunham aos soldados condições de vida extremas, onde tinham que se sub-
meter à insalubridade e o desconforto das valas que separavam os exércitos inimigos. Não raro, as
trincheiras se transformavam em foco de doenças que poderiam ser tão mortais quanto o poder de
fogo das armas inimigas.
2-
a) O candidato deve fazer menção ao Tratado de Versalhes.
b) Nessa questão é necessário apontar que a Alemanha foi vítima de uma “paz punitiva” ao ser
obrigada a reduzir os seus exércitos e pagar pesadas indenizações para as nações que venceram
o conflito. No pós-guerra essas exigências impuseram graves problemas sociais e econômicos ao
povo alemão.

3 - Apesar de não ser o motivo que explica a deflagração da Primeira Guerra Mundial, o assassi-
nato do arquiduque Francisco Ferdinando é o evento responsável pela ativação das alianças militares
já firmadas antes do conflito. Inicialmente, a declaração de guerra da Rússia contra o Império Aus-
tro-húngaro foi o primeiro passo para que outras potências europeias se envolvessem no confronto.

4 - Analisando os pontos que fundamentam esse tratado, vemos que as nações vitoriosas
buscaram impor pesadas sanções contra a Alemanha, vista como grande responsável pelo conflito.
Dessa forma, alimentaram um terrível sentimento de revanche que fomentou o desenvolvimento das
ações que permitiram o acontecimento da Segunda Guerra Mundial

24 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Nucleares
REVOLUÇÃO RUSSA
Capítulo
Capítulo112
Introdução
Esta revolução também ficou conhecida como Revolução
Socialista de 1917. Originou uma nova estrutura sociopolítica que
marcou o desenvolvimento histórico do século XX. A partir dela,
estruturou-se a União Soviética que, posteriormente, emergiria
como superpotência mundial.
No início do século XX, o império russo contava com uma
população de quase 150 milhões de habitantes, dos quais cerca
de 80% viviam no campo. Esse imenso campesinato estava re-
duzido ao estado de servidão medieval, imposto pelos grandes
proprietários de terras.
O último Czar da Rússia, Nicolau II, intensificou a industriali-
zação do país e envolveu-se na disputa pelo domínio de merca-
dos coloniais da Ásia. As sucessivas derrotas do exército russo
ampliaram a impopularidade do czar.
Em janeiro de 1905, uma pacífica manifestação popular em
frente ao Palácio de Inverno de Petrogrado foi violentamente re-
primida pelas tropas do czar. Esse episódio passou a ser chamado
de “Domingo Sangrento” e desencadeou uma onda de protestos
e greves no país.

RÚSSIA ANTES DA REVOLUÇÃO


No século XIX, a Rússia era um dos países mais atrasados da
Europa. Sua economia era essencialmente agrária; sua sociedade
rural e hierarquizada; seu território era dominado por uma monar-
quia, na qual o líder soberano era chamado de Czar (imperador
em russo). A miséria dos camponeses completava o quadro.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 25


História | Ensino Médio | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

A modernização começou em 1861, quando Alexandre II aboliu o regime de servidão. O êxodo


rural liberou grandes continentes de mão-de-obra que poderiam ser utilizados a baixos preços nas
indústrias. A Rússia fez sua Revolução Industrial em fins do século XIX. Eis alguns fatores que
propiciaram essa transformação histórica: intervenção do Estado na economia, mão-de-obra barata
e investimentos estrangeiros, notadamente franceses. Com a industrialização, a classe operária,
que surgiu como decorrência do processo, começou a se organizar. Já em 1885, houve uma grande
greve em Orékhovo-Zuévo. Na classe operária russa, as ideias de Marx e Engels eram difundidas
por intelectuais da classe média. No final do século XIX, foi criado o Partido Social Democrata, cujos
líderes (Plekhanov, Lênin, Trotsky e Mortov) se encontravam no exílio.
Em 1903, houve a cisão do partido, apesar de buscarem o fim do czarismo, os social-democratas
russos não abraçavam um único projeto de reconstrução do país. Foi nesse contexto em que ob-
servamos o desenvolvimento das alas menchevique e bolchevique. De um lado, o grupo liderado
por Martov, que entendiam poder o proletariado melhorar a sua situação por meio de luta grevista.
Deveria se limitar a lutar por seus interesses econômicos. Do outro, o grupo liderado por Lênin
(Vladimir Ilich Ulianov), que acreditava que o governo deveria ser controlado pelos trabalhadores.
Os partidários de Lênin conquistaram a maioria, tendo sido cognominados, a partir desse tempo,
de bolcheviques (isto é, majoritários), enquanto os adversários de Lênin passaram a ser chamados
de mencheviques (isto é, minoritários).

Os bolcheviques Chegam ao poder


Foram os bolcheviques, liderados por Lênin, que assumiram o comando político da Rússia após a
Revolução Russa de outubro de 1917. O lema bolchevique era “paz, terra, pão, liberdade e trabalho”.
Eles adotaram uma série de medidas revolucionárias e de caráter socialista: nacionalização de
bancos, redistribuição de terras entre os camponeses, controle das fábricas pelos operários, insta-
lação de regime unipartidário no controle do governo (Partido Comunista Russo).
Em 1922, com a formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o nome do partido
mudou para Partido Comunista da União Soviética.

O PENSAMENTO REVOLUCIONÁRIO NO SÉCULO XIX


Em 1848 o método de análise da sociedade sofreu uma transformação radical a partir da cons-
trução de uma nova ferramenta: O Materialismo Dialético. No Manifesto do Partido Comunista, Karl
Marx e Friedrich Engels difundiram de maneira simples, em formato de “Manifesto”, sua nova con-
cepção de Filosofia e de História. Um Manifesto é um trabalho curto, em linguagem simples, que
busca sintetizar descobertas e, a partir delas, propor ação. A Obra máxima de Karl Marx é “O Capi-
tal” e, no pequenino Manifesto há traços de divulgação científica em linguagem popular, contendo
ainda o que Marx e Engels descobriram em suas exaustivas pesquisas que resultaram trabalhos de
maior fôlego: “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra”, de Engels e a “Crítica da Filosofia
do Direito de Hegel” de autoria de Karl Marx. Marx e Engels defenderam a ideia de que a divisão
da sociedade em classes e a existência da propriedade privada dos meios de produção seriam as
causas das desigualdades sociais. Eles defendiam que essa realidade poderia ser mudada por meio
de uma revolução.

BURGUESIA E PROLETARIADO
“Por burguesia compreende-se a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios de

26 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 2
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produção social, que empregam o trabalho assalariado. Por proletariado compreende-se a classe
dos trabalhadores assalariados modernos que, privados de meios de produção próprios, se vêem
obrigados a vender sua força de trabalho para poder existir.” (Nota de F. Engels à edição inglesa
de 1888)

A cultura e a arte na Rússia antes da Revolução


Novas profissões, novas classes sociais, maior liberalismo e novas ideias radicais surgiram na
sociedade russa ao longo do século XIX e no começo do século XX. A arte russa, especialmente
a literatura e a pintura, expressavam a modernização em curso e o desejo da sociedade russa por
mudanças.
O processo de modernização da Rússia, iniciado em meados do século XIX, veio acompanhado
do surgimento de uma classe de intelectuais e artistas geniais e inovadores. Alguns deles, como
Dostoievski (1821-1881) e Tolstoi (1828--1910), eram de famílias nobres, mas sua vida tumultuada
não impediu que se sensibilizassem - e sensibilizassem seus leitores - pela miséria humana. Outros
autores, proletários e autodidatas, como Maksim Gorki (às vezes aportuguesado como Máximo
Gorki, 1868-1936), revelavam com realismo a mesquinharia de alguns comportamentos das classes
abastadas.
Já no início do século XX, nas artes plásticas, muitos pintores russos colaboraram com novas
ideias de vanguarda na arte, buscando romper com a tradição. Um dos mais célebres foi Kandinsky
(1866-1944), iniciador da arte abstrata.

Leon Tolstoi e Maksim Gorki, em 1900, foto feita na propriedade coletivizada pelo Conde Tolstoi.
Nobre e ex-militar, autor de Anna Karenina e Guerra e Paz e um ativo pensador anarquista, Tolstoi-
tinha 72 anos na época da foto. Já Gorki, autor de Pequenos burgueses, proletário (ex-sapateiro) e
escritor iniciante ligado ao movimento marxista, tinha 32 anos.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 27


História | Ensino Médio | 9ª ano
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MEIOS DE PRODUÇÃO
Segundo a teoria marxista, meios de produção são o conjunto formado por meios de traba-
lho e objetos de trabalho - ou tudo aquilo que medeia a relação entre o trabalho humano e a natureza,
no processo de transformação da natureza em si. Os meios de trabalho incluem os instrumentos
de produção: instalações prediais (fábricas, armazéns, silos etc), infraestrutura (abastecimento de
água, fornecimento de energia, transportes, telecomunicações, máquinas, ferramentas, etc). Os ob-
jetos de trabalho são os elementos sobre os quais é aplicado o trabalho humano - recursos naturais
(terra, matérias-primas). https://pt.wikipedia.org/wiki/Meios_de_produ%C3%A7%C3%A3o

COMUNISMO E SOCIALISMO
As expressões “comunismo” e “socialismo” recebem significados nem sempre muito precisos.
Numa explicação bem resumida, daria para dizer que, segundo a teoria marxista, o socialismo é uma
etapa para se chegar ao comunismo. Este, por sua vez, seria um sistema de organização da socie-
dade que substituiria o capitalismo, implicando o desaparecimento das classes sociais e do próprio
Estado. “No socialismo, a sociedade controlaria a produção e a distribuição dos bens em sistema
de igualdade e cooperação. Esse processo culminaria no comunismo, no qual todos os trabalha-
dores seriam os proprietários de seu trabalho e dos bens de produção”, diz a historiadora Cristina
Meneguello, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). http://mundoestranho.abril.com.br/
historia/qual-a-diferenca-entre-comunismo-e-socialismo-existiu-algum-pais-realmente-comunista/

A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO: DIFERENÇAS DE CALENDÁRIO

O dia 7 de novembro marca o aniversário da Revolução de Outubro, ocorrida na Rússia em 1917.


Os acontecimentos ocorridos na época consolidaram o Partido Bolchevique no poder, iniciando o
processo que culminou na formação da União Soviética em 1922.
Por que exatamente o evento se chama Revolução de Outubro, se faz aniversário em novembro?
O estranho descasamento entre nome e data tem seu motivo. À época, a Rússia era um dos poucos
países europeus a ainda utilizar o calendário juliano, sistema de contagem de datas implantado em
46 a.C. por Júlio César (daí o nome) e que antecedeu o calendário gregoriano, adotado na maior
parte do Ocidente em 1582 e nos anos seguintes. Devido a falhas na contagem dos anos bissextos,
o calendário juliano acumula uma diferença de 13 dias em relação a seu sucessor: desse modo, a
data que a maior parte da Europa conheceu como “7 de novembro de 1917” foi, na Rússia, o dia 25
de outubro de 1917.
A história da Revolução começou oito meses antes, com a derrubada do regime do czar Nicolau
II (Revolução de Fevereiro). A abdicação do soberano foi seguida pela formação de um Governo Pro-
visório, constituído principalmente por nobres e aristocratas, e de vários conselhos de trabalhadores
(sovietes), formado por “deputados” ligados a partidos de esquerda (bolcheviques, mencheviques e
socialistas-revolucionários). O principal soviete foi instalado na capital do país, Petrogrado.
Embora o Governo Provisório ocupasse nominalmente o poder, grande parte de sua atividade se
reportava à aprovação dos sovietes – instituições em tese informais, mas que na prática influencia-
vam decisivamente setores fundamentais da população russa, como os trabalhadores industriais e
o exército. Esse regime, no qual o poder concreto foi repartido entre Governo Provisório e sovietes,
se chamou “poder dual” – “dvoevlastie”, em russo. Esse sistema imperou na Rússia de março/1917
até a Revolução de Outubro, capitaneada pelo Partido Bolchevique – grupo de esquerda que detinha
influência decisiva sobre os sovietes. Nesse processo, foi decisiva a figura do líder do partido, um

28 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 2
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tal Vladimir Ilyich Ulyanov. Não reconheceu o nome? Talvez seja ligeiramente mais familiar o apelido
que Vladimir adotou em 1901, e que lhe acompanhou até o fim da sua vida: Lênin.
No início de 1917, Lênin (embora a origem seja incerta, acredita-se que o apelido tenha sua
origem no Rio Lena, que atravessa a Sibéria) vivia no exílio em Zurique, tendo ouvido falar
da derrubada do czar por intermédio de um amigo. Ele já era uma figura de destaque no Partido
Bolchevique, autor de diversas obras a respeito do papel do Estado e da revolução socialista. Seu
potencial como líder revolucionário atraiu a atenção do governo alemão, interessado em desestabilizar
a Rússia com o objetivo de obter a vitória no front oriental da Primeira Guerra Mundial. A Alemanha,
assim, ofereceu a Lênin diversas garantias diplomáticas e financeiras para seu retorno a Petrogrado.
Lênin não frustrou as expectativas: assim que pôs os pés em solo russo, começou a trabalhar
incessantemente para a derrubada do Governo Provisório e a passagem de “todo o poder aos so-
vietes”. Esse evento ocorreria em outubro (ou novembro, como preferir), quando um golpe militar
levado a cabo pelos bolcheviques, juntamente com uma série de manobras eleitorais dentro do
sistema dos sovietes, garantiu ao partido a assunção do poder na Rússia.
Apesar de ter causado consequências históricas profundas, a Revolução de Outubro não foi um
evento de grandes dimensões: a propaganda soviética as aumentaria consideravelmente nos anos
posteriores. Seu momento-chave, ocorrido no dia 7 de novembro de 1917, foi a tomada do Palácio de
Inverno de Petrogrado (sede do Governo Provisório) pelas tropas vermelhas. Embora a propaganda
oficial (principalmente o filme Outubro, lançado em 1927 por Sergei Eisenstein) a retrate como um
acontecimento de grande porte, na realidade o Palácio era parcamente defendido. Poucas tropas
foram necessárias, e quase nenhum tiro precisou ser disparado na ocasião.

O exército russo foi um dos principais alvos da propaganda dos partidos de esquerda
nos anos que antecederam à Revolução – como mostra essa foto, em que soldados simpá-
ticos aos bolcheviques carregam faixas com slogans marxistas. O meio militar foi um terreno
extremamente fértil para a propagação de ideais revolucionários, uma vez que o discurso de
“exploração” encontrava grande aceitação entre soldados que não se conformavam com a
luta na Primeira Guerra Mundial, travada em condições precárias e contra um inimigo mais
forte. Após a Revolução, Lênin pretendia substituir a máquina estatal existente por outra in-
teiramente nova, processo que incluiria o exército. A realidade, porém, se mostraria mais forte
do que as teorias de Lênin: estima-se que mais de 80% dos oficiais que lutaram a Guerra Civil

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 29


História | Ensino Médio | 9ª ano
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ao lado dos bolcheviques pertencessem às antigas forças czaristas.


Após a abdicação de Nicolau II em fevereiro de 1917, o czar e sua família foram aprisionados –
primeiro na Tsarskoye Sielo (“aldeia do czar”), uma mansão imperial nos subúrbios de Petrogrado,
depois na Dom Kuklina (“casa de Kuklin”), residência localizada em Tobolsk. Finalmente, foram
transferidos para a Dom Ipat’ieva (“casa de Ipatiev”), localizada em Yekaterinburg, no centro do
país, onde foi tirada a foto acima. Temendo que a antiga família imperial pudesse ser libertada e
provocar agitações contra o novo regime, os bolcheviques executaram o czar, sua esposa, seus
cinco filhos e toda sua comitiva em maio de 1918. Os corpos seriam descobertos apenas em 1979.
O comunismo, quem diria, não obteve os resultados prometidos: logo após a tomada do poder
pelos bolcheviques, a economia russa entrou em colapso, com a falta de produtos básicos e uma
inflação exorbitante (motivada principalmente pelo desejo dos comunistas em se acabar com o
dinheiro, que em sua visão seria um instrumento para a exploração do proletariado). Inicialmente
as falhas foram atribuídas à Guerra Civil, e criou-se a expressão “comunismo de guerra” para se
designar a política econômica dos primeiros anos após a Revolução. Em 1921, Lênin substituiria
o “comunismo de guerra” pela Novaya Ekonomicheskaya Politika (Nova Política Econômica), que
basicamente era o que hoje chamamos de “capitalismo de Estado”. Na NEP, revogada por Stalin
em 1928, era permitida a propriedade privada de alguns negócios, enquanto o crédito, o comércio
exterior e as grandes indústrias eram controladas pelo Estado.
Texto disponível em: https://spotniks.com/historia-da-revolucao-russa-em-16-imagens/

PARA SABER
CZAR: é a palavra russa que corresponde ao termo latino caesar (césar), título atri-
buído ao governante máximo do Império Romano. O regime czarista era autocrático – o
termo autocracia deriva das palavras gregas autos (por si próprio) e cratos (governo) – o
que significa que o czar tinha o poder supremo, absoluto e ilimitado sobre todas as esferas
da sociedade. Esse regime era apoiado sem restrições pela Igreja Ortodoxa e pela nobreza
agrária da Rússia.
SOVIETE: Designação dada aos conselhos que surgiram na Rússia durante a Revolução
de 1905, constituídos por representantes de operários, camponeses e soldados. Com o passar
dos anos, os sovietes transformaram-se em órgãos deliberativos do governo.
BOLCHEVIQUE: Facção partidária revolucionária de Karl Marx, orientada por Vladimir
Lenin. Pregava a atuação revolucionária, com a aliança entre camponeses e operários, a
fim de depor o czarismo e o capitalismo. Com o passar dos anos, o Partido Bolchevique
transformou-se em Partido Comunista que, após a Revolução de 1917, criou o Estado sovi-
ético e instaurou o comunismo na Rússia.
MENCHEVIQUE: Facção partidária revolucionária marxista moderada que se opunha ao
radicalismo dos bolcheviques. Estava ligada à burguesia e pregava a implantação do socia-
lismo de forma gradual e por meio de reformas. Almejavam o poder pelo voto.

30 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 2
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Reforçando seus conhecimentos

1 - No governo da Rússia, o czar Nicolau II teve de enfrentar muitas insatisfações sociais e várias
revoltas populares. Quais eram a reivindicações de camponeses, operários e soldados?

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2 - O que eram os Sovietes?


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3 - Diferencie os Mencheviques dos Bolcheviques citando as características de cada partido.


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4 - Em 1917, ocorreram duas revoluções na Rússia: uma em fevereiro, outra em outubro. Explique
as diferenças das duas etapas.
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História | Ensino Médio | 9ª ano
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5 - O que foi a NEP executada por Lenin?


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6 - “ A queda da burguesia e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis ... Os proletários


nada têm a perder com ela, a não ser as próprias cadeias e têm um mundo a ganhar. Proletários de
todos os países, uni-vos!”
Assinale, nas alternativas abaixo, o nome do grande personagem da história a que devemos este
pensamento:
a) Napoleão Bonaparte;
b) Thomas Malthus;
c) David Ricardo;
d) Friedrich Engels;
e) Karl Marx.

7 - O “Manifesto Comunista”, 150 anos depois da 1ª edição, guarda um caráter de atualidade


porque:
a) a burguesia ainda é uma classe revolucionária.
b) a exploração das massas proletárias continua em andamento.
c) o capitalismo chegou à fase final das suas contradições.
d) os direitos civis dos proletários estão completamente assegurados.
e) a união proletária se concretiza em escala mundial.

8 - Leia o fragmento de texto seguinte, cuja referência bibliográfica foi intencionalmente omitida.
“A burguesia não forjou apenas as armas que lhe trarão a morte, produziu também os homens que
empunharão essas armas: os operários modernos, os proletários. A queda da burguesia e a vitória
do proletariado são igualmente inevitáveis. Os proletários nada têm a perder, a não ser as próprias
cadeias. E têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos.” [adaptação]
As idéias contidas nesse fragmento são representativas do(a)
a) Tratado de Versalhes, que criou uma série de determinações, visando enfraquecer o poder da
burguesia na Europa.
b) Declaração dos Direitos do Homem que se colocou contra a sociedade, a qual mantinha
privilégios exclusivos da burguesia.
c) Doutrina Monroe, que consolidou a autonomia latino-americana, propondo a união dos povos
americanos.
d) Manifesto Comunista, que esboçou as proposições que se tornaram o alicerce do movimento
comunista internacional.
9- O Partido Socialista era composto de duas correntes com diferentes idéias a respeito de como os
operários tomariam o poder da Rússia: Os bolcheviques e os mencheviques. A partir desta informação
podemos afirmar que:
I- Os bolcheviques achavam que se deveria formar um partido capaz do organizar a classe operária e
instaurar a ditadura do proletariado através da luta armada.

32 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 2
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II- Os mencheviques acreditavam que deveria formar um grande partido de massas, incluindo a
burguesia, e participar das atividades políticas.
III- Lenin era o líder dos mencheviques e Kerensky dos bolcheviques.
IV- Bolchevique significa maioria e Menchevique significa minoria.
V- Os mencheviques conseguiram impor suas idéias e conduziram a Revolução Russa.

Após analisar as proposições acima assinale a alternativa correta:


A) Apenas a alternativa I é correta.          B) Apenas a alternativa II é correta    C) Apenas a alternativa
III é correta         
D) As alternativas I e III estão corretas     E) As alternativas I, II e IV estão corretas.  

10- Com relação ao processo revolucionário russo, que culminou com a tomada do poder pelos
bolcheviques 1917, pode-se afirmar que:
a) Na fase denominada Comunismo de Guerra, as medidas tomadas por Lenin está a centralização
da produção e a eliminação da economia de mercado.
b) O governo provisório de Kerensky, tão logo assumiu o poder, retirou a Rússia da Guerra através do
tratado de Brest-Litovsky.
c) O lema “Paz, Terra e Pão”, adotado por Lenin, líder menchevique ,foi fundamental para o apoio do
campesinato a revolução.
d) Na guerra civil entre brancos e vermelhos, os vermelhos receberam auxílio dos países capitalistas
europeus.
e) Na fase da NEP (Nova Política Econômica), houve a estatização definitiva de todas as indústrias e
a proibição de entrada de técnicos estrangeiros.
11 - (UNESP SP/2007)

A Rússia, madura para a revolução social, cansada de guerra e à beira da derrota, foi o primeiro
dos regimes da Europa Central e Oriental a ruir sob as pressões e tensões da Primeira Guerra Mundial
(...) tão pronta estava a Rússia para a revolução social que as massas de Petrogrado imediatamente
trataram a queda do czarismo como uma proclamação de liberdade, igualdade e democracia direta
universais. O feito extraordinário de Lenin foi transformar essa incontrolável onda anárquica popular
em poder bolchevique.

(E. J. Hobsbawm, Era dos extremos.)

A partir do texto, explique as condições estruturais que permitem ao autor considerar a Rússia madura
para a revolução social.

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  12 - (UNICAMP SP/2008)   

Alguns comunistas franceses encontravam conforto na idéia de que as atitudes de Stalin em relação
aos opositores do regime político vigente na União Soviética eram tão justificadas pela necessidade

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 33


História | Ensino Médio | 9ª ano
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quanto havia sido o Terror de 1793-1794, liderado por Robespierre. Talvez em outros países, onde a
palavra Terror não sugerisse tão prontamente episódios de glória nacional e triunfo revolucionário,
essa comparação entre Robespierre e Stalin não tenha sido feita. (Adaptado de Eric Hobsbawn. Ecos
da Marselhesa: dois séculos revêem a Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1996,
p. 67-68.)

a)    De acordo com o texto, o que permitiu aos comunistas a comparação entre os regimes de
Robespierre e de Stalin?

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b)    Quais os princípios políticos que definiam o regime soviético?

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13 - (UEG GO/2008)   

São Petersburgo, cidade russa fundada pelo Czar Pedro, o Grande, no século XVIII, teve vários nomes:
Petrogrado (1914), Leningrado (1924) e, novamente, São Petersburgo, em 1991. Todas essas mudanças
estão relacionadas a importantes acontecimentos políticos que marcaram a história da Rússia no
século XX. Identifique esses acontecimentos.

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34 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 2
Colégio Militar de Manaus

Gabarito
1) Explorados pelos senhores rurais, os camponeses enfrentavam grande miséria e
fome, por isso reivindicavam a posse de terras. Já os operários, que também viviam
em situação de extrema pobreza, revoltavam-se contra os baixíssimos salários e o
crescimento do desemprego durante o período de guerra e reivindicavam melhores
condições de vida e de trabalho. Por fim, exaustos pela guerra, enfrentando a fome e
a falta de armas e munições nas frentes de batalha, os soldados clamavam pelo fim da
guerra.
2) conselhos que surgiram na Rússia durante a Revolução de 1905, constituídos por
representantes de operários, camponeses e soldados. Com o passar dos anos, os
sovietes transformaram-se em órgãos deliberativos do governo
3) Bolchevique: Pregava a atuação revolucionária, com a aliança entre camponeses e
operários, a fim de depor o czarismo e o capitalismo. Com o passar dos anos, o Partido
Bolchevique transformou-se em Partido Comunista que, após a Revolução de 1917, criou
o Estado soviético e instaurou o comunismo na Rússia. Monchevique: Facção partidária
revolucionária marxista moderada que se opunha ao radicalismo dos bolcheviques.
Estava ligada à burguesia e pregava a implantação do socialismo de forma gradual e
por meio de reformas. Almejavam o poder pelo voto.
4) A revolução de fevereiro de 1917 depôs o czar Nicolau II e transferiu o seu poder
para o Parlamento (Duma), que estruturou um governo provisório de caráter liberal-
democrático. O novo governo não retirou a Rússia da guerra e ainda pretendia redigir
uma nova Constituição, mas suas ideias liberais tiveram forte oposição do soviete
de Petrogrado. Com o acirramento da crise social, vários movimentos eclodiram no
país. Camponeses passaram a tomar para si as terras dos proprietários e os soldados
abandonaram as frentes de batalha para participar da mobilização do campo. Na
noite de 24 para 25 de outubro do calendário russo, os bolcheviques atenderam às
reivindicações sociais, reconhecendo os direitos dos camponeses à terra e dos operários
nas fábricas. Assim, pode-se afirmar que a grande diferença entre as duas revoluções
de 1917 está relacionada aos projetos defendidos pelos governos estruturados: um de
caráter liberal-democrático e outro socialista.
5) A Nova Política Econômica (NEP) foi criada após a guerra civil, como tentativa de
recuperação da produção agrícola e industrial.
6) d.
7) b.
8) d.
9) e.
10) a.
11) Gab:

Em primeiro lugar, cabe observar que os processos revolucionários são bastante complexos e que, sob
pena de simplificação, é discutível comparar uma revolução a um produto que, em um certo momento,
esteja “pronto para ser colhido”. Portugal estava “maduro” para a Revolução de Avis? A França estava
“madura” para a Revolução Francesa? A Rússia estava “madura” para a Revolução Russa?

Um processo revolucionário supõe, entre outros aspectos, um contexto de crise do sistema político

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 35


História | Ensino Médio | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

vigente, a existência de uma oposição minimamente organizada que se propõe à tomada do poder,
uma conjuntura interna que possibilite a canalização do descontentamento popular identificando-o à
ineficiência do regime político vigente e, por fim, uma determinada conjuntura internacional propícia
para que o movimento revolucionário não seja abortado.

Nesse contexto pode-se afirmar que o regime czarista estava passando por uma profunda crise de
autoridade, as sucessivas derrotas no plano internacional, a política sistematicamente repressiva em
relação às vozes discordantes, a crise econômica, o descontentamento popular e um conjunto variado
de organizações políticas que se opunham ao regime vigente. Uma conjuntura internacional favorável
– a Alemanha interessada em eliminar sua frente de guerra no Front Oriental – possibilitou a chegada
de Lênin à Rússia em 1917 que catalisa as oposições e consegue derrubar o regime. A Rússia era e
é o maior Estado em extensão territorial. Para consolidar o poder, os bolcheviques contavam com o
apoio dos variados grupos de oposição ao czarismo. Terminada a guerra civil e consolidado o poder,
os bolcheviques trataram de eliminar os demais grupos de oposição e fundaram um regime de partido
único centralizado e autoritário.

12) Gab:

a)    Sendo o terror um instrumento a que o Estado recorre para se manter, podem ser feitas comparações
entre o período de Robespierre e de Stálin. Durante o período de Robespierre, na fase mais radical
da Revolução Francesa (1794), os julgamentos sumários no Tribunal Revolucionário e as execuções na
guilhotina de opositores aos jacobinos possibilitaram a realização das reformas que o poder julgava
necessárias.

No período Stálin (1924-1953), na União Soviética, algo semelhante ocorreu com os julgamentos de
opositores da sua visão socialista, dos grandes expurgos no partido e das inúmeras execuções. Para
os comunistas franceses, o terror justificava-se pela glória nacional e o triunfo revolucionário, tanto da
Revolução Francesa como da Revolução Russa.

b)    A antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) era um estado centralizado e
totalitário definido como uma ditadura de partido único, denominada “ditadura do proletariado”. Na
fase stalinista (1924-1953), houve um esvaziamento dos órgãos colegiados iniciais do período Lênin
(1917-1924) e uma maior concentração de poderes no aparelho burocrático do Estado. Após o período
de Stálin, o chamado processo de desestalinização não conseguiu diminuir o poder da burocracia,
sendo considerado um dos motivos da desintegração da URSS.

13) Gab:

Pedro, o Grande, construiu São Petersburgo como parte do seu projeto de ocidentalização da Rússia,
o que se evidencia pela utilização do nome da cidade em alemão. Durante a I Guerra Mundial, quando
a Rússia estava em guerra com a Alemanha, o vocábulo alemão foi substituído por um vocábulo
russo “Petrogrado”. Dez anos depois, o nome da cidade é mudado para “Leningrado”, em homenagem
a Lênin, o principal líder da Revolução Bolchevista de 1917, que morrera em 1924. Em 1991, com
a dissolução da URSS a cidade foi rebatizada de “São Petersburgo”. Portanto, o nome da cidade,
inspirado em líderes políticos, relaciona-se diretamente aos principais acontecimentos que marcaram
a história russa no século XX.

36 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Nucleares
Período Entre-Guerras
Capítulo
Capítulo114
O período compreendido entre o término da Primeira Guerra
Mundial e o início da Segunda Guerra Mundial foi marcado por
crises econômicas, políticas e sociais em vários países.
Uma das principais crises foi à econômica: a Crise de 1929
Em 29 de outubro de 1929, ocorreu a queda vertiginosa do
valor de milhões de ações na Bolsa de valores de Nova York. Foi
um dos piores dias da crise econômica norte-americana: inúmeras
empresas e bancos foram à falência.
A crise de superprodução que, iniciada nos Estados Unidos,
atingiu, em maior ou menor intensidade, todos os países.
Na Europa, muitas nações dependiam do crédito norte-ame-
ricano e, quando este foi suspenso, sofreram forte abalo. Houve
fechamento de bancos, falências, desvalorização da moeda e de-
semprego.

Crise atinge o Brasil

O Brasil também foi afetado pela crise de 1929. O café, principal


produto de exportação, tinha nos Estados Unidos o seu maior com-
prador. Com a crise, os norte-americanos reduziram as compras e os
estoques de café aumentaram, provocando a queda do preço e transfor-
mações políticas, sociais e econômicas no Brasil.

New Deal: (novo acordo)


Nos primeiros anos do longo mandato do presidente Franklin
Delano Roosevelt (1933 a 1945), o governo dos Estados Unidos
adotou um conjunto de medidas com o objetivo de superar a crise,
que ficou conhecido como New Deal (Novo Acordo).
Esse programa econômico foi inspirado nas ideias do econo-
mista inglês John Keynes (1883-1946)
O “Novo Acordo” era um programa que procurava conciliar as
leis de mercado e o respeito pela iniciativa privada com a interven-
ção do Estado em vários setores da economia.

Entre as principais medidas adotadas estavam:

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 37


História | Ensino Fundamental | 9ª série
Colégio Militar de Manaus

- Controle governamental dos preços de diversos produtos agrícolas e industriais;

- Concessão de empréstimos aos fazendeiros.

- Realização de diversas obras públicas (com o objetivo de criar posto de empregos aos desempregados).

- Criação de um salário-desemprego para aliviar a situação de miséria dos desempregados.

- Limitação dos preços e da produção às exigências do mercado, para garantir os interesses dos industriais.

A política New Deal não alcançou todo o sucesso esperado, mas conseguiu controlar relativamen-
te à crise econômica. A partir de 1935, a economia do país voltou a se fortalecer.
Observe a imagem abaixo e leia a legenda: veja se você identifica a oposição de ideias na imagem.
O que diferencia a propaganda da realidade? O que podemos dizer a respeito da economia dos Esta-
dos Unidos na época da foto (década de 1930)?

Figura 1 Cartaz de propaganda exaltando o es-


tilo de vida estadunidense, em oposição à fila de
pessoas pedindo ajuda, no ano de 1937. No alto do
cartaz, lê-se: “O mais alto padrão de vida do mundo”.

Após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos se destacaram como o grande vencedor. A
sua produção industrial e agrícola era suficiente para abastecer, além do mercado interno, os merca-
dos europeu e latino-americano.
Entre os anos de 1923 e 1929, grande parte da população estadunidense viveu um momento de
euforia. Afinal, o progresso da tecnologia industrial permitiu que a produtividade aumentasse signifi-
cativamente.

Enquanto a indústria produzia a “todo vapor”, a agricultura, altamente mecanizada, batia se-
guidos recordes de produção. Os bancos ofereciam crédito fácil e os Estados Unidos se encontravam

38 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
Colégio Militar de Manaus

Nucleares
na condição de maiores credores dos
Países europeus. Acreditava-se que toda aquela prosperidade duraria para sempre e que o estilo
de vida estadunidense (americanwayoflife) jamais poderia ser imitado pelos habitantes dos demais
países.
Símbolos dessa era de euforia econômica foram o cinema, o jazz e o charleston. O cinema, inven-
Capítulo 11
tado no final do século XIX pelos irmãos Lumière, desenvolveu-se rapidamente em todo o mundo. Após
a Primeira Guerra Mundial, as produções feitas nos Estados Unidos estavam entre as mais assistidas, e
ali se desenvolveu uma próspera indústria cinematográfica, com o surgimento de grandes estúdios na
região da Califórnia, especialmente em Hollywood. O jazz era o estilo musical predominante na época,
influenciando a música ocidental, com o charleston, um estilo de dança que surgiu acompanhado de
bandas de jazz na década de 1920, que se tornou a marca dessa era de otimismo e prosperidade. Os
salões de dança ficavam repletos de “novos ricos” que se divertiam ao som das orquestras, como re-
velou a capa da revista Life, de 18 defevereiro de 1926 (abaixo, à esquerda).

Figura 2 Dança de ritmo frenético de origem


afro-americana, assim como o jazz, o charleston se
tornou uma febre nos Estados Unidos e também na
Europa na décadade 1920.

Mas, apesar da euforia, nem tudo era perfeito: uma crise se anunciava e nem todos comparti-
lhavam da prosperidade crescente. Afinal, se a década de1920 foi de prosperidade, o que provocou a
mudança econômica na década de 1930? O que podemos dizer a respeito da economia dos Estados
Unidos nesse período?

A LEI SECA
Observe com atenção os dados referentes ao aumento da produção em vários setores da indústria
estadunidense na tabela a seguir.

39
História | Ensino Fundamental | 9ª série
Colégio Militar de Manaus

Apenas a produção de vinhos, destilados e cervejaria apresentaram redução de produção. Isso


porque, em 1920, entrou em vigor uma lei federal, válida para todos os estados, proibindo a produção,
o transporte e a comercialização de bebidas alcoólicas. Essa lei (chamada VolsteadAct, apelidada “lei
seca”) foi uma reivindicação principalmente de movimentos religiosos, que defendiam a “moralização
da sociedade” (desde o século XIX, acreditava-se que progresso e proibição de bebidas andavam lado
a lado), e de empresários, que buscavam mais produtividade dos trabalhadores.
Essa proibição, entretanto, não foi eficiente, pois surgiram milhares de bares clandestinos – ape-
nas em Nova York, foram abertos 32 mil bares ilegais – e houve um aumento considerável da produção
de bebidas falsificadas,principalmente de uísque.
Houve também um aumento do contrabando e da corrupção, pois policiais e políticos eram “com-
prados” pelas quadrilhas de “gângsteres” que dominavam esse mercado ilegal de bebidas alcoólicas.
Após um aumento espantoso de crimes e corrupção, incluindo os crimesrelacionados às disputas
entre quadrilhas, a lei seca foi abolida em 1933 pelo Congresso estadunidense.

40 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
Colégio Militar de Manaus

Nucleares
Capítulo 11

Figura 4. Enquanto agentes federais agiam, destruindo estoques de bebidas


falsificadas, gângsteres, como Big Jim Colosimo e Alphonse
“Scarface” Capone, enriqueciam com o comércio ilegal de bebida,
dominando o mercado com a intimidação e a corrupção, ao longo
da década de 1920. Foto de 1921, em Nova York.

O OUTRO LADO DA PROSPERIDADE


O crescimento da economia estadunidense tinha outro lado. Graves problemas emergiam com o
crescimento econômico. Apenas pequena parcela da população tinha acesso, utilizando recursos pró-
prios, aos bens de consumo oferecidos pela poderosa indústria estadunidense. A explosão do consu-
mo registrada na década de 1920 foi, em parte, proporcionada pela expansão do crédito. Mas a maior
parte dos trabalhadores continuava a receber salários baixos, em comparação ao lucro das empresas.
O primeiro problema nos Estados Unidos, na década de 1920, era a concentração de renda. De
fato, enquanto os lucros dos empresários e dos grandes fazendeiros cresciam vertiginosamente, os
salários dos trabalhadores eram mantidos em “níveis históricos”, isto é, baixos.
O segundo problema era a preocupação com a capacidade de pagamento do continente europeu.
A Europa continuou a depender do fornecimento de produtos industrializados e agrícolas estaduni-
denses.
Essa dependência contribuía para aumentar a dívida europeia com os bancos e os produtores dos
Estados Unidos, gerando um clima de instabilidade no mercado financeiro deste país.
Em 1918, países europeus, que detinham em seus cofres mais ou menos a metade do estoque
mundial de ouro, deviam cerca de 10 bilhões de dólares aos bancos e ao governo estadunidense.
O terceiro grave problema nos Estados Unidos no período era a especulação com ações de em-
presas criadas apenas para controlar outras empresas. Eram entidades financeiras que nada produ-
ziam, mas que contribuíam para que os investidores ganhassem muito dinheiro comprando e venden-
do as suas ações.
Por último, não podemos deixar de destacar a especulação nas bolsas de valores dos Estados

41
História | Ensino Fundamental | 9ª série
Colégio Militar de Manaus

Unidos. O mercado de ações era muito concorrido, em razão dos bons resultados que as empresas
vinham tendo nos últimos anos. Muitas pessoas decidiram investir nas bolsas mesmo desconhecendo
as regras do mercado acionário. Muitos investidores chegavam mesmo a contrair empréstimos em
bancos para comprar ações e revendê-las com lucro.

A CRISE DE 1929: A GRANDE DEPRESSÃO


Internamente, a situação da economia estadunidense antes de outubro de 1929 pode ser resumida
da seguinte maneira:
• Durante o período de prosperidade desenfreada, as grandes companhias estadunidenses ti-
veram seus títulos na Bolsa de Valores de Nova York valorizados constantemente. As ações subiram
na mesma medida em que cresceu a confiança no sistema. Entretanto, era uma valorização fictícia,
especulativa, que poderia ruir ao menor sinal de perda de credibilidade.
• O consumo foi incentivado pelas facilidades de créditos, que permitiam aos consumidores
desfrutar dos bens antes de terem condições de pagá-los. A facilidade das “prestações” fez com que
os estadunidenses acreditassem que tudo ia bem.
• Enquanto os estadunidenses continuavam empolgados com a grande prosperidade, em 1927
a Europa já ultrapassava a sua produção de antes da guerra – a indústria e a agricultura do “velho
continente” começaram a dar sinais de recuperação, fazendo com que as exportações estadunidenses
fossem gradualmente reduzidas. O ritmo da produção nos Estados Unidos manteve-se cada vez mais
dinâmico, mas as exportações caíram.

• Ao mesmo tempo, o progresso técnico acabava resultando em mais desemprego, enquanto


o salário real dos trabalhadores era reduzido progressivamente. No campo da produção industrial, a
necessidade de diminuir a produção gerou o desemprego, que afetou o poder de compra da popula-
ção, diminuindo ainda mais o consumo. Com o consumo em declínio, a produção precisou de novo ser
reduzida, o que provocou mais desemprego.

• No final da década de 1920, a situação da economia estadunidense já era crítica. Os tais “dias
melhores” não chegavam nunca. Granjeiros e pequenos, médios e até mesmo grandes fazendeiros não
encontravam compradores para os seus produtos, embora os preços começassem a despencar. Nas
cidades industriais, as massas de desempregados faziam Fila diante de qualquer oferta de trabalho.

• Os bancos restringiram o crédito e milhões de pessoas não tinham mais condições de honrar
compromissos anteriormente assumidos. Não havia como pagar os empréstimos.

Todo esse quadro refletia na mais importante bolsa de valores do mundo – a Bolsa de Nova York.
Durante a fase de prosperidade da economia, as cotações das ações mantiveram-se em alta. Mas,
em outubro de 1929, as cotações das ações simplesmente despencaram. Isso ocorreu porque muitos
acionistas, preocupados com a “saúde financeira” das empresas, procuraram vender o mais rápido
possível todos os seus papéis (ações) na bolsa.

A QUEBRA DA BOLSA DE NOVA YORK E A PROPAGAÇÃO DA CRISE


Em outubro de 1929, ocorreu o crash (a quebra) da Bolsa de Valores de Nova York. Não havia mais
possibilidade de fazer negócios na bolsa, pois todos queriam apenas vender as ações que possuíam a
qualquer preço.
A explosão da crise em 1929 repercutiu nos anos seguintes, conforme destacou o historiador in-

42 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
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Nucleares
glês David Thomson (1912-1970).
“A crise econômica mundial explodiu com o colapso da Bolsa de Valores de Nova York em 1929.
Uma especulação desenfreada tinha levado os valores dos títulos e das ações a alturas fantásticas.
Quando a confiança se abalou ligeiramente, seguiu-se a venda igualmente desenfreada dos títulos,
que cresceu como uma bola de neve, ocasionando o colapso espetacular do mercado de títulos. No
Capítulo 11
espaço de um mês, o seu valor caiu em 40%, e em 1932 já haviam falido 5š000 bancos americanos.
Devido ao fato de os americanos terem recolhido seus investimentos no exterior, passando a importar
menos, o colapso atingiu rapidamente outros países. Em toda parte a produção diminuiu, o comércio
retraiu-se e o desemprego aumentou. Em 1931, faliu o principal banco vienense, o Kredit-Anstalt, pre-
cipitando a crise financeira na Europa. O comércio mundial reduziu-se a um terço de seu volume nor-
mal, entre 1929 e 1932, enquanto aumentavam os índices de desemprego. THOMSON, D…id. Pequena
história do mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: Zahar, 1976. p. 104.”
A crise propagou-se rapidamente. Ao retirar os investimentos realizados na Europa, os capitalistas
estadunidenses precipitaram a crise nesse continente. Em 1932, auge da crise, o comércio internacio-
nal reduziu-se a um terço do que era antes de 1929. Também as relações comerciais Entre os Estados
Unidos e a América Latina foram profundamente
afetadas: em 1929 o comércio entre as duas áreas chegava a mais de 2 bilhões de dólares; em
1932, era de apenas 500 milhões de dólares. Toda a Europa também foi seriamente afetada. Calcula-se
que, em 1933, na Alemanha, mais da metade da população na faixa etária entre 15 e 30 anos estava
desempregada. A produção industrial havia caído mais de 40%.

A RECOSNTRUÇÃO ECONÔMICA DA DÉCADA DE 1930


Nos Estados Unidos, os fazendeiros, arruinados pela crise, não tinham como manter as suas pro-
priedades hipotecadas com os bancos, pois não conseguiam saldar os empréstimos contraídos. Mui-
tas pequenas e médias empresas fecharam as portas, enquanto milhares de bancos faliram entre 1929
e 1932.
Os grandes empresários do setor industrial reduziram ainda Mais a produção, diminuíram os salá-
rios e, ao gerarem mais desemprego, ampliaram a crise. A recuperação da economia capitalista mun-
dial foi lenta e difícil. Depois de certo momento de perplexidade, os governantes dos países capitalistas
começaram a tomar medidas visando debelar a crise.
As primeiras medidas tomadas não surtiram o efeito desejado, pois foram seguidos modelos clás-
sicos, como a contenção das despesas governamentais. Naquele momento, era necessária uma maior
intervenção do Estado, um aumento dos gastos públicos, medidas protecionistas e incentivo às expor-
tações. A maioria dos países europeus adotou o “nacionalismo econômico” como um dos meios para
sair da crise. Esse “fechamento” da economia europeia contribuiu para agravar, ainda mais, as relações
comerciais internacionais. Do ponto de vista político, a crise contribuiu para que regimes
totalitários se consolidassem no poder, como foi o caso do nazismo na Alemanha (como veremos
adiante).
É preciso considerar que a crise abalou a crença irrestrita nos princípios do liberalismo econômi-
co. A partir da década de 1930, vários governos adotaram medidas de intervenção estatal na economia
como forma de superar os problemas gerados por novas crises.

NEW DEAL
Para sair da crise, medidas vigorosas tiveram de ser tomadas pelo governo dos Estados Unidos.
A partir de 1933, teve início o mandato do presidente Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), que, em
sua campanha pelo Partido Democrata, prometera profundas mudanças na ordem capitalista estadu-

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História | Ensino Fundamental | 9ª série
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nidense.
O Congresso foi convocado, logo após a posse de Roosevelt, para legalizar importantes medidas
de estabilização. As leis mais importantes regulamentadas naquele momento foram a Lei de Emergên-
cia do Sistema Bancário e a Lei de Recuperação da Indústria Nacional.
O amparo legal era fundamental para que o New Deal(“novo acordo” ou “novo contrato”) obti-
vesse sucesso. Em pouco tempo, o sistema bancário foi reorganizado e o Programa Agrícola Federal
Amparou os produtores em dificuldades.
Esse programa de reformas econômicas que o governo Roosevelt (1933-1945) colocou em prática
tinha como base teórica o pensamento do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946).
O “novo acordo” era composto por um conjunto de medidas que objetivavam a reconstrução da
economia capitalista e que se destacam como as mais importantes medidas tomadas pelo governo dos
Estados Unidos na década de 1930:
• a concessão de empréstimos governamentais aos fazendeiros arruinados (muitos fazendeiros
utilizaram-se dessa linha de crédito para pagar empréstimos aos bancos);
• a criação de um banco cujos depósitos seriam garantidos pelo governo para financiar as ex-
portações;
• a legalização dos sindicatos e o incentivo para o seu fortalecimento, a fim
de que fossem conseguidas melhores condições de trabalho;
• o lançamento de um grande programa de obras públicas para absorver os desempregados;
• a criação de um sistema de seguro-desemprego, em 1936, objetivando recuperar a confiança
do povo no sistema e a capacidade de compra dos desempregados, por meio da manutenção de uma
renda mínima para os trabalhadores que estivessem fora do mercado de trabalho;
• a redução da jornada de trabalho para oito horas, para reduzir o desemprego (a redução da
jornada significa uma redução temporária dos níveis de produção);

• a fixação de salários mínimos (Lei do Salário Mínimo), além da limitação da jornada de trabalho
no setor industrial (Lei do Horário Máximo de Trabalho), em 1938, que resultaram da aprovação de
• leis que garantiram importantes conquistas para os trabalhadores;
• a ampliação do sistema de previdência social.

Quanto ao mercado de capitais, uma comissão especialmente criada pelo governo federal passou
a supervisioná-lo, a fim de evitar que o perigoso jogo da especulação financeira derrubasse o preço
das ações de empresas que procuravam se reerguer em meio à crise. Ao planejar a recuperação da
economia dos Estados Unidos a partir de um conjunto de medidas que objetivavam reduzir os efeitos
devastadores da crise, o governo Roosevelt mostrou um dos caminhos que as demais nações do mun-
do poderiam seguir. O historiador Hilário Franco Júnior e o economista Paulo Pan Chacon destacaram
o significado do New Deal.
“Ele representou um marco na passagem do capitalismo clássico, liberal e concorrencial para o
capitalismo monopolista e estatal, tendo sido definido por ele próprio como “uma nova concepção dos
deveres e das responsabilidades do governo com respeito à economia mundial”. FRANCO JÚNIOR,
Hilário; CHACON, Paulo. História econômica do Brasil. São Paulo: Atlas, 1980. p. 314.

Totalitarismo
No pós-guerra, assistiu-se em diversas partes do mundo ao desenvolvimento das democracias
liberais e à ascensão vertiginosa dos regimes totalitários. Chamamos de totalitário o regime político
que considera os interesses do Estado infinitamente mais importantes do que os direitos do indivíduo:
“Nada pelo indivíduo, tudo pelo Estado”.

44 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
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Nucleares
Capítulo 11

Figura 5 Manifestação do partido nazista realizada na Alemanha, em 1937.


Note, nos estandartes, a cruz suástica. Esse símbolo foi adotado pelo nazismo e
foi amplamente utilizado durante a vigência do regime. O nazismo foi a vertente
alemã do fascismo, com algumas características próprias. Fotos coloridas da
Alemanha nazista, como esta, são raras. De acordo com pesquisadores, elas
pertencem ao arquivo da revista Life.

Figura 8 O líder italiano Benito Mussolini, ex-professor e jornalista, foi o pri-


meiro líder fascista a tomar o poder de fato, após a marcha sobre Roma, na Itália,
em 1922. Na imagem, Mussolini discursa ao público do alto de um carro na Pia-
zza delDuomo, uma praça na cidade italianade Milão. Foto de outubro de 1925.

As razões gerais da ascensão e consolidação dos regimes totalitários em diversos países do mun-

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do no pós-guerra são semelhantes:


- os efeitos da crise econômica do pós-guerra (aumento da dívida externa, desemprego, fome)
agravado pela crise mundial de 1929;
- a intensificação dos conflitos sociais e a incompetência dos governos democráticos na adminis-
tração desses conflitos;
- o receio que os grupos dominantes (empresários, banqueiros, oficiais das forças armadas) nu-
triam com relação ao avanço do socialismo (daí o apoio que o nazi-fascismo recebeu desses grupos).
Dois exemplos de regimes totalitários surgidos no pós-guerra foram o fascismo, na Itália, e o nazismo
na Alemanha.
O fascismo italiano e o nazismo alemão possuíam inúmeras características comuns:
- o nacionalismo extremado. Consideravam a nação (Itália, no caso do fascismo; Alemanha, no
caso do nazismo) como uma das criações mais elaboradas do espírito humano. Por isso a vontade
pessoal devia estar submetida à vontade nacional;
- o unipartidarismo. Em cada nação, deveria haver apenas um partido;
- o emprego da violência. Tanto os fascistas quanto os nazistas faziam uso sistemático da violência
para aterrorizar e eliminar seus adversários;
- o expansionismo. Diziam que a nação que não se expandisse territorialmente fatalmente acaba-
ria por desaparecer. O ditador alemão Adolf Hitler afirmava, por exemplo, que os alemães precisavam
conquistar um espaço vital – para se realizarem plenamente.

Nazismo
Regime político de caráter totalitário que se desenvolve na Alemanha durante as sucessivas crises
da República de Weimar, entre 1919 e 1933. Baseia-se na doutrina do nacional-socialismo, formulada
por Adolf Hitler, que orienta o programa do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães
(NSDAP). De caráter nacionalista, defende o racismo, a superioridade da raça ariana e a luta pelo ex-
pansionismo alemão e nega as instituições da democracia liberal e a revolução socialista. A essência
da ideologia nazista encontra-se no livro de Hitler, Minha Luta (MeinKampf).
Ao final da I Guerra Mundial, além de perder territórios para França, Polônia, Dinamarca e Bélgica,
os alemães são obrigados pelo Tratado de Versalhes a pagar altas indenizações aos países vencedores.
Essa penalidade faz crescer a dívida externa e compromete os investimentos internos, gerando falên-
cias, inflação e desemprego em massa. As tentativas frustradas de revolução socialista (1919, 1921 e
1923) e as sucessivas quedas de gabinetes de orientação social-democrata criam condições favoráveis
ao surgimento e à expansão do nazismo no país. O NSDAP, utilizando-se de espetáculos de massa
(comícios e desfiles) e dos meios de comunicação (jornais, revistas, rádio e cinema), consegue mobi-
lizar a população por meio do apelo à ordem e ao revanchismo. Recebe ajuda da grande burguesia,
que teme o movimento operário. Favorecidos por uma divisão dos partidos de esquerda, os nazistas
são vitoriosos nas eleições de 1932. Em 1933, Hitler é nomeado primeiro-ministro, com o auxílio de
nacionalistas, católicos e setores independentes. Um ano depois se torna chefe de governo (chanceler)
e chefe de Estado (presidente). Interpreta o papel de führer, o guia do povo alemão, criando o III Reich
(III Império).

Fascismo
O governo de Mussolini
Até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, podemos dividir o governo de Mussolini em duas
grandes fases:
 Primeira fase (1922 – 1924) Mussolini organizou milícias (tropas) fascistas que promoveram

46 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
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Nucleares
uma série de atentados terroristas contra os políticos de oposição. Nessa fase seu governo caracteri-
zou-se pelo nacionalismo extremado e pela construção de um Estado autoritário.
 Segunda fase (1925 – 1939) –Mussoline já havia reunido poder suficiente para implantar a di-
tadura fascista na Itália. Tornou-se, então, o chefe supremo do Estado, sendo conhecido como Duce,

Capítulo 11
que em italiano significa aquele que dirige.
“Um minuto no campo de luta vale uma vida inteira de paz.” Mussolini
Regime político de caráter totalitário que surge na Europa no entre guerras (1919-1939). Original-
mente é empregado para denominar o regime político implantado pelo italiano Benito Mussolini entre
1919 e 1943. Suas principais características são o nacionalismo, que tem a nação como forma suprema
de desenvolvimento, e o corporativismo, em que os sindicatos patronais e trabalhistas são os media-
dores das relações trabalhistas. O fascismo nasce oficialmente em 1919, em Milão, quando Mussolini
funda o movimento intitulado Fascio de Combatimento, cujos integrantes, os camisas pretas (cami-
cienere), se opõem à classe liberal. Em 1922, as milícias fascistas desfilam na Marcha sobre Roma.
Pretendem tomar o poder militarmente e ocupam prédios públicos e estações ferroviárias, exigindo
a formação de um novo gabinete. Mussolini é convocado para chefiar o governo do país, que atra-
vessa profunda crise econômica, agravada por greves e manifestações de trabalhadores. Por meio de
fraudes, os fascistas conseguem maioria parlamentar. Em seguida, Mussolini dissolve os partidos de
oposição, persegue parlamentares oposicionistas e passa a governar por decretos. As características
do regime são cerceamento da liberdade civil e política, unipartidarismo, derrota dos movimentos de
esquerda e limitação ao direito dos empresários de administrar sua força.

“O mundo saiu desordenado da Primeira Guerra Mundial”. O Japão aproveitou a guerra


para se expandir pelo Pacífico, o que irritou um bom número de nações. Os Estados Unidos re-
forçaram a sua economia, o que lhes deu um peso mais importante nas relações internacionais.
Na Europa, o aparecimento de um Estado comunista na Rússia e o tratado de paz, considerado
injustos pelos vencidos, criou novas rivalidades entre as nações. (...) A grande crise econômi-
ca dos anos de 30 teve como consequência o fim da détente. Ela contribuiu para o sucesso
de ditaduras que propunham como solução para os problemas o rearmamento e uma política
expansionista. “Enfraqueceu também as democracias, quase sem reação face às agressões das
ditaduras.” CAROL, Ana; CARRIGUES, Jean, IVEMEL, Martin. Resumo da História do século XX.
Lisboa: Plátano, 1999, p. 336 343.

“É muito perturbador o fato de o regime totalitário, malgrado o seu caráter evidentemente


criminoso, contar com o apoio das massas. Embora muitos especialistas neguem-se a aceitar
essa situação, preferindo ver nela o resultado da força da máquina de propaganda e de lavagem
cerebral, a publicação, em 1965, dos relatórios, originalmente sigilosos, das pesquisas de opinião
pública alemã dos anos de 1939-44, realizadas então pelos serviços secretos da SS (...) Demons-
tra que a população alemã estava bem informada sobre o que acontecia com os judeus ou sobre
a preparação do ataque contra a Rússia, sem que isso reduzisse o apoio dado ao regime.” AEN-
DT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia da Letras, 2002. P. 339.

Ascensão de Hitler
Em 1925, Von Hindenburg foi eleito presidente da Alemanha. O novo presidente não conseguiu
realizar a estabilização política nem superar as dificuldades econômicas do país, problemas herdados
com a derrota da Primeira Guerra Mundial. Dívidas de guerra, indústria abalada, alto nível de desem-
prego etc. retratavam a situação econômica alemã, que se agravou ainda mais com a crise de 1929.

47
História | Ensino Fundamental | 9ª série
Colégio Militar de Manaus

Os nazistas aproveitaram-se dessa situação para fazer duras críticas à ineficiência dos dirigentes
alemães. Com esse discurso, nas eleições de julho de 1932, conquistaram a maior bancada do parla-
mento alemão (38% dos deputados).A tumultuada situação econômica, política e social alemã no final
de 1932 foi favorável à ascensão de Hitler, que, com a aprovação de Hinderburg, tornou-se chanceler,
isto é, chefe do governo na Alemanha, em 30 de janeiro de 1933.
Com poderes excepcionais, Hitler suprime todos os partidos políticos, exceto o nazista; dissolve os
sindicatos; cassa o direito de greve; fecha os jornais de oposição; e estabelece a censura à imprensa.
Apoiando-se em organizações paramilitares, SA (guarda do Exército), SS (guarda especial) e Gestapo
(polícia política), realizam perseguições aos judeus, aos sindicatos e aos políticos comunistas, socialis-
tas e de outros partidos. O intervencionismo e a planificação econômica adotada por Hitler eliminam,
no entanto, o desemprego e impedem a retirada do capital estrangeiro do país. Há um acelerado
desenvolvimento industrial, que estimula a indústria bélica e a edificação de obras públicas. Esse cres-
cimento se deve em boa parte ao apoio dos grandes grupos alemães, como Krupp, Siemens e Bayer, a
Adolf Hitler. Em desrespeito ao Tratado de Versalhes, Hitler reinstitui o serviço militar obrigatório, em
1935, remilitariza o país e envia tanques e aviões para amparar as forças conservadoras do general
Francisco Franco durante a Guerra Civil Espanhola, em 1936. Nesse mesmo ano promove o extermínio
sistemático dos judeus por meio da deportação para guetos ou campos de concentração. Anexa a
Áustria e a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia (1938). Ao invadir a Polônia, em 1939, dá início à
II Guerra Mundial.
A propaganda era conduzida por Joseph Goebbels, titular do Ministério da Educação do Povo e da
Propaganda, que exercia severo controle sobre as instituições educacionais e sobre os meios de co-
municação. Utilizando os métodos mais desonestos e sensacionalistas para divulgar a doutrina nazista,
Goebbels tinha, basicamente, a seguinte filosofia:
“Uma mentira dita cem vezes torna-se verdade”.
Entre as principais características do Estado nazista,podemos citar as seguintes:
• Nacionalismo: para os nazistas, a nação era o ideal supremo, a mais elevada forma de sociedade
criada pelo ser humano.
• Totalitarismo: regime político não democrático no qual inexiste a separação de poderes, ficando
a totalidade do poder do Estado concentrada em uma só pessoa ou em um só partido.
• Unipartidarismo: o Estado deveria ser controlado exclusivamente por um partido, no caso, o
Partido Nazista.
• Crença na infalibilidade do líder: segundo esse princípio, o líder, o guia infalível, enfim, o Führer,
sabia o que seria melhor para o conjunto da sociedade.
• Elitismo: visão da vida segundo a qual o mundo deve ser dirigido pelos melhores, mais fortes,
mais aptos e racialmente mais puros.
• Arianismo: princípio segundo o qual existe a superioridade da raça nórdica, da qual os alemães
seriam os representantes mais puros. O arianismo implica a crença em uma conexão íntima entre o
solo e o sangue, em uma espécie de relação mística entre a raça e a mãe pátria, vinculando-se, dessa
maneira, a nação – formada por indivíduos racialmente
puros e superiores – ao Estado, que deve promover a grandeza e o poderio da nação, protegendo-
-a daqueles considerados “impuros” (para os nazistas, os judeus, os eslavos, os ciganos, os mestiços,
etc.), e, dessa maneira, evitando a “degeneração racial”.
• Antissemitismo: em razão da hostilidade contra o povo judeu, apoiada na ideia da superioridade
da raça ariana e fundamentando-se em explicações pseudocientíficas, os judeus perderam o direito à
cidadania alemã, fato consolidado com a decretação das Leis de Nuremberg, em 1935.
• Militarismo: princípio de que a guerra era a grande redentora dos povos, tornando necessária
a militarização do país para que fosse capaz de impor a sua vontade no plano geopolítico. Era preciso

48 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
Colégio Militar de Manaus

Reforçando seus conhecimentos


Nucleares
Capítulo 11
Necessidade da Propaganda (Bertold Brecht)
1.
É possível que em nosso país nem tudo vá bem como deveria ser
Mas ninguém pode duvidar que a Propaganda é boa.
Até quem passa fome deve admitir
Que o Ministério da Alimentação fala bem.
2.
Quando o Regime em um só dia
Mil pessoas tem assassinado, sem
Inquérito nem Julgamento (1)
O Ministro da Propaganda elogia a infinda paciência do Führer
Que com o matadouro tem esperado tanto tempo
E o canalha acumulado com cargos e posição-de-honra
Em um tão magistral discurso que
Nestes dias não apenas os parentes das vítimas
Mas também os próprios açougueiros lamentam.
3.
E quando em outro dia o grande balão-dirigível do Reich
Caiu em chamas porque foi enchido com gás inflamável (2)
Para poupar o não-inflamável para objetivo bélico
Prometeu o Ministro da Aviação diante dos caixões das vítimas
Que ele não deixará desanimar, ao que
Nada além de aplauso elevou-se. Mesmo dos caixões
Deveriam vir aplausos.
4.
E quão magistral é a Propaganda
Pra o lixo e para o livro do Führer!
Todos juntos trazidos, o livro do Führer a recolher
Onde sempre deixado por perto.
Para o coletor-de-trapos a propagar, tem o grande Göring
Tem se declarado o maior coletor-de-trapos de todos os tempos e
Para alojar os trapeiros no meio da capital do Reich
Construiu um palácio
Que é tão grande quanto uma cidade (3)
5.
Um bom Propagandista
Faz de um chiqueiro um parque-de-excursões.
Se não há gordura, ele prova
Que uma cintura delgada embeleza todo homem
Milhares, que têm ouvido ele falar sobre as auto-estradas

49
História | Ensino Fundamental | 9ª série
Colégio Militar de Manaus

Se alegram, como se eles tivessem carros.


Acima das covas dos mortos-de-fome e dos falecidos
Ele cultiva arbustos-de-louros. Mas muito tempo antes que
Ele fale sobre a Paz, já os canhões se moveram.
6.
Apenas através da excelente Propaganda se consegue
Convencer milhões de pessoas em conjunto
Que o desenvolvimento das Forças Armadas significa esforço para a Paz
Cada novo tanque é uma peça para a Paz
E cada novo regimento é uma nova prova
Do desejo de Paz.
7.
Entretanto: bons discursos também possibilitam muito
Assim possibilitam, mas não tudo. Muitos
Têm já dito ouvir: que pena!
Que a palavra ‘carne’ não mata a fome, e que pena!
Que a palavra ‘roupa’ tão pouco consiga aquecer.
Quando o Ministro do Planejamento faz um discurso de louvor
a um novo tecido fino
Não pode nem chover, senão
Os ouvintes ficam lá só de camisas.
8.
E ainda algo deixa um pouco duvidoso
O objetivo da Propaganda: quanto mais em nosso país Propaganda exista
Tanto menos existe algo realmente.

Trad. Livre: Leonardo de Magalhaens


NOTAS: (1)No dia após o incêndio criminoso do Reichstag (Parlamento alemão) em 28 de fevereiro
de 1933, do qual os nazistas acusaram os Comunistas. (2)O dirigível “Hindenburg” incendiou-se em 6
de mio de 1937, próximo Lakehurst, EUA. (3)HermannGöring, desde 1933 Ministro Imperial da Avição,
construiu o Ministério da Aviação. Quando encarregado para o Plano Quadrienal (desde 1936) ele pro-
pagou a reutilização do lixo, etc, com a campanha “KampfdemVerderb” (luta dos refugos)

1. Quais são os principais aspectos da propaganda nazista atacados por Brecht?


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2. Segundo o historiador Alcir Lenharo, no texto da página 75 deste volume, Hitler considerava
que a propaganda sempre deveria ser popular e, se preciso, mentirosa. Entretanto, Brecht mostra os
imites da mentira. Quais seriam esses limites?
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50 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
Colégio Militar de Manaus

Nucleares
1) O período entre as duas guerras mundiais (1919 - 1939) foi marcado por:

a) crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia e polarização ideológica entre fascismo e


comunismo;
b) sucesso do capitalismo, do liberalismo e da democracia e coexistência fraterna entre fascismo
e comunismo;
Capítulo 11
c) estagnação das economias socialistas e capitalistas e aliança entre os EUA e a URSS para deter
o avanço fascista da Europa;
d) prosperidade das economias capitalistas e socialistas e aparecimento da Guerra fria entre os
EUA e a URSS;
e) coexistência pacífica entre os blocos americano e soviético e surgimento do capitalismo mo-
nopolista.

02) O nazismo e o fascismo surgiram:

a) do desenvolvimento de partidos nacionalistas, com pregações em favor de um Executivo forte,


totalitário, com o objetivo de solucionar crises generalizadas diante da desorganização surgida após a
Primeira Guerra;
b) da esperança de conseguir estabilidade com a união das “doutrinas liberais” de tendências
individualistas;
c) com a instituição do parlamentarismo na Itália e na Alemanha, agregando partidos populares;
d) com o enfraquecimento da alta burguesia e o apoio do governo às camadas lideradas pelos
sindicatos socialistas;
e) do coletivismo pregado pelos marxistas.

03) Em seu famoso painel Guernica, Picasso registrou a trágica destruição dessa cidade basca
por:

a) ataques de tropas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial;


b) republicanos espanhóis apoiados pela União Soviética durante a Guerra Civil;
c) forças do Exército Francês durante a Primeira Guerra Mundial;
d) tropas do governo espanhol para sufocar a revolta dos separatistas bascos;
e) bombardeio da aviação alemã em apoio ao general Franco contra os republicanos.

04)”Mas um socialismo liberado do elemento democrático e cosmopolita cai como uma luva para
o nacionalismo.” Esta frase de Charles Maurras, dirigente da ActionFrançaise, permite aproximar pen-
samento da ideologia:

a) fascista
b) liberal
c) socialista
d) comunista
e) democrática

05) A Guerra Civil Espanhola (1936 - 1939), em que mais de 1 milhão de pessoas perdeu a vida,
terminou com a derrota dos republicanos e com a subida ao poder do general Francisco Franco. O
Estado Espanhol, após a vitória de Franco, cacterizou-se como:

51
História | Ensino Fundamental | 9ª série
Colégio Militar de Manaus

a) democrático com tendências capitalistas;


b) democrático com tendências socialistas;
c) populista de esquerda;
d) totalitário de direita;
e) totalitário de esquerda.

06) Entre as duas Guerras Mundiais (1919 - 1939), ocorreram alguns fatos históricos relevantes.
Merecem destaque a:

a) ascensão da República de Weimar, a eclosão da Guerra da Coréia e a proclamação da república


do Egito;
b) quebra da Bolsa de Nova Yorque, a proclamação da República Popular da China e a criação do
estado de Israel;
c) deflagração da guerra entre Grécia e Turquia, a eleição de presidentes socialistas na França e
em Portugal e a constituição do Pacto de Varsóvia;
d) ascensão do nazismo na Alemanha, o início da Nova Política Econômica na Rússia e a deflagra-
ção da Guerra Civil na Espanha;
e) ascensão do fascismo italiano, a criação do Mercado Comum Europeu e a invasão do Afeganis-
tão pela União Soviética.

07) A ascensão de Hitler ao poder, no início dos anos trinta, ocorreu:

a) pelas mãos do Exército Alemão, que quis desforrar-se das humilhações impostas pelo Tratado
de Versalhes;
b) através de uma ação golpista, cuja ponta de lança foram as forças paramilitares do Partido
Nazista;
c) em conseqüência de uma aliança entre os nazistas e os comunistas;
d) a partir de sua convocação pelo presidente Hindenburg para chefiar uma coalizão governa-
mental;
e) através de uma mobilização semelhante à que ocorreu na Itália, com a marcha de Mussolini
sobre Roma.

08) 1. “Ao contrário das velhas organizações que vivem fora do Estado, os nossos sindicatos fazem
parte do Estado.” (Mussolini)
2. “Defender os produtores significa combater os parasitas. Os parasitas do sangue, em primeiro
lugar os socialistas, e os parasitas do trabalho, que podem ser burgueses ou socialistas.” (Mussolini)
3. “Mesmo neste momento, tenho a sublime esperança de que um dia chegará a hora em que es-
sas tropas desordenadas se transformarão em batalhões, os batalhões em regimentos e os regimentos
em divisões.” (Hitler)
4. “Aqueles que governam devem saber que têm o direito de governar porque pertencem a uma
raça superior.” (Hitler)

Nas citações acima, encontramos algumas das principais características do nazismo e do fascis-
mo. Identifique-as, ordenadamente, nas alternativas abaixo:
a) Expansionismo, nacionalismo, romantismo, idealismo.
b) Corporativismo, anticomunismo, militarismo, racismo.
c) Totalitarismo, socialismo, esquadrismo, anti-semitismo.

52 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
Colégio Militar de Manaus

d) Liberalismo, comunismo, antimilitarismo, corporativismo.

Nucleares
e) Pacifismo, não-intervencionsimo, industrialismo, anti-semitismo.

09) Por mais de um século, a Espanha estivera dividida entre grupos hostis de reacionários, mo-
narquistas e religiosos de um lado, e liberais burgueses, anticlericais e socialistas do outro. Em 1931,
Capítulo 11
uma revolução instalou a República e foram promulgadas severas leis contra o Exército, os latifundiá-
rios e a Igreja. Em julho de 1936, no entanto, irrompeu a contra-revolução, levando a uma guerra civil
que se prolongou por cerca de três anos e que teve como principal conseqüência:

a) a vitória das forças democráticas e da monarquia parlamentar sob o comando do rei Juan Car-
los;
b) a ascensão do socialismo, que vigorou até meados da década de 70;
c) a implantação do franquismo, com o apoio da Itália e da Alemanha;
d) o triunfo das forças populares, que levou à união nacional e pôs fim às rivalidades entre os
habitantes do país;
e) o enfraquecimento da Espanha e sua submissão à França e Inglaterra.

10) “Quando a crise estourou, o governo do presidente Hoover, do Partido Republicano, adotou
uma atitude passiva, de acordo com o sistema liberal dominante nos Estados Unidos. Mas os anos
passaram e a crise permaneceu. Viu-se então que os empresários americanos e o governo republicano
que os representava não seriam capazes de solucioná-la. Nas eleições presidenciais, os republicanos
apresentaram a candidatura de Herbert Hoover à reeleição, mas ele foi derrotado pelo candidato dos
democratas.”
O candidato vencedor foi:

a) John Kennedy
b) George Washington
c) Woodrow Wilson
d) Fraklin Roosevelt
e) Harry Truman

11) No período entre-guerras (1919-1939), as dificuldades econômicas e sociais geradas pela crise
do capitalismo, somadas às conseqüências da Revolução Russa de 1917, constituíram o quadro em que
se revelaremos descontentamentos com a situação vigente. Nessa época o capitalismo foi questiona-
do, variando, contudo, as interpretações quanto às soluções a serem adotadas; a fascista e a socialista.
Porém, ambas tinham em comum a oposição:

a) Ao Estado liberal;
b) Ao Nacionalismo;
c) À classe operária;
d) À social-democracia;
e) Ao Estado Intervencionista.

12) A crise econômica iniciada em 1929, nos Estados Unidos, e que se propagou por vários ou-
tros países, desarticulando a economia internacional no seu conjunto, representou a negação dos
princípios liberais que se encontravam fortemente enraizados na sociedade norte-americana. Sobre a
depressão econômica dos anos trinta, é correto afirmar, EXCETO:

53
História | Ensino Fundamental | 9ª série
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a) O forte processo de concentração empresarial determina o controle do mercado por grandes


corporações, o que representa importante fator de desarticulação da economia.
b) Reduz drasticamente o volume do comércio externo, provocando a queda da produção mundial
e desorganização do mercado internacional.
c) Há manifestação de uma desenfreada ciranda especulativa, superaquecendo as Bolsas de Va-
lores e desviando o capital de seu circuito natural de reprodução.
d) Apresenta um caráter praticamente universal, atingindo diretamente ou não vários países e
atuando sobre os mais diversos setores da economia.
e) Trata-se de uma crise causada pela escassez generalizada de mercadorias, manifestando-se
através da elevação acentuada dos preços, gerando um violento surto inflacionário.

13) A solução americana para a crise de 1929 caracteriza-se como:


a) O processo de busca de alternativas socialistas para a crise do capitalismo com a mudança de
regime político.
b) O resultado das pressões comunistas sobre o governo americano, que acaba assumindo, como
política, a eliminação dos interesse privados na economia.
c) O resultado da insatisfação da sociedade americana com relação aos princípios liberais assu-
midos pelos partidos de esquerda que se vinculavam ao governo.
d) A introdução, na cultura americana, de valores europeus através da incorporação de tecnologia
à economia americana e de alternativas de seguridade total.
e) Uma saída nacional que acentua o papel dirigente do Estado em determinados setores econô-
micos, conhecida como “New Deal”.

54 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
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Gabarito
Nucleares
Capítulo 11
1. Mentiras, eliminação de opositores, acobertamento da verdadeira situação econômica do país,
etc.
2. Para o poeta, as mentiras da propaganda nazista levavam à perseguição política, à morte e à
disseminação da fome e da pobreza entre a população da Alemanha.

1) A
2) A
3) E
4) A
5) D
6) D
7) D
8) B
9) C
10) D
11) A
12) E
13) E

55
História | Ensino Fundamental | 9ª série
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Anotações

56 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Segunda GuerraNucleares
Mundial
Capítulo
Capítulo114
Antecedentes
O Tratado de Versalhes ao invés de assegurar a paz foi visto
pelas nações derrotadas como a grande motivação para uma Se-
gunda Guerra Mundial. Seu caráter visivelmente punitivo alimentou
o sentimento revanchista que abriu espaço para a ascensão dos
estados nazifascistas na Europa. Alemanha e Itália foram tomadas
por tais governos que, entre outros pontos, defendiam que a sobe-
rania nacional de seus países teria sido desonrada pelas medidas
humilhantes do tratado.
No momento em que a economia da Alemanha atravessava
uma grave crise, o líder político Adolf Hitler fez despertar o senti-
mento de revolta da população. Apelando para o orgulho nacional,
ele alcançou o Poder e Fortaleceu o Estado nazista. Dois dos prin-
cipais objetivos de seu governo eram desafias as imposições do
Tratado de Versalhes e romper o domínio internacional dos países
que pertenciam ao grupo vencedor da Primeira Guerra, especial-
mente França e Inglaterra.

Antecedentes da fragilidade da Liga das Nações


A Liga das Nações mostrou-se incapaz de manter a Paz Mun-
dial. Sem a adesão de várias potências, e politicamente controlada
pelos representantes da Inglaterra e da França, a organização não
conseguiu reunir a força política necessária para cumprir seu pa-
pel. Foi impotente para impedir a Invasão Japonesa da Manchúria
(1931), bem como a Invasão Italiana na Etiópia (1935). Entre as na-
ções ausentes estavam os Estados Unidos. Mantendo uma política
isolacionista, o governo estadunidense preferia concentrar suas
atenções na América Latina e Ásia.
A União Soviética era vista com desconfiança na Liga das Na-
ções pelos governantes dos Países Capitalistas Ocidentais, para os
quais o Socialismo Soviético era uma espécie de Epidemia Social
que poderia contaminar os trabalhadores do mundo, por isso a
União Soviética foi expulsa da Organização em 1939 e isolada no
chamado cordão sanitário internacional. Assim, Assim os países
como Inglaterra e França vencedores da Primeira Guerra Mundial,
que aproveitaram as condições favoráveis para estabelecer seus
Impérios Coloniais.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 57


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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Antecedentes da guerra
Expansionismo das Ditaduras Durante a Década de 1930
Os governos totalitários da Alemanha e da Itália, como o Regime Militarista do Japão, buscaram
um alto grau de disciplina social em seus países, dirigindo seus esforços para a recuperação econô-
mica e o desenvolvimento militar. Também se empenharam, no plano externo, em modificar a ordem
internacional estabelecida pelos vencedores da Primeira Guerra Mundial, implementando uma política
de expansão territorial, militar e econômica.
Os governos da Inglaterra e da França, pro sua vez, adotaram no início uma política de apazigua-
mento em relação a esse expansionismo, talvez porque se beneficiavam da ordem internacional em
vigor e queriam evitar um novo conflito bélico. O resultado não foi o esperado, pois exatamente a ex-
pansão contínua desses países fomentou o início da guerra. Vejamos a sucessão dos acontecimentos.

Antecedentes da expansão japonesa


Desde a última década do Século XIX, os governantes do Japão vinham expandindo seus domínios
pela Ásia, principalmente em direção à China. Em setembro de 1931, iniciou a invasão do Reino da
Manchúria no leste asiático, que era apoiado pelos chineses. Vitoriosas nessa investida militar, as for-
ças do Japão decidiu invadir, em julho de 1937, a China. Os chineses resistiram, dando início à chamada
Guerra Sino-japonês. A Liga das Nações chegou a condenar formalmente o expansionismo japonês,
mas não conseguiu evitar os conflitos.

Antecedentes da Expansão Italiana – invasão da Etiópia e da Albânia


Em outubro de 1935, Tropas Italianas iniciaram a invasão da Abissínia – Etiópia no leste da África.
Em maio de 1936, quando tomaram Adis-Abeba a Capital Etíope e Mussolini proclamou o Rei Italiano
Vitor Emanuel III Imperador da Etiópia.
Por iniciativa de representantes da Inglaterra, a Liga das Nações impôs sanções econômicas à
Itália, determinando um bloqueio a seu comércio internacional. Essa medida, porém, não alcançou o
efeito esperado, pois o bloqueio foi desrespeitado por importantes nações, as empresas petrolíferas
dos Estados Unidos, por exemplo, continuaram vendendo seu produto ao mercado italiano, enquanto
os Alemães forneciam-lhe Carvão. Desse modo, na sequência de seus planos expansionistas, o Gover-
no de Mussolini invadiu, em abril de 1939, a Albânia, anexando-a ao Território Italiano.

Expansão Alemã
Com base na ideia do Espaço Vital, o governo alemão liderado por Adolf Hitler planejou a Traje-
tória Expansionista da Alemanha Nazista, cujo desdobramento foi o início do Conflito Mundial. Veja-
mos como isso aconteceu. Renânia (1936) Em março de 1936, Hitler ordenou que o Exército Alemão
ocupasse a Renânia, região da Alemanha cortada pelo Rio Reno, na fronteira com a França. O Tratado
de Versalhes havia determinado que essa região deveria permanecer desmilitarizada, mas Hitler des-
cumpriu tal determinação. A maioria dos franceses não reagiu à ocupação da Renânia, pois estava
politicamente dividida:

Havia conflitos internos entre os partidos de orientação marxista, de base operária, e as forças
políticas tradicionais, que se mostravam, inclusive, simpatizantes do Fascismo.

Além disso, os Generais Franceses não ficaram muitos preocupados com a eventual ação militar
alemã no território da França. Muitos ainda confiavam nos métodos utilizados pelo Exército na Primeira
Guerra Mundial, razão pela qual elaboraram uma estratégia de defesa com base nas guerras de trin-
cheira, com exércitos imóveis, garantindo suas posições. Ordenaram assim a construção de uma longa

58 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 4
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fortificação que percorria a fronteira entre a França e a Alemanha, conhecida como Linha Maginot.
Em novembro de 1936, Hitler firmou um Pacto de Amizade e Cooperação com Mussolini, formando
o denominado Eixo Roma-Berlim. Pouco depois, no mesmo ano, assinou também um acordo com o
Japão, para impedir a expansão do Comunismo Soviético o Pacto Anti-Comintern. Essa política de
alianças culminaria com a assinatura do Pacto Tripartite entre as três nações em setembro de 1940, e
a formação definitiva do chamado Eixo.
Em março de 1938, Hitler prosseguiu com sua política expansionista e anexou a Áustria à
Alemanha, com o apoio do forte Partido Nazista Austríaco, que preparou o caminho político par essa
anexação, denominada Anschluss (União). Alegava-se que os Alemães e Austríacos constituíam um
único povo germânico e, portanto, deviam viver sob o comando de um mesmo Estado. A Anschluss
foi confirmada por um plebiscito realizado na Áustria, em abril de 1938, demonstrando que o Nazismo
era popularmente aceito no país.
Logo depois, Hitler passou a reivindicar também a anexação da região de Sudetos, que pertencia
à Tchecoslováquia, mas era habitada por cerca de 3 milhões de alemães. O Estado Nazista acusava
as autoridades tchecas de oprimir os cidadãos alemães. O Governo Tcheco, por sua vez, afirmava
que essa acusação era Falsa, constituindo um argumento inventado por Adolf Hitler para ocupar a
Tchecoslováquia. Para discutir essa questão, convocou-se em setembro de 1939 a Conferência de
Munique, que reuniu representantes das Potências Europeias. Dela participaram além de Hitler e
Mussolini, os Primeiros-Ministros Neville Chamberlain, da Inglaterra e Édouard Daladier, da França. Os
representantes do Governo da Tchecoslováquia, principais interessados no tema em discussão, foram
impedidos de participar da Conferência.
Para os Tchecos, o resultado desse encontro era previsível. Franceses e Ingleses decidiram
ceder mais uma vez às ambições nazistas e concordaram com a anexação dos Sudetos pela Alemanha.
Insistiam em manter a política do apaziguamento, talvez pensando que essa seria a última reivindica-
ção territorial de Hitler. Sobre essa situação, o Ministro Chamberlain teria dito: É a Paz para Nossa Épo-
ca. Seguindo ordens secretas de Hitler, os Exércitos Alemães não só ocuparam a região dos Sudetos,
mas também invadiram a Tchecoslováquia, em março de 1939, desrespeitando as decisões acordadas
na Conferência de Munique. Sudetos Denominação de uma cadeia de montanhas que forma uma fron-
teira natural entre Alemanha, Polônia e República Tcheca, na divisão política atual da Europa. A região
pertencia ao Império Austro-Húngaro até a Primeira Guerra Mundial. Com o desmembramento desse
império, em 1919, passou a fazer parte da então recém-criada Tchecoslováquia.
As autoridades do Governo da França e da Inglaterra não se manifestavam energicamen-
te contra as ações dos nazistas. Não queriam se indispor com o Governo da Alemanha, pois suas
atenções continuaram dirigidas àquele que consideravam ser o grande inimigo do mundo capitalista
ocidental: O Socialismo na União Soviética. Para surpresa de todos, representantes dos Governos
da União Soviética Stalinista e da Alemanha Nazistas – inimigos ideológicos – assinaram, em agosto
de 1939, um Pacto de Não Agressão Mútua. Não se sabia que eles tinham acertado secretamente a
Divisão da Polônia e de outros países da região entre as Duas Potências. Pouco tempo depois, em 1°
de setembro de 1939, Tropas Alemãs invadiram o Território Polonês pelo oeste, sendo seguidas pelas
Tropas Russas, que, em 17 de setembro de 1939, invadiram o lado leste.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 59


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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60 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
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Nucleares
Capítulo 11

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História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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As perdas nazistas e o fim da guerra


O final da guerra começou quando Hitler deslocou suas tropas em direção ao Cáucaso, fonte de
petróleo da URSS, pois foi nessa região que aconteceu a Batalha de Stalingrado (entre setembro de
1942 e fevereiro de 1943), que deixou mais de um milhão de nazistas mortos. A Batalha de Stalingrado
é considerada a maior derrota alemã na guerra.
O Exército Vermelho Soviético foi vencendo e empurrando os nazistas de volta à Alemanha, como
vingança os nazistas queimavam e matavam tudo que viam pela frente.
A tentativa de ocupar Stalingrado foi frustrada e o restante do exército que lutava nessa frente
rendeu-se aos russos em 1943. Essa vitória trouxe novos rumos ao conflito. As Potências do Eixo per-
deram 2 países (Marrocos e Argélia) e em junho de 43 os Aliados conquistaram a Sicília.
Todas estas vitórias trouxeram conflitos internos entre os fascistas e estas divergências acabaram
por afastar Mussolini do poder. O seu lugar foi assumido pelo Rei Vítor Emanuel que em 1943 assinou
um armistício (trégua) com os Aliados e declarou guerra à Alemanha.
No dia 6 de junho de 1944 – chamado o Dia D – os aliados tomaram a Normandia e o cerco alemão
sobre a França foi vencido. Em agosto os Aliados libertaram Paris.
A alta cúpula alemã já previa a derrota, mas Hitler não aceitava esta verdade. No mesmo ano, que-
rendo dar fim à guerra, oficiais nazistas tentaram matar Hitler num atentado a bomba, mas falharam. A
guerra prosseguia com vários ataques dos aliados e os alemães já sentiam que o fim estava próximo.
Em abril de 45, tropas aliadas – americanas, inglesas e russas - invadiram a Alemanha. Mussolini foi
capturado ao tentar fugir para a Suíça. Ele foi condenado ao fuzilamento. Sua morte se deu no dia 28
de abril de 1945, 2 dias depois Hitler se suicida e no dia 8 de maio a Alemanha se rende.
Embora a guerra tenha terminado na Europa, ela continuava no pacífico e na Ásia. O Japão so-
fria derrotas diante dos EUA, já que não podia competir com os armamentos norte-americanos. Os
japoneses estavam quase se rendendo quando no dia 6 de agosto de 45, os EUA jogaram uma bomba
atômica em Hiroshima e 3 dias depois, foi a vez de Nagasaki ser destruída pela bomba. O lançamento
das bombas causou a rendição dos japoneses.

O Holocausto
Os nazistas eram antissemitas. Eles odiavam judeus e queriam eliminá-los para garantir a supe-
rioridade da raça ariana.
Os judeus foram enviados aos campos de concentração para serem mortos, que no total somavam
mais de 6 milhões. O mais famoso campo de concentração foi o de Auschwitz (localizado na Polônia).
Não foram somente os judeus que foram perseguidos. Homossexuais e ciganos também sofreram
perseguições e passaram fome.

O Brasil na guerra
Milhares de soldados brasileiros foram lutar na guerra. Sua participação foi modesta, já que não
tínhamos um armamento igual ao dos americanos. Mas a participação dos pracinhas foi tão importante
que ao voltarem para o Brasil foram considerados heróis.

Consequências da guerra
A guerra terminou em 1945 e deixou para trás mais de 40 milhões de mortos e cidades em ruínas,
fora os que ficaram mutilados, sem moradia e sem família. Os Aliados instauraram o Tribunal de Nu-
remberg para julgar os fascistas por crimes de guerra. Os nazistas responsáveis pela morte de judeus

62 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
Colégio Militar de Manaus

Nucleares
ou civis foram condenados à morte ou à prisão perpétua.
Logo após a guerra foi fundada a ONU (Organização das Nações Unidas), localizada em Nova
York. Sempre que surge um conflito internacional, o Conselho de Segurança da ONU procura resolver
o problema com diálogos e cooperação. Um dos órgãos mais importantes da ONU é a Unicef.
Após a guerra o mundo iniciava uma nova fase histórica: a de reconstrução. Os EUA e a União
Capítulo 11
Soviética saíram do conflito como duas grandes potências mundiais. Os EUA saíram da guerra como a
maior potência mundial. A URSS ficou em segundo lugar. O país teve 25 milhões de mortos e parte de
suas construções sumiu do mapa.

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História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

RECORDANDO
 A Primeira Guerra Mundial foi o confronto armado dos países da Tríplice Aliança (Alemanha,
Áustria-Hungria e Itália) contra os países da Tríplice Entente (Inglaterra, França e Rússia).
 Os países da Entente ganharam a guerra e, através do Tratado de Versalhes, responsabilizaram
a Alemanha pelo conflito.
 A Revolução Russa originou uma nova estrutura social e política que marcou o século XX. Ela
também ficou conhecida como Revolução Socialista de 1917.
 A crise de 1929 atingiu o mundo inteiro e foi ocasionada pela quebra da Bolsa de Nova York.
 Durante o período entre guerras, surgiram regimes políticos de caráter militar que dominaram
alguns países europeus: o nazismo e o fascismo. Eles também contribuíram para a deflagração da
Segunda Guerra Mundial.
 A Segunda Guerra Mundial aconteceu entre os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) con-
tra os países Aliados (principalmente França e Inglaterra).
 Os vitoriosos da Segunda Guerra foram os países aliados, com destaque para a atuação norte-
-americana.
 Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo ficou dividido entre os aliados dos Estados
Unidos (capitalista) e os aliados da União Soviética (socialista).
 A Guerra Fria foi uma guerra não declarada oficialmente, entre os Estados Unidos e a União
Soviética, que lutavam pela supremacia mundial.

64 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
Colégio Militar de Manaus

Reforçando seus conhecimentos


Nucleares
Capítulo 11
1. Além da corrida armamentista, qual foi o outro motivo que gerou a Primeira Guerra Mundial?
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2. Cite duas divergências de caráter imperialista ligadas à Primeira Guerra e justifique-as.


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3. Relacione a 1ª com a 2ª coluna.


( 1 ) Tríplice Aliança. ( 2 ) Tríplice Entente.
( 3 ) Entente Cordinale. ( 4 ) Pangermanismo.
( 5 ) Revanchismo francês. ( 6 ) Pan-eslavismo.

( ) Intenções alemãs de anexar terras habitadas por populações germânicas, que estavam sob
domínio de Estados não-germânicos.
( ) Aliança entre a Inglaterra, a França e a Rússia.
( ) Os franceses, desde a guerra de 1870-1871, alimentavam o desejo de se vingar da Alemanha.
( ) Aliança entre a Alemanha, Áustria-Hungria e Itália.
( ) Acordo entre a França e a Inglaterra.
( ) Em sua política expansionista sobre os Bálcãs, habitados por povos de origem eslava, a Rússia
se intitulava protetora dos territórios eslavos.

3. Cite duas determinações impostas pelo Tratado de Versalhes.


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4. Quais as principais diferenças entre mencheviques e bolcheviques?


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História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

6. Com relação à crise de 1929, marque a alternativa FALSA:


a) Aconteceu devido à quebra da Bolsa de Nova York.
b) A procura por produtos industrializados norte-americanos era maior que a oferta dos mesmos.
c) Com a crise, muitas empresas faliram e milhões de pessoas ficaram desempregadas.
d) A crise não foi sentida somente nos Estados Unidos, mas afetou grandemente a economia
mundial.

7. Marque V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas.


( ) Benito Mussolini liderou o fascismo na Itália.
( ) Os fascistas eram nacionalistas moderados e contrários ao liberalismo e ao marxismo.
( ) Adolf Hitler foi o líder do partido nazista na Alemanha.
( ) Os princípios fundamentais do partido nazista eram: eliminação dos judeus da vida publica,
nacionalização das indústrias, participação do Estado no lucro das grandes empresas e criação de um
poder forte.

8. O que deu início à Segunda Guerra Mundial?


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9. Pesquise, em livros ou na Internet, como foi a participação do Brasil na Segunda Guerra Mun-
dial. Faça um cartaz, com fotos, contando como foi a atuação da Força Expedicionária Brasileira nessa
guerra.
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10. Com o término da Segunda Guerra Mundial, duas potências surgiram: Estados Unidos e União
Soviética. Escreva uma redação, com no máximo 20 linhas, contando como foi a Guerra Fria. Não se
esqueça de colocar título na sua redação.
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66 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 1 | Capítulo 4
Colégio Militar de Manaus

Gabarito
Nucleares
Capítulo 11
 1. Divergências políticas ligadas ao imperialismo.
 2. Anglo-germânica: No final do século XIX, para obter áreas coloniais, a Alemanha empreen-
deu uma corrida naval, colocando em risco a hegemonia inglesa.
 Austro-russa: Após serem derrotados pelos japoneses na guerra de 1904-1905, os russos, na
busca de uma saída para o mar, voltaram-se para a Península Balcânica, que estava sob o domínio
austríaco.
 3. 4, 2, 5, 1, 3, 6.
 4. A Alemanha foi obrigada a restituir à França as províncias da Alsácia e da Lorena e ceder
territórios à Bélgica e à Polônia.
 5. Mencheviques: acreditavam que era preciso acelerar a modernização do capitalismo russo
e transformar a Duma (parlamento russo) no principal órgão de poder nacional.
 Bolcheviques: defendiam uma revolução socialista e pregavam a união de operários e campo-
neses contra o regime czarista.
 6. b.
 7. V, F, V, V.
 8. O expansionismo alemão deu início à guerra.
 9. Resposta pessoal.
 10. Resposta pessoal.

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História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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Anotações

68 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Nucleares
Primeira República Brasileira
Capítulo
Capítulo113
Introdução
Neste capítulo, você conhecerá mais sobre as três primeiras
décadas do regime republicano instalado no Brasil, em 1889. Nesse
ano, D. Pedro II foi retirado trono, pondo fim ao um regime político
monárquico, e foi colocado em seu lugar um presidente, caracte-
rística fundamental de um governo republicano. Você verá como o
regime republicano foi se construindo no Brasil, desde a “República
da Espada”, governada por militares, até a “República das Oligar-
quias”, governada pelos grandes proprietários de terras. Ao mesmo
tempo, vamos estudar como diversos movimentos sociais, políticos
e culturais brasileiros, tais como Canudos, Contestado, os Canga-
ceiros, os Tenentes e os Operários, reagiram contra o domínio po-
lítico e econômico dos barões do café, as chamadas oligarquias.
O objetivo deste capítulo é entender como se formou a República
no Brasil, e a relação dos primeiros governos com a sociedade, ou
seja, com a grande maioria da população. Será que a República
conseguiu ganhar o povo brasileiro para seu lado? O povo partici-
pou ou não do processo de construção da República.

O movimento republicano
Para entendermos o processo de instauração do governo re-
publicano no Brasil se faz necessário identificarmos cinco fatores
inter-relacionados ao contexto que definiu sua instauração:
- Questão Religiosa
Os constantes atritos do Estado brasileiro com integrantes da
Igreja Católica do Brasil desgastou a relação entre as instituições.
Além do mais a separação das instituições era bem vista pelos di-
ferentes setores republicanos. O Estado brasileiro tornou-se laico
após 1889.
- Questão Militar
O Exército do Brasil voltou da guerra exigindo maior partici-
pação na vida política do país. A influência do Positivismo francês
entre a oficialidade do Exército do Brasil foi marcante a partir do
fim do conflito.

69 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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- Ascensão Paulista
A formação do Partido Republicano Paulista demonstrou que importantes setores da vida eco-
nômica do país estavam insatisfeitos e viam na criação de uma república inspirada no modelo
estadunidense a solução para os seus interesses. Com o apoio dos mineiros foram vitoriosos na
Assembleia Constituinte da Primeira República, em 1891.
- Questão Abolicionista
A Lei Áurea decretada em 1888 e a criação do governo republicano provisório no ano seguinte
possuem relação direta. Setores escravocratas foram o último sustentáculo da monarquia brasileira.
- Questão Sucessória
Na hipótese de um Terceiro Reinado no Brasil o país poderia ser governado pelo impopular
Conde D‘Eu, marido da princesa Isabel. Essa ideia era mal vista pela maior parte dos brasileiros.

A Queda da Monarquia
A crise do Império foi resultado das transformações processadas na economia e na socieda-
de, a partir do século XIX, que, somando-se, conduziram importantes setores da sociedade à uma
conclusão: a Monarquia precisava ser superada para dar lugar a um outro regime político mais
adaptado às necessidades da época. A crise do Império foi marcada por uma série de questões que
desembocaram na Proclamação da República.
A primeira foi a questão religiosa, provocada pela recusa dos bispos Dom Antônio de Macedo
Costa e D. Frei Vital em aceitar as interferências do governo influenciado pela maçonaria na nome-
ação de diretores de ordens terceiras e irmandades.
Em seguida, a questão militar causada por atritos entre os militares e o império. Os profissionais
das armas queriam uma maior autonomia nos assuntos políticos da nação, e o império punia as
manifestações quaisquer que fossem.
Os republicanos cresciam em poder e influência, a opinião pública já vislumbrava com bons
olhos um Brasil sem imperador. O tenente-coronel Benjamin Constant na Escola Militar pregava o
positivismo e a república.
Em 1873, aconteceu um Congresso Republicano em São Paulo onde houve a confecção e a
aprovação de um projeto de constituição.Com o agravamento da questão militar, o gabinete de
Ouro Preto iniciou sua queda.

70 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

A Questão Religiosa
Conforme a historiadora Emília Viotti:

“É exagero supor que a Questão Religiosa que indispôs momentaneamente o Trono com a Igreja
foi dos fatores primordiais na proclamação da República. Para que isso acontecesse era preciso que
a nação fosse profundamente clerical, a monarquia se configurasse como inimiga da Igreja e a Re-
pública significasse maior força e prestígio para o clero. De duas uma, ou a nação estava a favor dos
bispos e contra D. Pedro, e então a perspectiva de substituição do imperador pela princesa seria vista
com bons olhos em virtude de suas conhecidas ligações com a Igreja; ou a nação era pouco simpática
aos bispos, e, nesse caso, ser solidarizaria com a Monarquia e a Questão Religiosa não poderia con-
tribuir de modo preponderante para a queda da Monarquia. Quando muito, revelando o conflito entre
o Poder Civil e o Poder Religioso, contribuiria para aumentar o número dos que advogavam a
necessidade de separação da Igreja do Estado e, assim, indiretamente, favoreceria o advento da
República, que tinha essa norma como objetivo.” COSTA,Emília Viotti da. Da monarquia à república:
momentos decisivos. São Paulo: Unesp,2007, p. 458-459

A Questão Militar
Durante o Império havia sido aprovado o projeto Montepio, pelo qual as famílias dos militares
mortos ou mutilados na Guerra do Paraguai recebiam uma pensão. A guerra terminara em 1870 e, em
1883 o montepio ainda não estava pago. Os militares encarregaram então o tenente-coronel Sena Ma-
dureira de defender os seus direitos. Este, depois de se pronunciar pela imprensa, atacando o projeto
Montepio, foi punido. A partir de então, os militares ficaram proibidos de dar declarações à imprensa
sem prévia autorização imperial.
O descaso que alguns políticos e ministros conservadores tinham pelo Exército levava-os a punir
elevados oficiais, por motivos qualificados como indisciplina militar. As punições disciplinares confe-
ridas ao tenente-coronel Sena Madureira e ao coronel Ernesto Augusto da Cunha Matos, provocou
revolta em importantes chefes de Exército, como o Marechal Deodoro da Fonseca. Toda essa crise
somara-se ao fato do Exército ter retornado da Guerra do Paraguai com um profundo desejo de se
institucionalizar. A guerra consolidou um ideal salvacionista do país, por parte dos militares. As influ-
ências republicanas entre os mesmos, seria, nesse sentido, o elemento ideológico pelo qual setores,
no interior das forças armadas, utilizariam para se opor à monarquia.

“A ideia de que os militares cabia a salvação da pátria generalizar-se no Exército a partir da Guerra
do Paraguai, à medida que o Exército se institucionalizava. É claro que os militares estiveram em todos
os tempos divididos entre várias opções e seria um grande equívoco imaginá-los como um todo. A
ideia republicana contava, ao que parece, maior número de adesões entre os oficiais de patentes in-
feriores e alunos da Escola Militar, enquanto a Monarquia tinha o apoio dos escalões superiores (...) A
infiltração do pensamento positivista nos meios militares explica, em parte, a sua adesão à República.
É preciso lembrar, entretanto que não se trata do positivismo ortodoxo, pois mesmo Benjamin Cons-
tant, considerado um dos principais representantes do pensamento positivista no Exército, não poder
ser considerado um positivista ortodoxo, O fato de o “Apostolado” ter um pequeno número de inscritos
não impediu, entretanto, que as ideias positivistas exercessem uma poderosa influência na socieda-
de.” COSTA,Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo: Unesp,2007,
p. 459-460.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 71


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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O fim do Império
Na Década de 1870 diversos republicanos adquiriram visibilidade, a partir da publicação do Ma-
nifesto Republicano (1870), da Convenção de Itú (1873), e da militância dos Clubes Republicanos, que
se multiplicam a partir de então. Fortemente influenciados pelo Positivismo (Benjamin Constant), as
suas ideias eram veiculadas pelo periódico A República. As propostas giravam em torno de duas teses:
a evolucionista (que admitia que a proclamação era inevitável, não justificando uma luta armada) e a
revolucionista, que defendia a possibilidade de que se pegasse em armas para conquistar a República.
Outros republicanos de destaque são Aristides Lobo, Saldanha Marinho, Quintino Bocaiuva. O
movimento pró-República no Brasil tomava proporções irreversíveis, mas para que a alteração na
forma de governo se desse de forma democrática, seria necessária uma Assembleia Geral majorita-
riamente republicana, o que parecia distante de ocorrer, pois a população não se mostrava simpática
à derrocada da monarquia.
O governo imperial, através do Gabinete do Visconde de Ouro Preto, percebendo a difícil situação
política em que se encontrava, apresentou à Câmara dos Deputados, numa última tentativa de salvar
o Império, um programa de reformas políticas, do qual constavam:
• A autonomia para as províncias;
• A liberdade de voto;
• O mandato temporário para os Senadores;
• A liberdade de ensino e seu aperfeiçoamento;
• A liberdade religiosa.

O Governo Imperial, percebendo, embora tardiamente, a difícil situação em que se encontrava


com o isolamento da Monarquia, apresentou à Câmara dos Deputados um programa de reformas
políticas, do qual constavam: liberdade de fé religiosa; liberdade de ensino e seu aperfeiçoamento;
autonomia das Províncias; mandato temporário dos senadores.

Deodoro da Fonseca

72 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 3
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No Paço, o presidente do gabinete (primeiro-ministro), Visconde de Ouro Preto, pede ao coman-


dante do destacamento local, General Floriano Peixoto, que prenda os motinados. Floriano se recusa
e dá voz de prisão ao chefe-de-governo. O Imperador, que estava em Petrópolis, é informado e decide
descer para a Corte. Ao saber do golpe, reconhece a queda do governo e procura anunciar um novo
nome para substituir Ouro Preto. No entanto, como nada fora dito sobre república até então, os repu-
blicanos mais exaltados, Benjamin Constant à frente, espalham o boato de que o Imperador escolherá
Gaspar Silveira Martins, inimigo político de Deodoro desde os tempos do Rio Grande do Sul, para ser
novo chefe de governo. Com este engodo, Deodoro é convencido a aderir à causa republicana. O Im-
perador é informado disso e, desiludido, decide não oferecer resistência.
À noite, na Câmara Municipal do Município Neutro, José do Patrocínio redige a proclamação ofi-
cial da República dos Estados Unidos do Brasil, aprovada sem votação. O texto vai para as gráficas de
jornais que apoiavam a causa e só no dia seguinte (16 de novembro) anuncia-se ao povo a mudança
de regime. O Imperador e a Família Imperial recebem ordem de banimento e são embarcados à força
do Paço para o exílio.
Vale ressaltar que a Proclamação da República Brasileira, foi essencialmente um movimento de
elite, sem nenhuma participação popular, sendo estes considerados “bestializados” do fato que o país
enfrentava, nas palavras de Aristides Lobo em artigo de primeira página publicado no Diário Popular
de São Paulo no dia 17 de novembro de 1889.

A República até 1930


A instituição do regime republicano resultado de um longo processo de transformações que se
operou na sociedade brasileira ao longo do século inaugurou uma nova ordem política no Brasil.
Durante a fase inicial da organização republicana de 1889 a 1894 o governo federal foi chefiado por
militares do exército.

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História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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De 1889 a 1891: a presidência do Marechal Deodoro da Fonseca foi marcada por grande tensão
política. Sob forte oposição do Congresso e a crescente impopularidade do presidente provocada por
suas atitudes ditatoriais e pela crise econômica do país, Deodoro renunciou no final de 1891.
De 1891 a 1894: o cargo de presidente oi ocupado pelo Marechal Floriano Peixoto. Foi um governo
nacionalista austero e centralizador e, por isso, Floriano entrou para a História do Brasil como o Mare-
chal de Ferro. Durante sua gestão ouve duas rebeliões armadas exigindo sua renúncia: Revolta da Ar-
mada e Revolta Federalista. Apoiado pelos cafeicultores paulistas, Floriano reprimiu-as violentamente.

República Federativa: organização política de um país em que os representantes são eleitos, de forma direta ou
indireta, para o exercício de mandatos temporários. O território está dividido em unidades Federativas.

A primeira Constituição republicana


Após três meses de trabalhos, os deputados constituintes elaboraram a primeira Constitui-
ção Republicana do Brasil, em 24 de fevereiro de 1891. Inspirada no modelo constitucional dos
Estados Unidos, ela instituiu a República, garantindo aos estados brasileiros ampla autonomia
para se administrarem. Confira a seguir as principais definições sobre a organização política da
República segundo a Constituição de 1891.
O poder federal oi dividido em três: Executivo – exercido pelo presidente pelo vice-presi-
dente, eleitos pelo voto para um mandato de quatro anos; Legislativo – exercido pelo Congres-
so Nacional, que se dividia em duas casas – Câmara dos Deputados e Senado Federal; Judiciá-
rio, cujo órgão máximo era o Supremo Tribunal Federal. Deixava de existir o Poder Moderador,
marca do regime anterior.
Apesar de a Constituição garantir a igualdade de todos perante a lei a maioria da popula-
ção era excluída do direito cidadania. Os analfabetos, as mulheres, além de sacerdotes, solda-
dos, cabos e sargentos não podiam votar nem se candidatar a qualquer cargo político somente
os homens alfabetizados maiores de 21 anos podiam votar e participar da vida política.
Cada estado brasileiro elegia três senadores que tinham mandato – tempo de duração de
um cargo eleitoral de nove anos. A quantidade de deputados era proporcional ao número de
habitantes (um deputado com mandato de quatro anos para cada 70 mil habitantes). Assim,
quanto maior fosse a população do estado, mais deputados poderia eleger. Os estados de Mi-
nas Gerais e São Paulo com o maior contingente populacional passaram a ter o maior número
de deputados e assim puderam dominar a Câmara.

74 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 3
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A Constituição de 1891 estabeleceu vários outros direitos e normas:


autonomia e independência do Estado diante da Igreja
liberdade religiosa e de imprensa;
instituição do casamento civil (até então existia o casamento religioso) e do ensino público
gratuito e leigo;
direito de nacionalidade a imigrantes;
autonomia de estados e municípios, que podiam ter leis, força policial e poder judiciário
próprios.

Domínio das elites rurais


Após o período de estabelecimento da nova ordem, o regime republicano foi consolidado
e os representantes das elites militares foram afastados da cúpula do Poder. As eleições de 1893
para a presidência da República e a composição do Congresso Nacional marcaram a ascensão
política das oligarquias formadas pelos grandes proprietários rurais. Por essa razão a Primeira
República (1889-1930) ficou também conhecida como República das Oligarquias.
Até 1930, grupos privilegiados ligados ao poder usaram de suas influências para assegurar
interesses próprios e a maioria da população brasileira continuou sendo excluída do processo
político. A ausência da justiça eleitoral, o “voto de cabresto” e o desrespeito à Constituição vie-
ram das fraudes e da corrupção práticas políticas corriqueiras em todos os municípios estados
e no governo federal do Brasil.

Política econômica na Primeira República


No final do século XIX, o Brasil viveu uma grave crise provocada por inflação e endividamen-
to externo. Rui Barbosa era ministro da fazenda de Deodoro e colocou em prática, em 1890,
o Encilhamento: uma política de incentivo à industrialização baseada na emissão de dinheiro
e empréstimos a quem quisesse abrir fábricas. O resultado foi desastroso: desvalorização da
moeda, inflação e muito desemprego. Para melhorar as finanças públicas, Joaquim Murtinho,
ministro da Fazenda de Campos Sales, adotou uma política econômica austera e antipopular
contenção de gastos públicos, recessão e arrocho salarial. Além disso, renegociou a dívida bra-
sileira com os credores internacionais: prazo de três anos no pagamento de dívidas brasileira
acumuladas (moratória) e um novo empréstimo de 10 milhões de libras esterlinas (moeda ingle-
sa). Esse acordo da dívida tornou o Brasil ainda mais dependente dos banqueiros internacionais,
e, como consequência, forçou a criação de novos impostos a suspensão de obras públicas e o
congelamento dos salários. Apesar de essa política ter conseguido conter a inflação, o custo
social foi muito grande: aumento do número de desempregados e empobrecimento da classe
trabalhadora. As greves operárias se intensificaram, mas foram duramente reprimidas pelo governo.
Como o governo brasileiro era controlado pelas oligarquias cafeeiras sua política econômica tendia
sempre a atender os interesses dos cafeicultores. Exemplo claro disso, foram as medidas tomadas pela
valorização do café. O café, nessa época, era o principal produto de exportação brasileiro, as áreas
de plantio e as colheitas cresciam em ritmo acelerado em 1890: foram produzidas milhões de
sacas. Dez anos depois, em 1900, a produção de café brasileiro era de 16, 3 milhões de sacas. Mas

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História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

exportações não seguiam o mesmo ritmo e, no final do século o Brasil já começava a enfrentar
o problema da supersafra que se prolongou até meados do século XX. Como a produção era
maior que o consumo mundial, o preço da saca de café Caiu. Os cafeicultores não aceitavam
ficar com os prejuízos e exigiam que o governo adotasse medidas para proteger o setor. A forma
que o governo encontrou para atender aos interesses dos cafeicultores foi fazer a desvalorização
cambial beneficiando os exportadores de café, que recebiam o pagamento pelas rendas exter-
nas em moeda mais valorizada, a libra esterlina (do Reino Unido).
Com seu produto mais barato o cafeicultor podia vender mais. O prejuízo ficava com o res-
tante da população brasileira pois a desvalorização monetária gerava inflação aumento do custo
de vida crescimento da dívida eterna e aumento dos saldos negativos da receita do governo. Em
1906 os governadores de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro decidiram estabelecer um acordo
para garantir a valorização do café. Esse acordo, conhecido como Convênio de Taubaté, estabe-
lecia que os governos estaduais comprariam o excedente de café com empréstimos externos e
estocariam o produto ue seria colocado nos mercados internacionais na medida em que hou-
vesse procura.
Assim, se houvesse prejuízos, o governo pagaria a conta. Na verdade, esta seria dividida com
o povo na forma de pagamento de impostos. Os cafeicultores livraram-se dos prejuízos graças à
velha solução da “socialização” das “perdas”. O Convênio de Taubaté pretendia desestimular no-
vos plantios criando um imposto sobre cada novo pé de café que fosse plantado, mas a elevação
de preços do produto resultou em nova expansão da produção e em outras crises de superpro-
dução ao longo da República Velha.

O coronelismo
Nos municípios brasileiros o poder político pertencia aos proprietários de terras da região
e, às vezes, aos comerciantes ricos. Esses donos do poder ficaram conhecidos como “coronéis”.
Era uma referência ao antigo título recebido pelos proprietários rurais da época do Império
que faziam parte da Guarda Nacional, criada em 1832 para reprimir as revoltas populares. O
coronelismo era a base do sistema oligárquico, pois cada coronel:
controlava o poder local e todos os cargos públicos eram indicados ou escolhidos por ele,
como prefeitos, vereadores, soldados, contínuos e escriturários, etc.;
nas eleições estaduais e federais utilizava seu prestígio e controle eleitoral para garantir a
vitória dos candidatos indicados pelos chefes políticos estaduais (membros de partidos repu-
blicanos) que constituam a oligarquia estadual;
mantinha uma clientela de trabalhadores sitiantes e pequenos proprietários, cultivada
com favores que ele só concedia aos que lhe fossem fiéis. O coronel batizava os filhos de seus
protegidos, resolvia conflitos, providenciava a educação das crianças, obtinha financiamentos
bancários. Em troca exigia obediência total.
fazia sua lei vigorar na fazenda e na cidade, e seus capangas, jagunços ou camaradas cum-
priam cegamente suas ordens, mesmo se fosse para matar alguém, queimar casas ou destruir
plantações e rebanhos dos que resistissem ao poder do chefe;
fornecia transporte, alimentação e até roupas e sapatos aos trabalhadores rurais e seus de-
pendentes e era recompensado nas eleições com o voto desses eleitores. Esse sistema de voto

76 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

forçado, dominado ou comprado pelos coronéis ficou conhecido como voto de cabresto – os
eleitores formavam o “curral eleitoral” – e se tornou um dos principais instrumentos para man-
ter os grupos poderosos no poder. Uma fraude comum nas eleições era a inclusão nas listas
de votação de nomes de pessoas já falecidas. Usando o nome de um desses eleitores, alguém
votava em seu lugar.

Política do café com leite


No plano estadual, o poder era controlado pelos coronéis mais poderosos de cada estado:
eram as oligarquias estaduais. Os estados mais pobres do Brasil, o poder ficava nas mãos de
poucas famílias que monopolizavam todos os cargos políticos (vereadores, prefeitos, deputa-
dos, governadores e senadores). Nas regiões mais desenvolvidas, o número de famílias pode-
rosas era maior e elas se aliavam para controlar cada estado.
Os estados mais fortes predominavam na política federal e elegiam o maior número de
deputados. Eram dois os estados que apresentavam o maior número de eleitores e contavam
com poder econômico, partidos regionais mais fortes e poderosas oligarquias rurais: Minas
Gerais e São Paulo. Para controlar a Presidência da República, passaram a se aliar, indicando e
fazendo campanha para o mesmo candidato. Essa aliança entre as oligarquias estaduais de
Minas, produtor de leite, e São Paulo produtor de café, ficou conhecida como política do café
com leite. Paulistas e mineiros revezavam-se na chefia do governo federal.
De 1894 a 1930, dos 11 presidentes eleitos, seis eram paulistas e três mineiros. Houve só
dois de outros estados, mas foram eleitos com o apoio de Minas Gerais ou de São Paulo. Não
existiam partidos políticos nacionais capazes de fazer frente ao Partido Republicano Paulista e
ao Partido Republicano Mineiro, apoiados pelos coronéis.
O domínio das elites mineiras e paulistas no governo federal permitiu o favorecimento do
setor agrícola, principalmente do café, nas políticas econômicas e na liberação de verbas, mui-
tas vezes, isso acontecia em detrimento de interesses da indústria e de outros produtos agríco-
las. Essa política foi significativa para o crescimento e enriquecimento do Sudeste e do Sul, mas
resultou no abandono e na decadência de outras regiões do país, especialmente o Nordeste,
agravando ainda mais os problemas sociais existentes.

Pacto de poder
Para as oligarquias agrárias paulistas era imprescindível controlar a política nacional para
garantir que o chefe do governo federal e o Congresso Nacional representassem seus interes-
ses. Os principais interesses dos fazendeiros paulistas eram:
• garantir a unidade nacional o que lhes proporcionaria mão de obra barata (principalmen-
te do Nordeste) e mercado consumidor para a produção manufatureira paulista que estava em
franca expansão
• controlar a política econômica e financeira do governo federal em particular a política
cambial e os empréstimos eternos para trazer benefícios ao setor cafeeiro

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História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

O predomínio político das oligarquias estaduais foi articulado pelo presidente Campos Sa-
les (1898-1902) por meio de um arranjo batizado de política de governadores. A política dos
governadores era um pacto de poder entre o presidente da República e os poderosos de cada
estado. Com um sistema de troca de favores, os governadores comprometiam-se a dar apoio ao
presidente no Congresso Nacional (por meio dos deputados e dos senadores de seus estados).
Em contrapartida, o presidente da República se comprometia a não interferir nas lutas políticas
estaduais, embora favorecesse nas eleições os partidos aliados.
Como as eleições eram decididas com fraudes e outras ilegalidades, os políticos estaduais e
municipais, aliados ao governo federal, não sofriam fiscalização ou repreensão alguma. Na ver-
dade, contavam com o apoio federal: quando algum político de oposição conseguia se eleger,
o governo federal proibia sua posse por meio da Comissão Verificadora de Poderes. Por esse
esquema, impedia-se a eleição de candidatos de oposição e o poder continuava nas mãos dos
grupos dominantes. A Presidência da República contava, assim, com um Congresso Nacional
afinado com suas propostas.

Crises, revoltas e guerra no Nordeste


Até a década de 1930 o Brasil foi um país essencialmente rural. Apesar do relativo crescimen-
to industrial e urbano, a população do campo representava, em 1900, 64% do total. Em 1920, a
maioria dos habitantes do país vivia na zona rural. Os camponeses espalhados pelo interior do

78 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 3
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país trabalhavam nos cafezais, nas estâncias do Sul nas plantações de cacau e tabaco nos serin-
gais e nos canaviais.
O trabalhador rural enfrentava a insegurança e a miséria sem qualquer legislação social ou
trabalhista que o amparasse. Realizando trabalhos pesados e pouco lucrativos, os trabalhadores
rurais alimentavam-se mal, não contavam com assistência médica nem instrução primária. Eram
altos os índices de analfabetismo e mortalidade. Vivendo em uma sociedade excludente, que
não lhes possibilitava o acesso à terra, os trabalhadores eram dependentes de latifundiários e
por eles dominados social e politicamente.
No sertão nordestino, a situação dos trabalhadores era ainda mais grave que no resto do
Brasil. Além desses problemas, o sertanejo enfrentava as secas e a decadência econômica. No
final do século XIX, as regiões sertanejas presenciaram a queda nas vendas de algodão em fun-
ção da concorrência das plantações dos Estados Unidos e um longo período de seca. Os efeitos
dessa crise foram a ruína da produção agrícola e da pecuária, alta taxa de mortalidade, desem-
prego e generalização da miséria.
Uma das consequências desse quadro foi êxodo rural nas regiões castigadas pela seca com a
emigração para áreas mais prósperas; o Oeste paulista que expandia seus cafezais e a região do
Amazonas em fase de crescimento econômico por causa da extração da borracha.
Nesse contexto, surgiram e cresceram os bandos de cangaceiros, no sertão nordestino, que
praticavam saques e banditismo. Viviam em luta constante contra a polícia até a prisão ou a mor-
te. Nos períodos de seca, os bandos cresciam, pois atraíam as vítimas da fome e do desemprego.
O maior de todos foi o de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (1898-1938), que chegou a ter
300 homens.
O ambiente de crise e privações também foi propício para proliferação de líderes messiâ-
nicos. Tanto o cangaço, quanto os movimentos messiânicos eram uma forma de resistência ao
sistema vigente. De forma consciente ou não, esses movimentos representaram uma reação dos
excluídos à vida dura e sofrida que levavam.

Movimentos Sociais Rurais


O fim da monarquia não alterou a situação dos trabalhadores rurais. A estrutura fundiária,
herdada do período colonial, permaneceu inalterada. Mais de 60% das terras constituíam-se em
latifúndios concentrados nas mãos de pouco mais de 3% de proprietários.
Para muitos trabalhadores do campo, a situação era dramática. Sem acesso à propriedade,
submetida aos desmandos, à violência e às injustiças dos coronéis, eram, ainda, vítimas do des-
caso e da insensibilidade das autoridades governamentais.
Nas primeiras décadas da República, explodiram formas variadas de reação das populações
sertanejas ao domínio das oligarquias rurais. Dentre os movimentos de reação camponesa des-
tacam-se os movimentos messiânicos, liderados por beatos — religiosos que não pertenciam ao
clero, místicos com fama de santo ou de profeta —, os únicos líderes capazes de desafiar o poder
dos coronéis locais.

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História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

Canudos
Para o povo sertanejo, Canudos constituiu uma rota de fuga do poder dos coronéis. A expe-
riência de resistência reuniu cerca De 25 mil pessoas em Belo Monte, no sertão da Bahia, sob a
liderança do beato Antônio Conselheiro. Em pouco tempo, para Belo Monte acorreram milhares
de sertanejos vítimas do poder oligárquico. Buscavam, na “terra da promissão”, uma vida mais
digna e feliz. Acreditavam que, pela devoção, pela fé, pela oração e por uma vida de trabalho e
de honestidade, mereceriam a salvação eterna. Nessa perspectiva, Canudos foi um movimento
messiânico, isto é, um movimento que acreditava na implantação do reino da bem-aventurança
na terra, como preparação para o reino dos céus.
As pregações de Conselheiro apontavam sempre nessa direção e afirmavam essa possibili-
dade. O crescimento de Belo Monte preocupou as autoridades governamentais e os coronéis.
Afinal, era um perigoso exemplo para os sertanejos secularmente humilhados e ofendidos. Era
preciso, portanto, dar um fim à experiência. Canudos era uma utopia que deveria ser esmagada.
No fundo, estava em jogo a luta pela posse da terra. Além disso, a busca de uma religiosidade
popular, desvinculada das autoridades da Igreja, incomodava os poderosos. Mas faltava às auto-
ridades um pretexto para enviarem tropas com o objetivo de “pacificar” e “civilizar” os sertane-
jos. Isso aconteceu em 1896, quando Antônio Conselheiro foi acusado pelo governo central de
ter ordenado a invasão de uma vila para obter madeira para construir uma igreja. Na verdade,
Conselheiro comprou e pagou a madeira, mas não recebeu a mercadoria.
A partir desse momento, Canudos teve de enfrentar um total de quatro expedições. A quar-
ta e última, composta de oito mil homens e muito armamento pesado, foi vitoriosa. Após duras
batalhas e cerca de 25 mil mortos, em outubro de 1897 as tropas do governo tomaram o arraial
do Belo Monte. Crianças e mulheres foram degolados pelos soldados da República. A verdade
é que os habitantes de Canudos viviam uma vida muito dura, tinham que ser homens práticos
e em contato direto com a realidade que os esmagava, para cuidarem somente da alma, da sal-
vação no céu, como se tentava fazer crer. A vida exigia que fossem homens frios e implacáveis
com o inimigo, para poderem lutar com vantagem pela própria sobrevivência. E assim foi. Não
só morriam, combatendo o inimigo peito a peito, mas enfrentavam as forças armadas enviadas
para atacá-los. Desafiavam-nas, impávidos:
– Avança, fraqueza do governo!
Era o seu grito de guerra.
FACÓ, Rui. Cangaceiros e fanáticos. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976. p. 117.

Contestado
Os problemas sociais no campo não se limitavam ao Nordeste. Prova disso é a Revolta do
Contestado, que explodiu em 1912, numa região disputada por Santa Catarina e Paraná. A causa
imediata do movimento do Contestado foi a construção de uma ferrovia que passava pela re-
gião em disputa, ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, a ação de grandes
madeireiros contribuiu para que milhares de camponeses fossem expulsos das terras que culti-
vavam. Some-se a tudo isso a exploração dos latifundiários e o desemprego.
Liderados pelo beato José Maria, figura carismática e messiânica que pregava a instauração

80 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 3
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de uma sociedade mais justa e igualitária, os camponeses empunharam armas contra a Repúbli-
ca e as oligarquias locais. O movimento durou até 1916 com vitória das autoridades governamen-
tais. Estimou-se que o número de mortos foi de, aproximadamente, 10 mil pessoas.

MOVIMENTOS SOCIAIS URBANOS


Violentos movimentos sociais urbanos irromperam durante a República das oligarquias, so-
bretudo na capital, Rio de Janeiro. As ideias socialistas presentes entre os imigrantes que aqui
chegavam, a grande quantidade de pessoas vivendo em favelas e cortiços e o elevado custo de
vida contribuíram para os movimentos de revolta contra a ordem estabelecida.

A revolta da vacina
A ideia de progresso e modernidade, tão cara aos positivistas republicanos no início do sécu-
lo XX, traduziu-se em um projeto de renovação urbanística da capital do país, o Rio de Janeiro. O
objetivo era transformá-la numa espécie de “cartão-postal” do Brasil, numa “Paris dos trópicos”.
Então, contando com a atuação do prefeito Pereira Passos (1836-1913), iniciou-se um vigoroso
plano de remodelação: alargamento de ruas e praças, abertura de novas avenidas, demolição de
cortiços do centro, saneamento da lagoa Rodrigo de Freiras, etc.
Com isso, milhares de famílias foram deslocadas à força para a periferia da cidade. Paralela-
mente, o presidente Rodrigues Alves (1848-1919) (presidente entre 1902 e 1906), representante
da elite cafeeira, nomeou o médico sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917) para levar adiante um
projeto de saneamento para a levar adiante um projeto de saneamento para a cidade do Rio de
Janeiro, até então às voltas com a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. No entanto, os
métodos utilizados durante a campanha de vacinação foram desastrosos. Sem um trabalho de
esclarecimento do povo, a campanha foi realizada de forma violenta e autoritária. As brigadas
sanitárias passaram a derrubar barracos e cortiços, interditar prédios, remover doentes à força,
exigir reformas nas moradias impraticáveis para as populações humildes, desinfetar casas sem
autorização, entre outras ações. A oposição política se aproveitou do momento e passou a arti-
cular um golpe militar para afastar Rodrigues Alves do poder. Militares, estudantes, operários se
revoltaram – a repressão foi violenta, e tropas do exército foram acionadas para conter a revolta
popular.

A Revolta da Chibata
A Revolta da Chibata ou Revolta dos Marinheiros, ocorrida em 1910, revela, mais uma vez,
que a República não conseguia conviver com as diferenças. Para se entender melhor essa revolta
popular, é preciso, antes, conhecer as contradições existentes na composição da marinha. Desde
os tempos do Império, a marinha era uma instituição aristocrática. A oficialidade era formada,
preferencialmente, por jovens de classes altas, todos brancos. Já os marinheiros eram recrutados
à força (prisioneiros que Cumpriam sentenças), ou voluntariamente, mas sempre pertencentes
às camadas mais humildes da população. Acrescente-se que a maioria esmagadora era formada
por negros.

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História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

Os marinheiros estavam submetidos a castigos como chibatadas, prática herdada dos tem-
pos da escravidão. Em decorrência desse contexto se deu a revolta dos marinheiros, iniciada
em 22 de novembro de 1910. Após insistentes reclamações exigindo o fim da chibata, os mari-
nheiros da esquadra, chefiados pelo marinheiro João Cândido (1880-1969), o Almirante Negro,
iniciaram a mais importante revolta já ocorrida na Marinha brasileira.
Os encouraçados Minas Gerais, São Paulo e Deodoro, além do cruzador Bahia e outros na-
vios menores, passaram ao controle dos marinheiros sublevados após sangrentos combates,
nos quais muitos oficiais superiores, como o próprio comandante do Minas Gerais, foram mortos
na luta.
Ameaçando bombardear a cidade do Rio de Janeiro, caso suas reivindicações não fossem
prontamente atendidas, os marinheiros forçaram o governo da República a ceder. A solução
encontrada foi a aprovação de um decreto assinado pelo então presidente Hermes da Fonseca,
extinguindo os castigos corporais e concedendo anistia aos revoltosos.
É importante considerar que, nesse aspecto, a Revolta da Chibata Triunfou plenamente, pois
conseguiu acabar com as chibatadas. Porém, o governo não cumpriu sua palavra e mandou
matar, prender e deportar centenas de marinheiros. João Cândido foi expulso da marinha e fi-
cou preso até 1912. Morreu aos 89 anos, esperando ter sua memória reabilitada pela marinha
brasileira.

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Unidade 1 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

Reforçando seus conhecimentos

01. (Ufpe) Uma análise das relações sociais de poder no Brasil Império mostra mudançasimportan-
tes com relação ao período colonial. Na época do Império, a sociedade brasileira:

a) tornou-se mais democrática, com o declínio acentuado da escravidão depois de 1840, ecom a
vinda de imigrantes europeus que traziam ideias modernizadoras.
b) manteve a escravidão como fonte de produção de riqueza, embora restrita à cultura docafé, no
oeste paulista e no interior do Rio de Janeiro.
c) conseguiu livrar-se das influências européias, afirmando uma matriz, respeitando as
tradições seculares de sua história.
d) permaneceu marcada pelo escravismo, embora já houvesse mudanças de muitos hábitos,por
influência da modernização de alguns setores.
e) conviveu com rebeliões políticas freqüentes, lideradas pelos liberais radicais e movidas porideias
abolicionistas e republicanas.

02. (Fuvest) No século XIX, a imigração européia para o Brasil foi um processo ligado:
a) a uma política oficial e deliberada de povoamento, desejosa de fixar contingentes brancosem
áreas estratégicas e atender grupos de proprietários na obtenção de mão-de-obra.

b) a uma política organizada pelos abolicionistas para substituir paulatinamente a mão-de-obraes-


crava das regiões cafeeiras e evitar a escravização em novas áreas depovoamento no sul do país.
c) às políticas militares, estabelecidas desde D. João VI, para a ocupação das fronteiras dosul e para
a constituição de propriedades de criação de gado destinadas à exportação decharque.
d) à política do partido liberal para atrair novos grupos europeus para as áreas agrícolas eimplantar
um meio alternativo de produção, baseado em minifúndios.
e) à política oficial de povoamento baseada nos contratos de parceria como forma deestabelecer
mão-de-obra assalariada nas áreas de agricultura de subsistência e deexportação.

03. (Unesp) O Segundo Reinado, preso ao seu contexto histórico, não foi capaz de dar resposta
àsnovas exigências de mudanças. Quando se analisa a desagregação da ordem monárquica imperial-
brasileira, percebe-se que ela se relacionou principalmente com a:

a) estrutura federativa vigente e a conspiração tutelada pelo exército.


b) bandeira do socialismo levantada pelos positivistas.
c) eliminação da discriminação entre brancos e negros.
d) forte diferenciação ideológica entre os partidos políticos.
e) abolição da escravidão e o desinteresse das elites agrárias com a sorte do Trono.

04. (Cesgranrio) A Proclamação da República, em 1889, está ligada a um conjunto detransformações


econômicas, sociais e políticas ocorridas no Brasil, a partir de 1870, dentre as quaisse inclui:
a) a universalização do voto com a reforma eleitoral de 1881, efetivada pelo Partido Liberal.
b) o desenvolvimento industrial do Rio de Janeiro e de São Paulo, criando uma classe
operária combativa.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 83


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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c) a progressiva substituição do trabalho escravo, culminando com a Abolição em 1888.


d) a concessão de autonomia provincial, que enfraqueceu o governo imperial.
e) o enfraquecimento do Exército, após as dificuldades e os insucessos durante a Guerra doParaguai.

05. (Fei) “Na historiografia referente ao binômio abolicionismo-imigrantismo, a noção que assume
oOeste paulista é de importância capital. A designação de Oeste, quando se trata dessa etapahistórica
da cafeicultura, tem como referência notória o Vale do Paraíba.” (Beiguelman, Paula, A CRISE DO ESCRA-
VISMO E A GRANDE IMIGRAÇÃO).
O texto acima refere-se a:
a) questão da mão-de-obra na cafeicultura.
b) queda do regime monárquico.
c) oposição casa-grande e senzala.
d) êxodo de nordestinos em direção aos grandes centros urbanos.
e) queda da produção cafeeira em consequência da crise de 29.

06. (G1) No Brasil do século XIX:


I. O café, principal produto de exportação e base da economia nacional, foi também o principalres-
ponsável pela modernização da sociedade brasileira no eixo RJ/SP.
II. Foi na lavoura cafeeira que se introduziu o trabalho livre com a vinda de imigrantes
europeus,acelerando o fim da escravidão no Brasil.
III. A Lei Áurea libertou o negro da escravidão e dos problemas econômicos e sociais, impondome-
canismos de integração profissional a esses trabalhadores.
As afirmativas corretas são:
a) somente a I;
b) somente a III;
c) I e II;
d) II e III;
e) I e III.

07. (Mackenzie) “Aqueles que estão bem na Itália, como vocês meus filhos, não devem deixá-la,digo-
-lhes isto como pai (...) não acreditem naqueles que falam bem da América (...) é preferívelar numa prisão
na Itália do que numa fazenda aqui.”(Zuleika Alvim, BRAVA GENTE)
O trecho da carta de um imigrante revela como era difícil “fazer a América” no Brasil, porque:
a) com o declínio da produção cafeeira, o imigrante desempregado vivia em péssima
situação social.
b) dívidas, maus-tratos, isolamento e a Lei de Terras tornaram quase impossível o acesso àterra e
prosperidade.
c) o choque cultural e dificuldades climáticas inviabilizaram a imigração.
d) a falta de uma experiência capitalista anterior pelos imigrantes impedia a formação deuma pou-
pança.
e) a propaganda feita pelo governo e agenciadores era correta e cumpria as promessas
feitas, mas a qualidade da mão-de-obra era precária.

08. (Unirio) A imigração para o Brasil de expressivos contingentes de europeus, na segunda metade
do século XIX, pode ser associada à:
a) ampliação da força de trabalho artesanal nas cidades para atender à produção de
exportação.

84
Unidade 1 | Capítulo 3
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b) introdução do sistema de parceria na produção de café, garantindo a continuidade da


produção do Vale do Paraíba.
c) substituição do trabalho escravo na lavoura, o qual entrou em declínio a partir da
proibição do tráfico.
d) Lei Áurea, que, ao abolir a escravidão, permitiu a introdução de trabalhadores livres nopaís.
e) valorização do trabalho agrícola, impedindo o desenvolvimento do setor industrial.

09. (Pucpr) Durante o segundo Reinado (1840-1889) ocorreu a transição do trabalhado escravone-
gro nos cafezais paulistas para a mão-de-obra do imigrante europeu, que inicialmente formou osistema
de parceria.
Sobre o tema é correto afirmar:
I - A origem do sistema ocorreu com o Senador Vergueiro, que mandou trazer 80 famílias alemãs
para sua fazenda em Ibicaba.
II - Em decorrência da exploração dos imigrantes alemães, a Prússia e depois o Império Alemãoproi-
biram a vinda de novos imigrantes, fazendo-o o Segundo Reich pelo “Rescrito de Heydt”.
III - A denúncia dos maus tratos aos imigrantes alemães e da redução dos mesmos a um regimede
semi-escravidão foi feita principalmente pela obra “Memórias de um Colono no Brasil”, do suíçoThomaz
Davatz.
Está correta ou estão corretas:

a) I, II e III.
b) Apenas II e III.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I.
e) Apenas I e III.

10. (Unesp) Leia os versos seguintes.


“Itália bela, mostre-se gentil
e os filhos não a abandonarão
senão vamos todos para o Brasil,
e não se lembrarão de retornar.
Aqui mesmo ter-se-ia no que trabalhar
Sem ser preciso para a América emigrar.
O século presente já nos deixa.
o mil e novecentos se aproxima.
A fome está estampada em nossa cara
e para curá-la remédio não há
A todo momento se ouve dizer:
eu vou lá, onde existe a colheita do café.”
(Canção “Italiabella, mostratigentile”. Apud Zuleika M. F. Alvim. Brava gente!)

Os versos fazem parte de um contexto no qual:

a) os italianos emigravam para o Brasil em decorrência de acordos entre os dois países,


envolvendo contratos de trabalhos sazonais para a colheita do café.
b) a imigração italiana foi favorecida pela promulgação da Lei de Terras brasileira de 1850que forne-
cia créditos para compra de lotes para produção de café.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 85


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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c) as condições econômicas da Itália favoreciam a emigração para as regiões cafeeiras emexpansão


após a abolição da escravidão no Brasil.
d) a industrialização na Itália conduzia o país a uma política internacional de acordos com oBrasil
para que os italianos se tornassem cafeicultores.
e) a emigração italiana para o Brasil tendia a crescer devido às propagandas dos grupos
pacifistas realizadas durante as guerras de unificação da Itália.

11. (G1) Os conflitos envolvendo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai no século XIX, tinham como-
causa principal:
a) disputas pelo controle da bacia do Rio da Prata;
b) a disputa pela indústria paraguaia;
c) as disputas entre liberais e conservadores;
d) a abolição da escravidão;
e) estabelecer os limites territoriais, respeitando o Tratado de Madri.

12. (Mackenzie) A abolição do tráfico escravo, por pressão inglesa em 1850, resultou em váriasalte-
rações no quadro da economia imperial, EXCETO:
a) a transferência de capitais do tráfico para as atividades industriais.
b) a Lei de Terras, que dificultava o acesso à propriedade da terra para imigrantes pobres eposseiros.
c) o desenvolvimento da imigração como alternativa de mão-de-obra.
d) o crescimento do tráfico escravo interno, largamente utilizado pelos fazendeiros do
centro-sul.
e) o acesso democrático às terras públicas, a redução das atividades econômicas e o
retrocesso no processo de modernização do país.

13. (Puc-RJ) “A raça ariana, reunindo-se, aqui, a duas outras totalmente diversas, contribuiu para
aformação de uma sub-raça mestiça e crioula, distinta da européia. Não vem ao caso discutir se istoé um
bem ou um mal; é um fato e basta.”
(Sílvio Romero, HISTÓRIA DA LITERATURA,)
Nos anos que antecederam a abolição da escravidão no Brasil e nas décadas que a sucederam,
houve uma longa controvérsia, expressa em polêmicas, discursos e livros, acerca do caráter racial
brasileiro. Acerca desta questão, analise as afirmativas a seguir:
I. As teses sobre a inferioridade da “raça africana”, aliada ao sentimento da sua incapacidade parao
trabalho livre e auto-estimulado, reforçaram a opção dos cafeicultores paulistas pela imigraçãoeuropéia.
II. O argumento de “que a raça chinesa abastarda e faz degenerar a nossa” objetivou impedir aimi-
gração de chineses - os “coolies” - para substituir a mão de obra escrava.
III. Vários homens de ciência, após a Abolição, defenderam que somente a fusão dos gruposétnicos
poderia aprimorar o homem brasileiro, ao propiciar o seu branqueamento.
IV. Ao longo da década de 20, mas principalmente na seguinte, o homem nacional mestiço foivalo-
rizado, sendo inclusive o argumento para a lei da nacionalização do trabalho, de 1931, obrigando todas
as empresas urbanas a empregar, pelo menos, 2/3 de mão de obra nacional.
Assinale a alternativa que contêm as afirmativas corretas:
a) somente I, II e III.
b) somente I, III e IV.
c) somente II, III e IV.
d) somente I, II e IV.
e) todas as alternativas estão corretas.

86 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

14. (Mackenzie) Sobre o contexto histórico responsável pela proclamação da República NÃO sein-
clui:

a) a insatisfação dos setores escravocratas com o governo monárquico após a Lei Áurea.
b) a ascensão do exército após a Guerra do Paraguai, passando a exigir um papel na vida
política do país.
c) a perda de prestígio do governo imperial junto ao clero, após a questão religiosa.
d) a oposição de grupos médios urbanos e fazendeiros do oeste paulista, defensores de
maior autonomia administrativa.
e) o alto grau de consciência e participação das massas urbanas em todo o processo da
proclamação da República.

15. (Cesgranrio) No período da chamada “crise do império”, a partir de 1870, vários fatorescontribuí-
ram para provocar a queda da monarquia, em 1889, dentre os quais se destaca o(a):
a) envolvimento continuado do Império em conflitos externos, principalmente na região
platina.
b) conflito entre o Império e a Igreja, que era simpática às novas ideias filosóficas como opositivismo.
c) incompatibilidade de amplos setores do Exército com a monarquia.

d) expansão da lavoura cafeeira e da indústria, ampliando o uso da mão-de-obra escrava.


e) posição contrária ao federalismo adotada pelos republicanos, o que lhes garantiu o apoiodas
oligarquias agrárias.

16. (Uff) “A primeira geração de proletários brasileiros convivera, nas fábricas e nas cidades, comtra-
balhadores escravos durante várias décadas. Este fato caracteriza toda a fase inicial do processode for-
mação do proletariado como classe no Brasil.”
(FOOT, F. & LEONARDI, V. “História da Indústria e do Trabalho no Brasil.” SP, Global, 1992, p. 111).
Assinale a opção que se refere incorretamente à questão focalizada pelo texto na segunda metade-
do século XIX.

a) Os trabalhadores nacionais, tidos como preguiçosos, deviam ser controlados pelo aparatopolicial
e judicial.
b) O regime escravista propiciava a formação de ideologias que valorizavam o trabalho
manual, considerado honroso para o homem e fonte da riqueza nacional.
c) A política de repressão à vadiagem era direcionada, principalmente, ao liberto, a ser
reeducado numa nova ética do trabalho.
d) A imagem ideal do trabalhador era representada pelo estrangeiro, portador em potencialda civi-
lização e da modernização do país.
e) Dentre as primeiras categorias de proletários brasileiros, formados no século XIX,
encontravam-se os ferroviários, estivadores, portuários e têxteis.

17. (Uel) Após a fase do apogeu do Império por volta de 1850, assinala-se no Brasil a partir de1870,
o começo da decadência do Regime Político Monárquico. Entre os fatores que contribuíampara este
declínio, citam-se o:
a) movimento abolicionista e as reformas políticas realizadas por D. Pedro II.
b) estabelecimento do sistema de parceria na produção agrária e as fugas constantes de
escravos, descapitalizando os proprietários.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 87


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

c) movimento emigratório e a greve dos operários.


d) Regime do Padroado e a pressão dos jornalistas contra a situação dos trabalhadores
rurais e urbanos.
e) posicionamento político dos militares, após a Guerra do Paraguai e os movimentos
republicanos e abolicionistas.

18. (Puc-rio) Sobre a religiosidade e a Igreja Católica no século XIX, no Brasil, é correto afirmarque:

a) Segundo as leis do Império, ao Imperador cabia o direito do padroado, nomeando bispose outros
titulares de cargos eclesiásticos no Brasil e, desta forma, subordinando a
hierarquia da Igreja ao poder imperial.
b) A Constituição de 1824 estabelecia a “Região Católica Apostólica Romana” como “Religiãodo Im-
pério”, e, assim, proibia, terminantemente, o culto de todas as outras religiões.
c) A quase totalidade da população brasileira era católica e utilizava o espaço das igrejas
para praticar a religião. O episódio de Canudos, ao final do século, representando umdesvio nos
cânones da Igreja pelos seguidores de Conselheiro, configurou uma exceção.
d) A união entre Igreja e Estado nem sempre se realizou de forma harmônica. A “Questãoreligiosa”,
em fins do Império, expressou a insatisfação de alguns bispos perante aproibição do Imperador ao livre
funcionamento das lojas maçônicas.
e) Enquanto algumas ordens religiosas, como a dos beneditinos e a dos carmelitas,estabeleceram-
-se livremente, no Brasil, outras, como a dos jesuítas e a dos franciscanos
foram proibidas de construir igrejas e mosteiros.

19- (Enem) O texto abaixo foi extraído de uma crônica de Machado de Assis e refere-se ao trabalho-
de um escravo.
“Um dia começou a guerra do Paraguai e durou cinco anos, João repicava e dobrava, dobrava ere-
picava pelos mortos e pelas vitórias. Quando se decretou o ventre livre dos escravos, João é querepicou.
Quando se fez a abolição completa, quem repicou foi João. Um dia proclamou-se arepública. João
repicou por ela, repicara pelo Império, se o Império retornasse.” (MACHADO, Assis de “Crônica sobre a
morte do escravo João”, 1897).
A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:

a) por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam fatos ligados à Abolição.
b) não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era escravo.
c) tocou os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que vieram libertá-lo.
d) tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes porque era costume fazê-lo.
e) tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da Princesa Isabel.

20- (Pucmg) A chamada “Questão Christie” teve origem a partir de dois incidentes de poucare-
levância, mas, no contexto das relações anglo-brasileiras na segunda metade do século XIX,atingiram
dimensões graves, tendo como consequências, EXCETO:

a) a afirmação da soberania brasileira reconhecida pela Grã-Bretanha.


b) o rompimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a Inglaterra.
c) a promulgação do Bill Aberdeen por parte do parlamento britânico.
d) o arbitramento do rei belga Leopoldo I favorável ao Brasil.

88 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

EXERCÍCIOS DE PROVA

01. (EsFCEx - 2002) Sobre o período republicano no Brasil existe uma carta de Aristides Lobo que
diz: ―por hora a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só,
por que a colaboração de elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo bestializado, atônito,
surpreso, sem conhecer o que significava‖.
(Fonte: Sérgio Buarque de Holanda – Op.Cit.)
Nesta carta de Aristides Lobo refere-se a fase da História Republicana do Brasil conhecida como:
a) República da Espada.
b) República do Galeão.
c) República dos Coronéis.
d) Revolução de 1930.
e) Revolução de 1964.
02. (EsFCEx - 2002) 56. A carta pastoral coletiva do episcopado brasileiro, de março de 1890,
deixou claro que os bispos:

a) Aprovaram a nomeação do sucessor dos bispos pelas autoridades civis, que se perenizou.
b) Apoiavam os Ministros de Estado, que ordenavam aos bispos.
c) Acatavam a aprovação por leigos dos compêndios de teologia, que era a prática.
d) Aprovaram o fim do padroado, que ―era uma proteção que nos abafava‖.
e) Aprovaram as ideias de separação entre a Igreja e o Estado, que a República introduziu.
03. (EsFCEx - 2003) Examine o texto abaixo:
―..., Honrado por muitos com o título de Fundador de Nossa República, sabe-se que nunca votou,
senão no último ano da monarquia. E isso mesmo, porque desejou servir a um amigo de família, o
conselheiro Andrade Pinto, que se apresentava candidato à senatoria. Costuma dizer que tinha nojo
de nossa política. E um dos seus íntimos refere-nos, sobre sua atitude às vésperas de inaugurar-se
o novo regime, que naquele tempo, decerto, nem sequer lia os jornais, tal a aversão que lhe
inspirava nossa coisa pública‖. (IN: Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Holanda – Companhia das
Letras, Pag 159 – SP – 2000).

O texto acima refere-se a:


a) Deodoro da Fonseca.
b) Benjamin Constant.
c) Ruy Barbosa.
d) Floriano Peixoto.

e) Saldanha da Gama.
04. (EsFCEx – 2003) 36. A corrente filosófica que fundamentou o Movimento Republicano no Brasil
foi o:

a) Materialismo Histórico de Marx.


b) Existencialismo de Sartre.
c) Anarquismo de Marcuse.
d) Positivismo de Comte.
e) Nominalismo de Occam.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 89


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

05. (EsFCEx – 2004) Numere a coluna da esquerda de conformidade com a da direita e


posteriormente transfira a sequência encontrada com a opção correta:
1ºs Ministros do governo provisório
republicano.

( ) Rui Barbosa
( ) Benjamin Constant
( ) Demétrio Ribeiro
( ) Campos Sales
( ) Eduardo Wandenkolk

Pastas
1. Ministro do Interior.
2. Ministro da Agricultura.
3. Ministro da Justiça.
4. Ministro da Guerra.
5. Ministro das Relações Exteriores.
6. Ministro da Fazenda.
7. Ministro da Marinha.

a) 4;5;1;2;3.
b) 7;3;1;5;4.
c) 6;4;2;3;7.
d) 7;3;2;5;6.
e) 6;5;1;2;4.

06. (EsFCEx – 2004) No ano de 1889, em 7 de junho, a elite letrada e os políticos civis não tinham
certeza de conveniência da república. Um deles declarou: ―Há uma razão para não ter chegado
ainda a hora da república; é que ainda não temos povo e as oligarquias republicanas em toda a
América têm mostrado ser um terrível impedimento à aparição política e social do povo‖. Foi ele:

a) Rui Barbosa.
b) Cézar Zama.
c) João Alfredo.
d) Simplício Resende.
e) Joaquim Nabuco.
07. (EsFCEx – 2004) Com relação a questão religiosa, ou questão epíscopo-maçonica, os bispos
rebeldes foram condenados pelo gabinete conservador do Visconde do Rio Branco e anistiados
pelo gabinete conservador do:

a) Marquês de Herval.
b) Duque de Caxias.
c) Barão de Ladário.
d) Visconde de Itaparica.
e) Visconde de Pelotas.

90 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 1 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

08. (EsFCEx - 2011) – Analise as afirmativas sobre a passagem da monarquia para a república noBrasil
e assinale a opção correta.
I. Uma das importantes motivações para o advento da República no Brasil foi à perspectiva
federalista emanada de algumas províncias.
II. Apesar de dividido ideologicamente, o movimento republicano promoveu uma mudança
revolucionária quando da instauração da República no Brasil.
III. Pode-se afirmar que a Monarquia foi superada, em grande medida, pela ação unificada Exército
e da Marinha em apoio às camadas agrárias cafeeiras.

a) somente I é verdadeira
b) somente II é verdadeira
c) somente III é verdadeira
d) somente I e III são verdadeiras
e) somente II e III são verdadeiras

09. (EsFCEx 2012) Sobre o Movimento Republicano, analise as afirmativas e a seguir assinale ares-
posta correta.
I. O Manifesto Republicano do Rio de Janeiro, escrito por Quintino Bocaiúva, foi aceito de imediato
em quase todas as províncias, contribuindo para a consolidação do movimento nessas regiões.
II. O Manifesto Republicano de 1870 foi um documento socialmente conservador, apesar de trazer
em seu conteúdo propostas importantes quanto à organização política do País em moldes
federalistas.
III. O Manifesto Republicano ganhou notoriedade à medida que defendia abertamente o fim da
escravidão e as reivindicações militares.

a) Somente I é verdadeira.
b) Somente II é verdadeira.
c) Somente III é verdadeira.
d) Somente I e II são verdadeiras.
e) Somente II e III são verdadeiras

10. (EsFCEx 2012) A passagem da monarquia à república envolveu a ação de classes, gruposprofis-
sionais e corporações diversificadas que, após um largo período de disputas, fizeramprevalecer a nova
forma de governo no Brasil. Analisando o momento histórico em pauta, marquea única opção que con-
tém somente atores sociais ou agentes políticos que contribuíram para aproclamação da forma republi-
cana de governo.

a) Cafeicultores paulistas, abolicionistas em geral e núcleos positivistas.


b) Exército, cafeicultores paulistas e produtores de cana da Bahia.
c) Exército, núcleos positivistas e cafeicultores de São Paulo.
d) Comando da Guarda Nacional, milícias e cafeicultores do Rio de Janeiro.
e) Cafeicultores paulistas, cúpula da Marinha e núcleos positivistas do Exército

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 91


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

Gabarito

EXERCÍCIOS

01-d
02-a
03-e
04-c
05-a
06-c07-b
08-c
09-a
10-c
11-a
12-e
13-e
14-e
15-c
16-b
17-e
18-a
19-d
20-c

EXERCÍCIOS DE PROVA

01-a
02-d
03-b
04-d
05-c
06-e
07-b
08-a
09-b
10-c

92 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


A Revolução de 1930 e o Estado Novo
Nesse momento da história estudaremos o governo de Ge-
túlio Vargas. Veremos como foi o seu governo provisório e a pro-
mulgação da nova Constituição. Entretanto, repare que Vargas,
com medo das eleições que se aproximavam, acabou dando um
golpe de Estado e se tornando ditador. Como será que ficou o
Brasil durante esse período ditatorial? Veja como foi a ditadura
de Getúlio Vargas, como ficou a indústria e a economia, qual foi a
participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e como che-
gou ao fim esse governo tão conflituoso.
Era Vargas é o nome que se dá ao período em que Getúlio
Vargas governou o Brasil por 15 anos, de forma contínua (de 1930
a 1945). Esse período foi um marco na história brasileira, em ra-
zão das inúmeras alterações que Getúlio Vargas fez no país, tanto
sociais quanto econômicas.
A Era Vargas, teve início com a Revolução de 1930 onde ex-
pulsou do poder a oligarquia cafeeira, dividindo-se em três mo-
mentos:

Governo Provisório -1930-1934


Governo Constitucional – 1934-1937
Estado Novo – 1937-1945
Reações
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A Revolução de 1930 Nucleares


no Brasil
e o Estado Novo Capítulo
Capítulo112
Em 1929, vários países foram abalados por uma Grave Crise Eco-
nômica. O principal motivo dessas dificuldades foi à superprodução da
indústria norte-americana, que cresceu mais do que as necessidades
de seu mercado interno e produziu mais do que o mercado internacio-
nal podia comprar.
O grande marco dessa Crise de Superprodução foi a queda das
ações das grandes empresas na Bolsa de valores de Nova York. Como
as ações perderam quase todo o seu valor, empresas e bancos foram
à falência e Milhões de Trabalhadores norte-americanos ficaram de-
sempregados.

Recessão Econômica
Sem poder vender, os comerciantes norte-americanos também
deixaram de compar. Isso afetou gravemente as economias dos países
que dependiam das exportações para os Estados Unidos. Foi o caso
do Brasil, que deixou de vender Milhões de sacas de café para o mer-
cado norte-americano. O preço da saca de café despencou, caindo
em mais de 50% entre 1929 e 1930. Foi um desastre econômico que
levou muitos cafeicultores à falência.
A Crise do Café afetou diversos setores da economia brasileira da
época, pois nesse produto estava investida a maior parte do capital
das Elites econômicas.

A cafeicultura era a atividade econômica mais dinâmica, pelo valor de sua exportação e
por toda a importação que custeia.
Sendo produzidas em unidades monoculturas, as fazendas de café são os principais nú-
cleos de consumo das safras de alimentos.
É também o café que move o sistema de transportes que implanta as estradas, ferrovias
e portos, essencialmente para servi-lo.
É também com capitais oriundos do café que se fazem indústrias, que se urbanizam cida-
des e que se moderniza a vida social.
Assim, a crise da economia agroexportadora do café afeta do Lavrador enxadeiro ao
Operário fabril, do Financista portuário ao Banqueiro e ao Empresário fabril.

Crise Política – Desestruturação do Poder Tradicional


O enfraquecimento econômico dos cafeicultores contribuiu para
desestruturar as bases políticas que sustentavam a Primeira Repúbli-
ca.
Além dos problemas econômicos, surgiu ainda o desacordo entre
as elites políticas de Minas Gerais e de São Paulo na indicação do can-
didato presidencial à sucessão de Washington Luís. Nas eleições de

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 94


Unidade 2 | Capítulo 2
Colégio Militar de Manaus

1930, os políticos da situação em São Paulo apoiavam o candidato Júlio Prestes, do Partido republicano
Paulista – PRP – que era então o Governador do Estado.
Os políticos Mineiros apoiavam Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, Governador de Minas Gerais
pelo Partido republicano Mineiro – PRM. O rompimento do acordo do “Café-com-Leite”, isto é, o de-
sentendimento entre os partidários do PRP e do PRM, agitou a cena política do país. Os políticos da
oposição aproveitaram o momento para conquistar espaço político e formar alianças.

Cartão postal em alemão mostra uma cena da queima de café em Santos


“Kaffeeverbrennung in Brasilien”
Imagem disponível no site Mercado Livre (acesso: 2/2/2016)

“Queima de café em 1931


Uma gigantesca fogueira, iniciada em junho de 1931, durante as festas juninas, conti-
nuou ardendo na Baixada Santista até o final do ano, destruindo milhares de sacas de café
e espalhando no ar de toda a região o característico e intenso aroma do café torrado.
A decisão do governo de destruir os estoques de café excedentes, para forçar a eleva-
ção dos preços do produto no mercado internacional (que tinham caído a um terço do valor
em que eram cotadas pouco antes da crise econômica mundial de 1929) foi bastante criti-
cada na época, provocando a demissão do então ministro da Fazenda, José Maria Whitaker,
em novembro de 1931, por não concordar com a queima do café.
Ele foi sucedido por Oswaldo Aranha, que decidiu prosseguir na queima de mais 9 mi-
lhões de sacas de café, além dos 3 milhões de sacas já queimadas nos meses anteriores.
No total, foi contabilizada a queima de 71.068.581 sacas de café, suficientes para garantir o
consumo mundial do produto durante três anos.
A ideia da queima do café, entretanto, já existia no começo do século, defendidapelo
poeta e político santista Vicente de Carvalho, como solução para o problema da exagerada
oferta de café no mercado internacional. Para Vicente de Carvalho, deveriam ser queimados
os grãos de café de baixa qualidade, como forma de elevar o padrão, o que não ocorreu em
1931.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 95


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

Movido a café - Existiram também propostas de aproveitamento do produto exceden-


te, como esta, registrada pelo jornal paulistano Folha da Manhã de 3 de janeiro de 1932,
sobre experiências do emprego de café como combustível nas locomotivas da Estrada de
Ferro Central do Brasil: “Partiu um trem de carga com 610 toneladas de peso, utilizando a
locomotiva café como combustível. O percurso foi vencido em duas horas e dez minutos,
sem quebra de pressão, gastando 2.912 quilos de café.” Texto disponível em: http://www.
novomilenio.inf.br/santos/fotos081.htm.

Foto: 100 Anos de República - Volume IV - 1931-1940, Ed. Nova Cultural, São Paulo/SP,1989.
Acervo do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.

Aliança Liberal
Foi nesse contexto histórico que nasceu a Aliança Liberal, reunindo lideranças políticas do Rio
Grande do Sul, de Minas Gerais e da Paraíba.
A Aliança Liberal lançou o nome do Governador Gaúcho Getúlio Vargas para Presidente da Repú-
blica e do Governador Paraibano João Pessoa para Vice-Presidente.
Esses passaram a ter o apoio de diferentes grupos sociais e políticos, tanto de renovadores que
queriam acabar com o esquema político tradicional da Primeira República quanto dos que pretendiam
apenas conservar o poder em suas mãos.
Era o caso do Governador de Minas Gerais, Antônio Carlos, que passou a apoiar a Aliança depois
de ter rompido com o Governo do Estado de São Paulo. A Aliança Liberal apresentava um programa
de reformas cujos pontos principais eram:

96 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 2
Colégio Militar de Manaus

A instituição do voto secreto – para acabar com as fraudes eleitorais e a pressão dos
coronéis
A criação de algumas Leis Trabalhistas – regulamentação do trabalho dos menores e das
mulheres, direito a férias, etc.
– e o incentivo à produção industrial.
Esse programa tinha grande aceitação, junto às classes médias urbanas e aos militares
ligados ao Tenentismo, pelas semelhanças entre as propostas de ambos os grupos.
Àquela época, outros setores da sociedade brasileira também manifestavam suas aspi-
rações.
– Bloco Operário Camponês
Foi o caso, por exemplo, dos operários, que lutavam pelas melhorias de suas condições
de vida e de trabalho, e dos Comunistas do PCB, que contribuíram para a formação do Bloco
Operário Camponês – BOC.

Entre as propostas do BOC constavam:


- Crítica e Combate à Plutocracia – poder das classes ricas (controle político, jurídico e
econômico, etc.) sobre as classes pobres e trabalhadoras;
– Impostos somente para os ricos;
– Habitação operária;
– Extensão e obrigatoriedade do ensino primário;
– Voto secreto e obrigatório, inclusive para as mulheres;
– Restabelecimento das relações diplomáticas e comerciais com a União Soviética, con-
siderada pelo Bloco Operário a Aliada Natural e Esperança suprema das classes laboriosas e
oprimidas do mundo inteiro.
Nas eleições Presidenciais de 1930, o BOC lançou a candidatura do Operário Marmorista
Minervino de Oliveira, do Rio de Janeiro.
Apesar de ter alcançado votação inexpressiva, Minervino foi o Primeiro Operário a se
candidatar à Presidência do Brasil.
O Movimento Rebelde de 1930
Júlio Prestes foi vitorioso na eleição Presidencial de 1930, derrotando o candidato da Aliança Li-
beral Getúlio Vargas.
Os líderes da Aliança Liberal, gaúchos, mineiros e paraibanos recusavam-se a aceitar o resultado
das eleições afirmando que a vitória de Júlio Prestes não passava de fraude. Na verdade, é difícil saber
qual dos dois lados utilizou mais violência e fraude para ganhar as eleições, mas a oligarquia paulista
foi mais eficiente nos métodos empregados, pois, Júlio Prestes foi eleito. Este teve quase 59% dos
votos enquanto Vargas atingiu cerca de 40%.

Assassinato de João Pessoa


O clima de revolta aumentava em várias regiões do país, atingindo diversos grupos sociais: Ope-
rários, militares, profissionais liberais, etc.
Atribuiu-se ao Governador Mineiro Antônio Carlos uma frase que simboliza a tensão existente na
época: Façamos a revolução, antes que o povo a faça. Essas palavras mostram que as elites da Aliança
Liberal, preocupadas com as insatisfações populares, tinham consciência de que era preciso agir para
assumir o comando do processo político.
A revolta ganhou intensidade quando João Pessoa, Governador da Paraíba e candidato à Vice-
-Presidente pela Aliança Liberal foi assassinado por motivos pessoais e políticos, em 26 de julho de

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 97


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

1930. Esse episódio levou a Oposição a unir-se contra o Governo.

Levante Militar
Em 3 de outubro, a luta armada teve início no Rio grande do Sul, espalhando-se por Minas Gerais,
Paraíba e Pernambuco. O objetivo das oposições era impedir a posse de Júlio Prestes como Presi-
dente da República, o que deveria ocorrer em 15 de Novembro. Reconhecendo o avanço da Guerra
Civil, militares do Rio de Janeiro, liderados pelos Generais Mena Barreto e Tasso Fragoso depuseram
o Presidente Washington Luís, poucas semanas antes do fim de seu Mandato.

1930 a Junta Militar dos generais Augusto Tasso Fragoso e João de Deus Mena Barreto e do
almirante Isaias de Noronha, entrega o poder a Getúlio Vargas.

Governo provisório (1930 - 1934)


O Governo Provisório teve como objetivo reorganizar a vida política do país. Neste período, o
presidente Getúlio Vargas deu início ao processo de centralização do poder, eliminando os órgãos
legislativos (federal, estadual e municipal).O Congresso Nacional, as assembleias estaduais e as câ-
marasmunicipais foram dissolvidas, sinal do autoritarismo que estavachegando. O pretexto: era preciso
fazer uma “depuração”paralimpar o país dos políticos corruptos e velhacos que controlavamo poder.
Mais uma veza ideia de que só um governoforteiriatransformar o país, modernizando-o.
Vargas baixou os primeirosatos revolucionários,sem enfrentarresistência da oposição. O gran-
de problema era, na verdade, aheterogeneidade dosgrupos que apoiaram aRevolução de 30.
Certamente,haveria umafuturae dura disputapelopoder.Diante da importância que os militares tiveram
na estabilização da Revolução de 30, os primeiros anos da Era Vargas foram marcados pela presença
dos “tenentes” nos principais cargos do governo e por esta razão foram designados representantes do
governo para assumirem o controle dos estados, tal medida tinha como finalidade anular a ação dos
antigos coronéis e sua influência política regional.

Os “tenentes” defendiam a centralização do poder, para desarticular as oligarquias estaduais e


impor as reformas necessárias. Juarez Távora, o mais importante tenente, dominava, alémdo Ministério
da Viação, 12 Estados. Era conhecido como “ViceReido Norte”.O tenente pernambucanoJoão Alberto-
foinomeadointerventor em São Paulo, mas enfrentou forte oposição. Oantigofederalismo foi substituí-
do pela interferência do governocentralnos Estados.
Os reflexos da quebra (crash) da Bolsa de Nova York atingiramduramenteo Brasil.em 1931.As exp

98 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 2
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ortações,principalmentedecafé, caíram vertiginosamente com efeitos imediatos sobre a economiado


país.

Café Exportações
Com a queda das exportações, não havia moeda estrangeirapara pagar as importações. Elas caí-
ram pela metade entre 1930e 1931. O governo passou a controlar o câmbio e toda entrada e saída de
moeda estrangeira.O Governo Provisório, preocupado em salvar a economiacafeeira, iniciou a política
de comprar e destruir o excedente do café. Era uma nova forma de valorização do produto, salvando
os agricultores da ruína total. Essa política consumiu 78 milhõesde sacas, queimadas ou atiradas ao
mar. O governo proibiu novas plantações para reduzir a produção.

A destituição da oligarquia paulista do poder descontentou parte da elite do Estado, já profun-


damente afetada pelas dificuldades econômicas. Tal situação foi capitalizada pelos políticos que in-
duziram o Estado a protestar contra o excessivo centralismo deendido pelos “tenentes”. A reação se
iniciou com a exigência de um interventor civil e paulista. O bairrismo exaltado serviu para agitar a
população. Os dirigentes paulistas passaram a exigir uma reconstitucionalização do país, para limitar
a política econômicade Vargas e voltar a participar do poder.

Estágio da Grande Depressão

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 99


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

Esta medida consolidou-se em clima de tensão entre as velhas oligarquias e os militares inter-
ventores. A oposição às ambições centralizadoras de Vargas concentrou-se em São Paulo, onde as
oligarquias locais, sob o apelo da autonomia política e um discurso de conteúdo regionalista, convo-
caram o “povo paulistano” a lutar contra o governo Getúlio Vargas, exigindo a realização de eleições
para a elaboração de uma Assembleia Constituinte. A partir desse movimento, teve origem a chamada
Revolução Constitucionalista de 1932.

Revolução Constitucionalista

Em fevereiro de 1932, o Partido Democrático e o velhoPRP fundaram a “FrenteUnidaPaulista”,


eliminandotemporariamenteas suas divergências.Em março, Vargas nomeava
Pedrode Toledocomo interventor, para diminuira oposição.Afinal, ele era civil epaulista. Vargas,
então, decretou o novo Código Eleitoral, mas asmanifestações constitucionalistas aumentavam.

Mapa da Revolta de 1932

100 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 2
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Em maio, na cidade de São Paulo, ocorreu um choque entreforças policiais e estudantes, morren-
do na ocasião Martins,Miragaia, Dráusio e Camargo. É a origem do movimento MMDC que lutava pela
volta ao estado de direito. Em vários Estadosocorrem manifestações de apoio aos paulistas. No dia 9
de julhode 1932, os paulistas pegaram em armas contra o governo autoritário de Vargas.
Houve a união entre a Força Pública e unidades do Exército.Assumiu o comando o general Ber-
toldo Kingler, que chefiava asunidades militares do Mato Grosso. Tropas rebeldes partiram emdire-
ção ao Rio de Janeiro, mas a ofensiva foi contida na fronteiraestadual por tropas legalistas, em nú-
mero bem superior. Violentoscombates ocorrerampor causa da resistência paulista.O portodeSantos
foibloqueado,impedindo que os paulistas recebessemarmasdo exterior.
A adesão popular foi muito grande e a indústria produzia nasua capacidade máxima.Surgiram
boatos de que os paulistaspretendiam se separar da União.Após 3 meses de combates e milhares de
mortos, São Paulose rendia. Entretanto, Vargas percebeu que tinha que governarcom as elites esta-
duais. Convocou eleições para a Constituintee, para agradar à oligarquia paulista, nomeou um novo
interventor,Armando de Sales Oliveira, membro da elite paulista.
Mesmo derrotando as forças oposicionistas, o presidente convocou eleições para a Constituinte.
No processo eleitoral, devido o desgaste gerado pelos conflitos paulistas, as principais figuras milita-
res do governo perderam espaço político e, em 1934 uma nova constituição foi promulgada.

O Governo Constitucional (1934-1937)


A Carta de 1934 deu maiores poderes ao poder executivo, adotou medidas democráticas e criou
as bases da legislação trabalhista. Além disso, sancionou o voto secreto e o voto feminino. Por meio
dessa resolução e o apoio da maioria do Congresso, Vargas garantiu mais um mandato.

A Constituição de 1934 foi uma consequência direta da Revolução Constitucionalista de 1932.


Com o fim da Revolução, a questão do regime político veio à tona, forçando desta forma as eleições
para a Assembleia Constituinte em maio de 1933, que aprovou a nova Constituição substituindo a

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 101


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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Constituição de 1891.
O objetivo da Constituição de 1934 era o de melhorar as condições de vida da grande maioria dos
brasileiros, criando leis sobre educação, trabalho, saúde e cultura. Ampliando o direito de cidadania
dos brasileiros, possibilitando a grande fatia da população, que até então era marginalizada do pro-
cesso político do Brasil, participar então desse processo. A Constituição de 34 na realidade trouxe,
portanto, uma perspectiva de mudanças na vida de grande parte dos brasileiros.
No dia seguinte à promulgação da nova Carta, Getúlio Vargas foi eleito presidente do Brasil.São
características da Constituição de 1934:
1- A manutenção dos princípios básicos da carta anterior, ou seja, o Brasil continuava sendo uma
república dentro dos princípios federativos, ainda que o grau de autonomia dos estados fosse reduzido;
2 – A dissociação dos poderes, com independência do executivo, legislativo e judiciário; além da
eleição direta de todos os membros dos dois primeiros. O Código eleitoral formulado para a eleição da
Constituinte foi incorporado à Constituição;
3 – A criação do Tribunal do Trabalho e respectiva legislação trabalhista, incluindo o direito à li-
berdade de organização sindical;
4- A possibilidade de nacionalizar empresas estrangeiras e de determinar o monopólio estatal
sobre determinadas indústrias;
5- As disposições transitórias estabelecendo que o primeiro presidente da República fosse eleito
pelo voto indireto da Assembleia Constituinte.
A Constituição de 1934 também cuidou dos direitos culturais, aprovando os seguintes princípios,
entre outros:
O direito de todos à educação, com a determinação de que esta desenvolvesse a consciência da
solidariedade humana;
A obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário, inclusive para os adultos, e intenção à gratui-
dade do ensino imediato ao primário;
O ensino religioso facultativo, respeitando a crença do aluno;
A liberdade de ensinar e garantia da cátedra.

A Constituição de 1934 ainda garante ao cidadão:


Que a lei não prejudicaria o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
O principio da igualdade perante a lei, instituindo que não haveria privilégios, nem distinções,
por motivo de nascimento, sexo, raça, profissão própria ou dos pais, riqueza, classe social, crença re-
ligiosa ou ideias políticas;
A aquisição de personalidade jurídica, pelas associações religiosas, e introduziu a assistência
religiosa facultativa nos estabelecimentos oficiais;
A obrigatoriedade de comunicação imediata de qualquer prisão ou detenção ao juiz competente
para que a relaxasse e, se ilegal. requerer a responsabilidade da autoridade coautora;
O habeas-corpus, para proteção da liberdade pessoal, e estabeleceu o mandado de segurança,
para defesa do direito, certo e incontestável, ameaçado ou violado por ato inconstitucional ou ilegal
de qualquer autoridade;
A proibição da pena de caráter perpétuo;
O impedimento da prisão por dívidas, multas ou custas;
A extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião e, em qualquer caso, a de brasi-
leiros;
A assistência judiciária para os desprovidos financeiramente;
Que as autoridades a emitam certidões requeridas, para defesa de direitos individuais ou para
esclarecimento dos cidadãos a respeito dos negócios públicos;
A isenção de impostos ao escritor, jornalista e ao professor;

102 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 2
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Que a todo cidadão legitimidade para pleitear a declaração de utilidade ou anulação dos atos
lesivos do patrimônio da União, dos Estados ou dos Municípios;
A proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho, por motivo de idade, sexo, nacio-
nalidade ou estado civil;
Receber um salário mínimo capaz de satisfazer às necessidades normais do trabalhador;
A limitação do trabalho a oito horas diárias, só prorrogáveis nos casos previstos pela lei;
A proibição de trabalho a menores de 14 anos, de trabalho noturno a menores de 16 anos e em
indústrias insalubres a menores de 18 anos e a mulheres;
A regulamentação do exercício de todas as profissões.

A Constituição de 1934 representou o início de uma nova fase na vida do país, entretanto vigorou
por pouco tempo, até a introdução do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, sendo substituída
pela Constituição de 1937.
A legislação trabalhista não incentivoua formaçãode centraistrabalhistaspoderosas,desestimulou
a formaçãode partidos trabalhistase tirou omovimentooperárioda influência e liderançacomunista.O
proletariadonãosetransformouem base de sustentaçãodo poder.Pelo contrário, passouasertutelado
pelo Estado,que estabeleciasuas regrasde conduta, inclusiveas sindicais. Vargasutilizavao trabalhador-
como massa de manobra,pormeiodos chefessindicais, chamados pejorativamente de pelegos.
A onda nazifascista que dominava vários países europeushavia chegadoao Brasil.Em, 1932 era fun-
dada a Ação Integralista Brasileira (A.I.B.),cujo lema era “Deus, Pátria e Família”. O chefe era o intelec-
tualPlínio Salgado. Era um movimento de extrema direita, pregandoo Estado Integral, similar ao Estado
Corporativo de Mussolini,monopartidário ditatorial, sob a liderança de um único chefe. Eraantissocialista
e anticomunista.O movimento se exteriorizava seguindo os padrões fascistas,com adaptações naciona-
listas: os militantes eram os camisasverdes,cujo símbolo era o Sigma e “Anauê!” a saudação. Organiza-
vam desfiles, comícios e promoviam pancadarias e perseguiçõesaos comunistas,declarados,suspeitos
ou simpatizantes.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 103


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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104 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 2
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O Partido Comunista Brasileiro, fundado em 1922, se submetiaà diretrizes do PC da URSS.


Combatia o latifúndio, o imperialismoe o fascismo,e a rígida disciplina partidáriaestalinista era
Seguidatotalmente pelo PCB.No final da década de 20, ele se estruturou e penetrou nos-
meios operários. O partido ganhou grande projeção com a adesão, em 1930, do ex-tenente Luís
Carlos Prestes, que gozavade imenso prestígio junto aos militares e à classe média, emboraexi-
ladona Argentina.O PCB não participouativamentedaRevoluçãode 1930 por julgá-la um conflitos
dentro da própriacamadadominante.Para combater a expansão e as agressões do Integralismo,
oPCB organizou, em 1935, uma frente denominada Aliança Nacional Libertadora (ANL). Era um
movimento de tendências políticasde esquerda e simpáticas à esquerda. Seu chefe de honra
eraLuís Carlos Prestes, o comandante da antiga Coluna. O movimentose dividia:uns optavampela
luta armada,outros por uma aliançacom segmentos de diversasclasses paraalcançar o poder.Os
movimentos extremistas cresceram rapidamente, sob acomplacência de Getúlio, pronto para tirar
proveito da conjunturapolítica. Seu mandato terminaria em 1938, mas o presidentecertamentenão
pretendia deixar o poder.
A oportunidadeseavizinhava.Em julho de 1935, a polícia invadiu a sede da ANL, acusada de-
agitação e recebeu auxílio externo. A ala radical do PCB, principalmenteformada por militares,
acuada, tentou tomar o poder pelaforça.Foideflagradaa Intentona Comunista,em novembro.A re-
beliãocomeçou no Rio Grande do Norte e em Pernambuco, masfracassou.Muitos morreram.A
seguir,no Rio de Janeiro, no quartel do II Regimento deInfantaria e na Escola deAviação houve
levantesque causaram o assassinatode oficiais. O movimento foi duramente reprimidoe Luís Car-
losPrestespreso.Vargas tinha poderes excepcionais conferidospela Lei de Segurança Nacional. A
Intentona permitiu que eledecretasse o estado de sítio, renovado continuamente até junhode 1937.

Participantes do levante de 28 de novembro de


1935 no Rio de Janeiro (RJ) marcham rumo a prisão.

As eleições presidenciais deveriam acontecer no final de 1937.Os candidatos eram Armando


de Sales Oliveira, Plínio Salgado eJosé Américo de Almeida, e esperava-se um acirramento elei-
toral.Vargas publicamente simpatizava com José Américo, mas optoupor continuarna presidência.
Erapreciso elaborarum planoparao golpe de estado ser bem-sucedido.Obteve o apoio dos

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 105


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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generais Góis Monteiro e Eurico GasparDutra. Os militares resistentes a um golpe foram afastados
dospostos de comando no Exército.
Além de um pretexto, era preciso preparar psicologicamente apopulação, levá-la a aceitar o golpe,
ganhar o seu apoio.Repentinamente, os principais jornais publicaram o “PlanoCohen”. Segundo o go-
verno, era um plano comunista para a tomadado poder, com o assassinato dos líderes civis e militares.
Agravavao temor o fatode Cohen ser um sobrenome judeu, emumaépoca de forte anti-semitismo. Ime-
diatamente o governoobteve do Congresso a declaração de “estado de guerra”. Getúliorecebeu po-
deres excepcionaisem outubro.Pôde intervirnoRioGrandedo Sul, depondo e exilandoFlores da Cunha.
Conseguiu o apoio de Benedito Valadares, governador deMinas. Os governadores do Nordeste
trocaram o apoio pelocontinuísmo no poder.No dia 11 de novembro o Congresso Nacional foi fecha-
do. Nomês seguinte, todos os partidos políticos foram proibidos. Emnome da ordem se implantava o
Estado Novo. Tempos depois sedescobriu que o Plano Cohen era falso. Foi forjado por um capitãointe-
gralista, Olímpio Mourão, para criar o estado psicológicofavorável ao golpe de 1937. Começava, então,
a ditadura do Estado Novo.
Em resumo, nesse segundo mandato, conhecido como Governo Constitucional, a altercação po-
lítica se deu em volta de dois ideais primordiais: o fascista – conjunto de ideias e preceitos político-
-sociais totalitário introduzidos na Itália por Mussolini –, defendido pela Ação Integralista Brasileira
(AIB), e o democrático, representado pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), era favorável à reforma
agrária, a luta contra o imperialismo e a revolução por meio da luta de classes.
A ANL aproveitando-se desse espírito revolucionário e com as orientações dos altos escalões do
comunismo soviético, promoveu uma tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas. Em 1935,
alguns comunistas brasileiros iniciaram revoltas dentro de instituições militares nas cidades de Natal
(RN), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE). Devido à falha de articulação e adesão de outros estados, a
chamada Intentona Comunista, foi facilmente controlada pelo governo.
Getúlio Vargas, no entanto, cultivava uma política de centralização do poder e, após a experiência
frustrada de golpe por parte da esquerda utilizou-se do episódio para declarar estado de sítio, com
essa medida, Vargas, perseguiu seus oponentes e desarticulou o movimento comunista brasileiro. Me-
diante a “ameaça comunista”, Getúlio Vargas conseguiu anular a nova eleição presidencial que deveria
acontecer em 1937. Anunciando outra calamitosa tentativa de golpe comunista, conhecida como Plano
Cohen, Getúlio Vargas anulou a constituição de 1934 e dissolveu o Poder Legislativo. A partir daquele
ano, Getúlio passou a governar com amplos poderes, inaugurando o chamado Estado Novo.

Estado Novo (1937 – 1945)


No dia 10 de novembro de 1937, era anunciado em cadeia de rádio pelopresidente Getúlio Vargas
o Estado Novo. Tinha início então, um período de ditadura na História do Brasil.
Sob o pretexto da existência de um plano comunista para a tomada do poder (Plano Cohen)
Vargas fechou o Congresso Nacional e impôs ao país uma nova Constituição, que ficaria conhecida
depois como “Polaca” por ter sido inspirada na Constituição da Polônia, de tendência fascista.
A característica principal dessa constituição era a grande concentração de poderes nas mãos do
chefe do Executivo. Seu conteúdo era fortemente centralizador, ficando a cargo do presidente da Re-
pública a nomeação das autoridades estaduais, os interventores e a esses, por sua vez, cabia nomear
as autoridades municipais.

Constituição de1937
O Golpe de Getúlio Vargas foi organizado junto aos militares e teve o apoio de grande parcela da
sociedade, uma vez que desde o final de 1935 o governo reforçava sua propaganda anticomunista,
alarmando a classe média, na verdade preparando-a para apoiar a centralização política que desde

106 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 2
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então se desencadeava.
A partir de novembro de 1937 Vargas impôs a censura aos meios de comunicação, reprimiu a
atividade política, perseguiu e prendeu seus inimigos políticos, adotou medidas econômicas naciona-
lizantes e deu continuidade a sua política trabalhista com a criação da CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho), publicou o Código Penal e o Código de Processo Penal, todos em vigor atualmente. Getúlio
Vargas foi responsável também pelas concepções da Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho, do
salário mínimo, e pelo descanso semanal remunerado.

Algumas Mudançãs no Estado Novo


O principal acontecimento na política externa foi a participação do Brasil na Segunda Guerra
Mundial contra os países do Eixo, fato este, responsável pela grande contradição do governo Vargas,
que dependia economicamente dos EUA e possuía uma política semelhante à alemã. A derrota das
nações nazi fascistas foi a brecha que surgiu para o crescimento da oposição ao governo de Vargas.
Assim, a batalha pela democratização do país ganhou força. O governo foi obrigado a indultar os
presos políticos, além de constituir eleições gerais, que foram vencidas pelo candidato oficial, isto é,
apoiado pelo governo, o general Eurico Gaspar Dutra.
Chegava ao fim a Era Vargas, mas não o fim de Getúlio Vargas, que em 1951 retornaria à presi-
dência pelo voto popular.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 107


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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Reforçando seus conhecimentos

1. O governo provisório foi assumido por __________________ . Além de dar maior im-
portância aos problemas sociais e urbanos e incentivar a industrialização, ele cria novos Mi-
nistérios do ____________________ , da _____________________ e Comércio e da
_____________________.

2. Quais foram os motivos que culminaram na Revolução Constitucionalista de 1932?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

3. Apesar dos rebeldes da Revolução Constitucionalista de 1932 não terem ganhado a batalha,
eles conseguiram que Vargas promulgasse uma nova Constituição. Com relação a isso (Constituição
de 1934), marque (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as falsas.

( ) A Constituição de 1934 manteve vários aspectos da Constituição de 1891.


( ) O Brasil continuou a ter a estrutura federalista e presidencialista.
( ) Diminuiu os poderes do Executivo.
( ) As eleições diretas para presidente permaneceram.
( ) O mandato do presidente aumentou para 8 anos.
( ) Estabeleceu o cargo de vice-presidente da República.
( ) As mulheres ganharam direito de voto, assim como os maiores de 18 anos.

4. O que defendia a Ação Integralista Brasileira (AIB)?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5. O que defendia a Aliança Nacional Libertadora (ANL)?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

6. Relacione a 1ª coluna de acordo com a 2ª coluna:

108 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 2
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7. Cite duas modificações ocorridas na Constituição de 1937.


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
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___________________________________________________________________________

8. Com relação a Getúlio Vargas, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.
( ) Enquanto presidente da República, governou o Brasil com o auxílio de governadores.
( ) Deu importância à indústria nacional.
( ) Construiu a Hidrelétrica de Itaipu.
( ) Fundou a Companhia Vale do Rio Doce.
( ) Criou o Conselho Nacional do Petróleo.
( ) Construiu a Companhia de Ferro e Aço Nacional.
( ) Construiu a Companhia Siderúrgica Nacional.

9. Explique com suas palavras o impasse relacionado à escolha de quem o Brasil iria apoiar na
Segunda Guerra Mundial (os países aliados ou os países do eixo).
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__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

10. Durante o declínio do Estado Novo formam-se vários partidos políticos. Quais são eles?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

11. Escreva um texto para explicar a relação entre a Revolução de 1930 e a situação mundialda-
quela época.
__________________________________________________________________________
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___________________________________________________________________________

12. Descreva a Revolução Constitucionalista de 1932.


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“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 109


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
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13. O que foi o governo provisório.


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___________________________________________________________________________
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14. O que a Constituição de 1934 estabelecia.


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__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

15. Faça um quadro comparativo entre a AIB e a ANL abordando os seguintes pontos:
a) líderes.
b) tendência política.
c) apoiadores
d) propostas políticas.

110 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


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Gabarito
1. Getúlio Vargas, trabalho, indústria, educação.

2. A nomeação de um interventor pernambucano para o Estado de São Paulo, aliado ao grande


desemprego, às falências nas indústrias e à crise na lavoura cafeeira causaram manifestações operá-
rias e o início da Revolução Constitucionalista.

3. V, V, F, V, F, F, V, V

4. A AIB defendia a formação de um estado hierarquizado e centralizado, além do uso da força


para manter a paz social.

5. A ANL defendia os interesses dos pequenos e médios proprietários, pediam o cancelamento


da dívida externa e a nacionalização das multinacionais.

6. a) Getúlio Vargas.

b) Plínio Salgado.

c) Plano Cohen.

7. 1. O presidente possuía plenos poderes para dissolver o Congresso e promulgar decretos-leis.


2. Não haveria mais partidos políticos.

8. F, V, F, V, V, F, V

1. Resposta pessoal.

10. O Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partido de Representação Popular (PRP), o Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB), a União Democrática Nacional (UDN), o Partido Social Progressista (PSP)
e o Partido Social Democrático (PSD).

11.A Revolução de 1930 ocorreu logo após a crise da Bolsa de Nova Iorque em 1929, que arruinou
a economia de vários países e afetou, inclusive, os cafeicultores no Brasil.
12. Foi um movimento armado iniciado em São Paulo contrao governo Federal. A revolta durou
três meses eseus integrantes foram derrotados. Foram lideradospor membros da elite paulistadescon-
tentes com GetúlioVargas.
13. Nesse período, Getúlio Vargas governou por meio dedecretos-lei, intervindo nos estados ege-
rando descontentamentosnas elites locais. O nome “provisório” erauma analogia de que ele estaria a
frente da nação até omomento em que ocorresse uma eleição presidencial.
14. Estabelecia o sufrágio universal, reduzia a autonomiados estados, garantia o ensino primário
gratuito e obrigatório, introduzia a Justiça do Trabalho e assegurava a liberdade individual.

15.
resposta

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 111


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112 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 2
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Anotações

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 113


Reações
Guerra Fria
Nucleares
Capítulo
Capítulo113
O término da Segunda Guerra mudou o panorama político e
econômico internacional. As perdas materiais e humanas da Euro-
pa e do Japão rebaixaram a posição das antigas potências. Surgem
novas nações e novas organizações internacionais, como a ONU, o
Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, criados em 1945.
A rivalidade entre aliados e soviéticos na Conferência de Potsdam,
que dividiu o mundo em áreas de influência, uma sob controle ca-
pitalista liderado pelos EUA e outra sob controle socialista liderado
pela URSS, inaugurou uma nova política internacional que condu-
ziria, muito rapidamente, à Guerra Fria. Em 1946, Winston Churchill,
proferir violento discurso, nos EUA, defendendo, pela primeira vez,
a necessidade de uma política de controle e de vigilância da URSS.
Era preciso uma cortina de ferro em torno dela para evitar que
estendesse seus domínios no leste europeu e na Ásia. Conclamava
os EUA a assumirem a liderança mundial contra a “sovietização” do
mundo. Os Estados Unidos conquistam após 1945 uma hegemonia
mundial, isto ocorreu em virtude do seu fortalecimento durante a
guerra, concomitante ao enfraquecimento relativo das potências
européias. A economia norte-americana se expande internacional-
mente. Suas Forças Armadas detêm o monopólio da bomba atômi-
ca e disseminam bases pelo mundo. Washington dita a política no
Ocidente e disputa a hegemonia no resto do planeta. A supremacia
econômica é alcançada com a exportação de capitais, empresas,
produtos industriais e agrícolas e tecnologia. As empresas norte-
-americanas tornam-se multinacionais, com filiais espalhadas por
todo o mundo. Exercem influência sobre as economias nacionais e
determinam seu rumo. A busca da hegemonia política tem por base
a Doutrina Truman.

Presidente americano John F. Ken-


nedy e o secretário geral do Par-
tido Comunista Soviético, Nikita
Khrushchev em Viena.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 114


História | Ensino Fundamental | 9ª série
Colégio Militar de Manaus

Doutrina Truman – segundo esta doutrina a URSS apresenta um antagonismo inconciliável com
o mundo capitalista, e a sua tendência expansionista só poderia ser mediante a hábil e vigente apli-
cação de uma contra força em uma série de pontos geográficos e políticos em constante mudança
correspondente às mudanças e manobras das políticas soviéticas. Pela Doutrina Truman, era neces-
sário bloquear o expansionismo soviético ponto a ponto, país por país, em todos os lugares que eles
se manifestassem.

Plano Marshall - com base na Doutrina Truman, os Estados Unidos decidem abandonar a cola-
boração com a URSS e investir maciçamente na Europa ocidental para barrar a expansão comunista e
assegurar sua própria hegemonia política na região. Um Programa de Reconstrução da Europa (ERP)
é elaborado em 1947 pelo secretário de Estado norte-americano George C. Marshall (1880-1959), Wa-
shington fornece matérias-primas, produtos e capital, na forma de créditos e doações. Em contrapar-
tida, o mercado europeu evita impor qualquer restrição à atividade das empresas norte-americanas.
A distribuição dos fundos é realizada por meio da Organização Européia de Cooperação Econômica
(OECE), fundada em Paris, em 1948. Entre 1948 e 1952, o Plano Marshall fornece US$ 14 bilhões para
a reconstrução européia, na forma de fundos, créditos e suprimentos materiais a juros irrisórios.

OTAN - Em 1949, os Estados Unidos fizeram uma aliança militar com outros países europeus
para combater a influência da União Soviética. Estava nascendo a OTAN, Organização do Tratado do
Atlântico Norte, que completava no campo militar, a Doutrina Truman. Criou-se um exército conjunto
dos seguintes países:

EUA, Alemanha Ocidental, Bélgica, Canadá, Dinamarca, França, Grã-Bretanha, Grécia,


Islândia, Holanda, Itália, Noruega, Portugal e Turquia.

Pacto de Varsóvia - Em 1955, a União Soviética organizou um pacto de defesa mútua com todos
os países que estavam sob sua influência. Esse pacto foi assinado na cidade de Varsóvia, na Polônia,
foi uma resposta a criação da OTAM e consistia em ajuda mútua em caso de agressão armada, con-
sulta sobre problemas de segurança e questões políticas.
Eram membros do Pacto de Varsóvia:

URSS, Romênia, Tchecoslováquia, Bulgária, Polônia, Hungria e, posteriormente, a Alema-


nha Oriental.

Bloqueio de Berlim
A Doutrina Truman inviabilizou o projeto de reunificação da Alemanha nos primeiros anos do
pós-guerra. O Plano Marshall, visando reconstruir a economia de mercado nas zonas de ocupação das
potências capitalistas, ameaçava desestabilizar o controle soviético do lado oriental do país.

Alemanha: da divisão à reunificação


Em Fevereiro de 1945, os representantes das três principais potências vitoriosas, (Churchill –In-
glaterra, Rooselvet – EUA, e Stalin – União Soviética) reuniram-se na cidade de Yalta, Ucrânia, para
discutir os rumos da política internacional no pós-guerra e a redefinição do mapa europeu, especial-
mente em relação à Alemanha.
Meses depois, em Julho de 1945, realizou-se na Alemanha a Conferência de Potsdam, que
também contou com os representantes das potências vitoriosas. Nesta conferência decidiu-se ofi-

115 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

cialmente que o território alemão seria dividido em quatro zonas de ocupação: Francesa, britânica,
estadunidense e soviética.

Posteriormente em 1949, o território da Alemanha foi divi-


dido em dois países:
- República Federal Alemã (RFA ou Alemanha Ocidental),
com capital em Bonn, sob influência dos Estados Unidos;
- República Democrática Alemã (RDA ou Alemanha
Oriental), com capital em Berlim, sob a influência da União
Soviética.

O crescente clima de hostilidade – Guerra Fria, entre os Estados Unidos e União Soviética levou
a divisão de Berlim em duas partes: Berlim ocidental, sob influência dos EUA e Berlim Oriental sob
influência Soviética. Calcula-se que entre 1952 e 1961, aproximadamente 2,5 milhões de pessoas te-
nham migrado de regiões da Europa oriental para o lado ocidental, em busca de oportunidades e de
melhores condições de vida. Devido ao apoio financeiro dos EUA com a aplicação do Plano Marshall,
destinado a ajudar economicamente todos os países europeus do bloco capitalista afetados pela guer-
ra, assim Berlim Ocidental foi rapidamente reconstruída e modernizada, prosperou economicamente e
tornou-se uma região atraente para os alemães do lado oriental.
Para evitar a saída em massa da população, o governo da Alemanha Oriental, em Agosto de
1961, iniciou a construção de uma cerca de arame farpado, que mais tarde foi substituída por muro de
concreto, com torres de vigilância para evitar o intercâmbio entre o lado socialista e o capitalista da
cidade. Um marco que dividia não só duas ideologias políticas, mas sim, famílias, amigos e uma nação.
Consistia numa barreira geográfica, e, principalmente, num instrumento político ideológico, restringin-
do o contato da população alemã, dividida em um país com tendências capitalistas e outro socialista.
As pessoas que concordavam com o governo da Alemanha Oriental viam o muro como uma
barreira necessária para conter as ameaças da invasão capitalista. Já aquelas pessoas que apoiavam
o regime da Alemanha Ocidental, o muro era um desrespeito dos comunistas a um dos princípios
básicos dos Direitos Humanos onde no Artigo 13 da declaração Universal dos Direitos Humanos diz:
“TODA PESSOA TEM O DIREITO DE SAIR DE QUALQUER PAÍS, INCLUSIVE DO PRÓPRIO, E A RE-
GRESSAR AO SEU PAÍS”.
Impulsionado pelas mudanças que o governo soviético vinha realizando desde 1985, o regime
político da Alemanha Oriental, entrou num rápido processo de reformas liberalizantes.
Uns dos momentos mais significativos desse processo foi o anúncio oficial , em 9 de novembro
de 1989, da abertura das fronteiras com a Alemanha Ocidental. Essa decisão representou a queda do
Muro de Berlim.
A divisão das duas Alemanhas ainda durou até 1990, sob a imposição dos interesses políti-
cos dos governos envolvidos no contexto histórico da Guerra Fria. As duas Alemanhas, duas nações
independentes, se uniram com uma fusão econômica, monetária e política. A antiga Alemanha Orien-
tal que era socialista adotou o capitalismo abolindo a propriedade estatal dos meios de produção e
integrando a sua população ao novo sistema legal, trabalhista e social da antiga Alemanha Ocidental.
Hoje o povo alemão tem um só país: a República Feral Alemã (RFA).

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 116


História | Ensino Fundamental | 9ª série
Colégio Militar de Manaus

Reforçando seus conhecimentos


1) Guerra Fria foi o nome dado a um conflito após a Segunda Guerra Mundial (1945) envolvendo
dois países que adotavam sistemas político-econômicos opostos: capitalismo e socialismo. Os dois
países protagonistas da Guerra Fria são:
a) Estados Unidos e Japão.
b) Inglaterra e União Soviética.
c) União Soviética e Itália.
d) Alemanha e França.
e) Estados Unidos e União Soviética
2) Discorra sobre as principais características da Guerra Fria.
________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_____________
3) O Pacto de Varsóvia, criado em 1955 e extinto em 1991, teve como principal objetivo:
a) Reunir os países socialistas como a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental contra a OTAN.
b) Consolidar a influência soviética sobre os países da Europa Oriental.
c) Conter a influência soviética sobre os países da Europa Oriental.
d) Consolidar a influência socialista na Europa Ocidental.
e) Consolidar a influência capitalista na Europa Oriental.

4) A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi estabelecida emWashington, em 4 de


abril de 1949. Sua criação está relacionada:
a) Ao contexto de aproximação das potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial.
b) Ao processo de liberalização da economia mundial que lançaria as bases da globalização.
c) Ao processo de descolonização nos continentes africano e asiático.
d) Ao contexto de polarização político-militar entre os países capitalistas e socialistas.
e) Ao contexto de endividamento dos países europeus com as instituições financeiras internacio-
nais.

5) A “Guerra Fria” foi a expressão utilizada para caracterizar um tipo de política externa decorrente
da:
a) Polarização do mundo em dois blocos político-militares, entre as duas guerras mundiais.
b) Polarização do mundo em blocos interessados na exploração e posse da Sibéria.
c) Polarização do mundo em dois blocos político-militares, após a Segunda Guerra Mundial.
d) Polarização do mundo em dois blocos liderados pela Alemanha, Itália e Japão. De um lado a
Inglaterra, Rússia, Estados Unidos e França de outro.
e) A disputa das áreas árticas e antárticas, após a Segunda Guerra Mundial.
6) Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da União Soviética não
foram um período homogêneo único na história do mundo. [...] Dividem-se em duas metades, tendo
como divisor de águas o início da década de 70. Apesar disso, a história deste período foi reunida sob
um padrão único pela situação internacional peculiar que o dominou até a queda da União Soviética.
HOBSBAWM, Eric J. A era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

117 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Unidade 2 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

Nucleares
O período citado no texto e conhecido por Guerra Fria pode ser definido como aquele momento
histórico em que houve:
a) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias ocasionando a Primeira Guerra
Mundial.
b) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países capitalistas do Norte.
Capítulo 11
c) choque ideológico entre a Alemanha Nazista/União Soviética Stalinista, durante os anos 1930.
d) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e as potências orientais, como
a China e o Japão.
e) constante confronto das duas superpotências que emergiram da Segunda Guerra Mundial.
7) Leia e analise o quadrinho a seguir:

Os quadrinhos fazem uma crítica com relação ao período da Guerra Fria, quando a bipolaridade
Estados Unidos X União Soviética; e capitalismo X socialismo foi predominante no cenário geopolítico
internacional. Acerca desse momento histórico, julgue os itens a seguir, assinalando (V) para os ver-
dadeiros e (F) para os falsos.

( ) A Segunda Guerra Mundial trouxe a hegemonia do império americano no campo econômico,


no militar e no político, uma vez que o dólar passou a ser a moeda universal e os Estados Unidos o
grande credor do mundo ocidental.
( ) Ao impedir o avanço do comunismo no mundo durante a Guerra Fria, os Estados Unidos atu-
aram sempre no sentido da frase expressa nos quadrinhos: “Eu serei o destemido americano defensor
da liberdade e da democracia”.
( ) O expansionismo dos Estados Unidos é anterior à Guerra Fria. A conquista de territórios na
porção ocidental das iniciais treze colônias, após a independência da coroa britânica, é um exemplo
desse fato.
( ) A criação do estado de Israel amenizou os conflitos durante o período da Guerra Fria, uma
vez que, finalmente, o povo judeu passou a ter o seu território, vendo o seu país constituído interna-
cionalmente.
( ) Após a queda do muro de Berlim, o mundo assiste ao final da Guerra Fria e, com ele, à paz
entre os diferentes povos, o que, na atualidade, é um fato marcante.

118
História | Ensino Fundamental | 9ª série
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Gabarito

1. E.
2. As bombas atômicas que explodiram nas cidades japonesas (Hiroshima e Nagasaki) em agos-
to de 1945 inauguraram um novo conflito que marcou a história do século XX: A Guerra Fria. A partir
desse marco, EUA e URSS se enfrentariam em todas as áreas – econômica, política, tecnológica, ide-
ológica e até esportiva – mas nunca de forma armada frontal. Utilizaram-se toda a espécie de meios
entre os opositores, desde propaganda até ao apoio de conflitos armados de outros países, como foi o
caso da Coreia. Estava-se numa época de grande tensão. Outra das características da Guerra Fria foi
a corrida ao armamento nuclear e a conquista espacial. Assim, podemos dizer que a rivalidade entre
EUA e URSS tinha por principal motivação a hegemonia mundial. O antagonismo entre esses dois pa-
íses durou 45 anos, deixando marcas na vida de milhões de pessoas. Foi encerrado em 1991, quando
a URSS deixou de existir.
3. B.
4. D
5. C.
6. E.

7. V F V F F

119 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Nucleares
Brasil de 1945 a 1964
Capítulo
Capítulo114
Introdução

Podemos chamar esse período de República Populista. Esse


não foi um fenômeno exclusivamente brasileiro, mas atingiu diver-
sos países da América Latina logo após a Segunda Guerra Mundial.
Os regimes políticos apresentavam características comuns em
toda a América Latina: apelo ao desenvolvimento, apoio à popula-
ção e o nacionalismo.
O período do Estado Novo, o país ingressava na vida demo-
crática. Foi um período vibrante, de grande efervescência social e
política. Organizaram-se partidos de diversas correntes. Entrou em
vigor a Constituição de 1946.
No governo de Dutra, o Brasil alinhou-se com os Estados
Unidos, tomou partido na Guerra Fria e combateu o comunismo.
De volta ao poder consagrado pelas urnas, Getúlio Vargas
retomou a política nacionalista e trabalhista. A aproximação do go-
verno com o povo provocou o ódio das elites tradicionais, que pas-
saram a exigir a renúncia de Vargas. A tensão política tornou-se
insuportável. Getúlio suicidou-se com um tiro no coração. Supe-
rada a confusão política provocada pelo suicídio de Vargas, o país

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 120


História | Ensino Médio | 3ª série
Colégio Militar de Manaus

elegeu Juscelino Kubitschek para presidente. Dinâmico, o novo governo prometeu modernizar o país,
fazendo-o crescer 50 anos em 5.
Veio, depois, Jânio Quadros, que governou por oito meses e surpreendeu a todosrenunciando ao
cargo. Novo tumulto político.Iniciou-se, então, o governo de Goulart, que propôs reformas de base
para o país. Não o deixaram realizar seu projeto reformista.
Nessa forma de governo – República Populista – procurava-se agradar a todos: os empresários
capitalistas – garantindo prosperidade a seus negócios – e aos trabalhadores – com promessas de
melhores salários, moradia, educação etc. Mas com o tempo, as pessoas foram vendo que as promes-
sas não estavam sendo cumpridas. Getúlio Vargas foi o primeiro grande exemplo desse tipo de regime,
sempre procurando mobilizar seu eleitorado.
Então, sobre esse período abordaremos os seguintes governos: de Dutra, de Vargas, de Juscelino,
de Jânio Quadros e de João Goulart.
Populismo foi uma política de massas que buscava conduzir o trabalhador, possibilitando-lhes al-
guns ganhos e manipulando as suas aspirações. Garantia benefícios econômicos e sociais na medida
em que atendia aos interesses das classes dominantes.

Realizações do governo de Dutra (1946 – 1950)

Promulgação de uma nova Constituição pela Assembleia Constituinte a qual determinava:


Que o Brasil seria um a República presidencialista.
• O voto seria direto e universal.
• A permanência dos três poderes: Legislativos, Executivo e Judiciário.
• O mando do presidente seria de 5 anos; dos senadores 8 anos por mandato; deputados: pro-
porcional ao número de eleitores teriam o mandato de 4 anos.
• Permanência do Executivo forte e do corporativismo sindical.
• Crescimento da dívida externa, devido à entrada do capital estrangeiro no país, principalmente
o norte-americano, e de empresas estrangeiras, que passaram a concorrer com a produção
nacional.

121 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 4
Colégio Militar de Manaus

•  A partir de 1947 as importações passaram a ser controladas, permitindo-se apenas


a entrada de produtos essenciais. O governo criou o plano SALTE: que direcionava recursos
para saúde, alimentação, transporte e energia.
•  Os Estados Unidos aproximaram-se do Brasil o levando ao bloco capitalista, e rom-
pendo as relações diplomáticas com a União Soviética. Como reflexo da Guerra Fria o PCB foi
fechado e cassado o mandato de seus parlamentares em 1947.

Realizações do governo de Getúlio Vargas (outra vez no poder) 1950 – 1954


• Apesar de ter sido deposto no governo anterior, Getúlio ainda mantinha um grande prestígio
e voltou ao poder em 1950.
• Vargas era apoiado por setores nacionalistas das Forças Armadas, facções oligárquicas es-
taduais representadas no PSD, nova camada de tecnocratas do governo e massas urbanas.
Juntas, essas forças sociais construíram uma “aliança” que foi chamada de populista, cuja
meta principal era o prosseguimento da expansão capitalista e industrial, em bases nacionais.
Combinavam, assim, um estilo político, o populismo, e uma ideologia que os unificava, o na-
cionalismo.
• Em 1953 foi criada a Petrobrás, o que gerou uma forte oposição ao seu governo, tanto para
os EUA, como para UDN.
• Em 1954 Lacerda sofreu um atentado, mas que recebeu a bala foi seu um de seu acompa-
nhante, o major Rubens Florentino Vaz e logo após esse crime, a situação do governo de
Vargas se tornou insustentável, o que fez com que em 24 de agosto de 1954 ele cometesse
suicídio.
• Com a morte de Vargas quem assume a presidência é Café Filho, que era seu vice.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 122


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Realizações do Governo de JK (1956 – 1961)

• Lema de campanha: “50 anos de progresso em 5 anos de governo”. Período dos “Anos dou-
rados”.
• Tinha como plano de metas o investimento em energia, transporte, alimentação, indústria de
base e educação.
• Entrada de capital estrangeiro, importações de tecnologia, empréstimos no exterior. Grupos
econômicos norte-americano, europeus e japoneses instalam indústrias no Brasil. As multi-
nacionais aproveitam a mão-de-obra abundante e a matéria-prima disponível, enviando os
lucros para o país de origem.
• Elevadíssimas taxas de inflação ocasionada pela grande emissão monetária.
• Construção da rodovia Belém-Brasília e da hidrelétrica de Furnas e de Três Marias.
• Criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste a SUDENE.
• Crescimento da produção industrial em 80%, destacando-se as indústrias de automóvel do
grande ABC paulista.
• Crescente migração de nordestinos para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, ocasionando o
aumento da pobreza e da exclusão social.
• Transferência da capital para Brasil em 21 de abril de 1960.

123 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 4
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Rápido Governo de Jânio Quadros – 1961

Apresentou-se como moralizador da política nacional, prometendo “varre a bandalheira”, acabar


com a corrupção e a ineficiência administrativa.
Em seu governo a dívida externa que ultrapassava a dois bilhões de dólares, tinha que ser paga,
até o final de seu mandato em 1965.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 124


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J ânio tentou uma política externa independente e procurou combater a inflação, restringindo os
créditos, congelando os salários e incentivando as exportações.
Não aguentando as pressões, Jânio renuncia em 25 de agosto de 1961.

“Varre, varre, vassourinha


Varre, varre a bandalheira
Que o povo já está cansado
De sofrer desta maneira
Jânio Quadros é a esperança deste povo
abandonado (...)”
(Da campanha de Jânio Quadros à Presidência, em 1960.)

Governo de João Goulart

125 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 4
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• A assinatura de um decreto estabelecendo o monopólio estatal sobre a importação de petró-


leo e seus derivados.
• A regulamentação de remessas de lucros para o exterior.
• A assinatura de decretos nacionalizando as refinarias de petróleo e desapropriando as pro-
priedades com mais de 100 hectares que ficassem às margens das rodovias e ferrovias fede-
rais, com o objetivo de se fazer a reforma agrária.
• O direito de voto para o analfabeto.
• A reforma universitária.
Essas medidas foram chamadas de reformas de base. Para o presidente, essas reformas dariam
um novo fôlego à economia brasileira.
Nesse período, as intervenções das organizações populares tornaram-se muito intensas, mobili-
zando os diversos setores para que as reformas de base se realizassem. Os estudantes universitários,
por exemplo, através dos Centros Acadêmicos e da União Nacional dos Estudantes, preocupavam-se
com o nível do ensino superior, procuravam participar mais da política brasileira e com a criação de es-
colas mais próximas das populações. Também começaram a fazer campanhas contra o analfabetismo.

A Igreja Católica, os comunistas (mesmo com seu partido sendo considerado ilegal) e o movimen-
to sindical também promoviam manifestações para a melhoria das condições de vida da população.
Agora, depois do longo processo de lutas do Estado Novo, os resultados de seus movimentos estavam
começando a aparecer.
Diante dessa situação de grande agitação política, o governo acabou por não realizar as reformas
de base, mas dizia que iria realizá-las. Essa instabilidade durou até que os setores industriais e agrários
(assustados com a reforma agrária e outras atitudes do presidente) resolveram romper com o Estado
populista, o que vai culminar com o movimento de 1964.
CURIOSIDADE

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 126


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As mulheres nos anos dourados


“Cresceu na década de 50 a participação feminina no mercado de trabalho, especialmente no
setor público. Surgiram então mais oportunidades de emprego em profissões como as de enfermei-
ra, professora, funcionária burocrática, médica, assistente social, vendedora, etc. que exigiam das
mulheres uma certa qualificação e, em contrapartida, tornaram-nas profissionais remuneradas. Essa
tendência demandou uma maior escolaridade feminina e provocou, sem dúvida, mudanças no status
social das mulheres.
Entretanto, eram nítidos os preconceitos que cercavam o trabalho feminino nessa época. Como as
mulheres ainda eram vistas prioritariamente como donas de casa e mães, a ideia da incompatibilidade
entre casamento e vida profissional tinha grande força no imaginário social. Um dos principais argu-
mentos dos que viam com ressalvas o trabalho feminino era o de que, trabalhando, a mulher deixaria
de lado seus afazeres domésticos e suas atenções e cuidados para com o marido: ameaças não só à
organização doméstica como também à estabilidade do matrimônio.
Outro perigo alegado era o da perda da feminilidade e dos privilégios do sexo feminino – respeito,
proteção e sustento garantidos pelos maridos - , praticamente fatal a partir do momento em que a
mulher entra no mundo competitivo das ocupações antes destinadas aos homens. As revistas femini-
nas da época fizeram eco a essas preocupações, aconselharam e apelaram para que as mulheres que
exerciam atividades fora do lar não descuidassem da aparência ou da reputação pessoal e soubessem
manter-se femininas.”

BASSENEZI, Carla. Mulheres nos anos dourados. In: DEL PRIORE, Mary (org.). História das mulhe-
res no Brasil. São Paulo: Contextos, 2001, p. 624.

RECORDANDO

Eurico Dutra governou o Brasil de 1945 a 1951.


Seu governo foi conservador e elitista.
 Foi Dutra que iniciou no Brasil um processo de redemocratização do país, que se concretizou
com a Constituição de 1946.
Dutra recompôs os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e restabeleceu a autonomia dos
Estados e Municípios, dando fim ao centralismo político.
Em seu governo, as relações com a União Soviética foram rompidas e se apoiou os países capi-
talistas.
Eurico Dutra primou pelo melhor preparo dos oficiais superiores das Forças Armadas, criando a
Escola de Guerra. Nessa escola era ensinada a importância da ordem e da segurança para o desen-
volvimento do país, além de ser pregado o anticomunismo.
Quem assumiu o poder depois de Dutra foi Getúlio Vargas (1951 a 1954).
Vargas continuou assumindo características nacionalistas, favorecendo as empresas brasileiras
em detrimento das estrangeiras.
Durante seu governo, o salário mínimo foi aumentado 100%, o que não agradou aos empresários.
Foi durante o seu governo que Getúlio criou a Petrobrás.
Getúlio Vargas suicidou-se e foi substituído pelo vice-presidente João Café Filho.
Novas eleições foram feitas e quem assumiu a presidência foi Juscelino Kubitschek e João Gou-

127 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 2 | Capítulo 4
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lart, como vice-presidente.


 O governo de Juscelino foi caracterizado pela abertura política e por um grande crescimento das
indústrias.
Juscelino criou o Plano de Metas. Esse plano traçava as metas que ele procurava atingir até 1960.
Juscelino, além de trazer as indústrias automobilísticas para o Brasil, construiu a cidade de Brasília
e transferiu a capital do Brasil para lá.
Por causa dessa política de desenvolvimento adotada pelo governo brasileiro, a inflação e a con-
centração de renda aumentaram.
Foram feitas novas eleições e Jânio Quadros tornou-se o novo presidente da República.
ânio Quadros governou o Brasil por apenas sete meses, pois adotou uma política um tanto am-
bígua: aumentou o comércio externo dos produtos brasileiros e tinha a intenção de fazer a reforma
agrária. Isso fez com que os grupos que o apoiavam achassem que ele estava seguindo o mesmo
caminho de Vargas.
Por causa de pressões, Jânio renunciou em 1961. Seu vice-presidente, João Goulart, assumiu.
João Goulart só pôde assumir o governo sob o regime parlamentarista, mas em pouco tempo foi
feito um plebiscito, em que o povo pediu a volta do regime presidencialista.
Goulart propôs várias medidas novas que foram chamadas de reformas de base.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 128


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Complete:
Reforçando seus conhecimentos
1. As eleições de 1945 foram concorridas por ___________________do PSD e PDT, pelo bri-
gadeiro _____________________ da UND e pelo engenheiro _______________ do PCB.

2. Com a finalidade de reorganizar a política brasileira, Dutra promulgou uma nova Constituição
brasileira, a Constituição de 1946. Cite duas medidas dela:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

3. Em relação ao governo de Dutra, marque (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as
falsas.

( ) Foi durante o seu governo que iniciou um processo de redemocratização do país.


( ) Algumas das medidas da Constituição de 1946 eram o sigilo bancário e a liberdade de culto
religioso.
( ) Ele estabeleceu o centralismo político como forma de governo.
( ) Apesar de ter sido eleito pelo partido de Getúlio Vargas, Dutra rompeu com a política econô-
mica nacionalista.
( ) Durante seu governo não houve incentivo para as multinacionais.
( ) Seu governo apoiou os Estados capitalistas, rompendo as relações com a União Soviética.
( ) Criou a Escola de Guerra, que ensinava a importância da ordem e da segurança para o desen-
volvimento do país.
( ) Declarou a legalidade do Partido Comunista do Brasil.

4. Fale um pouco sobre cada um dos partidos políticos que existiam na época:

PSD:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

PTB:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

UDN:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
1. Foi durante o governo de Getúlio Vargas que a Petrobrás foi criada. Faça uma pesquisa, em
livros ou na Internet, montando um esquema com os aspectos positivos e negativos da Petrobrás no

129 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


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Brasil.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

2. Getúlio ainda assumia suas características puramente ______________. Ele, ao contrário de


Dutra, era a favor das empresas brasileiras em detrimento das _________________.

3. Quais foram as primeiras medidas tomadas por Vargas ao se reeleger presidente da Repúbli-
ca?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

4. Marque um X nas afirmações verdadeiras relacionadas ao governo de Juscelino Kubitschek.

( ) O governo de Juscelino caracterizou-se pela abertura política e por um grande crescimento


das indústrias.
( ) Juscelino facilitou a implantação de multinacionais no Brasil, construiu hidrelétricas, abriu es-
tradas e grandes rodovias, expandiu as indústrias navais e de aço.
( ) Foi durante o seu governo que foi feito um Plano de Metas.
( ) Juscelino mudou a capital do Brasil de Brasília para o Rio de Janeiro.
( ) Deixou de lado os setores de energia, transporte, e alimentação para dar mais atenção às
indústrias de base.
( ) A construção de Brasília foi seu grande feito.

5. Quem era o presidente que dizia ser católico, anticomunista, a favor das famílias e com a in-
tenção de corrigir a sociedade que estava corrompida?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

6. Qual foi a política interna adotada por Jânio Quadros?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

7. Qual a diferença entre o regime presidencialista e o regime parlamentar?

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 130


História | Ensino Médio | 3ª série
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___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

12. Elabore um cartaz colocando o nome de todos os presidentes que vimos neste capítulo, escre-
vendo também, as principais características de seus governos.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

131 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


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Gabarito
1. Eurico Gaspar Dutra, Eduardo Gomes, Yedo Fiuza.

2. 1 - A igualdade de todas as pessoas perante a lei.


2 - A liberdade de expressão, com cesura somente em espetáculos e diversões públicas.
(ou outras do texto.)

3. V, F, F,V, F, V, V, F

4.PSD: uniu os interventores encarregados das instituições públicas e boa parte daqueles que se
beneficiavam do centralismo, ou seja, os fazendeiros e industriais.
PTB: formado principalmente por dirigentes sindicais. Ganhava força com o atendimento das rei-
vindicações trabalhistas ajudado pelo Estado, ou seja, encaminhava os pedidos dos trabalhadores ao
governo.
UDN: era o único partido que não possuía muitos vínculos com o governo, e por isso, encontrou
muitas dificuldades em permanecer ativo. Era formado, de início, pelos liberais, mas com o passar do
tempo os militares também foram fazendo parte de sua composição.

5. Resposta pessoal.

6. nacionalistas, estrangeiras.

7. Desde o início, beneficiou os trabalhadores e favoreceu o surgimento de indústrias nacionais.


Procurou diminuir as importações, limitar os investimentos estrangeiros no país e impedir que as em-
presas multinacionais mandassem os lucros a seus países de origem.
8. a, b, c, f

9. Jânio Quadros.
10. Jânio adotou uma política autoritária e conservadora.

11. No regime presidencialista, o governo é exercido pelo próprio presidente da República. Já no


regime parlamentarista, o governo não é exercido pelo presidente, mas por um primeiro-ministro apro-
vado pelo Congresso. O presidente torna-se o chefe do Estado, mas não o chefe do Governo.

12. Resposta pessoal.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 132


História | Ensino Médio | 3ª série
Colégio Militar de Manaus

Anotações

133 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


O Brasil de 1964Reações
a 1985
Nucleares
Capítulo
Capítulo111
Antecedentes:

Durante o governo do general Eurico Gaspar Dutra, o Partido


Comunista Brasileiro teve existência legal por dois anos (1945 a
1947). Aproveitando-se dessa oportunidade, reconstituiu seu prin-
cipal núcleo e fortaleceu-se.
Em 31 de janeiro de 1961, Juscelino Kubitschek de Oliveira pas-
sou a chefia da nação ao seu sucessor Jânio da Silva Quadros,
eleito por expressiva maioria de votos. Para vice-presidência, foi
reeleito João Belchior Marques Goulart, ex-ministro do Trabalho do
presidente Getúlio Vargas.
Jânio Quadros herdou do seu antecessor o endividamento ex-
terno consequente da política de desenvolvimento econômico pos-
ta em prática por Juscelino Kubitschek de Oliveira. Após um curto
e polêmico período de governo, ocorreu, no dia 25 de agosto de
1961, a inesperada e decepcionante renúncia do presidente Jânio
Quadros, frustrando seus eleitores e dando origem a um difícil pe-
ríodo para o Brasil.
Legalmente, cabia a João Goulart, vice-presidente, então em
visita à República Popular da China (China comunista), com quem
não mantínhamos relações diplomáticas, ocupar o cargo vago.

O Governo de João Goulart


O governo de João Goulart encontrou sérias dificuldades em
razão da inflação, do insucesso da política das reformas e da opo-
sição feita por significativa parcela da opinião pública, da Igreja e
das Forças Armadas.
O insucesso da emenda parlamentarista, a vitória no plebiscito
e o consequente retorno ao presidencialismo, com João Goulart na
chefia da nação, entusiasmaram os comunistas, que já ocupavam
importantes cargos administrativos, chefia de entidades estudantis,
empresas estatais e sindicatos.
A inflação descontrolada trouxe como consequência o dese-
quilíbrio dos gastos públicos; as greves políticas, desnecessárias e
ilegais, ajudariam a desorganizar a economia nacional; as agitações
populares, na cidade e no campo, comporiam a desagregação po-
lítica e social.
As reformas aspiradas por todas as correntes políticas e so-
ciais foram bandeiras empunhadas pelo governo, que procurava,
entretanto, insinuar na opinião pública a imagem de que a ordem

134
História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

democrática, como prevista na Constituição de 1946, era incapaz de assegurar as soluções desejadas.
A Igreja, as Forças Armadas e o Meio Estudantil
As Forças Armadas, pela solidez de sua organização e por seu espírito democrático, haveriam
de constituir o maior obstáculo às investidas subversivas. Era necessário, portanto, conquistar o seu
apoio, que só seria possível dividindo-as, solapando sua unidade e afetando a hierarquia e a disciplina
que lhes são peculiares.
Por outro lado, o enfraquecimento de seus salários era forma certa de proletarizá-las, de neutra-
lizá-las.
Percebendo ser a Igreja a maior força de oposição a seus objetivos, o Partido Comunista adotou
a tática da infiltração em diferentes segmentos da sociedade brasileira, nas universidades, colégios
católicos, setores do apostolado leigo, seminários e no âmbito dos sacerdotes.
O meio estudantil sempre foi um dos alvos prioritários do Partido Comunista, pois representa um
potencial celeiro de líderes. Além do mais, o estudante desempenhava um papel de escudo protetor
para o Partido Comunista, em face das naturais restrições que os órgãos de segurança encontravam
diante de grupos de jovens decididos, que, de forma altruísta, queriam o bem do Brasil.
O Auge da Crise
As greves políticas eram fomentadas, e piquetes interditavam as portas das fábricas e empresas,
causando, assim, graves prejuízos para a economia brasileira.
No segundo semestre de 1963, o comando subversivo concentrou suas atenções na organização
do braço armado que, na oportunidade propícia, entraria em confronto com as forças democráticas.
Em setembro de 1963, suboficiais e sargentos de Brasília tentaram levar a cabo um levante clara-
mente revolucionário.
O comício do dia 13 de março de 1964, promovido pelas esquerdas na Central do Brasil, no Rio de
Janeiro, pretendeu ser um momento culminante da subversão.
No dia 19 de março, seis dias após o comício da Central, em uma espontânea manifestação popu-
lar, reúnem-se no centro da cidade de São Paulo mais de 500 mil pessoas para protestar contra o caos
político, econômico e social em que vivia o Brasil.
O movimento ficou conhecido como Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Foi um espetá-
culo comovente, no qual as mulheres brasileiras levaram a público sua participação na resistência ao
movimento subversivo instalado pelo próprio governo, com apoio das esquerdas; semelhante manifes-
tação já ocorrera, anteriormente, em Belo Horizonte, por motivos idênticos.
A infiltração no seio das Forças Armadas prosseguia celeremente, e outra nítida demonstração
dos seus nocivos efeitos foi a greve dos marinheiros e fuzileiros navais, ocorrida no dia 26 de março,
no Rio de Janeiro.
As manifestações de indisciplina promovidas pelo governo repetiam-se e no dia 30 de março, a
nação foi novamente agredida com a realização de uma inusitada reunião política nas dependências
do Automóvel Clube do Brasil.

135 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 3 | Capítulo 1
Colégio Militar de Manaus

A Revolução
Na noite de 30 de março, seria decidido pelas lideranças democráticas (civis e militares) o início
do movimento para o dia seguinte, 31 de março de 1964. Decisivo foi o respaldo político de expressivas
lideranças, como os governadores da Guanabara (Carlos Lacerda), São Paulo (Adhemar de Barros) e
Minas Gerais (Magalhães Pinto). Este último, a rigor, foi quem irradiou o primeiro pronunciamento,
desencadeando o movimento.
Sem precedentes nos anais dos levantes políticos sul-americanos, a revolução foi levada a efeito,
não por extremistas, mas por grupos moderados e respeitadores da lei e da ordem. Ela foi comemo-
rada no Rio de Janeiro com uma Marcha da Família com Deus pela Liberdade, nos mesmos moldes
daquela de São Paulo, caracterizando, mais uma vez, o público apoio à verdadeira “contrarrevolução”
promovida por suas Forças Armadas, em perfeita sintonia com suas aspirações.
No dia 2 de abril de 1964, o Congresso Nacional declarou a vacância da Presidência da República,
assumindo-a o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli.
No dia 11, o mesmo Congresso elegeu para presidente da República o marechal Humberto de
Alencar Castello Branco, ex-chefe do Estado-Maior do Exército e um dos principais artífices do movi-
mento, o qual assumiu o cargo no dia 15 do mesmo mês.
Em 15 de abril de 1964, o marechal Castello Branco foi empossado na Presidência da República
pelo senhor Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados.

Marechal Castello Branco (1964-1967)


Após a vitória da Revolução de Março de 1964, os inte-
grantes do Alto Comando Revolucionário editaram o primeiro
ato institucional que estabeleceu as normas que regulamen-
taram a eleição do marechal Castello Branco pelo Congresso
Nacional.
Os atos institucionais se construíram em atos de exce-
ção que tiveram por finalidade submeter a Constituição em
vigor, no que fosse julgado necessário, à nova ordem estabe-
lecida pela Revolução de Março de 1964.

Os atos institucionais tiveram as mais diferentes finalidades e, entre elas, cabe ressaltar:

- a suspensão de direitos políticos e mandatos de governadores;


- a demissão ou afastamento de suas funções de funcionários públicos civis ou militares envolvi-
dos em corrupção e subversão;
- a extinção dos partidos até então existentes e a criação de apenas dois partidos, Aliança Reno-
vadora Nacional (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB);
- a criação de dispositivos legais que visavam à realização das eleições estaduais e escolha do
novo presidente da República;
- o estabelecimento das condições necessárias à elaboração de uma nova Constituição.

Durante o primeiro ano de governo, a preocupação do presidente Castello Branco concentrou-se


na organização de todos os setores administrativos do país, em virtude da situação caótica que lhe foi
passada pelo governo deposto.
Terminado o período de cassações e a implantação do governo revolucionário, foram postas em
prática uma série de medidas que visavam:
- baixar a inflação, estabilizar a economia e incentivar a produção;
- implantar uma política salarial;

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 136


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

- criar um órgão que produzisse informações para o governo;


- proceder às eleições previstas;
- planejar e iniciar a implantação de uma infraestrutura econômica dos setores de comuni-
cação, transportes e geração de energia;
- tratar da sucessão presidencial;
Entre as principais realizações do governo, merecem destaque:
- criação do Banco Nacional de Habitação – BNH e do Plano Nacional de Habitação;
- criação do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária – IBRA (1969), para promover o de-
senvolvimento agrário e o assentamento do excedente populacional, substituído em 1970 pelo
Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA);
- criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS (1968), os recursos recebidos
eram transferidos para o Plano Nacional de Habitação e BNH;
- criação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM (1966), para
promover o povoamento e a exploração econômica da região amazônica;
- criação da Empresa Brasileira de Telecomunicação – EMBRATEL.

A Constituição de 1967
Após a Revolução de Março de 1964, a Constituição de 1964 foi mantida em vigor, mas recebeu
muitas emendas e alterações, num total de quatro atos institucionais e 37 atos complementares, que
acabaram por descaracterizá-la. O governo do marechal Castello Branco entendeu que deveria dotar
o Brasil de uma nova Constituição, que consagrasse os princípios pregados pela Revolução.
A Constituição de 1967 era bastante inspirada na Constituição de 1937 e buscava, como aquela,
maior centralização, de modo a evitar a paralisia em que, por vezes, se encontrou o governo de João
Goulart, antes da revolução.
A nova Lei Magna teve como principais características:

O Ato Institucional nº 4 convocou o


Congresso Nacional para discutir e promul-
gar o projeto encaminhado pelo Poder Executi-
vo. Em 24 de janeiro de 1967, foi promulgada a 5ª
Constituição da República. As anteriores datavam
de 1891, 1934, 1937 e 1946.

A nova Lei Magna teve como principais características:

- a preservação do federalismo;
- o aumento de atribuições e poderes do presidente da República;
- a escolha do presidente da República por meio de um Colégio Eleitoral, composto pelo Congres-
so Nacional e um representante de cada estado;
- a prerrogativa do Poder Executivo de baixar os decretos com força de lei, sem prévia aprovação
pelo Poder Legislativo;
- a realização de uma reforma agrária, com indenizações por títulos da dívida pública;
- reformulação do sistema tributário (a cobrança de impostos), dando-lhe maior organização.

Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG)

137 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 3 | Capítulo 1
Colégio Militar de Manaus

- contenção
- contenção da inflação;
da inflação;
- diminuição
- diminuição dosdos desníveis
desníveis regionais;
regionais;
- crescimento econômico;
- crescimento econômico;
- aumento das exportações;
- aumento das exportações;
- estímulo ao mercado interno;
- estímulo ao mercado interno;

A implantação do Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) permitiu:

Ao término do governo Castello Branco, a estabilização econômica permitiu: o controle da in-


flação, o aumento das exportações e a criação de bases sólidas para o desenvolvimento; no plano
político, o governo tentou institucionalizar os princípios da revolução e deu à Segurança Nacional
uma nova dimensão com a criação do Serviço Nacional de Informação (SNI).
O Brasil permaneceu no rol das democracias, embora as mudanças introduzidas pela revolu-
ção na Constituição em vigor aumentassem consideravelmente o Poder Executivo, com prejuízo
dos poderes Legislativo e Judiciário.

Anotações

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 138


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

139 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Nucleares
A Crise da Ordem Bipolar
Capítulo
Capítulo113
Crise na União Soviética

Baseada na propriedade estatal dos meios de produção, a eco-


nomia soviética obedecia a uma rígida planificação. Não havia li-
berdade de mercado. O governo decidia o que as fábricas deveriam
produzir, em que quantidade e com que qualidade, além do preço
dos produtos.
Durante os planos quinquenais, o crescimento industrial tinha
por base a expansão da indústria pesada (siderurgia, petroquími-
ca, máquinas e equipamentos, etc.). Pouca importância era dada à
produção de bens de consumo e aos investimentos em tecnologia e
produtividade, com exceção de áreas como a exploração do espaço
e a produção bélica. Nessas condições, a União Soviética, potência
líder do bloco comunista, não pôde acompanhar a nova revolução
tecnológica empreendida pelos países capitalistas.
Essas características, somadas à ausência de liberdade e à di-
tadura de partido único, provocaram o declínio econômico do bloco
comunista a partir do final dos anos 1970 e aumentaram o descon-
tentamento da população com o regime socialista. Em 1968, uma
tentativa de liberalização na checoslováquia (a Primavera de Praga)
foi violentamente reprimida por tropas soviéticas e do Pacto de Var-
sóvia.Na década seguinte, o movimento sindical Solidariedade,na
Polônia, organizou a oposição ao Partido Comunista, contando com
amplo apoio da sociedade. A greve geral de 1980, contudo, so-
freu forte repressão, resultando na prisão dos líderes do movimen-
to.

Perestroica e glasnost
Em 1985, mudanças importantes começaram a ser introduzi-
das na URSS. Para tentar solucionar a grave crise econômica e
dar fim ao longo período de estagnação, Mikhail Gorbachev propôs
reformas e elaborou dois planos liberalizantes:
a Perestroica (reconstrução), cujo objetivo era modernizar e
aproximar a economia soviética do modelo de economia dos países
capitalistas. Medidas como a privatização de algumas empresas
estatais e a redução do investimento na indústria bélica foram ado-
tadas;
a Glasnost (transparência), cujo objetivo era democratizar a

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 140


História | Ensino Fundamental 8ª série
Colégio Militar de Manaus

União Soviética.
Essa política contribuiu para aumentar a popularidade do líder Gorbachev. Durante seu governo,
a aproximação diplomática com os Estados Unidos criou um período de distensão entre as duas potên-
cias. Internamente, porém, seu programa de desarmamento nuclear, entre outras medidas pacifistas,
foi duramente criticado pelos setores mais duros do Partido Comunista.

O fim da Guerra Fria


Entre 1988 e 1989, diversos países-satélites declararam sua autonomia em relação ao governo
soviético.Nesses países, foram realizadas eleições livres e os novos líderes decretaram o fim do regime
socialista.O episódio
mais significativo desse processo ocorreu na Alemanha.O Muro de Berlim, que
desde os anos 1960 separava a República Federal Alemã (capitalista) da República Democrática
Alemã (socialista),foi derrubado pela população no dia 9 de novembro de 1989. Esse acontecimento se
tornou marco da unificação da Alemanha e do fim da Guerra Fria.
Na Romênia, a “distensão política” e o processo de liberalização não ocorreram de maneira tran-
quila. Em 1989, o governo do ditador Nicolau Ceausescu foi derrubado por uma revolta popular. Preso
e condenado à morte, Ceausescu foi executado juntamente com sua mulher. Na região dos Bálcãs, o
carismático Marechal Tito, com sua política de independência e neutralidade em relação ao Partido
Comunista de Moscou, manteve a Iugoslávia unida. Contudo, após sua morte, em 1980, acirraram-se
as disputas nacionalistas entre sérvios, croatas, eslovenos e bósnios, entre outros, resultando na de-
sintegração do território iugoslavo.

O triunfo da globalização
A desintegração da União Soviética sinalizou o fim da Guerra Fria e contribuiu para a expansão de
um processo que se desenvolvia no mundo capitalista desde a década de 1980: a globalização. Esse
processo tem como principais características a interdependência entre os países, a abertura dos mer-
cados, a aceleração das comunicações e dos transportes, a revolução tecnológica, a informática, a
comunicação instantânea por meio da internet, a hegemonia do capital financeiro especulativo, as
empresas transnacionais, o celular, a nanotecnologia e o novo papel atribuído à informação e ao co-
nhecimento. O contexto histórico no qual se deu a globalização foi o da supremacia do neoliberalismo
e tem sido chamado de Nova Ordem Mundial e Era do Conhecimento.

Como parte desse processo, nos anos 1990 formaram-se grandes blocos econômicos:

o Acordo Norte-Americano de Livre-Comércio (Nafta); o Mercado Comum do Sul (Mercosul); a Co-


operação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec); e a União Europeia (UE). O objetivo desses blocos
é a integração comercial entre os países de uma mesma região no contexto de uma economia de
mercado,derrubando barreiras alfandegárias e facilitando a circulação de mercadorias.No caso da
União Europeia, isso inclui a livre circulação de cidadãos entre os países-membros.A existência desses
blocos não diminuiu o poder econômico e a hegemonia mundial dos Estados Unidos; pelo contrário,
a cultura do consumo difundiu-se com o processo de globalização, fortalecendo o imperialismo esta-
dunidense.

141 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 3 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

A crítica à globalização
O estímulo ao consumo tem sido uma das marcas da globalização. As pessoas são constante-
mente estimuladas a comprar até mesmo produtos de que não precisam e a substituir artigos recém-
-comprados por outros mais novos. Isso acarreta graves problemas ambientais, pois muitos produtos
substituídos são lançados na natureza e levam séculos para se decompor. Grande parte deles contém
substâncias tóxicas que contaminam rios e mares, ou se infiltram no solo, causando sérios danos à
agricultura e à saúde humana.
Outra marca da globalização neoliberal tem sido o aumento das desigualdades entre os países
ricos e os países pobres e, dentro de cada país, entre as classes mais abastadas e a maioria pobre da
população. Com a política de desregulamentação do mercado de trabalho e de diminuição dos custos
das empresas, o neoliberalismo inaugurou a terceirização. Com ela, o desemprego e a perda de con-
quistas trabalhistas se alastraram pelo mundo.
Diante disso, a globalização neoliberal tem sido duramente criticada e combatida por movimentos
sociais, ONGs, sindicatos, grupos políticos formados por ambientalistas, pacifistas, intelectuais e estu-
dantes de esquerda, feministas, etc. Esses grupos e movimentos costumam promover manifestações
antiglobalização e se reunir no Fórum Social Mundial, realizado anualmente desde 2001 em diferentes
países. O objetivo do Fórum é elaborar alternativas em relação à globalização excludente. Seu lema
traduz as esperanças de milhões de excluídos: “Outro mundo é possível”.

O 11 de setembro de 2001
Em 11 de setembro de 2001, a organização islâmica Al-Qaeda promoveu ataques terroristas às
Torres Gêmeas de Nova York e ao Pentágono. O governo do então presidente George W. Bush reagiu
com a Guerra ao Terror, invadindo o Afeganistão em outubro do mesmo ano. O pretexto era acabar

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 142


História | Ensino Fundamental 8ª série
Colégio Militar de Manaus

com o regime político dos talibãs, acusados de proteger Osama Bin Laden e outros líderes da Al-
-Qaeda. Numa guerra relâmpago, os estadunidenses derrubaram o governo talibã, e eleições foram
realizadas ainda em dezembro de 2001. Entretanto, os Estados Unidos mantiveram suas tropas na
região, enfrentando a resistência de milícias armadas.
A Guerra ao Terror do governo Bush incluía o reforço da segurança interna dos EUA: a aprovação
do Ato Patriótico, em outubro de 2001, marcou a adoção de medidas de emergência, que priorizavam a
“segurança nacional”, diminuindo a liberdade individual dos cidadãos e estabelecendo uma constante
“vigilância e proteção” contra supostos terroristas.
Em 2003, tropas anglo-estadunidenses invadiram o Iraque sob a falsa alegação de que o país pro-
duzia armas de destruição em massa. O ditador Saddam Hussein foi deposto, preso e executado. Em
2004, George W. Bush foi reeleito, mas em 2008 seu candidato à presidência perdeu as eleições para
o democrata Barak Obama, primeiro afrodescendente a governar os Estados Unidos. Em dezembro de
2011, Obama decretou a retirada das tropas estadunidenses do Iraque. No ano seguinte, reelegeu-se
para mais um mandato na presidência dos EUA.
Crise e desenvolvimento
As nações africanas que resultaram dos movimentos de independência após a Segunda Guerra
Mundial viveram as últimas décadas do século XX envolvidas em profundas agitações sociais ou
violentas guerras civis. São exemplos desse conturbado período: os massacres em Biafra, na Nigéria
(1967-1970); o genocídio em Ruanda (1994); e as guerras civis devastadoras de Moçambique (1978-
1992), Angola (1979-2002) e Congo (1997-1999).Na Ásia, a China adotou o socialismo de mercado a
partir de meados da década de 1970, implementando mudanças importantes que fortaleceram a eco-
nomia. Porém, essa abertura econômica não foi acompanhada de mudanças na política chinesa e na
estrutura de poder exercida pelo Partido Comunista.
O governo continuou mantendo uma severa repressão sobre a sociedade e sobre territórios ocu-
pados, como o Tibete. Uma manifestação popular a favor da democracia terminou com centenas de
mortes, no episódio conhecido como Massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989. Em 2010, a China
se tornou a segunda economia do mundo, atrás apenas dos EUA. Junto a outros países emergentes
de grande desenvolvimento, a China passou a fazer parte do grupo conhecido como Bric (iniciais de
Brasil, Rússia, Índia e China), ao qual se somou a África do Sul (South Africa) para formar o Brics. Esses
países procuram ter mais influência nas decisões internacionais.

A América Latina no século XXI


Na América Latina, a adoção do modelo neoliberal econômico e a desigualdade social provocaram
reações da sociedade que levaram lideranças de esquerda ao poder, fortalecendo em alguns países a
luta anti-imperialista contra a hegemonia estadunidense. No Chile, a socialista Michelle Bachelet go-
vernou o país entre 2006 e 2010 e foi novamente eleita para a presidência em 15 de dezembro de 2013.
Na Venezuela, Hugo Chávez instituiu o “socialismo bolivariano”. Eleito em 1998, exerceu três mandatos,
até março de 2013, quando faleceu. Foi substituído no poder por Nicolás Maduro, que mantém sua po-
lítica anti-imperialista.Na Bolívia e no Equador, a eleição de Evo Morales (2005) e Rafael Correa (2006),
respectivamente, marcou a adoção nos dois países[ de políticas voltadas para as camadas pobres da
população.
Na Argentina, uma profunda crise econômica durante os anos 1990 só começou a ser superada
com o governo nacionalista de Nestor Kirchner (2003-2007), sucedido na presidência por sua mulher,
Cristina Kirchner (2007-2011), reeleita para um novo mandato em 2011.

143 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 3 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

Na Nicarágua, Daniel Ortega, ex-guerrilheiro e líder da Frente Sandinista de Libertação Nacional,


que já havia governado o país entre 1985 e 1990, foi novamente eleito para a presidência em 2006. Es-
sas mudanças na orientação política de diversos governos permitiram a formação, em 2006, da Aliança
Bolivariana para as Américas (Alba), associação voltada para a integração econômica, social e política
dos povos latino-americanos. Atualmente, a Alba é formada por oito países, entre os quais Venezuela,
Cuba, Equador, Bolívia e Nicarágua.No México e na Colômbia, os movimentos armados caracterizam
a principal oposição aos governos neoliberais e às injustiças sociais decorrentes do processo de glo-
balização. No México, o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) reúne lideranças indígenas
contra o modelo econômico mexicano, que prioriza os interesses das multinacionais em detrimento
das comunidades indígenas. Na Colômbia, o poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(Farc) vem diminuindo nos últimos anos, devido à intensificação do combate ao narcotráfico e às ope-
rações militares empreendidas pelo governo colombiano, com auxílio dos Estados Unidos.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 144


História | Ensino Fundamental 8ª série
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Reforçando seus conhecimentos

1. (Unicamp-SP)
“Existem épocas em que os acontecimentos concentrados num curto período de tempo são ime-
diatamente vistos como históricos. A Revolução Francesa e a de 1917 foram ocasiões desse tipo e tam-
bém 1989. Aqueles que acreditavam que a Revolução Russa havia sido a porta para o futuro da história
mundial estavam errados. E, quando sua hora chegou, todos se deram conta disso. Nem mesmo os
mais frios ideólogos da Guerra Fria esperavam a desintegração quase sem resistência verificada em
1989.” Adaptado de: Hobsbawm, Eric. 1989: o que sobrou para os vitoriosos. Folha de S.Paulo, p. A-2.
12 nov. 1990.

a) No contexto entre as duas guerras mundiais, quais seriam as razões para a Revolução Russa ter
simbolizado uma porta para o futuro?

b) Identifique dois fatores que levaram à derrocada dos regimes socialistas da Europa após 1989.

2. (UEG-GO) A Copa de 2006 mostrou ao mundo uma Alemanha próspera, patriótica e, aparen-
temente, livre dos fantasmas de seu passado. O grande marco da reestruturação do país foi a queda
do Muro de Berlim, em 1989. Em uma escala global, o que significou a reunificação da Alemanha Oci-
dental com a Alemanha Oriental?
a) A desintegração do bloco comunista, liderado pela União Soviética, na Europa Oriental.
b) A derrota dos Estados Unidos na Guerra Fria e a diminuição de sua influência na Europa pós-
-Segunda Guerra Mundial.
c) Um obstáculo ao processo de formação da União Europeia, por causa do fortalecimento dos
partidos neonazistas na Alemanha.
d) Uma crise econômica global provocada pela incorporação repentina da Alemanha Oriental à
economia de mercado.
3. (Mackenzie-SP)
“Em um zoológico, satisfazem-se as necessidades materiais básicas, mas não se pode sair da
clausura. Nessas circunstâncias, muitos animais suspiram por voltar à selva. Sem dúvida, esquecem,
ou nunca souberam, que o mundo da selva é cruel e que poucos ali sobrevivem decentemente e me-
nos ainda são os que triunfam. Além disso, durante o período da grande transição, as vantagens do
zoológico são subestimadas e as da selva, exageradas.” emmerij, L. Perestroika en Occidente. In: Ha-
esbaert, r. Blocos internacionais de poder. Considerando o processo de declínio do mundo socialista,
o texto sugere que:
a) os problemas sociais observados nos países do antigo Bloco Socialista não seriam solucionados
com a simples transição para o Capitalismo.
b) a Glasnost e sua proposta de transparência política deixou nítida a superioridade técnica e
social gerada pelo Capitalismo, em comparação com o Socialismo.
c) havia, a partir da Perestroika, esperanças de que o mundo sucumbisse à estabilidade econômi-
ca e social promovida pelo Socialismo Utópico.

145 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 3 | Capítulo 3
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Gabarito
1. Respostas:
a. A Revolução Russa de 1917 simbolizou uma porta para o futuro porque muitas pessoas espera-
vam que ela abrisse caminho para o socialismo, sistema ou modo de produção que, segundo as previ-
sões de Marx e Engels, deveria substituir o capitalismo, inaugurando uma era de liberdade, igualdade,
solidariedade e fraternidade.
b. Entre os fatores, podem-se destacar o esgotamento do modelo socialista burocrático de Esta-
do, marcado pela ausência de liberdade, que impedia o debate e a crítica ao regime, a concentração
de poderes nas mãos de uma burocracia rígida e privilegiada, o atraso tecnológico (ou seja, o baixo
desenvolvimento das forças produtivas), que dificultava a competitividade desses regimes no mercado
internacional, e o sistema de partido único, que bloqueava o desenvolvimento de novas ideias.

2. Alternativa a.
A reunificação da Alemanha ocorreu sob a égide da democracia e do capitalismo, com a integra-
ção da parte leste do território alemão à economia de mercado e às formas democráticas de exercício
do poder. No plano internacional, ela representou o fim da Guerra Fria e da bipolaridade do mundo.
Somada à revolução democrática que varria os países do Leste Europeu, ela acelerou o processo de
desintegração do bloco soviético.

3. Alternativa a.
O texto citado pode ser interpretado como uma paródia em tom sarcástico, pois dificilmente al-
guém defenderia os países do bloco soviético por meio da metáfora do jardim zoológico. Seu autor
afirma que, enquanto o zoológico garante a sobrevivência, a liberdade na selva do capitalismo está
repleta de perigos. O argumento é semelhante ao de Thomas Hobbes, pensador inglês que, no século
XVII, defendia a segurança garantida por um poder autoritário diante da insegurança do “estado de
natureza” (a “selva” de Emmerij).

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 146


História | Ensino Fundamental 8ª série
Colégio Militar de Manaus

Anotações

147 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Reações
Nucleares
O Brasil na Contemporaneidade
Capítulo
Capítulo113
O Governo Itamar Franco e o Plano Real
Mediante a crise que se instaurava com as denúncias de cor-
rupção contra Collor, a figura pacata e discreta do vice-presidente
Itamar Franco estabeleceu uma espécie de contrapeso. Executado
o processo de impeachment, ele se tornou o novo presidente do
país e teve o respaldo de uma ampla coalizão de partidos. Funda-
mentalmente, sua missão seria promover uma transição segura e
tranquila até que um novo processo eleitoral determinasse a esco-
lha de outro presidente.

Empossado em dezembro de 1992, o novo presidente do Bra-


sil teve como primeira missão realizar um plebiscito previsto pela
Constituição de 1988. Na votação, a população iria decidir qual for-
ma de governo deveria ser adotada no país. Ao fim da contagem, a
República presidencialista acabou sendo preservada com mais da
metade dos votos válidos. Enquanto isso, as questões econômicas
continuavam a alarmar a população como um todo.

No final de 1993, uma nova equipe econômica foi formada sob


a liderança de Fernando Henrique Cardoso, sociólogo que então
assumia o Ministério da Fazenda. No dia 28 de fevereiro de 1994, o
governo anunciou o Plano Real, posto como mais uma tentativa re-
alizada em prol da recuperação da economia e o combate imediato
de nossas taxas inflacionárias. Pelo novo plano, uma nova moeda,
o Real, iria promover a estabilidade econômica através da paridade
da moeda com as reservas cambiais disponíveis.

Para que essas taxas cambiais assegurassem a estabilidade


da moeda, o governo interveio na economia estabelecendo uma
política de juros elevada. Com isso, a economia brasileira ganhava
a capacidade de atrair capitais estrangeiros sem maiores dificul-
dades. Apesar de arriscado, esse modelo de desenvolvimento da
economia conseguiu captar recursos e combater a inflação em um
curto prazo de tempo. Uma nova esperança era injetada em amplas
camadas da população.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 148


História | Ensino Fundamental 8ª série
Colégio Militar de Manaus

Ao fim de seu breve mandato, Itamar Franco experimentou o auge de sua popularidade. Nas elei-
ções de 1994, o ministro Fernando Henrique Cardoso aproveitou do bom momento para lançar a sua
candidatura à presidência do país, pelo PSDB. Valendo-se como autor e mantenedor do Plano Real, ele
conseguiu vencer as eleições sem maiores dificuldades.

Fonte:https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/governo-itamar-franco.htm. Acessado
em: 29/07/2020suas aspirações.

Governo FHC
Fernando Henriue Cardoso governou o Brasil durante dois mandatos. No primeiro (1994-1998)
a economia brasileira se manteve estável em consequência do controle da inflação com o Plano Real.
A política de privatizações iniciada nos anos anteriores foi mantida: empresas antes pertencen-
tes ao governo brasileiro ou controladas por ele foram vendidas para a iniciativa privada. A
Companhia siderúrgica Nacional (CSN), a Compania vale do Rio Doce (CRD), a Empresa Brasileira
de Telecomunicaçes (Embratel), bem como as empresas de telefonia foram privatizadas, o
que não foi bem aceito por setores da sociedade que consideravam prejudicial aos interesses nacio-
nais a venda dessas empresas de importância estratégica. Além disso, havia muita desconfiança de
que o valor recebido por elas era menor que o devido.
De todo modo essa política estimulou a entrada de capitais estrangeiros favoreceu a importação
de máquinas, equipamentos e bens de consumo, e deu novo dinamismo economia nacional ainda que
crises internacionais nos chamados países emergentes tehnam causado turbulências. A concorrência
dos produtos importados, geralmente com preços inferiores, prejudicou muitos setores industriais
brasileiros resultando no fechamento de inúmeras empresas ou na sua venda para investidores
estrangeiros.
Como Fernando Henrique desejava disputar um segundo mandato foi preciso que o Congresso
aprovasse uma emenda à Constituição permitindo a reeleição o que causou uma série de debates pol-
ticos sobre a conveniência da introdução desse mecanismo para cargos do excutivo no país. Apesar
da resistência de alguns setores a emenda foi aprovada e Fernando Henriue Cardoso se elegeu para
exercer um segundo mandato até 2002.
No inÍcio de 1999, uma grave crise econômico-financeira atingiu o Brasil. As taxas de desem-
prego, que já eram elevadas, subiram ainda mais, revertendo o clima de otimismo. O real sofreu uma
forte desvaloriação diante do dólar provocando um expressivo aumento da dívida externa e da dívida
pública.
O governo brasileiro precisava de dólares para pagar as volumosas importações e dívidas
contraídas nessa moeda. Para conseguir esses dólares, aumentou fortemente as taxas de juros
com a intenção de atrair investimentos do exterior. O aumento dos juros foi outra razão para o
crescimento do número de desempregados: parte dos lucros das empresas nacionais foi usada no pa-
gamento de juros altíssimos, sobrando pouco para ser reinvestido. A economia não conseguiu crescer
e a oferta de empregos foi inferior ao número de trabalhadores em busca de ocupação. Isso fez com
que os salários não aumentassem, inibindo o consumo. No inÍCio de 1999 uma grave crise econômico-
-financeira atingiu o Brasil. As taxas de desemprego, que já eram elevadas, subiram ainda mais, re-
vertendo o clima de otimismo. O real sofreu uma forte desvaloriação diante do dólar provocando um
expressivo aumento da dívida externa e da dívida pública.
O governo brasileiro precisava de dólares para pagar as volumosas importações e dívidas

149 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 3 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

contraídas nessa moeda. Para conseguir esses dólares, aumentou fortemente as taxas de juros
com a intenção de atrair investimentos do exterior. O aumento dos juros foi outra razão para o
crescimento do número de desempregados: parte dos lucros das empresas nacionais foi usada no pa-
gamento de juros altíssimos, sobrando pouco para ser reinvestido. A economia não conseguiu crescer
e a oferta de empregos foi inferior ao número de trabalhadores em busca de ocupação. Isso fez com
que os salários não aumentassem, inibindo o consumo.
A crise econômica desgastou o governo e favoreceu a candidatura de Luiz Inácio Lula da Sil-
va, que disputava pela quinta vez o mandato presidencial. Contando com o apoio político de vários
partidos e uma reversão da opinião de setores conservadores, inclusive da imprensa, Lula venceu o
candidato governista José Serra. A imprensa internacional deu grande destaque ao ato de um
operário chegar Presidência da República, o que entusiasmou a opinião pública mundial.

O Governo Lula
O governo Lula procurou conciliar dois obetivos: preservar a estabilidade econômica evitando
que a inflação voltasse a corroer a renda dos trabalhadores; e ao mesmo tempo, priorizar políticas
sociais que atendessem aos setores da população que até então não eram contemplados pelas po-
líticas públicas governamentais.
Para isso, foram criados os programas Fome Zero e, associado a este, o Bolsa Família, programa
de transferência direta de renda, destinado a famílias que viviam em situação de pobreza ex-
trema. Essa ajuda financeira era condicionada matrícula dos filhos na escola e aos cuidados com a
saúde da família. Os críticos ao Bolsa família alegavam que este era um programa assistencialista.
Mas o programa foi eficiente e alcançou seus objetivos.
Outro ponto da política governamental foram os reajustes anuais do salário-mínimo acima
dos índices inflacionários aumentando o poder de compra dos assalariados de baixa renda. Isso pro-
moveu um epressivo aumento de consumo das camadas classes C e D beneficiadas ainda pela oferta
de crédito.
Embora do ponto de vista econômico o governo encontrasse apoio de políticos e empre-
sários nacionais e internacionais as denúncias de corrupção e de um grande esquema envol-
vendo parlamentares provocaram uma grave crise política ao longo do ano de 2005 Aliados
importantes do presidente precisaram deixar o governo. A revelação dos casos de corrupção
decepcionou os que acreditavam na lisura ética do governo Lula.
Apesar da crise política a popularidade de Lula continuou elevada resultado de bons indicadores
econmicos O brasileiro também cresceu a uma média anual de 26 entre 2003 e 2006. Lula foi eleito
para um segundo mandato após derrotar o candidato do PDSB Geraldo Alckmin até então gover-
nador do estado de São Paulo.
Disposto a manter a mesma linha de governo em seu segundo mandato Lula. implementou o
Programa de Aceleração Econômica (PAC), um programa de crescimento econômico cujo prin-
cipal objetivo era reavaliar um conjunto de obras públicas que dessem condições a um crescimento
acelerado e contínuo. Setores como os de transporte energético saneamento e habitação receberam
investimentos.

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 150


História | Ensino Fundamental 8ª série
Colégio Militar de Manaus

Governo Dilma Rousseff


 As eleições presidenciais de 2010 foram definidas após dois turnos. No primeiro turno, a grande
surpresa foi a expressiva votação da candidata Marina Silva do Partido Verde (PV), com 19,33%
dos votos, que ficou em terceiro lugar o segundo turno. Dilma Rousseff (PT) derrotou José Serra
(PSDB) com 60 dos votos válidos. Dilma Rousseff ex-ministra de Minas e Energia e ex-ministra-chefe
da Casa Civil do governo Lula assumiu o governo em 2011 e inaugurou um novo cenário na poltica
nacional. Foi a primeira mulher no cargo de presidente do Brasil.

Em sua campana Dilma apostou na continuidade dos programas sociais do seu governo. Isso garantiu
a ela a votação nas regiões mais pobres do país. Dilma venceu a eleição em nove estados da região
Nordeste, quatro da região Norte, em Minas Gerais, estado natal de Aécio Neves e no Rio de Janeiro.
O estado de São Paulo garantiu o maior número de votos a Aécio.

O início do segundo mandato, a volta da instabilidade econômica, as denúncias e investigação de


corrupção em empresas como a Petrobras provocaram um abalo na popularidade e na aprovação do
governo Dilma. Várias manifestações organizadas pela oposição ocorreram pelo país.

Problemas e perspectivas no Brasil atual

 egundo o Instituto de Pesuisas econômicas Aplicadas (Ipea), o Brasil tem conseguido avanços
S
no combate às desigualdades na distribuição de renda nos últimos anos. Entretanto, ainda é grande o
número de pessoas pobres (28,7 milhões de indivíduos em 2013).
Muitos analistas consideram que o Brasil não é um país pobre, mas é um país de profundas de-
sigualdades. Um sinal disso é que a sua posição intermediria no ranking mundial do índice de Desen-
volvimento humano (IDH) revela que há regiões em que a maioria da população desfruta de condições
de vida muito semelhantes as encontradas em países desenvolvidos, equanto em outras a realidade é
muito semelhante de países muito pobres.
Você sabia?
No ano de 2013 o Brasil ocupava o posto de sétima maior economia do mundo, atrás do
Reino Unido, França, Alemanha Japão, China e Estados Unidos.

151 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 3 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

Reforçando seus conhecimentos

1. Quais foram as principais medidas adotadas no governo Itamar Franco em termos políticos e
econômicos?
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2. Explique o que foi o Plano Real. Quais foram as consequências da sua implantação?
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3. Elabore um texto sobre o governo FHC abordando os seguintes pontos:


a) primeiro mandato;
b) reeleição;
c) segundo mandato;
d) poltica econômica;

3. Quais foram as primeiras medidas tomadas por Vargas ao se reeleger presidente da Repúbli-
ca?
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4. Sobre o governo Lula, desenvolva os seguintes tópicos:


a) principais metas
b) programas sociais
c) crise poltica
d) poltica econômica

5. Descreva a política econômica e os projetos sociais adotados pelo governo Dilma Rousseff
assim que assumiu a Presidência.
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“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 152


História | Ensino Fundamental 8ª série
Colégio Militar de Manaus

6. Quais foram as principais dificuldades enfrentadas por Dilma Rousseff no primeiro mandato e
no início do segundo?
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7. Em sua opinião, o que a eleição e a reeleição de uma mulher para a Presidência da República
representam na história da luta das mulheres no Brasil?

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Gabarito

1. Em termos econômicos devemos destacar o Plano Real que objetivou a estabiliação econômica.
Também ocorreu o referendo político que determinou a continuidade do regime presidencialista

2. O Plano Real foi idealizado pela equipe do então ministro Fernando Henrique Cardoso para
controlar a inflação e
retomar o crescimento econômico. Adotou-se uma política neoliberal, que implicou a privatização
de uma série de empresas estatais.

3 Resposta pessoal. Cada item deve apresentar entre outros dados e conceitos:
a) estabilidade econômica e privatizações
b) emenda à Constituição para aprovação da reeleição presidencial
c) crise econômica que favoreceu o candidato de oposição ligado ao Lula
d) aumento da taxa de juros e queda do índice de emprego

4.
a) Manter a estabilidade econômica e priorizar políticas sociais que atendessem as classes mais
pobres.
b) Bolsa família e Fome Zero, caracterizados como transferência direta de renda
c) Acusação em 2005, de envolvimento de aliados políticos em corrupção que foram obrigados a
deixar o cargo e enfrentaram um longo processo judicial (conhecido como mensalão).
d) Manutenção da estabilidade econômica e implementação de um Programa de Aceleração eco-
nômica (PAC)

153 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


Unidade 3 | Capítulo 3
Colégio Militar de Manaus

que pretendia aquecer a economia mediante obras públicas em infraestrutura.


6. Quais foram as principais dificuldades enfrentadas por Dilma Rousseff no primeiro mandato e
no início do segundo?
7. Em sua opinião, o que a eleição e a reeleição de uma mulher para a Presidência da República
representam na história da luta das mulheres no Brasil?

5. Basicamente foi o prosseguimento da política econômica de Lula, baseada no controle da in-


flação na estabilidade econômica e no crescimento industrial. Os principais programas sociais como
Bolsa Família, por, exemplo, foram ampliados.

6. A instabilidade econômica e a acusação de corrupção em empresas públicas como a Petrobras.


7. Resposta pessoal. É importante destacar a importância do ato na luta pela emancipação femi-
nina em um mundo

“Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar” 154


História | Ensino Fundamental 8ª série
Colégio Militar de Manaus

Anotações

155 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”


História | Ensino Fundamental | 9ª ano
Colégio Militar de Manaus

163 “Onde houver Amazônia - A qualquer hora, em todo lugar”

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